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ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) SECRETARIA DE ESTADO DA

INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE DO ESTADO DE SANTA


CATARINA:

Vem através deste recurso eu Sr. ALAN LEONARDO WOLAN ,


brasileiro, portador do RG nº 5384391 SSP/SC e devidamente inscrita no
CPF 072.217.939-13 com o registro da CNH sob o n.º 04443653899,
residente e domiciliado na na cidade de SÃO MIGUEL DO OESTE SC,
vem perante Vossa Senhoria, baseado na Lei nº 9.503 de 23/09/97, interpor
recurso contra aplicação de penalidade por suposta infração de trânsito,
número do auto T625522435 que segue em anexo (anexar cópia da
notificação ao recurso) enquadrada no art. da citada Lei, requer, desde já,
que tal decisão imposta pela autoridade de trânsito, seja modificada por
esta JARI, pelos seguintes motivos:
Órgão autuador: 100
Número do auto: T625522435
NUMERO DA NOTIFICACAO : 0076474532
NUMERO DO RENAINF: 6852792552
CÓDIGO DA INFRACAO- 5924

PLACA: RYF-2E36
RENAVAM:01325601869
RENAULT/ KWID ZEN 2

Venho através deste recurso, interpor minha defesa, visto que a


notificação que recebi não cometi tal infração, então venho pedir
esclarecimentos visto que na data da notificação em nenhum momento
efetuei tal manobra, nem se quer avistei uma viatura no meu deslocamento,
e nenhuma barreira feita pelos agentes de trânsito, aonde que no trecho que
fui notificado em BR 282 KM-670 UF/ SC - DECRESCENTE,
MUNICIPIO DE GUARACIABA - SC e pois existe próximo ao local e
também tem espaço suficiente para poder estacionar aonde existe
acostamento dos dois lados da pista da rua para poder estacionarem, para
fazer abordagem, para poder executar seu trabalho, sem desculpas que não
tem espaço suficiente, ou que tem muita circulação de veículos no local,
fluxo intenso, visto que no local tem espaço suficiente para estacionar nos
refúgios que tem no local, já feito para esses fins, segue em anexo fotos do
local, para melhor entendimento, do meu argumento perante a infração
imposta sobre minha empresa, sobre responsabilidade minha.

• Venho pedir que seja concedido quem estava


trabalhando no local, qual agente que notificou, qual agente estava
de PLANTÃO na data 08/03/2023 na hora de 11:04 horas, na BR
282 KM-670 UF/SC na
cidade de GUARACIABA UF-SC.

• Qual viatura estava no dia e no local na data de


08/03/2023 , placa da viatura, da referida notificação.

Fica a pergunta que na observação na notificação que a viatura


estava fazendo rondas e assim avistou o veiculo transpassando pela
via contrária, visto que o agente se quer estava no local, pois é uma
cidade que não tem fluxo intenso de veículos para não abordar e
realmente fazer o procedimento correto, fica aqui a pergunta que que
prova o agente tem para contra, visto que toda semana estou a
trabalho nesta cidade e não cometi tal infração, venho interpor
recurso pra provar que o agente cometeu um erro, e com isso
ocasionou uma notificação e sete pontos em minha carteira de
habilitação.

Volto a frisar que na data da notificação, em nenhum momento


fiz a manobra de ultrapassagem linha de divisão de fluxo oposto,
contra mão, pois a RENAUT/ KWID ZEN 2 nem é minha
propriedade , uso para trabalho, visto que é o veiculo da empresa
LUDOVICO J TOZZO, então cuido mais como se fosse meu,
então zelo pela minha segurança, e pela segurança dos outros
veículos que estão circulando nas vias. Em nenhum momento
avistei a viatura ou o agente de transito. Visto que a notificação e
pois passei nesta BR e não cometi nenhuma infração imposta
sobre esse veiculo, pois o agente colocar o MOTIVO, guarnição
policial em abordagem a outro veiculo.

Adveio de uma constante necessidade e urgência da sociedade brasileira, a


fim de regularizar, organizar e estruturar uma melhor condição trafegáveis,
permitindo assim, teoricamente, a pretensa segurança na locomoção, tanto
dos condutores, quanto dos pedestres nas vias terrestres. Com base nessa
premissa maior, coube ao legislador incluir um artigo específico no aludido
Código de Trânsito Brasileiro, especialmente no parágrafo 2º, do artigo 1º,
dispondo que “[...] O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos
e dever dos órgãos e entidades componentes Trânsito, a estes cabendo, no
âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a
assegurar esse direito”.

Pois bem, para que o objetivo fosse alcançado em sua plenitude – ou ao


menos almejado como objetivo primordial caberia num primeiro momento
aos condutores e pedestres respeitarem os direitos e obrigações ali
contidos; num segundo momento, de forma repressiva e ostensiva, caberia
ao Poder Público, por seus agentes de trânsito, fiscalizar e fazer cumprir os
ditames do Código de Trânsito Brasileiro, sob pena de sofrer as penalidades
legais. Para aqueles que se filiam sobre a desnecessidade de abordagem do
condutor infrator quando da flagrância, estes justificam que haveria
presunção “juris tantum” do agente e, consequentemente, caberia ao
condutor derrubar a veracidade descrita no auto pela autoridade
competente. De outro norte, refutando os argumentos de presunção relativa,
a corrente contrária, alicerçada na alegação de que o agente de trânsito tão
somente poderia autuar quando fosse realizada previamente a abordagem
do condutor infrator, pois, assim o fazendo, conseguiria constatar
efetivamente a transgressão imputada e, em seguida, corrigiria a conduta
irregular do infrator. Além disso, em caso de não abordagem, o auto de
infração estaria baseado em mera presunção, o que não se coaduna com os
princípios basilares da Administração Pública.

Para estes seguidore s, dos quais me afilio, a ausência de


abordagem do condutor geraria nulidade do ato administrativo lavrado,
evidenciando e tornando inconteste o ato cometido pelo agente de trânsito
como ilegal. Tal entendimento de ilegalidade e irregularidade do
procedimento adotado pelo agente de trânsito para a confecção do Auto de
Infração de Trânsito, como se a desnecessidade de abordagem fosse regra e
não exceção vem justamente a contrariar o princípio da legalidade,
motivação e, especialmente, fere gravemente os objetivos primordiais que
fizeram ser promulgado o Código específico.

Frise-se, não se discute a possibilidade do agente de trânsito em lavrar o


Auto de Infração por ultrapassar sobre linha dupla/simples amarela
continua sem a abordagem do condutor – fato este possível, mas
excepcional. Todavia, o que vem corriqueiramente acontecendo, desvirtua
totalmente as premissas e finalidades contidas no CTB.

Primeiro: Os agentes de trânsito, quer seja por inexperiência quer seja por
desconhecimento da legislação de trânsito, vêm constantemente invertendo
o procedimento a ser adotado, da regra para com a exceção. Isso porque,
quando da suposta flagrância de direção por ultrapassar sobre linha
dupla/simples amarela continua, os agentes de trânsito, em sua grande
maioria, vêm lavrando Auto de Infração de Trânsito, sem ao menos abordar
o condutor “infrator” ou esgotar todos os recursos a fim de deter sua
continuidade infracional. Lavra-se o Auto de Infração de Trânsito, sem
abordagem do condutor infrator – como se fosse a regra –, com a simplória
justificativa de que teria se evadido do local ou a abordagem tornara
impossibilidade de realizar, passando ao condutor, quando for surpreendido
posteriormente da notificação de infração, para fazer prova negativa – ônus
repudiado pelo Direito Brasileiro.

Segundo: Se o agente de trânsito de fato estivesse próximo o suficiente


para perceber a infração prevista no artigo 203 * V do CTB, deveria aquele
determinar ao condutor que pare o seu veículo a fim de apurar o efetivo
cometimento e/ou esgotasse todas as tentativas a fim de abordar o condutor
infrator. Não o fazendo, dever-se-ia constar no Auto de Infração, sob pena
de nulidade absoluta do ato lavrado.
É sabido e consabido que os agentes de trânsito (em sua maioria) nem mais
atuam em flagrante os condutores, simplesmente com o subterfúgio de
impossibilidade de fazê-lo, desviam a finalidade que o legislador
preconizou no Código de Trânsito Brasileiro. Pelo contrário, autuam o
condutor e detalham que aquele se evadiu, sem, contudo esgotar todos os
recursos disponíveis para abordagem por se tornar mais cômodo.
Nesse aspecto é que gera a nulidade da autuação e, consequentemente, a
ilegalidade da multa imposta, por ter seus atos eivados de ilegalidade.

Terceiro: Sabe-se que o procedimento adotado atualmente pelos agentes de


trânsito vem em total arrepio da lei, pois ao utilizar erroneamente da
presunção da veracidade – fé pública, em diversas vezes, com blocos de
multas em mãos, autuam os condutores ao bel prazer, fazendo com que o
condutor fique com o ônus de derrubar a “suposta” presunção de
veracidade. Tal encargo de repassar ao condutor o ônus probatório, nada
mais é do que obrigá-lo a apresentar provas negativas (diabólicas), estas
vedadas no ordenamento jurídico vigente.
Além da necessária abordagem para apurar eventual infração – que é regra
no Código de Trânsito Brasileiro, a ausência de descrição no próprio Auto
de Infração de que tentou a abordagem ou buscou exaurir os meios
necessários para fazê-la, independente de êxito ou não, fazem com que o
ato administrativo torna-se inválido, eis que nulo de pleno direito. Falta-lhe
motivação e justa causa.
Até porque, se o agente de trânsito tivesse determinado ao condutor que
parasse o veículo – fosse por gestos ou por silvos de apito –, dever-se-ia ter
registrado tal fato no Auto de Infração de Trânsito. E, ainda, se tivesse
ocorrido desobediência a essa ordem, haveria de autuar o condutor, ainda,
no artigo 195 do Código de Trânsito Brasileiro. Ora, se o agente de trânsito
que venha autuar em flagrante estiver próximo o suficiente para perceber
que o condutor estivesse a ultrapassar sobre linha dupla/simples amarela
continua, aquele tem o dever de determinar que o infrator parasse o veículo
a fim de apurar o efetivo cometimento da infração.
E caso este não atendesse ao determinado, caberia o agente de trânsito
constar no Auto de Infração de Trânsito, também, o cometimento da
infração de desobediência inserido no artigo 195 do Código de Trânsito
Brasileiro. Convém salientar, que não se está atacando o serviço exemplar e
competente dos agentes de trânsito, que muitas vezes são exercidos pelos
Policiais Militares, mas sim, busca-se demonstrar que o procedimento
adotado quando da autuação torna-se ilegal e irregular, quando não advém
de um procedimento válido e motivado, ocasionando um ato administrativo
natimorto. Ademais, não se discute a boa-fé ou má-fé do agente de
trânsito, todavia, é demais cômodo ao agente justificar a falta de
abordagem do condutor com a simples descrição de “evadiu-se” ou
“impossibilitado de abordagem”. Logo, não obstante os atos da
Administração Pública gozem de presunção de legitimidade e veracidade,
tal presunção não se aplica, salvo melhor juízo, nos casos de infração de
trânsito.
Nesse sentido, “As formas e meios de constatação da infração, a qual uma
vez constatada será autuada pelo agente fiscalizador da autoridade de
transito que deverá fazê-la através de comprovação legal e correta, sem
deixar dúvida quanto à sua lavratura, pois a não ser dessa forma, será
objeto de contestação através de recursos administrativos e até mesmo, se
for o caso, o de se socorrer ao Poder Judiciário. Entretanto esse
embasamento legal para a autuação não quer dizer que feita essa, já estará
absolutamente comprovada, correta e consumada para fins de aplicação da
penalidade de multa pelo respectivo órgão de trânsito nos termos da lei.
Neste aspecto, deve-se ressaltar, conforme já mencionamos também no
tema 3, que a comprovação pelo agente da autoridade pode ter erros, falhas
e até mesmo injustiças, pois o ser humano é passível desses
comportamentos”. Não bastasse isso, a lei exige que o ato administrativo
obedeça a forma legal. Existindo vício de forma consistente na falta de
observância de procedimentos legais ou irregularidades nas formalidades
indispensáveis à existência do ato, torna-se inviável o prosseguimento de
aplicação da penalidade. Com base no princípio da autotutela, a
Administração Pública tem o poder-dever de controlar seus próprios atos,
revendo-os e anulando-os quando houverem sido praticados com alguma
ilegalidade e revogando-os em caso de interesse público. Assim sendo, a
autotutela abrange o poder de anular, convalidar e, ainda, o poder de
revogar atos administrativos. A autotutela está expressa na Súmula n. 473
do STF [2]. No caso de infração de trânsito, o artigo Art. 203. Ultrapassar
pela contramão outro veículo:
V - onde houver marcação viária longitudinal de
divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua
ou simples contínua amarela:
Infração - gravíssima; Penalidade – multa.

A obrigatoriedade de não realizar este tipo de a ultrapassagem tem como


objetivo primordial a proteção da integridade física dos ocupantes do
veículo e dos demais condutores e pedestres circulantes nas vias públicas,
cabendo ao Poder Público exercitar a vigilância e tutela deste bem jurídico.
É notória a intenção do legislador, ao promulgar o Código de Trânsito
Brasileiro, em priorizar a integridade física dos usuários do veículo,
também priorizando a correção da conduta, tanto que se contentou apenas
com a cominação da multa. Resta patente, que a aplicação das medidas
administrativas não se submete à vontade ou disponibilidade do agente da
autoridade de trânsito. O ato administrativo deve estar apoiado em lisura.
Há flagrante caráter impositivo da norma, sendo obrigação do agente
aplicá-las, sob pena de nulidade do ato administrativo. Trata-se,
evidentemente de um ato administrativo vinculado, que segundo a melhor
doutrina, de Hely Lopes Meirelles [3]: “[...] são aqueles para os quais a lei
estabelece os requisitos e condições de sua realização. Nessa categoria de
atos, as imposições legais absorvem, quase por completo, a liberdade do
administrador, uma vez que a sua ação fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade
administrativa". Entendimento contrário consistiria em extirpar os
princípios constitucionais do contraditório e à ampla defesa ao autuado, a
quem estaria sendo imputada uma falta sem que este tivesse o direito de
defender-se. Igualmente, estar-se-ia imputando ao condutor o ônus da
prova negativo (provas diabólicas), obrigação esta impossível de ser
provada pela parte, o que é inadmissível em nosso direito. Não é o
condutor que tem que provar que não praticou o ato, mas, a administração
provar que o praticou. E esta prova da administração ficaria provada em
caso do agente de trânsito fizesse a abordagem nos ditames da lei, ou
relatasse no auto de infração a sua impossibilidade, autuando o infrator,
da mesma forma, na infração de desobediência acaso este não tivesse
respeitado a determinação de parar o veículo para abordagem, o que não
vem sendo realizado. No mesmo norte, relevante destacar que a prioridade
do Código de Trânsito Brasileiro está voltada essencialmente para a
educação no trânsito, que figura como seu princípio fundamento. Já é
pacífico o entendimento do CETRAN-SC, quando de seu parecer 032/2005:
“[...] no sentido de que o agente da autoridade de trânsito tem o dever de
envidar os esforços necessários para, sempre que possível, promover a
autuação em flagrante do infrator, sob pena de desvirtuar sua atuação, que
deve ser sempre ostensiva, não podendo desviar-se da sua real finalidade
que outra não é senão garantir a segurança pública e a fluidez do trânsito
viário. Assim, não sendo levada a efeito a autuação em flagrante e não
sendo mencionado o fato na própria peça acusatória, a teor do que dispõe o
§3º do art. 280 do CTB, a insubsistência do registro é latente. Nota-se,
que a expressão “sempre que possível” no parecer acima, não é faculta ao
Agente de Trânsito agir como se regra fosse a não abordagem, mas apenas
e tão somente em casos extremos e excepcionais. Destarte, conclui-se que
não cabe aos agentes de trânsito, ditarem novas regras de trânsito ou
observar qualquer preceito da legislação, pois tal fato, por si só, gera
ilegalidade do ato administrativo e, consequentemente, caberá a
Administração Pública anulá-lo, sob pena de privilegiar o propósito
arrecadatório em detrimento do escopo educativo, bem como ceifar os
princípios constitucionais que alicerçam os atos administrativos, em
especial, a legalidade e a motivação.
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de
trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua
marca e espécie, e outros elementos julgados
necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade
ou agente autuado ou equipamento que comprovar a
infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível,
valendo esta como notificação do cometimento da
infração.§ 1º (VETADO)
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração
da autoridade ou do agente da autoridade de trânsito,
por aparelho eletrônico ou por equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio
tecnologicamente disponível, previamente
regulamentado pelo CONTRAN.
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o
agente de trânsito relatará o fato à autoridade no
próprio auto de infração, informando os dados a
respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I,
II e III, para o procedimento previsto no artigo
seguinte.(...)

Certo agiu o legislador ao usar um adjetivo explicativo para qualificar a


legal notificação em flagrante por cometimento de infração de trânsito
como algo que pode ser concretizado, mas que, mesmo não sendo realizado
não torna inválido o auto. Se de outra forma tivesse agido o legislador, ou
fosse o entendimento preponderante, estaríamos por colocar praticamente
na ineficácia absoluta a legislação de trânsito. Estariam os condutores,
quando da iminência de sua notificação, direcionando suas ações no sentido
de sempre impossibilitar a notificação em flagrante. Teríamos, diariamente,
situações de acidentes de trânsito, de atropelamento de agentes da
autoridade de trânsito, por parte de condutores que fugiriam para não serem
autuados.
Hoje, da forma que se dá a notificação – validadas as com ou sem a
identificação do condutor impune não fica a transgressor de trânsito quando
da verificação de comportamento inadequado de motorista. O legislador
não só reconheceu a possibilidade, a eventualidade, da notificação. O
legislador também estabeleceu como obrigação ao agente a sujeição do
fiscal à efetivação da notificação, isso diante da disponibilidade de
concretização da notificação em flagrante. Sendo possível a notificação em
flagrante deverá o agente voltar suas ações para a concretização da
identificação do condutor infrator no auto de infração de trânsito.
Ocorre que eventual impossibilidade de abordagem não deve ser
circunstância resultado da simples vontade do agente da autoridade de
trânsito. A impossibilidade da abordagem deve ser resultado de
circunstância outra que não a vontade do agente. A impossibilidade deverá,
sempre, ser circunstância decorrente de caso fortuito ou força maior,
impeditiva da concretização da vontade do agente no intuito de produzir o
objetivado pela lei: a abordagem e notificação em flagrante. O impeditivo à
abordagem deve ser motivado por circunstâncias objetivas e concretas, tais
como fuga do condutor infrator, desobediência à ordem de parada, condutor
não presente ao local (estacionamento), fluxo viário intenso que não
permite a abordagem sob pena de congestionamento, etc. e não em
entendimentos subjetivos de caráter pessoal do agente. Utilização de
câmeras em atividade de fiscalização. Mas poderia um agente de
fiscalização usar do expediente de operar câmera e através dela captar, a
distância, placa de veículo conduzido em atitude infracional? Poderia
agente da autoridade de trânsito visualizar infração, a longa distância ou
por imagem gravada, por meio de câmera, situação em que o agente
anotaria a placa de veículo e procederia com autuação? Entendo que não.
Entender pela autorização para autuar-se a longa distância não parece o
posicionamento mais adequado já que o agente deve ter como intento a
abordagem. Ao utilizar câmera para proceder com fiscalização e autuação,
estará o agente afastando-se, por sua vontade, do seu objetivo de proceder
com a autuação e identificar o condutor. Aqui a impossibilidade de
abordagem é resultado do agente e não de caso fortuito ou força maior ou
motivo de relevância como para não trazer-se prejuízo à circulação. Além
disso, há que se falar da caracterização da ostensividade, como um dos
elementos de coibição da prática infracional de trânsito. Ao usar-se do
expediente de disposição de câmera o agente furtar-se-ia do uso de meio
extremamente eficaz de coibir, apenas pela sua presença, a prática
infracional de trânsito.
Sendo, portanto, uma obrigação do agente de trânsito a tentativa de
abordagem para identificação do condutor há que se falar, por outro lado,
do surgimento de um direito subjetivo de ser abordado. Aqui está, portanto,
o outro lado de qualquer ato obrigacional, qual seja, o direito constituído de
exigir-se a prática do ato. Junto com a obrigação do agente de trânsito de
tentar a abordagem para fins de notificação, tem o condutor o direito de ser
notificado no local da infração. O processo administrativo, em matéria de
trânsito, como diz o CTB em seu capítulo XVIII, começa com a lavratura
do auto de infração. A Carta Magna, em seu artigo 5º, inciso LV, determina
que havendo processo deve ser garantido o contraditório e a ampla defesa.
Ora, desde o momento da lavratura do auto de infração, ou seja, do início
do processo administrativo, pode o “infrator”, lá no momento da autuação
em flagrante, exercer seu direito de defesa. Pode o autuado, naquele
momento, apresentar ao agente alguma excludente de ilicitude ou
comprovar o não cometimento de infração.

É o inciso LV do artigo 5º da CF:


LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes; Ainda acerca da
utilização de recurso tecnológico para fins de
fiscalização há que se falar que qualquer meio
tecnológico para ser utilizado em atividade de
fiscalização deve ser precedido de regulamentação
adequada – CONTRAN -, como preceitua o artigo 280,
§ 2º, do CTB:

Diante desses elementos da notificação em flagrante teríamos os aspectos


objetivos ou concretos e subjetivos ou volitivos. Aspectos objetivos ou
concretos da notificação, dizem respeito ao verificável, ao constatável,
táctil. Aspectos volitivos são aqueles que dizem respeito à vontade do
agente ou do condutor. Se dizem respeito à vontade entram, portanto, na
esfera do livre arbítrio, do alvitre. Nestes aspectos a notificação ou fica
impossibilitada ou se vicia o auto de infração já que a notificação possível,
concretizável não foi realizada por motivos pessoais e não objetivos. São os
aspectos concretos:
• Um agente da autoridade de trânsito (e não um
equipamento ou meio tecnológico como p. e. um “pardal”) verifica
cometimento de infração de trânsito, in loco;

• Há lugar adequado para a imobilização do veículo (local


de estacionamento permitido e que não haja prejuízo a segurança no
trânsito ou à fluidez viária; Passemos agora à análise de cada um dos
elementos objetivos ou concretos.

• Um agente da autoridade de trânsito (e não um


equipamento ou meio tecnológico como, p. e., um “pardal”) verifica
cometimento de infração de trânsito;
Dando-se liberdade ao agente para que proceda com a lavratura do auto
quando julgar, subjetivamente, por oportuno, dar-se-ia condições para que
agentes ajam de forma diferente em situações idênticas, ferindo-se o
princípio da isonomia disposto no caput do artigo 5º da CF.- há lugar
adequado para a imobilização do veículo (local de estacionamento
permitido e que não haja prejuízo a segurança no trânsito ou à fluidez
viária). Aqui está outro critério objetivo a que sempre se deve respeito
quando da tentativa de notificação. Trata-se de circunstância de fácil
verificação pelo agente que deve, antes de determinar a imobilização do
veículo/condutor, verificar se o cumprimento da ordem não trará prejuízos
ao agente, aos outros condutores e ao próprio condutor infrator. É
circunstância de atribuição inicial do agente que tem, por obrigação
conforme preconiza o CTB em seu artigo 1º, §§ 2º, 3º e 5º, garantir um
trânsito seguro a todos os usuários da via.
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de
todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no
âmbito das respectivas competências, adotar as
medidas destinadas a assegurar esse direito.
§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das
respectivas competências, objetivamente, por danos
causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou
erro na execução e manutenção de programas, projetos
e serviços que garantam o exercício do direito do
trânsito seguro.
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao
Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas
ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da
saúde e do meio-ambiente.

Deve ainda o agente verificar se o cumprimento da sua ordem não trará


prejuízos à natural fluidez viária. O pretexto do cumprimento da
notificação em flagrante não deve o agente voltar suas ações no sentido de
desconsiderar as eventuais inconveniências que podem trazer um veículo
disposto inadequadamente na via. O bem objetivado com a notificação do
condutor infrator não deve ser menor que a inconveniência trazida ao
trânsito de veículos e pedestres. Inconcebíveis seriam as ordens dadas a
condutores para que dispusessem seus veículos sobre faixas para pedestres,
sobre o passeio, na contramão, em locais de estacionamento e/ou paradas
proibidas, diante de rebaixos de calçada, etc. O agente, em suas ações deve
lembrar que assim como policia todos é policiado por todos.

XXX São os aspectos volitivos:

• o agente determina que o condutor infrator imobilize seu veículo;


• o condutor percebe que ele é o destinatário da ordem dada pelo agente;
• o condutor acata a ordem e imobiliza o veículo;
• o agente informa ao condutor que verificou infração e a descreve ao
condutor solicitando, a seguir, a documentação do condutor.
• O condutor fornece a documentação solicitada;
• O agente lavra o auto de infração inserindo os dados fornecidos pela
documentação do condutor e do veículo;
• O condutor assina a notificação;
• O agente entrega uma das vias do auto de infração ao condutor. Como
dito anteriormente os aspectos volitivos são aqueles que dizem respeito à
vontade do agente ou do condutor, estando, portanto, vinculados a ideia do
livre arbítrio. Nesse ínterim temos a divisão dos aspectos volitivos em os de
decisão do agente de trânsito e os de decisão do condutor. Salienta-se aqui
a volatilidade como a exteriorização de um pensar, de um processo de
julgamento do que se apresenta e a decisão, diante dos aspectos positivos e
negativos, no sentido mais conveniente para cada parte. Certo é que
vivemos em uma sociedade em que o afastamento das responsabilidades,
que a fuga das consequências dos atos da vida em sociedade é valor
estimulado até mesmo no seio da sociedade – a família. Verifica-se aqui as
atitudes dos condutores e dos agentes, cada qual voltando a exteriorização
de sua vontade no sentido daquilo que lhe é mais conveniente, daquilo que
lhe traz menos responsabilidade e menos atribuições.
Ao condutor verifica-se a atitude de negação à imposição de penalidade
decorrente de um ato ilícito, de um ato inconveniente ao convívio social. O
condutor, na iminência de ser penalizado por ato passa a adotar processo
reflexivo inverso: quando deveria pensar que está sendo penalizado por ato
seu começa a mentir a si próprio a fim de se convencer de que está sendo
injustiçado, dando assim mais “calor” às suas “justificativas” investidas
contra o agente da autoridade de trânsito. Retira de seu arcabouço
justificativas pré-fabricadas, que invariavelmente se repetem em todos
verbos de condutores infratores contumazes. Aspectos volitivos vinculados
ao agente.
O agente, quando no exercício de suas atribuições, deve voltar suas ações
no cumprimento da legislação (CF, art. 37, “caput” – princípio da
administração pública). Ocorre que esse cumprimento não reveste-se na
conduta da mera adequação da conduta do motorista ao tipo infracional de
trânsito. Prescinde a atitude do agente de análise crítica dos fatos, de uma
visão ampla da dinâmica do trânsito. Ocorre que a pretexto de respeito à
segurança no trânsito agentes de fiscalização de trânsito furtam-se da
concretização da notificação em flagrante. Agentes justificam a não
abordagem em razão de fluxo viário intenso a fim de não realizarem a
abordagem já que esta, como acima exposto, apresenta em inúmeras vezes
condutores infratores colorizados. Nestes aspectos a notificação ou fica
impossibilitada ou se vicia o auto de infração já que a notificação possível,
concretizada não foi realizada por motivos pessoais e não objetivos.

INOPORTUNIDADE DA NOTIFICAÇÃO

Carecendo de um ou mais desses elementos não mais possível é a


notificação em flagrante. Na impossibilidade da notificação, ou esta não é
feita, ou se é feita carece de fundamentação.
A ausência de notificação em flagrante, de certo, não eiva de nulidade o
auto de infração de trânsito. E nem assim poderia ser. Se a ausência de
notificação em flagrante, no entanto, deve ser sempre arrazoada, deve
sempre ser disposta no auto de infração.
Falta na notificação qual agente estava de plantão no dia da notificação, se
estava o mesmo de serviço ou não, falta a descrição de qual viatura estava
no local, se estava, porque não estava visivelmente no local.

NOTIFICAÇÃO INVÁLIDA

Certo é que a notificação como algo realizável, deve ser buscada, deve ser
intentada, até mesmo para que o agente da autoridade de trânsito, ser
humano que é e, portanto, falível eventualmente em seus intentos, possa ter
elementos suficientes para a reavaliação de seus juízos. Além disso
oportuniza-se, através da notificação em flagrante, um exercício mais
amplo da atividade de fiscalização de trânsito quando, em busca de dados
para o mais completo preenchimento do auto de infração de trânsito, tem-se
acesso a dados do condutor constante da CNH e situação de licenciamento
do veículo. Assim pode se verificar se o condutor preenche os requisitos
legais para a condução do veículo e se o veículo encontra-se sob adequadas
condições de manutenção e licenciamento sendo permitido o seu rodar.
Claro fica portanto a inexigibilidade, para a validade do auto de infração, a
notificação em flagrante. Ocorre que à notificação o legislador também
atribui o a condição “sempre que possível”.
No âmbito administrativo, a notificação do incipiente código, constituiu-se
em matéria de considerável questionamento, razão pela qual, sua inserção
no contexto é de presença imprescindível.
Preliminarmente, torna-se conveniente, para que se possa estudar o assunto,
uma definição precisa no âmbito administrativo, da palavra "notificação"
em matéria de trânsito. Nesse ensejo, poder-se-ia defini-la como:
"É o conhecimento que se dá, por escrito, a um infrator, pela não
observância a qualquer preceito do CTB, a legislação complementar ou as
resoluções do CONTRAN, que lhe foi aplicada uma penalidade
administrativa pecuniária ou restritiva de direito".
O art. 282, "caput", do CTB, prescreve que:

"Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida


notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator,
por remessa postal ou por qualquer outro meio
tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição
da penalidade".
Quando o dispositivo refere-se a "penalidade", é
patente que, implicitamente, insinua-se ao art. 256 do
mesmo diploma, que dispõe:
"Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das
competências estabelecidas neste Código e dentro de
sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele
previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
III - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
IV - cassação da permissão para Dirigir;
V - frequência obrigatória em curso para reciclagem."

A notificação será expedida ao proprietário do veículo ou ao infrator. Eis


aqui, um ponto enigmático, pelo menos à primeira vista, entretanto, a
própria lei prescreve a quem deve ser expedida a notificação.

O art. 257, § 2º e § 3º do CTB elucida o assunto ao prescrever que:

"§ 2 º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade


pela infração referente à prévia regularização e
preenchimento das formalidades e condições exigidas
para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação
e inalterabilidade de suas características, componentes,
agregados, habilitação legal e compatível de seus
condutores, quando esta for exigida, e outras
disposições que deva observar.
§ 3º Ao condutor a responsabilidade pelas infrações
decorrentes de atos praticados na direção do veículo."

Convém salientar que, pelo disposto no § 2º do art. 257, é de exclusiva


responsabilidade do proprietário a entrega do veículo ao condutor sem
habilitação específica, quando exigida para o tipo de veículo, ou da carga a
ser transportada. Nesse mesmo contexto, ainda, analisando as relações que
envolvem o condutor e o proprietário do veículo, não se pode olvidar de
que em alguns casos, há a possibilidade de que o condutor não seja o
proprietário do veículo. Nessa circunstância, qual seria o procedimento
mais apropriado, se a infração fosse de exclusiva responsabilidade do
infrator, e ainda se o mesmo não mantivesse nenhum endereço no órgão
executivo de trânsito?
Pertinente se faz, apresentar duas soluções que aparentam ser as mais
plausíveis no momento. Eis as mesmas:
Em se tratando de autuação, feita por intermédio do próprio agente de
trânsito, em que o condutor é parado, é evidente que na lavratura do auto de
infração, constará o nome do condutor, caso o mesmo não seja o
proprietário do veículo. Assim a notificação será expedida ao endereço
declinado no AIT (Auto de Infração de Trânsito) no momento da autuação,
para que o condutor e nesse caso, também infrator, possa apresentar defesa.
Em autuação feita, por agente de trânsito, onde não é possível a parada do
condutor do veículo, o proprietário do mesmo receberá a notificação, no
entanto, terá um prazo de 15 dias para indicar o nome do condutor, com
fundamento no § 7º, do art. 257 do CTB. Caso, o proprietário, não indique
quem estava conduzindo o veículo no momento da infração, o mesmo será
o responsável, e terá inserido em seu prontuário os pontos correspondentes
à infração cometida.
O § 3º, do art. 282 do CTB, estipula que sempre que a penalidade de multa
for imposta ao condutor, com exceção a que trata do § 1º do art. 259, a
notificação será encaminhada ao proprietário do veículo que será
responsável pelo seu pagamento.
Isso significa dizer que toda notificação referente ao pagamento de multa,
será encaminhada ao proprietário do veículo, e não ao condutor, mesmo
que seja de exclusiva responsabilidade sua, o cometimento da infração.
Nesse caso, os pontos, referente a infração, vão para o condutor do veículo,
entretanto, o proprietário será responsável pelo seu pagamento.
Questão de relevante debate jurídico, pois mesmo que o proprietário não
seja responsável pela infração, será responsável pelo seu pagamento. É
justo esse procedimento? É esse o caráter educativo do novo código?
A lei estabelece uma exceção. Assim, se a multa a ser paga for a do § 1º, do
art. 259, a responsabilidade deixa de ser do proprietário e passa a ser do
condutor.
Entretanto, o § 1º, do art. 259, foi vetado, não encontra-se na lei, e por essa
razão não tem eficácia alguma. O que decorre desse veto, é o fato do
proprietário ser sempre responsável pelo pagamento da multa.

Ante o exposto, requer o cancelamento da penalidade imposta com a


consequente revogação dos pontos de meu prontuário, protestando ainda
pela produção de provas por todos os meios admitidos em direito e cabíveis
à espécie, em especial a pericial e testemunhal.

DOS PEDIDOS:

Nobres julgadores, diante de todo o exposto, requer que seja julgado o


AUTO INSUBSISTENTE, sendo DEFERIDO o presente recurso, e por
via de consequência o cancelamento da multa imposta, conforme preceitua
o art. 281, inciso I do CTB, sendo anulada a pontuação. De acordo com o
Artigo 37 da Constituição Federal, a administração direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerem aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, caso não seja acatado o pedido,
solicitamos um parecer por escrito do responsável.

• Que seja informado o agente que notificou, seu plantão,


se era mesmo o agente no dia da autuação, na hora da notificação;
• Que seja informado também qual viatura estava de
serviço na data de autuação, tanto caracterizada como
descaracterizada, para poder saber se realmente estavam no momento
da referida notificação imposta sobre meu veiculo, visto que na data
e horário não teria nenhuma no local da referida notificação.
Nestes termos, pede deferimento.
SÃO MIGUEL DO OESTE SC, 10 de MAIO de 2023.
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ALAN LEONARDO WOLAN

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