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Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes (DNIT)

ISAAC JOSE DOS SANTOS NETO, brasileiro, solteiro, funcionário público,


portador do RG N.° 0601664876 SSP/BA, inscrito no CPF N.° 954.475.205-68,
residente e domiciliado na Rua Tiradentes, nº 509, na cidade de Buerarema-
BA, vem, respeitosamente, a nobre e culta presença de Vossa Senhoria,
apresentar DEFESA DE AUTUAÇÃO, de acordo com a referida notificação, o
veículoHYUNDAI/HB20, placa PKR9A06, venho, mui respeitosamenteperante
Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, art. 218, I, interpor o
presente Recurso contra a aplicação de penalidade por suposta infração
de trânsito (S033277612), conforme notificação anexa, o que faz da seguinte
forma, amparada na legislação vigente, e com fundamento nas razões de fato
e de direito a seguir expostas:

Da Indicação do Condutor
O Requerente descobrira que fora autuado em infração nº S033277612, na
data de 20 de dezembro de 2022, por velocidade superior à máxima permitida
em até 50%, quando trafegava pela BR101 KM 348,2 as 16:47 hrs. No
município de Wenceslau Guimaraes - Ba O Requerente é o condutor do
veículo descrito no auto de infração.

Dos Fatos

O Requerente abaixo relaciona e fundamenta o pedido de arquivamento da


multa com a consequente nulidade da pontuação no RENAVAM:
a) O art. 20, § 1º, do Código Penal dispõe que é isento de pena quem, por
erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se existisse, tornaria a ação legítima.
Desta feita, há de se fazer importantes considerações, no sentido de se
averiguar a verdadeira situação fática ensejadora do pronto e necessário
arquivamento da multa, com a decorrente nulidade da pontuação do
RENAVAM.

Verifica-se ainda afronta direta à Constituição Federal, no que tange à falta de


acesso ao Auto de Infração de Trânsito, vez que não é possível verificar se
este foi devidamente preenchido, cumprindo-se todos os requisitos
interpostos pelo Código de Trânsito Brasileiro  e outras legislações a respeito
do tema de processos administrativos, dessa forma verifica-se afronta direta
ao artigo 5º, LV em que pese diz:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;

Do Direito

O Código de Trânsito Brasileiro  – CTB, regularmente todos os procedimentos


atinentes a veículos e pedestres no território Brasileiro, o art. 281 s/s dispõe
sobre a normatização da aplicação da penalidade, in verbis:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida
neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do
auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado
insubsistente:

I - se considerado inconsistente ou irregular;

II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da


autuação. (Redação dada pela Lei nº 9.602, de 1998)
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao
proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por
qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da
imposição da penalidade.
Desta feita, não se poderia olvidar as disposições contidas no art. 1º, § 2º,
do Código de Trânsito Brasileiro , no que respeita à segurança no trânsito,
conforme se pode verificar:
"Art. 1º.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos


órgãos e entidades competentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito."
Da velocidade

Inicialmente, vale atentar para o disposto no art. 20, § 1º, do Código Penal, no


que tange as descriminantes putativas, dada a aplicabilidade do referido
instituto, em virtude da similaridade existente entre a seara penal e a de
trânsito:
"Art. 20.

§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas


circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo."

Ademais, considerando-se o horário disposto no auto de infração, é patente a


condição de maior periculosidade do lugar, não restando, destarte, outra
alternativa ao motorista, senão, aumentar a velocidade, embora, frise-se, não
seja afetada a segurança na condução do veículo, bem como a de terceiros,
como ocorrera no caso em exame.

Desta feita, não se poderia olvidar as disposições contidas no art. 1º, § 2º,


do Código de Trânsito Brasileiro , no que respeita à segurança no trânsito,
conforme se pode verificar:
"Art. 1º.

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos


órgãos e entidades competentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito."

Da ausência de sinalização

Mesmo que não houvesse a discriminante putativa acima explanada, outra


questão de suma importância é a ausência de sinalização do local, nos
termos do art. 80, caput e § 1º, e art. 90, que assim dispõem:

"Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo da via, sinalização
prevista neste Código e em legislação complementar, destinada a condutores
e pedestres, vedada a utilização de qualquer outra.

§ 1º A sinalização será colocada em posição e condições que a tornem


perfeitamente visível e legível durante o dia e a noite, em distância compatível
com a segurança do trânsito, conforme normas e especificações do
CONTRAN."
"Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por
inobservância à sinalização quando esta for insuficiente ou incorreta.
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é
responsável pela implantação da sinalização, respondendo pela sua falta,
insuficiência ou incorreta colocação."

Ora, a ausência de sinalização no local descrito no auto de infração, configura


suficiente motivo para que se proceda ao arquivamento deste processo. Para
que não restem dúvidas quanto ao asseverado, acompanham o presente
recurso fotos do lugar indicado.

Neste sentido, veja-se o disposto no art. 61 do Código de Trânsito Brasileiro :


"Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada por
meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as
condições de trânsito.
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será
de:

II - nas vias rurais:

a) nas rodovias:
1) cento e dez quilômetros por hora para automóveis e camionetas;
2) noventa quilômetros por hora para ônibus e microônibus;

3) oitenta quilômetros por hora, para os demais veículos;

b) nas estradas, sessenta quilômetros por hora."

Desta feita, diante de tudo quanto se asseverou, torna-se imperioso concluir


pela improcedência do presente auto de infração, ou antes, pelo necessário
arquivamento do mesmo.

8. Da irregularidade e da Nulidade

Preliminarmente o requerente pugna, que a presente AIT está caracterizado


pela NULIDADE disposta no Artigo nº 37 da CONSTITUIÇÃO FEDERAL  DE
1988: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”
e, também, ao seguinte: Caput com redação dada pela Emenda constitucional
nº 19, de 04 de junho de 1998.
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável no caso de dolo ou culpa”.

Prevê o art. 267 do Código de Trânsito Brasileiro  a penalidade de advertência


por escrito para as infrações de natureza leve ou média, passíveis de serem
punidas com multa, desde que sejam observados determinados requisitos,
tais condições são: infração de natureza leve ou média; não reincidência
específica no período de doze meses; perfil favorável; prontuário sem
ocorrências, senão vejamos:
Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à
infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não
sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze
meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender
esta providência como mais educativa.
§ 1º A aplicação da advertência por escrito não elide o acréscimo do valor da
multa prevista no § 3º do art. 258, imposta por infração posteriormente
cometida.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se igualmente aos pedestres, podendo a


multa ser transformada na participação do infrator em cursos de segurança
viária, a critério da autoridade de trânsito.

Sendo desta forma, o condutor, protegido pela norma disciplinadora vigente,


requer que seja transformada a autuação em uma advertência por escrito.
Deixando claro que esta medida educativa lhe servirá para continuar a
observar e seguir o que disciplina o Código de Trânsito Brasileiro , e
aproveitando esta deixa, garante que fará de tudo para que não aconteça
mais nenhum problema no que diz respeito a alguma infração de trânsito.

9. Dos Procedimentos a serem adotados

Para a imposição de penalidades por meio de equipamentos eletrônicos, é


necessário primeiramente que seja observada (Manual Brasileiro de
Fiscalização de Trânsito-Volume I (Resolução CONTRAN nº 371/2010):

a) A existência e disponibilidade do estudo técnico (art. 3º § 5º da


Res.146/03);

b) A validade do laudo de verificação do instrumento ou equipamento,


expedido pelo INMETRO ou por entidade por ele delegada;

c) Se a sinalização está em conformidade com o disposto na Res. /03 e


alterações.146
d) Deverão ser registradas no auto de infração: a velocidade regulamentada,
a velocidade medida e a velocidade considerada para aplicação da
penalidade, bem como a identificação do equipamento (tipo, marca, modelo e
nº).

Na possibilidade de verificação da ausência de algum dos requisitos das


alíneas citas, fica caracterizada a irregularidade do AIT, por não dispor das
informações essenciais para que o infrator exerça o seu direito de defesa.

10. Do equipamento

RESOLUÇÃO CONTRAN nº 396/11

“I – ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia,


Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO, atendendo a legislação
metrológica em vigor e aos requisitos estabelecidos nesta Resolução;

II – ser aprovado na verificação metrológica realizada pelo INMETRO ou por


entidade por ele delegada;”

Note-se que os incisos acima citados, preveem vários procedimentos que


devem ser atendidos por tais equipamentos, pois podem sofrer avarias por
causa das intempéries, razão mais do que suficiente para se exigir a
anexação pela autoridade de trânsito competente, de documento que
comprove que o equipamento cuja numeração é citada, fora submetida à
aferição. É necessário também que os equipamentos eletrônicos estejam
comprovadamente certificados e aprovados por Portaria do INMETRO.

Esses equipamentos estão sujeitos à falibilidade do citado objeto eletrônico


(item 8.1.4.7 da Portaria nº 115/98-INMETRO), seja por dano, temperatura,
severidade, interferência eletromagnética, umidade, intempérie ou falha
qualquer.

Portanto, alicerçado nesta sustentação requer, a comprovação nos autos da


Portaria da aprovação do modelo de equipamento (item 7.2 da Portaria nº
115/98 Inmetro) ou a nulidade do auto de infração por falta de atendimento de
essencial requisito formalizador, qual seja a comprovação nos autos da
homologação pelo INMETRO.

A anulação do auto é possível porque o Supremo Tribunal Federal, através


das Súmulas 346 e 473 firmou o entendimento, de que:
“a Administração Pública dispõe de poder, sem recurso ao Judiciário e
independentemente de expressa outorga legal, invalidar seus atos ilegítimos.”
Súmulas 346 e 473 do STF.

11 – Dos Pedidos
Ex positis, é o presente RECURSO ADMINISTRATIVO para exorar a VOSSA
SENHORIA que se digne julgá-la inteiramente procedente a fim de:
(I) Seja o presente RECURSO julgado procedente, com fundamento no
art. 281, parágrafo único, I e II do CTB c/c Resoluções CONTRAN nºs
149/2003[1] e 404/2012 c/c Art. 37 da Constituição Federal de 1988, requer-
se a SUSPENSÃO e ANULAÇÃO da AIT nº S033277612 sendo o auto de
infração julgado insubsistente, cancelado e arquivado pelos motivos supra
expostos, além de verificar se o AIT cumpre as determinações da Resolução
Nº 390/2011[2] do CONTRAN;

(II) Caso o presente recurso não seja julgado no prazo de 30 (trinta) dias, de
acordo com o art. Artigo 285, § 3º, CTB, seja SUSPENSA a presente
notificação;
(III) Não sendo acolhido o pleito suprajacente, a decisão deve ser motivada
de forma “explícita, clara e congruente” (art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99), na
medida em que afeta os interesses do Notificado, cominando-lhe sanção, a
teor dos incisos I e II da referida norma;
(IV) Diante do exposto, pede a conversão da multa em advertência, pois o
Condutor satisfaz os requisitos do art. 267 do Código de Trânsito Brasileiro .
(V) Caso, contudo, não seja este o entendimento do julgador, requer seja a
decisão devidamente motivada, sob pena de nulidade, a teor do
art. 50, I e II, § 1º, da Lei nº 9.784/99, vez que desta forma garante-se a mais
cristalina aplicação do Direito Constitucional pátrio;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Termos em que pede e espera deferimento.

Buerarema, 05 de janeiro de 2023

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ISAAC JOSE DOS SANTOS NETO


DNIT

Setor de Autarquias Norte, Quadra 03, Bloco A

Edifício Núcleo dos Transportes - Coordenação


de Multas e Educação para o Trânsito

CEP: 70.040-902

Brasília-DF

ISAAC JOSE DOS SANTOS NETO


Rua Tiradentes, nº 509, Centro
CEP: 45615-000
Buerarema-BA

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