Você está na página 1de 5

ILUSTRÍSSIMO SENHOR SUPERINTENDENTE DA AUTARQUIA

MUNICIPAL DE TRÂNSITO, SERVIÇO PÚBLICO E CIDADANIA –


AMC.

DEFESA ADMINISTRATIVA

AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO nº XXXX

XX, brasileira, solteira, estudante universitária, inscrita no


CPF sob o nº X e no RG sob o nºX residente e domiciliada à X, Fortaleza/CE,
vem oferecer DEFESA ADMINISTRATIVA, no prazo e forma legais, pelas
razões adiante alinhadas:

I – DA INFRAÇÃO CONSTANTE NA NOTIFICAÇÃO DE


AUTUAÇÃO

No dia X de X de X, às Xhs, alega-se que o veículo de placa


X, marca X, de propriedade da ora peticionante, teria dirigido veículo utilizando-
se de telefone celular, cometendo a infração do art. 252, VI, do Código de
Trânsito Brasileiro, no cruzamento da Av. Desembargador Moreira com
Avenida Pontes Vieira. A infração foi identificada por vídeo-monitoramento,
sem identificação no Auto.

Dessa forma, a ação encaixa-se no artigo 252, VI, abaixo


descrito:

Art. 252. Dirigir o veículo:


[...]
VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem
sonora ou de telefone celular;
Infração - média;
Penalidade – multa;

II – PRELIMINARMENTE
II.1 – DA INSUBSISTÊNCIA DA INFRAÇÃO. DA AUSÊNCIA DA
DATA DE VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO E DA
IDENTIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE VIDEO-
MONITORAMENTO.
Ab initio, ressalta-se que o artigo 280 do CTB, em seu § 2º,
versa que a infração deverá ser comprovada por declaração de autoridade ou do
agente de autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente
disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.

Ademais, o caput do referido artigo, afirma que um dos


elementos essenciais do Auto de Infração deverá ser a: “V - identificação do
órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento
que comprovar a infração.”

Contudo, ilustre julgador, no Auto de Infração de nº


M021781312 não consta a Identificação do Equipamento, nem mesmo a Data de
Verificação do mesmo, razão pela qual o aludido Auto deve ser considerado
irregular, uma vez que ausente um dos seus requisitos principais, qual seja, a
identificação do equipamento responsável pela autuação.

Desta feita, ilustre julgador, não há razão lógica para que tal
Auto de Infração subsista, visto que em total desconformidade com o disposto
nesta resolução e, por conta desta irregularidade, a improcedência da infração é
medida que se impõe, nos moldes do artigo 281, do CTB, in verbis:

Art. 281 – A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a
consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro
julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;

Ora, evidente que multa aplicada em virtude de Auto


de Infração que não atende os requisitos legais não está dentro do limite
mínimo de regularidade, portanto, deve-ser julgar anulada a infração por
irregularidade do auto.

Nesse ponto, é importante ressaltar que a Administração


Pública pode rever seus próprios atos, não havendo necessidade que se falar em
necessária apreciação do Poder Judiciário, conforme está disposto na Súmula
346 do Supremo Tribunal Federal: “A Administração Pública pode anular seus
próprios atos".

A anulação dos atos administrativos ocorre devido ao poder


de Autotutela da Administração Pública, segundo o qual tem a possibilidade de
reanalisar seus atos e revogá-los ou anulá-los em casos de ilegalidade,
inoportunidade e inconveniência.
III – DO MÉRITO
III.1 - DA INEXISTÊNCIA DE ABORDAGEM DA CONDUTORA. DA
INCONSISTÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO.

Na presente infração, a ora peticionante foi autuada por


dirigir utilizando-se de telefone celular. Contudo, ilustre julgador, a referida
infração foi identificada por Video-Monitoramento, em manifesta contrariedade
ao entendimento do DENATRAN sobre a matéria.

Segundo parecer do DENATRAN, existe a necessidade da


abordagem do condutor para se lavrar o auto de infração - a fim de se
comprovar realmente se o "infrator" encontrava-se dirigindo utilizando-se de
telefone celular, pois o simples fato de se pegar o telefone celular não configura a
infração tipificada pelo art. 252, VI.

Ademais se não há abordagem do infrator - não há como a


autoridade verificar se o "infrator" estava ou não falando ao telefone celular, pois
esta é, a finalidade do telefone. Insurge-se um pseudo-sistema baseado em ficção
fática - não devendo tal presunção prosperar. Para que fosse válido esse auto de
infração, ele deveria ter sido autuado em flagrante, sob pena de ofensa aos
Princípios do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa.

A autuação em flagrante faz-se imprescindível, pois trata-se


de infração de difícil constatação, cuja verificação à desistência pela autoridade
de trânsito claramente poderá dar margem a inúmeros equívocos e injustiças.
Isto porque quaisquer elementos que possam ter levado a autoridade de trânsito
a entender infringido o artigo 252, VI seriam vestígios como o fato do condutor
estar aparentemente falando sozinho no carro ou encontrar-se com a mão
próxima ao ouvido, fatos insuficientes para formarem uma convicção.

Ora, é vedado à Administração Pública lavrar auto de


infração ou cominar penas e multas com base em meras suposições ou
"desconfianças", circunstância agravada ainda pelo fato de ser de extrema
dificuldade ou até impossível, a produção de prova em contrário pelo condutor.
Devido a tal dificuldade o ônus da prova é invertido, como determina a lei
processual pátria, cabendo à autoridade autuadora a obrigação de provar o
cometimento indubitável da infração antes de cominar a pena.

Ora, nobre julgador, a referida multa não deve prevalecer,


pois na realidade a ora defendente não estava fazendo uso do telefone celular
naquele momento. Inexiste, ainda, qualquer fotografia ou outro equivalente
capaz de comprovar o cometimento da conduta transgressora. Isto posto, requer
o julgamento improcedente do Auto de Infração, conforme o alegado acima.
III.2 - DA CONVERSÃO DA MULTA EM ADVERTÊNCIA

Em decorrência do princípio da eventualidade, na hipótese


do pedido de anulação ser indeferido, demonstra-se abaixo a possibilidade de
conversão da penalidade multa em advertência, visto que o caso em tela
preenche os requisitos para tal.

Ressalte-se que, conforme previsão legal, a suposta infração


cometida pela ora Defendente é uma infração média. Dessa forma, analisando-se
todos os argumentos expostos, conclui-se pela possibilidade de reconsideração
do auto de infração por parte da Administração Pública e, consequentemente,
sua conversão em advertência, conforme o disposto no artigo 267, também do
Código de Trânsito Brasileiro. Este artigo dispõe que, em caso de infração
média ou leve, passível de ser punida com multa, pode ser trocada pela
advertência, como se percebe a seguir:

Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por


escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser
punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma
infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade,
considerando o prontuário do infrator, entender esta providência
como mais educativa.

Portanto, pela análise conjunta dos dois artigos


supracitados, quais sejam, artigos 181, XVIII, e 267, ambos do Código de
Trânsito Brasileiro, conclui-se que a penalidade de multa aplicada ao caso
concreto pode ser substituída pela advertência, considerando-se que a
advertência consiste em uma medida menos gravosa, sendo mais proporcional e
razoável ao caso em tela, bem como pelo fato de a ora peticionante não possuir
nenhuma infração em seu pronturário.

III – DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, considerando-se os argumentos


fáticos e legais expostos requer-se o ARQUIVAMENTO da presente infração,
em virtude da irregularidade cometida, pela ausência de identificação do
equipamento responsável pela autuação, em desatenção ao requisito formal
previsto nos termos do art.280, V, do CTB.

Em caráter subsidiário, caso a autoridade julgadora assim


não entenda, requer a ora defendente que o presente Auto de Infração seja
julgado totalmente improcedente, em razão de a infração não ter sido lavrada em
flagrante, bem como pelo fato de inexistir fotografias hábeis a comprovar que a
ora peticionante estaria utilizando o celular no momento da infração.
Alternativamente, em virtude do princípio da eventualidade,
na hipótese do pedido de anulação ser indeferido, requer-se a CONVERSÃO
DA MULTA EM ADVERTÊNCIA, já que o caso concreto preenche os
requisitos legais para tanto.

Nestes termos,
Pede Deferimento.
Fortaleza – CE, 16 de abril de 2018.

______________________________
XXXXX

Você também pode gostar