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1-Generalidades
Haverá assim primeiro que partilhar o património do casal, para definir meações, só
depois procedendo a partilha da herança, que integrará os bens próprios do de cuiús
como os bens integrantes da sua meação nos bens comuns.
3-Atribições preferências
Caso a casa não faça parte da herança, como no caso de pertencer a terceiro ou ao
próprio cônjuge, continua a ter direito do uso do recheio (art. 2103 B), tendo direito
aos cômodos, ornamentação e utensílio enquanto recheio, nos termos do artigo2103
C).
Este direito ( direito de preferência) extingue-se se a casa não for habitada no prazo
superior a 1 ano (art. 2103\2 A), salvo nos casos em que a lei permite ao arrendatário a
não ocupação do local arrendado (art. 1093\2).
4-Modalidades da partilha
4.1-Generalidades
A partilha por acordo pode realizar-se por contrato particular, sempre que a
transmissão dos bens não exija forma especial, ou nos cartórios notariais ou nas
conservatórias do registro civil, através dos processos simplificados de sucessão
hereditária.
Apesar da escrita do artigo 2102, não parece que a partilha da herança tenha passado
a ser sempre um ato sempre um ato formal, incluindo os casos não envolvam bens
imóveis.
Quando se faz partilha por via notarial ( a qual só é obrigatória quando fazem a
partilha também de bens imóveis), tem de ser sujeita a escritura pública ou
documento particular autenticado.
4.2.3-A partilha através de procedimentos simplificados de sucessão hereditária
4.3.1-Generalidades
Na falta de acordo dos interessados, o artigo 2102\2 a) determina que a partilha tem
de ser realizada pelo procedimento de inventário, regulado pelo 1082 CPC, quando
seja realizado em tribunal e em regime de inventário notarial.
O artigo 2103 dispõe que, no caso de haver um único interessado, o inventário tem
apenas o fim de relacionar os bens e servir de base à liquidação da herança. Será o
caso de o interessado único pretender efetuar a aceitação a benefício de inventário,
por forma a evitar responder com os bens próprios pelas dívidas da herança. Nesse
caso, não há lugar a partilha, servindo o processo de inventário apenas de base para
relacionar as os bens do falecido e proceder à liquidação da herança.
O artigo 1082 a) e b) CPC, prevê que o processo de inventário destina-se a por termo à
comunhão hereditária ou, não carecendo de se realizar a partilha, a relacionar os bens
que constituem objeto de sucessão e a servir de base à eventual liquidação da
herança. Pode ainda o inventário destinar-se a partilhar bens em consequência de
ausência ou partilha de bens comuns do casal (1082 CPC d) e c)).
Nos demais casos, o processo de inventário pode ser requerido pelo interessado que o
instaura ou por acordo entre os interessados, nos tribunais ou cartórios (art. 1083\2
CPC).
O cabeça de casal deve entregar a relação dos bens que integrem a herança
juntamente com o requerimento inicial (art. 1097\3 c) e 1098 CPC).
-Opor-se ao inventário;
Se a aprovação das dívidas resultar da redução dos legados, compete aos delegados
deliberar sobre o passivo e forma de pagamento (art. 1107\1). Os donatários também
são chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre que se verifique
a probabilidade séria de delas resultar a redução de liberalidades (1107\2 CPC). No
entanto, se a dívida que dá causa á redução não for reconhecida nem por todos os
herdeiros, donatários e legatários, nem pelo tribunal não pode ser tomada em conta
para redução (1107\3).
Não havendo bens na herança suficientes para pagar todas as dívidas, verifica-se a
insolvência da herança, caso em que o juiz a pedido de algum interessado direto ou
indireto, extingue a instância e remete os interessados para o processo de insolvência
(1108 CPC).
O 1109 determina que o juiz pode convocar uma audiência prévia se considerar
conveniente, nomeadamente por se lhe afigurar possível a obtenção de acordo sobre a
partilha ou acerca de alguma das questões controvertidas, ou se entender útil ou vir
pessoalmente os interessados sobre alguma questão. Na falta de acordo dos
interessados sobre as questões controvertidas, o juiz toma as medidas necessárias
para decidir as matérias que tenham sido objeto de oposição ou impugnação.
Decorrido este prazo o juiz profere despacho sobre o modo como deve ser organizada
a partilha, definindo quotas de cada interessado e designa o dia de realização da
conferência dos interessados (1110\2). São também notificados os cônjuges dos
interessados diretos que não sejam casados em separação de bens e, se entre os bens
a partilhar constar a casa de morada de família de algum dos interessados também o
cônjuge me separação de bens (1110\3).
Podem também as partes acordar a venda total ou parcial dos bens da herança e na
distribuição do produto da alienação pelos diversos interessados (1111\2).
Se não houver acordo entre eles, abre-se na própria conferência a licitação entre eles
(1113\1). Só podem licitar os interessados na partilha, salvo nos casos em que a lei
determina que devam ser admitidos os donatários e legatários (1113\3).
Até à abertura das licitações pode qualquer dos interessados requerer a avaliação dos
bens (1114\1).
1-Operações da partilha
1º passo - cálculo do valor ativo hereditário (relictum). Este conceito abarca ficticiamente o
donatum para efeitos de cálculo de herança legitimária e contratual.
À importância total do ativo hereditário é abatido o montante dos encargos gerais da herança
incluindo dívidas e legados.
Tendo o autor da sucessão feito doações em vida ou deixas de bens determinados em favor de
herdeiros legitimários, é preciso atender às regras sucessórias aplicáveis a tais liberalidades, o
que pode implicar alteração do valor dos direitos que o herdeiro beneficiado com a
liberalidade pode reclamar sobre a herança partilhável.
O tribunal deve notificar os interessados para requerer a composição dos quinhões por
bens que não tenham sido adjudicados ou reclamar o pagamento das tornas (1121\1).
Caso seja reclamado o pagamento das tornas, é notificado o interessado que as tenha
de pagar para as depositar. Caso tal não seja feito, podem os requerentes, após
trânsito em julgado da sentença homologatória da partilha, que se proceda á venda
dos adjudicados ao devedor até se perfazer o montante para pagar as tornas (1122\2
CPC). Já se não for reclamado o pagamento das tornas, as mesmas vencem juros legais.
Caso algum dos interessados mostre interesse atendível em receber os bens que lhe
tenham cabido em partilha antes do trânsito em julgado da sentença homologatório,
tal apenas é admitido nas condições do artigo 1124 CPC. Caso o recurso determine a
realização de nova partilha, os bens retornam a posse do cabeça de casal.
Efeitos da partilha:
Feita a partilha cada um dos heredeiros é considerado, desde a abertura da sucessão, titular
único dos bens que lhe foram atribuídos, sem prejuízo do disposto quanto a frutos (2119º).
A cada um dos herdeiros são entregues os documentos relativos aos bens que lhe foram
atribuídos (2120º/7).
Não tendo passado 5 anos da abertura da sucessão ou da constituição da dívida que recai
sobre a herança, os credores da herança e os legatários gozam de preferência sobre os
credores pessoais do herdeiro, relativamente aos bens que a este couberam na partilha.
Isto significa que nem sempre a partilha assinala o momento em que termina o fenómeno
sucessório em sentido amplo. O estatuto dos bens que foram atribuídos ao herdeiro na partila
pode ser temporariamente distinto dos demais bens do mesmo titular.
Impugnação da partilha
O 2121º prevê que a partilha extrajudicial só é impugnável nos casos em que o sejam os
contratos.
À partilha feita fora de inventário aplicam-se as regras gerais sobre o NJ, nomeadamente as
que respeitam à declaração e à vontade. A partilha feita por coação física é inexistente, a
partilha determinada por erro-vício qualificado por dolo é anulável, etc.
A impugnação da partilha feita em inventário pode ser feita por recurso da sentença
homologatória proferida pelo juíz que detém o controlo geral do processo para o Tribunal da
relação.
O 2122º exclui a nulidade da partilha quando tenha havido omissão de bens da herança,
estatuindo unicamente a partilha adicional dos bens omitidos. O 2123º/1 estabelece que a
partilha que tenha recaído sobre bens não pertencentes à herança é nula apenas nessa parte.
Não é a partilha que transmite a propriedade dos bens hereditários; ela apenas determina os
bens que compõem as quotas dos herdeiros. Os herdeiros recebem diretamente os seus
direitos do defunto e não dos restantes co-herdeiros.
A partilha dos bens comuns do casal (se cados em comunhão geral ou de adquiridos) é prévia à
hereditária.
Emenda da partilha: Artigo 1126 permite ainda que tenha transitado em julgado a
decisão homologatória, a partilha seja emendada no próprio inventário por acordo de
todos os interessados, se tiver havido erro de facto na descrição ou qualificação dos
bens ou qualquer outro erro suscetível de viciar a vontade das partes.
Não havendo acordo quanto á emenda, o interessado pode ainda requerer no próprio
processo, que a ela se proceda no prazo máximo de 1 ano a contar do conhecimento
do erro, desde que seja conhecimento posterior à decisão.
Salvo nos casos em que a lei impõe que a partilha corra nos tribunais (1083\1 CPC), por
escolha do interessado que instaura o processo ou mediante acordo dos interessados,
o inventário pode ser tramitado em cartórios notariais (art. 1083\2). No entanto, se o
processo de partilha for instaurado em cartório sem o acordo de todos os interessados
diretos que representem isolada ou conjuntamente mais de metade da herança,
podem recorrer até ao fim do prazo de oposição que o processo seja feito no tribunal
(1083\3 CPC)- O cartório deve ser o do local da abertura da abertura da sucessão, do
estabelecimento comercial ou da maioria dos imóveis que integram a herança ou da
residência da maioria dos interessados na partilha (salvo em caso de impedimento
deste notário pelas mesmas razões do juiz, em que poderão ser escolhidos cartórios
em circunscrições próximas).
O notário deve realizar as diligências do processo, sem prejuízo dos casos em que os
interessados devam ser remetidos para tribunal.