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1-Generalidades
A liquidação da herança visa transformar num valor liquido o ativo e o passivo dos
hereditários. É necessário para esse efeito satisfazer as dívidas do autor da sucessão e
outros encargos que onerem a herança.
Pelas dívidas respondem os bens da herança, sendo que o art. 2068 determina que as
despesas de herança, sufrágio, encargos com a testamentária, administração e
liquidação do património hereditário, as dívidas do falecido e os legados. Estes
correspondem aos encargos gerais da herança, diferente dos encargos especiais que
podem ser impostos pelo testador a certos herdeiros ou legatários. No entanto, o
testador não pode impor novos encargos da herança, já que os mesmos têm de estar
previstos em lei.
Nos termos do artigo 2070\2, os encargos da herança são satisfeito pela ordem
referida no artigo 2068, ou seja, despesas com funeral, despesas com sufrágios,
encargos com testamentária, administração e liquidação do património hereditário,
dívidas do falecido e por último os legados.
Nos termos do artigo 2070\3, as preferências mantêm-se nos 5 anos após a abertura
da sucessão ou constituição da dívida.
4.1-Genralidades
Assim, sendo esses direitos remíveis, e havendo na herança dinheiro suficiente para a
sua remição, qualquer co-herdeiro e o cônjuge meeiro pode exigir a remição antes da
partilha (art. 2099).
Tem sido, porém, questionado, se, não existindo na herança esse dinheiro, pode o
herdeiro exigir na mesma a remição, solicitando para esse efeito a venda de bens da
herança. A resposta é negativa (uma vez que apenas por acordo de todos os herdeiros
podem ser alienados bens da herança, artigo 2091, não podendo por isso um herdeiro
só por si exigir essa alienação).
Uma vez que tem em relação á herança os mesmos direitos e obrigações que qualquer
herdeiro (art. 2153), o estado é responsável por todos os encargos da herança
referidos no 2068 incluindo os legados.
Os legatários não respondem pelos encargos da herança, já que são tratados como
credores da herança (art. 2070\1) e os legados são referidos nos encargos (art. 2068).
O testador pode ainda impor a qualquer dos legatários obrigação de pagar encargos da
herança, obrigação que este só é obrigado a satisfazer nos limites do que recebeu (art.
2276\1). Nesse caso, se o legatário com o encargo não receber todo o legado, é o
encargo reduzido proporcionalmente e, se a coisa for reivindicada por terceiro, pode o
legatário reaver o que tiver pago (art. 2276\2).
Também no caso da herança ser toda distribuída em legados, os encargos dela são
suportados por todos os legatários, salvo se o testador dispor diferente (art. 2277).
Se o usufrutuário não o fizer, os herdeiros podem exigir que dos bens do usufrutuário
se vendam os necessários para cumprir os encargos, ou pagá-los em dinheiro, sendo
que no caso do dinheiro haverá juros (art. 2072\1).
Também relativo ao legado de alimentos ou pensão vitalícia, a lei determina que esse
encargo recai sobre o usufrutuário da totalidade do património do falecido, o qual é
obrigado a pagar por inteiro esse legado (art. 2073\2). Já o usufrutuário de uma quota
do património, apenas contribui na proporção do que recebeu (art. 2073\2).
Se determinados bens da herança indivisa estiverem onerados com direitos de 3º, de natureza
remível, e houver na herança dinheiro suficiente, o 2099º admite que qualquer dos co-
herdeiros ou o cônjuge meeiro exija a remição desses direitos antes da partilha.
Não havendo dinheiro suficiente na herança, a remição será possível unicamente com o
acordo de todos os interessados (co-herdeiros e cônjuge meeiro).
Efetuada a partilha, cada um dos herdeiros só responde pelos encargos em proporção da sua
quota hereditária, a não ser que eles tenham deliberado que a satisfação dos encargos se faça
à custa de dinheiro ou outros bens separados para esse efeito, ou que incumba a algum ou
alguns deles (2098º)
A liquidação da herança partilhada é realizada voluntariamente pelos herdeiros ou mediante
ação judicial comum intentada, pelos credores ou legatários, contra os herdeiros.
Se antes da partilha não tiver sido feita a remição de direitos de 3º, de natureza remível, sobre
determinados bens da herança estes estarão naturalmente onerados. Na partilha pode então
descontar-se o valor dos direitos, que serão suportados exclusivamente pelo interessado a
quem os bens couberem (2100º/1). Caso não tenha ocorrido tal desconto, o interessado que
pagar a remição tem direito de regresso contra os outros pela parte que a cada um tocar, em
proporção da sua quota (2100º/2/1ªp.); se um deles for insolvente, a sua parte é repartida
entre todos proporcionalmente (2100º/2/2p).
Na herança totalmente distribuída em legados, os encargos dela são suportados por todos os
legatários em proporção dos seus legados ou nas condições que o testador tiver estipulado
(2277º).
As ações necessárias à cobrança dos créditos hereditários são propostas pelo Ministério
Público.
A situação de insolvência da herança pode ser apurada no inventário ou fora dele. Se tal for
detetado no decurso do inventário, os interessados são remetidos para o juiz que detém o
controlo geral do processo, aproveitando-se, sempre que possível, os atos já praticados no
inventário; ou seja, aparentemente, seguem-se os termos do processo de insolvência que se
mostrem adequados, aproveitando-se, sempre que possível, o processado do inventário.
Ato pelo qual se põe termo à indivisão do património do de cuius, isto é, à mencionada
contitularidade.
Em rigor, o direito de exigir partilha assiste aos interessados diretos na partilha. No entanto,
não é indispensável que o requerente da partilha seja co-herdeiro ou conjuge meeiro. A
partilha pode ser solicitada pelo usufrutuário de quota da herança, legatário, com vista à
determinação dos bens sobre os quais recairá o usufruto. E a qualidade de interessado direto
na partilha deve ser reconhecida igualmente ao adquirente do quinhão hereditário e ao credor
repudiante, no caso de sub-rogação (2067º).
O de cuius pode dispor como entender dos bens não abrangidos pela sucessão legitimária.
Modalidades de partilha
A partilha notarial feita fora do processo de inventário pode assumir duas formas: escritura
pública ou documento particular autenticado.
A partilha de herança em que um dos interessados seja menor ou incapaz está sujeita a regras
especiais.
Operações da partilha
A partilha pressupõe três operações ideais: cálculo do valor da herança partilhável,
determinação em valor das quotas da herança partilhável, determinação em valor das quotas
dos herdeiros e preenchimento das quotas com bens concretos.