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NOTA PRÉVIA
I - NOTAS INTRODUTÓRIAS
O Direito das Sucessões é identificado com o conjunto das normas jurídicas que
regulam a instituição da “sucessão” (artigo 2024º CC). Segundo a lei, na sucessão uma
ou mais pessoas ocupam a posição que cabia a outra enquanto titular de relações
patrimoniais.
1. - Modalidades de sucessão
1 - A sucessão legal pode ser legítima e legitimária, conforme possa ou não ser
afastada pela vontade do seu autor (de cujus).
A sucessão legítima trata da quota disponível (da parte da herança que o de cujus
pode dispor livremente), já a sucessão legitimaria versa sobre a quota indisponível da
herança, a qual o de cujus não pode dispor.
AULA SOBRE CÁLCULO DA LEGÍTIMA - 3º ANO – IGS - LUBANGO
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A sucessão legítima é supletiva na medida em que pode ser afastada pela vontade
do de cujus, enquanto que a sucessão legitimária não pode ser afastada pela vontade do
seu autor (artigo 2027º CC).
O chamamento é feito por esta ordem, sendo que os herdeiros de cada uma das
classes preferem aos das classes imediatas (artigo 2134º) e que dentro de cada classe, os
parentes de grau mais próximo preferem aos de grau mais afastado.
A sucessão legitimária trata de indicar qual é a quota que cabe a cada classe de
chamados e de indicar quais as situações me que a parte disponível da herança
corresponde a 1/3 ou 2/3. Esta variação é feita de acordo com a classe de chamados e o
número de filhos deixados pelo de cujus.
Legítima → porção de bens de que o testador não pode dispor, por ser
legalmente destinada aos herdeiros legitimários (artigo 2156º CC). Quanto aos herdeiros
legitimários a quota indisponível equivale ao quintão (quota-parte), ou seja, à legítima
de cada herdeiro.
A legítima dos filhos é a metade da herança no caso de 1 (um) filho e de 2/3 (dois
terços) se existirem dois ou mais filhos (artigo 2158º nº 1 CC). Se o autor da sucessão não
deixar descendentes a legítima dos pais é de metade da herança (artigo 2160º CC),
enquanto que a dos ascendentes em segundo grau e seguintes é de 1/3 (um terço) da
herança (artigo 2161ºCC).
Cálculo da legítima
a) Testamento público (artigo 2205º do CC): tal não significa que o conteúdo seja
determinado pelo notário nem tão pouco da sua autoria, este simplesmente se limita
redigir no livro de notas a vontade do testador;
b) Testamento cerrado (artigo 2206º a 2209º do CC): tem os seus requisitos vistos
no artigo 2206ºCC. Posteriormente será provado pelo notário podendo ser conservado
pelo próprio testar, ser confiado à guarda de terceiro ou ficar depositado no cartório
notarial (artigo 2209º CC). A sua apresentação terá de ocorrer perante notário, 3 dias
após a morte do testador (artigo 2209º nº 2 CC).
O artigo 2208º CC implica a não aplicação do nº 2 do artigo 2206º CC, Aquele que
“não sabe assinar”, logicamente aquele que não sabe ler e vice-versa. Assim que não
saiba ler não tem capacidade de gozo para dispor em testamento cerrado.
FÓRMULA - PH = R – d + D
Com isso, verifica-se que, para o cálculo da legítima, não deve ter em conta
apenas a massa activa da herança, mas também as dívidas decorrentes da herança.
Exercício prático
Em 2000, Aníbal casou com Bianca e desse casamento nasceram dois filhos,
Constância e Duarte.
Em 2018, Aníbal deu ao seu filho Duarte um terreno na Mapunda avaliado AKZ
1.000.000,00 (Um milhão de kwanzas).
Em 2019 contraiu uma dívida a Rodma no valor AKZ 500.000,00 (Quinhentos mil
kwanzas)
Resolução
R = 5.000.000
d = 500.000
D = 1.000.000 + 2.000.000 = 3.000.000
PH = 5.000.000 – 500.000 + 3.000.000
PH = 4.500.000 + 3.000.000
PH = 7.500.000 × 2/3 (7.500.000 × 2 = 15.000.000 ÷ 3 = 5.000.000) – artigo 2.158º nº 1
― Cálculo da quota indisponível: 5.000.000
― Cálculo da quota disponível: 10.000.000
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Legítima objectiva = 5.000.000 (legítima dos filhos) + 4.500.000 (Relictum)
Legítima subjectiva = 2.500.000 (PH – legítima dos filhos) – 500.000 (donatum)