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DIREITO DAS SUCESSÕES

Ano Lectivo 2018/2019

O PRESENTE TEXTO CORRESPONDE A UMA SUMULA DA BASTA E


COMPLEXA MATÉRIA DO DIREITO DAS SUCESSÕES (QUE SE VEM A
DESENVOLVER E A APERFEIÇOAR GRADUALMENTE), POR FORMA A
PERMITIR AO ESTUDANTE UMA MELHOR ESQUEMATIZAÇÃO DOS
DIFERENTES TEMAS E DAÍ, A POSSIBILIDADE DE PODER VIR A
APROFUNDAR AS QUESTÕES ENVOLVIDAS NO FENÓMENO SUCESSÓRIO

LIVRO V - DIREITO DAS SUCESSÕES


TÍTULO I - Das sucessões em geral
CAPÍTULO I - Disposições gerais

Artigo 2024.º - (Noção)


Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das
relações jurídicas patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente
devolução dos bens que a esta pertenciam.

Artigo 2025.º - (Objecto da sucessão)


1. Não constituem objecto de sucessão as relações jurídicas que devam
extinguir-se por morte do respectivo titular, em razão da sua natureza
ou por força da lei
2. Podem também extinguir-se à morte do titular, por vontade deste, os
direitos renunciáveis.

Artigo 2031.º - (Momento e lugar)


A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no lugar do
último domicílio dele.
O HOMEM
NASCIMENTO
Com o nascimento completo e com vida, adquire-se a personalidade
jurídica - Artigo 66º nº 1 do C.C.

o que se traduz na atribuição da capacidade jurídica – 67º,

ou seja na capacidade de ser titular de direitos e obrigações, ou seja, na


capacidade de ser sujeito de relações jurídicas.

VIDA DE RELAÇÃO- o homem vai-se relacionando com o seu semelhante


no intenso mercado jurídico, agregando na sua esfera jurídica a
titularidade de múltiplas relações jurídicas patrimoniais, tanto activas
como passivas,.

Passa assim a ser sujeito ou titular de múltiplos direitos e múltiplas


obrigações.

A MORTE

É um facto jurídico natural e involuntário, que faz extinguir a


personalidade jurídica do seu autor – 68º C.C.

Com a morte cessa a personalidade Jurídica – 68º C.C.

As relações jurídicas de que era titular - deixam de ter sujeito, desligam-se


do seu dono, provocando uma crise na sua titularidade e passam a
integrar uma universalidade jurídica detida em comunhão, pelos
sucessíveis chamados à sucessão, até que a herança seja aceite e
partilhada.

Com a morte abre-se então a Sucessão ou Fenómeno Sucessório

ABERTURA DO FENÓMENO SUCESSÓRIO

- Como todo o facto jurídico, a morte, é produtor de efeitos jurídicos tais


como a abertura da Sucessão ou Fenómeno Sucessório.- 2031º
- É que esses direitos e obrigações ( OU QUASE TODOS) – 2025º nº 1, por
razões de natureza económica e social não se extinguem com a morte do
seu titular;
- Perduram e subsistem-lhe para que possam vir a ser titulados por um
novo sujeito que assuma a titularidade desses direitos – 2024º.

Nisto consiste o FENÓMENO SUCESSÓRIO-

Que se traduz por uma sequência de actos e factos que se desencadeiam


num processo mais ou menos longo no tempo, que se inicia com a morte
e abertura da sucessão e termina no momento em que o novo sujeito seja
investido nas Relações jurídicas, até aqui desligadas do seu titular.

- O FENÓMENO SUCESSÓRIO;

- Quando se Inicia; Com a morte e abertura da Sucessão – 2024

- Onde se inicia :- No lugar da abertura da Sucessão – 2031º e 82º

- Qual o seu objecto; Relações Jurídica Hereditáveis – que não


caducam com a morte do seu titular – 2025º
Bens que não se esgotam por morte do titular.
Bens que subsistem: a generalidade.

- Quando Finda – Quando as relações jurídicas patrimoniais forem


adjudicadas a um novo titular por efeito da Partilha

Comunhão Hereditária

Após a abertura da sucessão as relações jurídicas patrimoniais que ao


falecido pertenciam, passam a integrar uma universalidade jurídica
hereditária, ou património em comunhão.

Entre a abertura da sucessão ( Início do fenómeno Sucessório) e a partilha


( Fim do Fenómeno Sucessório), existem várias matérias que irão ser
estudas por nós, nomeadamente:

- O momento da abertura da herança – 2031º


- Chamamento dos herdeiros e legatários – 2032º
- Títulos de designação Sucessória – 2026, e 2027
-Pressupostos da vocação sucessória – 2032 e 2033
- Espécies de Sucessores – 2030º
- Vocações sucessórias Indirectas - A representação Sucessória – 2039º,
Direito de Transmissão -2058º e Direito de Acrescer – 2137º e 2302º
- A herança Jacente – 2046º
- A devolução sucessória – aceitação – 2050º e Repudio da herança 2062º
- Os encargos da herança – 2068º
- A petição da herança – 2075 e 2078º
-A administração da herança – 2079º
- A liquidação da herança – 2097º
- A herança legitimária – 2156 e a colação 2104º
- A herança Testamentário e contratual – 2179 e 2026, e 2028º
- A herança legitima – 2131º
- A alienação da herança – 2124º
- A partilha da herança – 2101º

- Justificação do Fenómeno Sucessório

Justifica-se por razões de natureza económica e social, que visam


sobretudo, evitar situações insustentáveis, quer do ponto de vista
económico quer do ponto de vista social, nomeadamente:
- Com a possibilidade de os créditos se extinguirem com a morte do
Devedor, libertando os devedores dessa obrigação.
- Ninguém mais admitiria a possibilidade de contratar obrigações –
Os Credores Ficariam Frustrados - Caos Económico.

– Para garantir a Continuidade das Relações Jurídicas por RAZÔES


Natureza Económica e Social; Ex. Caducidade – Frustração – Res
Nullius - A perturbação no comércio jurídico quando os bens
perdem titularidade por morte.

- Princípios Fundamentais ( Constitucionais) de Direito Sucessório;


- Garantia constitucional do reconhecimento da propriedade
privada e a garantia da sua livre transmissão em vida e por
morte; 62º da CRP

- A sua transmissão por morte, ou seja, a atribuição dos bens do


“de cuis” a outra ou outras pessoas, implica necessariamente a
ocorrência de actos e factos jurídicos que se desencadeiam no
tempo, até que seja encontrado um novo titular - Nisto consiste
o Reconhecimento do Fenómeno Sucessório

- Assim, o Fundamento do fenómeno Sucessório está ligado, por


um lado ao reconhecimento da propriedade privada, por outro,
a garantir a Continuidade das Relações Jurídicas por Razões de
Natureza Económica e Social;

Ex. Caducidade – Frustração – Res Nullius – já que a simples


eliminação da transmissão mortis causa da propriedade geraria
graves perturbações socio económicas e no tráfego jurídico

- Mas, qual o destino que devem tomar os bens do de cuis?

Este objectivo ou fim, pode ser atingido por diferentes


modalidades de sucessão, influenciados por modelos ou
sistemas de Organização do Fenómeno Sucessório , que
assentam ou tem conexão com a Propriedade, com a Familia e
com o Estado – denominados de Modelos de organização do
fenómeno sucessório.

Existem assim três modelos ou sistemas de organização do


fenómeno sucessório:

- Modelo ou Sistema Individualista ou Capitalista

Que assenta:
-Na grande amplitude do reconhecimento do direito de
propriedade privada dos meios de produção.
- Todos os bens de propriedade privada, eram objecto de
transmissão . Todos eram transmissíveis.
- Não existem quaisquer limites à total transmissão mortis
causa dos bens patrimoniais privados, como tradução do
poder patrimonial absoluto dos proprietários privados.
- Amplos poderes de disposição testamentária por parte
do de cuius, e apenas ligeiras restrições à sua capacidade
de testar, que são circunstanciais como por ex.
relativamente a médicos, a sacerdotes que tenham
assistido o testador) – casos de indisponibilidade relativa
2192º e s.s.
- Prevalência ilimitada da sucessão testamentária sobre a
sucessão legitima.

-Modelo ou Sistema Familiar


- Existência de um património familiar que está adstrito
aos interesses da família ou ao património familiar que é
juridicamente propriedade de uma certa família.
- Prevalece a conexão da propriedade com a família
(conjugal e parental) que assenta numa ideia de
património familiar
- A sucessão legal, que a lei regula apenas a favor dos
parentes e com fixação de quotas indisponíveis em
beneficio de certos familiares, é a normal, sendo a
sucessão testamentária, se a houver, de carácter restrito e
excepcional.

- Modelo ou Sistema Socialista.


- Prevalece a conexão com o Estado, em que domina a
prevalência da propriedade colectiva. (Ex: o Dec. Lei de
27 de Abril de 1918 da URSS em pleno período
revolucionário, aboliu o direito das sucessões, quer na
forma legal quer na testamentária).
- Os bens passíveis de transmissão sucessória são apenas
os bens de propriedade pessoal – “bens destinados a
satisfazer as necessidades materiais e espirituais do seu
titular “– 156º C. Civil Cubano.
Modelo Sucessório Português

O Sistema ou Modelo Sucessório Português, assenta num modelo Misto,


influenciado fundamentalmente pelo sistema individualista e Familiar,
mas contendo também elementos do sistema socialista.

Ver artºs 2179º a 2182º, 2156, 2157º, 2159, 2133º, e 2133, nº 1 e) -

- FONTES DO DIREITO DAS SUCESSÕES

- A Constituição da República;
- Principio Constitucional do Reconhecimento da Propriedade
Privada e da sua Livre Transmissão em vida ou por morte. 62º
da CRP;
- Principio da Igualdade (artº 13º da CRP) que eliminou a
desigualdade sucessória, Como Ex. a Sucessão do cônjuge e
dos filhos nascidos dentro ou fora do casamento.
- Prinicipio da Protecção da Familia, como Célula fundamental
da sociedade – 36º da CRP.
- O Código Civil – Livro V
- Código de Proc. Civil ;
- Proc. Especial de Liquidação de herança vaga a favor do
Estado –
(Artºs 938º a 940º ).
- Meios judiciais de jurisidição voluntária relativos à herança
jacente e à acção sub-rogatória – Processo cominatório de
aceitação ou repúdio – artº 2049º do C.C. e 1039º a 1041º do
C.P.C.
- O Código do Notariado
- Escritura de habilitação de herdeiros e legatários – 82º a 88º
- Instrumentos públicos avulsos relativos à aprovação,
depósito, restituição e abertura de testamentos cerrados –
106º a 115º - Normas relativas ao testamento, à aceitação e
ao repúdio da herança e do legado.
- O Código do Registo Civil
- Procedimento simplificado de habilitação e partilha – 201º-A
a 201º-R

- O Código de Registo Predial


- Registo sem determinação de parte ou direito dos imóveis
que integram a herança – artº 49º

- Regime Jurídico do Processo de Inventário –


( Lei nº 23/2013 de 05 de Março)
- Instituiu o Novo regime de tramitação do Processo de
Inventário que tem por principal função, entre outras, a
extinção da comunhão patrimonial

Conceito de Sucessão

A palavra Sucessão tem sentido amplo que abrange:


- A sucessão Inter Vivos
- A sucessão Mortis Causa.
-Por titulo gratuito ou oneroso.

Em sentido amplo entende-se como o fenómeno pelo qual uma pessoa se


substituiu a outra ou toma o seu lugar, ficando vinculada a
um direito ou direitos e vinculações que antes pertenciam na
esfera jurídica do substituído --- Sendo que as situações
jurídicas adquiridas pelo novo titular são consideradas as
mesmas, antes existentes e tratadas como tais.

Em Sentido Estrito ou Restrito – Na sucessão mortis causa, a morte é a


causa da transferência da titularidade dos bens e dos direitos
sobre os bens.
A modificação subjectiva só se verifica depois da morte do
anterior titular da relação jurídica. Em vida deste nada se
transmite.- 2024º - Diz-se sucessão o chamamento de uma ou
mais pessoas à titularidade das relações jurídicas patrimoniais
de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens
que a esta pertenciam.

Sucessão em vida – as modificações subjectivas operam-se ainda em vida;

Sucessão por morte – As modificações subjectivas só se verificam depois


da morte do anterior titular da relação jurídica – A morte é a causa da
transferência

Aquisição derivada translativa – o direito do novo titular é o mesmo do


antigo titular
Aquisição originária – não há sucessão – o direito nasce de novo – 1287º
Sucessão na posse – 1255º

FENÓMENO SUCESSÓRIO

Designação Sucessória – é uma situação anterior à vocação sucessória,


pois que a ordem jurídica prevê que por lei, testamento ou contrato se
estabeleça, antes de ocorrer a abertura da sucessão, um quadro de
designados sucessíveis, mas sujeito a constantes mutações ) alterações da
lei, revogação de testamentos, pré-morte, indignidade do designado) e
que só se fixa no momento da morte do de cuius.

Vocação sucessória – consiste no chamamento do herdeiro ou legatário


designados, à titularidade das relações jurídicas patrimoniais do falecido.
Desde que tenha a necessária capacidade sucessória. 2032º nº 1

Devolução Sucessória – consiste numa consequência do chamamento e


da aceitação da herança, que consiste na colocação dos bens à disposição
dos herdeiros.
ESPÉCIES DE SUCESSÃO MORTIS CAUSA

Os critérios para classificar as Espécies de Sucessão, prendem-se com a


vocação, e são dois:
- Quanto à Fonte;
- Quanto ao Objecto;

1 – Títulos de Vocação Sucessório quanto à Fonte.

A Sucessão pode ser Legal – 2027º


- Legitima - 2131º a 2155º (supletiva)
- Legitimária - 2156º s.s. (imperativa)
Ou,
Sucessão Voluntária;
- Sucessão Contratual – 2028º – 286º , 289, 1700º e s.s. do C. C.
- Sucessão Testamentária – 2179º

Sucessão Legitimária

- O que é – 2156º

- Quem são os herdeiros legitimários – 2157º

- O Que é a quota indisponível e a Quota disponível ?

- Como se manifesta na Lei a imperatividade e Tutela da Sucessão


Legitimária?

- Principio da Intangibilidade da Legitima - 2163º


- A inoficiosidade – 2168º
- Redução de Liberalidades – 2169
- Defesa da expectativa jurídica do herdeiro legitimário – 242º nº 2
do C.C.

Sucessão Legitima
- Que pode ser afastada por vontade do Autor da Sucessão – Como e em
que medida - Supletiva - 2027º?

A Sucessão Contractual

Da redacção do artigo 2028º pode concluir-se que, enquanto a herança


não estiver aberta, isto é, antes da morte, só é possível dispor da própria
sucessão ou da sucessão de terceiro, ou renunciar à herança, pçor
CONTRATO, apenas nos casos ou excepções previstas na Lei, ou seja, nos
casos previstos no artigo 1700º, nº 1 a), b) e c), 1705º, 1754 e 1755º nº 2 .

E Porquê?

Porque o artigo 2028º sanciona com nulidade, todos os casos em que,


por meio de contrato se institua do destino dos bens por sucessão
contractual , que não estejam previstos em convenção antenupcial.

Assim,

Há sucessão contractual quando por contrato e antes de a sucessão se ter


aberto:

- Alguém renuncia à sucessão de pessoa viva, ( Ver alterações ao artº


1700º nº 1 alínea c) e nº 3 – Artº 2º da Lei nº 48/2018 de 14 de Agosto)

- Alguém dispõe da sua própria sucessão ou da sucessão de terceiro-


2028º nº 1

Segundo o artigo 2028º os contratos sucessórios apenas são admitidos


nos casos previstos na lei, sendo nulos todos os demais, sem prejuízo do
disposto no artigo 946º nº 2 .

Assim os contratos sucessórios ou pactos sucessórios são em regra


proibidos – 286º e 289º do C. C. – e quando efectuados são nulos

Admitidos Por Lei


Os contratos sucessórios, ou doações por morte, apenas são admitidos
nas convenções antenupciais. 1700º e s.s. C. C.

De acordo com o artigo 1700 do C. C. são determinados tipos de


contratos sucessórios, nas CONVENÇÕES ANTENUPCIAIS – Em situações
ligadas ao casamento e à ideia de favorecimento do património conjugal.

São três os tipos de contratos sucessórios admitidos em convenções


antenupciais:

1º- A convenção contém uma doação mortis causa, em que a favor do ou


dos esposados, uma terceira pessoa os institui seu herdeiro ou legatário –
1700º, nº 1 a), 1754º, e 1755 nº 2 e 1756º

2º- A convenção em que um ou ambos os esposados, através de doação


por morte ou doação mortis causa, instituem como seu herdeiro ou
legatário, um terceiro que seja pessoa certa e determinada e que
intervenha como aceitante na mesma convecção antenupcial – 1700 nº 1
b), 1705.

3º- A convenção em que os esposados e com recurso à sucessão por


morte, se instituem reciprocamente ou apenas em favor de um deles,
como herdeiros ou legatários entre si – 1700, nº 1 a), 1754º e 1755º nº 2

4º Renúncia Recíproca dos esposados à condição de herdeiro legitimário


do outro cônjuge, na Convenção Antenupcial.1700º nº 1 c) – Lei nº
48/2018 de 14 de Agosto.

Nova excepção permitida,

Decorre da Renúncia recíproca à qualidade de herdeiro (Inovação)

A Lei nº 48/2018 de 145 de Agosto, no seu artº 2º, veio criar um novo
Regime, no que refere à sucessão dos cônjuges, enquanto herdeiros
legitimários um do outro, admitindo a sua renúncia.

- Alterou o artº 1700º do C.C., aditando-lhe a alínea c) ao nº 1 e o nº 3;


- Alterou a redacção do artigo 2168º, aditando-lhe o nº 2 , e
- Aditou o artigo 1707-A ao Código Civil.

Renúncia Recíproca à condição de herdeiro legitimário dos cônjuges, na


Convenção Antenupcial.

Antes:

- O cônjuge integra a primeira e segunda classe de sucessíveis do nº 1 do


artigo 2133º do C.C., e sucede sozinho – 2142º nº 3 - em concurso com
descendentes – 2139º - e em concurso com ascendentes - 2142º

Contudo,

- Não podia renunciar unilateralmente antes da morte, à sucessão e do


seu cônjuge – 2031º, 2032º e 2028º

- Não podia celebrar um contrato de renuncia reciproca, porque este


negócio jurídico consubstanciava uma sucessão contractual, que era
proibida por Lei.

- Apenas depois da abertura da sucessão, era possível ao cônjuge


sobrevivo repudiar a herança a que fora chamado – 2062º

Actualmente, o Novo Regime:

- Veio permitir aos nubentes que em convenção antenupcial escolham o


regime patrimonial da separação de bens, que nessa mesma convenção,

- Convencionam ainda a Renúncia Recíproca à condição de Herdeiro


Legal – 1700º nº 1 alínea c);

- Esta renúncia pode ficar sujeita, ou não, à condição de lhes


sobreviverem herdeiros de determinadas classes, como por Ex:-
Descendentes ou Ascendentes. Artº 1707º - A, nº 1

- Contudo a renúncia não prejudica o Apanágio do cônjuge


sobrevivo – 2018º; nem o direito às prestações sociais por morte.
Redução das Liberalidades – 2168º

Mais ainda,

Refere o artigo 2168º nº 1 do C.C. que são inoficiosas as liberalidades inter


vivos ou mortis causa, que ofendam a legitima dos herdeiros legitimários.

- O Novo regime instituído no nº 2 do artº 2168º, procura evitar que as


liberalidades feitas por um dos cônjuges ao outro – que ultrapassem o
valor da quota disponível, e que por isso ofendam a legitima dos
descendentes, seja reduzida por inoficiosidade.

Para tanto o nº 2 do mesmo artigo ( aditado) manda calcular, a quota


legitimária virtual que pertenceria ao cônjuge que renunciou à condição
de herdeiro legitimário, e refere que aquelas liberalidades não serão
inoficiosas quando excederem a quota disponível, desde que o excesso
caiba dentro do valor da quota virtual que ao cônjuge caberia, caso tão
tivesse renunciado.

Razões da proibição dos Contratos sucessórios

A razão da proibição entronca nas seguintes razões:

1- Pretende-se que o Autor da Sucessão conserva até ao fim da vida a


liberdade de disposição por morte dos seus bens.
2- Pretende-se que só após a abertura da sucessão, o sucessível exerça
a sua faculdade de aceitar ou repudiar a herança ou dispor da
mesma – Por motivos éticos de respeito para com o Autor da
Sucessão.
3- Porque no interesse do próprio sucessível, só com a morte, se
estabiliza a designação sucessória e se define o objecto sucessório,
de modo a tornar possível ao sucessível decisões mais esclarecidas.

Sucessão testamentária

É aquela em que a transmissão hereditária dos bens da herança, opera


por acto de última vontade do autor da sucessão expresso em testamento
e no qual dispôs para depois da morte de todos os seus bens ou parte
deles.- 2179º

2- Quanto ao Objecto,

A vocação sucessória distingue-se na Espécies de Sucessores: 2030 nº 1 e


2, que podem ser:

- Herdeiros – O que sucede na totalidade ou numa quota do património


do falecido, ou que concorre a uma universalidade de bens em comunhão
– herança – Remanescente – 2030º nº 2

- Legatários – o que sucede num bem certo e determinado e ainda o


USUFRUTÁRIO

Interesse da distinção
A instituição de herdeiro e a nomeação de legatário traduzem-se em
regimes jurídicos diferentes, importando aqui estabelecer a sua distinção.
1º – Direito de exigir partilha – 2101 nº1 – só é reconhecido o direito de
exigir partilha ao herdeiro e não ao legatário. E artº 4º nº 1 alinea a) do
RJPI
2º – Responsabilidade do herdeiro pelos encargos da herança – 2068º e
2071º; a 1 Responsabilidade do Legatário pelos encargos da herança –
2276º, 2277º- o Legatário responde, ( dentro do valor do legado) pelos
encargos próprios do legado
3º- Direito de Acrescer – 2137º - 2143º ; e 2301 e 2302º
A lei reconhece o direito de acrescer aos herdeiros – 2301º nº 1 – Aos
legatários reconhece esse direito quando nomeados em relação ao
mesmo objecto – 2302º nº 1
4º- Para efeitos de abertura de Inventário – legitimidade
5º- Só aos herdeiros é reconhecido o direito de preferência na venda da
herança – 2130.

A MORTE
COMO PRESSUPOSTO DA VOCAÇÃO

A morte – é um facto jurídico – Natural e Físico – artº 68º C.C. que faz
cessar a personalidade jurídica das pessoas singulares .
A morte é um facto obrigatoriamente sujeito a registo – artº 2º e 192º do
Cód de reg Civil. E prova-se através da apresentação do
assento de óbito.
Além da morte física poderemos ter também a morte presumida, regulada
no artº 114 e 115º s.s. que tem lugar quando um pessoa está
ausente sem notícias durante um certo período de tempo –
Ver artºs 89º e s.s.

–- Que Produz EFEITOS JURIDICOS: Quais?

- Constitutivos – Abertura da sucessão e do fenómeno


Sucessório;
- Constitui relações jurídicas Novas ; Exemplo
de Exigir um capital por seguro de Vida.

Modificativos – Produz modificações subjectivas nas


relações juridicas do autor da sucessão.~

Extintivos – Faz extinguir a personalidade jurídica do


falecido, e Todas as relações jurídicas ( Patrimoniais de
Natureza Pessoal – Usufruto – 1443º e 1476º ; Uso e
Habitação 1485º ; Prestações Alimentares – 2013º nº 1 a), e
ainda,
os Direitos de Caracter Não Patrimonial – Direito de
Personalidade; Direito de impugnação da paternidade e da
maternidade

O Momento da Morte – 2031º

Relevância do momento da morte


A sucessão abre-se no momento da morte do seu Autor… 2031
- Aplicação da Lei no tempo –
- Fixa a vocação sucessória
- A ela ( morte) se reportam determinados efeitos:
-A retroactividade da Partilha à data da abertura da sucessão;
- Os efeitos da aceitação e do repúdio retroagem os seus efeitos ao
momento da abertura da sucessão. 2050 nº 2 e 2062º
- Para efeitos da colação o valor dos bens doados é o que eles
tiverem â data da abertura da sucessão 2109º nº 1
- O momento da morte tem ainda interesse para nos revelar a
proibição dos contactos sucessórios – 2028º
- Para efeitos do calculo da legitima deve atender-se ao valor dos
bens dos bens existentes no património do autor da sucessão, no
momento da abertura da sucessão- 2162º nº 1;

Relevância do Lugar da Abertura da Sucessão – 2031º

A sucessão abre-se …. No lugar do último domicilio dele.


Conceito de domicilio – artº 82º do C. Civil-
“ A pessoa tem domicilio no lugar da sua residência habitual…”

Importância prática da determinação do lugar da Abertura da Sucessão


- Prática de actos do cabeça de casa, perante as autoridades fiscais;
- Determinação da competência para a instauração e tramitação do
processo de inventário, para partilha da comunhão hereditária –
artº 3º nº 1 e 7 do RJPI
- Cumprimento dos legados em dinheiro – 2270º 2ª parte.

Resumo
Para que haja sucessão, é preciso:
- que ocorra a morte de alguém;
- Que existam relações jurídicas patrimoniais;
- Que opere o chamamento ( vocação sucessória)

A morte simultânea ou Comoriência


A Comoriência é um fenómeno jurídico que ocorre quando duas ou mais
pessoas morrem ao mesmo tempo e quando não é possível concluir qual
delas morreu primeiro, razão pela qual o direito trata como se elas
tivessem morrido no mesmo instante. 68º nº 2 C.C.

Falecendo tais pessoas ao mesmo tempo, não se verifica entre elas um


dos requisitos da capacidade sucessória, decorrente do nº 1 do artº 2032º
e 2033º, segundo o qual o sucessível deverá sobreviver ao de cuius, nem
que seja por breves instantes, para que possa haver vocação e devolução
sucessórias.
Não se verificará entre eles a transmissão da herança ou legado.

Exemplo
A faleceu num naufrágio juntamente com seu filho B.
A e B tem cada um, uma herança de 1500,00 €.
À sua morte, A deixou os seus pais C e D, e era casado com X, mãe de B.
Resolvendo.

a) Morte simultânea de A e B,
Os 1500,00 de A - 1/3 (500,00) irão para C e D (seus pais), e 2/3 ( 1000,00)
para o cônjuge X – artº 2142º nº 1 e 2157.

Os 1500,00 de B, irão integralmente para sua mãe X – 2142º nº 3 e 2135º


b) Ma se fizer a prova da Pré morte de B
Dos 1500,00 de A,
- 1/3 (500,00) vão para C e D e,
- 2/3 ( 1000,00 vão para x) 2142ºnº 1
Dos 1500,00 de B,
- ½ vai para X – 750,00, e
- ½ vai para A, -750,00 mas que por direito de transmissão vão para seus
pais C e D.

c) Se fizer a prova da Pré – morte de A


Dos 1500,00 de A,
- ½ vai para X – 750,00, e
- ½ vai para B, -750,00 mas que por sua morte vai integralmente para X.

Dos 1500,00 de B
- Irão integralmente para X.

Hierarquia das designações sucessórias

Para dirimir eventuais conflitos de interesses entre as várias espécies ou


títulos de vocação sucessória, o sistema jurídico estabelece critérios de
Hierarquização ou Prevalência entre as várias designações sucessórias.

O Princípio Geral consagrado no artigo 2032º é de que só se converte em


vocação sucessória, a designação sucessória que goza de prioridade na
hierarquia de sucessíveis.

Essa hierarquia das designações sucessórias, assenta em critérios de


estabilidade e previsibilidade das relações jurídicas em causa e prende-se
com as possibilidades de alteração da designação, para que se possa aferir
dentro de cada uma delas, qual a designação prevalente no momento da
morte do autor da sucessão. Temos assim,

1º - Sucessão legitimária - 2027º C.C. , 2131º à contrário, 2156º, 2157º,


inviolabilidade -2168º - ope lege - imperativa
- Para garantir esta inviolabilidade da legitima o ordenamento prevê -
2168º -a redução por inoficiosidade das liberalidades inter-vivos ou mortis
causa feitas polo de cuiús que ofendam a legitima subjectiva dos
legitimários.
- Por isso a sucessão legitimária prevalece sobre todas as outras
designações.
Dentro desta designação há também uma hierarquia estabelecida pelo
principio da preferência de classes e de grau de parentesco – 2157º ,
2134º e 2135º

2º- Sucessão Contractual – Irrevogabilidade das doações mortis causa,


depois da aceitação – 1701º nº 1 e 1705 nº 1 C.C.

Em segundo lugar da hierarquia estão os sucessíveis designados por


contrato, já que estes prevalecem sobre os testamentários, pelo facto de
os pactos sucessórios serem em princípios irrevogáveis após a sua
aceitação, e não possam ser revogados ou prejudicados por testamento,
mesmo que posterior. – 1701º nº 1, 1705, nº 1 C.C.

Mas a sucessão contratual, salvo nos casos de doações por morte,


instituídas em convenções antenupciais – é proibida no nosso
ordenamento jurídico e sancionada com a nulidade. 946º nº 1 – proibição
das doações por morte e nulidade – 2028º nº 2 do C.C.
- Para além das doações por morte, o ordenamento proíbe também os
contractos ou pactos sucessórios – 2028º C.C.

3º- Sucessão testamentária – 2179º C.C.

Testamento é o acto unilateral e revogável pelo qual uma pessoa dispõe


para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles- 2179º.
-É um negócio jurídico unilateral, em que a sua revogação depende da
vontade única do testador.
Os sucessíveis testamentários ocupam o terceiro lugar na hierarquia dos
designados sucessórios.
-Tem preferência e primazia sobre os herdeiros legítimos, pois que estes
apenas serão chamados à sucessão no caso de o autor da sucessão não ter
disposto valida e eficazmente dos bens de que podia dispor para depois da
morte – 2131º.
-Dentro desta designação, os legatários terão preferência sobre os
herdeiros testamentários, já que estes últimos são responsáveis pelo
cumprimento dos legados instituídos. 2068º, 2070º, 2265º.

4º- Sucessão legitima - 2131º C.C. (supletiva – que pode ser afastada por
vontade do A. Da Sucessão. )

Esta designação surge em último lugar e pode ser afastada por vontade de
de cuius, pois ela só ocorrerá no caso de o autor da sucessão não ter
disposto valida e eficazmente dos bens de que poderia dispor por
testamento ou contrato sucessório, ou no caso de invalidade dessas
disposições, ou ainda, no caso de o autor da sucessão ter disposto apenas
de parte da porção de bens de que podia dispor – 2131º e 2156º C.C.
- Dentro desta designação sucessória, o artigo 2133º estabelece também
a hierarquia das classe de sucessíveis legítimos

- Os sucessíveis legítimos, só serão chamados à sucessão se o autor da


herança não tiver afastado essa possibilidade.

Caso Prático
A viúvo, deixou dois filhos B e C, e aquando do casamento de B, em 1991,
outorgou em convenção antenupcial com os esposados, constituindo-os
beneficiários de uma doação mortis causa de 1/12 da sua herança.
Ño ano seguinte ( 1992) A fez testamento em que dispôs a favor de C, de
1/12 da sua herança.
A quota indisponível ( legitima) de B e C ( filhos de A, é de 2/3, logo a sua
quota disponível é de 1/3.
A morre.
Quanto à fonte, temos vários títulos de vocação sucessória, deferidos
deste modo:
Herança legitimária
Quota indisponível – que é de 2/3 : 2 = 2/6 + 2/6 = 1/3 (A) + 1/3 (B)
Quota disponível – 1/3
Sucessão contractual - 1/3(4) – 1/12 (A)= 3/12;
Sucessão testamentária - 3/12 – 1/12 (B) = 2/12=1/6.
Sucessão legitima - 1/6:2 = 1/12(A) – 1/12(B)
Resumo
B recebe
- Suc. Legitimária – 1/3
- Suc Contratual – 1/12
- Suc Legitima – 1/12
A recebe
- Suc Legitimária – 1/3
- Suc Testamentária – 1/12
- Suc Legitima – 1/12

- Vocação sucessória

– SEUS PRESSUPOSTOS
Como supra se referiu a Vocação sucessória Fixa-se, concretiza-se no
momento da morte do autor da sucessão, e,

Consiste no chamamento à sucessão no momento da morte do de cuius,


feito pela lei ou por força do negócio jurídico, dos titulares da designação
sucessória prevalente, desde que reúnam todos os pressupostos (art.º
2032) da vocação sucessória

Significa que a designação sucessória que se converteu em vocação


sucessória, vai determinar o chamamento à titularidade das relações
jurídicas dos sucessíveis designados, por qualquer um dos vários títulos ou
espécies de designação sucessória. 2032º nº 1 C.C.

Pressupostos da Vocação Sucessória - 2032


Mas diz-nos o Artigo 2032º que, aberta a sucessão são chamados …
aqueles que gozam de prioridade na hierarquia de sucessíveis… e desde
que tenham a necessária capacidade, ou seja, desde que sejam nascidos
ou concebidos à data da abertura da sucessão.

Esta definição leva-nos a concluir que há Pressupostos ou condições que


devem verificar-se cumulativa e simultaneamente, para que o sucessível
seja chamado a suceder, e que são:

1- Titularidade da designação sucessória prevalente ;

2- Existência prévia e sobrevivência; ( Já existir à data da morte do a. da


sucessão e sobreviver-lhe nem que seja por um instante.) 2033º

3- Capacidade Sucessória. (idoneidade aptidão para ser chamado à


sucessão ) 2032º, 2033º, 2038º e 2166º ; (Indisponibilidade Relativa –
2192º, 2194º, 2196º, 2197º e 2198º).

Titularidade da Designação Sucessória Prevalente

Nem todas as designações sucessórias se convertem em vocações, mas só


aquelas que gozem de prioridade na classe de sucessíveis.

- Segundo este pressuposto, será chamado à sucessão o sucessível


designado por Lei, ou pela vontade do Autor da Sucessão, que goze de
prioridade na hierarquia dos sucessíveis. 2157º, 2131º, e 2134º.

- A detecção desta prioridade faz-se caso a caso, perante os diferentes


modos como o autor da herança foi regulando mortis causa o futuro das
suas concretas relações jurídicas, tomando em conta as normas legais,
imperativas e supletivas aplicáveis, o que implica conhecimento da
hierarquia das designações sucessórias e do grau de consistência e eficácia
jurídica de cada um dos títulos de designação sucessória.

Exemplo de Chamamento a Vários títulos


A, viúvo, deixou dois filhos, B e C. Aquando do casamento de B em 1991, A
outorgou em convenção antenupcial com os esposados, constituindo-os
beneficiários de uma doação mortis causa, de 1/12 da sua herança.

No ano seguinte, (1992) A fez testamento em que dispôs a favor de C, de


1/12 da sua herança.

A morreu. Nesta sucessão e quanto à fonte, temos vários títulos ou


espécies de vocação sucessória, deferidas pelo seguinte modo:

Sucessão legitimária

- Legitima Subjectiva ou Quota indisponível; 2/3 – (2159º nº 2).

2/3 : 2 = 1/3 para A e 1/3 para B;

- Quota disponível – 1/3 – 2159º nº 2, 2156º.

Foram feitos dois chamamentos por conta desta quota:

Quota disponível – 1/3 – 2159º nº 2, 2156º.

Por conta da quota disponível temos duas designações ou vocações


sucessórias:

- Sucessão Contratual –1/12 para B;

Q.D – 1/3 – 1/12 = 3/12 ( remanescente Q.D)

- Sucessão Testamentária – 1/12 para C

Remanescente Q.D. 3/12 – 1/12 = 2/12 = 1/6 (remanescente)

- Sucessão legitima – (partilha do remanescente)

1/6 : 2 = 1/12 para B e 1/12 para C

Resumo: B recebe – Her. Legitimária – 1/3

- Her. Contratual – 1/12

- Her. Legitima – 1/12

C recebe - Her. Legitimária – 1/3


- Her. Tetamentária – 1/12

- Her. Legitima – 1/12

Existência do Chamado

Refere o artigo 2032º que são chamados à sucessão os sucessíveis que


gozam de prioridade e, desde que tenham a necessária capacidade,
- Por sua vez o artigo 2033º vem referir que, têm capacidade sucessória,
além do Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da
abertura da sucessão, não exceptuadas por lei.

Esta capacidade, pressupõe a existência prévia do sucessível à morte do


autor da sucessão e a sua idoneidade para ser chamado à sucessão.

Daqui decorre que no momento da abertura da sucessão, são chamados


apenas aqueles que tem existência jurídica e que a continuem a ter após
esse momento, nem que seja por uma breve instante, por forma a
eliminar hiatos de tempo na titularidade dos bens, na transmissão
hereditária do de cuis para o sucessível.

Nascituros e Concepturos
Existência jurídica não é necessariamente personalidade jurídica.
- Na sucessão legal são admitidos os nascituros já concebidos, desde que
tenham um nascimento completo e com vida – 66º nº 1 e 67º ;
- Na sucessão testamentaria ou contratual, é admitido o chamamento
dos nascituros não concebidos, desde que sejam filhos de pessoa
determinada e viva, ao tempo da abertura da sucessão, bem como as
pessoas colectivas e as sociedades – artigo 2033º nº 2 alínea a) C.C.
Embora a personalidade jurídica se adquira com o nascimento completo e
com vida – 66º nº 1 C.C. certo é que, para efeitos de capacidade
sucessória, os nascituros já concebidos na sucessão legal, e os nascituros
não concebidos ( na testamentária) gozam de capacidade sucessória.
É assim necessário que o sucessível exista juridicamente e que sobreviva
ao Autor da Sucessão, nem que seja por um instante.

Se não lhe sobreviver, pode ocorrer que:


-Na sucessão testamentária - se verifique a caducidade da disposição
testamentária – 2317º alínea a) C.C.
- Na sucessão legal – Se verifique a ineficácia do chamamento, sem
prejuízo do chamamento no âmbito da vocação sucessória Indirecta.

Capacidade Sucessória

Podemos definir a capacidade sucessória como a idoneidade para ser


chamado a suceder como herdeiro ou legatário de determinada pessoa

Regra Geral sobre Capacidade Sucessória

- A regra geral do artigo 2033º - é a de que todas as pessoas que tem


personalidade jurídica, gozam de capacidade sucessória.

- A incapacidade é excepção, i.e, só a não tem as pessoas de quem se


prove a sua incapacidade sucessória, por Indignidade – 2034º C.C. ou
Deserdação – 2166º C.C. .

Mas a Lei admite ainda a capacidade sucessória dos nascituros já


concebidos – 2033 nº 1, desde que tenham um nascimento completo e
com vida – 66º nº 2, e,

Na sucessão testamentária, os nascituros não concebidos (concepturos) ,


2033º nº 2, a) desde que sejam filhos de pessoa determinada e viva, ao
tempo da abertura da sucessão.

A regra geral sobre a capacidade sucessória será então que:

- Todas as pessoas nascidas ou concebidas à data da abertura da sucessão


gozam de capacidade sucessória, e só a não terão aqueles, que se prove a
sua incapacidade, por Indignidade – 2034º ou Deserdação – 2166º
Os Indignos ou Deserdados, serão então sucessíveis designados, que pelo
seu comportamento e atitude para com o autor da sucessão ou de acordo
com a sua vontade presumida, se tornaram indignas socialmente de lhe
suceder ( nas situações do artigo 2034º) ou porque, em atenção às
especiais relações existentes entre essas pessoas e o de cuiús - , a sua
liberdade de disposição testamentária está prejudicada –

(Ver Acórdão TRL – de 09-12-2003, Proc. 9860/2003-7, Relator Proença


Fouto)

Incapacidade por indignidade –

O Artigo 2034º determina a falta de Capacidade Sucessória em 4


situações:

1º- Sanciona o crime ( declarado em sentença) contra a vida do autor da


sucessão e dos seus familiares mais próximos, quer como autor ou
cúmplice.

2º- Sanciona de igual modo atentados contra a honra do autor da


sucessão e dos familiares, sancionando com incapacidade, o condenado
por crime de denuncia caluniosa ou falso testemunho relativamente a
crime a que corresponda pena de prisão superior a dois anos, qualquer
que seja a sua natureza.

3º- Tutela a liberdade de testar do autor da sucessão, cominando com a


incapacidade sucessória aquele que por meio de dolo ou coacção, induz o
a. sucessão a fazer, revogar ou modificar o testamento.

4º - protege o próprio testamento.

Mas para que o sucessível seja declarado indigno, duas coisas deverão
acontecer:

1º - Que o indigno venha a ser condenado por sentença penal transitada


em julgado, pelos crimes referidos nas alienas a) e b) do artigo 2034º
(mesmo depois do falecimento do Autor da sucessão) - 2035º
2º - Que o indigno veja a seja declarado como indigno, por sentença
judicial transitada, proferida no âmbito de uma acção cível intentada para
o efeito, no prazo de dois anos a contar da abertura da sucessão, – 2036º -
(Uma nova acção)

Efeitos da Indignidade

A incapacidade sucessório por motivo de indignidade torna inexistente a


eventual vocação sucessória do indigno -2032º nº 2
Esta inexistência da vocação sucessória repercute-se quer na sucessão
testamentária quer na sucessão contratual, onde fica afastado o direito de
representação.
- Na sucessão legal, (legitima ou legitimária) são chamados à sucessão e
em substituição do indigno os seus descendentes, em direito de
representação. – 2037 nº 2 e 2039º - que assim são chamados a ocupar a
posição daquele que não pode aceitar a herança.
O herdeiro declarado judicial como incapaz de suceder por indignidade,
pode ser reabilitado, readquirindo assim a sua capacidade sucessória, se:
O Autor da herança expressamente (por escrito) o reabilitar em
testamento ou escritura pública, 2038º nº 1 ou que,
Não o tendo feito expressamente, o tenha contemplado em testamento já
depois de ter conhecimento da causa da indignidade – 2038º nº 2. ( de
forma tácita)

Incapacidade por Deserdação


É um instituto especifico da Sucessão Legitimária. – 2166º
Consiste na privação da legitima subjectiva do herdeiro legitimário,
mediante declaração expressa em testamento, sempre que ocorra alguma
das seguintes situações.
1º- Ser o Sucessível condenado pela prática de crime doloso contra a
pessoa, os bens e a honra do autor da sucessão, seu cônjuge,
descendentes, ascendentes, adoptantes ou adoptados, por crime com
moldura penal superior a seis meses.
2º- Ser o sucessível condenado pela prática de crime por denúncia
caluniosa ou falso testemunho contra as mesmas pessoas.

3º- Ter recusado ao A. Sucessão alimentos, sem juta causa.

O Deserdado é equiparado ao indigno para todos os efeitos legais- 2166


nº 2º - Direito de Representação.

É de concluir, pois, que o instituto de indignidade se estende à sucessão


legitimária, sendo o apelante herdeiro legitimário de sua mulher – artigo
2132º, 2133º, nº 1, al. a), do C. Civil – e, tendo cometido crime de
homicídio voluntário na pessoa da sua mulher, carece de capacidade
sucessória para herdar bens da herança aberta daquela que ele mesmo,
dolosamente, perpetrou...

MODOS DE VOCAÇÃO SUCESSÓRIO


A vocação sucessório consiste no chamamento à sucessão, mas este
chamamento não se processa sempre de forma uniforme, e pode ocorrer
de diversas formas ou modos:

(Vocação originária) – 2032º nº 1 – Verifica-se quando o sucessível que


goza de prioridade é chamado “originariamente” à sucessão, porque
existe, tem capacidade sucessória e aceita a herança.
(Vocação subsequente) – Se os sucessíveis prioritários não quiserem ou
não poderem aceitar a herança, a lei chama posteriormente à abertura da
sucessão, os sucessíveis subsequentes – 2032º nº 2 e assim
sucessivamente, retroagindo sempre os efeitos da aceitação, à data da
abertura da sucessão. (parte final nº 2 do Artº 2032º )
A distinção resulta da análise do texto do nº 1 e do nº 2 do artigo 2032º

Vocação Pura – quando os sucessíveis são chamados a suceder, sem que


os efeitos dessa vocação estejam dependentes de qualquer facto futuro,
certo ( termo) ou incerto ( condição)
Vocação Condicional ou a termo – em que o chamamento à sucessão
pode ficar dependente da verificação de condição ou termo.- Ocorre nos
casos de sucessão e instituição de nascituros concebidos e não
concebidos. – 2033 nº 1 e 2032º nº 1 e 66º .
Ex. Enquanto se conservar no estado de solteiro…

Vocação Simples – em que o chamamento opera sem dependência de


quaisquer encargos especiais ou clausulas modais.
Vocação Modal – Em que o chamamento depende da sujeição ao
cumprimento de determinados encargos. Exº. instituição de herdeiro ou
legatário a quem impõe o encargo de pagar ou entregar……..

Vocação Directa – em que o chamamento se verifica na pessoa do


sucessível prioritário, e este, existe, tem capacidade e aceita a herança.

Vocação Indirecta – Em que o chamamento ocorre a favor de um


sucessível que é chamado a substituir o sucessível prioritário, porque este
não pode ou não quis aceitar a herança, sendo os direitos e deveres do
substituto definidos pela posição jurídica do substituído.

As diferentes causas de vocação indirecta, consistem:


1- O Direito de Representação ;( 2039º a 2045º e 2138º )
2- A substituição directa ou vulgar – 2281º a 2285º)
3- O direito de acrescer – 2137º nº 2 , 2143º, 2157º e 2301 a 2307º )
4 - Direito de transmissão ; ( 2058º nº 1 e 2 )

O Direito de representação – 2039º


Consiste no chamamento dos descendentes de um herdeiro ou legatário a
ocupar a posição daquele que não pode ou não quis aceitar a herança -
2039º.
- Não pode – ( Situações de pré-morte, ausência, incapacidade sucessória
–indignidade / deserdação).
- Não quis - ( Por motivos de Repudio da herança – 2062º)

O chamamento em Direito de representação defere-se ex lege e não por


vontade do Autor da Sucessão.
Na herança legitimária – é imperativa
Nas restantes formas de sucessão, pode ser afastada por vontade do autor
da herança – é supletiva

O Direito de representação - Tanto se dá na sucessão legal como na


sucessão testamentária

Representação na Sucessão Legal (Pressupostos) 2039º


1º Pressuposto- ( Não pode) Impossibilidade de aceitação da herança ou
legado, determinada por Pré-morte - Incapacidade Sucessória –
Indignidade / deserdação –– 89º;
Determinada por (falta de vontade) não quis. Repúdio (o sucessível não
quer assumir a herança – 2062º
2º- Pressuposto – que o sucessível tenha deixado descendentes que
tenham capacidade (de qualquer grau ) 2042º e 2135º

O Direito de Representação Verifica-se : - 2042º


Na Linha Recta – em beneficio dos descendentes do filho do autor da
sucessão – 2042 e 2039º

Na linha Colateral – 2042º - Em beneficio dos descendentes de irmão do


autor da herança. ( qualquer que seja , num caso e noutro o grau de
parentesco.

Representação na Sucessão testamentária - 2041º (Pressupostos)

1º- Que o herdeiro ou legatário designado, não possa aceitar a herança ou


legado – por motivo de pré-morte ( não há representação por
incapacidade – 2037º nº 2 ), ou
ou não queira – por motivo de Repúdio da herança ou legado
(impossibilidade)
2º- Que tenha deixado descendentes – 2039º e 2041º nº 1
3º- Que não exista outra causa de caducidade da vocação sucessória –
2041º - parte final,
Mas Quais serão as causas que determinam a caducidade da vocação
sucessória? : 2041º in fine.
1- A Indignidade sucessória do chamado por testamento ou convenção –
2037º nº 2 à contrario;
2- Que o de cuius não tenha disposto de forma a afastar o Dto de
Representação.
3- Que não tenha sido designado substituto ao herdeiro ou legatário no
caso de ele não poder ou não querer aveitar-2281º – Substituição Directa.
4- Que seja um caso de fideicomisso – 2286º - em que o fideicomissário
não possa ou não queira aceitar a herança . Neste caso fica sem efeito a
substituição, não havendo representação e passa a haver uma
transmissão plena para o fiduciário, desde a morte do testador – 2293º nº
2

O que é a substituição fideicomissária


O fideicomisso é, “ a disposição pela qual o testador impõe ao herdeiro
instituído o encargo de conservar a herança, para que ela reverta, por sua
morte, a favor de outrem”; o herdeiro agravado com o encargo chama-se
fiduciário, e fideicomissário o beneficiário da substituição.
Como decorre do art. 2286º CC, a substituição fideicomissária ou
fideicomisso gera duas vocações distintas: a do fiduciário e a do
fideicomissário.

A Partilha nos casos de Direito de Representação 2044º


Havendo representação cabe a cada estirpe aquilo em que sucederia o
ascendente respectivo

O Direito de transmissão – 2058º

O Direito de transmissão, sendo uma forma de vocação indirecta,


diferencia-se do direito de representação, pois segundo o artigo 2058º nº
1, verifica-se quando o sucessível chamado à herança falecer sem a haver
aceitado ou repudiado, transmitindo aos seus herdeiros o direito de a
aceitar ou repudiar.
«Enquanto no direito de representação há um só fenómeno sucessório, na
transmissão do direito de aceitar operam-se dois fenómenos sucessórios
(…) e, por outro lado, enquanto o direito de representação é
exclusivamente atribuído (na sucessão legal), aos descendentes dos filhos
ou dos irmãos do de cujus (artº 2042), o direito de aceitar ou repudiar
transmite-se genericamente aos herdeiros (legítimos ou testamentários)
do chamado que não chegou a exercer aquele direito (artº 2058º) –
(Acórdão TRG -.de 11-06-2015 – Relatora – Raquel Rego)

O Direito de Acrescer -
Define-se como o direito do Sucessível, chamado simultaneamente com
outros, de poder adquirir o objecto sucessória, que outro ou outros
sucessíveis, não puderam ou não quiseram aceitar, e sempre que se
verifiquem determinados pressupostos.
O preenchimento da quota vaga que o caracteriza, importa, realmente,
numa verdadeira substituição do herdeiro instituído ou do legatário
nomeado pelo sucessor titular daquele direito e, por conseguinte, na
transmissão de uma posição jurídica.

O Direito de Acrescer está regulado:


Na Sucessão Legal – 2137º nº 2, 2143º;
Na Sucessão Testamentária – 2301º a 2307º

Verificação dos Pressupostos necessários ao Direito de Acrescer


Pressupostos negativos: (4)
-Que não se verifique a substituição directa por vontade do A. da Sucessão
– 2281º (na legitimária tal não é possível)
-Que não haja lugar a Direito de Representação – 2138º
-Que não haja direito de transmissão -2058º e 2249º
- Que o legado não tenha natureza pessoal – 2041º, nº 2 c)
Pois que neste caso extingue-se.
Pressupostos positivos: (2)
1º- Que exista uma quota na herança ou um legado, vagos.
2º- Que exista uma pluralidade de co-herdeiros ou co-legatários
(chamamento simultâneo)
Há direito de Acrescer entre Legatários – 2302º , desde que tenham sido
nomeados em relação ao mesmo objecto.
Para tanto é necessário, que existam:
Dois ou mais legatários instituídos;
Que sejam iguais ou desiguais as quota dos legatários.
Contudo, a parte ou partes acrescidas são divididas pelos outros, com
respeito pela proporção instituída.
Exemplo:
A, B e C, foram instituídos legatários de um imóvel, na proporção de ½
para A, e ¼ para cada um de B e C.
B repudiou o legado e não deixou descendentes, nem existe causa de
caducidade da vocação sucessória de A.
Dá-se o direito de acrescer do quinhão de B, para A e para C, sendo que a
A pertencente ½ da fracção de B, ou seja:
¼: 3 = 1/12. – 1/12 x 2 = 2/12 = 1/6 ;
A pertence 1/6 a C pertencente 1/12.

Substituição Directa ou Vulgar - 2281º a 2285º


Sempre que não esteja em causa a reserva da herança legitimária, o nosso
sistema jurídico sucessório permite ao A. da Sucessão uma ampla
liberdade testamentária -2179º e 2156º.
Assim o legislador nos artigos 2281º nº 1 e 2285º nº 1 permite, na herança
testamentária, a chamada Substituição Directa ou Vulgar – que consiste
em o testador substituir o herdeiro ou legatário instituídos por outra
pessoa, no caso de estes não poderem ou não quererem aceitar a herança
ou o legado.

Efeitos: Tanto na herança testamentária como no legados os substitutos


sucedem nos direitos e obrigações em que sucederiam os substituídos,
2284º e 2285º
Herança jacente – Artº2046º e ss. CC

Sabemos que só será chamado à sucessão quem goze de vocação


sucessória, mas o chamado terá que aceitar essa herança, sob pena de
nunca vir a ser considerado como herdeiro.

Enquanto não houver resposta do sucessível a esse chamamento através


da aceitação da herança, ela diz-se Jacente – Está adormecida

- É a herança aberta mas ainda não aceite – 2050º e s.s.


- Nem declarada vaga a favor do Estado – enquanto último sucessível
legitimo da herança – 2155º

Nasce com a morte e abertura da sucessão


Finda com a aceitação da herança, ou, com a declaração judicial de
herança vaga a favor do Estado;
Durante este Período que pode ser mais ou menos longo, a herança
denomina-se de HERANÇA JACENTE.

Período de Jacência
- Nesse período de transição persiste uma indefinição sobre a sua
titularidade – perante os credores da herança;
- Por falta de titularidade e de administração, os bens da herança
correm riscos de destruição, desaparecimento ou apropriação – (perda de
garantia patrimonial)- a herança pode sofrer prejuízos – 2047º
- Mas os actos de administração praticados pelo sucessível, não
implicam nem importam a aceitação tácita da herança – 2056º nº 2 .

Regime especial de Administração


- Por isso a herança Jacente precisa de um regime especial de
administração ; 2047º;
- Que poderá ser exercido por qualquer sucessível chamado à
herança, – 2047º nº 1, ou sendo vários os sucessíveis por
qualquer um deles – 2047º nº 2)
- Destinado à prática de actos urgentes de administração ordinária
–- Se do retardamento das providências de administração resultar
prejuízos para os bens da herança,
- Com vista a conservar os bens da herança;
- Evitar prejuízos;
- Evitar a destruição ou apropriação dos bens da herança;
- Proteger os interesses dos herdeiros;
- Garantir o pagamento dos credores;
- Garantir o cumprimento dos legados
- Exercer tutela sobre os bens transitoriamente sem titular

Curador da herança Jacente


Não havendo quem legalmente administre os bens da herança, e
- Para evitar o prolongamento da incerteza sobre a herança;
- Porque se torna necessário evitar a perda, destruição ou
apropriação dos bens;
- A Requerimento do M.P. ou de qualquer interessado. (Herdeiros,
credores, legatários)
- O Tribunal nomeia um Curador à herança - – 89º a 97º do
C.C. 1021º CPC;
- Com funções equivalentes à curadoria provisória dos bens
do ausente 89º a 97º do C. C. e 1021º e s.s. do C.P.C.
- O Curador provisório Cessa funções – Logo que termine o
perigo de perda ou deterioração dos bens – 2048º nº 3;

Processo Cominatório de Aceitação ou Repúdio - 2049º e 1039º CPC


- Se o sucessível chamado à herança for conhecido, e não aceitar ou
repudiar a herança nos 15 dias seguintes.
- Para evitar o período de Pendência da herança e a sua
Instabilidade
- Pode o Tribunal a pedido do MP ou de qualquer interessado
(credor ou legatário) mandá-lo notificar para que no prazo que lhe
for fixado, declarar se aceita ou repudia a herança.
- Sub – rogação de credores – 2049 nº 3 e 2067º

Natureza Jurídica da Herança Jacente


- Como património autónomo, a herança não é uma pessoa jurídica,
e como tal não goza de personalidade jurídica;
- Mas goza de personalidade judiciária – 12º alínea a) CPC –consiste
na susceptibilidade de ser parte em juízo.

Aceitação da Herança
- Aquisição sucessória – consiste na integração das relações jurídicas
herdadas na esfera jurídica do sucessor. – 2050º e só opera por força da
aceitação da herança… aquisição do domínio e posse – 2050º nº 1

A vocação sucessória culmina com a atribuição ao chamado do direito de


aceitar ou repudiar a sucessão;
Enquanto não se verificar a aceitação da herança pelos sucessíveis
designados, a herança designa-se de Herança Jacente – 2046º - sem
titulares

Aceitação – consiste numa declaração de vontade de adesão ao


património hereditário e à personalidade e relações com o de cuius.
Resulta de uma postura intima de vontade, manifestada na declaração de
aceitação, que pode ser:

- Quanto ao modo:
- Expressa – 2056º nº 1 – quando em documento escrito o sucessível
chamado à herança declara aceitá-la ou assume o título de herdeiro, com a
intenção de a adquirir.
- Tácita – 217º nº 1 do C.C. – quando se deduz de factos que com toda a
probabilidade a revelam – 217º nº 1 do C.C.

- Quanto à espécie:
- Pura e Simples – 2052º - ( na aceitação pura e simples, o herdeiro aceita
sem mais a herança, independentemente de qualquer processo de inventario, o
que, se não o sujeita as incomodidades de um processo judicial, lhe impõe
todavia o ónus de provar que na herança não existem valores suficientes para
cumprimento dos encargos, embora também nesse caso a sua responsabilidade
não exceda o valor dos bens deixados. -2071º)
- A benefício de Inventário – (consiste na declaração de aceitação do
herdeiro em que este se reserva o direito de só receber o saldo liquido da
herança, depois de pagos os encargos desta. 2052º, 2053º, 2071º)

ACÓRDÃO TRIBUNAL RELAÇÃO DE LISBOA


Relator: FRANCISCO MAGUEIJO
Data do Acordão: 25-01-2007
Sumário: I - A aceitação da herança a beneficio de inventário significa antes de mais
que os herdeiros aceitam a herança com os efeitos previstos na lei, respondendo pelos
encargos da herança, entre eles as dívidas do «de cujos», na medida do valor dos bens
herdados, só respondendo pela satisfação dos encargos os bens inventariados, isto é,
os relacionados no inventário, cabendo aos credores o ónus de demonstrar a
existência de outros bens pertencentes à herança.
III – A limitação da responsabilização dos herdeiros por encargos para além do valor
dos bens herdados, só poderá ser efectuada em sede de inventário ou de processo
executivo (por via de oposição à penhora, com a justificação de que os bens
penhorados não integram o acervo da herança, nos termos do art.º 827, do CPC);
nunca por meio de acção que visa unicamente declarar a existência de um direito de
crédito de alegado credor da herança.

A aceitação beneficiária da herança significa que “o herdeiro obtém, além da


inventariação dos bens da herança e da liquidação e partilha, uma separação, face aos
credores da herança, dos bens desta relativamente aos seu património pessoal”
( Araújo Dias, Cristina, Lições de Direito das Sucessões, 3º edição, 2014, Almedina, pág.
141).
Significa também que os herdeiros aceitam a herança com os efeitos previstos na lei,
respondendo pelos encargos da herança, entre eles as dívidas do «de cujos», na
medida do valor dos bens herdados, só respondendo pela satisfação dos encargos os
bens inventariados, isto é, os relacionados no inventário, cabendo aos credores o ónus
de demonstrar a existência de outros bens pertencentes à herança.
Segundo Capelo de Sousa, in Lições de Direito das Sucessões, Vol II, pág 18, a aceitação
a beneficio de inventário consiste na declaração de aceitação da herança por parte do
herdeiro, em que este se reserva o direito de só receber o saldo liquido da herança,
depois de pagos os encargos desta, o que, segundo o nº 2 do artº 2053º do C. C. se faz,
requerendo inventário nos termos previstos em lei especial, ou intervindo em
inventário pendente.
Através deste processo de inventário, o herdeiro, além de uma inventariação dos bens
da herança e de uma eventual liquidação e partilha da herança, obtém ainda uma
separação do seu património pessoal relativamente aos bens da herança, face aos
credores da herança, dado que o nº 1 do artº 2071 determina que nessa espécie de
aceitação, só respondem pelos encargos da herança os bens inventariados, salvo se o
credor provar a existência de outros bens.

Efeitos Jurídicos da Aceitação – 2050º nº 1


1º- Aquisição do domínio e posse dos Bens da Herança, sem dependência
da sua apreensão material.
2º- Principio da Retroactividade – 2050º nº 2 - A aceitação retrotrai-se ao
momento da abertura da sucessão - Elimina qualquer hiato de tempo
entre o momento da aceitação e o da abertura da sucessão.

Caracteres da Aceitação
A aceitação consiste num:
- Acto Jurídico unilateral – Não receptício - que gera efeitos
jurídicos apenas pela manifestação da vontade de uma pessoa só.
- Acto Jurídico Individual e Pessoal.
- Acto Jurídico Livre. (2052º nº 2) – Têm-se por não escritas as clausulas
testamentárias que directa ou indirectamente imponham uma ou outra espécie
de aceitação.
- Acto Jurídico irrevogável – 2061º
- Sem condição e sem termo – 2064º
- Principio da Indivisibilidade da aceitação – A herança não pode ser
aceite só em parte – 2054º - salvo se ignorava a existência do
testamento – 2055º )

A regra da indivisibilidade da aceitação da herança só é


excepcionada por ulterior conhecimento de um testamento ou,
tratando-se de herdeiro legitimário, quanto à quota disponível que
lhe é atribuída por testamento; - 2055º nº 1 e 2 ,

Assim,

Se alguém é chamado à herança por testamento e por lei, pode


aceitá-la ou repudia-la pelo testamento, não obstante a ter
repudiado ou aceitado por lei, se ao tempo da aceitação,
desconhecia a existência do testamento.- 2055 nº 1

Também o herdeiro legitimário que seja chamado à herança


testamentária, pode aceitá-la quanto à legitima e repudia-la quanto
à quota disponível - 2055º nº 2

Prazo de Caducidade do Direito de aceitar a Herança. – 2059º


Se o sucessível chamado à herança não a aceitar no prazo de 10 anos, a
contar do conhecimento de ter sido chamado, deixa caducar o seu direito
de aceitação, i.e,

Extingue-se a vocação sucessória original, isto porque, durante aqueles


anos o sucessível não aceitou nem repudiou a herança, e por efeito dessa
extinção, é considerado como não chamado à herança, sendo chamados
subsequentemente e com efeitos retroactivo os sucessíveis com
designação sucessória imediatamente prevalente.

Direito de Transmissão
Transmissão do Direito de Aceitar ou Repudiar a herança - 2058º
Se o sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado ou
repudiado transmite-se aos seus herdeiros o direito de a aceitar ou
repudiar.
Aqui há um segundo chamamento a favor dos herdeiros do chamado.
Só tem lugar depois de aberta a sucessão, pois resulta da pós-morte do
sucessível ao autor da sucessão.
Enquanto que no Direito de Representação existe apenas um fenómeno
sucessório, no Direito de Representação existem dois fenómenos
sucessórios.

Repúdio da Herança – 2062º


É um acto jurídico não receptício, pelo qual o sucessível chamado a
sucessão, responde negativamente ao chamamento sucessório.

Principio da Retroactividade – O Repúdio retrotrai os seus efeitos à data


da abertura da sucessão. – 2062º

Efeitos Jurídicos do Repúdio


O Sucessível que repudia a herança ou o legado, considera-se como não
chamado à sucessão, SALVO, para efeitos de Direito de representação.
2062º e 2249º

Diz o nº 2 do artigo 2032º que neste caso serão chamados os sucessíveis


subsequentes.

Dto de Representação
Isto é, se o repudiante tiver descendentes, este serão chamados pela lei à
sucessão, em vocação sucessória subsequente e indirecta.

Na sucessão Legal – em favor dos descendentes do chamado.


Na Sucessão testamentária – se o autor da sucessão não tiver
disposto em substituição directa – 2281º nº 1

Dto de Acrescer
Se não tiver descendentes, a sua parte acresce à parte dos outros
sucessíveis da mesma classe que com ele concorram à sucessão. 2137º
Forma do Repúdio-
É sempre um acto formal ( documento particular), pois no mínimo exige a
forma escrita.
O Repúdio está sujeito à forma exigida para a alienação da herança –
2063º e 2126º e 875º
- Imóveis
- Escritura pública;
- Documento Particular com Termo de Autenticação;
- Móveis –
- Documento particular.

Regime Especial
Sucessível casado.
- Se o sucessível chamado for casado, o repudio exige o consentimento do
cônjuge – 1683º nº 2 – sob pena de anulabilidade – 1687º, salvo se entre
eles vigorar o regime de separação de bens.
Sucessível Incapaz.
- O Repúdio de herança ou legado deferido a menor ou incapaz, depende
de autorização Judicial. 1889º nº 1, j), - da competência do Ministério
Público - Dec. Lei nº 272/2001 de 13 de Outubro,

Caracteres do Repúdio
São os mesmos da aceitação da herança, ou sej:
- É um negócio Jurídico Unilateral;
- Não receptício.
- Incondicional – 2064º
- Não sujeito a termo – 2064º
- Indivisível – 2055º
- Irrevogável

Acção Sub-rogatória
Sub-rogação pelos credores do Repudiante – 2057º C.C. e 1041º C.P.C.
Por efeito do Repúdio os credores do repudiante não ficam inibidos de se
fazerem pagar pelos bens da herança – 2067 – 2049 nº 3.
Os credores podem aceitar a herança em nome do repudiante, no prazo
de 6 meses – a contar do conhecimento do repúdio – mas uma vez pagos
os credores, o remanescente da herança, caso exista, apenas aproveita
aos herdeiros imediatos.

AQUISIÇÃO DA HERANÇA

Com a aceitação da sucessão a herança tem-se por adquirida.


Mas pode haver necessidade de o herdeiro, ter que demonstrar a sua
QUALIDADE SUCESSÓRIA, como herdeiro ou como legatário, para poder
para fazer valer os seus direitos.
Terá que recorrer para o efeito, à denominada Habilitação de herdeiros
ou legatários.
A lei faculta aos herdeiros e legatários certos meios para se habilitarem
como sucessores.
Desde logo, através da habilitação Judicial.
- A habilitação judicial dos sucessores da parte falecida na pendência da
causa – 351º do CPC – Incidente de habilitação de herdeiros.

Habilitação
Artigo 351.º (art.º 371.º CPC 1961)
Quando tem lugar a habilitação - Quem a pode promover
1 - A habilitação dos sucessores da parte falecida na pendência da causa, para com eles
prosseguirem os termos da demanda, pode ser promovida tanto por qualquer das partes que
sobreviverem como por qualquer dos sucessores e deve ser promovida contra as partes
sobrevivas e contra os sucessores do falecido que não forem requerentes.
2 - Se, em consequência das diligências para citação do réu, resultar certificado o falecimento
deste, pode requerer-se a habilitação dos seus sucessores, em conformidade com o que neste
capítulo se dispõe, ainda que o óbito seja anterior à proposição da ação.
3 - Se o autor falecer depois de ter conferido mandato para a proposição da ação e antes de
esta ter sido instaurada, pode promover-se a habilitação dos seus sucessores quando se
verifique algum dos casos excecionais em que o mandato é suscetível de ser exercido depois
da morte do constituinte.
Ou, através da habilitação extrajudicial, que pode revestir uma das
seguintes formas:
- A habilitação de herdeiros feita em Processo de Inventário; - Artigo 24º
nº 5 do RJPI.
- A habilitação Notarial – artº 82º e s.s. do C. do Notariado (declarações
tomadas a 3 pessoas dignas de crédito, ou declarações prestadas pelo
Cabeça de Casal.
- A habilitação promovida através do Procedimento Simplificado de
Sucessão Hereditária – 210º - A a 210º- R do Código de Registo Civil –
Balcão das Heranças – (declarações prestadas pelo Cabeça de Casal).
- Certificado Sucessório Europeu, criado pelo Regulamento da EU nº
650/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 4/7/2012.

PETIÇÃO DA HERANÇA (Não partilhada)

Esta acção judicial pressupõe que os bens da herança ou alguns deles


estão a ser possuídos por terceiros (a titulo de herdeiro ou outro titulo ou
mesmo sem qualquer titulo)

Em que consiste? Consiste na faculdade reconhecida ao herdeiro (único


ou co-herdeiro) de pedir judicialmente:
1º- O reconhecimento da sua qualidade sucessória –
2º- A consequente restituição de todos os bens da herança ou parte deles,
em favor da herança (reivindicação) – (1311 nº 1 – Defesa da
Propriedade):
a) Contra terceiro que possua os bens como herdeiro
b) Contra terceiro que os possua por outro titulo – Posse -1251º ou
c) Contra terceiro que os possua sem titulo (mero detentor ou
possuidor precário) simples detenção – 1253º
- Só é admitida na herança ainda Não Partilha;
- Não se confunde com a habilitação de herdeiros, nem
- Nem se confunde com a aceitação tácita da herança –

Contudo,
- Incorpora em si mesma uma habilitação judicial de herdeiros; e,
- Pode traduzir-se num aceitação expressa da herança

Visa sobretudo:
- Obter uma condenação de Restituição;
- De uma Universalidade de Bens ou de alguns Bens pertencentes à
universalidade
- É diferente da acção de reivindicação do artº 1311º, pois que esta requer
o reconhecimento da sua qualidade de herdeiro.

- AMBITO SUBJECTIVO DA ACÇÃO


Trata-se de uma acção declarativa em que a causa de pedir é a sucessão
Mortis Causa e o pedido é o reconhecimento da qualidade sucessória e a
restituição dos bens.

- Legitimidade Activa-
Autores –
- O herdeiro único – 2075º
- Sendo vários herdeiros – 2075º - qualquer um deles – 2078º nº 1
pode pedir separadamente a totalidade dos bens em poder do
demandado, sem que este posa opor-lhe que tais bens lhe não pertencem
por inteiro.

Prova :
- O Autor (co-herdeiro) terá que alegar e provar que a herança é
proprietária dos bens cuja restituição se requer; e,
- Terá ainda que provar por documento, a sua qualidade sucessória;
Restituição dos bens:
-Os bens restituídos não passam a ser administrados pelo herdeiro
peticionante;
antes,
- Passam a ser integrados na massa da herança – 2079º e s.s. e sujeitos ao
regime geral da administração da herança.
- Este instrumento processual da petição de herança não prejudica a
possibilidade de o cabeça de casal poder pedir a entrega dos bens que
deva administrar, nos termos do artigo 2088.

Legitimidade passiva:
Réus
Podem ser demandados:
- Os possuidores - 2075º nº 1
- Os adquirentes de bens da herança ao herdeiro aparente – 2076º
nº 1 – a titulo gratuito ou oneroso
-Os legatários, quando a entrega do legado tenha sido feita pelo
herdeiro aparente – 2077º

Condições de Procedência da Acção:


- Contudo a acção não procede contra terceiro que haja adquirido
do herdeiro aparente – 2076º nº 3
- Por titulo oneroso,
- De boa fé;
- De bens determinados ou de direitos sobre eles.

Forma e prazo para a acção de petição da herança

Forma - A acção tem lugar em processo Comum declarativo – 552º e


s.s. do C.P.C.
Prazo: 2075º nº 2
A acção pode ser intentada a todo o tempo,
Sem prejuízo das excepções:
- Das regras da usucapião – 1287º - 1317º alínea c) – relativamente
a cada uma das coisas possuídas.
- Do prazo de caducidade – 2059º - do direito de aceitação da
herança

Ver – Usucapião
– Prescrição aquisitiva – Imóveis – 1294 a 1297º e Móveis – 1298º a 1300º
- O decurso do prazo para usucapião, impede o exercício da acção de
petição da herança – pois que os possuidores adquirem o direito a cujo
exercício corresponde a sua actuação – 1287º - que é o direito de
propriedade sobre a coisa possuída.
- Com prejuízo dos direitos do anterior proprietário;\
- Adquire com efeitos retroativos ao início da posse – 1317º alínea c)

Caducidade do direito de aceitação da herança


- Nos termos do artº 2059º o direito de aceitar a herança caduca ao fim de
10 anos – a contar do conhecimento.
- Não sendo a herança aceite dentro desse prazo já não poderá ser
intentada a acção de petição da herança- terá CADUCADO o direito de
aceitação da herança.

Reivindicação do Legado – 2279º


Sendo o legado a instituição de um bem certo e determinado pelo autor
da herança em favor do legatário, este só pode reivindicá-lo

- Contra terceiros possuidores,


- Depois da aceitação do legado e,
- Depois de lhe ter sido entregue o legado pelo herdeiro

- O Legatário é considerado:
- como proprietário e possuidor pleno e absoluto – 2249; 2250º,
1317 b) e 1255º
- Daí que o legatário pode lançar mão da acção de reivindicação –
do de propriedade – 2279º, ou
- Defender por Acção directa – 1314º e 336º nº 1 a 3 do C. Civil – a
coisa de que é proprietário.
- Face aos herdeiros (de quem recebeu o bem)
- Face a terceiro

Jurisprudência:
ATRP – processo 0556195 de 02-10-2006 – Relator Marques Pereira;
ATRP – Processo 0726231 de 27-11-2007 – Relator Vieira e Cunha
ATRL – Processo 4452/2008-6 de 05-03-2009 – Relator – Manuel
Gonçalves
ATRP – proc. 802/05.1 TBLMG. P1 – 15-12-2010 – Maria Catarina.

Exº-
Aquando da abertura da sucessão, ocorre a imediata transferência de
bens do herdeiro, mediante a aceitação.
No entanto existe a possibilidade de a herança cair em mãos de quem não
detém a qualidade de herdeiro.

- O Filho soube pela mãe que tem um Pai rico.


O Pai tinha morrido há 2 anos e como não tinha mulher nem outros filhos
os bens foram parar a um sobrinho (herdeiro aparente).
O filho legitimo entra com uma petição da herança para tomar posse dos
bens.
Se o primo sabia da sua existência e não lhe entregou os bens, actuou com
má fé objectiva, e se delapidou todo o património vai ter que indemnizar o
herdeiro.
O terceiro de boa fé, que tenha adquirido a titulo oneroso do herdeiro
aparente, não precisa devolver.
O verdadeiro sucessor foi preterido,
- Porque não era conhecido;
- Porque não se encontrou testamento ou este veio a ser anulado;
- Porque se trata de filho não reconhecido.

ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA

Aberta a herança os bens que a integram passam a estar sujeitos a


Administração Legal que tem em vista:
- A conservação dos bens;
- A sua frutificação;
- A prática de actos de natureza pública – âmbito Fiscal e Inventário
- Prática de demais actos de administração ordinária
- Giro comercial;
- Rendas;
- Pagamento de impostos;
- Colheita de frutos.
-Satisfação de interesses dos credores;
- Cumprimento e entrega de legados.
- Cobrança de dívidas – em caso de a cobrança poder perigar com a
demora.
- Venda de bens – casos especiais do artigo 2090º
- Pedir a entrega de bens dos herdeiros ou de terceiro – 2088º

Antes da aceitação
O artigo 2047º prevê já que qualquer chamado à herança possa
providenciar acerca da administração dos bens da herança – jacente.-
O artigo 2048º prevê mesmo que quando se torne necessário para evitar a
perda ou deterioração de bens – a nomeação de um curador pelo
Tribunal- caso de herança abandonada pelo Cabeça de Casal.

Depois da aceitação – 2079º


Esta administração pertence ao cabeça de casal até que seja liquidada e
partilha entre os diversos herdeiros e se não for exercida os demais
herdeiros poderão poder a sua remoção por falta de prudência e zelo, na
administração da herança.

Cabeçalato (Exercício das funções de Cabeça de Casal)


- O Cabeçalato não depende de Aceitação da herança;
- Esta administração não se confunde com a herança jacente;

Início e termo do Cabeçalato.


- O Cabeçalato inicia-se com a abertura da herança e cessa com a
realização da partilha, ou com o transito em julgado da decisão
homologatória e partilha ou ainda,
Com a integral liquidação da herança, nos casos em que:
- Haja apenas um único herdeiro;
- Em que os bens tenham sido partilhados antes de se ter procedido
à integral liquidação dos bens da herança;

Duração do Cabeçalato:
- A administração da herança abrange todo o período em que existe um
património autónomo hereditário – (inicia-se com a abertura da sucessão
e finda com a partilha da herança )

Bens sujeitos à administração do Cabeça de Casal - 2087º nº1


- Os bens próprios do falecido ( bens da herança ) e sendo este casado em
regime de comunhão, os bens comuns do casal.

Órgãos de Administração da Herança


- O Cabeça de casal
- O Testamenteiro;
- Todos os Herdeiros;

1 – O cabeça de Casal
- Sua Designação
a)- Ex Lege – 2080º
b)- Pelo Tribunal – 2083º
c) – Por Acordo – 2084º

a) - O Cargo de Cabeça de Casal, defere-se ex-lege – 2080º nº 1 - a certas


categorias de pessoas ( que não tem de ser necessariamente herdeiros)
- Independentemente da aceitação do cargo.
- A generalidade dos actos de administração cabe ao cabeça de casal –
2079º. 2087 a 2090º,
- Sua Instituição Legal – 2080º
1º - Cônjuge sobrevivo
2º- Testamenteiro; 2326º alínea c)
3º- Parentes que sejam herdeiros legais: 2080º, c)
- Preferindo os mais próximos em grau e,
- Em caso de igualdade de grau, os que viviam comum o
falecido há pelo menos um ano à data da morte. 2080º nº 2
- Em igualdade de circunstâncias o mais velho. 2080º nº 3
4º- Herdeiros testamentários – 2080º, d)

-Incapaz –
Nos termos do artº 2080º a instituição legal do cabeça de casal
permanece mesmo que o cabeça de casal seja um Incapaz - exercendo
neste caso o cabeçalato o seu representante legal.

Herança toda distribuída em legados 2081º


- Se o património hereditário tiver sido todo distribuído em legados,
servirá de cabeça de casal, em substituição dos herdeiros, o legatário mais
beneficiado.
- Mas caso exista cônjuge sobrevivo ou testamenteiro, serão estes os
indigitados legais.

Pedido de Escusa do cargo- 2085º


O Cabeça de casal pode pedir escusa a todo o tempo, com fundamento
nas causas das alíneas a) a d) do artº 2085º.
- Se tiver mais de setenta anos de idade.
- Se estiver impossibilitado por doença, de exercer convenientemente as
funções;
- Se o exercício das funções for incompatível com o desempenho de cargo
público que exerça.

Pedido de Remoção do Cargo – 2086º


Atenta a especial importâncias da função do Cabeça de Casal, o artº 2086º
permite que,
- Por falta de zelo e competência;
- Em caso de violação dos deveres, ou,
- Inabilidade para o exercício do cargo, que
- Qualquer interessado (credores, legatários, herdeiros) ou o Mº. Pº
possam pedir a remoção do cargo do Cabeça de casal.

b) -Designação pelo Tribunal - 2083º


Os institutos da Escusa e Remoção, podem originar que se esgotem
as categorias referidas no artº 2080º.
Neste caso prevês o artº 20803, que o Cabeça de Casal venha a ser
designado pelo Tribunal, oficiosamente ou a requerimento de qualquer
interessado.

c) - Designação por Acordo 2084º


Não imperatividade das regras de indigitação do Cabeça de casal.

2- Todos os Herdeiros – 2091º


- A lei reserva a prática de certos actos de disposição ao exercício conjunto
de todos os herdeiros
- Que inclui a actos de :
- Frutificação anormal;
- Melhoramento do Património;
- Disposição de bens; (alienação ou oneração)
- Pagamento de dívidas;
- Exigir créditos da herança.

3- O Testamenteiro – 2320 2326º


- Aquele pessoa que o testador nomeou para que se encarregue de vigiar
o cumprimento do seu testamento e de o executar. 2320º
- Cabe ao testamenteiro exercer as funções de cabeça de casal, se o
testador não especificar as atribuições – 2080 nº 1, b) e 2326º , alínea c)
-Porém, mesmo que tal não aconteça, este só exercerá as funções de
cabeça de casal, caso o cônjuge sobrevivo não exista.
- O testador pode conferir ao testamenteiro as atribuições que entender,
dentro dos limites da Lei,
Se nada referir - 2326º - Compete-lhe:
-Cuidar do funeral do testador e pagar as despesas e sufrágios;
- Vigiar a execução das disposições testamentárias;
- Exercer as funções de cabeça de casal;
- Neste caso, poderá também cumprir com os legados e encargos da
herança.

Funções do Cabeça de Casal


- Administração dos bens da herança.
- A conservação dos bens;
- A sua frutificação;
- A prática de actos de natureza pública – âmbito Fiscal e Inventário
- Prática de demais actos de administração ordinária
- Giro comercial;
- Rendas;
- Pagamento de impostos;
- Colheita de frutos.
-Satisfação de interesses dos credores;
- Cumprimento e entrega de legados.

- Quais os bens sujeitos à administração – 2087º


- Dos bens do falecido;
- Dos bens comuns do casal.

Poderes do Cabeça de Casal


- Par efectivar essa função, diz o artº 2088 que:
- O cabeça de casal pode pedir aos herdeiros ou a terceiro, a
entrega dos bens que deva administrar e, que estes tenham em seu
poder, e
- Usar contra eles de acções possessórias, a fim de ser mantido na
posse das coisas sujeitas à sua gestão ou a ela restituído.
- Que pode abranger-
- A prevenção na posse;
- A manutenção da posse;
- A restituição da posse, ou mesmo,
- Defender a posse por acção directa.

Estão excluídos da administração


- Os bens doados em vida – 2087º nº 2 – mesmo que sujeita a
colação
- A administração deste bens pertence ao donatário.

ALIENAÇÃO DA HERANÇA – Artigo 2124º

Generalidades
Pela aceitação, o herdeiro adquire a herança ou o quinhão hereditário, i.e,
- Adquire uma quota ideal sobre toda a universalidade dos bens (direitos e
obrigações) que compõem a herança.
- Contudo, não passa a ser proprietário de nenhum dos bens da herança
em particular.
- Mas é proprietário de um direito patrimonial sobre a herança, que
corresponde ao seu quinhão hereditário, o qual,
- Por força do principio da livre disposição dos bens, que é reconhecido ao
proprietário – 1305º, permite ao herdeiro alienar esse seu direito
patrimonial.

- Contudo,
- A Alienação só é permitida após a abertura da sucessão, sob pena de
ingressarmos num negócio jurídico nulo – alienação de herança ainda não
aberta – 2028º do C.C. e,
- Por isso a alienação da herança só é permitida e possível depois de o
herdeiro haver aceitado a herança à qual foi chamado.

Qual o objecto da alienação – 2125º


- A massa patrimonial da herança ou seja, todas as relações jurídicas
patrimoniais, activas e passivas – 2024º, 2025º, 2068º e 2097º acrescida
de todos os benefícios resultantes da caducidade de legados, encargos ou
fideicomissos. – 2125ºl nº 1

Bens excluídos do Objecto


- Ficam porém excluídos do objecto, a parte da herança devolvida ao
herdeiro alienante, em consequência de fideicomisso ou de direito de
acrescer. 2125º nº 2 e os bens pessoais do falecido, nomeadamente, os
diplomas, a correspondência, recordações de família de diminuto valor
económico.

Forma ou Modos de alienação 2126º

- É o negócio jurídico causante que determina o regime de alienação;


- Compra e venda – 874º e 875º
- Dação em pagamento – 837º
- Troca 939º
- Doação – 940º

- Herança c/ Imóveis. - 2126º nº 1


A alienação deverá ser efectuada por escritura pública ou documento
particular com termo de autenticação.

- Herança sem imóveis.


- Simples documento particular, com assinaturas.
Efeitos da alienação
- Transferência para o adquirente do objecto do negócio jurídico, o qual
integra em si mesmo:
- O direito sobre a universalidade de bens;
- Direito sobre cada uma das coisas da herança;
- Direito de Gestão ou administração – que se consuma no exercício
plural de todos os herdeiros, 2091º;
- Direito à percepção de rendimentos – 2092º
- Direito de exigir partilha e de composição da sua quota ideal –
2101º

-Sucessão nos encargos – 2128º


- Transmite-se para o cessionário a responsabilidade pelo
cumprimento dos encargos da herança, proporcionalmente ao seu
direito.
- Sem prejuízo da responsabilidade solidária do alienante por tais
encargos, face aos credores da herança, ficando porém, com o
direito de regresso sobre o adquirente – 2128º

Direito de Preferência em caso de alienação -2130º


(Ver artigos 1409º, 1410º e 416º do C.C.)

- Em caso de venda ou dação em pagamento a estranhos;


- É reconhecido aos co-herdeiros o direito de preferência, sendo-lhe
aplicável o regime do direito de preferência reconhecido aos
comproprietários, - artºs – 2130º, 1409º, 1410º e 416º todos do C.C.

Razões subjacentes ao direito de preferência –


O interesse público da Lei em pretender reunir nas mãos do menor
número de herdeiros a titularidade dos diversos quinhões em que a
sucessão fraccionou a unidade da herança, passa pelo propósito do
legislador em evitar, quanto possível, a dispersão dos bens que
constituem a herança, impedindo que o património hereditário vá parar a
outras pessoas que não os herdeiros.
LIQUIDAÇÂO DA HERANÇA e ENCARGOS – 2068º

Sabemos que o aspecto unificador da herança como património


autónomo, assenta no facto de que ela e só ela, responde pelos encargos
que a oneram.
Por esse motivo, a Lei:
- Tipifica os encargos da herança,
- estabelece uma ordem de prioridade no cumprimento entre eles,
- concretiza o património autónomo;
- Estabelece as entidades responsáveis pela sua liquidação;
- estabeleça os modo de liquidação dos encargos.
- estabelece uma ordem preferência entre os credores da herança e
os credores pessoais do herdeiro.

Assim,
I- O artigo 2068º, Tipifica os Encargos da Herança – (são estes e não
outros), enumerando-os:
1- Despesas de Funeral e sufrágios do autor da sucessão; ( os actos
piedosos que se realizam em favor dos defuntos: por exemplo,
celebrar uma Missa, orações, preces. )
2- Encargos com a testamentaria, administração e liquidação do
património hereditário – Despesas – c/ transportes, emolumentos
de actos jurídicos, honorários , retribuição ao testamenteiro etc.) ;
3- As Dívidas do falecido; ( garantidas, com hipoteca ou penhor ou
sem garantia )
4- Cumprimento dos legados – 2265º, 2270º, 2070º nº 2

II- o artigo 2068º também estabelece uma Ordem ou prioridade no seu


cumprimento – que o artigo 2070º nº 2, manda respeitar aquando do
cumprimento dos legados – “ Os encargos são satisfeitos pela ordem por que vem
indicados no artigo 2068º.”

III- Também concretiza o Património Autónomo, como sendo aquele


património que responde e só ele responde pela satisfação dos encargos
da herança antes da partilha - artigo 2068º , 2097º, 2069º, 2125º - -
(Herança + sub-rogados -2069º + beneficio - 2125º)

IV- Estabelece os Modos de Liquidação dos Encargos

1º- Antes da Partilha – HERANÇA INDIVISA –2068º - “A herança


responde … “
Através da alienação dos bens da herança + sub rogados ( 2068 +
2069) + 2097º

2º- Depois da Partilha – (Responsabilidade conjunta de cada


herdeiro)- 2098º + 2071º
“Efectuada a partilha cada herdeiro só responde pelos encargos em
proporção da quota que lhe tenha cabido na herança”

- Cada herdeiro responde pelos encargos da herança até ao


valor da sua quota parte na herança; 2098º e 2071º,

- Mas os herdeiros no acto de partilha, podem deliberar por


acordo, que os encargos sejam satisfeitos: ( 2098º nº 2 e 3)
- À custa de dinheiro existente na herança;
- À custa de outros bens separados para o efeito;
- Que fique a cargo de algum ou alguns herdeiros;
- A deliberação dos herdeiros:
- Vincula os credores
- Vincula os legatários
- Desde que sejam integralmente pagos – 2098º nº 3.
- Não sendo integralmente pagos, os credores podem atacar
os restantes bens, contra os restantes herdeiros;

V- Estabelece como Responsáveis pelo Cumprimento dos Encargos da


Herança
1º- A herança – 2068º + 2069º + 2097º
2º O Herdeiro – Após a partilha – 2098º
3º- O usufrutuário – 2072º
4º- Os legatários – 2277º e 2278º
Estabelece uma ordem de preferência:
Entre Credores: – 2070º
- Da Herança e
- Do herdeiro.
Prazo de Preferência – 5 anos após a abertura da sucessão.
– depois sem preferência
- Os credores da herança e os legatários, gozam de
preferência sobre os credores pessoais do herdeiro;
- Os credores da herança preferem aos legatários;

Resumo Tipos de Encargos:

1º - Despesas de Funeral + Sufrágios do seu Autor;


-Despesas:
- Despesas com conservação; Preparação e Transporte e Cremação
do cadáver;
- Ritos Funerários; enterramento; Trasladação ( De acordo com as
condições do finado e usos das terra – privilégio mobiliário geral -737º nº
1 a)
- Sufrágios:
- Integra as Missas, ofícios Religiosos; preces; Esmolas; Obras de
Caridade;

2º- Encargos com a testamentaria/ Administração e Liquidação da


Herança;
- Despesas Inerentes à administração e liquidação da herança;
- Transportes;
- Emolumentos de actos jurídicos
- Honorários;
- Remuneração do testamenteiro – se lhe for atribuída – 2333º

3º- Dívidas do falecido;


- Sem garantia – Respondem todos os bens da herança;
- Com garantia
– Hipoteca
- Penhor
- Respondem os bens prestados em garantia

4º - Cumprimento dos legados – 2265º, 2270º, 2070º nº 2


- Os legados são pagos depois de todos os outros encargos;
- Se os bens da herança não chegarem para pagar os legados, são
pagos rateadamente – 2278º

PARTILHA DA HERANÇA

Sendo a herança como um património colectivo e autónomo, o meio para


fazer cessar essa situação de indivisão, é a partilha

Impõe-se por isso a análise do direito à partilha, das suas modalidades,


das operações que a integram e dos seus efeitos:

- DIREITO DE EXIGIR PARTILHA: 2101º

- A partilha, salvo convenção em contrário, pode ser exigível em qualquer


momento.

- É um direito imprescritível. (... quando lhe aprouver… )

- Exercível em qualquer momento – ainda nº 1

- Exigível por qualquer co-herdeiro ou cônjuge meeiro – nº 1

- Direito Irrenunciável ( depois de iniciado o pedido não se pode


desistir.) - o que mostra a vontade do legislador em forçar a realização da
partilha, por entender que a indivisão da massa patrimonial da herança
radica numa fonte de conflitos.

(VD- Acórdão TR Coimbra - 03-11-2015 - FALCÃO DE MAGALHÃES)


IV- Em processo de inventário não é admissível a desistência do pedido
(art.º 289º, nº 1, 290º, nº 3 do nCPC; 2061º e 2101º, nº 2, do C. Civil).

Acordo para Indivisibilidade por Certo Prazo

O nº 2 do artigo 2101º, permite porém a estipulação de um acordo entre


todos os herdeiros, com vista à conservação do património indiviso por
um período de 5 anos, que poderá ser prorrogado por uma ou mais vezes.

Quem pode exigir partilha

- O Co – herdeiro
- O Cônjuge Meeiro;
- O Cessionário
- O legatário de usufruto de parte da herança;
- O cônjuge do herdeiro casado sob o regime da comunhão geral.

FOMAS DE REALIZAR A PARTILHA.

- PARTILHA REALIZADAS NAS CONSERVATÓRIAS; ( Chamado Balcão das


Heranças)

- Mediante o procedimento simplificado de sucessão hereditária,


previstos nos artigos 210º-A a 210º-R do Código de Registo Civil,
regulamentado pela Portaria 1594/2007 de 17 de Dezembro, com as
alterações introduzidas pelo Dec. Lei nº 247-b/2008 de 30 de Dezembro –

Só o cabeça de casal tem legitimidade para promover o procedimento –


210º B do CRCivil

- PARTILHA REALIZADA POR VIA NOTARIAL

– Escritura Pública – 80º nº 1 e 2 alínea l) do C. do Notariaido

- PARTILHA OPERADA EM PROCESSO DE INVENTÁRIO


- Nos termos do artigo 2102º nº 1 e 2 , 2053º do C. Civil e Lei i 23/2013 de
05 de Março, que criou o Processo Especial de Inventário e Portaria
278/2013 de 26 de Agosto, alterada e republicada pela Portaria 46/2015
de 23 de Fevereiro.

- DOCUMENTO PARTICULAR COM TERMO DE AUTENTICAÇÃO

- Documento particular com termo de autenticação - artigo 150º do


Código do Notariado – Dec. Lei nº 116/2008 de 04 de Julho

- OPERAÇÕES DE PARTILHA

A partilha consiste num acto jurídico que envolve normalmente diversas


e complexas operações materiais, jurídicas e aritméticas.

- que se podem dividir entre :


- Operações preparatórias da partilha,;
Tais como,
- A determinação, a descrição e avaliação dos bens hereditários,
reportados à data da morte do de cuis;
- A liquidação dos encargos da herança.

- Operações de partilha ( propriamente ditas)


- O calculo do valor da herança partilhável;
- A separação de eventuais meações
- Títulos de vocação sucessória e havendo herdeiros legitimários,
calculo das quotas legitima e disponível
- A determinação jurídica das quotas hereditárias dos herdeiros
(calculo do quinhão hereditário de cada um dos herdeiros )
- O preenchimento em concreto dos quinhões hereditários dos
partilhantes com bens da herança (através das atribuições
preferenciais – 2103º-A a 2103º-C, adjudicações por mútuo
consentimento, pagamento de tornas);
- A aplicação de determinados institutos jurídico-sucessórios, tais
como:,
- Instituto da Conferência das Liberalidades
- A descendentes ( Sujeito ou não a colação)
- A Estranhos
- Instituto da Colação – 2104º a 2118º
- Instituto da Imputação – 2108º a 2114º
- Instituto da inoficiosidade e da Redução da liberalidades 2168º -

EFEITOS E NATUREZA DA PARTILHA


Feita a partilha cada um dos herdeiros é considerado, desde a data da
abertura da sucessão, como o sucessor único dos bens que lhe foram
atribuídos – 2119º.
Existem duas teses:
- A partilha tem a natureza declarativa – dado que através dela apenas
são declarados direitos dos herdeiros sobre os bens, direitos esses que já
lhe cabiam desde a abertura da sucessão.
- Natureza constitutiva - Para outros autores a retroactividade referida no
artigo 2119º, apenas visa assegurar a continuidade das relações jurídicas
do de cuiús, evitando hiatos de tempo na titularidade das relações
jurídicas, e por isso dizem que a partilha tem efeitos constitutivos de
direitos, que lhe não pertenciam antes .

- Outro efeito da partilha é a entrega de documentos, a que refere o artigo


2110º .
SUCESSÃO LEGITIMA

Fundamento da sucessão legitima


A doutrina assenta o fundamento da sucessão legitima na vontade
presumida do autor da sucessão, ou seja, nas diversas classes de
sucessíveis referidas no artigo 2133º, e o chamamento de acordo com
essa hierarquia, traduzia o eventual vontade do autor em dispor dos seus
bens por testamento, caso tivesse querido dispor dos seus bens - o que
traduz uma espécie de sucessão testamentária tácita.

- Ordem da sucessão legitima – 2132º e 2133º

- Princípios gerais da sucessão legitima – artigos 2134º a 2136º


- Principio da preferência de classes- 2134º
- O principio da preferência de graus de parentesco dentro de cada
classe – 2135º
- O principio da sucessão por cabeça – 2136º
- A sucessão do cônjuge e dos descendentes e adoptados plenos
– 2139º nº 1 – 2140º

DA SUCESSÃO LEGITIMÁRIA

Noção, natureza jurídica e autonomia da legitima – 2156º


Noção: Legitima é a porção de bens de que o testador não pode dispor
por estar legalmente destinado aos seus herdeiros legitimários; 2156º
Ao falarmos de legitima, podemos falar em legitima objectiva ou quota
indisponível.
Mas também podemos falar em legitima para referirmos a porção de bens
que pertence a cada herdeiro legitimário, e aí podemos falar de legitima
subjectiva ou quinhão hereditário.

Sobre a natureza jurídica da legitima, existem duas concepções;


- A primeira que diz que a legitima consiste no direito que o herdeiro tem
a uma porção dos bens da herança, e outra;
- que diz que consiste no direito do herdeiro sobre o valor dos bens da
herança.
O artigo 2156º define a legitima como a porção de bens.

Autonomia - As regras da sucessão legitimária são imperativas, não podem


ser afastadas por vontade do autor da herança, sob pena de inoficiosidade
– que conduz à redução das liberalidades.2168º e 2169º

- Na herança legitimária há regras especificas para ao calculo da legitima e


determinação da legitima subjectiva de cada herdeiro.

Calculo do valor da herança legitimária)

Calculo da legitima – 2162º


Para o calculo da legitima deve atender-se ao valor dos bens existentes no
património do autor da herança à data da sua morte ( Relictum) ao valor
dos bens doados e às despesas (– donatum – doações e despesas), sujeitas
à colação e às dívidas da herança – 2162º nº 1
Quanto às doações devem ser consideradas todas as que tiverem sido
efectuadas pelo autor da sucessão, quer a descendentes, quer a terceiros,
estejam ou não sujeitas à colação, sendo que o seu valor será
determinado nos termos do artigo 2109º.

Distinção entre conferência e colação


Nota: Doações não significa disposições testamentárias, mas o que resulta
de um contrato de doação

Quanto às despesas, e de acordo com o artº 2110º nº 1 não serão de


incluir no calculo da legitima, as despesas com o casamento, alimentos,
estabelecimento colocação dos descendentes,, na medida em que se
harmonizem com os usos e com a condição social e económica do
falecido.

Qual a ordem das operações de partilha:


1º- Apurar o valor (avaliação) dos bens existentes no património da
sucessão à data da morte; ???
2º- Proceder ao abatimento do valor das dívidas
3º- à Relictum somam-se os valores dos bens doados e despesas sujeitas à
colação

O INSTITUTO DA COLAÇÃO 2104º e s.s.


Diz-se colação, a operação jurídica que consiste na restituição, que para
efeitos de igualação da partilha, os descendentes que pretendam entrar
na sucessão do ascendente, devem fazer à massa da herança, dos bens ou
valores que lhe foram doados por este – 2104º. Nº 1

Assim, A colação consiste numa operação da partilha,


- define-se como uma restituição de certos bens doados à massa da
herança.
- por parte dos descendentes que pretendam entrar na sucessão,
enquanto herdeiros legitimários, e que,
- Que à data da doação eram presuntivos herdeiros legitimários do
doador:
- Que não tenham sido dispensados de conferir os bens doados;
- restituição essa com o objectivo de igualação de todos os herdeiros
na partilha. 2104º

- Visa a igualação entre todos os herdeiros legitimários,


- assente numa presunção legal do legislador (2108º.) segundo o
qual o Autor da sucessão pretende tratar todos os herdeiros de igual
modo.

Mas o Autor da sucessão pode afastar a aplicação deste instituto


numa doação que faça em vida, dispensando aquele descendentes da
colação, beneficiando-o em detrimento dos demais.

É assim um instituto supletivo, já que pode ser afastado por vontade


do autor da herança.
Os bens restituídos à massa patrimonial da herança, serão todos
aqueles que foram doados em vida do autor da herança.
Quem tem obrigação de conferir ( colação)
- A obrigação de conferir recai sobre o donatário se vier a suceder ao
doador, ou sobre os seus representantes e desde que não estejam
dispensados de conferir -2106 e 2113º

Pressupostos para sujeição da doação à colação


A doação só estará sujeita à colação se estiverem preenchidos
determinados Pressupostos, a saber:
a) que haja doações ou despesas gratuitamente feitas pelo A. Da
Sucessão a favor de descendentes, que eram seus presuntivos
herdeiros legitimários no momento da doação.
b) Que essas liberalidades não estejam dispensadas da colação pelo
A. da Sucessão.
c) Que os descendentes beneficiários das doações venham a
concorrer à herança do doador, juntamente com outros herdeiros

Não há lugar à colação:


- Em caso de repúdio da herança por parte do descendente/
donatário que não deixe descendentes; ( neste caso o valor do bem
doado é imputado na quota indisponível) 2114º nº 2
- Nas doações feitas a favor do cônjuge do presuntivo herdeiro
legitimário -2107º.
- No caso de doador haver dispensado o donatário da colação. 2113º
nº 1 e 2114º nº 1

Meia conferência dos bens doados- 2117º


Se a doação de bens a um presuntivo herdeiro legitimário tiver sido
efetuada por ambos os cônjuges, só será conferida metade, por
morte de cada um dos doadores.

Registo do Ónus real da colação – 2118º


Para garantia da sujeição à colação do bem doado e de uma eventual
redução, o artigo 2118º determina que, a eventual redução da
doação sujeita à colação constitui um ónus real , e como tal não pode
fazer-se o registo da doação do imóvel sujeito a colação sem que
seja efectuado simultaneamente e (oficiosamente) o registo do ónus
da colação.

Dispensa da colação ( Supletivo)


A colação pode ser dispensada pelo doador, no acto de doação ou
posteriormente 2113º nº 1 e presume-se sempre feita nas doações
manuais e remuneratórias – 2113 º nº 3.
Quando a doação é dispensada da colação, o seu valor é imputado
na quota disponível do autor da sucessão. 2114º nº 1

Regimes da colação:
- O regime da colação omisso ou supletivo- 2108º
Em que o doador ao efectuar a doação, nada refere quanto ao
benefício que pretende atribuir ao seu descendente.

O regime da colação Absoluta;


Em que o doador, manifesta a sua vontade de não avantajar o
donatário, no acto da doação. ( Refere que doa por conta da legitima
materna ou paterna) ;
O Regime da dispensa de colação:
Em que o doador, dispensa o donatário de restituir à massa da
herança o bem doado, imputando essa doação na sua quota
disponível.

Como se caracterizam:
1- Regime omisso supletivo da colação – 2108º (O doador nada
refere no acto de doação sobre a vontade de avantajar)
O regime da colação está previsto no artº 2108º e tem como
fundamento a vontade presumida do autor da herança, i.e, presume-
se que quando um ascendente faz uma doação em vida a um
descendente não o pretende beneficiar em relação aos demais
descendentes, mas tão só adiantar-lhe a sua quota hereditária, ou
seja, aquilo que iria receber após a abertura da sua herança em
preenchimento do seu quinhão hereditário.

Este descendente, poderá vir a ser chamado enquanto herdeiro


legitimário, e aquela doação será entendida como uma adiantamento
ao preenchimento da sua legitima subjectiva (legitimária).
Assim, o valor do bem doado será imputado na legitima subjectiva do
herdeiro legitimário, mas se a exceder, o excesso será imputado na
quota disponível do autor da sucessão.
Mas como o autor da herança não quer mais a um descendente que
aos outros, então pretende que, caso haja remanescente, os restante
descendentes seja igualados com o valor do excesso imputado na
quota disponível; Senão for possível que esteja pelo menos
estabelecida a menor diferença possível. Se mesmo assim não for
possível, por não existir remanescente, não serão reduzidas as
doações – 2108º nº 2

2- Regime da colação absoluta ( Doação por conta da legitima


subjectiva
Tal significa que o donatário está obrigado a conferir todo o valor do
bem doado, para permitir uma igualação total entre os herdeiros.
Neste regime tudo o que exceder a legitima subjectiva do donatário,
terá que ser restituído, para efeitos de igualação.
Caso haja excesso da legitima subjectiva, terá que ser restituído.

3- Doação com dispensa da colação (ou por conta da quota


disponível)
Mas como supletivo que é a doação pode ser afastado do instituto da
colação, caso o autor da sucessão assim o declare mediante a
dispensa da colação.
Aqui o Autor da Sucessão pretende beneficiar um descendente em
detrimento dos outros, e pode beneficiá-lo até ao limite da sua quota
disponível.

A imputação de liberalidades / Redução de liberalidades inoficiosas.

Instituto da IMPUTAÇÃO
É uma das operações da partilha, que se distingue da colação e que
se destina a distribuir as liberalidades pelas diferentes quotas da
herança – quota disponível ou quota indisponível - com o objectivo
de aferir se o Autor da Herança dispôs ou não de mais do que aquilo
que poderia dispor
Traduz-se na distribuição de todas as liberalidades do autor da
sucessão por todas as quota da herança, legitima e quota disponível,
tomando em conta desde logo os bens do autor da sucessão e as
liberalidades por este efectuadas em vida, doações, legados e demais
liberalidades
Destina-se também a verificar concretamente aquilo que o herdeiro
legitimário irá receber da herança.
Existindo uma doação sujeita a colação, ela vai ser imputada na
legitima subjectiva do descendente, e este, poderá, ou nada receber
a titulo de herança legitimária ( porque já recebeu) ou receber uma
parte daquilo que lhe falta receber.
É com a imputação que se vai verificar aquilo a que cada herdeiro
tem direito.

Outras Liberalidades além das doações

Mas para além das doações sujeitas a colação, há outras liberalidades


feitas pelo autor da sucessão, que são imputadas na legítima
subjectiva, que são os legados por conta da legitima ou em
substituição da legitima.

Legados por conta da legitima / em substituição da legitima

Apenas são possíveis com a aceitação do herdeiro legitimário –


2163º

Como se distinguem:
Na 1ª. ( legado por conta da legitima) O Autor da herança pretende
que um determinado bem vá parar a determinado herdeiro
legitimário. Contudo, o Autor da Herança, não pretende beneficiar
aquela descendeste, o que pretende é preencher a legitima
subjetiva com aquele bem certo e determinado e por isso o legado
por conta da legitima não implica a renúncia à legitima subjectiva e à
sua imputação, é feita na legitima subjectiva do legatário enquanto
herdeiro legitimário.
Aqui o legatário não terá que renunciar ao legado para aceitar a
herança, nem renunciar à herança para aceitar o legado.
Recebendo o herdeiro menos do que devia ( através do legado) tem
direito a receber a diferença.
Se recebeu mais do que devia, vai ter que repor o excesso.

O legado em substituição da Legitima – 2165º


Qual a diferença com o 1º
Neste o Autor da herança, pretende que o herdeiro legitimário fique
com aquele bem certo e determinado, ainda que aquele legado
venha a beneficiá-lo em relação aos demais herdeiros legitimários.
Se o herdeiro legitimário aceitar o legado, renuncia à legitima
subjectiva, i.é, se o legado for inferior ao valor da sua quota ideal na
herança, não poderá reclamar essa diferença, mas fica com o legado
mesmo de valor superior, sendo o excesso imputado na quota
disponível.
De acordo com o nº 4 do Arttº 2165º o legado é imputado na legitima
subjectiva do legatário herdeiro, e se o exceder é imputada a
diferença na quota disponível.
Estes são as liberalidades que são imputadas na quota legitimária,
ficando todavia sujeitas à redução por inoficiosidade.

Redução por inoficiosidade – 2168 a 2178º

É o instituto por excelência defende a legitima subjectiva dos


herdeiros legitimários, ao proteger a quota legitimária,
A redução é antecedida pela Imputação e depois desta, pode chegar-
se á conclusão que o autor da herança dispôs de mais do que podia –
inoficiosidade da liberalidade - o que dá lugar à sua redução.

Ordem de redução – 2171 a 2173º


Em 1º lugar as disposições testamentárias e dentro destas as
disposições a titulo de herança;
Em 2º lugar os legados.
Em 3º e último lugar as doações em vida,
Dentro destas há uma ordem – 2173º: Começa a reduzir-se a doação
feita em último lugar e vai-se seguindo as demais a redução nas
posteriores.
Quando efectuadas na mesma data, a redução é feita
proporcionalmente – 2171º
Assim, haverá IMPUTAÇÃO NA LEGITIMA
Até ao limite da Legitima Subjectiva do beneficiário:

- Do valor das doações sujeitas e trazidas à colação;


- Do valor da doação sujeita à colação, mas em que o donatário,
sem ter descendentes que o representem REPUDIA à herança ( Não
trazendo a doação à colação)
- Do valor do legado em substituição da legitima.

Haverá IMPUTAÇÃO NA QUOTA DISPONÍVEL


- Do valor das doações dispensadas da colação.
- Do valor das doações sujeitas à colação que excedam a legitima
subjectiva do donatário e não redutível por inoficiosidade
- Do valor do legado em substituição da legitima, que exceda a
legitima subjectiva do legatário.
- As liberalidades feitas pelo de cuius a TERCEIROS, não herdeiros
legitimários;

São REDUTÍVEIS, por inoficiosidade,


- A requerimento dos herdeiros legitimários, em tanto quanto for
necessário para o preenchimento da sua legitima. – 2169º;
Bvn
ORDEM DE REDUÇÂO: 2171 a 2173º
EXª
Valor da Quota disponível – 5.000,00 €
Legado a A, no valor de 6.000,00 €
Legado a B, no valor de 2.000,00 €
Total dos legados ..... 8.000,00 €

Valor do excesso sujeito a redução – 3.000,00 €


Redução rateada: para A e B.
A- Redução
8.000,00 ............6.000,00
3.000,00 ............ x
x= 2.250,00 €
B- Redução
8.000,00 ........... 2.000,00
3.000,00 ........... y
y = 750 €
PARTILHA EM VIDA

ARTIGO 2029º
(Partilha em vida)

1. Não é havido por sucessório o contrato pelo qual alguém faz doação entre
vivos, com ou sem reserva de usufruto, de todos os seus bens ou parte deles a
algum ou alguns dos presumidos herdeiros legitimários, com o consentimento
dos outros, e os donatários pagam ou se obrigam a pagar a estes o valor das
partes que proporcionalmente lhes tocariam nos bens doados.

2. Se sobrevier ou se tornar conhecido outro presumido herdeiro legitimário,


pode este exigir que lhe seja composta em dinheiro a parte correspondente.

3. As tornas em dinheiro, quando não sejam logo efectuados os pagamentos,


estão sujeitas a actualização nos termos gerais.
(Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)

Mas em que consiste então a Partilha em Vida.

- Traduz-se numa Operação Jurídica complexa mas unitária, que consiste::

1- Numa pluralidade de doações em vida,


Doação inter vivos

– Trata-se de uma transmissão de bens gratuita em favor dos


presumíveis herdeiros legitimários do doador ou doadores.

- Distingue-se das doações em geral, reguladas no artº 940º, pois que


a doação é feita a titulo de adiantamento da legitima dos presuntivos
herdeiros legitimários e não a titulo de liberalidade;

- A doação que incorpora têm como donatários exclusivos, algum


ou alguns dos presumíeis herdeiros legitimários doador,

- A sua validade jurídica depende do consentimento e intervenção


dos outros presuntivos herdeiros legitimários, e

- Incorpora pois em si mesma uma autentica conferência do valor


dos bens doados, em que intervém doadores, donatários e demais presuntivos
herdeiros legitimários

- Existe uma vontade concreta e não presumida do doador, em


efectuar a conferência do valor dos bens doados( diferente da colação)

- Este instituto não integra o conceito de puras doações em vida, nem


o conceito de puras doações por morte.

- Não há lugar à partilha ordinária da herança, mas sim à partilha ou


conferência dos bens presentes ( ainda em vida dos doadores), mas
segundo critérios sucessórios.

- No pagamento, ou na constituição da obrigação de pagamento


futuro e sujeito a actualização nos termos do nº 3 do artº 2029º e 551º C. Civil)
do valor das partes que proporcionalmente lhe tocariam nos bens doados.
- O cônjuge sobrevivo do doador ( porque é presumível herdeiros
legitimários do doador) é contemplado com o pagamento do quinhão,
correspondente à sua legitima.

2- Doação com o encargo modal de partilha , i.e, exige que a partilha


dos bens doados seja feita no próprio acto da doação, (conferência antecipada
de bens para efeitos de igualação entre os herdeiros legitimários )

3- Num acto jurídico complexo e unitário , i.e , que é constituído por


uma união de actos ficcionalmente distintos, mas funcionalmente conexos.
- Doação, que obrigatoriamente só pode ser efectuada a alguns ou
alguns herdeiros legitimários
– Aceitação
– Conferência
– constituição do direito a créditos por tornas
- Pagamento ou constituição da obrigação ao seu pagamento,
- consentimento de todos )

4- Com ou sem reserva de usufruto;

5 - Doação a algum ou alguns dos presumidos herdeiros legitimários. (

Mas segundo Pereira Coelho Em vista do propósitos do pai doador –


que é o de evitar questões de partilha – parece que deve ser permitido ao pai
fazer a partilha dos bens doados entre todos os seus presumíveis herdeiros
legitimários ( ainda que o artº 2029º literalmente só contemple a hipótese de a
doação ser feita a algum ou alguns.)

6- Com a intervenção dos doadores e o consentimento de todos os


presumidos herdeiros legitimários ( incluindo o cônjuge que irá sobreviver
ao outro cônjuge).
7 - Em que os donatários paguem ou se obriguem a pagar (com
obrigação de juros) aos demais herdeiros legitimários, o valor das partes que
proporcionalmente lhes tocariam nos bens doados.

8- Exige que a partilha dos bens doados seja feita no próprio acto da
doação,

9- Se se vier a revelar, futuramente, a existência de outros herdeiros


legitimários, terão estes a faculdade de exigir a sua parte , mas apenas em
dinheiro (artº 2029º nº 2), mas,

10- A “partilha em vida” não está sujeita a colação, pois que na medida
em que a igualização dos herdeiros, que é o fundamento desta, fica
assegurada com a intervenção de todos os herdeiros legitimários.

11- Se a doação e partilha for parcial, o herdeiro sobrevindo pode


pretender a composição do seu quinhão com bens da herança, e

Nesse caso, após a abertura da herança, pode pedir a conferência dos


bens doados para efeitos de colação e eventual redução por inoficiosidade.

Problema delicado de saber:


Superveniência de herdeiros legitimários

O que fazer à partilha em vida, no caso de sobrevir ou se tornar conhecido


outro herdeiros legitimário ?

Como exemplo:
Quando após a partilha, os pais doadores têm mais um filho.
Quando um presumido herdeiros legitimário, ignorado ou dado como
presumidamente morto, surge ou regressa.
Quando um dos doadores volta a casar.
Vantagens e desvantagens
- Partilha em Vida e Doação e Partilha – são diferentes.
- 940º - doação.
- Os doadores receiam pela harmonia familiar, por motivo de partilhas, após a
sua morte,
- para evitar querelas e desarmonia familiar,
- Tem receio pelo destino dos bens.
- Temem o fraccionamento de unidades de produção (como quintas fábricas)
- Desvalorização resultante do fraccionamento.
- Tem conhecimento das potencialidades especificas de cada um dos herdeiros
legitimários, para valorizar cada um dos seus bens. (conhecem os mais aptos.)

- Apoiados no consenso familiar – temor reverencial.


- Determinam eles próprios os bens que irão compor a legitima de cada um dos
herdeiros,
- Com o consentimento de cada um deles.
- Promovendo assim a igualação entre todos, incluindo o cônjuge
presumivelmente sobrevivo, mediante o direito a um crédito por tornas.

Minuta para ESCRITURA DE


DOAÇÃO E PARTILHA EM VIDA

Compareceram a outorgar os senhores: PRIMEIROS: AURORA…….., Cf,


de 70 anos de idade e marido …………..DE SÁ, CF …, de 75 anos de
idade, casados sob o regime da comunhão geral, naturais da freguesia de ,
Paredes onde residem no lugar de Vila Nova, B.I. nºs Porto.
SEGUNDA: ARMINDA, CF …. casada sob o regime da comunhão de
adquiridos com o nono outorgante , Porto.
TERCEIRA: ROSÁRIO, CF, casada sob o regime da comunhão de
adquiridos com António……………, natural da freguesia de Paredes Porto.
QUARTA: MARIA, CF 183 235 622, casada sob o regime da comunhão
de adquiridos com o nono outorgante José, natural da freguesia de Porto.
QUINTO: ANTÓNIO, , solteiro, maior, natural da freguesia de, Paredes,
onde reside no, Porto;
SEXTO: MANUEL, CF, casado sob o regime da separação de bens com
Maria Paredes e residente no lugar, Paredes, BI Porto;
SÉTIMO: AGOSTINHO, CF, casado sob o regime da comunhão de
adquiridos com a nona outorgante …., natural da freguesia de Paredes
onde reside no lugar de Porto;
OITAVA: MARIA JOSÉ, CF casada sob o regime da comunhão de
adquiridos com o nono outorgante …………….., natural da freguesia de
Paredes onde reside no; BI, Porto.
NONOS: ( todos os cônjuges para efeitos de consentimento)
………………… …………………………………………………………

E pelos primeiros outorgantes foi dito: - Que, nos termos e para os


efeitos do disposto no Artigo 2029º do Código Civil e reservando para si o
usufruto simultâneo e sucessivo por inteiro até à morte do último num dos
imóveis, doam a seus filhos, as primeira a oitava outorgantes,
…………….., por conta das respectivas legitimas e em comum e partes
iguais, a propriedade plena dos imóveis descritos sob as verbas um a quatro
e a nua – propriedade do imóvel descrito sob a verba cinco do documento
complementar elaborado nos termos do Artigo sessenta e quatro do Código
do Notariado, que me foi presente e que arquivo, aos quais atribuem o valor
global de cinco mil euros.
Pelas segunda a oitava outorgantes foi dito que aceitam a doação nos
termos e forma exarados.
Mais declararam os primeiros outorgantes:
- Que os outorgantes ………………., são os seus únicos filhos e em
consequência seus únicos e presumíveis herdeiros legitimários.
Que de igual modo, qualquer um dos primeiros outorgantes é presumível
herdeiro legitimário do que primeiro falecer.
Nessa qualidade são eles os únicos interessados na partilha parcial em vida
dos bens comuns do casal dos doadores, à qual vão proceder pela presente
escritura com base nos valores atribuídos em que convieram.

OPERAÇÕES

O valor dos bens a partilhar que é de cinco mil euros, divide-se por dois,
representando o quociente, no valor de dois mil e quinhentos euros, a
meação de cada um dos primeiros outorgantes.
Um quarto do valor da meação do primeiro outorgante que falecer em
primeiro lugar, representa o valor do quinhão legitimário do cônjuge
sobrevivo.
A diferença entre estes valores e o valor da meação do cônjuge que
primeiro falecer, divide-se por sete partes iguais, para calculo do quinhão
legitimário de cada um dos seus sete filhos do casal.
Igualmente se divide por sete o valor da meação do cônjuge que sobreviver
ao que primeiro falecer, representando o quociente, o quinhão legitimário
dos seus filhos.
Deste modo, a soma dos quinhões hereditários materno e paterno de cada
um dos filhos, é de seiscentos e vinte e cinco euros.
O quinhão hereditário do cônjuge que sobreviver ao que primeiro falecer é
de seiscentos e vinte e cinco euros.

PAGAMENTOS
À Segunda outorgante ………., é adjudicado o direito a metade indivisa do
imóvel descrito sob a verba um do documento complementar, no valor de
quinhentos euros, inferior ao seu quinhão em cento e vinte e cinco euros,
que recebe em tornas do quinto outorgante e a quem presta a
correspondente quitação, por já as haver recebido em mão como declarou.
À Quarta outorgante, ………………, é adjudicado o direito a metade
indivisa do imóvel descrito sob a verba um do documento complementar,
no valor de quinhentos euros, inferior ao seu quinhão em cento e vinte e
cinco euros, que recebe em tornas do quinto outorgante e a quem presta a
correspondente quitação, por já as haver recebido em mão como declarou.
Ao quinto outorgante …………………., é adjudicada a raiz ou nua
propriedade do imóvel descrito sob a verba número cinco do documento
complementar, no valor atribuído de mil euros e patrimonial já calculado
nos termos da regra Quarta do Artigo trinta e um do Código do Imposto
Municipal de Sisa e do Imposto sobre as Sucessões e Doações de cento e
quatro euros e cinquenta e sete cêntimos, que é superior ao seu quinhão
em trezentos e setenta e cinco euros, que repõe em tornas em tornas às
segunda, terceira e quarta outorgantes, …..
Ao sexto outorgante, ……. é adjudicado o imóvel descrito sob a verba
número dois do documento complementar, no valor de mil euros, cujo
valor é superior ao seu quinhão em trezentos e setenta e cinco euros, que
repõe em tornas em tornas à terceira outorgante …..
Ao sétimo outorgante……, é adjudicado o imóvel descrito sob a verba
número três do documento complementar, no valor de mil euros, cujo
valor é superior ao seu quinhão em trezentos e setenta e cinco euros, que
repõe em tornas em tornas à terceira outorgante …. no valor de cento e
vinte e cinco euros e aos primeiros outorgantes, no valor de duzentos e
cinquenta euros.
À oitava outorgante ………………., é adjudicado o imóvel descrito sob a
verba número quatro do documento complementar, no valor de mil euros,
cujo valor é superior ao seu quinhão em trezentos e setenta e cinco euros,
que repõe em tornas em tornas aos primeiros outorgantes.
A terceira outorgante ………………, para preenchimento do seu quinhão
no valor de seiscentos e vinte e cinco euros, recebe tornas do quinto e
sétimo outorgantes, no valor de cento e vinte e cinco euros e do sexto
outorgante, no valor de trezentos e setenta e cinco euros, aos quais confere
plena quitação, por já as haver recebido em mão como declarou.
Os primeiros outorgantes para preenchimento do seu quinhão, recebem
tornas do sétimo outorgante, no valor de duzentos e cinquenta euros e
tornas da oitava outorgante no valor de trezentos e setenta e cinco euros,
valores esses que já receberam em mão e dos quais dão plena quitação.
Que dão assim por concluída a presente partilha.
Pelos nonos outorgantes, ……………..é prestado aos respectivos cônjuges
o necessário consentimento para a outorga da presente partilha.

ARQUIVO:
- Os Talões de IMT nºs , emitidos pelo Serviço de Finanças de ….em

EXIBIRAM:
- Certidão emitida pela Conservatória do Registo Predial de ….em, por
onde verifiquei os elementos registrais.
- Certidão matricial emitida pelo mesmo Serviço de Finanças em , por
ponde verifiquei os elementos registrais e que, o prédios urbano descrito
sob a verba número cinco do documento complementar foi inscrito na
matriz predial urbana no ano de mil novecentos e trinta e sete, não
carecendo pois do Alvará de Licença de Utilização por ser anterior ao ano
de ..........
- Escritura de conferência do dia 10 de Junho de 1933, lavrada no Cartório
Notarial de e aí exarada de folhas quinze verso, do Livro cento e trinta,
para cancelamento do ónus de eventual redução das doações sujeitas a
colação, averbadas à respectiva descrição predial pela inscrição F um, dos
imóveis descritos sob as verbas um, dois e quatro do documento
complementar.

BIBLIOGRAFIA

DIAS, Cristina M. Araújo, Lições de Direito das Sucessões, - Almedina,


2018, 6ª Edição, ISBN 9789724071169.
SOUSA, Rabindranath Capelo de, Lições de Direito das Sucessões - Volume
I, (Reimpressão da 4ª Edição renovada), Coimbra Editora, 2013 – ISBN
9789723221251;
SOUSA, Rabindranath Capelo de, Lições de Direito das Sucessões - Volume
II, (3ª Edição renovada), Coimbra Editora, 2013 – ISBN 9789723221268;

ASCENSÃO, José de Oliveira, - Direito Civil Sucessões, Coimbra Editora –


2000, 5.ª edição revista, ISBN 9789723209327;
Bibliografia Complementar
CAMPOS, Diogo Leite e CAMPOS, Mónica Martinez - Lições de Direito das
Sucessões, Almedina, 2018, Reimpressão da 1ª Edição, ISBN
9789724068732
TELLES, Inocência Galvão - Sucessão legitima e Sucessão legitimária -
Coimbra Editora, 2004., ISBN 9789723212723 .

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