Você está na página 1de 36

Direito Processual Civil I

Contextualização

Caso em julgado: quando uma decisão judicial transita em julgado, significa


que não é admissível recurso ordinário.

Tribunais estão organizados:


- 1ª Instância
- 2ª Instância (Tribunal da Relação)
- STJ - Supremo Tribunal de Justiça

Critério do valor (art.629º + art.44º Lei 62/2013 ): Cada ação tem um valor.
Se esse for inferior a 5000€, não se pode recorrer. Se for superior já se pode
recorrer para a segunda instância. No entanto, se ação valer 25.000€ já não
se pode recorrer para o STJ pois o valor mínimo é de 30000€.

Critério da sucumbência (sucumbir = perder): Para recorrer, não basta que a


ação seja superior ao valor da instância. O recorrente também tem de ter
perdido (=decaído) em mais de metade do valor da alçada do tribunal de que
se recorre.

Pretensão regularmente deduzida: significa que há formalismos a cumprir. No


Processo Civil deve prevalecer a matéria da forma. Há condições em relação
às partes, aos Tribunais e ao objecto que se têm de cumprir - pressupostos
processuais.

O Tribunal só se vai pronunciar quanto ao mérito da causa se todas as


condições se verificarem.

Princípios gerais do D.Processual Civil

Princípio do dispositivo: o processo civil é dispositivo, ou seja, está


dependente da livre disponibilidade das partes, podendo estas instaurá-lo
ou não, fazê-lo continuar ou não e mesmo propor-lhe cobro (fim).
Este princípio manifesta-se em três vertentes: no impulso processual; na
delimitação do objeto do litígio , assentando essencialmente nos factos que as
partes levam para o processo e nos limites de sentença. Em suma, o processo
nasce e é construído por vontade, tendo em conta ao que as partes levam
para Tribunal.
- Art.3º nº1, 1ª parte CPC + 259º: o tribunal só se pronuncia se alguém pedir.

- impulso processual
Assinala a existência e a pendência de uma ação derivada da vontade dos
particulares. Este não se circunscreve à instauração da ação (início da
instância) - art.259º + art.147º e 144º e 260º CPC.
Citado o réu, a instância deve manter-se estável quanto aos seus elementos
fundamentais (art.260º) e deverá culminar numa sentença (art.607º) que
1
aprecie a pretensão formulada pelo autor, julgando a ação procedente ou
improcedente, condenando ou absolvendo o réu em conformidade e pondo
termo ao processo.
O objetivo do processo é a obtenção de uma decisão que ponha fim ao litígio
que conheça ou decida o mérito da causa.

Podem-se verificar, no desenvolvimento do processo, situações que gerem a


suspensão da instância. Existem também incidentes da instância:
ocorrências que perturbam o normal desenvolvimento da lide e exigem do
juiz e das partes certa atuação, de forma a ser retomada a tramitação
normal.

O que decorre da prolação da sentença é o fim do processo. A sentença


aprecia materialmente a pretensão deduzida em juízo, sendo possível a
instância terminar por outras razões. O artigo 277º enuncia os casos de
extinção da instância. A instância extingue-se com o julgamento, que seja por
via de sentença que aprecie materialmente a questão ou por via de
julgamento formal da lide, ou seja, é o momento em que o juiz profere uma
decisão que, embora ponha termo ao processo, não se pronuncia sobre o
mérito da pretensão deduzida pelo autor, limitando-se a absolver o réu da
instância. Como se verifica mais adiante, as exceções dilatórias decorrem da
violação de pressupostos processuais, ou seja, de requisitos de ordem técnica
sem cuja verificação o juiz deverá abster-se de conhecer o pedido, absolvendo
o réu da instância. O processo, no seguimento do artigo 277º, termina com a
prolação de uma sentença cujo sentido decorre, não dos elementos revelados
pelo processo, mas da vontade das partes. O autor e o réu são admitidos a
transigir sobre o objeto da causa. A possibilidade das partes porem termo ao
processo deve-se à disponibilidade do processo pelas partes. Esta
disponibilidade do processo tem por base a tal disponibilidade da própria
relação jurídica sobre o que versa a ação.
Quando falamos da desistência, uma forma de extinção prevista no art.277º,
pode respeitar sobre o pedido, ou seja, extingue-se o direito que o autor
pretendia fazer valer e pode respeitar sobre a instância, o qual esta se
extinguir-se-á, mantendo o direito do autor intacto. A vontade de desistir
expressa leva o juiz a apreciar a validade do ato. Sendo válido, será assim
proferida sentença homologatória da desistência ou absolvendo nos precisos
termos. Esta sentença resulta da vontade das partes.

- delimitação do objeto do litígio


O objeto do litígio é também construído pelas partes, ou seja, a factualidade
que entra no processo também - art.5º CPC.
Exceções: é um termo técnico - modalidade de defesa do réu - art.571º.
O autor deve alegar os factos que dão consistência ao pedido por este
formulado. Já ao réu compete a alegação dos factos que servem para a sua
defesa. Compete às partes a alegação dos factos da causa e o juiz não pode
servir-se de outros factos que não os alegados por elas. Ao ónus da alegação
pelas partes corresponde uma limitação de poderes cognitivos do juiz, e de tal
modo as omissões ou insuficiências na alegação dos factos era capaz de
2
condicionar o âmbito da decisão. No desenrolar do processo, ainda que fossem
revelados outros factos que poderiam levar a uma decisão por parte do juiz,
estes não podem ser considerados pelo mesmo. O art.5º trata do ónus de
alegação das partes (circunscreve-se aos factos essenciais, isto é, àqueles de
cuja verificação dependem de precedência das pretensões deduzidas) e dos
poderes de cognição do tribunal.

Modalidades:
impugnação - contrariar a factualidade que o autor alegou ou por exceção - o
réu traz factos novos.

Por exceção: dilatórias - vão configurar factos que se forem provados vão
determinar que o Tribunal se abstenha a determinar a causa
peremptórias - factos que, uma vez provados, vão determinar que
o direito que o autor pretendia fazer valer nunca se chegou a constituir,
modificou-se ou extinguiu-se (p.e invocar a caducidade, vícios que geram
nulidades).

Articulados normais: art.147º CPC


- fundamentos de facto e de direito
A. Art.552º - Petição inicial (articulado do autor)
B. Art.569º - Contestação (articulado do réu)

Articulado eventual:
A. Art.584º - Réplica

Articulados supervenientes - art.588º

Articulados judicialmente provocados - art.590 nº4

- limites da sentença (art.609º)


Necessária correspondência entre o pedido formulado pelo autor e a decisão
firmada na sentença, na medida em que o juiz não pode condenar em objeto
diverso do pedido ou em quantidade superior à peticionada pelo autor.
O autor titular do interesse feito valer em juízo, é o que melhor sabe o que
pretende obter do recurso à via judicial, como expressa no pedido formulado
na petição inicial. Designa-se por princípio do pedido, onde o autor define os
limites da sentença no pedido formulado. Será nula a setenta que condene em
quantidade superior ou em objeto diverso do pedido.

Há outras manifestações de poder sobre a instância das partes: podem fazer


nascer, parar, extinguir, por sua iniciativa, o processo mas também impõe
limites.

3
Causas de suspensão e extinção por vontade das partes (art.259º):

1) Art.269º nº1 al.c) - é possível suspender a instância + art.272º nº4


limite: não exceder 3 meses que não têm de ser seguidos; a suspensão não
pode colidir com a realização da audiência final. Pode-se tentar convencer o
Tribunal de que é muito urgente e aí pode-se suspender a instância, no
entanto, aqui é o Tribunal que decide (art.269º nº1 al.c) + 272º nº1.
Regime previsto no art.273º: as partes têm de informar o tribunal de que as
partes preferem resolver o litígio na mediação - mediação intraprocessual.
Nº2: mesmo que as partes resolvam o litígio em mediação, estas podem
suspender a instância nos termos do artigo 272º nº4. Têm de comunicar
(nº3).

2) (art.277º al.b) e al.d))


- al.b) + 280º: o legislador permite que as partes, apesar de teres iniciado a
resolução do seu litígio no Tribunal, quererem sair para o resolverem num
outro mecanismo - a arbitragem (tribunal arbitral - litígios que têm em
consideração direitos disponíveis). Celebram uma convenção de arbitragem
(compromisso arbitral) e apresentam-no ao Tribunal. O Tribunal examina se
é válida (art.280º nº2). Sendo assim, o processo no Tribunal acaba.

- al.d) + 283º ao 291º: são causas de extinção da instância por vontade das
partes. A desistência é um ato unilateral do autor e a confissão é um ato
unilateral do réu. A transação (= acordo) é um ato bilateral (art.1248º CCiv).
• art.283º nº1 : desistência do pedido do autor e confissão do pedido do réu
• art.283º nº2: transação

Desistência do pedido e desistência da instância

- em ambos os casos o processo termina


- a diferença:
• Quando desisto do pedido, estou a pôr fim ao direito que eu pretendia fazer
valer com aquela ação. Isto determina que, no futuro, não vou poder propôr
uma outra ação com a mesma causa do pedido e com as mesmas partes
(art.285º nº1 + 286º nº2) - reconversão (art. 266º + 583º).

• Quanto à desistência da instância, é na mesma pela mão do autor mas quem


desiste apenas está a pretender que o processo termine sem que o Tribunal
aprecie a causa e o mérito. No futuro, é possível propôr uma mesma ação
com as mesmas partes, a mesma causa de pedir e pedido. Aqui não se
pretende pôr fim ao direito que pretendia fazer valer com a ação (art.285º
nº2 + 286º nº1).
Se estiver a desistir da instância depois do réu já ter apresentado a sua
contestação, o réu tem que ser notificado desta desistência e tem de aceitá-la.
Caso não aceite, o processo segue os seus termos - está condicionada na
media em que seja requerida depois do réu apresentar a sua contestação.
Enquanto ele não apresentar, é livre.

4
Confissão e transição: art.284º - direitos disponíveis e alguns indisponíveis
que a lei permite (art.289º nº1)
- se houver confissão ou acordo, o processo termina e o litígio em causa fica
resolvido nos termos em que tenha sido confessado ou que tenha sido
celebrada a transação. Futuramente não posso propôr uma nova ação com as
mesmas partes, pedido e causa de pedido.

Existem formalidades que têm de ser cumpridas: art.290º


- que se faça extrajudicialmente: o valor está dependente da forma que foi
adotada para realizar esse ato de transição, confissão ou desistência, isto é
documento autêntico (escritura pública) que tem valor pleno ou documento
particular em que o seu valor não vincula plenamente.
- que se faça por termo: art.290º nº2 + nº3 - as partes apresentam-se no
tribunal perante a secretaria; o juiz examina e lavram um termo no processo.
- a transação pode fazer-se em ata quando resulte de conciliação do juiz.
- art.291º: quando há vícios gera a nulidade ou anulabilidade

Princípio do contraditório
- Tem a vertente de contraditório-defesa
- Qualquer pessoa ou entidade tem de ter conhecimento de que foi formulado
contra si um pedido, dando-se-lhe oportunidade de defesa, mas ainda que, ao
longo da tramitação, qualquer das partes tenha conhecimento das iniciativas
ou pretensões deduzidas pela outra parte, com a inerente possibilidade de
pronúncia antes de ser proferida a respetiva decisão.
- Art.20º CRP - ninguém pode ser julgado sem ter a oportunidade de se
defender.
- Direito fundamental de todo o cidadão, sendo que o Estado tem de garantir
que todos, no hábito de um processo, tenha a oportunidade de se defender.
Nenhuma decisão pode ser dada sem dar ao réu a oportunidade de se
defender (art.3º nº1, última parte).
- Num processo não avançamos sem que o réu seja chamado ao processo ou
seja, ser citado (art.227º CPC) para se poder defender.
- Há situações em que o legislador admite que se decida sem ouvir a parte
contrária, embora essa pessoa, posteriormente, tenha sempre direito a
defender-se (situações excecionais que têm de estar previstas na lei - art.3º
nº2 - contraditório diferido).

Situações excecionais: medidos os interesses, o juiz justifica que o interesse


do requerente é superior. P.e: a restituição provisória da posse (art.378º
CPC), o arresto (art.393º nº1) e nas providências cautelares comuns
(art.362º e ss.), a regra geral é serem proferidas com audiência da parte
contrária, mas também admite que o juiz possa determinar que não é ouvida
(art.366º nº1) - estas situações não tem caráter definitivo. Se for dada razão
ao réu, o arresto levanta-se, por exemplo.

- Outra vertente: contraditório-influência


- Não se esgota no momento da contestação. O contraditório vai ter de ser
garantido pelo Tribunal e vai ser assegurado durante todo o processo. O juiz
5
não deve decidir nada sem que as partes o influenciem, isto é, podem carrear
elementos para o processo para que o juiz decida melhor. O juiz não pode, por
sua iniciativa, nem que seja de conhecimento oficioso, decidir uma
determinada questão que ponha em questão o interesse das partes, sem
alertá-las para que estas possam argumentar. Não pode haver decisões
surpresa - art.3º nº3.
> Normalmente, o contraditório funciona através dos articulados ou, quando
não der, no início da audiência prévia ou final <

Articulados - art.147º CPC

Princípio da igualdade das partes


- Deriva de uma norma constitucional (art.4º CRP), que consagra a igualdade
dos cidadãos perante a lei. É fundamental que o tribunal trate as partes de
igual forma, em termos de corrigir eventuais desigualdades e de evitar a
criação destas.
- O Tribunal deve tratar igualmente as partes no ponto de vista formal e
substancial - dar as mesmas oportunidades, conceder iguais prazos…

Princípio da cooperação (das partes)


- Apela ao contributo de todos os intervenientes na realização dos fins do
processo e responsabiliza-los pelos resultados obtidos. A concretização
deste princípio implica determinados deveres processuais, tanto para as
partes e respetivos mandatários, como para o tribunal, os quais devem
colaborar entre si contribuindo assim para a obtenção com brevidade e
eficácia da justa composição do litígio. É de notar que se aplica assim o
princípio da Boa-fé.
- Todos têm de atuar de forma a cooperar naquilo que seja necessário (art.7º
+ 8º e 9º + 542º e ss.).

DEVER DE GESTÃO PROCESSUAL - art.6º

- O princípio da cooperação consagra também o dever de gestão processual.


- A gestão processual é a direção ativa e dinâmica do processo, tendo em
vista, quer a rápida e justa resolução do litígio, quer a melhor organização
do trabalho do tribunal. A satisfação do dever de gestão processual destina-
se a garantir uma mais eficiente tramitação da causa, a satisfação do fim do
processo ou a satisfação do fim do ato processual.
- O juiz tem um papel ativo e pro-ativo pois o processo é dirigido por ele.
- O juiz tem de fazer de tudo para repor a legalidade (falta de pressupostos)
do processo e a sua regularização (nº2).

Princípio do inquisitório (art.411º)

Há inúmeras provas que se podem indicar e produzir no processo. Em regra,


quem tem de indicar a prova, são as próprias partes. Porém, o tribunal pode
6
também ordenar a organização de alguns meios de prova. O legislador
admitiu que o juiz também pode, por sua iniciativa, ordenar ou realizar
diligências necessárias (provatórias) ao apuramento da verdade mas apenas
quanto aos factos que constam no processo.

Princípio da economia processual

2 vertentes:
- economia de atos e formalidades
- economia de processos

1) O legislador dá sinais de que pretende que num processo só se pratiquem


os atos que sejam absolutamente necessários e que se devem praticar de
forma simples, o que determina que estão proibidos os atos considerados
inúteis. O juiz, na sua atuação, deve evitar que as partes pratiquem atos que
se considerem inúteis ou meramente dilatórios (art.130º + 131º + 6º nº1
CPC).

2) O legislador criou condições, se possível, para num único processo,


tentar resolver mais do que um litígio.

P.e a reconvensão (266º CPC + 583º): figura que permite ao réu fazer um
contra-ataque, isto é, A propôs uma ação contra B e este, além de se defender,
atua no sentido de ele próprio formular um pedido contra A.
P.e 555º: formular mais do que uma pretensão.
P.e 554º: pedidos subsidiários -> quando este existe é porque há um pedido
principal. No entanto, o legislador dá a hipótese ao autor de formular um
outro pedido caso o primeiro não dê.
P.e apensação de ações (267º CPC): reunidas determinadas condições, o
legislador admite juntar ações.

Classificação das ações

- quando ao objeto: quanto à finalidade/ face ao pedido feito pelo autor

1) ações declarativas: aquela em que se visa resolver um conflito de


interesses existente entre o autor e o réu que será resolvido através da
declaração de uma sentença (tem efeito declarativo) - art.10º nº2 + nº3.

- de condenação (art.10º nº3 al.b): possibilidade de exigir judicialmente,


num ponto de vista subjetivo, o cumprimento de uma obrigação.
Têm origem na violação de direitos subjetivos propriamente ditos
(correspondem ao poder de exigir ou pretender um comportamento positivo
ou negativo da outra parte. Essa parte tem o dever jurídico - adotar o
comportamento que lhe tenha sido exigido).

7
Pressupondo ≠ prevendo
- quando o direito é apresentado como violado
- nasce da palavra previsão - quando a violação ainda não ocorreu.
Antecipamos a existência da mesma.

A regra é a primeira. A segunda é a exceção.

- constitutivas (art.10º nº3 al.c): através destas autorizamos ou


pretendemos autorizar uma mudança na ordem jurídica. Pretendemos a
produção de efeitos jurídicos (efeito extintivo, constitutivo ou modificativo).
Tem sempre associadas a si um direito potestativo pois o réu está sempre
num estado de sujeição, isto é, não pode evitar que determinadas
consequências se produzam na sua esfera jurídica.
•propriamente dita: pretende-se criar uma relação jurídica (p.e ação
de preferência, contrato-promessa de compra e venda, ação
destinada a constituir uma servidão de passagem).
•extintiva: pretende-se extinguir uma relação jurídica (p.e divórcio,
resolução do contrato).
•modificativa: pretende-se autorizar uma mudança (p.e processo do
maior acompanhado, ação de simples separação judicial de bens).

- de simples apreciação (art.10º nº3 al.a): pretendemos fazer face a


incertezas jurídicas. Pretendemos a declaração de existência ou inexistência
de um direito ou de um facto.
•positiva: declaração de existência de um direito ou de um facto
(existência de um direito de crédito).
•negativa: declaração de inexistência de um direito ou de um facto.
Há uma arrogância extrajudicial (antes do processo) do réu. Isto
consiste num comportamento do mesmo que é tomado antes de ser
intentada a ação. Este comportamento traduz-se na afirmação de
que é titular de um direito que na perspectiva do autor não existe.
- art.343º CCiv (o réu prova os factos constitutivos do seu direito)
(o autor tem de te provar a arrogância extrajudicial do réu + art.342º
nº2 CCiv). Se não conseguir provar, a ação vai ser julgada improcedente por
ser necessária a arrogância (a base da instauração da ação).

Por exemplo:

01/01/2019 01/07/2019
A (autor) ——————> B (réu) B (autor) ————-—> A (réu)
25.000€ Inexistência de 25.000€

Arrogância do réu -> A

2) ações executivas (art.10º nº4): o Tribunal irá tomar medidas para que o
devedor, de uma forma já não voluntária, proceda ao cumprimento da
obrigação.

8
- existência de um título executivo (nº5): documento que certifica a
existência de uma ou mais obrigações que a lei atribui força executiva
(art.703º).
Havendo títulos executivos intentam-se ações executivas. Se não houver
intentam-se ações declarativas.

Ações executivas podem revestir 3 finalidades (art.10º nº6):


- destinar-se ao pagamento de uma quantia certa;
- exigir a entrega de uma coisa;
- prestação de um facto;

- quanto à forma (muito importante: art.552º nº1 al.c + 546º e ss. CPC)

1) ações que seguem a forma de processo comum: tudo o que não é especial, é
comum (contrario sensu).

Art.548º - as ações declarativas comuns seguem uma tramitação igual,


independentemente de qualquer circunstância - art.552º e ss. CPC.

2) ações que seguem a forma de processo especial: está expressamente


previsto na lei como processo especial - Livro V do CPC (art.878º a 1139º)
+ legislação avulsa (p.e processo de insolvência; DL 269/98 de 1 de
setembro).

Art.549º -> processos especiais DL 269/98

Art.1º do Diploma Preambular


3 requisitos cumulativos:
• Ação visa que uma pessoa pague uma determinada quantia

• Emergentes de contrato: da celebração do contrato resulta a obrigação


de pagar para uma das partes (p.e. compra e venda; empreitada; renda;
prestação de serviços).

- responsabilidade civil contratual + obrigações de condomínio: excluída


a aplicabilidade deste diploma.

• Valor não superior a 15.000€: o valor de facto peticionado.

Procedimentos previstos no DL 269/98


A escolha pertence ao credor quanto à instauração de uma delas.

Ação declarativa especial (AECOPEC) - arts.1º ao 6º do diploma anexo


Art.1º do diploma em anexo
- sujeito ativo: autor
- sujeito passivo: réu
9
1) apresentação da petição do autor (art.1º nº1)
2) citação do réu para contestar (art.1º nº2)
- prazo de 15 dias: o valor não excede 5000€
- prazo de 20 dias: o valor excede 5000€
Se contestar: o processo prossegue, havendo lugar a audiência (art.3º + 4º)
+ sentença
Se não contestar: o juiz confere força executiva à petição inicial (=título
executivo) ou seja, mais tarde, se o réu não pagar, o autor pode intentar uma
ação executiva (art.2º).

Procedimento de injunção (art.7º e ss. do diploma anexo): não é uma


verdadeira ação declarativa. É um procedimento que o legislador criou por
influência da UE que visa permitir aos credores obter mais rapidamente um
título executivo.

1) O requerimento é apresentado no BNI (Balcão Nacional de Injunção)


(art.8º + 9º + art.1º da Portaria nº220-A/2008, de 4 de março).
2) No prazo de 5 dias, o secretário judicial notifica o requerido para que este,
em 15 dias, pague ao requerente ou que deduza oposição à injunção
(art.12º).
- frustração da notificação (art.13º-A): há uma distribuição (art.13º-
A,16º e 17º) e segue-se o disposto nos arts.1º nº4 + 3º + 4º
- a notificação é realizada com sucesso
No prazo de 15 dias, o requerido poderá optar por um dos 3
comportamentos:
• Procede ao pagamento da quantia em dívida: o direito do
requente fica satisfeito.
• Deduz oposição: distribuição (art.16º e 17º) e segue-se o
disposto nos arts.1º nº4, 3º e 4º
• Nada faz: o secretário judicial apõe fórmula executora no
requerimento de injunção (art.14º).

Diferenças entre o procedimento de injunção e a ação declarativa especial:


- o procedimento de injunção é mais célere, mais barato, menos complexo,
menos seguro devido a estas características e pode haver um título executivo
sem intervenção do juiz.

Exceção: DL 62/2013
Art.2º: aplica-se a todos os pagamentos efetuados como remuneração de
transações comerciais.
nº2: excluídos
Transações comerciais: art.3º al.b)
Empresa: art.3º al.d)

Art.10º nº1: regime especial aplica-se apenas à injunção


- Este direito só é novo quando excede os 15.000€ pois já existia no DL
269/98.

10
- É possível o recurso ao procedimento de injunção independentemente do
valor em dívida (art.10º nº1).
- O credor não é obrigado a intentar o procedimento de injunção. Pode
intentar a ação declarativa comum.

Art.10º nº2: sempre que o valor reclamado seja superior a 15.000€ e no caso
de haver lugar à distribuição, serão observados os termos do processo
declarativo comum.

EXEMPLO
Contrato de compra e venda, cujo preço é de 10.000€ (tratando-se ou não de
transação comercial)
meios ao dispor do credor:
• Procedimento de injunção (DL nº269/98)
• Ação declarativa especial (DL nº269/98)

Contrato de compra e venda, cujo preço é de 20.000€ (não se tratando de


transação comercial)
meio ao dispor do credor:
• Processo Comum (art.546º CPC)

Contrato de compra e venda, cujo preço é de 20.000€ (tratando-se de


transação comercial)
meios ao dispor do credor:
• Procedimento de injunção (art.10º nº1 do DL nº62/2013)
• Processo Comum (art.546º CPC)

Nas ações executivas: a forma poderá ser diferente.


- para pagamento de quantia certa: seguem a forma de processo comum
ordinário (regra) ou sumário (550º nº1)
- para entrega de coisa certa e prestação de facto: forma única (550º nº4)

- quanto aos interesses em discussão

1) Processos de jurisdição litigiosa: Aqueles em que se discutem interesses


opostos. Por regra, todos são.
P.e o processo de regulamentação das responsabilidades parentais.
2) Processos de jurisdição voluntária: Aqueles que estão sujeitos a algumas
especificidades (art.986º nº4 + 987º + 988º ). Processos em que o juiz tem
mais poder de intervenção no apuramento dos factos e na realização de
diligências probatórias (p. da livre atividade inquisitória do Tribunal - nº2
art.986º). Por regra, uma decisão torna-se definitiva. No entanto, nestes
processos, segundo o artigo 988º, as resoluções podem ser alteradas.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
- Requisitos para que o juiz possa decidir sobre o mérito de uma causa
que deu entrada no Tribunal. Estes pressupostos são requisitos de ordem
11
técnica necessários ao regular desenvolvimento da instância, permitindo que
esta culmine numa sentença que resolva o litígio colocado à apreciação do
tribunal, julgando a ação procedente ou improcedente, consoante assista
razão ou não ao autor, em face do direito material. Quando isto sucede, o juiz
conhece o mérito da causa, ou seja, do fundo da questão. Pelo contrário, o
desrespeito pelos pressupostos processuais impede o juiz de conhecer o
mérito da causa, devendo então ser proferida uma decisão, que em vez de
apreciar o mérito, se limita a um julgamento formal da lide (este apenas tem
lugar quando não seja ou não tenha sido possível suprir o vício originado pela
violação do pressuposto processual) que põe termo ao processo e se traduz na
absolvição do réu da instância. A violação dos pressupostos têm por efeito,
em regra, a ocorrência de exceções dilatórias, as quais constituem, antes de
mais, argumentos de defesa ao dispor do réu.

3 grupos: pressupostos relativos às partes, ao tribunal e ao objeto da causa.

- Pressupostos relativos às partes: as partes têm de reunir determinadas


condições para que o tribunal possa decidir sobre o mérito da causa.
São designadamente: a personalidade judiciária, a capacidade judiciária, a
legitimidade e o patrocínio judiciário obrigatório - art.11º a 52º + 53º ao 58º.

personalidade judiciária: suscetibilidade de alguém ser parte de um


processo. A lei definiu um critério para tal se concluir: critério da
equiparação da personalidade judiciária à personalidade jurídica. Quem
tem personalidade jurídica, também tem personalidade judiciária. Há uma
norma onde o legislador enumerou casos que têm personalidade judiciária
apesar de não existir personalidade jurídica - art.12º (p.e o administrador do
condomínio e o condomínio não têm personalidade jurídica mas como
praticam atos, pode levar ao seu envolvimento em conflitos, logo, têm
personalidade judiciária).

Art.13º nº1: situações onde estão envolvidas agências, sucursais como p.e
bancos, seguradoras, agências de viagens…
Na verdade, não constituem elas próprias a entidade-mãe que tem o poder
decisor. Se o facto fôr praticado por esta, faz sentido que eu atribua a estas
personalidade judiciária (possibilidade da ação ser proposta por estas ou
contra estas). Isto é, só podem ser autor e réu na medida em que o litígio
resulte de um facto praticado por elas. Logo, se o facto não for praticado por
esta, não tem personalidade judiciária a não ser, que seja a entidade-mãe.

Art.13º nº2: caso mais específico - determina que se eu praticar um facto com
uma entidade estrangeira (celebrar um contrato em Madrid p.e). No entanto,
a entidade tem uma sucursal em Portugal. Podemos intentar a ação contra
essa sucursal desde que a obrigação tenha sido contraída com um português
ou com um estrangeiro domiciliado em Portugal.

12
Violações
Quando proponho uma ação contra alguém que não tem personalidade
jurídica: a falta de personalidade judiciária resulta da falta de personalidade
jurídica e por isso, estamos perante um vício insanável. A consequência é a
absolvição do réu da instância (art.278º nº1 al.c + 577º al.c). O processo
acaba mas o juiz não chega a julgar o mérito da causa. Não resolve porque
detetou uma falha que não se pode corrigir. No entanto, é possível propôr-se
uma outra ação sobre o mesmo objeto (art. 279º).

Violação do nº1 do art.13º: situação em que aquela sucursal não pode ser
parte do processo. Neste caso, o vicio é sanável. De acordo com o art.14º, pode
ser sanada mediante a intervenção da administração principal. A entidade
principal:
- ratifica (=concorda) o que já foi praticado (o processo avança);
- não ratifica e corre novo prazo para a prática de um novo ato;
- não vem ao processo (processo cessa e o réu é absolvido da instância).

capacidade judiciária: a suscetibilidade de estar por si em juízo


(art.15º nº1).
A lei definiu também um critério para tal se concluir: critério da equiparação
da capacidade judiciária à capacidade de exercício de direitos. A falta de
capacidade pode ser suprida. Ou a parte pode, por si, estar em juízo ou não.
Neste último caso, a sua intervenção judicial deverá fazer-se através de
representante legal, ficando suprida a incapacidade, sob pena de violação
deste pressuposto processual. Os casos de incapacidade são:

1) menoridade: quem não tiver completado 18 anos de idade. Resulta


daqui que o menor não tem capacidade judiciária. Para esta incapacidade ser
suprida deve-se fazer estar judicialmente representado pelos seus
progenitores ou por tutor. A título excecional, reconhece-se a validade de
certos atos e negócios jurídicos praticados pelo menor. Tendo capacidade
jurídica para a prática desses atos e negócios, pode então o menor litigar por
si próprio em ações que os tenham por objeto (art.16º + 23º + 24º + 25º + 26º).

2) interdição: é equiparado ao menos, ou seja, estes também não


dispõem de capacidade jurídica nem de capacidade judiciária. É através de
um tutor que o interdito atua em juízo.

3) inabilitação: semelhante à interdição, embora atenuada, não sendo


necessária uma absoluta incapacidade para o governo da pessoa e dos bens,
mas uma incapacidade para uma conveniente administração do património.
É assim designado um curador do inabilitado. Apesar de incapaz este pode
intervir em ações e ser citado, caso esteja na posição do réu. No entanto, esta
intervenção fica subordinada à orientação do curador, a qual prevalece em
casos de divergência.

13
> Violação da capacidade judiciária <
O vício é sanável.
É necessário distinguir se:
• Se a falta de capacidade for relativa ao autor: é ordenada a notificação do
legal representante que, vindo ao processo, pode:
- ratificar os atos;
- não ratificar mas praticá-los novamente (a instância considera-se
regularizada);
- não fazer nada (absolvição do réu na instância)

• Se a falta de capacidade for relativa ao réu: é ordenada a citação do legal


representante que, vindo ao processo, pode:
- ratificar os atos;
- não ratificar mas praticá-los novamente;
- não fazer nada:
1) art.21º: é citado o MP para os defender.
Este contesta ou não contesta.
Se não contestar, estamos numa situação de revelia inoperante. O processo
segue os seus trâmites incorrendo o réu em revelia inoperante.
Revelia: arts.567º e 568º - instituto que disciplina as situações em que o réu
não apresenta contestação.
Há uma regra geral que diz que os factos que são alegados pelo autor são
consideram provados. Porém, há situações excecionais: apesar do réu não
contestar, os factos que o autor alegou não se consideram confessados. Logo,
o autor tem de fazer prova.
Se é revelia inoperante, é porque não se consideram os factos provados:
art.568º al.b)

Legitimidade (art.30º e ss.): A legitimidade consiste numa posição


concreta da parte perante uma causa. Não é uma qualidade pessoal, antes
uma qualidade posicional da parte face à ação, ao litígio que aí se discute. As
partes têm de ser legítimas. A determinação da legitimidade das partes vem
de um critério subsidiário. Apura-se assim pela relação controvertida, tal
como ela é configurada peço autor na petição inicial: o legislador considera
partes legítimas, aquelas que tenham interesse direto em demandar (lado do
autor) e interesse direto em contradizer (lado do réu) - art.30º nº1.
• O interesse do autor mede-se pelo benefício que vai retirar do desfecho da
ação
• O interesse do réu mede-se pelo prejuízo que lhe vai causar.

Exceções: Olhamos primeiro para o critério legal (se houver) - art.62º e 64º
do DL nº291/2007 - fundo de garantia automóvel

Interesse em contradizer ≠ exercer o princípio do contraditório


2) existe sempre a possibilidade de exercer o contraditório (art.3º)

14
Art.30º nº2
- interesse em demandar: utilidade direta derivada da procedência da ação.
- interesse em contradizer: prejuízo direto que dessa procedência advenha.

Ex: António intenta uma ação contra o Bruno (vendedor de camisolas) para
que pague 2500€.
Bruno não foi o vendedor, foi um mero intermediário. O vendedor foi Carlos.

Bruno é parte legítima?


- 2 teses:
1) Atentar na relação controvertida vertida na petição inicial (António e
Bruno) -> Bruno é parte legítima.
2) Atentar na relação controvertida de facto existente (António e Carlos) ->
Bruno é parte ilegítima.

Art.30º nº3: critério subsidiário - na falta de indicação da lei em contrário,


são titulares do interesse relevante para o efeito da legitimidade (em
demandar e contradizer) os sujeitos da relação controvertida, tal como é
apresentada pelo autor. Isto é, olhamos sempre para a petição inicial.
Mesmo que o Bruno não tenha sido o vendedor, é parte legítima da ação pois
fez parte da petição inicial. = legitimidade singular

Legitimidade processual: advém no interesse em demandar e no interesse


em contradizer na relação controvertida -> pressuposto processual
Legitimidade substantiva: olhamos para a existência do direito. Apuramos
se o sujeito ativo é titular do direito que diz ter e que o sujeito passivo é
devedor - olhar para o mérito da causa.

Ex: António intenta uma ação contra o Pedro exigindo-lhe 2.500€.


Apuramos que não é o Pedro o devedor mas sim a Ana.

António (credor/autor)
Pedro (devedor/réu)

António (credor/autor)
Ana
Pedro continua a ser parte legítima

Violação do critério da legitimidade singular

A violação dá lugar a um vício chamado ilegitimidade -> exceção dilatória


(art.577º al.e) + 278º nº1 al.d) CPC. Não se consegue ultrapassar este vício.

15
Art.31º: exceção
- têm legitimidade todos os cidadãos no gozo dos seus poderes civis e
políticos para os defender + autarquias locais + MP + associações + fundações

Legitimidade plural: sempre que é violado o litisconsórcio necessário, isto é,


alguém ter de estar acompanhado e não está.
P.e A tem de intentar uma ação contra B,C e D. A só intenta contra B. B é
parte ilegítima porque está desacompanhado. Têm de ser chamados o C e o D.

2 institutos:
1) Vários sujeitos em várias relações jurídicas.
2) Pode haver mais do que um sujeito numa relação jurídica (p.e a
compropriedade) mas só existe uma relação jurídica.

Mais que uma relação jurídica material: na ação, os sujeitos têm de estar
todos no processo para que o tribunal possa dizer que está em condições para
se pronunciar quanto ao mérito da causa?
- Depende do tipo de litisconsórcio em que estejamos a trabalhar.

Litisconsórcio: figura jurídica processual que constitui uma pluralidade de


partes mas uma única relação material controvertida.

Este litisconsórcio pode ser:


• Voluntário (art.32º): relacionado às situações em que apesar de haver
uma relação material convertida com vários sujeitos, a lei admite que a
ação seja proposta por um ou contra um daqueles sujeitos. O Tribunal
tanto se pronuncia quanto ao mérito da causa estando todos os sujeitos
presentes ou só alguns.
P.e no caso de uma obrigação assumida conjuntamente (art.32º nº1).
A emprestou 50.000€ ao B e ao C. Se o B e o C não pagarem, o A pode
intentar uma ação só contra o B ou só contra o C. Mas como é conjunta,
só pode exigir a sua quota parte, isto é, 25.000€.
≠ assumiram solidariamente (art.32º nº2)
P.e A podia intentar a ação exigindo os 50.000€ contra B ou contra C.
A parte a quem foi intentada a ação, não pode dizer que é parte
ilegítima.

> Não há violação do litisconsórcio voluntário <

• Necessário: neste tipo de situações, para o Tribunal se pronunciar sobre o


mérito da causa, têm de estar todos os sujeitos da relação material
controvertida presentes. Se não estiverem todos, os que lá estão são
considerados partes ilegítimas.
Essa obrigatoriedade:
• Convencional: resulta de convenção entre as partes.

16
• Legal: resulta da lei (p.e art.64º nº1 al.b) do DL 96/2007 + art.34º
CPC (litisconsórcio necessário conjugal - litisconsórcio ativo (nº1)
e passivo (nº3).
Art.34º nº3, 2º parte: litisconsórcio conveniente porque é
conveniente ao autor propôr a ação contra os 2 cônjuges. São situações em
que o ato é praticado por um mas responsabilizam os dois -> aumentar a
garantia patrimonial - penhorar bens comuns + bens próprios de um + bens
próprios do outro.
• Natural: resulta da própria natureza da situação que determinará
que a sentença só terá efeito útil se todos estiverem presentes.
P.e. nas ações de divisão de coisa comum (compropriedade) -
1412º CCiv + ações de preferência (1410º).

> Vício de ilegitimidade por violação de litisconsórcio necessário <

O vício é sanável, logo, é necessário chamar os que estavam fora do processo


(art.6º nº2, última parte). O Tribunal convida a parte que não cumpriu o
litisconsórcio necessário a corrigir (art.590º nº2 al.a).
O autor tem de usar um: incidente de intervenção de terceiro (art.316º).

Se o autor não corrigir o vício: art.577º al.e) + art.278º al.d)

Legais e convencionais: (art.33º nº1)


Natural: (art.33º nº2)
+ art.35º

Figura que permite resolver todos os litígios num único processo:


- Coligação (arts.36º e 37º): pluralidade de partes e de relações jurídicas. O
principio da economia processual eterizou que o nosso legislador emitisse e
consagrasse esta figura, porem, impôs requisitos.
- requisitos objetivos de compatibilidade ou de conexão (art.36º)
- requisitos processuais (não basta que se cumpra o art.36º mas também o
37º) .

Requisitos não cumulativos


• Identidade da causa de pedir: (p.e A propõe uma ação contra B exigindo o
pagamento de um dívida emergente de um contrato e simultaneamente
propõe essa mesma ação contra C pedindo o pagamento de outra dívida mas
emergente do mesmo contrato). A causa de pedir é a mesma por isso, a lei
admite a coligação.
• Relação de prejudicialidade ou de dependência entre os pedidos (p.e A
propõe uma ação contra B a pedir a declaração de nulidade de um contrato
de compra e venda de uma coisa e simultâneamente a ação é proposta
contra C pedindo a restituição da coisa (consequência de pedir a declaração
de nulidade). Os pedidos são dependentes entre si.

17
• Constar que os pedidos formulados estão todos eles dependentes da
apreciação dos mesmos factos ou da interpretação e aplicação das mesmas
normas jurídicas ou de cláusulas de contratos análogas.
P.e: vários pedidos dependentes da apreciação dos mesmos factos
(acidentes de viação em cadeia). Ao fazer prova para uns, faz-se para todos.
P.e: A propõe uma ação contra B e C a pedir a declaração de
nulidade de 2 contratos autónomos mas com base no facto do objeto de ambos
os contratos ser ilícito.
P.e: Uma companhia de seguros ter vários contratos com várias
pessoas e todos eles estarem com dívidas dos prémios de seguro. Portanto, na
mesma ação, por violação das mesmas cláusulas, agregar estas ações. Ou os
segurados, todos juntos, pedirem a nulidade da cláusula.

Mesmo que se consiga constar uma das situações do art.36º, pode haver
obstáculos à coligação (art.37º).

Art.37º:
- Serem compatíveis entre si (art.555º CPC);
- Encontrar as seguintes identidades:
a) quanto à forma do processo (comum com comum e especial com
especial) -> se assim não for, a coligação não é possível;
b) quanto à competência absoluta do Tribunal onde se vá propôr a ação;

Flexibilidade nos números 2 e 4:


Nº2: se a incompatibilidade entre as formas do processo não for assim tão
diferente, o juiz pode autorizar a coligação.
Nº4: o juiz nega a coligação apesar dos requisitos estarem preenchidos, por
entender que os processos vão causar prejuízo.

Violação
Coligação ilegal: o autor violar os requisitos presentes no art.36º ou no 37º.

É um vício sanável. É necessário tentar aproveitar algo, se possível.

Se se tratar de ilegalidade da coligação porque falham os requisitos do


art.36º: o juiz deverá notificar o autor para, no prazo que a lei fixar, indicar
qual o pedido que pretende que o tribunal aprecie. Se o autor vier escolher, o
réu é absolvido da instância quanto ao outro pedido. Se ele não vier escolher,
o réu é absolvido da instância quanto a todos os pedidos (art.38º nº1).

Se a ilegalidade da coligação resultar do não cumprimento do art.37º: por um


lado, pode ser resolvido quanto à forma do processo (nº2 art.37º). Caso
contrário, a consequência é a mesma, isto é, notificar o autor para, no prazo
que a lei fixar, indicar o pedido que pretende que o tribunal aprecie.

Se se tratar da violação do art.37º mas porque o tribunal não é competente,


aplicamos as regras da incompetência absoluta. O tribunal vai oficiosamente
18
absolver o réu da instância relativamente àquele pedido em que o tribunal
não é competente.

Patrocínio judiciário: O legislador entendeu que as partes, em


determinado tipo de ações, não vão poder estar presentes sem terem
constituído um mandatário. A constituição é feita por procuração. (arts.40º a
52º).

Trata-se de um mandato judicial/forense. Conferimos este mandato através


de uma procuração que pode ser feita num documento particular (art.43º).

Procuração: declaração unilateral onde se conferem poderes a uma


mandatário.

Quem podem ser os mandatários? advogados, solicitadores e advogados


estagiários. No entanto, os segundos e os últimos têm alguns limites.

Que poderes? (art.44º)

Poderes gerais e poderes especiais (art.45º)


- Os poderes gerais são logo concedidos com a procuração.
- Os poderes especiais têm de estar expressamente autorizados na
procuração.

Quem emite a procuração no caso das pessoas colectivas é o representante


(dependendo do tipo de sociedades).
Se não for um representante legal, a procuração é irregular.

Valor da causa (art.296º e ss.)


• Todas as causas têm um valor, independentemente do seu fim;
• O valor tem de ser em moeda corrente;
• Existência do valor é uma tradução económica do pedido do autor;

Art.297º - conjunto de regras gerais


- obter qualquer quantia -> quantia é igual ao valor da causa
- obter outro benefício -> valor do benefício é o valor da causa

Art.298º - conjunto de regras especiais


- ações de despejo -> o valor da causa tem uma componente mínima = 30
meses e renda (2 anos e meio). Nem sempre existe mas quando há, soma-se 1
de 2 valores consoante o que for superior. Quando apenas existe um valor,
apenas se soma esse.

Art.301º + 302º + 303º

Em certos casos, o mandatário tem de ser advogado (art.40º):

19
- sempre que seja de prever que é admissível recurso ordinário (art.627º +
629º), isto é, a causa ter valor superior à alçada do tribunal de que se recorre
(5.000€).
- sempre que seja admissível recurso, independentemente do valor da causa.
(casos em que a causa tenha valor inferior a 5.000€)
- nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores.
Art.629º
Exemplo:

Valor da causa Alçada do tribunal de 1º instância


2.000€ 5.000€
5.000€
10.000€

Nos primeiros dois não podem recorrer.


No último pode haver recurso porque o valor é superior à alçada do tribunal
de primeira instância.

+ Critério da sucumbência (art.629º, nº1, 2º parte): a decisão tem de soe


desfavorável ao recorrente em valor superior a 5.000€.

Este critério só se aplica para os recursos e não para o patrocínio judiciário.

Valor da ação Decisão Alçada do Tribunal Sucumbência Metade da alçada

2.500€ 2.500€ 5.000€ Autor: 0€ 2.500€


Réu: 2.500€

5.000€ 1.000€ 5.000€ Autor: 4.000€ 2.500€


Réu: 1.000€

10.000€ 7.500€ 5.000€ Autor: 2.500€ 2.500€


Réu: 7.500€

20.000€ 15.000€ 5.000€ Autor: 5.000€ 2.500€


Réu: 15.000€

50.000€ 50.000€ 5.000€ Autor: 0€ 2.500€


Réu: 50.000€

Em primeiro: comparar o valor da ação com a alçada do tribunal.


Em segundo: comparar a sucumbência com metade da alçada.

Admissibilidade de recurso

Autor: Não
Réu: Não

Autor: Sim
Réu: Não

20
Autor: Não
Réu: Sim

Autor: Sim
Réu: Sim

Autor: Não
Réu: Sim

Quando não é obrigatório mandatário advogado: art.42º

Art.6º nº2:
Providenciar: ser imposto ao juiz um dever de atuação, dever de agir. Tem
duas formas de se concretizar: determinando (o juiz determina) ou
convidando (o juiz convida as partes).
Convida quem? A fazer o quê?

> Violação do patrocínio judicial obrigatório <

É um vício sanável (art.41º).


O juiz convida a parte faltosa a constituir mandatário advogado.
- Caso junte, está sanável a falha e o processo segue.
- Caso o autor não cumpra depois do prazo: absolvição do réu da instância.
- Caso o réu não cumpra depois do prazo: réu fica sem defesa.
- Caso o recorrente não cumpra depois do prazo: o recurso não tem
seguimento.

Quando não tem capacidade económica faz um pedido à SS para que seja
nomeado um advogado oficioso.

O juiz não se substitui à parte, ou seja, não constitui advogado.

Pressuposto inominado:
Interesse em agir: ao propor uma ação, devemos revelar que já foram
esgotadas todas as outras formas eventuais de resolução de litígios
extrajudiciais. No entanto, a ninguém é impedido o acesso à via judicial por
não ter tentado outras formas extrajudiciais.

O legislador assinalou alguns casos que atendeu que revelavam


objetivamente que o autor podia ter tomado outra atitude inicial.
Estas situações revelam falta de interesse em agir. Quando acontece, dentro
das condicionantes, o autor é sancionado a pagar as custas do processo,
mesmo que ganhe e caso o réu não apresente defesa.

Art.527º - regra geral: cada um paga as custas do processo na medida daquilo


em que perdeu. Se o réu perder, paga. Se o autor perde, paga.

21
Art.535º - exceção: o autor propõe a ação, o réu não contesta. O autor paga.
Situações em que o réu não deu causa à ação (art.535º nº2):
- al.c) o autor, tendo um título executivo, recorra ao processo de declaração.
- al.b) o réu cumpriu com a citação ou depois de já estar na ação.

- Pressupostos relativos ao tribunal: abrangem uma única temática -


competência dos tribunais. O raciocínio subjacente a este pressuposto é o
tribunal só se pronunciar quanto ao mérito da causa se for competente em
razão de todos os critérios que vamos analisar.

Competência
Legislação: arts.59º até 84º, 85º a 90º, 91º a 95º, 96º a 108º, 109º a 114º +
regulamento europeu (1215/2012, de 12 de dezembro) + 2 diplomas ( LOSJ -
Lei nº62/2013, de 26 de agosto + ROFTJ - DL nº49/2014, de 27 de março).

Categorias:
Tribunal Constitucional (art.29º nº1 + 30º Lei 62/2013)
Tribunal de Contas (art.29º al.c) LOSJ)
Tribunais Administrativos e Fiscais (art.29º al.b) LOSJ)
Julgados de Paz e Tribunais Arbitrais (art.29º nº4 LOSJ)
——> Tribunais Judiciais (art.64º CPC + 29º Lei 62/2013) <——

Os três primeiros têm leis próprias que disciplinam a sua organização. Nessas
leis estão presentes as suas competências.

Os Tribunais Judiciais têm determinadas competências que constam da Lei


62/2013.

Olhando à hierarquia, os Tribunais Judiciais estão organizados nestes


termos:
1) Supremo Tribunal de Justiça
2) Tribunais de 2º Instância = Tribunais da Relação
3) Tribunais de 1º Instância

Tribunais Superiores: Supremo Tribunal de Justiça e Tribunais de 2º


instância.
A sua função, por regra, é apreciar as decisões dos tribunais inferiores. São
tribunais de recurso.

Todas as ações são propostas, por regra, nos Tribunais de 1º Instância.


Depois da sentença estar proferida: ou já não há recurso ou recorre-se para a
2º Instância e assim sucessivamente.

• Supremo: art.31º Lei 62/2013 + arts.45º a 66º


22
O Supremo é um tribunal de recurso mas pode julgar outras competências
(art.52º Lei 62/2013) (p.e proposta uma ação a pedir indemnização contra o
juiz da Relação ou do Supremo, quem julga é o Supremo).

• Tribunal da Relação: art.73º + 32º


- Julgam recursos
- Excecionalmente julgam outras ações (al.b, al.c)

Anexo 1: Tribunal da Relação de Guimarães


Tribunal da Relação do Porto
Tribunal da Relação de Coimbra
Tribunal da Relação de Lisboa
Tribunal da Relação de Évora

Tribunais de Comarca: art.80º nº2 LOSJ - os Tribunais de 1º Instância estão


organizados por comarcas.
- juízos de competência genérica e de competência especializada
Cada uma abrange vários Municípios (anexo II).

Outra tipologia de Tribunais de 1º instância: Tribunais de Competência


Territorial Alargada (art.83 LOSJ) - são tribunais que abrangem mais do que
uma comarca. São tribunais com caráter especializado, isto é, julgam apenas
determinadas causas - art.83º nº4.

Art.111º ao 114º - competência + anexo III

Regras de competência
Competência internacional: Há uma primeira fase no apuramento da
competência. É necessário saber se os tribunais portugueses são
competentes.
P.e um francês que mora no Porto, pela internet, celebrou um contrato de
compra e venda com uma empresa que tem sede na Holanda. Ele pagou e a
empresa não lhe entregou o bem

Critérios que devem encontrar-se verificados para os tribunais portugueses


assumirem competência num determinado caso. Se o critério estiver
verificado, os tribunais portugueses assumem a competência. Se os critérios
não se verificarem, não assumem a competência.

Em princípio, o regulamento 1215/2014 vai dar resposta quanto à


competência. Se o regulamento não for aplicável (fora da UE), aplica-se um
tratado internacional. Se não houver regulamento nem tratado, vamos
aplicar as normas do CPC (art.59º CPC e ss.).

Regulamento 1215/2012
- art.1º: âmbito de aplicação - matéria civil e comercial. Há outros diplomas
que remetem para este regulamento; aplica-se em espaço europeu
(Dinamarca fica de fora destas questões).
23
- O legislador europeu criou uma regra geral. No entanto, achou que
determinadas matérias exigiam um maior cuidado - criação de foros
especiais.
- Primeiro ver se é aplicável algum foro especial e só depois se aplica a regra
geral.
- Art.4º: regra geral - demandado no tribunal do domicílio do réu.
- Art.5º: foros especiais - secções 2 a 7.
• Matéria contratual (art.7º)
• Matéria extracontratual
• Matéria de seguros (secção 3)
• Matéria de contratos de consumo (secção 4)
• Matéria de contratos de trabalho (secção 5)
• Competências exclusivas (secção 6): matérias que a lei determinou que
certos tribunais são exclusivamente competentes - direitos reais sobre
imóveis, arrendamento sobre imóveis - são competentes os Tribunais do
Estado onde se situa o imóvel.
Se a sentença for proferida por outro Tribunal, os Tribunais portugueses não
aceitam.

Art.94º
Pactos de jurisdição/Convenções: são acordos em que as partes estipulam
que, no caso de haver um litígio, consideram que é competente os tribunais do
Estado x.

2 tipos de pactos que a lei permite


Pactos atributivos de jurisdição: são aqueles em que as partes convencionam
quais os tribunais que têm competência internacional para resolver um
litígio.
Pactos privativos de jurisdição: aqueles em que as partes retiram
competência internacional.

As convenções têm de ser reduzidas a escrito embora a lei não exija uma
forma muito solene (nº4 + nº3 al.e)
Outros requisitos: nº3
- em causa direitos disponíveis
- o tribunal tem de aceitar a competência
- ser justificada por um interesse de ambas as partes

Em matéria de competência exclusiva, não e possível celebrar um pacto de


jurisdição válido se estivermos no âmbito de competência exclusiva e esse
pacto for privativo. Se for atributivo, não deixará de ser valido, porém é
inócuo.

Resumo: quando estou a trabalhar a questão da competência internacional, o


raciocínio deve ser:
- qual a legislação aplicável (regulamento, tratado ou CPC)
- independentemente do diploma, ver se se trata de uma matéria de
competência exclusiva
24
- se não for de competência exclusiva, é necessário ver se as partes não
celebraram qualquer pacto de jurisdição. Se este for válido é o que vai dar
resposta.
- Regulamento: ver os critérios que a lei fixou - dentro destes ver os especiais
e só depois o geral.
- No CPC também são estabelecidas regras no art.62º

Quando percebemos que os Tribunais Portugueses são competentes,


passamos para a competência interna.

Competência interna: dos tribunais portugueses, qual o tribunal


concretamente competente? É necessário percorrer cumulativamente 4
critérios (art.37º LOSJ + 60º nº2 CPC).

Critérios:
- competência em razão da matéria (art.40º)
- competência em razão da hierarquia (art.42º)
- competência em razão do valor (art.41º)
- competência em razão do território (art.43º)

Competência em razão da hierarquia

Tribunais Judiciais que estão organizados nos seguintes termos:


- Tribunais de 1º instância - onde entram todas as ações salvo algumas
exceções
- Tribunais de 2º instância/da Relação - tribunais de recurso
A título excecional funcionando como tribunal de 1º instância: p.e art.73º
al.b) c) LOSJ
- Tribunal Supremo de Justiça - tribunais de recurso
A título excecional funcionando como tribunal de 1º instância: p.e art.55º
al.b) c) LOSJ

Art.31º + 32º + 33º LOSJ


Art.67º + 68º + 69º CPC

Competência em razão da matéria

No que diz respeito à matéria temos de ver as competências dos tribunais


judiciais. Quais as causas, do ponto de vista da matéria, que podemos trazer a
estes tribunais?
Está subjacente a repartição de competências entre os tribunais e outras
ordens jurisdicionais (como o Tribunal Constitucional, Tribunais
Administrativos e Fiscais).

O que nos compete? A lei diz que aos judiciais compete tudo aquilo que não for
atribuído aos outros. Temos uma competência residual. Não temos uma
25
norma a dizer tudo o que nos é atribuído porque é tudo o que não é atribuído
aos outros. Devemos de ir à lei orgânica e ver se a competência é deles pois
está especificada. Se não for, é nossa (art.64º CPC + 40º nº1 LOSJ).

Vai haver tribunais que só julgam determinadas causas.

Tribunais de Comarca
- Juízos de competência genérica - vão ser atribuídas as causas que não
caibam na competência especializada.
- Juízos de competência especializada: têm competências atribuídas
tipificadamente - art.83º nº3 LOSJ + art.117º e ss. LOSJ

Juízo de família e menores: 122º + 123º + 124º


- critério da matéria aplicado, independentemente do valor e forma
(divórcio, separação de pessoas e bens, execução de alimentos, atribuição da
casa de morada da família, fixação de alimentos, adoção, proteção dos
menores…)

Juízo de trabalho: 126º


- critério da matéria, independentemente do valor e forma

Juízos de comércio: 128º


- critério da matéria, independentemente do valor e forma (processos de
insolvência, suspensão de deliberações, liquidação de sociedades, registo…)

Juízos de execução: 129º


- para ações executivas

Juízo central cível + Juízo local cível - 130º


- cabe matéria cível
- relacionados com os critérios de valor e forma
- caráter residual

Competência em razão do valor

São julgadas no central cível as ações de processo comum com valor


superior a 50.000€.

São julgadas no local cível o que não é atribuído aos outros juízos de
competência especializada (art.130º nº1 LOSJ).
Há partida, as ações de processo comum de valor igual ou inferior a 50.000€
e as que seguem a forma de processo especial, são julgadas no Juízo local
cível.

26
Juízos de competência genérica - art.130º
- tudo o que não seja atribuído aos Juízos de competência especializada e
competência alargada.
- ações de valor igual ou inferior a 50.000€ e ações de processo comum.

A repartição faz-se na organização das comarcas. O Estado criou Juízos de


competência genérica ou Juízos locais cíveis - só um deles é que vai existir

Competência em razão do território (art.70º CPC)

Como repartir as competências pelos tribunais?

Num determinado litigo há vários pontos de contacto com o território


português. Qual o elemento de ligação entre o litígio e o território que o
legislador vai fazer prevalecer?

O legislador dividiu as causas por áreas.

Critério: foro de competência territorial

(mais aplicados)

Art.70º - foro real


Art.71º - foro obrigacional
Art.72º - foro do autor
Art.73º - foro conexional
Art.80º - foro geral

Foro real
1) qual o âmbito (a que causas se aplica o foro) - nº1
2) Qual o elemento de conexão - qual o tribunal territorialmente
competente? Lugar da situação dos bens

Foro obrigacional
- Regra: tribunal competente é do lugar do domicílio do réu
- Faculdade atribuída ao autor - é condicionada - desde que verificados
determinados requisitos: réu ser uma pessoa coletiva ou situando-se na
mesma área metropolitana do autor (de Lisboa ou do Porto). Na falta de
estipulação, aplicamos as regras supletivas do CCiv - 772º + 773º + 774º.

Art.71 nº2 - facto ilícito - tribunal correspondente ao lugar onde o facto


ocorreu

Foro do autor
- divórcio

Foro conexional
27
- honorários

Foro geral
- aplicamos quando o foro especial não se aplica.
- tribunal do domicílio do réu

Competência convencional (art.95º)


- é possível haver convenção sobre a competência mas essa possibilidade é
limitada.
- a lei não permite escolher o tribunal no que diz respeito à matéria,
hierarquia e ao valor da causa.
p.e não podemos escolher que seja o Supremo a decidir a causa quando o
competente é o Tribunal de 1º instância.
p.e fiz uma compra e venda e decidi que o Tribunal de Família vai decidir.
p.e a nossa causa embora tenha um valor de 1000€ seja julgada no central
cível.
- é possível no que diz respeito à competência territorial, salvo nos casos
previstos no art.104º nº1 al.a) do CPC.
- a convenção tem requisitos formais: por escrito.

Incompetência
Classificações:
- incompetência absoluta (art.96º) - quando os critérios que tiverem sido
violados forem: competência em razão da hierarquia, da matéria,
competência internacional e a preterição de tribunal arbitral (estabelecerem
entre si que resolveriam o litigo em tribunal arbitral e uma das partes violar
essa cláusula e a outra parte dizer que o tribunal não é competente).

Quem pode reagir e a que prazo? (art.97º):


regra geral: a incompetência absoluta é de conhecimento oficioso mas não
impede as próprias partes de levantar essa questão.
exceções: apesar de ser absoluta, não será de conhecimento oficioso quando
tiver em causa a preterição de tribunal arbitral ou violação de pacto privativo
de jurisdição.

prazo: enquanto não houver sentença com trânsito em julgado - regra


exceção (nº2): violação das regras de competência em razão da matéria que
apenas respeitem aos tribunais judiciais - até ser proferido despacho
saneador ou, não havendo, até ao início da audiência final

O Juiz, sabendo disto, quando vai decidir se o tribunal é ou não é competente?


(art.98º)
- antes de ser proferido o despacho saneador: o juiz pode conhecer
imediatamente ou reservar-se a apreciação para esse despacho;
- posteriormente: o juiz deve conhecer após a arguição;

28
Juiz declara a incompetência e o réu é absolvido da instância (art.99º).
Nº2: remeter para o tribunal competente se o réu não se opuser - pedido do
autor.

- incompetência relativa (art.102º) - quando os critérios que tiverem sido


violados forem: competência em razão do valor, território e competência
convencional.

Quem pode reagir e a que prazo? (art.103º + 104º)


A incompetência relativa, em alguns casos, é de conhecimento oficioso e
noutros não.

- incompetência relativa oficiosa: o tribunal pode invocar o problema


- incompetência relativa inoficiosa: apenas as partes podem invocar o
problema

Os foros de competência territorial cuja violação gera incompetência relativa


oficiosa são os que constam no art.104º nº1 al.a).

Também é de conhecimento oficioso a competência em razão do valor (nº2


art.104º).

São inoficiosas as competências relativas resultantes da violação de


convenção de competência prevista no art.95º e as competências territoriais
que não constem no artigo 104º nº1 al.a).

Art.103º: A incompetência relativa pode ser arguida pelo réu na primeira vez
que vem ao processo e na contestação - autor tem direito a pronunciar-se
(nº2).

Art.104º nº3: o Juiz decide a questão da incompetência até ao despacho


saneador (fase intermédia) podendo a decisão ser inserida neste sempre que
o tribunal seja competente.

Quando não há lugar ao despacho saneador: até à provação do primeiro


despacho subsequente ao termo dos articulados.

Quando o tribunal sabe que é incompetente: consequência (105º nº3):


- se o tribunal se declarar incompetente, o processo é remetido para o
tribunal competente.

Pressupostos processuais em relação ao objeto da causa:


• Aptidão da petição inicial (186º): a petição não pode ser inepta

29
• Caso julgado e a litispendência - o tribunal não se pronuncia sobre o
mérito da causa

1) Aptidão da petição inicial (art.186º)

A petição inicial tem um determinado conteúdo (art.552º). Existem aspetos


essenciais que essa petição tem de ter (causa de pedir e pedido) e serem
perceptíveis. A causa de pedir e o pedido têm de ser coerentes.

Só iniciamos o processo de maneira a que este possa avançar e nele ser


proferida uma decisão de mérito, quando a petição inicial não se considere
inepta (art.186º nº2).

Considera-se inepta:
• Não existir causa de pedido e pedido;
• Não serem inteligíveis;
• Haver contradição entre o pedido e a causa de pedir
• Cumulação de pedidos ou causas de pedir que sejam incompatíveis

Consequência: todo o processo é nulo. Volta tudo atrás.


Atenuante: art.186º nº3 - o réu percebeu o que o autor queria - vício fica
sanável.

Aquilo que é exigível ao autor levar ao processo resulta do art.5º nº1 -


descrição dos factos essenciais.

O que acontece quando ocorre esta situação?


- conhecimento oficioso: o próprio juiz levanta o problema
- o réu também pode levantar o problema na contestação

Dá-se a nulidade do processo.

Por faltarem pressupostos essenciais, vai determinar que o processo se


extinga porque não há condições para decidirem o mérito da causa.
Art.577º al.b) - exceção dilatória + 278º nº1 al.b) - gera a absolvição do réu da
instância, isto é, o tribunal extingue o processo sem conhecer do mérito da
causa.

2) Caso julgado e litispendência (art.580 a 582º)

Estas figuras impedem a repetição de causas que significa que uma


determinada causa só pode ser julgada uma única vez e que depois de ser
30
transitado em julgado, salvo em casos excecionais, fica estabilizada
(art.628º).

E se existir? Podemos ir à segunda causa repetida, invocando estes vícios.

Caso julgado: causa repetida está a acontecer depois da causa originária já ter
nela sido proferida uma decisão transitado em julgado.

Litispendência: causa anterior ainda se encontra pendente. Como se


tivéssemos dois processos em paralelo.

Se houver 2 ações, na ação repetida (2º), o réu ou o juiz deve vir invocar o
caso julgado ou a litispendência.

Quando consideramos que uma causa é repetida:


- desde que tenha os mesmos elementos essenciais (os sujeitos, o pedido e a
causa de pedir)

• Identidade dos sujeitos do ponto de vista jurídico (pode não ser a mesma
pessoa física mas sim jurídica) - 581º nº2

• Identidade de pedido quando queremos obter o mesmo efeito jurídico

• Identidade de causa de pedir quando as duas ações precedem do mesmo


facto jurídico

Quando levantamos o problema? - na causa 2 (a repetida) - 582º


- Aquela que surgiu depois da decisão transitada em julgado da primeira.
- A ação 2 é a que foi proposta em segundo lugar.

Considera-se segunda aquela em que o réu foi citado em segundo lugar. Só


quando o réu tem conhecimento (citação) da causa é que leva o problema da
repetição.

E se forem citados no mesmo dia? Outro critério:


- considera-se segunda a que deu entrada em tribunal em segundo lugar.

Consequência: gera a absolvição do réu da instância (art.577º al.i + 278º nº1


al.e).

31
Nos processos existem sempre estas duas relações:
Aspeto formal da causa

• Personalidade judiciária
• Capacidade judiciária
• Competência do Tribunal Havendo regularidade, a ação é julgada:
- procedente
- improcedente.

Pressupostos formais

Regularidade da instância (art.2º nº1 CPC)


- Se não houver regularidade da instância, o juiz encontra uma barreira não
conseguindo chegar ao aspeto material. Não conhece o mérito da causa
(debruçar sobre o motivo que levou à instauração da ação).

A partir do momento que o Tribunal


passa a ação para o aspeto material,
faz duas perguntas:
- o autor tem o direito?
- o réu é sujeito do dever
jurídico?

32
Caso prático nº1

Uma ação declarativa visa resolver um conflito de interesses existente entre


o autor e o réu que será resolvido através da declaração de uma sentença
(art.10º nº2 e nº3 CPC).
Numa ação executiva (art.10ºnº4 CPC) o tribunal irá tomar medidas para que
o devedor, de uma forma já não voluntária, proceda ao cumprimento da
obrigação. É necessária a existência de um título executivo (nº5), isto é, um
documento que certifica a existência de uma ou mais obrigações que a lei
atribui força executiva (art.703º). Podemos então já excluir a ação executiva
visto que não existe qualquer título executivo e não reveste nenhuma das
três finalidades (art.10º nº6 CPC): destinar-se ao pagamento de uma quantia
certa; exigir a entrega de uma coisa e prestação de um facto.
Bruno pode instaurar contra António uma ação declarativa de simples
apreciação negativa (art.10º nº3 al.a CPC) que pretende a declaração de
inexistência de um direito ou facto. Há uma incerteza jurídica motivada pela
arrogância extrajudicial do réu, ou seja, António afirmou que era titular de
um direito que, na perspetiva do autor, não existe. De acordo com o artigo
343º do CCiv, o autor terá de provar a arrogância extrajudicial do réu e este
de provar os factos constitutivos do seu direito.

Quanto à forma:
art.552º nº1 al.c)
art.546º nº1: é comum ou especial
art.546º nº2: é especial quando está na lei e é comum o restante
Esta ação segue a forma de processo comum, isto é, forma única (art.548º +
549º) pois não faz parte do Livro V do CPC e não preenche os 3 requisitos
para que seja seguida a forma especial (art.1º do DL nº269/98 - preambular).
Se é ação declarativa, não se aplicam os arts.550º e ss.

Caso prático nº2

Uma ação declarativa visa resolver um conflito de interesses existente entre


o autor e o réu que será resolvido através da declaração de uma sentença
(art.10º nº2 e nº3 CPC).
Numa ação executiva (art.10ºnº4 CPC) o tribunal irá tomar medidas para que
o devedor, de uma forma já não voluntária, proceda ao cumprimento da
obrigação. É necessária a existência de um título executivo (nº5), isto é, um
documento que certifica a existência de uma ou mais obrigações que a lei
atribui força executiva (art.703º). Podemos então já excluir a ação executiva
visto que não existe qualquer título executivo e não reveste nenhuma das
três finalidades (art.10º nº6 CPC): destinar-se ao pagamento de uma quantia
certa; exigir a entrega de uma coisa e prestação de um facto.
Alberto pode instaurar uma ação declarativa constitutiva (pretende
autorizar uma mudança na ordem jurídica) - art.10º nº3 al.c) - está sempre
33
associado um direito potestativo, isto é, o réu encontra-se sempre em estado
de sujeição) propriamente dita (visa a criação de uma relação jurídica).
Existe uma relação estabelecida entre Bárbara e Carlos e Alberto pretende
passar a ser ele o comprador do imóvel, por isso vai pedir o reconhecimento
do direito de preferência por mero efeito da sentença. Uma vez proferida a
sentença, os efeitos vão repercutir-se na esfera jurídica de Bárbara e Carlos.
Como estes se encontram em estado de sujeição, nada podem fazer para o
impedir.


A - credor
B - devedor
Sentença condena B no pagamento de 20.000€ -> direito subjetivo

Quando à forma:
art.552º nº1 al.c)
art.546º nº1: é comum ou especial
art.546º nº2: é especial quando está na lei e é comum o restante
Esta ação segue a forma de processo comum, isto é, forma única (art.548º +
549º) pois não faz parte do Livro V do CPC e não preenche os 3 requisitos
para que seja seguida a forma especial (art.1º do DL nº269/98 - preambular).
Se é ação declarativa, não se aplicam os arts.550º e ss.

≠ O art.1028º do Livro V do CPC serve para notificar quem tem o direito, isto
é, permite que alguém exerça esse direito.

Caso prático nº3

Álvaro pode intentar uma ação declarativa constitutiva modificativa pois


este pretende uma mudança no regime subjacente à celebração do
casamento. Mantém-se a existência da relação jurídica = relação jurídica pré-
existente.

Quando à forma:
art.552º nº1 al.c)
art.546º nº1: é comum ou especial
art.546º nº2: é especial quando está na lei e é comum o restante
Esta ação segue a forma de processo comum, isto é, forma única (art.548º +
549º) pois não faz parte do Livro V do CPC e não preenche os 3 requisitos
para que seja seguida a forma especial (art.1º do DL nº269/98 - preambular).
Se é ação declarativa, não se aplicam os arts.550º e ss.

≠ O art.994º do Livro V refere-se à separação judicial de pessoas e bens ou


divórcio por mútuo consentimento e não à separação judicial de bens como no
caso concreto.

Caso prático nº4

34
1) António instaurou uma ação declarativa de condenação. Os direitos que
são exercidos são os direitos subjetivos propriamente ditos. António pretende
um comportamento positivo da parte de José e exigiu judicialmente, num
ponto de vista subjetivo, o cumprimento da obrigação - pagamento dos
4.000€. José tem o dever jurídico de adotar o comportamento que lhe tenha
sido exigido. Pressupõe a violação do direito pois este foi apresentado como
violado.

2) A desistência (art.277º al.d) CPC) consiste numa forma de extinção da


instância. + art.283º
Diferença de desistência da instância (relação processual) da do pedido
(relação material).
O autor pretende desistir da instância. É um ato unilateral relativamente à
relação processual.

3) Análise objetiva:
Critério de verificar se existe ou não contestação. Segundo o art.286º nº1 do
CPC, a desistência da instância depende da aceitação do réu quando este
ofereça contestação (ato objetivo que leva à necessidade do réu aceitar a
desistência) ou produz efeitos de forma automática. Sendo que o réu não
ofereceu contestação, não é necessária a aceitação do mesmo.

O autor desiste da instância. O que acontece às despesas que o réu teve?

4) os mandatários podem representar as partes? Consequências que aí


advêm.
- art.277º al.d): causa de extinção da instância
- art.283º nº2: em qualquer estado da instância, é lícito transigir sobre o
objeto da causa.
- transação: acordo celebrado entre as partes em que através de cedências
mútuas, terminam o litígio.

Art.45º nº2: quando tenham uma procuração que os autorize expressamente


a praticar qualquer desses atos.
- poderes gerais: sem procuração, têm poderes gerais. Não abrange:
confissões, transigir sobre o objeto da causa, desistência do pedido.
- podes especiais: neste caso, é necessário procuração.

Art.291º nº3: observação da prática judiciária


- forma de contornar o problema: o mandatário não tem poderes especiais e
vamos dar uma chance das partes se entenderem. Notificar as partes.
O réu pode não notificar, aceitar ou nada dizer.

Quando à forma:
art.552º nº1 al.c)
art.546º nº1: é comum ou especial
art.546º nº2: é especial quando está na lei e é comum o restante

35
Esta ação segue a forma de processo comum, isto é, forma única (art.548º +
549º) pois não faz parte do Livro V do CPC e não preenche os 3 requisitos
para que seja seguida a forma especial (art.1º do DL nº269/98 - preambular).
Mesmo que se tratasse de responsabilidade contratual, tal não significava que
era emergente de contrato (2º requisito) pois a obrigação contratual surge
em função da violação do contrato.
Se é ação declarativa, não se aplicam os arts.550º e ss.

36

Você também pode gostar