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A fase intermédia apresenta três vertentes essenciais. Por um lado, é a altura adequada
para a verificação da regularidade da instância. Por outro, pode aí ser proferida decisão que
ponha termo ao processo, seja por razões formais (absolvição da instância), seja por razões
substanciais (procedência ou improcedência da ação). Além disso, quando o processo não
deva terminar aí, esta fase destina-se ao preparo da tramitação subsequente. Esta fase
contempla o despacho pré-saneador (590º nº2), a audiência prévia (591º), o despacho
saneador (595º), o despacho a identificar o objeto do litígio, os temas da prova (596º) e
ainda o despacho a programar a audiência final e a designar as respetivas datas.
Neste fase as partes apresentam os respetivos articulados (147º/1 CPC), que se tratam de
peças escritas em que formulam as suas pretensões e expõem os respetivos argumentos
perante o tribunal, definindo e delimitando os termos do litígio. A narração dos factos deve
ser feita através de proposições numeradas (artigos) segundo o nº 2 do artigo 147º, por isso
o nome de “articulados”. É suposto que os respetivos fundamentos sejam apresentados
separadamente para que a parte consiga ser, além de concisa e sintética, mais exata e clara.
Espécies de articulados:
Articulados normais: são as duas primeiras peças escritas e podem surgir em todas as
ações:
o petição inicial (552º e ss) - apresentada pelo autor, marcando o início da ação
o contestação (569º e ss) - na qual o réu apresenta/aduz a sua defesa
Com a entrada da petição inicial em juízo dá-se o início da instância (259º/1), sendo
que, sem a mesma, o processo nem sequer chega a existir, uma vez que o processo
nunca inicia sem o prévio impulso de uma das partes. A petição é a base de todo o
processo e é onde o autor irá formular a sua pretensão de tutela jurisdicional e
alegar os fundamentos de facto e de direito.
5. Elementos adicionais:
Ou seja, o autor pretende que o réu preste contas e pague o saldo que se
apurar.
Em que momento e por que meio se procede à respetiva concretização ou
liquidação?
A petição deve ser apresentada em juízo para se dar início à ação, sendo que o
recebimento da mesma pela secretaria marca o início da instância (259º/1 e 144º)
A secretaria pode recusar o recebimento da PI nos termos do artigo 558º, sendo que
trata-se de um mero controlo formal da petição, não lhe competindo qualquer tipo
de ponderação mais aprofundada. Esta recusa é um ato formal e deve ser justificada
por escrito.
Quando o autor entenda que a recusa é injustificada, o mesmo pode reclamar para
o juiz (559º/1). Se o juiz entender à reclamação, a petição considera-se recebida e a
ação segue nos seus termos. Se o juiz confirmar a recusa, o autor pode recorrer para
a Relação, ainda que o valor da causa não ultrapasse a alçada da 1ª instância
(559º/2). Havendo recusa ou confirmação judicial da mesma, o autor dispõe ainda da
possibilidade de, num prazo de 10 dias, apresentar outra petição que esteja em
condições de ser recebida, valendo como data de início da ação aquela em que foi
apresentada a primeira petição inicial (560º).
Após ser recebida, a petição inicial é apresentada à distribuição (203º). Que se trata
de uma repartição igualitária do serviço judicial que assegura a designação da
secção, da instância e do tribunal em que a ação correrá. A distribuição é feita
sequencialmente segundo as espécies indicadas no artigo 212º e é realizada
diariamente de forma automática (16º/2 da Portaria nº 280/2013)
Citação do réu
A citação é o ato pelo qual se dá o conhecimento ao réu de que foi proposta contra
ele uma determinada ação ao qual o mesmo está sendo chamado para se defender
(219º/1).
É com a citação que se concretiza a relação processual, sendo certo que a proposição
da ação só produz efeitos em relação ao réu a partir do momento da citação (259º/2)
Havendo ilegitimidade plural, a pessoa que não está na causa e deveria estar, será
chamada através da citação. Podendo ocupar tanto a posição de réu (ilegitimidade
plural passiva) como de autor (ilegitimidade plural ativa)
o Prazos
O dia em que a citação se faz não conta para efeitos da contagem de prazo (279º/b
CC). É no dia a seguir que começa a decorrer o prazo para contestar.
Contudo, se o último dia do prazo calhar num dia não útil, o prazo terminará no 1º
dia útil seguinte.
Efeitos adjetivos
Notificações
o Espécies de notificações:
Notificações avulsas – são levadas a cabo sem estarem ligadas a nenhum processo
em concreto, sendo sempre procedidas de despacho que as ordene (256º/1). Têm
relevância jurídica (ex.: interpelar para o cumprimento) e podem ser feitas por
agente de execução ou funcionário judicial (256º). São feitas na própria pessoa do
notificado e não admitem oposição (257º)
Contestação
o Modalidades:
Contestação defesa (571º) – o réu opõe-se ao pedido formulado contra si
pelo autor, apresentando meios de defesa.
Contestação reconvenção (583º) – o réu, podendo e tendo condições,
formula um pedido reconvencional contra o autor.
o Modalidades de defesa:
Por impugnação: consiste em contrariar a factualidade. O réu
contradiz os factos alegados pelo autor ou afirma que tais factos
têm um significado jurídico diferente do pretendido pelo
demandante.
De facto – em que o réu não aceita os factos articulados pelo
autor e os contraria.
Podemos subdividir em 3 modos:
A. Impugnação de facto por negação – o réu nega os
factos visados, alegando que são puramente falsos;
B. Impugnação motivada/por negação indireta – o réu
nega os factos indiretamente, apresentando uma
contraversão dos mesmos;
C. Impugnação do simples desconhecimento (574º/3) –
esta oposição consiste na declaração, feita pelo réu, de
que não sabe se determinado facto é real (desconhece o
facto). Aqui, o réu não nega propriamente o facto mas
também não o aceita como verdadeiro. Esta forma de
impugnação só é admissível quanto a factos não
pessoais ou de que o réu não deva ter conhecimento.
O réu pode aproveitar a contestação para formular pedidos contra o autor, nos
termos do 266º/1.
Logo, o valor da causa vai ser o valor do pedido deduzido pelo autor mais o valor do
pedido deduzido pelo réu contra o autor (530º/2) – somatório. Quando se procede
ao somatório, soma-se quando os pedidos são distintos (299º e 530º/3).
A reconvenção tem um caráter facultativo pois o réu pode optar entre fazê-lo valer
em reconvenção ou deduzi-lo em separado (583º e 572º/c) – deve colocar um título
a dizer “por reconvenção”.
o Revelia do Réu - Citado, o réu tanto pode contestar como também pode não o
fazer.
Face ao artigo 611º/1, impõe-se carrear para o processo tais factos através dos
articulados supervenientes, previstos nos artigos 588º e 589º. Existem diversos
momentos para a alegação destes factos.
Fase intermédia
Esta fase tem por primeiro objetivo a verificação da regularidade da instância. Sendo
detetada alguma irregularidade suscetível de sanação, promover-se-á o respetivo
suprimento. Se a irregularidade for insanável ou não for sanada, o processo termina
já nesta fase.
Quando a instância se mostrar regularizada, daí decorre que não haverá obstáculos a
que o mérito da causa seja apreciado e tal apreciação terá lugar neste momento da
instância, se houver condições para isso, ou seja, se o processo fornecer já todos os
elementos (de facto e de direito) necessários à decisão. Caso contrário, a ação
deverá prosseguir, destinando-se esta fase à preparação da tramitação subsequente.
De entre os atos ou diligências que terão lugar nesta fase processual, destacam-se o
despacho pré-saneador, a audiência prévia, o despacho saneador, o despacho
destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da prova e o
despacho destinado a programas e agendar a audiência final.
Salvo nos casos previstos no 590º/1 (intervenção liminar), o primeiro contacto do juiz
com o processo ocorre depois de apresentados os articulados.
Ato em que as partes vão ao tribunal, sendo chamadas pelo juiz para que juntos
resolvam todas as questões necessárias. No fundo, é um ato expressivo do princípio
da cooperação, pois terá de existir colaboração entre o tribunal e as partes.
O juiz tem de informar as partes do fim pelo qual está a invocar a audiência prévia.
O artigo 597º é uma regra especial para quando se fala de ações de processo comum até
15.000 €.