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Direito Processual Civil Declarativo

 Fases do Processo Declarativo Comum e a sua função

A ação declarativa esta dividida em três fases:

1. Fase Inicial – arts. 552º a 587º CPC

A fase inicial é aquela em que as partes apresentam os respetivos articulados, servindo


primordialmente para o autor formular a sua pretensão e para o réu se defender.

2. Fase Intermédia – 590º a 598º CPC

A fase intermédia apresenta três vertentes essenciais. Por um lado, é a altura adequada
para a verificação da regularidade da instância. Por outro, pode aí ser proferida decisão que
ponha termo ao processo, seja por razões formais (absolvição da instância), seja por razões
substanciais (procedência ou improcedência da ação). Além disso, quando o processo não
deva terminar aí, esta fase destina-se ao preparo da tramitação subsequente. Esta fase
contempla o despacho pré-saneador (590º nº2), a audiência prévia (591º), o despacho
saneador (595º), o despacho a identificar o objeto do litígio, os temas da prova (596º) e
ainda o despacho a programar a audiência final e a designar as respetivas datas.

3. Fase Final – 599º a 626º CPC

A fase final desdobra-se em dois momentos: a audiência final e a sentença. Na audiência


final, têm lugar os atos de produção de prova e as alegações orais dos advogados das partes
(604º). Finda a audiência, o processo é feito concluso ao juiz para a prolação da sentença
(607º).
 Fase Inicial

Neste fase as partes apresentam os respetivos articulados (147º/1 CPC), que se tratam de
peças escritas em que formulam as suas pretensões e expõem os respetivos argumentos
perante o tribunal, definindo e delimitando os termos do litígio. A narração dos factos deve
ser feita através de proposições numeradas (artigos) segundo o nº 2 do artigo 147º, por isso
o nome de “articulados”. É suposto que os respetivos fundamentos sejam apresentados
separadamente para que a parte consiga ser, além de concisa e sintética, mais exata e clara.

 Espécies de articulados:

 Articulados normais: são as duas primeiras peças escritas e podem surgir em todas as
ações:
o petição inicial (552º e ss) - apresentada pelo autor, marcando o início da ação
o contestação (569º e ss) - na qual o réu apresenta/aduz a sua defesa

 Articulado eventual: não depende da simples vontade do autor a sua utilização. A


réplica (584º) apenas pode surgir se, na contestação, o réu tiver formulado um pedido
reconvencional ou então quando trata-se de uma ação de simples apreciação negativa.
A aplicação da réplica é independente de qualquer despacho. Se apresentar réplica, a
fase inicial do processo termina. Sendo assim, a fase inicial pode terminar na petição
inicial, na contestação (que é o normal) ou na réplica.

 Articulados supervenientes: destinados a permitir trazer ao processo factos que tenham


ocorrido depois da apresentação dos articulados acima referidos, ou de que as partes só
tenham tomado conhecimento após aquela apresentação (588º e 589º).

 Articulados judicialmente provocados/estimulados: têm na sua origem um convite


feito pelo juiz da causa, quando entenda que há insuficiências ou imprecisões na
exposição ou concretização da matéria de facto alegada. A função destes é a de
completar ou corrigir os factos espontaneamente apresentados (590º nº2 b) e nº4).
I. Petição Inicial

Com a entrada da petição inicial em juízo dá-se o início da instância (259º/1), sendo
que, sem a mesma, o processo nem sequer chega a existir, uma vez que o processo
nunca inicia sem o prévio impulso de uma das partes. A petição é a base de todo o
processo e é onde o autor irá formular a sua pretensão de tutela jurisdicional e
alegar os fundamentos de facto e de direito.

A petição inicial estrutura-se em quatro partes fundamentais:

1. Endereço – Designação do tribunal e do juízo onde a ação é proposta


(552º/1/a, 1ª parte)
2. Introdução – o autor deve identificar as partes, indicando os nomes,
domicílios ou sedes e, quando possível, números de identificação civil e
fiscal, profissões e locais de trabalho (552º/1/a, 2ª parte), estado civil
das partes, se é ou não maior e forma do processo, indicando também
se a ação é comum ou especial (552º/1/c)

3. Narração – onde o autor deve expor (narrar) os factos essenciais que


constituem a causa de pedir e as respetivas razões de direito que
servem de fundamento à ação (552º/1/d). A exposição dos factos está
ligada ao artigo 5º, que versa sobre o ónus de alegação das partes (o
autor deve cumprir o ónus de alegar os factos essenciais que constituem
a causa de pedir) e os poderes de cognição do tribunal. A narração feita
pelo autor irá envolver a alegação e a descrição dos concretos factos
relativos à situação que levou o autor a pedir. Assim, será através da
demonstração destes factos em juízo que o autor poderá vir alcançar a
tutela jurisdicional desejada.

4. Conclusão – aqui dá-se a formulação do pedido, onde se expressa a


concreta tutela jurisdicional pretendida pelo autor ao propor a ação
(552º/1/e). O pedido é um elemento fundamental da petição inicial pois
é nele que se estabelecem, desde logo, os limites da sentença se a ação
vir a ser julgada procedente (609º/1). Assim sendo, o pedido deve estar
expressamente formulado na conclusão.

5. Elementos adicionais:

 A petição deve ser assinada e conter a indicação do valor da causa


(552º/1/f e 296º e ss), para saber se é necessário patrocínio
judiciário, se é admissível a recurso e as custas do processo;
 Indicação do domicílio profissional do mandatário judicial
(552º/1/b)
 Designação do agente de execução que efetuará a citação ou do
mandatário judicial que a promoverá (552º/1/g)
 O autor deverá também juntar à petição um comprovativo do
prévio pagamento da taxa de justiça ou da concessão do benefício
de apoio judiciário (552º/7)

 Modalidades do pedido (art. 552º/1/e e 553º a 557º)

a) Pedidos Fixos – Não está previsto na lei. Trata-se de um pedido fixo


quando o autor pede unicamente determinada prestação. Ex.:
Divórcio; constituição de direito de passagem; etc.
b) Pedidos Alternativos (553º) – Quando o autor pede que o tribunal
condene o réu a realizar uma ou outra prestação. Na base deste tipo
de pedido temos uma obrigação alternativa, em que o autor ficará
satisfeito (e o réu eximido da obrigação) com a realização de apenas
uma das prestações. Dois tipo de direitos alternativos:
1. Direitos que são alternativos por sua natureza ou origem
(art. 543º CC) – a obrigação nasce ou se constitui de modo
alternativo. Pode se realizar uma de duas prestações.
2. Direitos que se podem resolver em alternativa (802º e
808º CC) – ex.: impossibilidade parcial do cumprimento, em
que o credor pode resolver o negócio ou exigir o
cumprimento da parte.
Perante uma obrigação alternativa, a escolha pode pertencer ao
credor ou ao devedor:

- Quando pertence ao credor, este ou já apresenta um pedido fixo,


ou formula um pedido alternativo (neste última hipótese, caberá
ao réu escolher a prestação a efetuar)

- Se a escolhe pertencer ao devedor, aplica-se o mesmo regime.

Porém, em exceção ao princípio do dispositivo (608º), o juiz pode


condenar em objeto diverso daquele que foi peticionado (553º/2)

Art. 297º/3 – critério de desempate: atende-se ao pedido de maior


valor

c) Pedidos Cumulativos (555º) – Aqui, o autor irá no mesmo processo,


deduzir cumulativamente vários pedidos contra o mesmo réu,
querendo obter ao mesmo tempo (e no mesmo processo) todas as
pretensões formuladas. A cumulação de pedidos tanto pode respeitar
a relações jurídicas diferentes (pedidos cumulados são autónomos)
ou respeitar à mesma relação jurídica (havendo pedidos principais e
acessórios).
A cumulação irá depender da compatibilidade entre os pedidos, da
identidade da forma do processo de cada um e da identidade do juízo
competente para deles conhecer (37º). Devendo ser compatíveis
substancialmente (186º/2/c).
A cumulação não será possível se a todos os pedidos não
corresponder a mesma forma do processo. Logo, a lei não permite
que a um dos pedidos corresponde um processo comum e a outro
um processo especial ou a um deles um processo especial e a outro
um processo especial distinto do primeiro.
A cumulação é admitida desde que o tribunal onde a ação é proposta
tenha competência absoluta (competência internacional, material e
hierárquica) para conhecer de todos os pedidos.

d) Pedidos Genéricos (556º) – Em regra, o pedido deve ser apresentado


sob forma específica, porém quando tal não é possível, a lei permite
as prestações genéricas. Assim sendo, as prestações genéricas
servem para os casos em que não é possível determinar, do ponto de
vista qualitativo ou quantitativo, o que o autor pretende. A lei prevê 3
situações:
1. Quando a ação tenha por objeto mediato uma
universalidade de facto ou de direito (al. a)
2. Quando, no momento da propositura da ação, não é
ainda possível fixar de modo definido as consequências
do facto ilícito – âmbito da responsabilidade civil (al. b)
Ex.: A sofre um acidente de trabalho e instaura uma ação, mas
no momento dessa não sabe qual é o seu grau de incapacidade.
Pede a condenação da ré no montante que vier a ser apurado.
3. Quando a fixação do quantitativo estiver dependente de
prestação de contas ou de outro ato que deva ser
praticado pelo réu (al. c)

Ou seja, o autor pretende que o réu preste contas e pague o saldo que se
apurar.
Em que momento e por que meio se procede à respetiva concretização ou
liquidação?

1º Momento – quando se descobre o valor a meio de uma fase, temos de


usar o 358º, ou seja, apresentamos a petição inicial com um pedido
genérico e antes de liquidar e se tivermos condições para tornar líquido o
pedido genérico, a liquidação ocorre antes da sentença.

2º Momento – quando não se descobriu ainda o valor, temos uma sentença


de condenação genérica (a sentença tem um conteúdo idêntico ao do
pedido). Aqui, a liquidação ocorre após a prolação de sentença: quando
houver os dados necessários à liquidação (609º/1)
e) Pedidos de prestações vincendas (557º) – A normalidade é deduzir-
se os pedidos quando a prestação é vencida. Logo, estes pedidos são
uma exceção pois o autor pede a condenação do réu no
cumprimento de prestações futuras, isto é, de prestações ainda não
vencidas e, em princípio, inexigíveis. Casos em que ocorre:
 Quando devedor estiver obrigado a efetuar prestações
periódicas e deixa de cumprir alguma delas (nº1).
Ex.: o pagamento de rendas
 Quando a falta de título executivo na data de vencimento da
obrigação possa causar prejuízo ao credor. A lei exemplifica
com o caso em que se pretende obter despejo de um prédio
no momento em que findar o arrendamento e noutros casos
(nº 2).

 Apresentação da Petição Inicial e atos subsequentes

A petição deve ser apresentada em juízo para se dar início à ação, sendo que o
recebimento da mesma pela secretaria marca o início da instância (259º/1 e 144º)

A secretaria pode recusar o recebimento da PI nos termos do artigo 558º, sendo que
trata-se de um mero controlo formal da petição, não lhe competindo qualquer tipo
de ponderação mais aprofundada. Esta recusa é um ato formal e deve ser justificada
por escrito.

Quando o autor entenda que a recusa é injustificada, o mesmo pode reclamar para
o juiz (559º/1). Se o juiz entender à reclamação, a petição considera-se recebida e a
ação segue nos seus termos. Se o juiz confirmar a recusa, o autor pode recorrer para
a Relação, ainda que o valor da causa não ultrapasse a alçada da 1ª instância
(559º/2). Havendo recusa ou confirmação judicial da mesma, o autor dispõe ainda da
possibilidade de, num prazo de 10 dias, apresentar outra petição que esteja em
condições de ser recebida, valendo como data de início da ação aquela em que foi
apresentada a primeira petição inicial (560º).

Após ser recebida, a petição inicial é apresentada à distribuição (203º). Que se trata
de uma repartição igualitária do serviço judicial que assegura a designação da
secção, da instância e do tribunal em que a ação correrá. A distribuição é feita
sequencialmente segundo as espécies indicadas no artigo 212º e é realizada
diariamente de forma automática (16º/2 da Portaria nº 280/2013)

Realizada a distribuição, procede-se à autuação do processo, nele se integrando a


petição inicial e os documentos que a acompanham. Este ato já é levado a cabo pela
secretaria judicial correspondente à secção, instância ou tribunal designados.
Excecionalmente, o juiz pode ter intervenção durante esta parte do processo,
quando existe despacho liminar (590º). Assim, apresentada a petição inicial, o
processo é submetido a despacho liminar e há intervenção do juiz. Sendo esta, a
única possibilidade de o juiz intervir na fase inicial do processo pois a normalidade é
a fase inicial ser uma atividade exclusiva das partes.

O despacho liminar pode dever-se a duas razões:

® Quando o pedido seja manifestamente improcedente;


® Quando se mostrem violados pressupostos processuais em termos de
gerar exceções dilatórias insuscetíveis de sensação e de que o juiz possa
conhecer oficiosamente.

 Citação do réu

Após a receção da petição inicial e cumpridas as formalidades introdutórias da


instância, o processo está em condições de seguir os seus trâmites. Por regra, o
primeiro ato processual a se realizar será a citação do réu.

Segundo os artigos 562º e 226º/1, compete à secretaria promover oficiosamente as


diligências adequadas para regular a citação do réu.

A citação é o ato pelo qual se dá o conhecimento ao réu de que foi proposta contra
ele uma determinada ação ao qual o mesmo está sendo chamado para se defender
(219º/1).

Com a citação, assegura-se o cumprimento do princípio do contraditório e o inerente


exercício do direito de defesa, devendo o réu ser advertido da consequência da falta
de contestação (563º).

É com a citação que se concretiza a relação processual, sendo certo que a proposição
da ação só produz efeitos em relação ao réu a partir do momento da citação (259º/2)

Contudo, a citação não é um ato próprio e exclusivo destinado ao réu. Segundo a 2ª


parte do 219º, pode se chamar outra pessoa sem ser o réu.

Havendo ilegitimidade plural, a pessoa que não está na causa e deveria estar, será
chamada através da citação. Podendo ocupar tanto a posição de réu (ilegitimidade
plural passiva) como de autor (ilegitimidade plural ativa)

Já a notificação (219º/2) é utilizada para chamar testemunhas e peritos à ação, sendo


estes nunca chamados por meio de citação. Além disto, estas destinam-se a dar
conhecimento de um facto constante na ação.
o Elementos essenciais do ato de citação

No ato de citação, devem ser disponibilizados ao réu o seguinte:


 Duplicado da petição inicial e as cópias dos documentos que a
acompanham;
 Tribunal, juízo, secção e número do processo para o qual é citado;
 Prazo que dispõe para contestar e as respetivas cominações em
que incorre se não contestar (219º/3 e 227º);
 Da necessidade ou não de constituir mandatário judicial.

o Modalidades da citação (225º)

Citação de pessoas singulares:

 Pessoal: a citação pessoal é a que é feita ou se


considera feita na própria pessoa do citando, pelos
seguintes modos:

a) Por transmissão eletrónica de dados (225º/2/a);

b) Pelo correio, através de carta registada com aviso de


receção, seu depósito ou certificação da recusa de
recebimento (225º/2/b, 228º e 229º)

 A citação pelo correio faz-se por carta registada com aviso de


receção, dirigida ao réu e endereçada para a sua residência ou
local de trabalho, acompanhada de todo os elementos do
artigo 227º e 228º/1.
 Quando a carta é entregue para a pessoa do réu, fica logo aí
assegurado o seu próprio conhecimento.
 No entanto, a lei permite que em determinados casos, a a
carta seja entregue a “qualquer pessoa” que se encontre na
residência ou no local de trabalho do citando e que declare
encontrar-se em condições de a entregar prontamente ao
citando (288º/1/2/4 e 225º/4).
 No termos do artigo 230º/1, a citação feita nestes modos
considera-se efetuada no dia em que se mostre assinado o
aviso de receção, mesmo que o mesmo tenha sido assinado
por terceiro, havendo a presunção de que a carta fora
prontamente entregue ao destinatário.
 Caso não seja possível a entrega da carta para citação, o artigo
228º/5 estabelece que o distribuidor do serviço postal deve
deixar um aviso ao destinatário com menção do tribunal de
onde provém e do processo a que respeita, ficando a carta
durante 8 dias a dispor do citando para ser levantada no
respetivo estabelecimento postal.
 Se não for possível deixar um aviso ao citando, o distribuidor
postal lavra nota dessa circunstância e devolve o expediente
ao tribunal. Podendo ocorrer uma das seguintes situações
previstas nos artigos 228º/8, 236º/1 e 228º/9.
 Ver figura do domicílio convencionado (229º)
 Caso o citando recuse a assinatura do aviso de receção ou o
recebimento da carta, o distribuidor postal lavra nota do
incidente antes de devolver a carta ao tribunal, mas a citação
neste caso considera-se feita em face da certificação da
ocorrência (229º/3).
 Casos em que o expediente tenha sido devolvido por não ter
ocorrido o levantamento da carta no estabelecimento postal
dentro do prazo legal, por ter sido recusada assinatura do
aviso de receção ou por ter sido recusado o recebimento por
pessoa diversa do citando (228º/2). A citação será repetida
com envio de nova carta registada com aviso de receção ao
citando com a advertência da cominação prevista no 230º/2
(229º/4) – depósito.
 Depois da citação corre o prazo perentório para contestar
(139º/2 e 142º) e além desse terá uma dilação de 30 dias
(245º/3)

c) Por contato pessoal do agente de execução ou do


funcionário judicial com o citando (225º/2/c, 231º e 232º)
ou por mandatário judicial (225º/3, 237º e 238º)

 Este tipo de citação tem caráter residual pois, em princípio, só


ocorrerá quando se frustre a citação por via postal ou quando
o autor assim o requer.
 Este contato pessoal é realizado, em regra, por agente de
execução (231º/1) ou funcionário judicial (225º/2º/c) a quem
compete transmitir ao citando os elementos referidos no
artigo 227º, elaborando e entregando ao citando nota com
tais indicações (nº 2) em conjunto com o duplicado da petição
inicial e cópias do documentos que a acompanhem, lavrando,
por fim, certidão que será assinada pelo citado (nº 3)
 A citação promovida por mandatário judicial (237º e 238º)
também constitui uma forma de citação por contato pessoal,
sendo que esta forma exige indicação na petição inicial
(225º/2/c + 225º/3 + 225º/5)
 Se não encontrar a pessoa, deve saber se ela realmente vive
naquele local.
 Se sim, passamos a citação com data e hora certa: deve deixar
no local a indicação de que lá esteve e que irá voltar no dia X à
hora Y. Estando essa figura regulada no artigo 232º.

 Citação Edital: tem lugar apenas quando o citando se encontre em


parte incerta (236º) como também quando seja incertas as
pessoas a citar (225º/6) – prevista nos artigos 240º a 244º

 Deve-se requerer que seja ordenada a citação edital. A mesma


só é feita através de anúncio quando o juiz a promove
 Uma vez que não é possível o conhecimento pessoal do
citando em relação a existência da ação, recorre-se à afixação
de edital na porta da casa da última residência ou sede que o
citando teve no país e à publicação de anúncio em página
informática de acesso público (240º)
 O teor do edital é especificado no artigo 241º/1.
 O número 2 do referido artigo estabelece que o anúncio
reproduz o teor do edital e menciona o local da respetiva
afixação
 Nos termos do artigo 242º/1, a citação considera-se feita no
dia em que se publique o anúncio, sendo que desse dia corre
o prazo da dilação, logo seguido do prazo para contestar,
como refere o número 2 do mesmo artigo.

o Prazos

 Uma característica importante da citação é que para cada modalidade de citação,


tem de reconhecer o momento em que a outra parte foi citada para começar a
decorrer o prazo da contestação que são os 30 dias a contar da citação no que diz
respeito às ações que seguem a forma comum (569º)

 Já em relação às ações que seguem a forma especial, o prazo é de 15 dias se o valor


da ação não ultrapassar a alçada do tribunal da 1ª instância (5.000€)

 Se ultrapassar a alçada do tribunal da 1ª instância, o prazo aumenta para 20 dias


(1º/2 do DL 269/98, anexo). O artigo 4º do mesmo DL não admite acréscimos de
dilações.

 Os prazos são contados seguidos, ou seja, os fins de semana e feriados são


contabilizados (regra de continuidade dos prazos – artigo 138º).

 Porém, sofrem suspensões nas férias judiciais (28º da Lei 62/2013).

 O dia em que a citação se faz não conta para efeitos da contagem de prazo (279º/b
CC). É no dia a seguir que começa a decorrer o prazo para contestar.
 Contudo, se o último dia do prazo calhar num dia não útil, o prazo terminará no 1º
dia útil seguinte.

o Efeitos da citação (564º)

 Efeitos substantivos ou materiais

a. Fazem cessar a boa fé do possuidor contra quem tenha sido proposta a


ação tendente (564º/a)
b. Interrompe a prescrição (323º, 303º, 327º CC)
c. Nas obrigações puras (sem prazo), vale como interpelação, gerando o
vencimento da obrigação e constituindo o devedor em mora a partir
desse momento (805º/1 CC)

 Efeitos adjetivos

a. A citação torna estáveis os elementos essenciais da causa – sujeito,


pedido, causa de pedir (564º/b) – principio da estabilidade
b. Inibição que resulta para o réu de propor contra o autor uma ação
destinada a apreciar a mesma questão jurídica (564º/c). Evitando
repetição da causa. Se isso ocorrer, estamos perante a figura da
litispendência (580º a 582º)

Citação de pessoas coletivas (246º + 223º/3):

 O artigo 246º nos manda observar as disposições relativas à citação de pessoas


singulares (nº 1).
 A carta para citação prevista no artigo 228º/1 deve ser endereçada para a sede da
citanda inscrita no ficheiro central de pessoas coletivas do Registo Nacional de
Pessoas Coletivas (nº 2), sendo que o recebimento da carta pode ser feito tanto por
representante legal como por funcionário da citanda.
 Em caso da recusa da assinatura do aviso de receção ou de recebimento da carta, o
distribuidor postal lavra nota do incidente antes de devolver a carta, considerando-
se efetuada a citação em face da certificação dessa ocorrência (nº 3).
 Se o expediente relativo à citação for devolvido por qualquer outra circunstância,
repete-se a citação nos termos fixados pelo artigo 246º/4

Citação Urgente (561º):


 Esta citação tem prioridade sobre as restantes.
 O pedido de citação urgente deverá ser formulado pelo autor na petição inicial,
implicando que tal peça seja apresentada a despacho judicial, cabendo ao juiz
determinar a urgência da citação quando considere justificado o requerimento do
autor.

 Notificações

As notificações são atos de comunicação dentro do processo (219º/2)

o Espécies de notificações:

 Notificações dependentes – surgem a propósito de processos já pendentes. Podem


destinar-se às próprias partes, seja para lhes dar conhecimento de determinado
facto ou até mesmo para as chamar a juízo para praticar certos atos. Estas
notificações podem ainda dirigir-se a intervenientes acidentais (ex.: testemunhas),
sendo feitas por meio de aviso expedido por correio registado, indicando-se a data,
o local e o fim da comparência (251º/2).
Dentro destas temos:
 Notificações da secretaria (220º e 247º): vai comunicar às partes
os atos praticados pelo Tribunal ou que resulte da lei sem que seja
necessária a intervenção das partes
 Notificações entre os mandatários (221º e 255º): todas as peças
escritas apresentadas nos autos após a notificação da contestação
do réu ao autor devem ser notificadas pelo mandatário da parte
apresentante ao mandatário da contraparte, notificação que deve
ser feita por via eletrónica.

 Notificações avulsas – são levadas a cabo sem estarem ligadas a nenhum processo
em concreto, sendo sempre procedidas de despacho que as ordene (256º/1). Têm
relevância jurídica (ex.: interpelar para o cumprimento) e podem ser feitas por
agente de execução ou funcionário judicial (256º). São feitas na própria pessoa do
notificado e não admitem oposição (257º)

Por regra só se notifica o mandatário (247º/1).

No entanto, tratando-se de notificação para chamar a parte a juízo para prática de


um ato pessoal, além de ser notificado o mandatário é também expedido um aviso
postal registado à própria parte, dando-lhe conta da data, do local e do fim da
comparência (247º/2)

Em que dia se considera notificado? – O sistema informático deve certificar a data da


elaboração da notificação, presumindo-se esta feita no terceiro dia posterior ao da
elaboração ou no primeiro dia útil seguinte a esse (quando o 3º dia não seja útil –
248º + 249º/1) – essa regra aplica-se aos dois casos da notificação.

 Contestação

A citação visa garantir o contraditório e permitir ao réu a apresentação da sua defesa


(219º/1). Tal defesa é feita, em regra, na peça processual denominada contestação.

Em certas circunstâncias, o réu pode ainda aproveitar a contestação para deduzir


pedidos contra o autor (pedido reconvencional), este por regra é facultativo. A partir
do momento da citação, o réu tem 30 dias para contestar.

Distingue-se, dentro da contestação, a defesa propriamente dita e a reconvenção:

o Modalidades:
 Contestação defesa (571º) – o réu opõe-se ao pedido formulado contra si
pelo autor, apresentando meios de defesa.
 Contestação reconvenção (583º) – o réu, podendo e tendo condições,
formula um pedido reconvencional contra o autor.

o Modalidades de defesa:
 Por impugnação: consiste em contrariar a factualidade. O réu
contradiz os factos alegados pelo autor ou afirma que tais factos
têm um significado jurídico diferente do pretendido pelo
demandante.
 De facto – em que o réu não aceita os factos articulados pelo
autor e os contraria.
Podemos subdividir em 3 modos:
A. Impugnação de facto por negação – o réu nega os
factos visados, alegando que são puramente falsos;
B. Impugnação motivada/por negação indireta – o réu
nega os factos indiretamente, apresentando uma
contraversão dos mesmos;
C. Impugnação do simples desconhecimento (574º/3) –
esta oposição consiste na declaração, feita pelo réu, de
que não sabe se determinado facto é real (desconhece o
facto). Aqui, o réu não nega propriamente o facto mas
também não o aceita como verdadeiro. Esta forma de
impugnação só é admissível quanto a factos não
pessoais ou de que o réu não deva ter conhecimento.

 De direito – em que o réu invoca que dos factos não emergem


os efeitos jurídicos que o autor pretende mas sim outros.
Portanto, em qualquer uma das espécies da impugnação, o réu
manifesta a sua oposição frontal e a sua discordância perante a
petição do autor, tendo sempre em vista a sua absolvição total
ou parcial do pedido por força da improcedência, total ou
parcial, da ação.

Se o réu conseguir afastar os factos que o autor alega e, por sua


vez, este não conseguir prová-los, o réu é absolvido do pedido.

 Por exceção: aqui o réu aceita a narração fáctica apresentada pelo


autor. Porém, faz chegar ao processo novos factos suscetíveis de
gerar a sua absolvição da instância (ou a remessa do processo para
outro Tribunal) ou de impedir, modificar e extinguir o direito que o
autor pretende fazer valer com a propositura da ação (576º)
 Exceções dilatórias (577º) – são aquelas que fazem com que o
Tribunal não conheça o mérito da causa, dando lugar à
absolvição do réu da instância (278º) ou à remessa dos autos
para outro Tribunal (576º/2), consistindo na arguição de
quaisquer irregularidades ou vícios de caráter processual. Por
regra, o réu é absolvido da instância.
Estas exceções são de conhecimento oficioso, ou seja, o
tribunal deve se aperceber e apontar estas falhas (578º)

 Exceções perentórias (571º/2 e 576º3) – a defesa por exceção


perentória consiste na alegação de factos impeditivos,
modificativos ou extintivos do efeito jurídico visado pelo autor,
tendo como consequência a absolvição, total ou parcial, do
pedido. Estas dividem-se em:
A. Exceções perentórias impeditivas – factos que uma vez
provados vão determinar que o direito que o autor
pretendia fazer valer nunca chegou a constituir-se (ex.:
coação, dolo, erro, simulação, ilicitude, etc)
B. Exceções perentórias modificativas – factos que uma
vez provados vão determinar que o direito que o autor
pretendia fazer valer se esgotou (ex.: mudança de lugar
de uma servidão)
C. Exceções perentórias extintivas – factos que uma vez
provados vão determinar que o direito que o autor
pretendia fazer valer se extinguiu (ex.: pagamento,
prescrição, caducidade, renúncia, condição resolutiva,
etc)

A procedência destas exceções dá lugar à absolvição, total


ou parcial, do pedido (571º/2).
As exceções perentórias são de conhecimento oficioso
quando a lei não afirma que são dependentes da vontade
do interessado. Por exemplo:
1. A prescrição (303º CC) e a anulabilidade (287º) não
são de conhecimento oficioso
2. As nulidades (286º), o pagamento, a novação e a
dação são de conhecimento oficioso.

o Princípios estruturantes da defesa

 Concentração da defesa na contestação – o réu deve esgotar todos


os seus argumentos defensivos na contestação. Associado a este
princípio temos o princípio da preclusão e o da eventualidade:
 Princípio da preclusão – deste princípio resulta que todos os
meios de defesa não invocados pelo réu na contestação ficam
prejudicados, não podendo ser alegados mais tarde
 Princípio da eventualidade – significa que o réu tem de dispor
todos os seus argumentos defensivos de maneira a que cada um
deles seja atendido no caso (ou na eventualidade) de qualquer dos
anteriores improceder.

A regra da concentração da defesa na contestação conhece


algumas limitações (573º). Que reconduzem-se em duas espécies:

 Defesa separada (573º/1 parte final, 121º e 122º) – aquela que,


por imposição legal, deve ser deduzida no prazo da contestação
mas fora desta é, em si, separada.
 Defesa posterior – pode ser deduzida após a apresentação da
contestação e tem 3 modalidades:
A. Defesa superveniente (573º/2, 588º, 589º) – defesa
fundada em factos objetiva ou subjetivamente
supervenientes;
B. Defesa autorizada por lei – tais como a incompetência
absoluta (97º), a declaração de impedimento do juiz
(116º/1), a falta de citação do réu ou do MP (187º e
198º/2) e a falta de vista ou exame ao MP (194º e 198º/2);
C. Defesa oficiosa – integram-se todos aqueles meios
defensivos de que o tribunal pode conhecer oficiosamente.
É o que se verifica com quase todas as exceções dilatórias
(578º) e com uma parte da exceções perentórias.

 Ónus de impugnação – outro princípio a ter em atenção na defesa


do réu é o ónus de impugnação (574º/1). O réu não pode remeter-
se a uma atitude passiva, não pronunciando-se sobre os factos
articulados pelo autor, devendo impugnar os factos que não
reconheça ou não aceite.
Se o réu não tomar uma atitude em relação a estes factos, entende-
se que os admite como exatos (574º/2, 1ª parte). A falta de
impugnação implica a admissão esses factos por acordo (confissão
tácita), o que conduzirá a que os mesmos sejam tidos assentes e
provados nos autos.

O ónus de impugnação está sujeito a algumas alterações. Desta


forma, apesar de não impugnados, não se têm admitidos por acordo
os factos que se encontrem em manifesta oposição com a defesa
considerada no seu conjunto, os factos sobre os quais não seja
admissível confissão e, ainda, os factos que só possam ser provados
por documento escrito (574º/2, 2ª parte).

o Contestação reconvenção (583º e 266º)

O réu pode aproveitar a contestação para formular pedidos contra o autor, nos
termos do 266º/1.

Estaremos então, perante a figura da reconvenção, na qual o réu (reconvinte), sendo


titular de uma pretensão autónoma contra o autor (reconvindo), a faz valer nesse
processo, havendo assim, uma inversão de posições das partes.

Logo, o valor da causa vai ser o valor do pedido deduzido pelo autor mais o valor do
pedido deduzido pelo réu contra o autor (530º/2) – somatório. Quando se procede
ao somatório, soma-se quando os pedidos são distintos (299º e 530º/3).

Não se considera distinto o pedido quando a parte pretenda conseguir, em seu


benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se propõe a obter (530º/3). Ex.:
discussão de um direito de propriedade a favor do autor mas o réu quer que esse
direito de propriedade seja reconhecido a favor dele, etc.

A reconvenção tem um caráter facultativo pois o réu pode optar entre fazê-lo valer
em reconvenção ou deduzi-lo em separado (583º e 572º/c) – deve colocar um título
a dizer “por reconvenção”.

Esta faculdade reconhecida ao réu está sujeita a certos limites e à observância de


determinados requisitos.

 Requisitos objetivos/substanciais da reconvenção – estes


requisitos respeitam à natureza da reconvenção, exigindo a lei que
entre o pedido original e o pedido reconvencional se verifique uma
determinada conexão. Esta matéria está regulada no artigo 266º/2
que indica, nas suas alíneas, os casos em que o réu pode deduzir
pedidos contra o autor.
A. O pedido reconvencional encontra a sua base de sustentação
num facto jurídico que faz já parte do processo, pois foi para aí
levado pelas alegações do autor, a petição ou do próprio réu,
na defesa.
B. Quanto às benfeitorias e despesas mencionadas nesta alínea, o
pedido reconvencional pode surgir, por exemplo, numa ação de
reivindicação de um prédio se o réu, que nele fez obras de
conservação, pretender o respetivo reembolso ou se for pedida
a restituição de uma coisa depositada e o réu depositário
pretender que o depositante (autor) lhe pague as despesas de
conservação da coisa.
C. A presente alínea regula as condições em que o réu,
demandado para o pagamento de certa quantia em dinheiro, se
afirma simultaneamente credor do autor e pretende ver
reconhecido o seu próprio crédito na mesma ação. Em função
do montante do contracrédito por si invocado, no confronto
com o crédito do autor, pode o réu obter dois tipos de efeitos:
 Obter a compensação quando o seu contracrédito
seja igual ou inferior ao crédito do autor e assim, a
sua absolvição total ou parcial do pedido
 Obter a condenação (condenação efetiva) do autor
no pagamento do valor correspondente ao
excesso, quando o seu contraditório excede o
crédito do autor.
D. Instaurada a ação pelo autor com determinado objetivo, o réu
não só se defende do pedido, impugnando ou excecionando,
como, em manifesta atitude de contra-ataque, formula uma
pretensão autónoma cujo conteúdo corresponde precisamente
ao pedido do autor, se bem que em sentido inverso.

 Requisitos processuais/formais da reconvenção (266º/2 e 3 + 93º)


– o regime processual a que se sujeita tal pedido do réu há de ser
idêntico, seja apresentado em reconvenção seja em ação própria.
Ou seja, para deduzir o seu pedido em ação própria, ele teria de
observar todos os requisitos técnicos que a lei exige para que se
possa obter uma decisão de mérito, isto é, teria de respeitar todos
os pressupostos processuais.
Para a reconvenção ser admitida, é necessária a verificação de
certos requisitos de ordem processual:
 Competência do tribunal (93º/1) – o tribunal onde o processo
está pendente deve se revelar competente para conhecer também
da questão reconvencional (matéria, hierárquica e nacionalidade).
A lei dispensa a competência em razão do território e do valor
mas, se por ventura o valor aumentar há uma remessa (93º/2)
 Forma do processo (266º/3) – exige-se que ao pedido original e ao
pedido reconvencional corresponda a mesma forma processual.
Este requisito visa impedir que o enxerto da ação reconvencional
no processo pendente possa causar perturbações e embaraços à
sua normal e previsível tramitação. Portanto, se estivermos numa
ação comum, é admissível reconvenção se a esta couber
igualmente a forma comum de processo. Se a ação for de forma
especial, só é admissível reconvenção se a esta lhe corresponder a
mesma forma especial e não outra forma especial diferente ou
uma forma comum. Exceção: se o juiz autorizar - coligação (37º/2
e 3) Não havendo os requisitos do 377º, o juiz rejeita por
indeferimento do pedido.

A improcedência da ação e a absolvição do réu da instância não obstam à apreciação


do pedido reconvencional, a não ser que este seja dependente do pedido do autor,
tal como estabelece o 266º/6

O autor, perante o pedido reconvencional, irá apresentar a sua defesa através da


réplica (584º/1). Porém, nem sempre é possível, logo:

 Se o réu se defende por impugnação, o autor não tem palavra


porque não há factos novos;
 Se o réu se defende por exceção (dilatória ou perentória), dá-se a
palavra ao autor porque há factos novos (3º/4) – audiência prévia,
 Se o réu se defendeu por exceção/impugnação e ainda por
reconvenção, o autor tem direito a apresentar a sua defesa na
réplica (584º)

o Estrutura e conteúdo da contestação – a contestação inclui o introito, a


narração e a conclusão (572º)

 No introito, o réu deve dirigir a contestação ao tribunal em que


pende a ação, individualizando o processo pelo respetivo número,
indicando ainda os nomes das partes, uma vez que o resto dos
elementos já se encontram na petição inicial;
 A narração inclui três possíveis vertentes:
 O réu expõe as razões de facto e de direito pelas quais se opõe à
pretensão do autor – corresponde à defesa por impugnação. A
narração respeita à exposição dos factos essenciais em que se
baseiam as exceções deduzidas (5º/1). A parte relativa aos
fundamentos da reconvenção que o réu deduza contra o autor.
 Em relação à defesa por exceção, é necessário destacar o artigo
572º/c que se traduz no ónus de o réu especificar separadamente
as exceções deduzidas, com a cominação de os respetivos factos
não se considerem admitidos por acordo em caso de falta de
impugnação. Do que se trata é de evitar que o réu dissemine pela
contestação, defesa por impugnação e defesa por exceção, com
risco de o autor não se aperceber de eventuais exceções
deduzidas. O réu tem de especificar separadamente as exceções
que deduza, para então ser possível ao autor ficar ciente de cada
exceção invocada e optar conscientemente entre impugnar os
respetivos factos ou deixar de o fazer.
 No que respeita à reconvenção, nesta parte a contestação toma
uma forma quase de uma petição inicial. O artigo 583º/1
estabelece que a reconvenção deve ser expressamente
identificada e deduzida separadamente na contestação e estatui
que o reconvinte deve expor os respetivos fundamentos nos
termos do 552º/1/d
 A conclusão representa o corolários lógico das alegações feitas na
narração, isto é, o réu deve aí retirar as consequências daqueles
argumentos.

 O réu não tem de indicar qualquer valor na contestação, salvo se


não concordar com o valor atribuído pelo autor à ação, podendo
então impugná-lo desde que ofereça outro valor em substituição
daquele (305º/1)

 As coisas são diferentes se o réu tiver formulado um pedido


reconvencional, caso em que deve declarar o valor da reconvenção
(583º/2). Uma vez que esta é uma pretensão autónoma que
corresponde a uma ação própria e o 296º/1 prescreve que a toda a
causa deve ser atribuído um valor certo. A questão do valor da
reconvenção é importante para os efeitos do 299º, pois este valor
pode acrescer ao da causa. Se o réu não indicar o valor do seu
pedido reconvencional, a secretaria não deixa de receber a
contestação, porém o reconvinte é convidado a indicar tal valor, sob
pena de a reconvenção não ser atendida (583º/2 parte final).

 A contestação deve ser redigida sob a forma articulada (147º/2)

 Há contestação por simples junção de documentos quando o réu,


no prazo da contestação, apresenta através de requerimento,
documentos dos quais resultam os factos que constituem a sua
defesa. Embora o código não lhes faça menção, é de admitir este
tipo de contestação.

 Importa definir os termos em que o réu deve organizar todas as


matérias que pretenda expor. Nos termos do 572º/c), as exceções
devem ser especificadamente separadas e, nos termos do 583º/1, a
reconvenção deve ser expressamente identificada e
discriminadamente deduzida na contestação. Em virtude da
necessidade de separar as matérias, deverá então usar-se um
critério de lógica e de boa arrumação processual.

 O lógico é que o réu comece por se defender, até porque esta é a


primeira e principal função que desempenha a contestação, ao que
acresce a circunstância de nem sempre ser possível reconvir.

 Dentro da defesa, o réu deve começar pela alegação das exceções


dilatórias, uma vez que a sua procedência inibe o juiz de conhecer
do mérito da causa.

 Depois, já no âmbito da defesa que respeita ao mérito da causa,


onde figuram as exceções perentórias e a impugnação, o que se
recomenda é que o réu comece por fazer frente à ação,
contradizendo os factos alegados pelo autor ou o efeito jurídico que
este pretende deles retirar. É aconselhado que principie pela
impugnação.

 Em seguida, deve o réu invocar as exceções perentórias que possa


opor à pretensão do autor. Na verdade, se o réu está em condições
de impugnar e excecionar perentoriamente, é mais lógico que
comece pela impugnação. Isto porque, ao impugnar, o réu contraria
a tese do autor, não a aceitando no todo ou em parte, o que
significa que repudia os factos com base nos quais o autor formula o
seu pedido.

 Em contrapartida, a defesa por exceção perentória tem outro


conteúdo. Embora admita os factos apresentados pelo autor, o réu
lança mão de outros (novos) factos que têm por consequência
impedir, modificar ou extinguir o efeito jurídico daqueles invocados
pelo demandante.

 Assim, antes de averiguar se o direito do autor se modificou ou


extinguiu, é conveniente apurar se ele se chegou a constituir e em
que termos. O mesmo é dizer que, no âmbito das exceções
perentórias, devem ser alegadas, primeiramente, as impeditivas,
depois as modificativas e, por fim, as extintivas.

 Depois de todas as alegações defensionais deve, então, ser


articulada a matéria relativa ao pedido reconvencional.

 Ficará ao critério do contestante a organização da sua peça, quer


começando por expor todos os fundamentos da defesa e da
reconvenção, para então formular a conclusão, quer expondo a
defesa e a respetiva conclusão, e, depois, a reconvenção e o
correspondente pedido.

 De qualquer maneira, mostra-se bem mais adequado que a


contestação contenha apenas uma narração e uma só conclusão.

 Os pedidos do réu, na conclusão da contestação devem ser


formulados segundo a ordem da exposição dos respetivos
argumentos na narração. Assim, supondo que a contestação alberga
todas as matérias, deve pedir- se:

 A procedência das exceções dilatórias e a consequente


absolvição do réu da instância;
 Que seja atendida a impugnação e, por isso, o réu absolvido do
pedido (pela improcedência da ação);
 A procedência das exceções perentórias e, consequentemente, a
absolvição do réu do pedido;
 A procedência da reconvenção e, na sequência disso, a
condenação do autor reconvindo; se a reconvenção tiver por
base um crédito invocado pelo réu sobre o autor e o respetivo
montante não exceder o do crédito deste, o pedido a formular
pelo réu deverá ser no sentido de operar a compensação e de,
em função da medida desta, ser absolvido do pedido total ou
parcialmente; se o crédito assim invocado pelo réu exceder o do
autor, o réu pedirá ainda a condenação do reconvindo no
pagamento do valor em que o crédito reconvencional excede o
do autor.

o Prazo da contestação - O prazo para a apresentação da contestação é de 30


dias, contados da citação (569º/1). Esta regra sofre, contudo, alguns desvios
(569º/2/4/5/6). Assim, havendo vários réus, se o prazo terminar em dias
diferentes, cada um dos demandados ou todos eles podem apresentar a sua
contestação até ao termo do prazo que começou a correr em último lugar
(569º/2). Esta solução justifica-se já que, para além de não prejudicar o autor
(575º/2), concede aos vários réus a possibilidade e uma defesa conjunta. Por
outro lado, se o MP representar o réu, admite-se que aquele prazo seja
prorrogado, até ao máximo de 30 dias, nos casos previstos no nº 4 do
art.569º. Finalmente, há que atentar na solução constante dos números 5 e 6
do art.569º, que consagra a possibilidade de o prazo da contestação ser
prorrogado, até ao limite máximo de 30 dias, quando o réu o requeira e o
tribunal confere relevantes os motivos inovados.

o Revelia do Réu - Citado, o réu tanto pode contestar como também pode não o
fazer.

 Quanto ao modo (de que modo se manifesta):

 Revelia Absoluta (566º) - diz-se absoluta quando, além de não


deduzir oposição, o réu não constitui mandatário nem intervém
de qualquer forma no processo. A lei acautela que o juiz apure se
a citação respeitou todas as formalidade legais e promova a sua
repetição se constatar irregularidades.

 Revelia Relativa - quando o réu, embora não deduzindo


contestação, constitui mandatário no processo, indica a sua
morada ou intervém, de algum modo, na ação. O Tribunal
percebe que é intencional e não tem de ter tantas cautelas.

 Quanto aos efeitos:

 Revelia Operante (567º/1) – tem por efeito a confissão dos


factos articulados pelo autor – confissão tácita. O estado de
revelia operante em que se encontra o réu não conduz, sem
mais, à procedência da ação (567o no2). Tal julgamento feito
pelo juiz pode conduzir à procedência da ação como à não
procedência. Estamos perante uma confissão de factos mas não
de direitos. A operância da revelia gera o encurtamento da ação.
Confessados os factos, por ausência de contestação, não há mais
articulados.

 Revelia Inoperante (exceção) – apesar do réu não ter


contestado, nem por isso se consideram confessados os factos
articulados pelo autor. Esses factos têm de ser provados. Aqui
não se admite confissão
 Artigo 568º/a) – basta que um dos réus conteste
(réu contestante) a ação para os factos por ele
impugnados não poderem ser considerados como
confessados em relação aos seus co-réus revéis
(réu revel) – coerência do sistema

 Artigo 568º/b) – quando o réu ou algum dos réus


seja incapaz e a causa esteja no âmbito da sua
incapacidade. Importa notar que a falta de
contestação do incapaz (através do seu
representante, obviamente) não implica, desde
logo, a afirmação de que o mesmo se encontra em
revelia, embora inoperante.

 Artigo 568º/b) – quando o réu ou algum dos réus


tenha sido citado editalmente e permaneça em
revelia absoluta. Dado o caráter não pessoal desta
forma de citação, e por não haver a certeza de que
o réu tenha tido efetivo conhecimento da ação
que pende contra si, a lei opta por não sujeitar o
réu revel assim citado ao regime da revelia
operante. Este é o único caso em que a natureza
da revelia (absoluta, no caso) determina o regime
da (in)operância de tal revelia.

 Artigo 568º/d – quando exija um documento, logo


o réu não poderá confessar essas coisas (perícia
também necessita de um documento)

 Artigo 567º/2 - Aplicar as normas processuais e


substantivas que permitam ao juiz perceber a
factualidade que o autor pretende. (verificar a
regularidade da instância e se aqueles factos
podem produzir efeitos jurídicos que o autor
pretende atingir).
o Réplica (584º a 587º) – Trata-se de um articulado eventual (não faz parte do
andamento normal de uma ação) cabendo ao autor a sua apresentação e que
só pode ter lugar em duas situações:

 Quando o réu haja formulado pedido reconvencional na


contestação, servindo a réplica para o autor “deduzir toda a sua
defesa quanto à matéria da reconvenção” (584º/1)

 Nas ações de simples apreciação negativa, servindo para o


autor “impugnar os factos constitutivos que o réu tenha
alegado e para alegar os factos impeditivos ou extintivos do
direito invocado pelo réu” (584º/2)

O autor defende-se quanto ao pedido reconvencional e pronuncia-se sobre as


exceções (a réplica não é admitida para esta função específica mas entende-se que
existindo também poderá servir para o autor se pronunciar sobre as exceções). Se
não se pronunciar, não poderá fazê-lo mais tarde.

Apesar da inexistência de articulados para responder às exceções, sempre fica


assegurado ao autor o exercício do contraditório quando a tal matéria, mais
exatamente na audiência prévia, como está estabelecido no 3º/4. Mas, caso a réplica
tenha lugar por uma destas situações e já que o autor tem a possibilidade de
apresentar uma peça por escrito, tem-se entendido que também poderá, nessa
mesma peça, pronunciar-se sobre eventuais exceções que tenham sido invocadas na
contestação.

O prazo para replicar é de 30 dias, contados da notificação da contestação


(585º).

Como o autor se defende quanto ao pedido reconvencional?

 Por impugnação (versão diferente)

 Por exceção (factos novos) – aqui o réu irá se pronunciar ao abrigo


do 3º/4 (audiência prévia ou audiência final)

A falta de apresentação de réplica tem o efeito previsto no artigo 574º (+ 587º),


ou seja, é equivalente a admitir a factualidade invocada pelo réu.

o Articulados Supervenientes (588º)

O momento normal da alegação dos factos é o da apresentação dos articulados.


Assim, por regra, é na petição que o autor alega os factos constitutivos do seu
direito, competindo ao réu alegar, na contestação, os factos impeditivos,
modificativos ou extintivos desse direito (até por força do princípio da
concentração da defesa neste articulado).

Porém, pode suceder que determinados factos constitutivos do direito ocorram


(ou cheguem ao conhecimento do autor) depois de apresentada a petição inicial.
É igualmente possível que ocorram (ou cheguem ao conhecimento do réu) factos
impeditivos, modificativos ou extintivos após a apresentação da contestação.
Estes são chamados de factos supervenientes.

Face ao artigo 611º/1, impõe-se carrear para o processo tais factos através dos
articulados supervenientes, previstos nos artigos 588º e 589º. Existem diversos
momentos para a alegação destes factos.

Assim, se o processo admitir o articulado réplica e os factos constitutivos do


direito ocorrerem ou chegarem ao conhecimento do autor depois de apresentada
a petição inicial, mas ainda a tempo de poderem ser alegados na réplica, será em
tal peça processual que essa dedução deve surgir, valendo a réplica como o
articulado posterior a que se refere o artigo 588º/1.

Se o processo não admitir réplica ou se estes factos ocorrerem ou chegarem ao


conhecimento do ator depois de oferecida a réplica (no caso do autor) ou depois
da apresentação da contestação (no caso do réu), a alegação desses mesmos
factos faz-se em novo articulado nos termos do artigo 588º/3.

 Se houver lugar à audiência prévia e os factos ocorrerem ou


chegarem ao conhecimento da parte até ao encerramento dela,
será nessa diligência judicial que o novo articulado deverá ser
apresentado;

 Se não houver lugar à audiência prévia, o novo articulado deve ser


apresentado nos 10 dias contados da notificação da data para a
realização da audiência final;

 Se houver audiência prévia e os factos ocorrerem ou chegarem ao


conhecimento da parte após o respetivo encerramento, será no
início da audiência final que o novo articulado deve ser deduzido;

 No caso previsto na segunda alínea, se os factos ocorrerem ou


chegarem ao conhecimento da parte depois de decorrido o prazo ali
indicado, será também no início da audiência final que o novo
articulado deverá ser deduzido.
O articulado superveniente está sujeito a despacho liminar, podendo ser rejeito pelo
juiz nos casos previstos no artigo 588º/4. Se for recebido, é notificado a parte
contrária para lhe responder, satisfazendo-se o contraditório.

Em princípio, a apresentação do novo articulado depois de designado dia para


audiência final não suspende as diligências previstas nem implica o seu adiamento
(589º/1). Se o articulado superveniente é deduzido depois de aberta a audiência
final, também não haverá, em regra, interrupção da audiência, salvo quando se
verifique o condicionalismo consignado na parte final do 589º/2.

 Fase intermédia

Findo os articulados, o processo é feito concluso ao juiz, assim se marcando o início


da segunda etapa da ação, a fase intermédia do processo.

Esta fase tem por primeiro objetivo a verificação da regularidade da instância. Sendo
detetada alguma irregularidade suscetível de sanação, promover-se-á o respetivo
suprimento. Se a irregularidade for insanável ou não for sanada, o processo termina
já nesta fase.

Quando a instância se mostrar regularizada, daí decorre que não haverá obstáculos a
que o mérito da causa seja apreciado e tal apreciação terá lugar neste momento da
instância, se houver condições para isso, ou seja, se o processo fornecer já todos os
elementos (de facto e de direito) necessários à decisão. Caso contrário, a ação
deverá prosseguir, destinando-se esta fase à preparação da tramitação subsequente.

De entre os atos ou diligências que terão lugar nesta fase processual, destacam-se o
despacho pré-saneador, a audiência prévia, o despacho saneador, o despacho
destinado a identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da prova e o
despacho destinado a programas e agendar a audiência final.

o Despacho pré-saneador (590º)

Salvo nos casos previstos no 590º/1 (intervenção liminar), o primeiro contacto do juiz
com o processo ocorre depois de apresentados os articulados.

Há despacho liminar nos casos previstos no artigo 226º/4 (casos excecionais).


Nessa ocasião, o juiz deverá proceder a uma análise dos autos que se alastra em
diversas vertentes, daí podendo resultar a prolação de um despacho pré-saneador
destinado a realizar objetivos vários.

Está intimamente associado a faltas de natureza processual e pretende regularizar o


processo (nº 2).

 Casos de prolação do despacho pré-saneador

A. Suprimento da falta de pressupostos processuais ou de exceções


dilatórias (590º/2/a) – Aqui estamos perante a vertente de verificação
da regularidade da instância, cometendo-se ao juiz um papel ativo, já
que lhe cabe um dever de tomar as diligências necessárias no sentido da
sanação caso alguma exceção ocorra e caso a mesma seja sanável
(6º/2). O propósito do legislador é o de garantir condições para que o
processo evolua em termos de vir a ser proferida nos autos uma decisão
de mérito. A omissão do despacho pré-saneador gera uma nulidade
processual, nos termos do artigo 195º, traduzida na omissão de um ato
que a lei prescreve, tal nulidade está submetida ao regime dos artigos
197º e 199º.

B. Suprimento de irregularidades dos articulados (590º/2/b + nº 3) –


Neste âmbito, o despacho configura um convite dirigido às partes para o
aperfeiçoamento dos articulados oferecidos (natureza formal). O nº 3 do
590º trata do convite destinado ao referido aperfeiçoamento dos
articulados irregulares. Estes articulados encerram duas categorias:

 Irregulares propriamente ditos: são os carecidos de


requisitos legais, aqueles cuja falta (se notada) implica a
recusa do recebimento da petição inicial pela secretaria
como ex. identificação das partes, indicação do valor da
causa, indicação da forma do processo (578º), articulação
da matéria de facto (147º/1), especificação separada das
exceções deduzidas (572º/c), dedução discriminada da
reconvenção (583º/1) e a indicação do valor da
reconvenção (583º/2).

 Irregulares documentalmente insuficientes – casos em


que tais peças não foram instruídas com documentos
essenciais para a prova dos factos em que assentam as
pretensões formuladas que garantam o prosseguimento da
instância. Os documentos que a lei apelida essenciais
incluem os documentos cuja junção é exigida mas também
os documentos que são imprescindíveis à prova de um
facto de que dependa o êxito da pretensão.
O despacho convida a parte a proceder à junção de tal
documento. Se assim acontecer, a ação observará a tramitação
normal e terá o desfecho que vier a impor-se. Caso contrário, a
falta do documento equivalerá à impossibilidade de prova do
facto em causa, com a eventual improcedência da pretensão
respetiva, o que será decidido no despacho saneador.

C. Aperfeiçoamento fáctico dos articulados (590º/2/b + nº 4 e 5º/2/b) – O


despacho pré-saneador serve também para convidar as partes a
suprirem as insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização
da matérias de facto vertida nos respetivos articulados, fixando-se prazo
para tal. Com a prolação do despacho pré-saneador neste contexto,
procura-se obter uma melhor definição dos contornos fácticos da
questão submetida à apreciação do tribunal. Face ao teor do 590º/4, o
convite expresso neste despacho é para completar insuficiências ou
corrigir imprecisões fácticas. Os articulados imperfeitos podem ser:

 Articulados faticamente insuficientes: aqueles em que a


exposição fáctica não se revela suficiente ou bastante para
o preenchimento da figura em causa. Nesta situação, o juiz
profere o despacho de convite ao aperfeiçoamento, por
entender que, na sua legação, a parte omitiu factos que era
suposto ter articulado, face à estratégia processual por si
assumida.

 Articulados faticamente imprecisos: quando a narração


dos pontos de facto apresentada suscita dúvidas, seja por
não é clara ou precisa, seja porque é vaga ou obscura, seja
porque é ambígua ou incoerente.

O convite ao aperfeiçoamento só faz sentido se tiver sido


alegada a matéria de facto que, desde logo, permita a
individualização da causa de pedir.

Os números 5 e 6 do artigo 590º definem os parâmetros em


que o aperfeiçoamento pode desenrolar-se.

Seja qual for o exato conteúdo do articulado de


aperfeiçoamento, sempre deverá proporcionar-se à
contraparte o exercício do contraditório (590º/5), a qual
poderá apresentar uma peça de resposta aos ajustamentos
fácticos ali operados. Por outro lado, de acordo com o 590º/6,
as alterações à matéria de fato, levadas a cabo nos articulados
de aperfeiçoamento hão de observar os limites definidos nos
artigos 573º e 574º.
O que está em jogo é completar ou corrigir o quadro fáctico
vertido nos autos e não ampliar, alterar ou substituir tal
quadro.

Finda a etapa dos articulados, dir-se-á que se encontram


estabelecidos os contornos fácticos essenciais da causa.

As partes têm o ónus de introduzir em juízo os factos que


sustentam as pretensões aí deduzidas (5º/1), factos que o
tribunal tem de considerar para decidir, sem prejuízo dos
relevantes poderes de cognição fixados no 5º/2.

D. Determinação da junção de documentos (590º/2/c) – De modo a reunir


condições para, no momento da prolação do despacho saneador (595º),
o juiz poder apreciar exceções dilatórias ou conhecer, no todo ou em
parte, do mérito da causa. Está aqui em causa a preocupação de evitar
que, por meras razões documentais, seja relegada para a sentença a
decisão de matérias que o juiz poderia conhecer já na fase intermédia
do processo.

Se estiver tudo regularizado, não é necessário emitir despacho saneador.

o Audiência Prévia (591º)

Ato em que as partes vão ao tribunal, sendo chamadas pelo juiz para que juntos
resolvam todas as questões necessárias. No fundo, é um ato expressivo do princípio
da cooperação, pois terá de existir colaboração entre o tribunal e as partes.

Na audiência prévia pode introduzir-se o despacho saneador. Suspendendo-se a


mesma e sendo o despacho saneador logo ditado para a ata, presume-se que houve
audiência prévia e o juiz proferiu despacho saneador. Ou seja, o legislador, da
mesma forma que criou este modelo ideal da existência da audiência prévia (regra),
percebeu que esta pode ser dispensada (exceção) nos termos do 593º.

A audiência prévia apenas deixará de realizar-se em dois casos:

 Quando a lei assim o estabeleça, nos casos indicados no 592º.

 Quando o juiz dispensa a realização da audiência (593º/1). Porém, essa


dispensa não tem caráter definitivo, dependendo sempre da atitude das
partes, na medida em que estas podem impor a realização de tal audiência
(593º/3) – audiência prévia potestativa (exceção do 597º)
Ao dispensar, profere o despacho saneador, o despacho de identificação do objeto
do litígio e a enunciação dos temas de prova (596º). Também programa tudo o que é
necessário para a audiência final (591º/g) e avisa as partes.

O juiz tem de informar as partes do fim pelo qual está a invocar a audiência prévia.

 Finalidades da audiência prévia (591º/a até g):


 Tentativa de conciliação (594º): só pode ocorrer nas causas que caibam
no âmbito dos poderes de disposição das partes;
 Facultar às partes discussão de factos e de direitos;
 Discutir posições das partes;
 Proferir despacho saneador (595º) – cf. matéria escrita anteriormente
 Determinar despacho destinado a identificar o objeto do litígio e a
enunciar os temas da prova (596º/1);
 Programar os atos a realizar na audiência final, estabelecer o número
de sessões e a sua provável duração e designar as respetivas datas.

O artigo 597º é uma regra especial para quando se fala de ações de processo comum até
15.000 €.

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