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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA

GABINETE PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO / SAÚDE

INSTITUTO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICO DE SAÚDE FILIPE


MENDONÇA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO MÉDIO TÉCNICO DE


FARMÁCIA

AUTOMEDICAÇÃO

OS RISCOS QUE ESSA PRÁTICA CAUSA A SAÚDE E A


IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO
FARMACÊUTICADOS NOS PACIENTES ATENDIDOS NA
CONSULTA EXTERNA NO HOSPITAL DO PRENDA NO I
SEMESTRE DE 2023

Luanda, Fevereiro 2023

I
AUTOMEDICAÇÃO OS RISCOS QUE ESSA PRÁTICA
CAUSA A SAÚDE E A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO
NA ATENÇÃO FARMACÊUTICADOS NOS PACIENTES
ATENDIDOS NA CONSULTA EXTERNA NO HOSPITAL DO
PRENDA NO I SEMESTRE DE 2023

Instituto de formação de técnico de saúde


filipe Mendonça, como requisito para a
obtenção do título de Técnico de
farmacias.

INTEGRANTES DO GRUPO N° 1

1-Joaquina Rosário José

2- Isabel Domingos Adriana Da Silva

3- Isabel Sandra Thovi Coelho

4-Maria Cavonga Saluile

5- Paulina Albertina Filipe

O Orientador

_______________________________

Jorge Francisco Lourenço


II
EPÍGRAFE

Porque a palavra de Deus é viva e exerce poder, e é mais afiada


do que qualquer espada de dois gumes, e penetra a ponto de
fazer divisão entre a alma e o espirito e entre as juntas e a
medula, e é capaz de discernir os pensamentos e as intenções do
coração.

Hebreus 4:12

III
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho aos nossos esposos


Que lutaram dia após dia
Para que nos concluíssemos o nosso ensino medio.
Aos nossos pais, irmãos (ãs),
Pelo carinho e apoio durante esta jornada.
Aos nossos professores
Especialmente ao caríssimo professor Jorge Lourenço já
Presença foi essencial para a conclusão
Deste trabalho.

IV
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradecemos a Deus, não só pelos fatos positivos, mas a tudo que se faz
presente em nossas vidas. Com o coração grato e feliz, mesmo atravessando inúmeros
obstáculos, encontramos apenas razões para agradecermos a Ele. Aos nossos pais (Nelson e
Anercia de carvalho) aos esposos (António Caumba, Francisco Segredo Joaquim Tchivango,
Gaspar Pedro), nosso maior mestre professor Jorge nos faltam palavras para agradecer tudo
que fez por nos. Com humildade e honestidade ajudou-nos tornar-se profissionais melhores,
nossa gratidão e amor serão eternos. Aos nossos irmãos (ãs) e sobrinhos (as), obrigada pelo
amor, carinho, amizade e atenção dedicada quando sempre precisávamos. Pois sempre se
fizeram presentes e acreditaram em nos. Obrigada pelas palavras de encorajamento nos
momentos de desânimo e cansaço.

V
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos do
Instituto de formação de técnico de saúde filipe Mendonça e em particular do Regulamento de
Elaboração dos Trabalhos de Fim de Curso. O trabalho é original excepto onde indicado por
referência especial no texto.

Quaisquer visões expressas são as das autoras e não representam, de modo nenhum as
visões do IFM. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi apresentado para avaliação noutras
Instituições de Ensino Médio nacionais ou estrangeiras.

Mas informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.

Assinatura: _____________________________________
Assinatura: _____________________________________
Assinatura: _____________________________________
Assinatura: _____________________________________
Assinatura: _____________________________________

Data: ____/___/_____

VI
ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

VII
RESUMO

A automedicação, como ato no qual o indivíduo escolhe e utiliza medicamentos para


alívio sintomático e/ou tratamento de condições diagnosticadas por si, sem orientação de um
profissional de saúde e/ou utilizando medicamentos sem necessidade de prescrição, costuma
ser benéfica, quando utilizada de forma apropriada e para situações aconselhadas. Consiste
num comportamento que faz parte da nossa sociedade, sendo impossível evitá-la. É
conveniente e eficaz em muitas situações. Porém, não está isenta de riscos. Quando
irresponsável, pode-se revelar numa prática insegura e com consequências nefastas. Entre elas
o autodiagnóstico incorreto e consequente escolha errada da terapêutica, o atraso na procura
de aconselhamento médico quando necessário, ocorrência de reacções adversas, o
encobrimento de doenças graves, o aparecimento de novos problemas de saúde e até mesmo
morte. Pretende-se com esta monografia, baseada em revisão de artigos, dissertar sobre a
automedicação, suas características e os principais riscos associados, particularmente ao nível
do trato gastrointestinal e propor eventuais medidas para controlo e prevenção de sua prática
inadequada

Palavras-chaves: Automedicação; automedicação responsável; medicamentos não sujeitos a


receita médica; atenção farmacêutica.

VIII
ABSTRACT

Self-medication, as the act in which the individual chooses and uses medicines either
for symptomatic relief, treatment of selfdiagnosed conditions without orientation from a
health professional or even uses non-prescripted medicines, is usually beneficial when
appropriately used and for specific situations. This behavior is part of our society, and it is
impossible to avoid it. In fact, it is convenient and effective in many situations. However, it is
not risk-free. When irresponsible, it becames an unsafe practice with harmful consequences.
Among them, are incorrect self-diagnosis and consequent wrong therapeutic decisions,
retardment to seek for medical advice when necessary, occurrence of adverse drug reactions,
masking of serious illnesses, emergence of new health problems and even death. It is intended
with this monograph, based in article review, to discuss self-medication and risks associated,
particulary those of the gastrointestinal tract, but also propose eventual measures to control
and prevent their improper practice.

Keywords: Self-medication; responsible self-medication; characteristics of self-medication;

nonprescription medicines; pharmaceutical attention.

IX
INDICE GERAL

EPÍGRAFE...............................................................................................................................III

DEDICATÓRIA.......................................................................................................................IV

AGRADECIMENTOS...............................................................................................................V

DECLARAÇÃO DO AUTOR.................................................................................................VI

ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS.........................................................................VII

RESUMO...............................................................................................................................VIII

ABSTRACT.............................................................................................................................IX

INDICE DE TABELAS..........................................................................................................XII

INDICE DE GRÁFICOS.......................................................................................................XIII

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1

Formulação do problema............................................................................................................1

OBJECTIVOS DO ESTUDO.....................................................................................................2

OBJETIVO GERAL...................................................................................................................2

Delimitação do tema...................................................................................................................2

CAPITULO-I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................3

1.1. AUTOMEDICAÇÃO……………….…………………………………………..3

1.2. AUTOMEDICAÇÃO RESPONSÁVEL ………………………………..…4

1.3. FATORES CONTRIBUINTES PARA A AUTOMEDICAÇÃO…………………….…..6

1.4. CONSEQUÊNCIAS DA AUTOMEDICAÇÃO………………………………………….9

1.4.1. REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS……………………………………….9

1.4.2. INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA……………………………………………….12

1.5. O PAPEL DO FARMACÊUTICO E O USO RACIONAL DOS MEDICAMENTOS…14

CAPITULO II: OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO...............................................16

2.1. METODOLOGIA..............................................................................................................16
X
2.1.1. Tipo de estudo................................................................................................................16

2.2. Hipóteses............................................................................................................................16

2.3. Objecto de estudo...............................................................................................................16

2.3.1. População e Amostra......................................................................................................16

2.3.2. Critério de Inclusão.........................................................................................................16

2.3.3. Critérios de Exclusão......................................................................................................17

2.4. Métodos Utilizados............................................................................................................17

2.5. Procedimento e Tratamento da Informação.......................................................................17

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS............................18

CONCLUSÃO..........................................................................................................................19

APÊNDICE...............................................................................................................................20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................23

XI
INDICE DE TABELAS

XII
INDICE DE GRÁFICOS

XIII
INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordaremos os ricos e consequências da automedicação. Uma vez que


está prática tornou-se tão comum em Angola.

A automedicação pode ser considerada como prática na qual o indivíduo, por


iniciativa própria ou por aconselhamento de parentes, amigos, entre outros, faz uso de
determinado medicamento para o tratamento ou alivio de sintomas. A automedicação envolve
todos os tipos de medicamentos, desde aqueles de vendagem livre, como também aqueles
sujeitos à prescrição médica (CRUZ; CARAMONA; GUERREIRO, 2015).

Assim como a automedicação, o uso incorreto dos medicamentos poderá trazer sérios
riscos ao organismo, podendo ter consequências indesejáveis, gerando dependência, seleção
de bactérias resistentes, sangramento digestivo, reações de hipersensibilidade e ainda elevar
os riscos de neoplasias (SOUZA; SILVA; NETO, 2008).

Mesmo que existam medicamentos que podem ser adquiridos sem prescrição médica,
é indispensável à conscientização dos indivíduos quanto à utilização racional, sendo
necessário elaborar estratégias do uso racional de medicamentos, para que os problemas
associados à má utilização sejam evitados (PEPE et al., 2010; SILVA et al, 2013).

Profissionais da área de saúde, especialmente os farmacêuticos, devem preconizar a


utilização racional de medicamentos, fornecendo informações sobre o uso correto e alertando
sobre as complicações acerca do uso indiscriminado (SOUZA et al., 2011). Desta forma, uma
atenção farmacêutica quanto ao uso dos medicamentos torna-se mais eficaz, rápida e simples,
proporcionando redução do risco presente na utilização errônea de medicamentos e na
automedicação (VINHOLES; MODOLON; ALANO, 2009; BORTOLON; KARNIKOWSKI;
ASSIS, 2007).

Formulação do problema
De que forma os profissionais da saúde podem ajudar a população a fim de juntos
erradicarmos este problema?

1
OBJECTIVOS DO ESTUDO

OBJETIVO GERAL
 Identificar quais os principais riscos e consequências da automedicação para a saúde
da população em Angola.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Destacar a importância do farmacêutico na orientação do uso racional de


medicamentos e na atenção farmacêutica;
 Assinalar os fármacos mais utilizados;
 Descrever os fatores que contribuem para essa prática.
Justificação do tema

A pertinência do estudo surge pelo facto da automedicação ter se tornado uma prática
normal a nível nacional, e ser a razão por detrás de muitas mortes. Tal atitude despertou o
nosso interesse para a realização do presente estudo e a escolha temática desta investigação,
surgiu no intuito de aprofundar o conhecimento sobre antibióticos sua acção no organismo tal
como é feito desejável, adversos e colaterais.
Este trabalho terá como foco na orientação sobre a prática no uso desses fármacos
alterações decorrentes do uso indiscriminado e a identificação dos seus efeitos colaterais mais
comum pois esta pesquisa permitirá uma informaçãomas actualizadas para melhor utilização
por parte dos utentes a fim de erradicarmos tal prática através da actividade de IEC com
palestras que serão realizadas futuramente.

Delimitação do tema
O nosso estudo delimita-se na província de Luanda, no município de Luanda no
Hospital do Prenda no I semestre de 2023.

2
CAPITULO-I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação é considerada como o ato de ingerir determinadas substâncias para


efeito terapêutico sem a orientação ou assistência de um profissional de saúde qualificado.
Geralmente, a automedicação acontece quando um indivíduo possui algum sintoma
patológico e/ou doloroso e resolve se tratar sem buscar atendimento profissional especializado
(Castro et al., 2006). Vários fatores, como a estratégia promocional das indústrias
farmacêutica e a medicalização, são capazes de auxiliar no cumprimento de desejos e práticas
irracionais voltados à utilização de medicamentos pelos indivíduos ou população (Aquino;
Barros; Silva, 2010).

O consumo dos medicamentos de forma irracional é uma das adversidades que os


setores de saúde encaram, não somente em nosso país, mas em todo o mundo. É necessário
salientar que a automedicação pode gerar prejuízos financeiros e principalmente em sua
saúde, pois os praticantes podem obter medicamentos inadequados para a sua condição
clinica, além de arcar posteriormente com despesas médicas (Cella; Almeida, 2012).

Aproximadamente 35% do consumo dos medicamentos são destinados à prática da


automedicação. Essa porcentagem é justificada pela facilidade em adquirir medicamentos
vendidos em farmácias sem prescrição médica (Santos; Freitas; Eduardo, 2015). Na tabela 1
se observam as classes terapêuticas de medicamentos mais utilizados na automedicação

Tabela 1 - Classes terapêuticas de medicamentos mais utilizados na automedicação.

CLASSES TERAPÊUTICAS

Analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios

Medicamento para o trato gastrintestinal

Suplementos minerais e vitamínicos

Cardiovasculares Antialérgicos

Outros (alopáticos)

3
Remédios caseiros, plantas medicinais

Fitoterápicos

Fonte: Adaptado Bortolon et al (2008).


A utilização indiscriminada de compostos farmacêuticos pode ser potencialmente
nocivo à saúde coletiva e individual, isso porque nenhum medicamento é inócuo ao
organismo (Ribeiro et al., 2010). Abaixo, na tabela 3, estão expostos os principais sintomas
contribuintes para a automedicação.

Tabela 3 - Principais sintomas que levam um indivíduo a praticar a automedicação.

SINTOMAS

Dor

Prevenção/suplementação

Resfriado

Problemas relacionados à garganta

Febre

Fonte: Adaptado Aquino; Aarros; Silva (2010).

É dever dos profissionais de saúde tomar iniciativas para a promoção e incentivo da


discussão e reflexão a respeito do assunto abrangendo os profissionais de saúde, políticos,
gestores e a população. No contexto atual, a orientação sobre os medicamentos deve partir do
profissional capacitado para a população, no intuito de diminuir os riscos e promover o uso
racional dos medicamentos (Chiaroti; Rebello; Restini, 2010).

1.2. AUTOMEDICAÇÃO RESPONSÁVEL

De acordo com a OMS, a AM responsável é o hábito no qual o utente utiliza MNSRM


de forma consciente, para tratar ou aliviar sintomas e/ou doenças passíveis de AM. O
medicamento utilizado é aprovado, escolhido e aconselhado para tais situações, cumprindo
critérios exigentes de qualidade, segurança e eficácia. A AM responsável requer que o utente

4
esteja a par de um conjunto de informações, como o modo de administração do medicamento,
os seus efeitos e riscos, a forma de monitorizar os efeitos, as precauções relacionadas à toma,
o tempo de utilização e o momento em que deve procurar cuidados profissionais.

A aprovação do medicamento como MNSRM exige que o mesmo no decorrer das


investigações, as quais é submetido preencha um conjunto de critérios, entre as quais: baixo
risco de toxicidade, características desejadas e objectivo de utilização apropriado a AM. Deve
ainda ter sido sujeito a receita médica por pelo menos cinco anos e ter tido uma extensa
utilização e um espetro de reações adversas não severas . A utilização responsável de
MNSRM na AM como suporte aos cuidados e sistemas de saúde, é cada vez mais utilizada
como primeira forma de abordagem em muitas situações clínicas, consideradas menos graves.

Assim sendo, a automedicação não é um ato errado mas deve haver um equilíbrio
baseado numa automedicação responsável e segura, podendo ser orientada por um
profissional de saúde com capacidade para tal (Bueno et al., 2009). Aliás, em 1997 foi
produzido um documento a nível europeu pelas instituições ligadas aos médicos,
farmacêuticos e indústrias farmacêuticas com situações passíveis de automedicação como
constipação, gripe, tosse, entre muitas outras doenças (Mendes et al., 2004).

Possivelmente poder-se-á considerar a automedicação adequada quando não excede os


3-7 dias, devendo sempre ser dedicada especial atenção a grávidas, mulheres em fase de
amamentação, bebés e crianças (Mendes et al., 2004). De acordo com o estudo efetuado por
Mendes et al. 2004, em Portugal a automedicação distribui-se de uma forma desigual entre os
vários grupos etários, havendo uma maior preocupação em levar as crianças ao médico, uma
vez que a prevalência de automedicação encontrada foi menor neste grupo etário. Este mesmo
autor refere que há uma proporção mais elevada de automedicação por indivíduos com
formação universitária/superior e nos trabalhadores ativos ou estudantes (Mendes et al.,
2004).

A toma indevida de medicação pode acarretar vários prejuízos desde gastos


desnecessários na automedicação, atraso nos diagnósticos, reações adversas ou alérgicas, e
intoxicações (Bueno et al., 2009; Sanitária, 2007). Podendo ainda existir casos de uma toma
incorreta ou inadequada de medicamentos traduzindo-se muitas vezes em dose excessivas,
administrações com frequências e/ou horários desapropriados, ou mesmo haver uma interação
do medicamento da automedicação com outro de toma usual ou com algum alimento

5
(Sanitária, 2007). Devido aos inúmeros fatores anteriormente relatados, os médicos e
profissionais de farmácia desempenham um papel muito importante na informação dos
doentes praticantes de automedicação (Mendes et al., 2004).

1.3. FATORES CONTRIBUINTES PARA A AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação é um meio que proporciona o autocuidado à saúde, sendo uma


prática comumente realizada pelos Angolanos. São vários os fatores que contribuem para a
automedicação, dentre eles podemos destacar: a utilização de prescrições antigas; sobras de
medicamentos; influência de amigos, familiares e até mesmo atendentes de farmácias;
propagandas irresponsáveis; o papel simbólico que os medicamentos efetuam sobre a
população; as experiências anteriores positivas; familiaridade com o medicamento e a
dificuldade de acesso de serviços de saúde (Oliveira et al., 2012; Arruda et al., 2012).

A automedicação representa-se em práticas contínuas, e para isso é necessário noticiar


a sociedade sobre os medicamentos de vendagem livre, sem estímulo ao uso desenfreado ou
ao mito de cura instantânea, como impõe a mídia. Vários outros meios de propagandas e
comunicação como a mídia televisiva e o rádio enfatizam, por meio de seus argumentos, o
estímulo à população para o consumo de medicamentos (Musial; Dutra; Becker, 2007).

Existem meios para minimizar a automedicação, já que não há como eliminála da


sociedade. Através de desenvolvimento de políticas públicas para adequação de estrutura e
recursos humanos em todas as unidades de saúde; criação de programas de incentivo à
procura de profissionais médicos, odontólogos e farmacêuticos, assim como, na fiscalização
adequada da venda e divulgação de medicamentos sem prescrição médica, são medidas que
poderá reduzir a prática e danos ocasionados pela automedicação (CRF-SP, 2012; Musial;
Dutra; Becker, 2007)

A automedicação continua a ser uma prática regular para muitos cidadãos em Luanda,
que justificam a opção com a demora no atendimento hospitalar e o que dizem ser a "perda de
tempo" de ir ao hospital. Entretanto, o Ministério da Saúde angolano (MINSA) ordenou às
farmácias do país a proibição de dispensa de vários medicamentos, nomeadamente
antibióticos, sem receita médica, de forma a travar a automedicação da população. Ainda
assim, a funcionária pública Reina Rafael de 26 anos, diz ser "adepta" da automedicação,
simplesmente porque resolve o problema. Argumenta mesmo ser este o seu "primeiro
socorro" antes de ir ao posto de saúde.
6
Figura 1 – Demonstra de maneira resumida como a automedicação tem merecido uma
atenção especial

Fonte: João Gomes. Fotografia por: Jornadas técnico-científicas abordaram na província do


Cuanza (2015).

   O consumo de medicamentos acarreta vários riscos e só devem ser consumidos em


situações específicas, não sendo um simples bem de consumo (Sanitária, 2007). Porém, as
indústrias farmacêuticas muitas vezes investem em publicidade a medicamentos,
aproveitando-se da grande tendência demonstrada pela população em se automedicar e da
existência de sintomas limitantes (Sanitária, 2007). A pressão publicitária aplicada a certo tipo
de medicamentos incute de uma forma subliminar a dependência dos mesmos chegando ao
ponto de conseguirem torná-los indispensáveis para o seu quotidiano (Sanitária, 2007).
Enaltecem de tal modo os medicamentos que os colocam como essenciais para o quotidiano, e
omitem os seus aspetos negativos criando por vezes ideias falaciosas de que o medicamento
publicitado é seguro, sem contraindicações e/ou efeitos adversos (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010). Campanhas publicitárias deste tipo induzem o
consumo de medicamentos que, em muitos casos, não é o uso correto, levando assim à
automedicação e, em determinados casos, os benefícios anunciados não são alcançados
trazendo para o utente apenas gastos. Não podemos descorar que tais práticas acarretam não
só um risco para o utente como também gastos para o Estado, devido ao agravamento de
patologias evitáveis ou simplesmente pela ocorrência de reações adversas (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010).

7
A publicidade das indústrias farmacêuticas não é apenas dirigida à população em
geral, existe também propaganda destinada aos vários profissionais de saúde, de diversas
formas (Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010). A pressão publicitária
abrange desde médicos, proprietários de farmácia e seus profissionais de farmácia a utentes
23 em geral, conseguindo influenciar a venda do produto ao nível da prescrição (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010). Por tal facto, a indústria de
medicamentos tornou-se num dos negócios mais rentáveis do mundo (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010).

Este “comércio” em torno dos medicamentos fez com que a sua dispensa se tornasse
num ato mecânico e vulgar, carenciado de cuidados básicos necessários para a assistência à
saúde (Alencar et al., 2011). O mesmo autor coloca a questão: se uma farmácia não é um
simples local de comércio de compra e venda de produtos farmacêuticos, tal como no
comércio geral? (Alencar et al., 2011). Väänänen, Pietilä, & Airaksinen (2006) refere que, em
muitos países, as farmácias são cada vez mais orientadas para um negócio, ao invés da prática
baseada na evidência ou no uso racional do medicamento.

Além da publicidade forte das indústrias farmacêuticas, há também uma grande


facilidade de aquisição de vários medicamentos, tornando a compra e a automedicação um ato
rotineiro (Bueno et al., 2009). Além disso, o acesso fácil a produtos de saúde/medicamentos
gera um amontoar de fármacos nas habitações (Abahussain, Ball, & Matowe, 2006; Bueno et
al., 2009; Gasparini, Gasparini, & Frigieri, 2011; Vosgerau et al., 2008). Tal facto (existência
de medicamentos armazenados em casa) influencia, consequentemente, os hábitos de
consumo, favorecendo a automedicação e a reutilização de prescrições antigas (Fernandes,
2000).

A aquisição de medicamentos por hábito e apenas para ter em casa como reserva para
uma situação de urgência é um ato desaconselhado (INFARMED, Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde, 2009). No entanto é muito recorrente a existência de
pessoas adquirirem grandes quantidades de medicamentos sem de facto necessitarem,
resultando num maior número de medicamentos fora de utilização e fora do prazo de validade
(Schenkel, Fernándes, & Mengue, 2005). Esta elevada compra de medicamentos contribui
também para um elevado desperdício de recursos monetários (Schenkel et al., 2005). Além
disso, é necessário ter em conta que não há medicamentos inócuos, todos os medicamentos
apresentam benefícios na sua utilização bem como riscos/efeitos adversos (Farmácias, 2007a).
8
A prática de automedicação é várias vezes influenciada também por amigos e
familiares (Kovacs & Brito, 2006; Vosgerau et al., 2008). Porém, uma indicação terapêutica
está sempre intimamente relacionada a um diagnóstico exato e a prescrição do medicamento e
da posologia deve ser levada em conta o diagnóstico e as características individuais do doente
(Lima, Nunes, & Barros, 2010). Assim sendo, mesmo que duas pessoas apresentem os
mesmos sintomas, é conveniente confirmar com um profissional de saúde antes de se
automedicar (INFARMED, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde,
2009). Esta medida revela-se importante uma vez que, ao longo do tempo, pode haver
alterações ao nível do estado de saúde da pessoa, que leve à necessidade de alteração da
medicação para uma mais adequada (INFARMED, Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde, 2009). O facto de o doente fazer tratamentos em simultâneo pode também
necessitar outra medicação que não a habitual ou que não a mais aconselhada para outra
pessoa, com sintomatologia ou patologia semelhante (INFARMED, Autoridade Nacional do
Medicamento e Produtos de Saúde, 2009). Quando os sintomas se repetem com alguma
frequência, o tratamento instituído pela própria pessoa pode não ser o mais correto e eficaz,
necessitando de avaliação por parte de um profissional de farmácia ou médico (INFARMED,
Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, 2009).

1.4. CONSEQUÊNCIAS DA AUTOMEDICAÇÃO

De acordo com Moraes, a prática da automedicação abrange preocupantes níveis, em


razão da utilização indiscriminada de medicamentos sem prescrição médica e sem diagnóstico
prévio da doença, o que pode acentuar ou mascarar o estado clínico do paciente, promovendo
várias consequências como: reações adversas a medicamentos, resistência de microrganismos,
intoxicações medicamentosas, dependência, sangramento digestivos, reações de
hipersensibilidade, óbitos, entre outros (Moraes et al., 2015).

1.4.1. REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS

A reação adversa a medicamentos (RAMs) consiste em acontecimentos nocivos e não


intencionais que surgem através do uso de determinado medicamento perante as doses
recomendadas usualmente para diagnóstico, profilaxia e o tratamento de uma patologia.
Deixam de serem consideradas RAMs os efeitos que acontecem após a utilização de doses
maiores que as habituais intencionalmente ou acidentalmente (BISSON, 2007; FUCHS;
WANNMACHER; FERREIRA, 2006).

9
O uso irracional dos medicamentos, assim como a automedicação pode promover
sérias consequências para os usuários. Portanto, o seu perfil de segurança deve ser enfatizado,
por estar diretamente relacionado com a gravidade ou frequência de reações adversas a um
medicamento ou a uma associação dos mesmos. As RAMs são consideradas como problema
de saúde pública em todo o mundo, sendo responsáveis por hospitalizações, prolongamento
do tempo de permanência hospitalar e também de mortes (PINHEIRO; PEPE, 2011).

As RAMs são classificadas como leve, moderada, grave e letal. As leves não
necessitam antídotos ou tratamento específico, e não é preciso a suspenção dos
medicamentos. As moderadas exigem alterações da terapêutica medicamentosa, como a
suspensão do medicamento utilizado, podendo prorrogar a hospitalização e exigir um
tratamento especial. As classificadas como grave podem ser fatais demandam a suspensão da
administração do tratamento com medicamento específico da reação adversa, assim como,
levar a hospitalização ou aumento do tempo de internação do paciente. As letais podem
resultar direta ou indiretamente no óbito do paciente (MENON et al, 2005).

As RAMs ocorrem geralmente na presença de um ou mais fatores acompanhando


observações tais como a idade, gênero, dosagem, entre outras, como mostra a tabela 3.

Tabela 3 - Fatores de risco nas RAMs.

FATORES DE RISCO OBSERVAÇÕES

Extremos de idade Neonatos - são pacientes de grandes riscos. Idosos


- grande exposição a medicamentos

Gênero Homens - apresentam porcentagem de RAMs


menor do que nas mulheres.

Múltipla medicação Número de medicamentos que um paciente toma.

Estado patológico Doenças do fígado, rins e coração.

Histórico passado de RAMs ou RAMs encontradas em pacientes que sofreram


alergias anteriormente RAMs ou alergias.

Fatores genéticos Polimorfismo genético - pacientes com maiores


riscos de experiências com RAMs.

10
Grandes doses Risco de experiências com RAMs e as doses
administradas do medicamento.

Fonte: Adaptado de Menon et al (2005).

As reações adversas são dividas em dois tipos: A ou previsíveis e B ou imprevisíveis.


As reações tipo A são resultados do efeito ou ação farmacológica de um medicamento
utilizado em dose terapêutica habitual. São comuns e podem acontecer em qualquer pessoa,
são habitualmente dependentes da dose administrada e embora ocorram altas repercussões e
incidências na comunidade, a sua letalidade é baixa. Nela são englobadas reações produzidas
por interações medicamentosas, superdosagem, entre outras. São tratadas mediante ajustes das
doses ou substituição do medicamento. As reações tipo B são inesperadas, tendo em vista as
propriedades farmacológicas do medicamento utilizado. São observadas somente depois da
comercialização dos medicamentos, podem acontecer apenas em indivíduos susceptíveis e são
incomuns. Nela são englobadas reações produzidas por intolerância, hipersensibilidade, entre
outras. São tratadas através da suspensão do medicamento (FUCHS; WANNMACHER;
FERREIRA, 2006).

A classificação das RAMs tem sido amplificada gradualmente, inserindo outros tipos
como o C (reações dependentes de dose e tempo), D (reações tardias), E (síndrome de
retirada) e tipo F (reações que produzem falhas terapêuticas) (MENON et al, 2005). Na tabela
4 segue classes terapêuticas/medicamentosas e suas reações adversas e consequências
clinicas.

Tabela 4 - Classes terapêuticas e medicamentos associados a reações adversas.

CLASSE REAÇÕES CONSEQUÊNCIAS


TERAPÊUTICA/MEDICAMENTOSA ADVERSAS CLÍNICAS

Anti-inflamatórios não esteroidais Irritação e ulcera Hemorragia, anemia,


gástrica, insuficiência renal,
nefrotoxicidade. retenção de sódio.

Anticolinérgicos Redução da Constipação, retenção


motilidade do TGI, urinária, confusão
boca seca, sedação, mental, quedas.
visão dobrada, entre
11
outras

Benzodiazepínicos Hipotensão, fadiga, Quedas, prejuízo na


náusea, visão memória, confusão
dobrada, entre outras. mental, entre outras

Beta-bloqueadores Redução da Insuficiência cardíaca,


contratilidade confusão mental, quedas,
miocárdica, da entre outras
condução elétrica e da
frequência cardíaca,
entre outras.

Digitálicos Redução da condução Arritmias, náusea,


elétrica cardíaca, anorexia
distúrbios no TGI.

Neurilépticos Sedação, redução dos Quedas, confusão


efeitos mental, isolamento
anticolinérgicos, entre social, entre outras.
outros.

Fonte: Adaptado de Secoli (2010).

Detectar precocemente os efeitos indesejáveis dos medicamentos é um dos objetivos


da farmacovigilância - definida como uma atividade que visa, através de da aplicação de
inibidores sistemáticos, obter os vínculos da provável casualidade entre reações adversas a um
medicamento, além de compreender, avaliar e prevenir reações adversas ou qualquer outro
tipo de problema relacionado ao uso dos medicamentos. Desta forma, a farmacovigilância é o
conjunto de instruções, observações e métodos que permitem detectar RAMs ou outros feitos
indesejáveis durante a ampla utilização do medicamento ou etapa de sua comercialização
(Silveira; Bandeira; Arrais, 2008; Bisson, 2007).

1.4.2. INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA

A intoxicação foi difundida como um problema social, a partir da potencialização da


industrialização, onde os medicamentos foram reconhecidos como um instrumento que cura e
salva, mas que também pode adoecer e levar um indivíduo a óbito (Feuser, 2013). Dentre os
12
agentes causadores de intoxicação no Brasil, os medicamentos ocupam a primeira posição, à
frente de venenos para insetos e roedores, drogas, produtos de limpeza, agrotóxicos e
alimentos estragados (Corrêa et al, 2013)

Em países desenvolvidos, os números de intoxicações medicamentosas registradas


demonstram que a faixa etária mais acometida é a de menores de cinco anos de idade,
especialmente entre dois e três anos. De uma maneira geral, as intoxicações medicamentosas,
são em sua maioria por casos de ingestão (76%), podendo ocorrer também pelas vias
inalatória, oftalmológicas e dérmicas (cerca de 6%), estão continuamente envolvidos em
menores de um ano as intoxicações por líquidos orais (42,4%) e injetáveis (5,7%), em
crianças com aproximadamente uma a nove anos de idade, os sólidos orais possuem maior
participação (44,9%) (Maior; Oliveira; 2012). Embalagens atraentes, medicamentos
adocicados e coloridos, com sabor de frutas e formatos de bichinhos, são elementos
contribuintes para o aumento das intoxicações acidentais em crianças (Margonato; Thomsin;
Paoliello, 2008).

Em idosos, o armazenamento inapropriado dos medicamentos, ingestão de doses


elevadas por descuido, utilização pela via incorreta de administração e a identificação confusa
do medicamento, estão entre os principais motivos de intoxicação não intencional. Desta
forma, as intoxicações em idosos geram mais complicações devido às alterações
farmacocinéticas e farmacodinâmicas em conjunto com o envelhecimento, além das
quantidades elevadas de medicamentos utilizados pelos mesmos (Haselberge, 1995 apud
Bernardes; Chorilli; Oshima-Franco, 2005).

Medicamentos como analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios apresentam os


maiores índices de intoxicação (Storpirtis et al, 2008). Fatores importantes caracterizam a
manutenção dos elevados índices de intoxicações medicamentosas no Brasil. Um deles é a
existência de uma política nacional de medicamentos frágil, definida por formas diferenciadas
de resistência ao uso racional de produtos da indústria farmacêutica, tais como presença de
uma variedade enorme de medicamentos de eficácia e segurança duvidosas e iniciativas
ausentes para a formação de profissionais da área de saúde preparados para conceder
orientações adequadas sobre a correta utilização dos medicamentos (Margonato; Thomsin;
Paoliello, 2008).

13
1.5. O PAPEL DO FARMACÊUTICO E O USO RACIONAL DOS
MEDICAMENTOS

Educar a população a respeito dos possíveis efeitos colaterais e interações


medicamentosas é função de todos os profissionais da saúde, em especial os farmacêuticos e
prescritores, pois acabam contribuindo para a adesão ao tratamento tornando-o mais eficaz,
preconizando o uso racional de medicamentos. Esta prática também pode ser utilizada como
técnica de redução da automedicação e consequentemente diversos problemas atribuídos a
farmacoterapia (Cascaes; Falchetti; Galato, 2008).

Promover a assistência farmacêutica e atenção farmacêutica é o objetivo pelo qual o


profissional farmacêutico promove o uso racional de medicamentos, salientando a
importância deste ato para a saúde da população em geral, visando reduzir males à saúde
humana, justificando a importância da atuação do farmacêutico nas farmácias (Sousa; Silva;
Neto, 2008).

Nos dias atuais, a farmácia é o estabelecimento que fornece acesso primário à saúde,
onde o farmacêutico acaba, por muitas vezes, sendo procurado antes de um serviço médico.
Nesse contexto, o profissional farmacêutico, por meio de suas qualificações e habilidades,
deve estar apto a exercer seu papel de forma adequada, praticando a atenção farmacêutica,
para garantir melhoras de sintomas aos pacientes (Fernandes; Cembranelli, 2015).

Nos dias atuais, a farmácia é o estabelecimento que fornece acesso primário à saúde,
onde o farmacêutico acaba, por muitas vezes, sendo procurado antes de um serviço médico.
Nesse contexto, o profissional farmacêutico, por meio de suas qualificações e habilidades,
deve estar apto a exercer seu papel de forma adequada, praticando a atenção farmacêutica,
para garantir melhoras de sintomas aos pacientes (Fernandes; Cembranelli, 2015).

A legalização da prescrição farmacêutica por meio da resolução 586 de 29 de agosto


de 2013 determina a prescrição farmacêutica de medicamentos de vendagem livre, e surge
como um importante fator em oposição à prática da automedicação e consequentemente no
controle do uso racional de medicamentos. Assim, a prescrição farmacêutica torna-se de suma
utilidade, visto que favorece a utilização correta dos medicamentos, diminuindo os riscos e
malefícios ocasionados pela automedicação (Bortolon; Karnikowski; ASSIS, 2007;
Fernandes; Cembranelli, 2015).

14
A legalização da prescrição farmacêutica por meio da resolução 586 de 29 de agosto
de 2013 determina a prescrição farmacêutica de medicamentos de vendagem livre, e surge
como um importante fator em oposição à prática da automedicação e consequentemente no
controle do uso racional de medicamentos. Assim, a prescrição farmacêutica torna-se de suma
utilidade, visto que favorece a utilização correta dos medicamentos, diminuindo os riscos e
malefícios ocasionados pela automedicação (Bortolon; Karnikowski; ASSIS, 2007;
Fernandes; Cembranelli, 2015).

O uso racional dos medicamentos (URM) presume a utilização conforme o estado


clínico, analisando a relação custo-efetividade. O uso racional acontece mediante a utilização
de medicamentos seguros, eficazes e de boa qualidade, através de uma prescrição adequada,
consumo de doses indicadas durante os intervalos propostos e no período de tempo definido,
tornando os indivíduos, os profissionais de saúde e o governo responsáveis pela a promoção
do URM (Osório-DE-Castro et al., 2014).

Abolir a automedicação é impossível, porém é possível minimizá-la de tal forma que


venha garantir o bem-estar da população, através da determinação de um estreito vínculo
entre o profissional farmacêutico e o paciente. Neste contato inicial deve existir uma
discussão das necessidades do cliente e posteriormente fornecer informações sobre os
medicamentos e sobre o cuidado de doenças, incluindo a procura de outros profissionais,
promovendo a automedicação responsável (CRFSP, 2012; Souza et al, 2011).

15
CAPITULO II: OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO
2.1. METODOLOGIA
2.1.1. Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa. A pesquisa é


considerada descritiva, por ter como objetivo primordial a descrição de características de
determinada população e uma de suas características mais significativas está na utilização de
técnicas padronizadas de coletas de dados como o questionário (Gil, 2006). Quantitativo por
traduzir em números, as opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (Kauark,
2010).

A abordagem quantitativa é mais apropriada para investigar actitudes e


responsabilidade dos entrevistados quando responde a um questionário, o principal objectivo
é medir e permitir o teste de hipóteses, pois a após da colecta de dados os resultados são
definidos e menos possiveis de erros (Lakatos; Marconi, 2011).

2.2. Hipóteses

2.3. Objecto de estudo


2.3.1. População e Amostra

Estudo foi realizado com as pacientes do Hospital no hospital do prenda do segundo


semestre de 2021com um número de trinta (30), que constituíram a nossa amostra.

Amostra é um subconjunto da população, fracção ou de uma parte do grupo de pessoas que


serão entrevistadas ou inqueridas, o questionário é feito a uma quantidade determinada de
elementos do conjunto, pois há casos em que seria impossível realizar a entrevista com todos
os elementos de uma população por ser um número grande (Silva, 2017). A amostra foi
selecionada por procedimento estatístico não probabilístico por conveniência, a qual
responde a critério de inclusão e exclusão.

2.3.2. Critério de Inclusão

Foram incluídos no estudo todos os Pacientes que aceitaram participar no estudo.

16
2.3.3. Critérios de Exclusão

Foram excluídos no estudo todos os pacientes que não aceitaram participar no estudo

2.4. Métodos Utilizados


Para que a investigação fosse efectuada respeitou-se as questões de índole ética e
moral, foram tomadas medidas preventivas de modo a garantir a protecção dos directos dos
sujeitos envolvidos no estudo.

Foi feita a partir das caracterizações das actividades que foram realizadas as gestantes,
foi uma análise do antecedente do problema e as debilidades presentes no processo de
conhecimento que se evidenciam na prática assistencial ou educação no trabalho sobre
doenças cronicas não transmissíveis.

Para a recolha de dados foi utilizado um questionário que é elaborado pelo autor deste
estudo e aprovado pelo orientador. Para isso, foi realizado um contacto prévio com os
pacientes.

2.5. Procedimento e Tratamento da Informação

Para o cumprimento de todos os objectivos e a análise dos dados foi utilizada a


estatística descritiva. Como medidas de resumo dos dados que foram obtidos os resultados em
números absolutos e percentagens.

Para a análise e tratamentodasinformaçõesforam organizado um banco de dados criado


em planilhas electrónicas com auxílio do Software Microsoft Office Word para a digitalização
dos textos, Excel para a elaboração de tabelas, buscando-se as associações entre as variáveis
que foram analisadas e apresentadas em gráficos univariados ,variados por meio de
frequência absoluta e relativa simples, atreves do PowerPoint, e os resultados foram
divulgados em Percentagem (%).

17
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS
RESULTADOS

18
CONCLUSÃO

Dentre as práticas mais comuns para aquisição de medicamentos está a aquisição de


fármacos sem a prescrição médica. Em Angola, o ato de se automedicar pode ser considerado
problema de saúde pública, uma vez que crianças, adolescentes, adultos e idosos são afetados
por este tipo de ação.

Diversos estudos demonstram os riscos na automedicação, principalmente na


superdosagem e intoxicação por fármacos inadequados, utilização de altas doses e por longos
períodos de tratamento.

Entre os fatores que levam as pessoas a automedicação estão a falta de recursos


destinados, e número insuficiente de médicos dentro das unidades de saúde. Pessoas que
passam por períodos de dor, recorrem a utilização de drogas farmacêuticas, muitas vezes
orientados por familiares, vizinhos ou pessoas do convívio social, sem receitas médicas,
fazem reutilização de sobras de fármacos de tratamentos anteriores, utilizam prescrições

antigas e prolongam tratamentos de forma errônea.

Estudos afirmam que as drogas farmacêuticas mais consumidas na automedicação em


Angola, são os analgésicos, anti-inflamatórios, antialérgicos, antibióticos e ansiolíticos, que
utilizados sem prescrição médica, muitas vezes podem levar a internação de pacientes e até
mesmo a morte.

Uma das alternativas salientadas para reduzir o problema da automedicação é a


atuação do profissional farmacêutico, que entre suas funções pode auxiliar pacientes para a
utilização correta dos fármacos, diminuindo riscos pela automedicação. Destacase ainda a
necessidade de implementar estratégias de conscientização a população mostrando os riscos à
saúde pela automedicação, que podem servir para alertar as pessoas, incentivando a busca por

ajuda médica ou ainda em certos casos, o auxílio de farmacêuticos.

19
APÊNDICE

INSTITUTO DE FORMAÇÃO DE TÉCNICO DE SAÚDE FILIPE


MENDONÇA

FICHA Nº_____________

INQUÉRITO

INQUÉRITO DIRECIONADO AO HOSPITAL DO PRENDA

Prezado(a) Senho(a), somos estudantes da 13ª classe do Instituto Medio Filipe


Mendonça, e estamos a fazer uma pesquiza de carácter científico.

Neste questionário necessitamos a sua COLABORAÇÃO para preencher este


formulário que tem como objetivo recolher dados que servirão de base para
termos uma perceção sobre AUTOMEDICAÇÃO OS RISCOS QUE ESSA
PRÁTICA CAUSA A SAÚDE E A IMPORTÂNCIA DO
FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO FARMACÊUTICADOS NOS
PACIENTES ATENDIDOS NA CONSULTA EXTERNA NO HOSPITAL
DO PRENDA NO I SEMESTRE DE 2023.

A sua participação é voluntaria, e será absolutamente garantido o


ANONIMATO e a CONFIDENCIALIDADE no preenchimento deste
QUESTIONARIO.

NÃO HÁ RESPOSTAS CERTAS OU ERRADAS. POREM, PEDIMOS


QUE SEJA O MAIS SINCERO POSSIVEL AO RESPONDER AS
QUESTÕES.

Estou imensamente grata (o) pela sua disponibilidade e colaboração. O seu


contributo é extremadamente importante.
20
Muito obrigada (o).
OS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO

QUESTIONÁRIO REALIZADO NO ÂMBITO DO ESTÁGIO


CURRICULAR DO CURSO MÉDIO TÉCNICO DE FARMÁCIA

O que é a automedicação? A automedicação é considerada como o ato de ingerir


determinadas substâncias para efeito terapêutico sem a orientação ou assistência de um
profissional de saúde qualificado. Geralmente, a automedicação acontece quando um
indivíduo possui algum sintoma patológico e/ou doloroso e resolve se tratar sem buscar
atendimento profissional especializado (CASTRO et al., 2006).

Objetivo: Com este questionário anónimo pretende-se Identificar quais os principais


riscos e consequências da automedicação para a saúde da população em Angola.

1. CARACTERIZAÇÃO DO DOENTE

A. Género:  Feminino  Masculino

B. Idade: ____ anos

1.1. Estado civil: solteiro  Casado  Divorciado  Viúvo 

C. Por quantos elementos e composto o agregado familiar?

 2  3 Ou 4  5 Ou mais

1.2. Escolaridade: _________

1.3. Profissão: já foi ou é profissional de saúde?  Não é e nunca foi profissional de saúde 

2. CARACTERIZAÇÃO DA AUTOMEDICAÇÃO

2.1. Engeriu medicamento nos últimos anos? Sim  Não 

Obs: Se respondeu não o seu questionário para por aqui se for sim pode prosseguir

2.2. Os medicamentos usados foram todos prescritos pelo médico: Sim  Não 

Obs: se a resposta foi sim, na pergunta anterior, o seu questionário acaba aqui. Se respondeu
não, continua por favor.

21
2.3. No último ano recorreu a automedicação?

Raramente  Alguma frequência  Muita Frequência 

22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DE Morais, E; Júnior, O.F (2018). Consequências e quais os principais riscos da


automedicação. Pp. 9

2. Furtado, Ivánia Tavares,(2019).Automedicação e os seus riscos Principais distúrbios do


trato gastrointestinal causados pela automedicação Pp. 4,6

3. Jornal de Angola, (2020). Automedicação preocupa especialistas. [Online] Available at:


https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/detalhes.php?id=343241 [Acessões 26 Janeiro
2023].

4. Machado, Sílvia Adelaide Gomes (2015) Automedicação e gestão de medicamentos nas


habitações de profissionais de farmácia do Porto. Pp. 20-24

5. SAPO, 2018. Automedicação é recurso para angolanos que veem ir ao hospital como
perda de tempo. https://24.sapo.pt/noticias/internacional/artigo/.

6. Silva, Luziane teixeira de castro. (2016) Análise da automedicação, suas práticas e riscos
sobre a saúde: revisão de literatura. Pp. 11-12, 19-22,26-32. Governador mangabeira – Ba.

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