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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras

Curso de Licenciatura em Química Marinha

Monografia para Obtenção do Grau de Licenciatura em Química Marinha

Avaliação da eficiência dos Métodos de Destilação Instantânea e Congelamento na Dessalinização da


Água do mar para o Consumo Humano

Autor:

_______________________________________________

Ricardo Muando Nhambirre Júnior

Quelimane, Maio de 2023


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras

Curso de Licenciatura em Química Marinha

Monografia para Obtenção do Grau de Licenciatura em Química Marinha

Avaliação da eficiência Dos Métodos de Destilação Instantânea e Congelamento na Dessalinização da


Água do mar para o Consumo Humano

Autor:

________________________________________________

Ricardo Muando Nhambirre Júnior

Supervisora:

(Mestre Inocência António Paulo)

_________________________________________________

Co-Supervisor:

___________________________________________________

(Mestre Teófilo Mateus P. Ferraz)

Quelimane, Maio de 2023

2
Dedicatória

Em pioneiro, dedico a minha vida a Jeová Deus pela graça e misericórdia que tem por mim e por me ter dado
Jesus Cristo como meu Salvador.
Dedico este trabalho aos meus pais Ricardo Muando Nhambirre e Joana Rodrigues Chuquela, aos meus avós
Georgina Wane Nhambirre, Muando Nhambirre Julião e Teresa Qumibine Comé e ao meu irmão Fernando
Ricardo Nhambirre.

À toda família Nhambirre, especialmente tia Gloria Nhambirre, Rosita Nhambirre, Fernando Nhambirre,
João Eninho e Celeste Manuel.

i
Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço à Jesus Cristo pela vida e pelo seu imensurável amor. Por ter permitido com que
eu fosse formado.
Agradeço a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) – Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras
(ESCMC) pela oportunidade de me formar nesta Instituição e pela Bolsa de Estudos concedida. Agradeço aos
Mestres Yolanda Mula, Lúcio Jasse, Lopes Luís, Ph.D. Fialho Nehama, dra. Iranete, dr. Áurio Mendes, Enga
Joana José e à todos docentes e funcionários da UEM – ESCMC pela assistência académica e pelo
conhecimento não só cientifico transmitido durante a minha formação. Todavia, agradeço aos meus
supervisores: Mestres Inocência Paulo e Teófilo Ferraz pela assistência e apoio no presente trabalho.

Agradeço ao Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) de Quelimane pela


oportunidade de estágio, em especial ao dr. Pômpido João, dr. Lembrança e ao dr. Flávio Chaves pelo
conhecimento e experiencia adquirida.

A minha mãe pela vida, a minha avó Georgina Wane Nhambirre pela minha essência, Teresa Quimbinne
Comé, Muando Nhambirre Julião, minha tia Glória Nhambirre, Rosita Nhambirre e Fernando Nhambirre,
João Eninho por acompanhar-me de forma activa e pelo todo apoio dado durante toda minha caminhada,
muito obrigado. Aos meus irmãos Fernando Ricardo Nhambirre e Dilma Uamba, muito obrigado por tudo.
Os meus primos Arsénio Julião Nhambirre, Edson, Eninho, Ioque, Jackson Tunzine, Nelson, Olívia e ao
Paulete, muito obrigado. Agradeço à Loyde Raquel António Luís por tudo que ela foi e pelo que fez por mim
durante da minha formação.

Agradeço a todos colegas ingressados à UEM – ESCMC no ano 2019, em especial à toda turma de Química
Marinha 2019 por tudo passado ao longo da nossa formação. Nesta ocasião, agradeço aos meus amigos em
especial Adelina Chiposse, Amilton Muhosse, António Chalé, Bitónia Sacanha, Elcídio Cossa, Evander César
João Pacule, Lacerno Manjate, Lucas Alexandre, Mércia Mutuque, Ricardino Lucas, Simão Macie, Sualehé
Andarruse, Shelton Manjate e Viriato Mugumuane pelo apoio académico. A Neyma Cumbana, Marta
Chavane, Jéssica Mativane, Érica Mayassa, Epifania Coana, Jamar Timana, Ercília Macuácua pelas
emoções compartilhadas. Obrigado Auneta Matsena por tudo quanto fez por mim tanto pelos bons e tantos
momentos contigo passados. E a todos outros colegas que direta ou indiretamente apoiaram em todo meu
percurso.

ii
Declaração de Honra

Eu, Ricardo Muando Nhambirre Júnior, declaro por minha honra que o presente trabalho de pesquisa nunca
antes foi apresentado ou publicado e que constitui resultado do meu total empenho e dedicação na realização
deste como cumprimento parcial dos requisitos necessários para obtenção do grau de Licenciatura em Química
Marinha, pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

O autor

_____________________________________________________________

(Ricardo Muando Nhambirre Júnior)

iii
Resumo

Moçambique é um país costeiro e seis (6) de suas províncias estão localizadas na costa, correspondentes
acerca de 43 % da população sem o devido acesso à água potável. Para responder o problema, grandes e
médias demandas de água doce são apropriadamente atendidas por sistemas convencionais de dessalinização.
O presente estudo tem como objectivo dessalinizar água do mar por destilação instantânea e por congelamento
para avaliar a eficiência dos métodos a fim de recomendar as populações necessitadas. Para a dessalinização
por destilação, a água do mar foi submetida numa camara de aquecimento e posterior colectados os vapores
instantaneamente usando um condensador, para tal foram usados 5 litros, subdivididos em três porções de 2,0
L, 1,5 L e 1,5 L, tendo assim sido repetido três (3) experimentos. Enquanto, para o congelamento a água do
mar foi submetida a temperaturas abaixo de -4oC até que se formasse cristais de gelo no recipiente. Retirado,
este raspado nas partes superficiais do cristal. Este método foi faseado pois à medida que se sucedeu nova
fase a salinidade foi reduzindo até o desejado. A água dessalinizada obtida por ambos os métodos foi
submetida a análises dos parâmetros químicos (Fe2+, Mg2+,NO3-, NO2-, NH3, Cl-, Mn4+, alcalinidade, LDO e
dureza), microbiológicos (coliformes totais e E. coli) e físicos (turbidez, Condutividade e TDS). Portanto,
para a destilação instantânea os iões de Fe2+, Mg2+,NO3-, NO2-, NH3, Cl-, Mn4+, alcalinidade, LDO e dureza
resultaram em 0.27 mg/L, 9.49 mg/L, 2.9 mg/L, 0.02 mg/L, 0.18 mg/L, 129.8 mg/L, 2 mg/L, 3.7 mg/L, 4.14
mg/L e 62 mg/L, respetivamente. Entretanto, para o congelamento os iões de Fe2+, Mg2+,NO3-, NO2-, NH3,
Cl-, Mn4+, alcalinidade, LDO e dureza resultaram em 0.34 mg/L, 5.31 mg/L, 2.5 mg/L, 0.018 mg/L, 0.08
mg/L, 638.1 mg/L, 2.8 mg/L, 2 mg/L, 4.1 mg/L e 90 mg/L, respetivamente. Ambos métodos apresentaram
zero (0) colónias de E. coli, entretanto, verificou-se vinte (20) colónias de coliformes totais após o
congelamento. Para destilação, a turbidez, condutividade e TDS foi de 1.38, 259.5 e 129.7 e para
congelamento foi de 1.34, 3590 e 1795, respetivamente. De acordo com os resultados obtidos, o método de
destilação instantânea conseguiu reduzir o teor de salinidade de 27,79 ppm para 0,14 ppm e o método de
congelamento reduziu o teor de salinidade de 27,79 ppm para 0,8 ppm, respetivamente. Entretanto, com base
nos testes estatísticos efetuados o método de destilação instantânea não difere significativamente do método
de congelamento. Portanto, concluiu-se que o método de destilação instantânea e congelamento produzem até
seis (6) e três (3) litros/dia de água doce e o melhor grau de potabilidade foi obtido pelo método de destilação
instantânea e constituiu assim o método mais eficiente na dessalinização de água do mar.

Palavras – chaves: Dessalinização, destilação instantânea, congelamento, grau de potabilidade.

iv
Abstract

Mozambique is a coastal country and six (6) of its provinces are located on the coast, corresponding about
43% of the population without proper access to drinking water. To care the problem, large and medium
freshwater demands are adequately attended by conventional desalination systems. The present study aims to
desalinate seawater by instantaneous distillation and freezing to evaluate the efficiency of the methods in
order to recommend the needy populations. For desalination by distillation, seawater was submitted to a
heating camera and later the vapors were instantly collected using a condenser. For such, 5 liters were used
were divided into three portions of 2.0 L, 1.5 L and 1. 5 L, thus repeating three (3) experiments. Meanwhile,
for freezing, seawater was submitted to temperatures below -4oC until ice crystals formed in the container.
Removed, this scraped on the surface parts of the crystal. This method was phased because as the new phase
followed, the salinity was reduced to the desired level. Desalted water obtained by both methods was
submitted to chemical analysis (Fe2+, Mg2+,NO3-, NO2-, NH3, Cl-, Mn4+, alcalinity, LDO and hardness),
microbiological (total coliforms and E. coli) and physical (turbidity, conductivity and TDS). Therefore, for
the instantaneous distillation the ions of Fe2+, Mg2+,NO3-, NO2-, NH3, Cl-, Mn4+, alcalinity, LDO and hardness
resulted in 0.27 mg/L, 9.49 mg/L, 2.9 mg/L, 0.02 mg /L, 0.18 mg/L, 129.8 mg/L, 2 mg/L, 3.7 mg/L, 4.14
mg/L and 62 mg/L, respectively. However, for freezing the ions of Fe2+, Mg2+, NO3-, NO2-, NH3, Cl-, Mn4+,
alcalinity, LDO and hardness resulted in 0.34 mg/L, 5.31 mg/L, 2.5 mg/L, 0.018 mg/ L, 0.08 mg/L, 638.1
mg/L, 2.8 mg/L, 2 mg/L, 4.1 mg/L and 90 mg/L, respectively. Both methods showed zero (0) E. coli colonies,
however, there were twenty (20) total coliform colonies after freezing. For distillation, the turbidity,
conductivity and TDS was 1.38, 259.5 and 129.7 and for freezing, it was 1.34, 3590 and 1795, respectively.
According to the results obtained, the instantaneous distillation method managed to reduce the salinity content
from 27.79 ppm to 0.14 ppm and the freezing method reduced the salinity content from 27.79 ppm to 0.8 ppm,
respectively. However, based on the statistical tests carried out, the instantaneous distillation method does not
significantly differ from the freezing method. Therefore, it was concluded that the instantaneous distillation
and freezing method produce up to six (6) and three (3) liters/day of fresh water and the best degree of
potability was obtained by the instantaneous distillation method and thus constituted the most efficient method
in seawater desalination.

Keywords: Desalination, instantaneous distillation, freezing, degree of potability.

v
Índice de Tabelas

Tabela 1: Distribuição da água no planeta. Fonte: (Editado de Brasil, 2006) ................................................. 6


Tabela 2: Composição química da água do mar. ............................................................................................. 7
Tabela 3: Parâmetros físicos e organolépticos da qualidade de água para o consumo humano. ................... 12
Tabela 4: Principais parâmetros químicos da qualidade de água para o consumo humano. ......................... 13
Tabela 5: Limites admissíveis dos parâmetros microbiológicos. .................................................................. 13
Tabela 6: Materiais usados para a dessalinização nos dois métodos e reagentes usados na determinação dos
parâmetros químicos e microbiológicos da água antes e depois da dessalinização. ....................................... 18
Tabela 7: Valores iniciais das amostras de água inseridas para o congelamento. ......................................... 20
Tabela 8: Resultados da análise da qualidade microbiológica da água. ........................................................ 26
Tabela 9: Valores da turbidez da água em todos processos seguidos. ........................................................... 26
Tabela 10: Parâmetros estatísticos que determinam a não existência de diferenças ou desvios significativos
entre os métodos de destilação instantânea e congelamento. ......................................................................... 28
Tabela 11: relação do rendimento com o tempo gasto da dessalinização por destilação instantânea e por
congelamento. ................................................................................................................................................. 30
Tabela 12: Níveis de apreciação do grau de potabilidade alcançado pelos métodos na dessalinização da água
do mar. ............................................................................................................................................................ 31
Lista de Figuras

Figura 1: Salinidade superficial (PSU) no inverno (janeiro - março ao norte do equador e julho - setembro ao
sul do equador) com base em médias (climatológicas) de Levitus et al. (1994b). Fonte: (Cirano, 2010). ...... 8
Figura 2: Ilustração dos processos que intervêm no ciclo hidrológico.......................................................... 10
Figura 3: a – representação esquemática da estrutura da molécula de água e b – comparação da temperatura
de fusão e ebulição da água com outras moléculas. Fonte: (Moller & Assef, 2015)...................................... 11
Figura 4: Destilador instantâneo. Fonte: https://www.preparaenem.com/quimica/dessalinizacao-agua-
mar.htm. .......................................................................................................................................................... 15
Figura 5: Esquema do congelamento indireto (Medonça & Guedes, 2021) ................................................. 16
Figura 6: Esquema da dessalinização por osmose reversa e membrana semipermeável (Silva, 2015). ....... 16
Figura 7: Localização da área da coleta das amostras. .................................................................................. 17
Figura 8: Dessalinização por destilação instantânea (Laboratório de Química UEM - ESCMC). ............... 19
Figura 9: ilustração dos materiais usados na dessalinização por congelamento. .......................................... 19
Figura 10: A placa de Petrifilm na estufa – Low Temperature Incubator e placa de Petrifilm – 3M Coliform
Count Plate. 860403030. ................................................................................................................................. 21

vi
Figura 11: Equipamento usado nas medições dos parâmetros químicos e físicos de qualidade da água (multi
parâmetro AZ 86031 – Water Quality Meter e espectrofotómetro HACH DR 900)...................................... 21

vii
Lista de abreviaturas

Abreviatura Significado
NTU Nephelometric Turbidity Units
LMA Limite máximo admissível
VMA Valor mínimo admissível
NMP Número máximo permitido
TDS Total Dissolved Solids
OMS Organização Mundial da Saúde
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
CFM Caminhos de Ferro de Moçambique
CHAEM Centro Hospitalar e Administrativo de Exames Médicos
FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água
FNS Fundação Nacional de Saúde
CNTP Condições Normais de Temperatura e Pressão
PH Potencial Hidrogeniónico
LDO Liquid Dissolved Oxigen
Tcongelador Temperatura do congelador
E. coli Escherichia coli
EDTA Ácido etilenodiamina tetra-acético
Cong. Congelamento
Dest. Destilação
MCAA Ministério da Coordenação para a Acão Ambiental

viii
Índice
Dedicatória ..................................................................................................................................................... i

Agradecimentos ............................................................................................................................................. ii

Declaração de Honra .................................................................................................................................... iii

Resumo ......................................................................................................................................................... iv

Abstract ......................................................................................................................................................... v

Índice de Tabelas .......................................................................................................................................... vi

Lista de Figuras ............................................................................................................................................ vi

Lista de abreviaturas................................................................................................................................... viii

CAPÍTULO I ................................................................................................................................................. 1

1. Introdução .............................................................................................................................................. 1

1.1. Problema............................................................................................................................................. 3

1.2. Justificativa......................................................................................................................................... 3

1.3. Objetivos ............................................................................................................................................ 4

1.3.1. Objetivo Geral ................................................................................................................................ 4

1.3.2. Objetivos Específicos ..................................................................................................................... 4

CAPÍTULO II ............................................................................................................................................... 5

2. Revisão de Literatura ............................................................................................................................. 5

2.1. A Costa moçambicana e sua salinização ............................................................................................ 5

2.1.1. Desafios de obtenção de água potável em Moçambique ................................................................ 5

2.1.2. Composição química da água do mar ............................................................................................. 7

2.1.3. Fonte e distribuição da salinidade .................................................................................................. 7

2.1.4. Principais processos do ciclo hidrológico ...................................................................................... 9

Evapotranspiração ........................................................................................................................................ 9

Precipitação .................................................................................................................................................. 9

Escoamento superficial ............................................................................................................................... 10


2.1.5. A molécula de água e suas características .................................................................................... 10

2.2. Água potável e qualidade de água .................................................................................................... 11

2.2.1. Parâmetros de Qualidade de água para o consumo humano ........................................................ 12

Parâmetros organolépticos e físicos ........................................................................................................... 12

Parâmetros Químicos .................................................................................................................................. 12

Parâmetros microbiológicos ....................................................................................................................... 13

2.3. Métodos de dessalinização ............................................................................................................... 14

Dessalinização por destilação instantânea ................................................................................................. 14

Dessalinização por congelamento .............................................................................................................. 15

Dessalinização por osmose reversa (OR) ................................................................................................... 16

CAPÍTULO III ............................................................................................................................................ 17

3. Metodologia ......................................................................................................................................... 17

3.1. Amostragem ..................................................................................................................................... 17

3.2. Materiais e métodos ......................................................................................................................... 18

3.2.1. Materiais ....................................................................................................................................... 18

3.2.2. Métodos ........................................................................................................................................ 18

Dessalinização por destilação instantânea ................................................................................................. 18

Dessalinização por congelamento .............................................................................................................. 19

3.3. Análise da qualidade de água ........................................................................................................... 20

Qualidade microbiológica........................................................................................................................... 21

Qualidade química e física .......................................................................................................................... 21

3.4. Tratamento e análise de dados ............................................................................................................. 22

3.5. Comparação do grau de potabilidade da água obtida com os padrões da OMS .............................. 22

3.5.1. Análise estatística ......................................................................................................................... 22

3.6. Analise dos métodos e avaliação da eficiência .................................................................................... 23

CAPÍTULO IV ............................................................................................................................................ 25

4. Resultados ............................................................................................................................................ 25
4.1. Dessalinização .................................................................................................................................. 25

4.2. Determinação dos parâmetros químicos dos parâmetros microbiológicos, químicos e físicos ....... 26

Parâmetros microbiológicos ....................................................................................................................... 26

Parâmetros físicos e organolépticos ........................................................................................................... 26

Parâmetros Químicos .................................................................................................................................. 27

4.3. Comparação do grau de potabilidade da água obtida com os padrões da OMS .............................. 28

4.3.1. Destilação Instantânea e OMS ...................................................................................................... 28

4.3.2. Congelamento e OMS .................................................................................................................. 29

4.4. Análise dos métodos e avaliação da eficiência ................................................................................ 29

4.5. Discussão dos resultados ...................................................................................................................... 31

Dessalinização ............................................................................................................................................ 31

Determinação dos parâmetros microbiológicos, químicos, físicos e comparação dos métodos ................ 31

Análise de eficiência.................................................................................................................................... 32

CAPITULO V ............................................................................................................................................. 33

5. Conclusão............................................................................................................................................. 33

5.1. Recomendações ................................................................................................................................ 34

Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 35

Anexos.......................................................................................................................................................... A
CAPÍTULO I

1. Introdução

A água é o fluído mais abundante no planeta Terra. Cerca de 71% do planeta está coberto por água com um
volume total de cerca de 1.370 milhões de km3, entretanto, esta água difere de suas características que
determinam a qualidade de água para cada uso, no caso da temperatura, salinidade ou total de sólidos
dissolvidos, condutividade, dureza, alcalinidade, cor, odor e sabor. Portanto, maior parte desse volume 97%
ocorre nos oceanos e mares (água salgada imprópria para consumo humano e produção de alimentos) e os 3%
restantes (água doce) não estão inteiramente disponíveis para uso (Jesus, et al., 2015).

A maior parte da água doce 68,7% está nas calotas polares e geleiras, 30,1% constitui as águas subterrâneas,
e 0,9% está em pântanos e na humidade dos solos (Castello, 2015). Dependendo da área do conhecimento a
água pode ser definida de diferentes maneiras e, no entanto, sob ponto de vista de sustentabilidade ambiental
designa-se água como recurso de transporte e diluição de efluentes (Silveira et al., 2015). Apesar deste fluido
ser mais abundante no planeta, a busca ofensiva tem sido uma das maiores atenções pelo que esta não satisfaz
a demanda da população em função da cada categoria de aplicação.

A água tem várias utilidades como o consumo, desenvolvimento de pesquisas cientificas, geração de energia,
produção agrícola, práticas de aquacultura, higienização humana e ambiental, turismo entre outros fins
importantes no dia-a-dia do Homem, entretanto, com maior ênfase na manutenção da vida de todo ser vivo
(Silveira et al., 2015). De acordo com a Fundação Nacional de Saúde o consumo de água aumenta em função
do aumento da população e da produção industrial. Cada dia é maior a quantidade de água retirada dos rios e
mais diversa a poluição neles é descarregada. Este líquido tem sido escasso e a situação tem se tornando cada
vez mais crítica não só pelo aumento populacional, que exige uma produção crescente de água para suprir a
demanda, mas também pelo alto nível de poluição dos corpos de água vem diminuindo a qualidade das águas
brutas e exigindo cada vez mais técnicas avançadas e ou produtos químicos para o tratamento visando a
obtenção de água adequada para cada categoria (Silveira et al., 2015). Vários países têm enfrentado problemas
relacionados ao fornecimento de água potável e também para atender às necessidades industriais, de tal
maneira que, alguns destes países têm procurado soluções para obter água purificada a partir de água salgada
encontrada em poços ou água do mar (Jesus, et al., 2015).

Segundo Jossias (2017) e Silveira et al. (2015) grandes problemas em vastas zonas de Moçambique é a falta
de água potável, razão que levou a União Europeia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e
o Governo moçambicano a implementarem programas com vista a melhorar o abastecimento de água e o

1
saneamento do meio, onde, portanto, exige-se muita dedicação e esforço para manutenção e aquisição deste
bem maior importante para a sociedade na melhor qualidade possível. Silveira et al. (2015) afirma que existe
má qualidade da água, apresentando elevadas concentrações de sais, tendo características impróprias para o
consumo, impurezas e, por essas razões, considera-se oportuno discutir o tema da dessalinização da água
como uma das vias de obtenção de água com qualidade e buscar novas formas eficientes de tratamento sob
ponto de vista de potabilidade da água, de modo a restringir a escassez do recurso.

Um dos mecanismos optados para restringir a escassez é a dessalinização (Silveira et al., 2015).
Dessalinização é compreendida como o processo físico-químico da remoção do sal e outras substâncias
minerais da água salgada para adquirir água doce (Júnior, 2020). Estas técnicas têm ganho créditos comerciais
desde os anos 80 até nas últimas décadas razão pela qual vários estudos têm sido realizados no sentido de
melhorar o desempenho, segurança e viabilidade económica (De Souza, 2006). Existem métodos térmicos
(diferentes tipos de destilação e congelamento directo e indirecto) e membranares (osmose e osmose reversa
e eletrodiálise) que são aplicados na dessalinização da água do salgada ou salina, assim como no tratamento
das águas.

O presente trabalho tem como objecto de estudo a dessalinização da água do mar aplicando dois métodos
diferentes (Congelamento e Destilação Instantânea) com vista a recomendar o mais eficiente para o uso pela
sociedade como mecanismo para redução dos altos níveis de escassez de água na população costeira. Os
métodos usados no presente trabalho têm como principal elemento comum dos seus princípios de
funcionamento a temperatura, entretanto, de ebulição e de congelamento. A dessalinização por destilação
instantânea é um processo térmico que ocorre em duas etapas, a evaporação e a condensação de vapor
(Castello, 2015). Enquanto, a dessalinização por congelamento é um processo térmico onde os sais dissolvidos
na água são excluídos naturalmente durante a formação de cristais de gelo (De Souza, 2002). Portanto,
enquanto se resfria a água salgada até ao congelamento parcial da solução para obtenção de água doce a
destilação instantânea preocupa-se em evaporar a solução salina com o objectivo de recolher os vapores
libertados durante o aquecimento a água salgada.

Para além deste capítulo, o trabalho conta com o capítulo de revisão bibliográfica que serviu como fonte base
de informação científica relacionando o estudo com outros estudos, metodologia baseada no capítulo da
revisão, resultados e discussões que serviram como ferramenta para a tomada de decisões conclusivas. Estes
itens, foram baseados nos experimentos efetuados, análises de laboratório e resultados de trabalhos de
pesquisa realizados por outros autores com temática relacionada, com vista a realçar melhor o capítulo das
conclusões.

2
1.1.Problema

A falta de água potável constitui um dos grandes problemas em vastas zonas de Moçambique (Jossias, 2017).
Especificamente na zona costeira moçambicana com cerca de 2 600 km de sua extensão, habitada por cerca
de 43 % da população (num total de 19 milhões de habitantes) não existem sistemas adequados de drenagem,
de tratamento de águas residuais e de abastecimento de água, pelo que o problema da qualidade das águas é
crítico (Langa, 2007). Ou seja, ainda cerca de metade da população costeira moçambicana não tem acesso a
água potável (Boletim da República, 2021). Nas regiões costeiras, há predominância de água salgada ou
contaminada por efluentes domésticos, ocasionando a escassez de água devido ao considerável aumento da
densidade populacional nestes locais (MCAA, 2013). Estudos feitos pelo Centro Hospitalar e Administrativo
de Exames Médicos (CHAEM) em algumas zonas costeiras moçambicanas sobre a qualidade de água
mostram um teor de contaminação por microbactérias e apontam valores elevados de salinidade provenientes
essencialmente das descargas de efluentes domésticos sem tratamento prévio (CFM, 2007). Prática de
agricultura em regiões costeiras também tem tido baixa produtividade associada à escassez de água com
qualidade apropriada para a atividade, aos efeitos da intrusão salina e ao baixo alcance da eficiência
económica para solucionar casos semelhantes e o aparecimento de algumas doenças como cólera e disenteria
bacteriana (Samo, 2015). Em resposta desta escassez, certas comunidades apostam em aberturas de poços de
água, contudo, se deparam com águas salobras. Sendo assim, o desenvolvimento das técnicas de
dessalinização utilizando recursos disponíveis nessas comunidades são encorajadores. Assim, em função dos
aspectos descritos no presente parágrafo, coloca-se a seguinte pergunta de partida:

Pergunta de partida: Qual é a eficiência dos métodos de destilação instantânea e de congelamento na


dessalinização da água do mar para o consumo humano?

1.2.Justificativa

Face ao problema de escassez de água potável observado por diversos pesquisadores e algumas entidades
nacionais como a CHAEM & (CFM, 2007), tem sido criados esforços com objectivo de desenvolver técnicas
para obter água doce através da água salgada. Silveira et al. (2015) afirma que existe má qualidade da água,
apresentando elevadas concentrações de sais, tendo características impróprias para o consumo e impurezas,
facto que considerou-se uma das razões para discutir a temática da dessalinização da água. As outras razões
que motivaram para a avaliação da eficiência dos métodos de destilação instantânea e congelamento na
dessalinização está associada ao contexto da criação de uma alternativa eficiente para solucionar aspectos
ligados à falta de água potável na sociedade costeira, sendo que, os resultados do presente estudo podem de
certa forma incentivar esta sociedade a utilizar estes métodos para dessalinizar suas águas no seu quotidiano.

3
A escolha dos métodos foi baseada na principal variável que identifica os seus princípios de funcionamento
no caso, da temperatura (congelamento a 0oC e ebulição a 100oC). A implementação do presente estudo serve
de certa forma, para um profissional em Química Marinha, como ferramenta para o desenvolvimento e
aquisição de habilidades técnicas analíticas para fins de precisão na manipulação de equipamentos em
procedimentos químicos e especificamente analíticos, dentro e fora do laboratório, no controlo de qualidade
de produtos ou de outros recursos associados e, no reconhecimento da importância da gestão ambiental e
adequada dos corpos hídricos, tendo em conta que um dos principais factores que influencia a escassez da
água potável é a poluição.

1.3.Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

 Avaliar a eficiência dos métodos de destilação instantânea e congelamento na dessalinização da água


do mar para o consumo humano;

1.3.2. Objetivos Específicos

 Dessalinizar água do mar pelos métodos de destilação instantânea e congelamento;

 Determinar os parâmetros microbiológicos, químicos e físicos da qualidade de água, na água obtida


pelos métodos de destilação instantânea e congelamento;

 Comparar o grau de potabilidade da água obtida pelos métodos destilação instantânea e congelamento
e com os padrões de potabilidade estabelecidos pela OMS;
 Analisar a eficiência de cada método na dessalinização da água do mar para obtenção de água potável
para o consumo humano.

4
CAPÍTULO II

2. Revisão de Literatura

2.1. A Costa moçambicana e sua salinização

Moçambique é um país com área aproximadamente igual 799 380 km2. As províncias de Maputo, Gaza,
Inhambane, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado estão localizadas na costa das quais doze cidades destas
províncias estão localizadas na costa correspondentes acerca de 43 % da população, num total de 19 milhões
de habitantes ocupando cerca de 154 000 km2 de área, correspondendo a cerca de 19 % do território nacional.
Este facto indica haver grande apetência da população pelas zonas costeiras (Langa, 2007).

Todas áreas costeiras do mundo são dinâmicas, complexas e multifuncionais, tal como na área costeira de
Moçambique essa complexidade e diversidade se manifesta (MCAA, 2013). Portanto, pode se afirmar que a
salinidade do solo da costa moçambicana é determinada pela actividade e composição química das águas do
oceano Índico e da intervenção da população costeira. A variação da quantidade do sal no oceano como
descrito acima é ínfima, no entanto, o oceano em geral tem uma salinidade média aproximadamente igual a
35 ppm (Castello, 2015).

Um vasto número de actividades humanas ocorre na costa moçambicana, em condições que, por vezes, a
integridade dos ecossistemas pode ficar em risco, neste caso, incluem turismo e actividades recreativas,
pescas, actividades portuárias e de navegação, mineração, prospeção e exploração de hidrocarbonetos,
urbanização e agricultura (MCAA, 2013). Por isso, a salinidade dos solos em escala regional ou local ao longo
da costa, também pode variar por salinização secundária conduzida pelas actividades da população local e
primária pelas características naturais do solo (Uamusse, 2015).

Apesar da costa moçambicana ser grande, por sua vez, indica também grande indisponibilidade de água na
região. Observa-se nesta região dificuldades de aquisição de água com boa qualidade para além do consumo
humano mas para o desempenho de actividades como agricultura e pecuária, actividades industriais, serviços
de pesquisa devido as águas salgadas.

2.1.1. Desafios de obtenção de água potável em Moçambique

Em Moçambique, de acordo com os dados do Censo Populacional 2017, cerca de 49% dos agregados
familiares tinham acesso à água potável. Embora esta cobertura represente uma melhoria em relação à
cobertura de 35% encontrada durante o censo de 2007, ainda cerca de metade da população moçambicana não
tem acesso a água potável (Boletim da República, 2021 & Brief, 2014). As zonas de maior problemática
5
relacionada à obtenção de água potável em Moçambique são as regiões costeiras. Por província, todas da
região Sul, e incluindo as do centro, Manica e Sofala apresentam percentagens de fontes seguras de água para
beber acima de 60% enquanto as províncias da região norte, incluindo Zambézia e Tete, apresentam
percentagens de água proveniente de fontes seguras, abaixo de 50% (Brief, 2014).

Em todas capitais moçambicanas como Pemba, Quelimane, Tete e Xai-Xai e Nacala, dependem quase
exclusivamente das águas subterrâneas (Uamusse, 2015). Na zona rural, as principais fontes de água são os
poços não protegidos, com 42% de água da superfície, como por exemplo rios e lagos.

Entretanto, Segundo Langa (2007) & Jossias (2017) Moçambique enfrenta dificuldades críticas de
disponibilidade de água, que concorre para a disputa de pequenas bolsas de água remanescentes entre o
homem e animal, onde as comunidades locais são forçadas a consumir água imprópria na maior parte dela
salobra obtida nos poços e alguns abastecimentos do tipo furos e o consumo desta tem sido veículo de doenças
para além do espectro de fome a fraca produtividade agrícola (Uamusse, 2015).

O abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa deve ser contínuo e suficiente
para usos pessoais e domésticos (Brief, 2014). De acordo com a OMS são necessários entre 50 a 100 litros de
água por pessoa, por dia, para assegurar a satisfação de todas necessidades mais básicas e a minimização dos
problemas de saúde. Maior parte do abastecimento de água tem sido subterrâneo e nas comunidades costeiras
o alcance desta não é eficaz devido a salinização.

Por outro lado, a disponibilidade da água potável está associada ao elevado despejo de resíduos, à falta de
saneamento ambiental, a pobreza, o impacto das mudanças climáticas, a privatização da gestão de água e a
alienação de parcelas de terra com água potável e, acima de tudo à combinação dos factores como os baixos
níveis de financiamento público, a baixa prioridade dada ao sector pelo governo, a falta de uma estratégia de
género, a complexidade do sector do ponto de vista da sua definição e alocação orçamental (Brief, 2014).

A tabela 1 indica a distribuição dos volumes de água correspondentes aos grandes e complexos reservatórios
de água do planeta Terra influenciados por diversos processos naturais e antrópicos.

Tabela 1: Distribuição da água no planeta. Fonte: (Editado de Brasil, 2006)

Volume Volume
Localização (103 Km3) (%) Localização (103 Km3) (%)
Oceanos 1.370.000 93,94 Água salgada 125 0,0062
Águas subterrâneas 64000 4,39 Humidade do solo 85 0,006
6
Gelo 24000 1,65 Atmosfera 14 0,001
Lagos 280 0,019 Rios 1,2 0,0001
Água doce 150 0,0066 Total 1458655,2 100

2.1.2. Composição química da água do mar

A composição química da água do mar é complexa devido às diversas fontes de origem e influência. Os
continentes têm potencial influência na química da água através do transporte eólico e hídrico, seja superficial
ou subterrâneo. Deste modo, a composição da água do mar pode ser dividida em solutos particulados, gases,
coloides e solutos dissolvidos (Moller & Assef, 2015). A concentração de cada elemento em cada grupo é
comandada entre outros processos, pelo ciclo hidrológico e ciclos biogeoquímicos (Moller & Assef, 2015).

No entanto, dos elementos químicos presentes na água do mar o cloro e o sódio representam mais de 85% do
peso de todas as substâncias dissolvidas, pelo que os sais deles derivados são os mais abundantes, os cloretos,
cloratos e sulfatos (Perreira, 2001). Os elementos químicos possuem particularidades e consequente
diferenciação de comportamento no ambiente marinho (Moller & Assef, 2015). Desta forma, a Tabela 2
apresenta as concentrações dos principais iões que caracterizam a química da água do mar.

Tabela 2: Composição química da água do mar.

Iões salinos Iões (‰) Iões (%) Iões salinos Iões (‰) Iões (%)
Cloretos (Cl-) 18,980 55,04 Bicarbonato (HCO3-) 0,140 0,41
Sódio (Na+) 10,556 30,61 Brometo (Br-) 0,065 0,19
Sulfatos (SO42-) 2,649 7,68 Ácido bórico (H3BO3) 0,026 0,07
Magnésio (Mg2+) 1,272 3,69 Estrôncio (Sr2+) 0,013 0,04
Cálcio (Ca2+) 0,400 1,16 Fluoreto (F-) 0,001 0,00
Potássio (K+) 0,380 1,10 Total 34,482 99,99
Fonte: (adaptado de Moller & Assef, 2015).
2.1.3. Fonte e distribuição da salinidade

De acordo com Moller Jr & Assef (2015) já se elaborou uma lei denominada a lei da constância das
proporções, a qual diz que “a salinidade varia espacialmente, mas a proporção entre os elementos que a
constituem permanece a mesma” e, no entanto, definida como total de substâncias dissolvidas, dada em
gramas, contida em 1 kg de água do mar após total evaporação”.

7
Mesmo assim, este método, consistiu para medições imprecisas, na qual desenvolveu se outro método por
Knudsen, Sörensen e Forch, envolvendo titulação de amostras com nitrato de prata (AgNO 3), onde, a partir
daí, a salinidade passou a ser conhecida como a quantidade de matéria sólida, dada em gramas, contida em 1
kg de água do mar quando todos os carbonatos tenham sido convertidos em óxidos, os brometos e iodetos
substituídos por seus equivalentes em cloretos e toda a matéria orgânica oxidada, medida em “partes por mil”
(‰) (Moller & Assef, 2015).

A distribuição de temperatura e salinidade na superfície dos oceanos é resultado dos diversos processos de
interação entre o oceano e a atmosfera tais como balanço de calor, evaporação, precipitação e também da
circulação de superfície (Camargo, 2016). Como ilustra a Figura 1, a distribuição de salinidade na superfície
dos oceanos é variada no tempo e espaço, no caso, medidas de salinidade no inverno do sul e norte do equador.

Figura 1: Salinidade superficial (PSU) no inverno (janeiro - março ao norte do equador e julho - setembro ao
sul do equador) com base em médias (climatológicas) de Levitus et al. (1994b). Fonte: (Cirano, 2010).

Quanto às fontes de sais no oceano, diversas literaturas afirmam que o homem contribui para o aumento da
salinidade dos oceanos através da descarga diária de efluentes. Os sais existentes nos oceanos são também,
sobretudo, provenientes da alteração das rochas nas terras emersas e são até eles transportados pelos rios e
também do interior da terra, em consequência da actividade vulcânica (Perreira, 2001). Embora a descarga de
efluentes industriais e domésticos, actividade vulcânica e degradação das rochas ter constantemente se
observado nos oceanos, a salinidade apresenta pequenas variações ao longo do tempo, neste caso, o nível de

8
sal no oceano não aumenta pelo que, o sal também se transforma, pois os iões podem reagir uns com os outros
originando produtos insolúveis, a título de exemplo, sulfatos de magnésio junto às cristas médias oceânicas
(dorsal oceânica). Ou por outra, pode se dizer que o tempo de residência dos sais é variável, de tal forma que
os que tem menos tempo de residência formam minerais insolúveis (Perreira, 2001).

2.1.4. Principais processos do ciclo hidrológico

A água existente no planeta Terra não constitui uma realidade estática (Paules, 2008). Entretanto, o seu ciclo
estabelece um sistema fechado, no qual a quantidade total de água se mantém praticamente constante e
dependente da energia solar e que actua directa ou indirectamente sobre o sistema fazendo com que a água se
apresente em todos estados físicos da matéria (liquido, gasoso e sólido), não isolando a energia gravítica da
Terra. O ciclo hidrológico é o processo pelo qual ocorre a dinâmica ou o comportamento da água na terra,
incluindo a ocorrência, transformação, movimentação e relações com a vida humana (Batista, 2014).

Este ciclo é governado em solo e subsolo pelo tipo de densidade da cobertura vegetal e na atmosfera e
superfícies liquidas por elementos e factores climáticos, como umidade relativa do ar e temperatura (Filpi,
2018). Portanto, a manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico é essencial à manutenção do equilíbrio da
biosfera (Paules, 2008). Os processos que governam o ciclo hidrológico são:

Evapotranspiração

Ocorre na evapotranspiração a transferência da água, no estado de vapor, do planeta para a atmosfera (Batista,
2014 & Paules, 2008). A evaporação ocorre por um conjunto de fenômenos físicos que condicionam a
transformação da água na forma liquida ou sólida, de uma superfície húmida ou de água liquida, em vapor,
devido a interação desta superfície com a radiação solar e aos processos de difusão molecular e turbulenta,
enquanto na transpiração a perda de água na forma liquida para atmosfera, no estado de vapor, ocorre através
dos estomas e cutículas das plantas, decorrentes das acções físicas e fisiológicas dos vegetais (Miranda,
Oliveira, & Silva, 2010).

Precipitação

Na atmosfera a água resultante do processo de evapotranspiração, se condensa, formando nuvens que se


precipitam, neste caso, o retorno da água retida na atmosfera, através da chuva, neve e o granizo. Portanto,
precipitação corresponde a transferência da água, presente nas fases líquida ou sólida da atmosfera, para a
superfície do planeta (Paules, 2008). A precipitação é caracterizada pela sua duração e distribuição no tempo
e no espaço e, entretanto, para que ocorra, é necessário que haja um desequilíbrio térmico ao nível das nuvens
9
provocado pela condensação do vapor de água, sempre que a temperatura desça abaixo do ponto de saturação
da massa de ar (Shahidian, et al., 2017).

Escoamento superficial

Nesta fase ocorre o escoamento e retenção da água na superfície e sua infiltração no subsolo, com processos
adicionais de absorção pelos sistemas radiculares das plantas e formação de cursos de água a caminho do mar
ou de lagos e de lençóis freáticos. Estudos hidrológicos dão importância a quantificação do escoamento
superficial que servirá como base a projectos de aproveitamento da água para várias finalidades como rega e
abastecimento público (Shahidian, et al., 2017). Os factores que influenciam o escoamento numa secção de
um curso de água podem classificar se em dois grupos, climáticos e fisiográficos (Shahidian, et al., 2017).
Factores climáticos relacionam a sua forma, intensidade, duração e distribuição no tempo e no espaço da
precipitação e, os fisiográficos resultam das características da bacia hidrográfica (relevo, solo, vegetação,
geologia). A figura 2 demostra melhor as condições fisiográficas das quais um escoamento superficial pode
ser eficiente no transporte e recirculação da água nos reservatórios de água.

Figura 2: Ilustração dos processos que intervêm no ciclo hidrológico.

2.1.5. A molécula de água e suas características

De entre as águas no estado líquido existentes no planeta, a água do mar tem a particularidade de conter um
elevado teor em sal. Este facto advém de a água ser um excelente solvente, o que por sua vez é consequência
da sua estrutura molecular (dois iões de hidrogénio, com carga positiva, para um de oxigénio, com carga
negativa) e do tipo de atracão entre as moléculas de água (Perreira, 2001). Representados na figura 3, os
constituintes da molécula de água formam um ângulo de 105o (Moller & Assef, 2015 & Perreira, 2001). A
10
molécula, embora neutra, fica polarizada, levando ao estabelecimento de ligações eletrostáticas entre
moléculas de água próximas, as chamadas Pontes de Hidrogénio e, o facto de a água ser polarizada, confere-
lhe a solubilidade elevada e universal e constitui um bom meio de transporte de nutrientes (Shahidian, et al.,
2017).

Assim, a Figura 3 ilustra um esquema relativo à molecula de água de acordo com as suas propriendades
quimicas acima detalhadas e sua relação com outras moléculas diversas de acordo com a temperatura de
ebulição e fusão entre as moléculas, onde portanto verifica-se que a água apresenta maior temperatura de
ebulição e fusão.

a
Figura 3: a – representação esquemática da estrutura da molécula de água e b – comparação da temperatura
de fusão e ebulição da água com outras moléculas. Fonte: (Moller & Assef, 2015).

2.2.Água potável e qualidade de água

Água potável é aquela que é própria para o consumo humano, pelas suas qualidades organolépticas, físicas,
químicas e biológicas (Boletim da República, 2004) e que não oferece risco à saúde (Portaria, 2005). Estes
quatro (4) itens são denominados parâmetros indicadores que devem ser usados como guia de qualidade, pelo
que, para que a água seja considerada potável deve atender os padrões de potabilidade (Ribeiro & Rooke,
2010). Os padrões de potabilidade da água diferem de cada categoria de aplicação, seja para o consumo,
actividades industriais, agricultura, para pesquisas cientificas em laboratórios ou qualquer outra área a fim.
Qualidade de água para o consumo é a característica dada pelo conjunto de valores de parâmetros
microbiológicos, organolépticos e físico-químicos fixados que permitem avaliar o grau de potabilidade
(Boletim da República, 2004).

A gestão da qualidade de água é muito mais complexa relactivamente ao atendimento dos padrões de
potabilidade pois, os padrões de qualidade de água presentes nas medidas estabelecidas em diferentes países
11
podem levar em consideração a disponibilidade de métodos analíticos, da tecnologia de tratamento, factores
políticos, económicos e sociais do país. Os critérios da qualidade da água potável são baseados em
informações científicas, como dados toxicológicos obtidos através de experimentos, ou seja, de processos de
avaliação de risco (Umbuzeiro, 2012). Portanto, o estabelecimento de padrões de qualidade das águas potáveis
não é apenas guiado por toxicologistas, mas também por especialistas de diferentes áreas (Umbuzeiro, 2012).

2.2.1. Parâmetros de Qualidade de água para o consumo humano

Parâmetros organolépticos e físicos

Para o consumidor directo, a qualidade da água é avaliada, numa primeira impressão, pelas suas qualidades
organolépticas. Para que possa ser bebida, incondicionalmente e sem repugnância, deverá ser incolor, inodoro
e insípida, ou seja, clara, sem cheiro e sabor, respetivamente (Paules, 2008). Portanto, água que não tenha cor,
gosto ou odor, será considerada água potável (Batista, 2014). Sob ponto de vista de aspectos físicos, inclui
cor, ser de aspecto agradável, não apresentar turbidez acima dos limites estabelecidos nos padrões de
potabilidade. A tabela 3 indica os principais parâmetros físicos e organolépticos da qualidade de água para o
consumo humano.

Tabela 3: Parâmetros físicos e organolépticos da qualidade de água para o consumo humano.

Parâmetro Físico e Organoléptico Limite máximo admissível (LMA)


Cor (TCU) 15 / Incolor
Cheiro e sabor Inodoro e insípido
Condutividade 50 – 2000 𝜇ℎ𝑚𝑜/𝑐𝑚
Totais de Sólidos Dissolvidos (TDS) 1000mg/L
Turbidez 0 – 5mg/L

Parâmetros Químicos

Os parâmetros químicos devem ser objecto de análise no controlo inicial, rotina, periódico e excepcional da
água destinada ao consumo humano (Boletim da República, 2004). A determinação dos parâmetros químicos
permite avaliar o teor de substâncias químicas presentes na água através de análises qualitativas com base em
métodos analíticos. Todavia, na análise dos parâmetros químicos existe uma grande sensibilidade na obtenção
de resultados ocasionado por instrumentos deficientes ou sem exatidão, aplicação de diversos métodos numa

12
mesma amostra e na precisão do analista, no entanto, o analista deve garantir que não haja substâncias nocivas
ou tóxicas além dos limites de tolerância para o consumo (Fernandes, 2011).

A tabela 4 apresenta os limites ou padrões de qualidade química da água para o consumo recomendados pela
Organização Mundial d a Saúde (OMS).

Tabela 4: Principais parâmetros químicos da qualidade de água para o consumo humano.

Parâmetro químico LMA (mg/L) Parâmetro químico LMA (mg/L)


Salinidade <500 mg/L Sódio (Na+) 200 Mg/L
PH 6,5 – 8,5 Cloretos (Cl-) 250 mg/L
Cloro residual 0,2 – 0,5 mg/L Nitritos (NO2-) 3,0 mg/L
Alcalinidade 0 – 50 mg/L Nitratos (NO3-) 50,0 mg/L
Ferro total (Fe+2) 0,3 mg/L Amônia (NH4+) 1,5 mg/L
Magnésio (Mg+2) 50 mg/L Sulfatos (SO4-2) 250 mg/L
Manganês (Mn2+) 0,1 mg/L Cálcio (Ca+2) 50 Mg/L
Alumínio (Al3+) 0,2 mg/L Zinco (Zn2+) 3,0 mg/L
Dureza 500 mg/L
Fonte: Boletim da República (2004) & Portaria (2005).
Parâmetros microbiológicos

Os parâmetros microbiológicos são representados por toda componente de microbactérias presente na água
que uma vez ingeridas podem causar doenças ao ser humano. A avaliação dos parâmetros microbiológicos é
feita mediante os microrganismos indicadores e, fazem parte deste grupo essencialmente as bactérias do grupo
coliformes onde portanto, a sua ausência é vista como garantia de ausência de organismos outros patogénicos
na água apesar de serem ineficientes para o garantir a ausência de vírus e cistos de protozoários, mais
resistentes que os próprios organismos indicadores (Brasil, 2006). Na tabela 5 estão ilustradas os principais
indicadores de qualidade microbiológica da água e seus respetivos padrões.

Tabela 5: Limites admissíveis dos parâmetros microbiológicos.

Parâmetro Limite máximo admissível Unidades


Coliformes totais Ausente NMP/100 ml No. de colónias/ 100ml
Coliformes fecais Ausente NMP/ 100 ml No. de colonias /100 ml
Vibrio cholerae Ausente 1000 mL

13
Fonte: (editado de Boletim da República, 2004).
2.3.Métodos de dessalinização

Consistem essencialmente em remover o sal da água através da aplicação de princípios e técnicas apropriadas.
Ou seja, a dessalinização pode ser compreendida como o processo físico-químico da remoção do sal e outras
substâncias minerais da água salgada para adquirir água doce (Júnior, 2020). Esse mecanismo pode ser
aplicado tanto para água do mar, quanto para águas salobras ou de depósitos com grandes quantidades de
contaminantes (Júnior, 2020).

Água dessalinizada serve tanto para consumo dos seres vivos, quanto para irrigação de plantações. Existe
dessalinização por destilação instantânea (processo de evaporação instantânea a vácuo), por membrana
(osmose reversa e eletrodiálise) e também por cristalização (congelamento). Entretanto, as duas tecnologias
mais usadas são a osmose reversa (44%) e os sistemas múltiplos de evaporação instantânea (40%).

Dessalinização por destilação instantânea

A destilação simples só deve ser usada na purificação de misturas líquidas onde somente um dos componentes
seja volátil, ou a diferença entre os pontos de ebulição das substâncias seja maior que 30ºC. Entretanto, todos
os métodos de destilação dependem da volatilidade da água e da não-volatilidade (abaixo dos 300 °C) dos
sais dissolvidos. Destilação é um processo em duas etapas, a evaporação e a condensação de vapor (Castello,
2015). Na dessalinização por destilação instantânea, a água do mar é aquecida e vaporizada e depois entra
numa câmara com baixa pressão, onde parte vaporizada é condensada ao entrar em contato com água fria
(podem ser sistemas simples ou múltiplos).

Uma vez que o ponto de ebulição da água decresce com o decaimento da pressão, a água vai condensar quase
instantaneamente, deste modo, o vapor é então condensado para produzir água doce (Castello, 2015). No
entanto, a água que dá sentido a camara de baixa pressão deve ser trocada num intervalo de 20 a 30 minutos
para permitir o decaimento da pressão no condensador e se aproveite mais quantidade de água e evitar
escapamento de vapor (Shahidian, et al., 2017). Contudo, este intervalo de tempo pode ser alterado em função
da dimensão do destilador. A dessalinização por destilação instantânea pode ser aplicada em laboratórios e
também em ambientes abertos e exige de grande e ou baixos recursos dependendo do tamanho do
dessalinizador, facto que torna o método acessível.

A figura 4 faz ilustração do modo de funcionamento do método de dessalinização por destilação instantânea
desde a entrada da água salgada até ao colector de água.

14
Figura 4: Destilador instantâneo. Fonte: https://www.preparaenem.com/quimica/dessalinizacao-agua-
mar.htm.

Dessalinização por congelamento

Segundo (De Souza, 2002) é um processo térmico onde os sais dissolvidos são excluídos naturalmente durante
a formação de cristais de gelo. Pois então, a água do mar pode ser dessalinizada através do resfriamento para
formar cristais em condições controladas. O princípio simples deste método é a concentração do sal na
superfície do gelo, precisando lavar o gelo para retirar os sais e assim deixar descongelar (Medonça & Guedes,
2021). Entretanto, este método pode ser direto e indireto, de tal maneira que a solução salina adsorvida nos
cristais de gelo é removida através de lavagem com água doce e levados a um recipiente para o derretimento
e obtenção do produto da água. O método é categoricamente caro devido a necessidade da corrente elétrica
para que este ocorra. A figura 5 apresenta uma representação esquemática do dessalinizador indirecto

15
Figura 5: Esquema do congelamento indireto (Medonça & Guedes, 2021)

Dessalinização por osmose reversa (OR)

A tecnologia de osmose reversa através de membranas é reconhecida como a tecnologia que oferece a opção
de processo mais efetiva e econômica atualmente disponível (Brasil, 2009). A osmose reversa é um processo
não espontâneo, no qual devido a aplicação de uma pressão acima da pressão osmótica, o fluxo do solvente
pela membrana semipermeável ocorre no sentido da solução de maior concentração para a de menor
concentração ou para o solvente puro (Silva, 2015). As membranas geralmente usadas para este processo
(OR), são assimétricas (Moura, et al., 2011).
Estas são feitas na forma de uma estrutura composta, consistente de uma película fina de densidade alta (que
permite a rejeição de sais) e um substrato poroso do mesmo polímero (fornece suporte à membrana) (Moura,
et al., 2011). As membranas do acetato de celulose fazem parte desse grupo podendo ser produzidas pelo
processo de inversão de fase por imersão-precipitação. Como ilustra a figura 6 as partículas de água passam
pela membrana semipermeável deixando os sais do outro lado da membrana.

Figura 6: Esquema da dessalinização por osmose reversa e membrana semipermeável (Silva, 2015).

16
CAPÍTULO III

3. Metodologia

3.1. Amostragem

Foi no verão do dia 22/11/2022, pelas 18 horas e 30 minutos durante a maré vazante que colheu-se dezassete
(17) litros de água salgada com teor de salinidade de 27,79 ppm, PH de 7,74, 81% de oxigénio liquido
dissolvido (LDO), e temperatura de 28,2oC no Porto de Pesca de Quelimane, localizado na província da
Zambézia situado nas latitudes e longitudes 17.8o S e 36.8o E, respetivamente. Antes foram levados 2 litros
para o laboratório do FIPAG onde e o restante da amostra foi armazenado à temperatura ambiente de 25oC no
laboratório da Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras (ESMC). O porto é caracterizado por um
fluxo frequente de embarcações de pesca e de navegação entre o distrito de Inhassunge e Quelimane. O critério
usado para seleção do local de colecta das amostras foi com base na observação da turbidez e salinidade da
água do local.

Figura 7: Localização da área da coleta das amostras.

17
3.2.Materiais e métodos

3.2.1. Materiais

A Tabela 6 identifica os materiais usados e suas funções durante a aplicação dos métodos de dessalinização
da água do mar assim como de todas análises ocorridas.

Tabela 6: Materiais usados para a dessalinização nos dois métodos e reagentes usados na determinação dos
parâmetros químicos e microbiológicos da água antes e depois da dessalinização.

Materiais Reagentes usados


Chaleira inox – 3 litros; 10 mL da solução de EDTA
Destilação Fogão elétrico 100 mL de Nitrato de prata (AgNO3)
instantânea Mangueira de água 10 mL de Cromato de potássio (K2CrO4)
Garrafa plástica de 5 litros; 10 mL de Acido sulfúrico diluído (H2SO4)
Congelador (<-4oC) 10 g de Sodium periodate MD00021 F10
Congelamento 2 Garrafas plásticas de 5 L; 10 g de Ferrous Iron RGT M00024 F25
5 Cubetas – 10 ml e 3 Pyrex – 500 ml 10 mL do indicador Bromocresol
Análises e Proveta – 250 ml e 4 Pipetas – 5 ml 10 g de Manganese Citra Tebuffer M00023 F10
medições em 2 Balões de Erlenmeyer – 500 ml 10 g de HR Nitrite M00031 F10
laboratório Espectrofotómetro – HACH DR 900 10 g de HR Nitrate M00049 F10
Balança analítica – TADJ 200 – 4 – A 10 g de Cianureto de amónia MD0128 F10

3.2.2. Métodos

Dessalinização por destilação instantânea

Para a dessalinização por destilação instantânea, foram necessários materiais presentes na Tabela 6. Estes
foram montados no Laboratório de Química da UEM – ESCMC conforme ilustra a figura 8. Para a destilação
foram usados 5 litros, subdivididos em três porções (réplicas) de 2,0 L, 1,5 L e 1,5 L. Entretanto, todos
experimentos foram feitos nas mesmas condições iniciais de salinidade, condutividade, Total de Sólidos
Dissolvidos (TDS), Oxigénio Liquido Dissolvido (LDO), temperatura e pH. Em seguida, realizou-se a
dessalinização da água do mar por destilação instantânea. A destilação iniciou quando a temperatura da água
atingiu aos 100oC como refere Shahidian, et al., (2017) no principio de funcionamento do método. Para
primeira porção o procedimento durou três (3) horas, a segunda duas (2) horas e a terceira em 1 hora e 48
minutos. O tempo de duração do procedimento foi considerado a partir do momento que se iniciou o
18
aquecimento. A diferenciação do tempo de duração e volumes foram considerados para que deste modo,
fossem avaliados possíveis erros técnicos e/ou experimentais entre os experimentos. A Figura 8 ilustra a
estrutura o destilador instantâneo montado de acordo o princípio de funcionamento do método de destilação
instantânea.

Figura 8: Dessalinização por destilação instantânea (Laboratório de Química UEM - ESCMC).

Dessalinização por congelamento

Para que este método fosse vitalizado foram necessários também os materiais referidos na Tabela 6. Para o
congelamento foram tomados 10 litros da amostra de água. Desta forma, a dessalinização através deste método
contou com três (3) fases de execução. A figura 9 ilustra os materiais usados pelo método de congelamento
directo.

Figura 9: ilustração dos materiais usados na dessalinização por congelamento.

19
Para realizar a dessalinização da água do mar por congelamento em cada fase abaixo referida (Tabela 7),
foram necessários os seguintes passos:

 Colocou-se dez (10) litros da amostra (água do mar) divididos em dois recipientes (garrafas plásticas) de
5 litros cada, em seguida levou-se ao congelamento, onde (Tcongelador < – 4oC);
 Após 23 horas observou-se que a água nos recipientes estava parcialmente congelada. O facto deve-se aos
sais adsorvidos no gelo, assim, removeu-se a água não congelada e sobrou apenas o gelo;
 Tendo sido removido o gelo da garrafa, este foi raspado nas partes superficiais, dentro (no espaço que a
agua não congelada ocupava) e fora (superfície externa do gelo) totalizando 6 litros de água parcialmente
doce após descongelamento;
 Os 6 Litros de água foram submetidos a um novo congelamento que durou 13 horas. De seguida procedeu-
se as separações das fases solida e líquida conforme descrito no procedimento anterior onde no final
obteve-se 3 litros de água contendo ainda quantidade significativa de sal em relação ao desejado;
 Após a terceira fase do congelamento que durou 5 horas dos 3 litros obtidos na etapa anterior resultaram
em 0,8 litros de água.
 No final considerou-se apenas a água da terceira fase para as análises de laboratório, entretanto, para cada
fase passada fez-se registro dos parâmetros encontrados na Tabela 7.

A Tabela 7 apresenta as quantidades iniciais dos parâmetros de natureza físico-químicos medidos em cada
fase do congelamento sucedido.

Tabela 7: Valores iniciais das amostras de água inseridas para o congelamento.

Fase Teores iniciais


Volume (L) PH Temperatura (oC) Salinidade Condutividade (μhmo/cm) TDS (ppm)
1 10 7,74 28,2 27,79 ‰ 37227,3 18613,6
2 6 7,77 6,1 11,24 ‰ 15057,02 7528,5
3 3 8,01 5,1 2,03 ‰ 2719,37 1359,6

3.3.Análise da qualidade de água

A análise da qualidade de água foi feita mediante a determinação dos parâmetros microbiológicos, químicos
e físicos da água, no laboratório. Escherichia coli, coliformes totais e parâmetros químicos (com exceção de
SO4,-2 Al+3 e Na+) foram observados no laboratório do FIPAG – Quelimane seis (6) horas depois da colecta e,

20
as outras análises foram feitas no dia 25 de Novembro de 2022, no mesmo laboratório. A Salinidade, pH e
oxigénio dissolvido incluindo todos os parâmetros físicos (condutividade, temperatura e TDS) foram medidos
no Laboratório de Química da UEM – ESCMC, antes e depois da submissão das amostras para cada
procedimento acima mencionado. Os parâmetros físicos excepto a turbidez foram medidos utilizando o Multi
parâmetro AZ 86031 – Water Quality Meter, fornecido pelo Laboratório de Oceanografia da UEM – ESCMC.

Qualidade microbiológica

Para determinação dos parâmetros microbiológicos foi usado o método de PETRIFILM. Consistiu na adição
de 1 ml da amostra de água na placa de PETRIFILM – 3M Coliform Count Plate e, posteriormente deixado
na estufa labcon – Low Temperature Incubator por um período de 24 horas a uma temperatura de 37.5oC. A
leitura foi feita mediante o número de colónias existentes na placa após o tempo acima determinado.

Figura 10: A placa de Petrifilm na estufa – Low Temperature Incubator e placa de Petrifilm – 3M Coliform
Count Plate. 860403030.

Qualidade química e física

Para determinação dos parâmetros químicos (NO3 -, NO2 -, NH3, Mg2+, Ca2+, Mn4+, Fe2+ e dureza) e a turbidez
das amostras, foi usado o método de espectrofotometria de absorção molecular (EAM). Entretanto, para
avaliação dos cloretos (Cl-) e alcalinidade da água foi usado o método de Mohr (volumetria).

Figura 11: Equipamento usado nas medições dos parâmetros químicos e físicos de qualidade da água (multi
parâmetro AZ 86031 – Water Quality Meter e espectrofotómetro HACH DR 900).
21
Para análises de NO3 -, NO2 -, NH3, Mg2+, Ca2+, Mn4+, Fe2+ e dureza levou-se o se reagente correspondente e
foi diluído em 10 mL da amostra de água e, com ajuda de uma força mecânica (agitação) acelerou-se a
dissociação, em seguida, colocou-se no espectrofotómetro HACH DR 900, no respectivo programa para a sua
análise e os resultados foram dados em mg/L. Ressaltar que, o HACH DR 900 é um multi-parâmetro de feixe
simples. Todas as análises químicas (excepto do LDO e salinidade) tiveram lugar no laboratório do FIPAG –
Quelimane. A Figura 11 é que indica o equipamento usado na determinação da qualidade de água através da
medição dos parâmetros físicos e químicos.

3.4. Tratamento e análise de dados

Para análise e interpretação dos dados usou-se o pacote Excel do programa Microsoft Office 2013. Foi neste
pacote que ocorreu a construção de gráficos, determinação das medidas estatísticas e construção de algumas
tabelas. Para a construção de gráficos e tabelas, os dados brutos foram calculados em logaritmos para permitir
melhor interpretação dos mesmos pois alguns dos dados apresentaram intervalos maiores em relação aos
outros, entretanto, em 4.1 e 4.2 os dados encontram-se na forma bruta.

3.5. Comparação do grau de potabilidade da água obtida com os padrões da OMS

A comparação do grau de potabilidade da água obtida na dessalinização foi feita em função dos valores dos
padrões da qualidade de água estabelecidos pela OMS e dos obtidos das análises em laboratório relativos à
qualidade da água. Após esse procedimento, foram aplicados testes estatísticos para avaliar os desvios
existentes entre os valores em análise.

3.5.1. Análise estatística

Segundo Ferreira (2005) mesma média estatística entre duas populações é establecida quando a hipótese nula
é verdadeira, portanto, foi usado o teste de Fisher (F) para comprovar os desvios entre as médias amostrais.
Os valores da destilação foram considerados “Amostra 1” e do congelamento “Amostra 2”.

Hipótese nula (H0): significa que a média estatística dos valores da destilação é significativamente igual
a média estatística do congelamento, no caso, 𝑠𝑒 𝒔𝟐𝟏 = 𝒔𝟐𝟐 , isto é, 𝒖
̅𝟏 = 𝒖
̅𝟐;
Hipótese alternada (H1): significa que médias estatísticas dos valores da destilação instantânea e
congelamento são significativamente diferentes, no caso, 𝑠𝑒 𝒔𝟐𝟏 ≠ 𝒔𝟐𝟐 , isto é, 𝒖
̅𝟏 ≠ 𝒖
̅ 𝟐; entretanto, para se
apurar os desvios entre as variâncias, usou-se o teste de Fisher (𝑒𝑞. 1).

̅𝟏 = 𝒖
𝑐𝑎𝑠𝑜, 𝑭𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 < 𝑭𝒕𝒂𝒃𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐 H0: Aceite e H1: Negada, portanto 𝒖 ̅𝟐

22
𝑺𝟐𝟏
𝑭𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 = 𝟐
, sempre com 𝑺𝟐𝟏 > 𝑺𝟐𝟐 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
𝑺𝟐

a) Após a validação da hipótese nula, foi usado teste T – Student (eq. 2) de médias iguais para avaliar os
desvios entre as médias dos métodos de destilação instantânea e congelamento.

̅ 1 − 𝑢̅2 |
|𝑢 𝑛1 ∗ 𝑛2 (𝑛1 − 1)𝑠12 + (𝑛2 − 1)𝑠22
𝑻𝒄𝒂𝒍 = ∗√ ; (2) 𝑺𝒑 = √ ; (3) (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2, 3)
𝑆𝑝 𝑛1 + 𝑛2 𝑛1 + 𝑛2 − 2

Onde:

 ̅𝟏 𝑒 𝒖
𝒖 ̅ 𝟐 : são médias amostrais, 1 e 2, respectivamente;
𝑺𝒑 : é desvio padrão das amostras 1 e 2; 𝒔𝟐𝟏 𝑒 𝒔𝟐𝟐 : são as variâncias da amostra 1 e 2, respectivamente;
 𝒏𝟏 𝒆 𝒏𝟐 : correspondem ao número total de observações amostrais 1 e 2.

Como Welch (1947) citado por (Assis, et al., 2020) referiu, para a determinação do valor do T – tabelado,
neste tipo de teste de significância deve se aplicar a expressão que calcula o grau de liberdade (𝑒𝑞. 3).

𝒗 = 𝑛1 + 𝑛2 − 2; (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4)

b) Para comparar a média de cada método com média já conhecida, no caso, dos padrões da OMS foi usado
o teste T – Student de comparação de uma média estatística com valor conhecido.

̅−𝜇|
|𝑢
𝑻𝒄𝒂𝒍 = √𝑛 (Equação 5)
𝑆

̅ é a média populacional conhecida e média estatística do método e n é o número de observações


Onde: 𝝁 𝑒 𝒖
no método.

3.6. Analise dos métodos e avaliação da eficiência

A avaliação da eficiência dos métodos de dessalinização foi feita com base no (a):

I. Custo e rendimento vs. Duração: fez-se uma avaliação de proporcionalidade entre estas variáveis
para aferir o tempo gasto em relação ao rendimento do procedimento, tendo em conta as questões do
custo do método. Neste Caso, o rendimento para o método de destilação foi calculado com base na
equação 6.

23
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − (𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜 + 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝐑 (%) = ∗ 100; (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6)
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 (ℎ)

Entretanto, considerando que o rendimento no congelamento é potencialmente determinado pela salinidade,


então, foi usada a seguinte expressão:

𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜


𝑹 (%) = ∗ 100; (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 7)
∆ 𝑠𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 ∗ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 (ℎ)

II. Estabilidade técnica: esta medida foi usada para relacionar a estabilidade do técnico quanto do
equipamento usado, das condições do ambiente em que os procedimentos foram e podem ser
implementados, ou seja, no tempo e no espaço.
III. Grau de potabilidade: foi a principal ferramenta usada para avaliar a eficiência dos métodos em
função dos resultados obtidos nas análises químicas, microbiológicas e físicas das amostras, assim
como dos resultados estatísticos obtidos.

24
CAPÍTULO IV

4. Resultados

4.1.Dessalinização

De todos três (3) experimentos da destilação, a média de produção de água doce por este método foi de 0.54
litros de água a partir de um volume total médio de 1.16 litros em tempo médio de 2 horas e 16 minutos,
enquanto o congelamento produziu 800 mL de água doce a partir de 3 litros em cinco (5) horas. Entretanto, a
primeira e terceira fase da destilação produziram por cada 560 mL e a segunda 500 mL de água dessalinizada.
A relação tempo gasto e volume de água doce produzido pelo congelamento foi maior que a destilação
instantânea. Contudo, com base nos dados obtidos na presente pesquisa, a destilação e o congelamento podem
produzir cerca de 6 e 3.84 litros/dia de água doce, respectivamente. De alguma forma, o rendimento da
destilação mostrou-se independente da salinidade, energia e do tempo gasto pelo processo da dessalinização,
enquanto, no congelamento essa relação foi directamente proporcional.

Quanto ao nível de salinidade, a destilação resultou para uma média de três (3) experimentos num teor de 0.14
ppm e o congelamento de 0.89 ppm, tendo partido de um teor de 27.79 ppm em ambos métodos. Sendo assim,
o gráfico 1 apresenta os resultados em logaritmos dos parâmetros com maior influência no índice de salinidade
na água nomeadamente TDS, condutividade e cloretos antes e depois da aplicação dos métodos.

12 Antes Destilacao Congelamento


10
8
6
9.83 8.17 10.52
4 7.49 8.19
6.46
2 3.72 3.32 4.70 4.42
0
-2 TDS (ppm) Salinidade -0.12
-2.93(ppm) Cloretos (mg/l) Condutividade
(uhmo/cm)
-4

Gráfico 1: Relação antes e depois da dessalinização da água do mar, os dados apresentados em escala
logarítmica [Ln (dado bruto)].

No gráfico 1, a salinidade final do congelamento é maior relativamente a salinidade da destilação. Além dos
parâmetros apresentados no Gráfico 1, outros mais influenciados pela etapa da dessalinização foram a
alcalinidade, os coliformes e LDO.

25
4.2.Determinação dos parâmetros químicos dos parâmetros microbiológicos, químicos e físicos

Parâmetros microbiológicos

A tabela 8 mostra para o método de destilação mostra uma viabilidade na manutenção da qualidade
microbiológica da água. Em contrapartida, o método de congelamento mostra-se inviável com
aproximadamente o triplo do valor inicial de colónias, no caso, vinte (20) colónias na placa. Entretanto, a E.
coli, as análises mostraram resultados satisfatórios (Ausente) em ambos métodos.

Tabela 8: Resultados da análise da qualidade microbiológica da água.

Parâmetro Antes Destilação Congelamento


Coliformes totais Presente / 7 colónias Ausente Presente / 20 colónias
E. coli Ausente Ausente Ausente

Parâmetros físicos e organolépticos

Para ambos métodos a água resultante correspondeu à todos padrões da qualidade organoléptica, apesar do
teor de salinidade do congelamento (0.89 ppm). A condutividade e TDS no congelamento reduziram conforme
a Tabela 9, entretanto, não o bastante para alcançar o padrão de qualidade estabelecido pela OMS. Assim, a
Tabela 9 apresenta resultados da turbidez e pH da água após a dessalinização.

Tabela 9: Valores da turbidez da água em todos processos seguidos.

Parâmetro Antes Destilação Congelamento


Turbidez (NTU) 1.47 1.38 1.34
PH 7.74 7.69 8.01
Condutividade 372273 259.4 3590
TDS 181613.6 129.7 1795

A turbidez e PH da água variou ligeiramente em termos de valores, contudo, ambos se encontram nos padrões
de qualidade de água recomendados pela OMS. Com base nos resultados da turbidez e condutividade e TDS
apresentados na Tabela 9, obtiveram-se os resultados da cor e sabor da água, por conta disto, a cor mostrou-
se dentro dos padrões e o sabor foi reduzido ao desejado.

26
Parâmetros Químicos

O gráfico 2 mostra resultados satisfatórios para a qualidade de água com base nos padrões apresentados
previamente (tabela 4). O Mn4+ não apresentou uma variação notável, tendo este, comprometido toda a
componente química da qualidade de água, por ter oscilado de 2.8 para 2 mg/L em ambos métodos, entretanto,
tendo como LMA igual a 0.1 mg/L. O teor do oxigénio líquido dissolvido (LDO) na água foi de
aproximadamente para todos os métodos, em média 4.14 mg/l, que corresponde a quase 50% do ideal do
padrão de qualidade recomendado.

Entretanto, os resultados apresentados em ambos métodos, mostraram uma condição satisfatória para
observação da qualidade de água, peso embora, o comportamento do Mn4+ e de salinidade do congelamento.
Assim, logaritimizando os resultados das análises dos parâmetros químicos, o Gráfico 2 apresenta de forma
detalhada as semelhanças e diferenças existentes entre os métodos.

[mg/l]
8.0 Destilacao Congelamento
7.0 6.46
6.0
4.70
5.0 3.95
3.60
4.0
2.69 2.57
3.0 2.25
1.67
2.0 1.06 0.92 1.08
0.69 0.64 0.69
1.0
0.0
-1.0 NO3 NO2 - NH3 Mg+2 Ca+2 CaCO3 Alcalinidade Cloretos Mn+4 Fe+2
-2.0 -1.11 -1.31
-1.78
-3.0 -2.53
-4.0 -3.93

Gráfico 2: Valor dos parâmetros químicos analisados para a observação da qualidade de água. Entretanto, os
valores apresentados neste gráfico estão em escala logarítmica.

A destilação instantânea resultou em média 129.98 mg/L de cloretos na água e 638.1 mg/L para o
congelamento. O Fe2+ variou de 0.42 para 0.27 mg/L, Mg2+ de 5.88 para 9.49 mg/L. Os NO3-, NO2- e NH3,
resultaram em 2.9 mg/L, 0.02 mg/L e 0.18 mg/L, tendo partido de 4.8 mg/L, 0.025 mg/L e 0.12 mg/L,
respetivamente. Para o congelamento, o Fe2+ variou de 0.42 para 0.34 mg/l, Mg2+ de 5.88 para 5.31 mg/L. Os
NO3-, NO2- e NH3, resultaram em 2.5 mg/L, 0.018 mg/L e 0.08 mg/L, respetivamente.

Feita a análise dos valores encontrados na água destilada e congelada em relação aos valores da amostra da
água do mar e foi constatado que não há diferenças significativas entre os as médias das amostras da destilação
instantânea e do congelamento. A tabela 10 mostra os parâmetros estatísticos que verificam a declaração
acima apontada.
27
Tabela 10: Parâmetros estatísticos que determinam a não existência de diferenças ou desvios significativos
entre os métodos de destilação instantânea e congelamento.

Parâmetros estatísticos
Destilação 𝑆 2 = 6.3; 𝑢̅ = 1.22 𝑆𝑝 = 2.96
Congelamento 𝑆 2 = 10.3; 𝑢̅ = 2.05 T. tabelado: (𝑃 = 0.05; 𝑣1 𝑒 𝑣2 = 18; 2𝑇)
Resultado T. calculado = 0.84 ; T. tabelado > T. calculado

4.3.Comparação do grau de potabilidade da água obtida com os padrões da OMS

4.3.1. Destilação Instantânea e OMS

A componente física, organoléptica e microbiológica (excepto coliformes totais) da água produzida por
destilação instantânea mostrou-se dentro dos padrões estabelecidos pela OMS, de acordo com as Tabelas 3 e
5 do presente trabalho. O gráfico 3 numa escala logarítmica mostra que os parâmetros químicos da água
resultante da destilação estão dentro dos parâmetros estabelecidos. Entretanto, dados do Mn4+ mostram-se
fora dos padrões relativamente à situação ocorrida com o resto dos dados.

9.5
[mg/L] OMS Destilacao
8.0
6.5
5.0
3.5
2.0
0.5
-1.0
-2.5
-4.0

Gráfico 3: Ilustração comparativa dos valores obtidos na dessalinização por destilação com os padrões de
qualidade de água estabelecidos pela OMS.

Também como base no Gráfico 3 é possível notar que a salinidade, NO2- e NH3 são quase inexistentes na
destilação, entretanto, dentro dos padrões da OMS.

Estatisticamente, a destilação apresentou um desvio padrão de 2.51 e uma média igual a 1.22 comparada à
2.91 dos padrões da OMS. Ou seja, nos mesmos termos, a média dos valores dos parâmetros medidos na água
dessalinizada por destilação instantânea é significativamente diferente com a média dos padrões OMS.

28
4.3.2. Congelamento e OMS

À semelhança da destilação, o congelamento apenas apresenta mesmos resultados referentes aos parâmetros
físicos e organolépticos, porém, a água produzida pelo método apresentou predominância de agentes
biológicos inicialmente. Portanto, de ponto de vista microbiológico a água não correspondeu aos padrões de
qualidade estabelecidos pela OMS. O gráfico 4 mostra o comportamento dos parâmetros químicos medidos
da qualidade da água para o congelamento, onde se notou uma variação quase similar a ocorrida no gráfico 3.
[mg/l]

OMS Congelamento
8.0

6.0

4.0

2.0

0.0

-2.0

-4.0

Gráfico 4: Ilustração comparativa dos valores obtidos na dessalinização por congelamento com os padrões
de qualidade de água estabelecidos pela OMS, na forma de Ln (dado bruto).

A condutividade e TDS mostraram-se quase um meio (1/2) mais do que o exigido pelos padrões de qualidade
da OMS. Situação semelhante ocorreu com o nível de manganês e salinidade. No entanto, o desvio padrão do
método foi de 3.21 e, a média do congelamento (2.05) não apresenta diferenças significativas em relação à
média padrão populacional, no caso da OMS.

4.4.Análise dos métodos e avaliação da eficiência

4.4.1. Custo e rendimento vs. Duração

Quanto ao custo, os métodos mostraram se viáveis, ou seja, pouco dispendiosos tendo em conta que a
destilação ocorreu em pequena escala. Entretanto, o método de congelamento exige disponibilidade de
corrente elétrica para a efectivação do mesmo, em contrapartida, a destilação pode ocorrer sem a
disponibilidade da mesma. Com base nos valores alistados em 4.1 deste trabalho, o método de destilação
instantânea mostrou mais rentabilidade nos termos de volume em relação ao tempo gasto e em relação aos

29
valores-padrão apresentados por Gaio, (2016) na destilação solar que ditam 3 a 4 litros de água doce por dia
em 1 m2 de área.

Tabela 11: relação do rendimento com o tempo gasto da dessalinização por destilação instantânea e por
congelamento.

Destilação Instantânea Congelamento


Dest. 1 Dest. 2 Dest. 3 Cong. 1 Cong. 2 Cong. 3
Tempo (h) 3 2 1.48 23 13 5
Salinidade final (ppm) 0.02 0.02 0.38 11.24 2.03 0.89
Rendimento (%) 36.6 25 71.6 1.57 2.5 14.03

4.4.2. Estabilidade técnica

Quanto à estabilidade técnica, ambos métodos mostraram-se estáveis durante o processo de dessalinização.
Na mesma ocasião de análise, a destilação instantânea exige presença significativa do técnico operário durante
o processo da destilação relactivamente ao congelamento no que concerne à renovação de matéria em uso
durante o procedimento.

Sobretudo, o método de destilação mostrou que pode ser implementado em escala maior em ambientes abertos
utilizando diversos materiais, a título de exemplo fontes de calor (lenha, carvão, fogão elétrico), aplicando
qualquer técnica que respeite o princípio de funcionamento do método. Entretanto, o congelamento limita-se
essencialmente no uso de sistemas de refrigeração como base para regulação do calor na fase da dessalinização
e com elevado gasto de energia.

4.4.3. Grau de potabilidade

Em função do grau de potabilidade do produto obtido, a destilação em uma fase apenas mostrou-se
suficientemente satisfatório na redução do teor de sal na água relactivamente ao congelamento. Contudo, para
todos outros parâmetros químicos (excepto Mn4+) da qualidade da água necessários, ambos métodos
mostraram-se eficientes na manutenção destes. No entanto, o congelamento mostrou valores não satisfatórios
na manutenção da qualidade microbiológica da água.

Não é seguro afirmar que o método de congelamento regula a componente química além da salinidade da
água. Contudo, os métodos são aplicáveis para a manutenção da qualidade da água.

30
Tabela 12: Níveis de apreciação do grau de potabilidade alcançado pelos métodos na dessalinização da
água do mar.
Variável Destilação Congelamento
Microbiológica + _
Física + +
Organoléptica +/- +/-
Química + +

4.5. Discussão dos resultados

Dessalinização

Jesus, et al., (2015) baseando-se em Smith, (1995) assegura que quando há uma redução significativa da
salinidade entre a água dessalinizada e a água do mar, compreende-se deste modo que a salinidade nesta água
é igual a zero. Lavar e/ou raspar o gelo para retirar o sal desfavorece o método de congelamento (Signorelli,
2015). A salinidade, condutividade e TDS podem ter sido elevados devido a etapa de lavagem e raspagem do
gelo tendo sobrado concentrações mínimas do sal no gelo. Faria, et al., (2015) na destilação em laboratório
obteve uma condutividade do produto de 15µS que corresponde a 0.011 ppm de salinidade, entretanto, este
resultado e do presente trabalho para o mesmo método encontram dentro dos padrões da OMS.

Determinação dos parâmetros microbiológicos, químicos, físicos e comparação dos métodos

O factor que contribuiu com que o Mn4+ não fosse significativamente reduzido foi a elevada concentração
inicial do elemento, dado o local de amostragem e tendo em conta que este elemento é conservativo. Segundo
Jesus et al., (2015) todos métodos térmicos produzem água bacteriologicamente potável excepto o
congelamento. Dado o ocorrido no presente trabalho e justificado por Trovati (2004) que diz, o pH em
sistemas de resfriamento pode variar e favorece o crescimento de microrganismos. Entretanto, pelo que a água
contaminada pode ser tratada, ambos graus de potabilidade são aceites nos termos da qualidade em via dos
padrões recomendados OMS. O cheiro e o sabor da água produzida por destilação devem se ao material usado
como condensador e colector sendo assim vários pesquisadores recomendam uso de materiais com
propriedades conservativas. Todavia, correspondem aos requisitos exigidos pelos padrões de qualidade de
água para o consumo humano estabelecidos pela OMS. Testes estatísticos indicam que entre os métodos não
existem diferenças significativas (tabela 10). Segundo Jesus et al., (2015) existem métodos que reduzem a
salinidade até zero e há outros que produzem menor redução de salinidade. Portanto, a destilação foi
significativamente diferente OMS devido a redução significativa dos sais na água, entretanto, o congelamento
31
não foi diferente com OMS pelo que este método não apresenta efeito significativo na alteração da
componente química da água.

Análise de eficiência

Jesus, et al., (2015) afirma que o consumo de energia no método de congelamento é directamente proporcional
à salinidade e, portanto, o rendimento pode ser determinado pelo teor inicial de sais na água. Enquanto a
destilação, não existe essa dependência pois o método depende inteiramente da capacidade técnica do
manipulador durante o processo, erros técnicos e estabilidade do equipamento usado. Gaio, (2016) e Jesus, et
al., (2015) apontam uma produção de 3 a 5 litros/dia de água doce em 1 m2 por destilação solar, pois na mesma
proporção, a destilação instantânea produz 6 litros/dia de água doce. A OMS diz que produção não é suficiente
no exercício de todas funções básicas diárias por pessoa, entretanto, para a ingestão directa é eficiente, pois o
ser humano precisa ingerir no seu organismo a partir 1,5 litros de água/dia (OMS). Gaio, (2016) afirma que o
método de destilacao é viavel para aplicacão por famílias e pequenas comunidades, o que constitui destilação
instantânea melhor método.

32
CAPITULO V

5. Conclusão

Com base na análise e discussão dos resultados constatados no presente trabalho de pesquisa foi possível obter
as seguintes conclusões:

A destilação instantânea e congelamento são aplicáveis para dessalinização água do mar e sustentáveis na
obtenção de água doce para fins de consumo humano, pelo que, reduzem a salinidade até 0.14 e 0.89 ppm e
produzem até seis (6) e três (3) litros/dia de água doce por cada dessalinizador, respectivamente. Sobretudo,
são mecanismos rentáveis, simples, acessíveis e ambientalmente viáveis de obtenção de água doce através de
água do mar num período reduzido de tempo. A produção na destilação instantânea não depende da salinidade
inicial da água, da energia e do tempo gasto pelo processo da dessalinização, entretanto, no congelamento, a
salinidade é o maior determinante do tempo e energia gasta e consequentemente da produção do método.

Em contrapartida, o congelamento não tem efeito significativo sobre a qualidade química da água e favorece
a proliferação de agentes patogénicos na água sendo, portanto, necessário aplicar uma técnica de tratamento
de água para remover contaminantes na água. Embora haja necessidade de corrigir o teor de alguns sais na
água produzida devido a eliminação acentuada de sais pelo processo, a dessalinização por destilação
instantânea é eficaz na regulação de todos parâmetros químicos, físicos, microbiológicos (ausente 0/100 ml
Nr de colónia H2O) e organolépticos da água para o consumo humano. Portanto, conclue-se que o laboratório
das análises químicas de água do FIPAG constatou a água Imprópria para o consumo pelo teor de Mn4+ e pela
qualidade microbiológica da água. O grau de potabilidade obtido da água dessalinizada por destilação
instantânea responde satisfatoriamente aos padrões de qualidade recomendados pela OMS e, o congelamento
não é totalmente satisfatório aos padrões da OMS devido a componente microbiológica.

Contudo, o melhor grau de potabilidade verificado corresponde à dessalinização por destilação instantânea.
O método mais eficiente de acordo com o grau de potabilidade, estabilidade, custos e rendimentos e todavia,
pela remoção de sais é destilação instantânea. O método de congelamento assegura-se que seja mais viável
em água cuja salinidade esteja na ordem de 5 a 15 ppm ou mesmo água dos poços salobres. Famílias ou
comunidades que sofrem de escassez de água doce podem usar estes métodos para obtenção da água doce. De
modo geral, a destilação instantânea pode ser aplicada ao céu aberto em sistemas mais amplos e congelamento,
portanto, podem ser considerados métodos alternativos de obtenção de água doce para o consumo humano.
Entretanto, após a dessalinização por estes, a água resultante passe pelas devidas medidas de correção e de
tratamento para atingir o grau de potabilidade recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

33
5.1.Recomendações

Com base nas limitações e do que foi constatado neste trabalho, recomenda-se:

 Estudos de análise de viabilidade da técnica de congelamento na dessalinização da água dos poços


salobras;
 Aprimoramento da técnica de destilação na dessalinização de águas, com base em painéis solares
acoplados ao destilador e radiação solar como fonte de calor para dessalinização;

34
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37
Anexos

1. Análises laboratoriais
Tabela 1: Resultados das variáveis classificativas da qualidade de água. Analises feitas no laboratório da
FIPAG – Quelimane

Dessalinização OMS
Parâmetro Antes Destilação Instantânea (VMA)
Número de réplicas no método Exp. 1 Exp. 2 Exp. 3 Congelamento
Cor Incolor Incolor Incolor Incolor Incolor Incolor
Sabor Salgada Insípida Insípida Insípida Insípida Insípida
Odor Inodoro Inodoro Inodoro Inodoro Inodoro Inodoro
Condutividade 372273 29,5 26,7 722 3590 50 – 2000
(Uhmo/cm)
TDS (ppm) 186136 14,5 13.6 361 1795 1000
PH 7,74 7.44 7,74 7,90 8,01 6,5 – 9,2
LDO (% /mg/l) 81 / 7,21 41,4 /3,1 53 / 4,0 50 / 3.50 45,1 / 4,1 8,9 mg/l
Temperatura (oC) 28,2 29,5 28,2 28,3 5,1 _______
Salinidade (ppm) 27,79 0,02 0,02 0,38 0,89 500mg/l
Turvação (NTU) 1,47 1,40 1,40 1,35 1,34 5,0
NO3 - (mg/l) 4,80 3,40 2,50 2,80 2,50 50,0
NO2 - (mg/l) 0,025 0,024 0,024 0,013 0,018 0,1
NH3 (mg/l) 0,12 0,20 0,27 0,09 0,08 1,50
Mg+2 (mg/l) 5,88 5,22 6,06 4,67 9,49 50,0
Ca+2 (mg/l) 15,87 14,59 17,16 12,83 13,07 50,0
CaCO3 (mg/l) 40 36 42 32 52 _____
Dureza (mg/l) 64 56 66 50 90 30 – 500
Alcalinidade (mg/l) 6,0 2,10 3,0 4,0 2,0 30
Cloretos (mg/l) >3545 70,9 77,99 241,06 638,1 600
Mn+4 (mg/l) 2,80 1,30 1,90 2,80 2,0 0,50
Fe+2 (mg/l) 0,42 0,37 0,23 0,42 0,27 0,30
E. coli 0 0 0 0 0 0

A1
Coliformes 7 0 0 0 20 0
Analisado na ESCMC; Analisado no Laboratório da FIPAG – Quelimane.

Tabela 2: Tabela usada para conferir os valores críticos do teste T – Student.

Tabela 2: Tabela usada para conferir os valores críticos do teste F.

A1 –A2

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