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Edna Tendeia Laisse

Jacob Mujovo Júnior


Jaime Dique Magaia
Laila Maria Langa
Lucília da Gleds Maúte
Melaucina Domingos Chaúque

Ciclones

Licenciatura em Planeamento e Ordenamento Territorial


Laboral

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2021
Edna Tendeia Laisse
Jacob Mujovo Júnior
Jaime Dique Magaia
Laila Maria Langa
Lucília da Gleds Maúte
Melaucina Domingos Chaúque

Ciclones

Trabalho da disciplina de GRA a ser


entregue na Faculdade de Ciências da
Terra e Ambiente, com fins avaliativos,
sob avaliação de:

Prof. Doutor Gustavo Sobrinho Dgedge &


Dra. Giselda José Luís

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2021
ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4

1. CICLONES .............................................................................................................................. 5

1.1. Conceitos .......................................................................................................................... 5

1.2. Tipos de Ciclones ............................................................................................................. 5

2. Processo de formação dos Ciclones......................................................................................... 7

2.1. Formação e desenvolvimento inicial ................................................................................ 8

2.2. Maturidade total ............................................................................................................... 8

2.3. Decadência ....................................................................................................................... 8

3. Metodologia de estudo dos Ciclones ....................................................................................... 9

4. Cartografia de Risco de Ciclones .......................................................................................... 10

4.1. Mapeamento de risco ..................................................................................................... 10

4.2. Componentes da cartografia de risco ............................................................................. 10

4.3. Elaboração de mapa de riscos ........................................................................................ 11

4.3.1. Modelo de Risco de Ciclones Tropicais da ARC ................................................... 12

5. Danos causados pelos ciclones .............................................................................................. 14

6. Medidas de Mitigação ........................................................................................................... 16

7. Legislação Aplicada .............................................................................................................. 18

8. Importância ............................................................................................................................ 20

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 21

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 22
4

INTRODUÇÃO

O presente trabalho intitulado “Ciclones”, é realizado no âmbito da disciplina de Gestão de


Riscos Ambientais. Tencionamos abordar sobre alguns aspectos concernentes aos ciclones, tais
como, a definição, o seu processo de formação, a sua metodologia, a sua cartografia, as medidas
de mitigação, a legislação aplicada e a sua importância no Planeamento e Ordenamento
Territorial.

Em consequência da maior temperatura e humidade, provocadas pela circulação dos alísios, as


margens ocidentais dos oceanos são mais propícias à formação de furacões. O fenómeno não
ocorre no Atlântico sul e nos mares europeus. Na zona temperada do Atlântico norte, podem
ocorrer os chamados ciclones extratropicais, menos intensos que os tropicais, e que resultam da
extensão do fenómeno a essas águas (Castro, 2003).

Objectivos

Objectivos Geral

 Compreender os ciclones no seu todo


Objectivos específicos

 Definir Ciclone;
 Explicar os processos de formação dos ciclones;
 Apresentar a metodologia aplicada ao estudo dos ciclones;
 Descrever o processo de mapeamento dos ciclones (Cartografia);
 Elucidar as medidas de mitigação;
 Analisar a legislação aplicada;
 Demostrar a Importância no Planeamento e Ordenamento Territorial.
Metodologia

Para elaboração deste trabalho, procedemos com a técnica de documentação ou análise


bibliográfica, que consistiu na busca de material já elaborado sobre o tema em estudo, tais como
livros, artigos científicos, etc.
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1. CICLONES
1.1. Conceitos

Ciclone é uma área de baixas pressões atmosféricas onde há um padrão de ventos claramente
definido, com os ventos suspensos fluindo ciclonicamente (na forma circular em relação ao
centro de baixas pressões) com velocidades que variam de 20 km/h a mais de 300 km/h. (Ahrens,
1994, Buckle, 1996, Allaby 2007 e Longshore, 2008 apud Rebelo, 2020: 59)

Os ciclones tropicais, também conhecidos como tufões e furacões, formam-se nas regiões
tropicais e subtropicais dos oceanos. Apesar da sua nomenclatura, eles são do mesmo tipo do
sistema de tempo, que em termos de combinação de intensidade e extensão é o distúrbio mais
poderoso da atmosfera terrestre (Mcilveen apud Rebelo, 2020: 58).

Segundo Kobiyama (2006), o ciclone é um sistema de baixa-pressão intenso que geralmente


forma-se sobre os oceanos nas regiões tropicais. Os ventos de um ciclone giram violentamente
ao redor de um centro relativamente calmo, conhecido como o “olho” da tempestade.

Um ciclone é um enorme sistema de vento forte que sopra em torno do centro de uma área de
baixa pressão intensa. Ciclone é o nome local do Oceano Indico e do Oceano Pacifico Sul, mas o
Oceano Pacifico Noroeste são conhecidos como tufões, e no Oceano Pacifico Nordeste e
Atlântico Norte, são conhecidos como furacões (UN-HABITAT, 2009).

1.2. Tipos de Ciclones

Apesar de ser mais comum os ciclones se formarem em regiões de clima tropical, subtropical e
equatorial, dependendo da latitude e do clima inserido, os ciclones podem ser:

O Ciclone Tropical: ocorrem em locais de clima tropical com altas taxas de humidade e
elevadas temperaturas, sendo acompanhados de fortes tempestades de chuvas e ventos.

O Ciclone Extratropical: ocorrem em regiões que apresentam latitudes médias, sendo


acompanhadas por fortes tempestades. Recebem esse nome uma vez que ocorrem fora da faixa
denominada tropical.
6

O Ciclone Subtropical: acompanhado por ventos com alta velocidade, esse tipo de ciclone
ocorre em locais de clima subtropical, os quais englobam características dos ciclones tropical e
extratropical.

O Ciclone Polar: ocorrem em locais de clima polar, ou seja, que apresentam baixas temperaturas
e, consoante o local em que se desenvolvem, polo norte ou polo sul, são classificados em:
ciclone árctico ou ciclone antárctico.

O Anticiclone: a diferença do ciclone e do anticiclone é que o último se forma em centros de alta


pressão, associados às condições melhores de tempo, enquanto os ciclones ocorrem em centro de
baixa pressão e agregam más condições temporais, por exemplo, as tempestades.

Furacão ou Tufão: os furacões ou tufões são ciclones que se formam no oceano, caracterizando
fenómenos violentos com ventos fortíssimos que atingem mais de 200 km/h.

O Tornado: Considerado um dos mais fortes fenómenos relacionados as movimentações das


massas de ar, os tornados podem atingir até 400 km/h. (Ahrens apud Luís, 2021: 18).

Fonte: adaptado por Luís, 2021.

Fig. 1. Distribuição de Ciclones Tropicais por bacia oceânica.


7

2. Processo de formação dos Ciclones

Os ciclones surgem na circulação geral da atmosfera e são exemplos de consumidores de energia


térmica. Apesar dos ciclones surgirem e se desenvolverem dentro de fortes condições de
instabilidade e geralmente se apresentarem com fortes ventos, seus ciclos de vida tem o objectivo
de estabilizar e homogeneizar a atmosfera. Eles são classificados em extratropicais, subtropicais
e tropicais, em função da região onde atuam de seu ciclo devido e da fonte de energia pela qual
se mantêm. Como essas regiões possuem características muito diferentes, os processos de
formação destes sistemas ciclónicos também são diferentes (Anthes, 1982; Gray, 1968; dentre
outros).

Os ciclones se formam por condições atmosféricas que precisam ser favoráveis ao início da
circulação dos ventos em torno de um centro de rotação. “Os ciclones formam-se sobre os
oceanos tropicais, geralmente entre 5º e 20º de latitude, onde os ventos são fracos, a humidade é
alta, e a temperatura da água à superfície do oceano é elevada. Também é importante referir que
para uma massa de tempestades não organizadas se desenvolver em ciclone, os ventos da
superfície devem convergir (Ibid, 60).

Para que um ciclone desenvolva-se é necessário que exista inicialmente a formação de uma
tempestade tropical no oceano, sobre águas relativamente quentes, isto é, com temperatura da
superfície do mar (TSM) superior a 26,5C. No entanto, Walton (1976) citado por Kobiyama
(comenta que também podem formar-se ciclones com temperaturas de até 23ºC, mesmo que
esporadicamente.

Segundo um artigo da UN-HABITAT (2009), os ciclones desenvolvem-se em mares quentes


próximos ao equador. O ar aquecido pelo sol sobe muito rapidamente, o que cria áreas de pressão
muito baixa. À medida que o ar quente sobe, ele fica carregado de humidade condensa-se em
uma nuvem de trovão maciça. O ar circundante corre para encher o vazio que sobrou. Mas, por
causa do constante giro da Terra em seu eixo, o ar é dobrado para dentro e depois espiralado para
cima. Os turbilhões de vento giram cada vez mais rápido, formando um grande círculo que pode
ter até 500-1000 km de diâmetro. No centro da tempestade está uma área calma e sem nuvens
chamada olho, onde não há chuva e os ventos são bastante fracos.

O desenvolvimento do ciclo de ciclones tropicais pode ser dividido em três fases:


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 Formação e desenvolvimento inicial;


 Maturidade total;
 Decaimento.
2.1. Formação e desenvolvimento inicial

Quatro condições atmosféricas e oceânicas são necessárias para o desenvolvimento de uma


tempestade ciclónica:

 Uma temperatura quente do mar em excesso de 26 graus centígrados a uma profundidade


de 60 metros que fornece abundantes vapores de água no ar por evaporação.
 A alta humidade relativa da atmosfera a uma altura acima de 7000 m facilita a
condensação de vapores de água em gotículas de água e nuvens; libera energia térmica,
induzindo assim uma queda na pressão.
 A instabilidade atmosférica estimula a formação de convecção de nuvens cumulus
verticais massivas com condensação do ar ascendente sobre o Oceano.
 Uma localização de pelo menos 4-5 graus de latitude a partir do equador permite que a
influência das forças devido à rotação da Terra efectue a circulação do vento em torno
dos centros de baixa pressão.
2.2. Maturidade total

Se o ambiente do oceano e da atmosfera continuar a ser favorável, o ciclone pode continuar a se


intensificar à medida que se move para o pólo. O sistema de nuvens torna-se mais circular e
desenvolve um olho distinto. Esta é a forma que significa que o ciclone está em seu estágio mais
severo e perigoso. Aproximadamente metades dos ciclones desta forma atingem a maturidade
total.

2.3. Decadência

Um ciclone tropical começa a se dissipar quando a pressão central é preenchida. O olho da


tempestade fica distorcido. Vento forte torna-se fraco. O clima severo torna-se moderado.
Quando o ciclone atinge a terra, podem ocorrer ventos fortes e ondas de tempestade perto da
costa, e chuvas fortes e inundações podem ocorrer ao longo da trilha da tempestade em terra. A
chuva intensa pode durar semanas (Ibid, 04)
9

A circulação ciclónica movimenta-se no sentido contrário ao relógio no hemisfério norte e na


direcção dos ponteiros do relógio no hemisfério sul. O centro de baixas pressões, fechado e
extremamente baixo, onde o ar flui de forma circular pode cair para menos de 950 hPa
(hectopascal). Nos trópicos, a designação depressão é geralmente usada para descrever um tipo
de tempestade menos severa do que o ciclone. As depressões que ocorrem nas latitudes médias
(fora dos trópicos) e à volta das quais o ar circula ciclonicamente são conhecidas como ciclones
extratropicais.

3. Metodologia de estudo dos Ciclones

o monitoramento dos padrões atmosféricos que permitem a identificação de ciclones, análise dos
campos globais de pressão, vento, altura geopotencial, radiação de onda longa emergente e
temperatura da superfície do mar e avaliação de diferentes modelos climáticos (Taljjard, 1967;
Sinclair, 1994). Os ciclones são identificados e rastreados com o auxílio do algoritmo
desenvolvido por Murray e Simmonds (1991), que identifica os sistemas através da busca de
mínimos de pressão atmosférica ao nível médio do mar.

Para identificar a primeira posição de um ciclone o algoritmo faz uma busca dos pontos de grade
que possuem valor mínimo de pressão e após procura pelos pontos nos quais o laplaciano
horizontal da pressão em relação aos pontos vizinhos é maior do que um valor positivo
previamente especificado. O tracking é realizado baseado numa estimativa da velocidade de
deslocamento do sistema.

A segunda posição de um ciclone é determinada fazendo-se uma busca do valor mínimo de


pressão ao redor do ponto de grade correspondente ao da posição precedente. Posteriormente,
calcula-se a velocidade de deslocamento do sistema entre os dois tempos e projecta-se a mesma
para o tempo futuro. Com este procedimento obtém-se uma noção da nova posição do ciclone,
mas o ponto do mínimo será encontrado através da procura na vizinhança do ponto de grade que
se supõe ser a nova posição.

Os dados de pressão ao nível médio do mar são obtidos do projecto de reanálises R-1 do
National Centers for Environmental Prediction (NCEP – Kalnay et al., 1996). Nos resultados
será dada uma abordagem ao Índice de Oscilação, Observa-se uma massa de ar frio na Região
Sul e grande parte do Oceano na retaguarda, confinada com a baixa pressão.
10

As análises dos campos de vento em 850hPa e 300hPa são plotados do modelo MBAR, jogando
ar frio para a formação do ciclone. Temperatura da Superfície do Mar e Barograma Geralmente
tem sido mostrado por alguns especialistas e pesquisadores, que na formação e desenvolvimento
de furacão, é necessário que as temperaturas da superfície do mar (TSM), sejam em torno de 27º
C ou mais.

4. Cartografia de Risco de Ciclones


4.1. Mapeamento de risco

O mapeamento de risco para ciclones representa os resultados da avaliação de risco de ciclone


em um mapa, mostrando a frequência / probabilidade de ocorrências de várias intensidades ou
durações. Os ciclones não podem ser previstos com vários dias de antecedência. Registros e
caminhos anteriores podem fornecer o padrão de ocorrência para velocidades de vento
específicas. Um mapa de risco ilustrará as áreas vulneráveis ao ciclone e as ondas de tempestade
e enchentes associadas em um determinado momento. Será útil estimar a severidade do ciclone e
as potenciais intensidades de danos na região. O mapa é preparado com entradas de dados de
registos climatológicos anteriores, histórico de velocidade do vento, frequência de inundações,
etc. (UN-HABITAT, 2009).

Enquanto o risco é a probabilidade de perda esperada para uma área habitada em um


determinado tempo, devido à presença iminente de um perigo (UNDP apud Kobiyama et al.,
2006: 17).

4.2. Componentes da cartografia de risco

Em primeiro lugar temos que definir o conceito de mapa de risco e seus componentes. De
maneira geral, a cartografia de riscos tem como objectivo identificar as áreas geográficas
susceptíveis a sofrer danos caso haja uma ameaça.

Os mapas de risco são representações cartográficas que permitem visualizar a distribuição de


determinados riscos de desastre em um território específico. Os mapas de risco surgem da
combinação de mapas de ameaça e mapas de vulnerabilidade, cada um dos quais já resultado
de índices e indicadores específicos (Zarco et al., 2003)
11

Habitualmente se considera que o risco existe quando estamos diante de um perigo (natural ou
feito pelo homem) podendo ser melhor medido considerando-o de forma abrangente, posição de
dois elementos: exposição ao perigo, as vezes chamada de periculosidade natural, é a
vulnerabilidade do território a um perigo; e a exposição que seria a probabilidade de um evento
potencialmente prejudicial acontecer em um local e dentro de um período de tempo definido.

Portanto sua determinação requer a realização de dois tipos de operações, por um lado é
estabelecer a exposição territorial ao perigo, ou seja quais áreas serão afectadas e quais serão
menos afectadas, e por outo lado quantas vezes um fenómeno novo pode ocorrer dentro de um
período de tempo especifico.

4.3. Elaboração de mapa de riscos

O risco é obtido relacionando a ameaça ou probabilidade de ocorrência de um fenómeno a uma


intensidade específica. Falando esquematicamente, o risco poderia, portanto, ser representado
como:

R⁼A*V

ONDE:

R –é o risco,

A- a ameaça presente em cada território

V- os diferentes factores da vulnerabilidade

Existe uma diversidade de procedimentos para a elaboração de mapa de riscos de ciclones, e


cada um deles fornece resultados diferentes, por isso é importante que se encontre uma maneira
de combinar os dados de forma mais eficiente possível (no sentido de utilizar bem todas as
informações disponíveis). (Zarco e Rodriguez et al., 2003)

Para a explicação da cartografia de ciclones, neste caso de risco recorremos ao Modelo da ARC
(African Risk Capacity, 2020).
12

4.3.1. Modelo de Risco de Ciclones Tropicais da ARC

A ARC estabeleceu uma parceria com a Kinetic Analysis Corporation (KAC) com vista a
desenvolver um modelo capaz de fazer uma estimativa precisa dos riscos e perdas devidos a
eventos de ciclones tropicais adaptados à região do SWIO onde se localizam os Estados-
membros da ARC interessados.

O Modelo (Cartográfico) de Risco de Ciclones Tropicais da ARC é implementado através de


quatro (4) módulos, sequenciados de forma lógica para oferecer uma estimativa fiável das
pessoas afectadas e das perdas económicas causadas por ciclones (African Risk Capacity, 2020),
nomeadamente:

Módulo de Perigo: Calcula em tempo quase real a velocidade máxima do vento e a altura das
tempestades causadas por um ciclone tropical.

Módulo de Exposição: Descreve os activos económicos com base nas categorias de uso do solo
em cada país, bem como o custo de substituição de cada activo exposto.

Módulo de Vulnerabilidade/Danos: Define a distribuição da probabilidade de perdas


económicas para diferentes níveis de velocidade do vento e altura da tempestade induzidos por
um ciclone tropical.

Módulo de Seguro: Calcula as estimativas de perdas para uma carteira de activos com base nas
condições contratuais. Um pagamento inicia ao nível de accionamento (Limite de
Responsabilidade) definido pelo titular da apólice de seguro.

Módulo de Perigo: Como são avaliados a extensão e a gravidade do perigo de ciclones?

Utilizando características para um evento específico de ciclone, aplicar a modelagem numérica


para fazer a estimativa das forças de perigo resultantes para um ou vários perigos - em todos os
locais afectados pelo evento. Os mapas de perigo produzidos a partir da avaliação dos perigos
mostram a extensão e gravidade dos perigos gerados pelo evento modelado. As duas variáveis de
risco relevantes de ciclones tropicais específicas da rede são a velocidade do vento em metros
por segundo (m/s) e a tempestade em metros.
13

Dados de elevação e batimetria

Os dados de elevação e batimetria (utilizados como contributos para a moldagem do perigo) são
compilados utilizando uma variedade de fontes, incluindo imagens multiespectrais Landsat,
dados SRTM e batimetria do Serviço Nacional dos Oceanos, e batimetria derivada de satélite
para áreas próximas da costa. Os conjuntos de dados de elevação são utilizados na avaliação dos
perigos hidrometeorológicos (batimetria e topografia para perigos costeiros e inundação,
topografia para o vento). Os conjuntos de dados Landcover são igualmente utilizados como
contributo para o modelo (Idem).

Dados de eventos de Ciclones Tropicais

Para o seu modelo de Ciclones Tropicais, a ARC analisou duas fontes: Centro Conjunto de
Alerta de Tufões (JTWC) que recolhe e partilha de forma gratuita dados em tempo quase real
sobre os Ciclones Tropicais a nível mundial e o Météo France La Reunion, Organização Mundial
de Meteorologia (OMM) - designado Centro Regional Especializado de Meteorologia (RSMC)
para a região do Sudoeste do Oceano Índico. Ambos utilizam o sistema Automático de Previsão
de Ciclones Tropicais (ATCF). O ATCF contém o seguinte para cada ciclone com uma resolução
de ~ 1 km:

 Localização visual (Latitude e longitude);


 Intensidade (Pico da Velocidade do Vento);
 Raio em relação ao máximo de ventos (dimensão visual);
 Raio em relação ao ambiente (distância do centro à extremidade do campo de vento).

Base de Dados Estocástica

Para consistência com a dinâmica de Ciclones Tropicais na região do Sudoeste do Oceano


Índico, a geração de eventos simulados utiliza as melhores informações de eventos históricos
disponíveis para a área. A modelagem do risco utiliza técnicas estatísticas para gerar bases de
dados "estocásticos" ou "simulados" de ciclones que partilham as características básicas do
conjunto de dados históricos, mas fornecem uma base sólida para a avaliação de probabilidade
de risco.
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Módulo de Exposição: Que activos estão expostos aos ciclones e quais são os seus valores?

É utilizada uma metodologia complexa para gerar uma base de dados de exposição em rede
derivada a partir de dados de detecção remota (incluindo população e utilização do solo) e
informação económica. Os dados de exposição para o modelo de Ciclones Tropicais da ARC têm
em conta as alterações nos dados relativos ao PIB, população e utilização do solo que estão
disponíveis com uma cobertura global e uma resolução de pelo menos 1 km (ARC, 2020).

Cada registo de exposição individual consiste na localização da área geográfica e administrativa,


e são utilizados três elementos para fazer a estimativa das perdas decorrentes do perigo nesse
local de exposição:

a. Classificação da Exposição: Rural, Mista, Urbana de densidade moderada e alta;


b. Número de unidades de exposição;
c. Valor por unidade de exposição.

Módulo de Vulnerabilidade/Danos: Quais são as perdas causadas por ciclones tropicais?

Foram desenvolvidos algoritmos de impacto para traduzir as informações de perigo de eventos


específicos do local em estimativas de impacto económico nos locais de exposição. Estes
algoritmos de impacto representam os danos decorrentes de perigos de eventos importantes (por
exemplo, vento, tempestades e ondas) e integram uma série de vulnerabilidades dentro das
categorias de exposição compostas.

5. Danos causados pelos ciclones

Segundo UN-HABITAT (2009), existem três perigos associados a um ciclone, que causam
destruição.

a) Onda de tempestade: Uma onda de tempestade é uma elevação anormal do nível do mar perto
da costa causada por um ciclone tropical severo; como resultado, a água do mar inunda as áreas
baixas das regiões costeiras, afogando seres humanos e animais, erodindo terras agrícolas, praias
e diques, destruindo a vegetação e reduzindo a fertilidade do solo.

b) Vento forte: A força mais destrutiva de um ciclone vem de ventos violentos. Esses ventos são
fortes o suficiente para derrubar facilmente cercas, árvores, postes de energia e sistemas de
15

comunicação, enquanto lançam pessoas indefesas pelo ar. Muitas pessoas morrem quando os
ventos do ciclone fazem com que edifícios e casas desmoronem e explodam completamente,
resultando na perda de vidas e propriedades.

c) Inundações: Chuvas fortes e prolongadas devido a ciclones podem causar inundações e


submersão de áreas baixas, causando perda de vidas e bens. Inundações e inundações costeiras
causadas por tempestades poluem as fontes de água potável, causando o surto de epidemias.
Muito depois de um ciclone ter passado, o transporte rodoviário e ferroviário ainda pode ser
bloqueado pelas enchentes. A água frequentemente é contaminada por animais mortos ou comida
estragada, e as pessoas são ameaçadas de doenças como diarreia e outras infecções.

Um ciclone só se torna calamidade quando causa enormes danos humanos e materiais. A


magnitude dos ciclones bem como a vulnerabilidade do seu alvo determinam o nível de risco
destas calamidades.

Escala de Saffir Simpson

Escala 1

Não são verificados danos estruturais nas edificações mais resistentes. Os danos iniciais são
verificados principalmente em árvores e arbustos, trailers e placas, e destelhamento generalizado.

Escala 2

Destruição parcial de telhados, portas e janelas. Os danos mais severos ocorrem nas casas de
madeira. Muitas árvores são derrubadas.

Escala 3

Grandes derrubadas, e muitas perdem todas as folhas (efeito paliteiro). Destruição dos telhados,
portas e janelas de casas e danos na estrutura de edifícios pequenos. Nos EUA é exigida a
retirada dos moradores das áreas costeiras.

Escala 4
Destruição completa de casas de madeira. Danos estruturais em residência de alvenaria. Árvores,
arbustos e todas as placas e sinais são derrubadas. Muitas árvores são arrastadas pelos ventos.
16

Nota-se que nos EUA é obrigatória a retirada total das pessoas que moram próximo à costa e que
vivam em terrenos baixos, a uma distância de 10 km do mar.

Escala 5

Árvores grandes são arrancadas pela raiz. Casas de alvenaria são destruídas. Telhados e paredes
de casas e edifícios resistentes são severamente danificados. Todas as placas e sinais de trânsito
são arrancados ou destruídos, transformando-se em projécteis. É obrigatória a evacuação em
massa a uma distância de 16 km do mar.

Actualmente, têm-se associado o aumento na frequência e na intensidade dos furacões em todo o


mundo com o aquecimento global. Pesquisadores acreditam que o aquecimento global aumentou
a temperatura média dos oceanos, favorecendo a formação dos furacões, principalmente de
categoria 4 e 5 (Webster et al, 2005).

6. Medidas de Mitigação

As medidas de mitigação para ciclones incluem medidas estruturais e não estruturais. Essas
medidas precisam da intervenção do governo, bem como da participação da comunidade.
Algumas das medidas, especialmente legislação e questões de política, não podem ser iniciadas
pela própria comunidade, mas precisam da iniciativa e intervenção do governo. Visto que as
pessoas locais são as pessoas mais conscientes dos pontos fortes e fracos de sua área,
localização, cultura e costumes da comunidade, algumas actividades devem ser iniciadas e
desenvolvidas pela própria comunidade. Essas actividades de mitigação da comunidade podem
ser realizadas com o apoio do governo e de organizações sociedade civil (UN-HABITAT, 2009).

Em terra, os efeitos causados pelos ciclones são os mesmos causados pelos vendavais, isto é, os
ventos comportam-se similarmente, variando somente em intensidade. Assim, as mesmas
medidas preventivas utilizadas para vendavais também são adoptadas para ciclones. Ressalta-se
que é fundamental proteger as janelas e portas com lâminas de madeira (madeirite); não sair de
casa por causa dos projécteis e ter um kit emergência em casa (radio, lanterna, pilhas, roupas,
medicamentos, comidas não perecíveis e água potável) que possa durar alguns dias (FEMA apud
Kobiyama, et al., 2006).
17

Antes do Ciclone

 Se possível, corte as grandes árvores que estejam próximas da sua residência. Os


principais danos e mortes causados pelos Ciclones estão associados a queda de árvores
sobre as edificações. Aconselha-se o plantio de árvores frutíferas nas imediações das
residências;
 Verifique se existem materiais que podem se transformar em projécteis durante os
ciclones como materiais metálicos, madeiras;
 Feche as portas e janelas, evitando assim a entrada de fortes correntes de ar no interior
das edificações. Estas correntes de ar, dependendo da pressão exercida, poderão derrubar
as paredes da casa ou lançar todo o telhado;
 Esteja atento aos boletins meteorológicos e as notícias locais transmitidas nas emissoras
de rádio e televisão;
 Verifique a existência de densas e escuras nuvens no horizonte e/ou esteja atento a raios e
trovões;
 Tenha um kit em casa com lanterna, pilhas, roupas, medicamentos, comidas não
perecíveis e água potável;
 Coloque objectos de valor em um lugar seguro;
 Desligue o gás, água e a electricidade.

Durante o ciclone

 Proteja-se em cómodos com poucas ou nenhumas janelas e que possuam cobertura de laje
de concreto, preferencialmente nos banheiros e corredores;
 Só saia quando o vento acalmar ou receber o comunicado dos órgãos de defesa que o
perigo já passou;
 Em lugares abertos mantenha-se junto ao solo, de preferência deitado em alguma
depressão do terreno para não ser lançado pela força dos ventos ou atingido por
projécteis;
 Não dirija, pois você poder ser atingido por árvores, placas, projécteis e postes;
 Caso você esteja dentro de um carro, pare o mesmo em local aberto, longe de rios, pois as
fortes chuvas costumam ocorrer associada aos ciclones.
18

Depois do ciclone

 Verifique se existem vítimas. Se sim, chame o Corpo de Bombeiros;

 Evite deslocar-se em virtude dos postes e linhas eléctricas caídas. Além disso, muito
cuidado ao caminhar, pois pode se ferir seriamente em função da grande quantidade de
entulhos e objectos pontiagudos no chão;

 Tome muito cuidado durante o processo de reconstrução, principalmente quando for


arrumar o telhado. É neste momento que ocorre a maior quantidade de acidentes
associados aos ciclones

7. Legislação Aplicada

O estudo de ciclones em Moçambique, aplica-se a Lei de Gestão e Redução do Risco de


Desastres (Lei n.º 10/2020 de 24 de Agosto) e A Política de Gestão de Calamidades.

O Plano Nacional de Acção de Gestão de Calamidades e os Planos de Contingência elaborados


anualmente, são desenhados tendo em vista três tipos de eventos climáticos: cheias, ciclones e
secas.

A Política de Gestão de Calamidades define como principais estratégias para a redução de risco e
vulnerabilidade:

 O envolvimento da sociedade civil no desenho de programas e planos de acção de


prevenção, socorro e reabilitação;

 A integração sectorial das acções de prevenção e nos programas de desenvolvimento;

 A elaboração de planos sectoriais por tipo de calamidade nomeadamente plano de


epidemiais, plano de queimadas, plano de tempestades e planos de acidentes industriais;

 A formação e educação cívica das populações sobre as principais ameaças de


calamidades e as concernentes medidas de prevenção, com a participação activa dos
órgãos de comunicação social e o uso de línguas locais;
19

 O incentivo na adopção de mecanismos de seguro de risco e outros instrumentos de


prevenção ou assistência mútua;

 A capacitação institucional com pessoal técnico e meios materiais e equipamentos


adequados de prevenção e salvamento em caso de calamidades;

 A criação de reservas financeiras e materiais considerando as zonas mais propensas a


ocorrência de calamidades específicas.

Os Planos de Contingência são documentos anuais que têm como objectivo a identificação das
actividades a realizar a todos os níveis, orientação e mobilização da população nas zonas de
risco, como forma de prevenir, reduzir o risco e mitigar as consequências das calamidades
(cheias, ciclones e secas).
Os Planos de Contingência contêm possíveis cenários em caso de desastre, dependendo da sua
natureza, grupos em risco e medidas de preparação para minimizar os efeitos do evento.

Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental - MICOA

O MICOA vem desenvolvendo actividades no âmbito das diversas convenções ambientais


ratificadas pelo sector, como por exemplo: Elaboração e aprovação do Plano Estratégico do
Sector do Ambiente (2005-2015) e Publicação de um Manual de Recomendações para a redução
da vulnerabilidade em zonas de ocupação informal susceptíveis a inundações “Aprender a Viver
com as Cheias – 2004.”
O Plano Estratégico do Sector do Ambiente para o período 2005 – 2015, documento que espelha
a missão, visão, princípios orientadores e acções prioritárias do sector do ambiente define como
questões ambientais prioritárias:

 Saneamento do meio e da água;

 Ordenamento territorial;

 Degradação de terras (erosão, perda de fertilidade, salinização dos solos);

 Gestão dos recursos naturais (flora, fauna, águas, incluindo as queimadas


descontroladas);
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 Aspectos legais e institucionais (legislação, convenções, capacitação, educação


ambiental);

 Poluição (ar, águas);

 Calamidades naturais e ambientais (seca, cheias, desertificação);

8. Importância

O planeamento e ordenamento do território permite:

 O mapeamento e sinalização das zonas de risco;

 Criação dos mapas dos riscos de calamidades naturais

 Actualização dos mapas com a escala adequada (para permitir a tomada de decisões ao
nível local);

 Fazer o Planeamento do uso da terra, que deve ser sistematicamente considerado para
ciclones, de modo que as actividades menos críticas sejam colocadas em áreas
vulneráveis áreas. A localização das principais instalações deve ser marcada no uso da
terra.
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CONCLUSÃO

Após uma detalhada e minuciosa avaliação do trabalho, segundo aquilo que foi abordado durante
a compilação do trabalho, foi percebendo-se que, o ciclone é o evento mais perigoso e mais
mortal da atmosfera. É o fenómeno atmosférico que apresenta altos índices de vulnerabilidade.
Sem deixar escapar que nos últimos anos Moçambique foi palco de vários eventos ciclônicos,
que provocaram danos socioeconómicos irreparáveis para o país.

Também foi constatado que nos países com bom sistema de alerta para esse tipo de evento,
existe um sistema integrado de previsão de ciclones ou furacões, constituído por satélites
meteorológicos, sistemas de radar, aviões, navios e outros recursos utilizados pelos serviços
meteorológicos.
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BIBLIOGRAFIA

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Africa. Disponível na Internet via: <https://www.africanriskcapacity.org>...PDF> Acesso: 17 de
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Curitiba-PR, 2006.

LUÍS, G. J.. Avaliação do Risco e Impactos do Ciclone Idai. Módulo: Avaliação de Risco e
Necessidade de Adaptação. Faculdade de Ciências. Maputo, Universidade Eduardo Mondlane,
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Maputo, 2005.

REBELO, M. S. da C.. Exposição, Vulnerabilidade e Risco aos Perigos Naturais em


Moçambique: o caso dos ciclones tropicais no Município de Angoche. Tese especialmente
elaborada para obtenção de grau de Doutor em Alterações Climáticas e Políticas de
Desenvolvimento Sustentável, especialidade em Geografia e Planeamento. Universidade de
Lisboa-Instituto de Ciências Sociais, Lisboa, 2020. 277p.

SICOLA, Rui Francisco. Ordenamento Territorial e Planificação Estratégica no Âmbito local:


os sistemas de gestão do Território, Portugal, 2014

UN-HABITAT. Manual on Cyclone: Causes, Effects & Preparedness. Myanmar, 2009.

ZARCO, Ismael Ahamdanech & RODRÍGUEZ, Alonso, et al. Un Procedimiento para elaborar
mapas de riesgios naturales aplicado a Honduras, 2003.

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