Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÂFICAS.......................................................................................... 21
4
INTRODUÇÃO
Moçambique conta com uma legislação robusta em termos de planeamento urbano, porém a falta
de uma aplicação adequada acaba por resultar em inúmeros problemas de infra-estrutura e de
acessibilidade, aumentando custos e diminuindo a qualidade de vida. A maioria da população
vive em assentamentos informais não planeados, com acesso irregular a serviços e emprego.
Objectivos
Geral
Específicos
Metodologia
Nesta secção pretende-se fazer-se uma caracterização da Cidade de Maputo de forma sucinta,
partindo do contexto geral até enquadramento territorial do âmbito do estudo.
Foi elaborado então o primeiro plano de urbanização, que veio a resultar na actual morfologia da
cidade, com o seu traçado ortogonal e amplas avenidas. Em 1898 Lourenço Marques é elevada à
categoria de capital da colónia, o que consolidou definitivamente o seu desenvolvimento.
Durante a primeira metade do século XX, Lourenço Marques continua a crescer. Em 1950
residiam quase 100 mil pessoas. Um novo plano de urbanização é elaborado de 1952 à 1955, ano
em que foi aprovado, sugerindo o crescimento ao longo da costa em direcção ao norte. Contudo,
esse plano não chegou a ser executado (Idem).
Em 1961 é instalada a refinaria de petróleo na Matola, que consolida a sua vocação de pólo
industrial. Também nessa época inicia-se uma tendência de rápido crescimento, proliferando
novos bairros “caniço”, onde reside a população carente. Um novo plano director é preparado
nos anos 603, detalhando o zoneamento e a expansão urbana da metrópole. Nesse período, a
metrópole cresce de 180 mil habitantes para 380 mil, em 1970, mais que o dobro do tamanho na
década.
6
Após a independência em 1975, o nome de Lourenço Marques foi substituído por Maputo, nome
do rio que banha a cidade. Matola e Maputo em 1980 são unidas formando o Grande Maputo.
Em 1987, Matola (e os três distritos) é de novo separada reconstituindo-se município e voltando
a ganhar foro de cidade. O período conturbado pós independência, é caracterizado por um
significativo declínio económico, perdendo o porto sua tradicional primazia. É notável a falta de
manutenção e de expansão das infra-estruturas, serviços e equipamentos urbanos.
O Município de Maputo é composto por três distintas áreas, separadas pela Baía com mesmo
nome, que são o Centro do Município com 7 distritos Municipais, a Catembe e a ilha de Inhaca,
que correspondem ao distritos municipais 6 e 7 respectivamente. A pequena ilha Xefina é
administrativamente considerada como fazendo parte do distrito municipal 4, localizado no
anteriormente designado Centro do Município. A sua superfície total corresponde a cerca de 308
7
Km2, sendo a maior área a do Centro do Município com cerca de 167 Km2 (54%), seguida pela
Catembe com 94 Km2 (31%) e Inhaca com 47 Km2 (15%).
Moçambique tem mais de 20 milhões de habitantes; sendo que 70,2% do total dos habitantes
vivem nas zonas rurais e os restantes 29.8% nas zonas urbanas A Constituição da República
preconiza que o direito à habitação é um direito constitucional de todos os cidadãos. (Artigo 91
da Constituição da República, 2004).
acelerar a fuga de grande parte dos colonos e estrangeiros do país, possibilitou o acesso de
milhares de pessoas ao centro da cidade e a uma habitação plurifamiliar.
Segundo Carilho e Lage (2010), Trinta anos após a independência o desafio da habitação não
apenas se agravou, ficando cada vez mais evidente a necessidade de políticas específicas para ele
dirigidas, como ficou mais claramente revelado que a provisão de abrigo é uma das áreas onde se
concentra uma boa parte do esforço de poupança e criatividade das famílias de mais baixos
rendimentos. Com efeito, é difícil encontrarem-se hoje casas de caniço ou de materiais
predominantemente naturais, por exemplo, na cintura suburbana da cidade de Maputo.
Em trabalho conjunto feito com o Conselho Municipal desta cidade em 2005, o Centro de
Estudos do Desenvolvimento do Habitat da Faculdade de Arquitectura (CEDH) calculou que
ascendiam a 200 mil o número de habitações “informais”, em cimento, blocos e outros materiais
industriais, substituindo quase por completo a prática anterior de construção em caniço, como
primeira etapa de construção de habitação. Isto é, praticamente toda a cintura suburbana de
Maputo, por diversas razões entre as quais também se encontra a de escassez/tendência para o
esgotamento e afastamento dos locais de colheita do próprio caniço e afins, se petrificou, se
cimentou, num processo frenético de busca de melhoria das condições de abrigo, sem o medo
antigo de a casa ser destruída por não conformidade com o Plano Urbanístico, não obstante esta
regra não ter sido formalmente eliminada.
10
Quantificando este processo, podemos dizer que em 34 anos a periferia de Maputo foi
“cimentando-se”, passando de cerca de 31% de habitações sólidas com paredes de alvenaria em
1980, para cerca de 55% em 1997, e para 81% em 2007 (ibid.).
Segundo (Oliveira e Handa apud Turner, 1999), o termo habitação tem subjacentes três
dimensões: abrigo, acessibilidade e ocupação. A função primordial da habitação é de abrigo.
Com o desenvolvimento das suas capacidades e talentos, o homem passou a utilizar materiais
disponíveis no seu meio tornando o abrigo cada vez mais elaborado.
Segundo Fernandes (2003) o termo vivenda provem do latim vivenda que significa moradia ou
habitação. Define-se também como a acção de habitar, edifício ou parte dele que se destina a
vivenda.
Social;
Ambiental;
Económica.
Como função social tem de abrigar a família e é um dos factores do seu progresso. Assim,
entende-se que a habitação deve atender os princípios básicos de habitabilidade, segurança e
salubridade.
2.4. Caracterização
Zonas Rurais
a) Problema
b) Consequência
Zonas Urbanas
I. Problemas
II. Consequências
Degradação de imóveis sobretudo os prédios;
Difícil acessibilidade aos bairros residenciais;
Habitações construídas sem o licenciamento das autoridades locais/municipais, não
observância das regras e posturas municipais.
O crescimento, não planificado das áreas periurbanas, foi sendo agravado pela ausência de
instrumentos de planeamento do uso do solo, sua execução e controlo. Como resultado, a maior
parte da população urbana passou a residir em áreas sem acesso adequado a infra-estruturas
básicas e equipamento social 20 e em unidades habitacionais precárias, sem segurança de posse
da terra. Essas áreas representavam 50% do total da área residencial urbana no ano de 1980,
enquanto a população nela residente perfazia 50% do total da população urbana. Dando
seguimento às directivas do III Congresso, realizou-se em 1979 a 1ª Reunião Nacional sobre
Cidades e Bairros Comunais, que tinha como objectivos analisar a situação política, económica,
financeira e social das dez cidades capitais provinciais (PEUMM, 2008: 39)
13
Com o crescimento avassalador das periferias não planificadas das cidades temos hoje o desafio
de pensar na habitação não apenas como facto técnico-financeiro, mas como processo integrado
e transversal expresso em política ou estratégia própria (a política ou estratégia de habitação).
De acordo com Jorge e Tique (2020) o acesso a uma habitação condigna por parte dos grupos de
menores recursos representou desde sempre um problema em Moçambique, nomeadamente ao
nível das grandes cidades e, especificamente, da capital. Durante o período colonial, o problema
foi sendo progressivamente ignorado e protelado pelo regime praticamente até às portas da
independência, em 1975. Anos antes, na sequência do Plano Director de Urbanização de 1969, o
Gabinete de Urbanização e Habitação da então Lourenço Marques (GUHARLM) promoveu um
conjunto de acções nunca antes realizadas nas suas margens urbanas, tanto ao nível dos acessos e
infra-estruturas básicas, como da dotação de equipamentos. Contudo, só com o fim do regime
colonial o tema do acesso a uma habitação condigna ganhou destaque.
Segundo vários autores, como Raposo e Salvador (2007) e Vivet (2012) ambos citados por Jorge
e Tique (2020), para além da expansão das zonas periféricas, subdividiram-se talhões e
ocuparam-se terrenos não aptos à construção, como a barreira natural de Polana Caniço, espaços
de reserva destinados a equipamentos e infra-estruturas, caminhos e vias de acesso, de forma a
acolher os deslocados de guerra. Este processo conduziu à precarização da habitação e a
situações de sobrelotação, à saturação e deterioração das infra-estruturas e equipamentos, bem
como ao agravamento dos problemas ambientais, principalmente devido à erosão dos solos e à
contaminação dos lençóis freáticos.
Como forma de responder face aos problemas habitacionais, o Governo tomou algumas medidas
para controlar a situação, desenhou/elaborou as políticas de habitação e criou o FFH (Fundo do
Fomento para a Habitação).
O programa de promoção de habitação própria (PPHP) – uma das primeiras medidas do Governo
para responder aos problemas habitacionais do País verificou-se em 1987, quando o Conselho de
Ministros aprovou as linhas da 1ª Reunião Nacional sobre Cidades e Bairros Comunais foi
realizada de 26 de Fevereiro a 3 de Março de 1979 e foi, até à altura, uma das maiores ocasiões
para reflexão sobre os problemas urbanos. Embora tenha sido criado o Fundo de
Desenvolvimento de Habitação Própria, logo após o seu estabelecimento este programa não pôde
funcionar plenamente, devido às dificuldades financeiras do Estado.
Com os financiamentos das Nações Unidas, no mesmo ano, em 1987, foi iniciado um projecto
financiado pelo PNUD e implementado pelo UNCHS (Habitat) com o objectivo de assistir o
Governo na definição da Política Nacional de Habitação, tendo esse terminado em Junho de
1991. Nesta política, a Habitação foi definida como um sistema que inclui infra-estruturas
sociais, físicas e económicas. Assim, os empreendimentos habitacionais complementariam o
trabalho de outros sectores – saúde, educação e produção. A continuidade dessa iniciativa foi
assegurada pelo projecto MOZ/91/010, que tinha em vista assistir o governo na formulação do
Programa Nacional de Desenvolvimento Urbano e Habitacional.
As conversas sobre uma política nacional de habitação surgiram com a adopção da Constituição
de 2004, juntamente com o PQG 1999-2004, ambos documentos tendo a habitação como foco
para o desenvolvimento do país. Depois de anos de discussões e experiências de intercâmbio
com outros países, em 2011, a Política e Estratégia de Habitação foi finalmente apresentada pelo
15
Como uma outra Política de outras áreas, a Política de habitação tem sua visão, missão e
objectivo geral.
Visão
Missão
Objectivo Geral
Específicos
Participação dos diferentes sectores da sociedade (estatal, privado, civil) para a provisão
sustentável de terras e casas para todos, assegurando um processo de tomada de decisão
transparente e participativo.
Objectivo Estratégico
As suas receitas proviriam, não só das dotações orçamentais atribuídas pelo governo, mas
também da venda de imóveis do Estado (cerca de 50%), dos imóveis em ruínas ou inacabados e
dos erigidos pelo próprio Fundo, bem como do reembolso dos créditos concedidos e respectivos
juros aplicados, de donativos e de juros de depósitos (Tique apud Jorge & Tique, 2020).
A maioria dos projectos apoiados pelo FFH neste período concentrou-se na Área Metropolitana
de Maputo, representando 45% do investimento total realizado a nível nacional, em áreas de uso
até então predominantemente rural, nomeadamente: (1) nas Mahotas (1996-1999), em Maputo,
em colaboração com a DNHU; (2) em Kongolote (1997-1999), na Matola, também em
colaboração com a DNHU; (3) em Cumbeza (2001-2003), em Marracuene, em proximidade com
a DINAPOT; e (4) no Picoco (2003-2005), em Boane, em articulação com a Direcção Provincial
das Obras Públicas e Habitação (Idem).
No total, a maior fatia de investimento na província de Maputo foi dirigida para a construção de
novos conjuntos habitacionais (73%), cujo acesso estava limitado aos cinco salários mínimos,
seguida da atribuição de crédito para reparação ou ampliação de habitações preexistentes (22%),
18
que exigia três salários mínimos, e por fim da urbanização básica (6%), sem qualquer teto
mínimo e, dessa forma, orientado para os estratos mais pobres da população.
Após dez anos de actividade, o FFH viu-se confrontado com problemas graves que colocavam
em risco a sua continuidade. Os principais destinatários, os jovens técnicos qualificados e os
grupos de menores recursos, não revelavam capacidade de endividamento/investimento para
aceder às linhas de crédito criadas ou às condições mínimas exigidas. Simultaneamente, o FFH
não possuía capacidade financeira para cobrir a totalidade dos custos inerentes à elaboração dos
projectos e à sua execução, nem reunia os meios e o apoio técnico e institucional suficientes para
continuar a desenvolver programas de habitação. Por um lado, a ausência de uma Política
Nacional de Habitação dificultava a definição e validação de uma estratégia de médio-longo
prazo e, consequentemente, o estabelecimento de prioridades (Idem)
Face à quase extinção do FFH, o Decreto n.º 65/2010 de 31 de Dezembro, publicado em 2010,
anunciava uma viragem política (Melo apud Jorge & Tique, 2020). O FFH passaria a abranger
diferentes domínios da promoção da habitação e a priorizar uma hipotética classe média
nacional, alterando os seus objectivos e directrizes iniciais, quer ao nível do financiamento dos
programas, reflexo do processo de financeirização em curso (Jorge apud Jorge & Tique, 2020),
quer da gestão dos investimentos, execução e controlo da sua gestão. Eram agora objectivos do
FFH:
Como destaca Melo (apud Jorge e Tique, 2020) o realinhamento do FFH coincidiu, não só com a
publicação da Política e Estratégia de Habitação, mas também com a estruturação do sistema de
planeamento e gestão urbana e a expectativa de um forte crescimento económico, decorrente da
descoberta e exploração de recursos naturais globalmente estratégicos, com forte impacto na
promoção e produção habitacional ao nível da Área Metropolitana de Maputo, alvo de maior
pressão imobiliária.
Ainda de acordo com os mesmos autores, Entre 2011 e 2018, o FFH atribuiu 1.372 fogos e 1.666
talhões infra-estruturados, através do acesso ao crédito, mantendo igualmente abertas as linhas de
crédito destinadas à autoconstrução, ampliação e reabilitação, o que significa que todo e qualquer
beneficiário passou a ter de garantir capacidade de endividamento (através da apresentação do
extracto bancário dos últimos três meses e da declaração da entidade patronal confirmando o
salário líquido auferido e o tipo de vínculo contratual celebrado). A Área Metropolitana de
Maputo continuou a concentrar grande parte das intervenções realizadas, destacando-se uma vez
mais no topo dos investimentos a construção de novos conjuntos habitacionais, nomeadamente:
(1) a paradigmática Vila Olímpica (2011), financiada inicialmente pelo Fundo de Investimento
do Estado Português e duas empresas de construção portuguesas, num total de 848 fogos, e numa
segunda fase pelo grupo de Macau Charlestrong, com mais 240 unidades habitacionais; (2) a
Vila Sol (2015), em parceria com a empresa chinesa China Jiang Su, no bairro do Triunfo, em
Maputo, com 100 fogos concluídos e mais 108 projectados; (3) a Cidade Ideal da Guoji (2012),
em parceria com o grupo chinês Hena Gouji, na Matola, estimando-se um total de 5.000 casas,
500 das quais já construídas; e (4) o empreendimento MISAU (2015-2018), em parceria com o
Ministério da Saúde, também na Matola, com 32 fogos concluídos.
20
CONCLUSÃO
Face à incapacidade técnica e financeira para suprir o défice habitacional, mas também à
orientação política seguida nas últimas décadas, Moçambique enfrenta hoje vários desafios ao
nível do acesso a uma habitação condigna, nomeadamente ao nível da Área Metropolitana de
Maputo, sobre a qual se centrou a análise.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÂFICAS
JORGE, Sílvia & TIQUE, João. “Fundo para o Fomento à Habitação de quem? Análise do seu
impacto a partir do caso da Área Metropolitana de Maputo, Moçambique”. In: Cidades,
Comunidades e Territórios. 41, Dez., 2020. pp. 209 – 222.
LANGA, Felipe Jorge Laranjeira. Atlas de perfil habitacional de Moçambique (1997 a 2007),
uma abordagem do sig. Lisboa, 2010.