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Centro de Formação Profissional

de Águas e Saneamento

rabalho de pesquisa
[Sistema de Avisos de Cheias ]

Outubro 2021, Maputo


MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, HABITAÇÃO E
RECURSOS HÍDRICOS

CFPAS
Gestão Operacional de Recursos Hídricos
Gestão de Recursos Hídricos

Tema:
Sistema de Aviso de Cheias

GORH

Autores:
Agostinho Cumaio

Maputo, Outubro de 2021


Índice
1. Glossário de Abreviaturas.........................................................................................4
2. Introdução..................................................................................................................5
3. Objectivos..................................................................................................................6
3.1. Geral........................................................................................................................6
3.2. Especificos...............................................................................................................6
4.1. O CONTROLO E A REDUÇÃO DO EFEITO DAS CHEIAS..............................7
4.2. PROGRAMAS DE GESTÃO DE DEFESA DE CHEIAS...................................10
4.2.1. Acções de pré-cheia............................................................................................10
4.2.2. Acções de gestão operacional.............................................................................10
4.2.3. Acções de pós-cheia...........................................................................................10
4.3. Melhorias no Processo de Planeamento................................................................11
5.1. Processo de preparação para época das cheias......................................................13
5.2. Rede de estações do SAC......................................................................................14
5.3. Intervenientes e seu papel no SAC........................................................................15
5.4. Constrangimentos na gestão de cheias..................................................................16
5.5. Água e Saneamento...............................................................................................19
5.6. Desafios.................................................................................................................19
5.6.1. Acções Estratégicas a Curto Prazo.....................................................................19
5.6.2. Acções Estratégicas a Médio e Longo Prazos....................................................19
6.1. Previsão Climática Sazonal 2019/2020.................................................................21
6.2. Previsão Hidrológica.............................................................................................23
6.3. Análise de riscos de cheias Urbanas......................................................................25
6.4. Análise do Risco de Calamidades.........................................................................26
6.4.1. Factores de Vulnerabilidade...............................................................................26
6.4.2. Factores de Contenção........................................................................................26
Sistema de Aviso de Cheias - Gestão de Recursos Hídricos

1. Glossário de abreviaturas
MOPHRH - Ministério das Obras Publicas, Habitação e Recursos Hídricos
MICOA – Ministério Para Coordenação e Acção Ambiental
NAPA - Programa de Acção Nacional para a Adaptação
INGC - Instituto Nacional de Gestão de Calamidade
DNAS - Direcção Nacional de Águas e Saneamento
INAM - Instituto Nacional de Meteorologia
AH - Aproveitamento Hidroelétrico
SAC - Sistema de Aviso de Cheias
GZC - Gestão de Zonas de Cheias

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Sistema de Aviso de Cheias - Gestão de Recursos Hídricos

2. Introdução
As cheias e inundações podem provocar a perda de vidas destruição de bens materiais
e danos no ambiente.
Apesar de não ser possível evitar que estes fenómenos aconteçam, actividades
humanas (como crescimento em planícies aluviais e redução da retenção natural do
solo) bem como as alterações climáticas contribuem para a maior probabilidade de
ocorrência destes fenómenos naturais bem como o agravamento de seus efeitos. As
modelações matemática e hidráulica constituem metodologias eficientes para a analise
e estudo destes problemas. No caso especifico de problemas hidráulicos, envolvendo
cheias e inundações, e’ sem duvida uma metodologia de enorme potencial quer para a
simulação e prevenção das mesmas, quer para a analise de técnicas de gestão e
controlo dos impactos negativos.

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3. Objectivos
3.1. Geral
 Compreender o sistema de aviso de cheias
3.2. Especificos
 Colher Dados e informação chaves para operacionalização.
 Saber os Intervenientes e o seu papel no sistema de aviso de cheias (SAC).

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4. Gestão das albufeiras em situações de secas e cheias


A gestão da albufeira assume-se como um tema e proeminente com a construção
de infraestruturas que fazem a retenção da agua e que permitem a sua utilização em
períodos diferenciados, dependendo das necessidades e dos seus fins.
E um assunto critico, que a realidade de vida, principalmente em anos seco,
tornando absolutamente actual. De facto, a construção desta infraestruturas,
vulgarmente habilidades de aproveitamento hidroelétricos (AH) possibilita a
minimização dos impactos causados quer pelo excesso de precipitação, quer pela sua
escassez.
E a partir do inicio da década de 50 que si assiste a um forte desenvolvimento da
produção hidroelétrico, com a construção dos AH nas bacias dos rios cavados Zêzere,
Tejo e do traço internacional do rio Douro.
Ao longo dos anos, foram inúmeras as transformações cujo o propósito era a
procura incessante e constante de padrões de melhoria e a eficiência operacional. A
operação do AH iniciou-se com os processos manuais e leitos, envolvido para a
situação actual, de uma gestão automatizada e centralizada.
Actualmente, as centrais hidroelétricas do grupo EDP, em Portugal sao operadas a
partir de um,a única localização, o centro de tecnologia das centras

4.1. O CONTROLO E A REDUÇÃO DO EFEITO DAS CHEIAS


O tipo de situação de cheia varia de acordo com a localização considerada ao
longo do rio, conforme à variação das características hidra-morfológicas do mesmo. O
leito de cheia tem, genericamente, uma definição distinta nas secções a montante
(escoamento confinado ao canal de escoamento) das secções mais a jusante (o
escoamento invade leitos de cheia para aumentar a capacidade de vazão), com
definição progressiva e relativamente mais indefinida (nomeadamente nos estuários).
As medidas para redução dos efeitos de cheia a adoptar deverão reflectir esses
distintos tipos de situações.
Durante muito tempo, a resposta ao risco das situações de cheia foi a construção
de grandes projectos de controlo de cheia - reservatórios, barragens, diques, etc. -, as
designadas soluções estruturais, visando a redução das características intrínsecas dos
escoamentos (caudal máximo, níveis de água, etc.); daí resultou a ocupação
progressivamente mais intensa das zonas de cheia, o que, consequentemente, exigiu

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cada vez maior grau de protecção aos riscos de cheia, implicando investimentos cada
vez maiores, numa crescente espiral de protecção de cheia/ desenvolvimento. Os
efeitos económicos, sociais e psicológicos das cheias na actividade humana
conduziram, assim, às designadas soluções não-estruturais - medidas de emergência,
sistemas de previsão e aviso de cheias e medidas de gestão de zonas de cheia.
A aplicação conjunta dos dois tipos de soluções corresponde a uma visão holística
do fenómeno das cheias. De facto, pela sua natureza, as cheias são devidas à
coincidência aleatória de vários factores meteorológicos; no entanto, o uso e ocupação
pelo Homem da bacia hidrográfica também tem impacto na severidade e
consequências desses acontecimentos. Por outro lado, à medida que aumenta o
crescimento populacional e urbano e que as pessoas escolhem viver perto dos cursos
de água, existe uma necessidade cada vez maior de educar e alertar o público quanto
aos riscos de cheia e de melhorar as previsões da necessidade de medidas mitigadoras.
Sendo impossível a eliminação total do risco, todos os intervenientes (representando
diferentes níveis da administração pública e interesses privados) devem assumir uma
responsabilidade conjunta; deverá ser procurada uma combinação de políticas e de
medidas estruturais e não-estruturais, que maximize os benefícios da redução dos
efeitos de cheia enquanto minimiza os custos económicos e ambientais.

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4.2. PROGRAMAS DE GESTÃO DE DEFESA DE CHEIAS


A redução dos efeitos das cheias deverão combinar acções de pré- e pós-cheia, para
além das acções de gestão operacional durante a cheia. Assim, genericamente,
deverão incluir

4.2.1. Acções de pré-cheia


 Gestão do risco de cheia para todas as causas de cheia e planeamento das
possibilidades de desastre.
 Limpeza de zonas de risco de ribeiras, aquedutos e condutas.
 Construção de infraestruturas de defesa de cheia e implementação de sistemas de
previsão e alerta.
 Planeamento e gestão do uso do solo em toda a bacia.
 Desencorajamento de desenvolvimento inapropriado nas zonas de cheia.
 Informação e educação pública dos riscos de cheia e das acções a desenvolver em
emergência de cheia.
4.2.2. Acções de gestão operacional
 Detecção (hidro-meteorológica) da possibilidade de formação de cheia.
 Previsão das condições de escoamento da cheia correspondente.
 Aviso/alerta às autoridades competentes e ao público, de acordo com as
características da cheia prevista.
 Resposta desses intervenientes, incluindo, nomeadamente:
 Reforço de defesas de cheia.
 Operação dos sistemas de armazenamento, regularização e controlo de cheias.
 Evacuação dos ocupantes das zonas de cheia e fecho das ligações viárias de risco.
 Assistência e auxilio de emergência.
4.2.3. Acções de pós-cheia
 Ajuda nas necessidades imediatas aos afectados pelo desastre.
 Reconstrução dos edifícios, infraestruturas e defesas de cheia afectadas.
 Recuperação e regeneração do ambiente e das actividades económicas na área
afectada.
 Limpeza e desobstrução das zonas afectadas.
 Revisão das actividades de gestão de cheias, por forma a melhorar o planeamento
e a acção face a futuros acontecimentos nas áreas afectadas e em geral.

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Estas últimas dependerão, obviamente, da severidade da cheia.


Este planeamento/faseamento de acções foi elaborado no conceito de considerar os
fenómenos das cheias num quadro de gestão integrada dos rios.

4.3. Melhorias no Processo de Planeamento


O sucesso da gestão de zonas de cheia (GZC) depende da selecção de medidas
adequadas, baseadas na consideração das características da cheia, nas características
físicas e morfológicas das zonas de cheia, nas condições económicas e sociais da
região, nas preocupações e condicionamentos políticos e ambientais da comunidade e
na existência ou planeamento das obras de controlo de cheia.
A União Europeia reconhece a necessidade de um planeamento ao nível da bacia
das medidas de protecção das cheias e que uma estratégia de defesa de cheia deve
considerar uma gama de opções estruturais e não-estruturais; reconhece-se também,
que:
 É necessário promover a utilização de medidas não-estruturais de defesa de
cheias.
 Existem diferenças na percepção e na aceitação do risco de cheia entre os
diferentes Países-Membros, não havendo terminologia comum aceite para a
definição de risco - é, pois, necessária uma uniformização nos critérios,
tratamento e recolha de informação e na avaliação dos riscos de cheia.
 É necessária uma ligação entre modelos meterológicos e hidrológicos para
melhoramento das previsões de cheia.
 São necessárias medidas: para consciencializar os cidadãos do risco e
consequência das cheias, da sua corresponsabilidade e participação
(evitando/aceitando o risco de cheia); e, para avaliar a correspondente ligação a
uma política de seguros.
 Mantém-se as dificuldades na troca, entre Países ribeirinhos, das informações
necessárias à previsão de cheias em rios internacionais e à exploração dos órgãos
de regulação das albufeiras.
 Os métodos para avaliação das cheias de projecto necessitam ser desenvolvidos
para ter em devida conta as intervenções humanas nas bacias hidrográficas.

A mais longo prazo, existem, ainda, outras questões a encarar, a melhorar e/ou a

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resolver para aumentar a segurança nas cheias, nomeadamente


a) A escala do poder de decisão, isto é, compatibilizar o planeamento à escala das
bacias hidrográficas com os poderes de decisão (político e económico) local, central e
internacional;
b) A escolha entre estratégias alternativas de gestão de cheias;
c) A cooperação entre as administrações local, central e intergovernamental e o
suporte e divisão de custos associados à gestão de cheias;
d) A incerteza científica associada aos fenómenos de cheia, afectada por
mudanças climáticas e pelos usos da terra das bacias hidrográficas.
Deverá ter-se em conta que:
A simulação de vários cenários de cheia, considerando diferentes possibilidades
(distintos(as): períodos de retorno, usos da terra, medidas estruturais), através de
modelação por Sistema de Informação Geográfica poderá e deverá ser considerada,
cada vez mais, como ferramenta de utilização corrente

Devido a considerações ambientais e à intervenção de grupos de interesse


organizados, torna-se mais difícil construir novos empreendimentos assim, deverá
procurar-se “obter mais” dos existentes, operando-os mais eficientemente,
melhorando o planeamento de operações em cheia, os sistemas de instrumentação,
etc... Saliente-se, entretanto, que a operação óptima de reservatórios de
armazenamento poderá implicar a libertação de um volume de água substancial
previamente à chegada da cheia (importante para Portugal, no caso dos rios
internacionais).

5. Sistema de aviso de cheias


Cheia - são fenómenos naturais extremos e temporários, provocada por
precipitações moderadas e permanentes ou por precipitações repentinas de elevada
intensidade. Este excesso de precipitação faz aumentar o caudal dos cursos de agua,
originando o extravase do leito normal e a inundação das margens e áreas
circunvizinhas. Elas podem tambem podem ser causadas pela ruptura das barragens,
associadas ou não a fenómenos meteorológicos adversos. As cheias induzidas por este
acidente são geralmente de propagação muito rápida.

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Os prejuízos resultantes das cheias são frequentemente avultados, podendo


conduzir a perda de vidas humanas e bens. O impacto no tecido socio-económico da
região afectada é geralmente significativo, podendo levar a destruições completas de
explorações agrícolas e agro-pecuárias entre outras. A prevenção e mitigação do
efeito das cheias é, por isso, de extrema importância.
Na maior parte dos casos é possível prever uma cheia, através das observações
meteorológicas e do conhecimento das descargas das barragens, e assim minimizar as
suas consequências, avisando antecipadamente as populações através de meios de
comunicação social (jornais, radio, televisão) e recomendando as medidas de auto
proteção adequadas.
O sistema de aviso de cheias decorre normalmente durante o período húmido
entre os meses de Outubro a Abril podendo se definir as seguintes etapas:
Fase preparatória
Em que se verifica e inventaria-se o suporte e procedimento para atuação em
cheias.
Fase normal de vigilância.
Com contactos diários com o INAM recolha de dados da rede sinóptica das
estações internacionais (Internet e imagem satélite) e estações nacionais com (rádio
transmissores e celulares).
Fase de alerta
Inicia quando for detectado indícios credíveis de cheia, detenção de ciclones que
atingem as bacias em causa ou valores elevados de precipitação maior que 50 mm em
varias estações sinópticas.
Fase de cheia
Quando existe ou esta prevista com grande probabilidade de ocorrência.
Fase de análise
Depois da cheia, recolhe-se e analisam-se os acontecimentos para melhorar o
sistema de aviso de cheias.
5.1. Processo de preparação para época das cheias
O processo de preparação para uma época de cheias devera começar no inicio de
Setembro de cada ano com a convocação pelo chefe geral dos serviços dos recursos
hídricos da DNAS, com base a uma reunião para o inicio dos procedimentos da
preparação para o novo período da cheia.

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• Rever e actualizar a lista dos endereços e o nome das pessoas a contactar a nível
nacional e internacional;
• Contactar com organismos habitualmente fornecedores de dado, no sentido de
detectar alguma alteração do procedimento;
• Visitar e recolher nos principais locais de recolha de informações em cheias
(estações hidroclimatológica e barragens);
• Testar e analisar executamente os equipamentos de rádio e a rede de transmissão.
Assim como equipa responsável pelo seu funcionamento;
• Verificar e inventariar o equipamento de transporte para o apoio das equipas do
trabalho;
• Verificar o equipamento náutico existente, sua operacionalidade e responsável pela
sua utilização;
• Verificar o equipamento de Hidrometria existente que permite a realização da
medição do caudal;
• Testar os modelos de medição existentes;

5.2. Rede de estações do SAC


A rede de estações do sistema de alerta de cheias esta constituído por três grupos
e em 1990, o Kranendonk prevê a organização dos seguintes grupos de trabalho:
• Grupo de conselheiros;
• Grupo de assistência;
• Grupo de trabalho local;

5.2.1. Funcionalidade de cada grupo:


Grupo de conselheiros
Este que e formado por hidrólogos seniores da DNA e das ARAs com experiência
nos fenómenos da cheia com objectivo de aconselhar o órgão de decisão. O grupo
deve manter-se em funcionamento em regime rotativo de modo a existir sempre
alguém disponível.

Grupo de assistência

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Composto por hidrólogos técnicos médios e operadores de rádio que tem como
objectivo de recolha e tratamento de toda informação sobre cheias. Operar modelos
matemáticos e meios de transmissão existentes. Em resumo preparar elementos para
que o órgão de decisão apoiada pelos conselheiros possa decidir.
Grupo de trabalho local
Localizado nas barragens e nas sedes das unidades das bacias responsáveis pela
recolha de informação local e sua transmissão, assim como pela operação da
barragem.

5.3. Intervenientes e seu papel no SAC


5.3.1. MICOA – Ministério Para Coordenação e Acção Ambiental
Este sector, tendo como principal tarefa, a coordenação intersectarias com vista a uma
correcta gestão e proteção e um uso racional de recursos naturais para o bem estar da
sociedade, têm levado a cabo também várias acções de mitigação a efeitos de
mudanças climáticas. Em seguida são apresentadas 8 estratégias definidas pelo
Ministério que possam contribuir activamente na diminuição da vulnerabilidade,
nomeadamente:
 Implementação de estratégia e plano de acção para conservação da biodiversidade
em Moçambique sob a convenção de biodiversidade;
 Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a queimadas
descontroladas;
 Estratégia e plano de acção para prevenção e combate a erosão dos solos;
 Elaboração do Programa de Acção Nacional para a Adaptação (NAPA) no quadro
da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas;

5.3.2. INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades


Na sequência das lições aprendidas nos últimos desastres naturais, incluindo as
cheias de 2000, o INGC passou a ter um papel cada vez menos logístico e passando a
ser mais coordenativo sob a tutela do Ministério de Negócios Estrangeiros.
Este órgão tem directa ou indirectamente um papel activo na mitigação de
desastres naturais com base nas competências e acções que seguem:
 Divulgação a publicação de informação no campo em situações de desastres;

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 Organizar e coordenar a nível Nacional a obtenção, análise e disseminação de


informação meteorológica, suas tendências e consequentes impactos sobre a
população;
 Informar as instituições de tutela qualquer acto com vista a prevenção,
salvamento e reabilitação de infra-estruturas;
 Providenciar informação regular dos seus gestores aos respectivos doadores;
 Promover assistência mútua e troca de informação entre organizações
internacionais similares.

5.4. Constrangimentos na gestão de cheias


 Aumento da ocupação na área de risco;
 Acréscimo da população exposta a riscos de cheia;
 Ausência de vontade política para o cumprimento das regras de ordenamento nas
zonas inundáveis;
 Falta de fiscalização;
 Divergências de percepção entre técnicos de planeamento urbanístico e de infra-
estruturas;
 Falta de coordenação entre autoridades locais e entidades centrais e regionais;

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 Ausência de informação pública das populações;

5.4.1. Falta de equipamentos


Também a falta de equipamentos apropriados tais como:
 Falta de fiscalização;
 Rádio transmissão;
 Transportes aéreos;
 Boias;
 Barcos;

Gestão do risco de cheias e inundações objectivo de redução da probabilidade e


impacto de cheias e inundações

Prevenção: prevenção dos prejuízos causados pelas inundações, evitando a


construção de habitações e indústrias em áreas de risco, no presente e no futuro e
promovendo práticas de uso dos solos agrícolas e florestais adequadas;
Protecção: tomada de medidas, tanto estruturais como não estruturais, para
reduzir a probabilidade de cheias e o seu impacto em determinados locais;
Preparação: informação da população sobre os riscos e sobre o modo de agir em
caso de ocorrência;

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Resposta de emergência: criação de planos de emergência;


Recuperação e experiência adquirida: regresso às condições normais e
mitigação do impacto social e económico sobre a população afectada.
5.5. Água e Saneamento
Tendo em conta as previsões meteorológicas e hidrológicas para a época chuvosa
2019/20, o sector de Abastecimento de Água e Saneamento, prevê que possam surgir
na decorrência de queda excessiva de chuva a necessidade de acomodar as pessoas
afectadas em centros de acomodação temporária e ou de trânsito. Sendo assim, será
necessário prover condições básicas para providenciar água em quantidade e
qualidade necessária e serviços de saneamento básico

5.6. Desafios
5.6.1. Acções Estratégicas a Curto Prazo

 Implementar mecanismos que assegurem o fluxo de informação sobre o aviso


prévio às instituições relevantes e para o público em geral;
 Desenvolver, de maneira participativa, planos de contingência de cheias e
procedimentos para minimizar os seus impactos;
 Promover a construção de infra-estruturas do controle de cheias;Estabelecer uma
estreita coordenação entre vários intervenientes do Sector de Águas, Meteorologia e
instituições de proteção civil para assegurar o funcionamento eficiente dos sistemas
de aviso de cheias.

5.6.2. Acções Estratégicas a Médio e Longo Prazos

 Tornar os sistemas de aviso de cheias mais eficientes;


 Estabelecer e consolidar mecanismos de gestão de cheias com os países a
montante;
 Prevenir e mitigar os impactos das cheias através do divisão das planícies de
inundação;
 Rever periodicamente as regras de operação de todas as grandes barragens para
melhor operação durante as cheias, incorporando as previsões de cheias e fazendo

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ajustamentos no início da época chuvosa para considerar as previsões meteorológicas


de longo tempo;
 Iniciar estudos de avaliação de risco de cheias, mapear os limites das planícies de
inundação e disseminar a informação sobre o risco de cheias;
 Desenvolver estudos de planeamento espacial a nível regional e encorajar a
retirada das comunidades vivendo nas áreas mais propensas à cheias;
 Instalar sistemas de aviso de cheias nas bacias mais afectadas pelas cheias, com
prioridade para aquelas onde as vidas estão ameaçadas e onde os impactos sócio-
económicos são mais sérios.
Reforçar a resiliência das comunidades e a capacidade de preparação e resposta face a
desastres naturais extremos, minimizando assim os impactos causados, tanto a nível
humano, como a nível económico, é o que pretende este novo projecto da Oikos em
Moçambique.

6. Plano Anual de Contingência 2019-2020


Moçambique é um dos Países africanos mais vulneráveis aos desastres, devido
nomeadamente à sua localização geográfica e nível de pobreza. Nos últimos 40 anos,
a elevada frequência, alternância e intensidade de eventos climáticos extremos passou

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a constituir uma ameaça crescente ao desenvolvimento socioeconómico nacional.


Anualmente, cerca de 60 por cento da população e aproximadamente 40 por cento do
Produto Interno Bruto fica exposta a dois ou mais eventos extremos.
O Plano de Contingência (PC) para a época 2019-2020 tem como objectivos Reduzir
a perda de vidas humanas e destruição de infraestruturas vitais em Moçambique,
assim como assegurar a rápida assistência humanitária e a normalização da vida dos
afectados pelos eventos extremos. Neste sentido, este PC destaca os seguintes
aspectos:
• Principais ameaças susceptiveis de causar situações de emergência;
• Zonas de risco e possíveis impactos;
• Actividades sectoriais de prontidão, resposta e recuperação;
• Recursos disponíveis e necessários para a resposta e gestão de desastres.

6.1. Previsão Climática Sazonal 2019/2020


Ante-visão da precipitação para o período de outubro 2019 à março 2020
O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) prognostica para o período OND 2019
uma maior probabilidade de ocorrência de:

a) Chuvas normais com tendência para abaixo do normal - Chuvas normais com
tendência para abaixo do normal em toda a extensão das províncias de Cabo Delgado
e Nampula, Niassa e os distritos a norte da província da Zambézia;
b) Chuvas normais: para os distritos da parte central da província da Zambézia e a
parte sul da província de Tete e;
c) Chuvas normais com tendência para acima do normal: para as províncias de
Maputo, Gaza, Inhambane, Manica e Sofala, centro a sul da província da Zambézia e
grande extensão da província de Tete.

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Mapa 1: Previsão da precipitação para o período OND 2019.

Para o período JFM de 2020, o INAM prevê maior probabilidade de ocorrência de:

a) Chuvas normais com tendência para acima do normal: para os distritos da parte
leste-a-sul de Tete, as províncias de Niassa, Cabo Delgado, Zambézia, grande
extensão de Sofala, e os distritos a leste da província de Manica;
b) Chuvas normais: para os distritos a norte de Cabo Delgado, centro-a-oeste de Tete
e a faixa ocidental de Manica e;
c) Chuvas normais com tendência para abaixo do normal: para os distritos a sul
de Manica e Sofala, as províncias de Inhambane, Gaza e Maputo.

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Mapa 2: Previsão da precipitação para JFM 2020.

6.2. Previsão Hidrológica


6.2.1. Análise de Risco de Cheias nas Bacias Hidrográficas
Para a elaboração da previsão hidrológica foram considerados os seguintes
pressupostos:
a) Interpretação quantitativa das previsões do SARCOF e INAM;
b) Índice de humidade do solo;
c) Nível de enchimento das albufeiras nacionais e dos países a montante; e
d) Nível de vulnerabilidade das bacias em relação as medidas de defesa.
No período de OND 2020, prevê-se:
1. Baixo - Bacias Hidrográficas do: Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Limpopo,
Inharrime, Govuro, Ligonha, Lúrio, Rovuma.
2. Moderado - Bacias Hidrográficas do: Mutamba, Inhanombe, Save, Búzi, Savane,
Púngoè, Zambeze, Licungo. Meluli, Mecuburi, Messalo, Megaruma e Montepuez.

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Mapa 3: Previsão Hidrológica OND 2019

No Período de JFM 2020, prevê-se:


Baixo - Bacias Hidrográficas do: Limpopo, Inharrime, Govuro e Bacias Costeiras da
Província de Cabo Delgado.
Moderado - Bacias Hidrográficas do: Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Save, Lúrio,
Lugenda, Ligonha e Monapo.
Alto - Bacias Hidrográficas do Licungo.

Mapa 4: Previsão Hidrológica OND 2019

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6.3. Análise de riscos de cheias Urbanas


Relativamente as cidades e vilas que poderão sofrer inundações urbanas em
consequência de chuvas acima do normal que se esperam para os períodos OND2019
e JFM2020, há que destacar os bairros urbanos da cidade de Maputo, Matola, Beira e
Quelimane, conforme ilustram os mapas abaixo.
Cidade Risco Moderato Alto Risco Alto

Bairros 25 de Junho A, Matola A, J, H, e D,


Acordos de Lusaka, Fomento,
Machava A, Liberdade, Luís Cabral,
Matola Gare, Chamanculo C& B,
Ndlavela, Xipamanine,
Patricio Lumumba, Aerporto A&B,
S. Damanso, Munhuana,
Singatela, Mafalala,
Trevo, Urbanização,
Tsalala, Costa do Sol,
Unidade D, Mutanhana,
Vale de Infulene Magoanine,
Bairro Central (Av. 25 de
Setembro),
Bunhiça e Nkobe

Bairros dos Pioneiros, Bairros de:


Matacuane, Mananga, Induda,
Chota, Manga
Muhave e Mascarrenha,
Esturro Vaz,
Munhava,
Macurrungo, Chipangara,
Chaimite e
Maraza.

Bairros de: Bairros de:


Icidua, Aeroporto, Santágua,
7 de Abril, Cansa,
Floresta Samugue,
Manhaua,
Brandão,
Mincajuine,
Vila Pita e
Torrone.

6.4. Análise do Risco de Calamidades

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6.4.1. Factores de Vulnerabilidade


A vulnerabilidade do País aos desastres resulta dos seguintes factores:
1) Sua localização à jusante de nove rios internacionais;
2) A existência de zonas áridas e semiáridas;
3) A longa extensão do território nacional localizada na zona de convergência
intertropical, sujeita a perdas e ganhos excessivos de humidade;
4) A extensa zona costeira que sofre a influência de depressões e ciclones tropicais e a
existência de zonas sísmicas activas
6.4.2. Factores de Contenção
A necessidade de adopção de medidas de redução de risco de desastres em
Moçambique é contextual e de carácter socioeconómico imperativo devido aos
múltiplos e recorrentes choques que afectam o país, por um lado. Por outro, a
integração de medidas de gestão e redução de risco de desastres nas principais
políticas públicas como o Programa Quinquenal do Governo 2015-2019 e o Plano
Director para Redução do Risco de Desastres 2017-2030 refletem os avanços e
firmeza do Governo nesta direcção.

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7. Conclusão
A investigação na previsão de cheias pode contribuir no desenvolvimento do futuro de
sistemas que permitam a emissão de alertas mais confiáveis e com maior antecipação.
As cheias podem ter origens naturais e ou humanas destacando-se algumas causas tais
como a ocorrência de precipitação intensa num curto período de tempo, ocorrência
intenção de forma continua e degelo de calotes polares associadas a alteração
climática e ou aquecimento global.

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8. Referencias Bibliográficas
Rodrigo MAIA; A. ÁLVARES RIBEIRO. AS CHEIAS E A GESTÃO DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS.Porto.11PP.
Resolução n.º 66/2019: Plano Anual de Contingência 2019-2020.

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