Você está na página 1de 40

MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA


CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA OFICIAL DE NÁUTICA - APNT.2/2023

HUGO PIERROTTI MACHRY

ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE: contribuição para uma matriz nacional de


energia mais limpa

RIO DE JANEIRO
2023
HUGO PIERROTTI MACHRY

ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE: contribuição para uma matriz nacional de


energia mais limpa

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão


de Curso apresentado ao Curso de Aperfeiçoamento
para Oficial de Náutica do Centro de Instrução
Almirante Graça Aranha, como parte dos requisitos
para obtenção do Certificado de Competência Regra
II/2 de acordo com a Convenção STCW 78 Emendada.
Orientador:

RIO DE JANEIRO
2023
HUGO PIERROTTI MACHRY

ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE: contribuição para uma matriz nacional de


energia mais limpa

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão


de Curso apresentado ao Curso de Aperfeiçoamento
para Oficial de Náutica do Centro de Instrução
Almirante Graça Aranha, como parte dos requisitos
para obtenção do Certificado de Competência Regra
II/2 de acordo com a Convenção STCW 78 Emendada.

Data da Aprovação: ____/____/____

Orientador: Profa. M.Sc. Laís Raysa Lopes Ferreira

___________________________________________________
Assinatura do Orientador
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________
Profa. M.Sc. Laís Raysa Lopes Ferreira
___________________________________________________
Prof. M.Sc. Paulo Roberto Batista Pinto
___________________________________________________
Prof M. Sc. Marcelo Costa Alves

NOTA FINAL:____________

___________________________________________________
Aluno Hugo Pierrotti Machry
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho inicialmente ao Prof. Telmo


Machry, por todo o suporte durante essa longa jornada.
À minha família, por me apoiar, suportar minhas
ausências e sempre acreditar no meu sucesso.
AGRADECIMENTOS

À minha família, pelo apoio, compreensão, paciência e me dar força para atingir os obje-
tivos.
Aos colegas de classe, com que convivi nesse espaço ao longo desse período e me ajuda-
ram nessa caminhada.
Aos Capitães e tripulantes do SeaLoader 1 pelo apoio e compreensão ao proporcionar a
oportunidade de realizar este curso de aperfeiçoamento.
À OSM pela sensibilidade de perceber meu enorme desejo de fazer o curso de aperfeiço-
amento e proporcionar as condições para que eu pudesse realizá-lo, a fim de adquirir novas
qualificações necessárias para o desempenho das minhas atividades a bordo.
Ao CIAGA pela oportunidade de retornar ao berço de formação dos Oficiais da Marinha
Mercante, reviver os bons tempos dos bancos escolares, reencontrar colegas e me atualizar nas
boas práticas da profissão.
EPÍGRAFE

“Educação não transforma o mundo.


Educação muda as pessoas.
Pessoas mudam o mundo.”
(Paulo Freire)
RESUMO

A demanda da sociedade global pela mudança das matrizes energéticas das fontes não
renováveis por fontes renováveis têm impactos diretamente relacionados com as atividades da
marinha mercante em termos do potencial que o offshore oferece para implementação dessa
mudança. Esse trabalho apresenta de uma forma sucinta as características dessas fontes,
benefícios, vantagens e desvantagens de sua implementação ao redor do globo e, especialmente
no Brasil, identificando os fatores que influenciam no não ingresso ou ingresso tardio das
empresas no mercado de energia renovável offshore, seus reflexos e impactos na indústria da
marinha mercante, bem como sugerir um direcionamento no sentido de ampliar a busca por
tecnologias para maior eficiência na sua utilização, apontar o potencial do offshore brasileiro,
além de fazer uma comparação entre as energias tradicionais já utilizadas e as renováveis
offshore em termos de viabilidade, bem como apresentar a necessidade políticas públicas para
incentivar seu desenvolvimento. Apesar do elevado potencial produtivo, o Brasil ainda não
possui parques eólicos offshore.

Palavras-chave: Energia Renovável Offshore. Marinha Mercante. Potencial de energia offshore.


Eólica offshore. Fotovoltaica offshore. Turbina maremotriz.
ABSTRACT

The global society's demand for changing non-renewable energy sources to renewable ones has
a direct impact on merchant marine activities in terms of the potential that offshore offers for
implementing this change. This work presents in a concise way the characteristics of these
sources, benefits, advantages, and disadvantages of their implementation around the globe and
especially in Brazil, identifying the factors that influence the non-entry or late entry of
companies into the offshore renewable energy market, their reflections and impacts on the
merchant marine industry, as well as suggesting a direction to expand the search for
technologies for greater efficiency in their use, pointing out the potential of the Brazilian
offshore, as well as making a comparison between traditional energies already used and
offshore renewable energies in terms of viability, as well as presenting the need for public
policies to encourage their development. Despite the high potential of production, Brazil still
does not have offshore wind farms.

Keywords: Renewable Energy Offshore. Merchant Marine. Offshore Energy Potential.


Offshore Wind Energy. Solar Energy Offshore. Tidal Wave Turbine.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E FIGURAS

Figura 1 – Explotação de Petróleo offshore 14

Figura 2 – Usina de Gás Natural 15

Figura 3 – Usina de Carvão Mineral na Alemanha 17

Figura 4 – Torres de Geração Eólica Offshore 19

Figura 5 – Usinas Solares Offshore de Singapura 20

Figura 6 – Turbina Submarina 21

Figura 7 - Wind Turbine Installation Vessel 32

Figura 8 - Cable Lay Vessel 33

Figura 9 - Walk to Work Vessel 34

Figura 10 - Crew Transfer Vessels 35


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CH4 Gás Metano

CIAGA Centro de Instrução almirante Graça Aranha

CLV Cable Lay Vessel

CNI Confederação Nacional da Indústria

CSOV Navios de Operação de Serviço de Comissionamento

CTV Crew Transfer Vessel

COP27 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas

EPE Empresa de Planejamento Energético

GW Gigawatt

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis

ISV Embarcação de Suporte à Construção

MW Megawatt

PL Projeto de Lei

SIN Sistema Interligado Nacional

SOV Service Operation Vessel

WTIV Wind Turbine Installation Vessel

W2W Walk-to-Work Vessel


Sumário

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11
1.1 O Problema da Pesquisa ............................................................................................. 11
1.2 Objetivo da Monografia.............................................................................................. 12
1.3 Justificativa ................................................................................................................. 12
1.4 Delimitação do Estudo ............................................................................................... 13
1.5 Metodologia de pesquisa ............................................................................................ 13
2 FONTES TRADICIONAIS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ............................................... 13
2.1 Petróleo ....................................................................................................................... 13
2.2 Gás Natural ................................................................................................................. 15
2.3 Carvão Mineral ........................................................................................................... 16
3 ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE ........................................................................... 17
3.1 Tecnologias Usadas para Produção de Energias Offshore ......................................... 18
3.2 Importância das Energias Renováveis Offshore ......................................................... 21
3.3 Impactos Ambientais das Energias Renováveis Offshore .......................................... 22
3.4 Modelos Decisórios Ambientais Aplicados na Europa .............................................. 22
3.5 Investimentos em Energias Renováveis Offshore ...................................................... 23
3.6 Turbinas Eólicas ......................................................................................................... 24
3.7 Usinas Fotovoltaicas ................................................................................................... 27
3.8 Perspectivas de Mercado ............................................................................................ 27
4 ASPECTOS LEGAIS ............................................................................................................ 28
4.1 Licenciamento Ambiental........................................................................................... 29
4.2 Exemplos de Projetos de Energias Renováveis Offshore no Brasil e no mundo ....... 30
5 EMBARCAÇÕES ENVOLVIDAS NA INDÚSTRIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ... 31
5.1 Wind Turbine Installation Vessels .............................................................................. 31
5.2 Wind Farm Construction Vessels ............................................................................... 32
5.3 Walk to Work Vessels ................................................................................................. 33
5.4 Crew Transfer Vessels ................................................................................................ 34
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO

As energias renováveis offshore são aquelas geradas a partir de fontes renováveis locali-
zadas no mar, como vento, ondas e marés. Essas fontes de energia têm um grande potencial e
ainda são pouco exploradas. A energia eólica offshore é gerada por meio de turbinas eólicas
instaladas no mar, que aproveitam a força dos ventos para gerar eletricidade. Já a energia das
ondas e das marés é gerada por meio de dispositivos que captam a energia cinética das ondas e
das correntes marítimas. As energias renováveis offshore são consideradas limpas, pois não
emitem poluentes diretamente na atmosfera durante a produção de energia. Além disso, elas
podem impulsionar a economia azul global nos próximos anos.
O Brasil tem um grande potencial para a geração de energia renovável offshore, especi-
almente a partir da energia eólica. Embora ainda haja desafios a serem superados, como a falta
de infraestrutura e investimentos, o país tem avançado nesse setor nos últimos anos. Em 2022,
foram apresentados novos empreendimentos eólicos offshore, como os projetos Ventos de São
Francisco e Ventos do Caiçara, da Monex Geração de Energia. Além disso, o país tem um
grande potencial para a geração de energia renovável em geral, com a participação de fontes
renováveis na matriz energética do país crescendo cerca de 30% em 10 anos. O Brasil pode se
tornar líder global na descarbonização da economia, impulsionando a economia verde e a sus-
tentabilidade energética. No entanto, ainda há muito a ser feito para que o país possa aproveitar
todo o seu potencial nesse setor.
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre as potencialidades de produção de energias
renováveis offshore com o objetivo de melhorar ainda mais a sua participação na matriz ener-
gética nacional, procurando mostrar os benefícios dessas fontes inesgotáveis de energia em
comparação com as fontes tradicionais de energia oriundas do petróleo, gás natural e carvão,
para o meio ambiente e para a vida humana sustentável na Terra.

1.1 O Problema da Pesquisa

Diante do atual cenário, no qual a curva do aumento da demanda por energia só vem
aumentando e as fontes tracionais de geração de energia como o carvão, gás natural e o petróleo
são reservas limitadas, além de serem altamente nocivas ao meio ambiente, este trabalho de
pesquisa tem início a partir do seguinte questionamento: como o emprego das energias renová-
veis offshore poderá contribuir para tornar mais sustentável a matriz energética nacional e con-
tribuir para o bem estar da humanidade e a sustentabilidade do planeta?

11
1.2 Objetivo da Monografia

A partir do equacionamento do problema da pesquisa estabeleceu-se como o objetivo


deste trabalho evidenciar o potencial de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis
no litoral, como a energia eólica, solar e das ondas e marés, denominadas fontes renováveis
offshore, para a geração de energia de forma sustentável. Para tanto, pretende-se realizar uma
breve comparação das fontes de energia tradicionais com as diferentes fontes de energia reno-
váveis offshore, como a eólica, a fotovoltaica e maremotriz para a produção de energia elétrica.
As respostas ao problema norteador da pesquisa ficarão evidenciadas após uma análise crítica
entre a diversas fontes de energia, bem como sua viabilidade econômica e ambiental, conforme
será descrito a seguir.

1.3 Justificativa
Energias renováveis offshore é um tema importante para uma monografia por várias ra-
zões. O primeiro aspecto está relacionado ao impacto ambiental, as fontes de energia renováveis
offshore, como energia eólica e de ondas, têm um impacto ambiental menor do que fontes de
energia tradicionais, como combustíveis fósseis. Isso ocorre porque elas não produzem emis-
sões de gases de efeito estufa ou outros poluentes que prejudicam o meio ambiente.
Há vantagens também quanto ao custo-efetividade, embora o investimento inicial para
fontes de energia renováveis offshore possa ser alto, elas podem ser mais custo-efetivas a longo
prazo. Isso ocorre porque elas não requerem combustível e têm custos de manutenção mais
baixos do que fontes de energia tradicionais.
Além disso, os estudos e pesquisas sobre as fontes de energia renováveis offshore pro-
porcionam avanços tecnológicos com o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações
constantes. Isso significa que ainda há muito potencial para pesquisa e desenvolvimento nessa
área.
Percebendo a relevância do tema, muitos países estabeleceram metas ambiciosas para a
produção de energia e as fontes de energia renováveis offshore são fundamentais para o alcance
dos objetivos de tais políticas, tornando o tema oportuno e relevante para uma monografia.
Em suma, uma pesquisa sobre fontes de energia renovável offshore sempre representa
uma contribuição valiosa para o desenvolvimento nacional, fornecendo insights sobre os aspec-
tos ambientais, econômicos e tecnológicos desse importante tópico.

12
1.4 Delimitação do Estudo

Como a geração de fontes de energia a partir de recursos renováveis são muitas, este
trabalho de pesquisa ficará delimitado à análise do emprego das fontes de energia offshore, de
forma que a hipótese levantada é a de que essas fontes trarão enormes benefícios para o bem-
estar da humanidade e a sustentabilidade do planeta.

1.5 Metodologia de pesquisa

Para a elaboração deste trabalho foi utilizada a metodologia descritiva, uma vez que foram
utilizadas pesquisas em livros, revistas, artigos em websites de companhias, governos e
organizações dos setores envolvidos no tema, bem como monografias anteriormente elaboradas
sobre o assunto. A abordagem é expositiva com imagens que ajudam na compreensão do
assunto abordado.

2 FONTES TRADICIONAIS DE GERAÇÃO DE ENERGIA

As fontes de energia não renováveis baseadas em hidrocarbonetos representam uma ca-


tegoria de fontes de energia que envolvem a utilização de substâncias ricas em carbono, prin-
cipalmente petróleo, gás natural e carvão mineral, para produzir energia. Essas fontes de energia
são consideradas não renováveis porque os recursos necessários para produzi-las são finitos e
esgotáveis em escala de tempo humana.
A importância das fontes de energia não renováveis baseadas em hidrocarbonetos está
relacionada à sua capacidade de fornecer energia a preços acessíveis em grande escala. No
entanto, o uso dessas fontes de energia tem implicações significativas para o meio ambiente e
para as mudanças climáticas devido às emissões de gases de efeito estufa. Portanto, à medida
que as preocupações ambientais aumentam e a busca por fontes de energia mais limpas e sus-
tentáveis cresce, a transição para fontes de energia renováveis e de baixa emissão de carbono
se torna mais importante para mitigar os impactos adversos das fontes de energia não renová-
veis baseadas em hidrocarbonetos.

2.1 Petróleo

Grande parte da matriz energética mundial ainda é composta por combustíveis fósseis.
Apesar de serem economicamente mais atrativos no curto prazo, os combustíveis de origem
fóssil, como o petróleo, vêm causando diversos problemas ambientais graves (GOVEA, 2023).

13
O petróleo é o principal tipo de combustível fóssil utilizado hoje no mundo. Em razão de
sua origem, é considerado um material não renovável por que a sua recomposição na natureza
acontece de forma muito lenta. Por isso, trata-se de um combustível extremamente disputado
em todo o mundo e, até mesmo, motivo de conflito entre diversos países (GOVEA, 2023).
O petróleo é resultado da decomposição de diversos materiais ao longo de milhares de
anos. Ele é encontrado em jazidas localizadas nas camadas mais profundas de oceanos, mares,
lagos e, algumas vezes, também pode ser encontrado na terra. O primeiro poço de petróleo
encontrado no Brasil foi em 1987, em São Paulo, e a primeira exploração comercial ocorreu 80
anos, em Salvador, na Bahia (GOVEA, 2023).
A principal utilização do petróleo como fonte de energia, também serve como matéria-
prima para a produção de outras substâncias como como gasolina, querosene, óleo diesel, nafta,
parafina, asfalto, etc.

Figura 1 –Explotação de Petróleo offshore.

Fonte: Copyright 2016 Marcelo Sayão/EFE/VEJ


Embora haja esforços de governos para a diminuição da dependência desse elemento, o
petróleo segue sendo o combustível mais utilizado. Entre seus principais pontos negativos, além
do fato de ser um material não renovável, destaca-se também a grande emissão de poluentes na
atmosfera que ocorre durante a sua queima (GOVEA, 2023).

14
2.2 Gás Natural

O metano como gás natural é um composto orgânico - o CH4. De acordo com Silva
(2023), o gás natural foi formado pelos restos de plantas e pequenos animais que viveram entre
200 e 400 milhões de anos atrás. Esses pequenos animais e plantas que foram soterrados no
fundo dos oceanos, com o acúmulo de mais e mais camadas de sedimentos de rocha, ao passa-
rem os anos, aliado à pressão e ao calor da terra deram formação ao petróleo e ao gás natural.
Muitos cientistas acreditam que essa combinação de pressão e o calor da terra foram essenciais
para transformar a mistura orgânica em petróleo e gás natural. A impermeabilidade da rocha
impediu que o gás natural vazasse para o oceano, tendo-se então uma reserva de gás. O gás
natural cru é uma mistura de gases, cujo principal componente é o metano.

Figura 2 – Usina de Gás Natural.

Fonte: Valor Econômico

Cada vez mais o gás natural vem ganhando espaço graças a sua abundância e vantagens
ambientais diante de outros combustíveis fósseis. Segundo Silva (2023), a queima desses com-
bustíveis causa um grande impacto no meio ambiente. O “efeito estufa” é a consequência da
emissão de CO2 na atmosfera, levando a um aquecimento global. Estima-se que 57% do total
de emissões de CO2 são causados pela queima de carvão, petróleo e gás natural.

15
O gás natural tem uma grande vantagem com relação ao efeito estufa. Em substituição a
outros combustíveis fósseis, o gás provoca uma grande diminuição nas emissões de CO2. O
gás natural emite cerca de 20 a 30% menos que o óleo combustível e 40 a 50% menos que
combustíveis sólidos como o carvão. Além de poluir menos, o gás natural tem uma grande
vantagem em relação a usinas nucleares e hidrelétricas já que não produz resíduos radioativos
de alta periculosidade e não apresenta obstrução de áreas produtivas e a retirada da população
local (SILA, 2023).

2.3 Carvão Mineral

A formação do carvão mineral teve início no Período Carbonífero, na era Paleozóica,


quando imensas florestas de ambientes que apresentavam decomposição sem oxigênio (anae-
róbicos) - como pântanos, deltas e estuários de rios e alguns lagos, principalmente no que hoje
corresponde ao hemisfério norte -, foram soterradas em camadas horizontais (por isso as reser-
vas de carvão são, geralmente, veios horizontais de grande extensão). De acordo com Parejo
(2023), as maiores reservas do mundo estão na Rússia (50%) e nos EUA (30%), mas os maiores
produtores são a China e os EUA, que é também o maior consumidor do minério.
Parejo (2023), afirma que o carvão mineral é a segunda fonte de energia mais utilizada
do mundo, depois do petróleo, sendo responsável por 23,3% da energia consumida no mundo
em 2003 e, no Brasil, por 6,6%. O carvão mineral é um combustível fóssil muito antigo, for-
mado há cerca de 400 milhões de anos. Passou a ter grande importância para a economia mun-
dial a partir da Primeira Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra (Século IXX), quando a
máquina a vapor passou a ser utilizada na produção manufatureira.
O carvão mineral é uma rocha sedimentar combustível, formada a partir do soterramento,
compactação e elevação de temperatura em depósitos orgânicos de vegetais (celulose). Com o
passar do tempo, sucessivamente, a matéria orgânica se transforma em turfa, linhito, hulha e
antracito. A principal diferença entre eles é a porcentagem de carbono de cada um, conforme
explica Parejo (2023).

16
Figura 3 – Usina de Carvão Mineral na Alemanha.

Fonte: EFE/EPA/SASCHA STEINBACH

No Brasil, felizmente, é pouco utilizada por tratar-se de uma fonte energética altamente
poluidora que apresenta substâncias chamadas de sulfetos (como a pirita) que podem reagir
quimicamente com o ar ou água (por causa da presença de oxigênio), e forma substâncias como
o ácido sulfúrico e sulfato ferroso que vão para o subsolo e para o lençol freático, de acordo
com Parejo (2023).

3 ENERGIAS RENOVÁVEIS OFFSHORE

As fontes de energia renováveis são aquelas que possuem um ciclo de renovação em es-
cala de tempo humana, ou seja, estão sempre disponíveis para utilização e não se esgotam. Elas
são obtidas de fontes naturais capazes de se regenerar e, portanto, virtualmente inesgotáveis, ao
contrário dos recursos não-renováveis. As energias renováveis não emitem gases de efeito es-
tufa nos processos de geração, tornando-se uma solução mais limpa e sustentável, evitando a
continuação do uso de combustíveis fósseis, que só agravam os impactos das mudanças climá-
ticas e os consequentes altos custos para a vida na Terra.
As fontes de energia renováveis mais utilizadas são as águas dos rios e oceanos, ventos,
luz do Sol, biomassa, ondas e marés e o calor. A energia solar é obtida a partir da luz do Sol, a
energia eólica é obtida a partir dos ventos, a energia hídrica é obtida a partir da água, a energia
da biomassa é obtida a partir de resíduos orgânicos, a energia geotérmica é obtida a partir do

17
calor do interior da Terra, a energia das ondas e das marés é obtida a partir da força das ondas
e marés.
É inegável a importância das energias renováveis, pois elas são essenciais para o futuro
da humanidade. A continuação do uso de combustíveis fósseis só agravará os impactos das
mudanças climáticas e suas consequências. Além disso, as energias renováveis atendem a vá-
rios aspectos relevantes da gestão econômica e ambiental da sociedade contemporânea, que
precisam ser compatibilizados.
Existem vários tipos de energias que utilizam recursos naturais que se renovam a todo
momento, as mais conhecidas e que começam a ser empregadas em maior escala são descritas
a seguir.
Uma das mais conhecidas e utilizadas, atualmente, é a energia solar, obtida a partir da
radiação solar, que pode ser captada por meio de painéis solares e transformada em energia
elétrica para posteriormente ser incorporada a uma rede de transmissão elétrica ou armazenada
em baterias (Badra, 2020).
O aquecimento das camadas de ar cria uma variação do gradiente de pressão nas massas,
gerando ventos e, consequentemente, energia cinética que é transformada em energia elétrica
por meio de usinas eólicas. A energia eólica offshore é um tipo de energia renovável, inesgotá-
vel e não poluente. O recurso eólico existente no mar é superior em relação ao existente em
terra (até o dobro em relação a um parque onshore médio) (CNN Brasil, 2023).
A energia das ondas e das marés, obtida a partir da força das ondas e das marés, também
é uma fonte de energia renovável que pode ser captada por meio de usinas maremotrizes e
transformada em energia elétrica, contudo, também ainda pouco é explorada (Malar, 2021)
Energia das correntes marítimas e das marés, chamada energia maremotriz, é gerada a
partir da captação da energia cinética oriunda das correntes marítimas e das marés.
Além dessas, existem várias outras fontes renováveis que ainda não se mostraram econo-
micamente interessante, como a energia ondomotriz, gerada a partir do movimento das ondas
(Santos Jr, 2022); a energia térmica oceânica, gerada a partir da temperatura das águas e outras.

3.1 Tecnologias Usadas para Produção de Energias Offshore

A indústria da energia eólica offshore utiliza diversas tecnologias para aproveitar a força
do vento em alto-mar. Algumas dessas tecnologias incluem megaestruturas fixadas no leito
marinho, equipadas com as últimas inovações técnicas, para aproveitar ao máximo o recurso

18
eólico existente no mar, como os aerogeradores com tecnologia Direct Drive de última geração
(CNN Brasil, 2023).

Figura 4 – Torres de Geração Eólica Offshore.

Fonte: Glegorly/Getty Images

Além disso, a indústria da energia eólica offshore está em constante evolução, com o
desenvolvimento de novos tipos de fundações que permitem localizar as instalações a uma
maior distância da costa e a contínua evolução da potência e do desenho dos aerogeradores.
O setor elétrico tem investido em pesquisas para o desenvolvimento e aprimoramento de
tecnologias que permitam a instalação de parques eólicos offshore em águas mais profundas e
mais distantes da costa. A energia solar offshore envolve a implantação de sistemas fotovoltai-
cos flutuantes em corpos d'água, como oceanos e lagos. Algumas tecnologias aplicadas na in-
dústria de energia solar offshore incluem plataformas flutuantes especialmente projetadas para
suportar painéis solares em água, que podem ser ancoradas ou móveis, por meio de sistemas de
amarração e ancoragem robustos para mantê-las flutuantes no lugar e resistir às condições ma-
rítimas adversas, permitindo adaptação a diferentes locais os painéis solares desenvolvidos para
resistir à exposição prolongada à água salgada, ventos fortes e ambientes marinhos corrosivos.

19
Figura 5 – Usinas solares offshore de Singapura

Fonte: clickpetroleoegas.com.br

Tecnologias para transmitir a energia gerada no mar de volta à terra, muitas vezes por
meio de cabos submarinos. As vantagens da energia solar offshore sobre a energia solar onshore
incluem a eficiência melhorada devido às áreas offshore geralmente possuírem maior disponi-
bilidade de luz solar e menos obstruções, resultando em uma produção de energia mais consis-
tente e eficiente (Badra, 2020).
As áreas costeiras e marítimas oferecem mais espaço para a instalação de painéis solares,
permitindo a implementação de sistemas de grande escala. Evita a ocupação de áreas terrestres
valiosas, como terras agrícolas ou florestas. A água circundante ajuda a resfriar os painéis so-
lares, melhorando a eficiência e prolongando sua vida útil. Instalações offshore podem ser com-
binadas com energia eólica ou tecnologias de armazenamento para criar sistemas de energia
renovável híbridos.
No entanto, a energia solar offshore também apresenta desafios como custos de instalação
mais elevados e complexidade operacional devido ao ambiente marítimo. Portanto, a escolha
entre energia solar onshore e offshore depende das condições locais, recursos disponíveis e
metas de sustentabilidade.
Os dispositivos oscilantes representam uma tecnologia que envolve o uso de serpentinas
ou colunas ocas. Esses dispositivos são colocados nas águas costeiras onde as ondas os fazem
mover-se para frente e para trás, acionando geradores de energia por meio desse movimento.

20
Semelhantemente, boias flutuantes projetadas para subir e descer com o movimento das ondas,
convertem a energia mecânica resultante em eletricidade.
As turbinas submarinas, semelhantes às turbinas eólicas, são instaladas no leito do mar
para capturar a energia das correntes oceânicas. À medida que a água flui sobre as lâminas ela
gira as turbinas, que estão conectadas a geradores para produzir eletricidade (Malar, 2023).

Figura 6 – Turbina submarina.

Fonte: TIDALWATT/Divulgação

Ambas as tecnologias, energia das ondas e energia das correntes, têm o potencial de for-
necer uma fonte valiosa e sustentável de eletricidade offshore. No entanto, desafios técnicos e
econômicos precisam ser superados para tornar essas tecnologias ainda mais viáveis em grande
escala. À medida que a pesquisa e o desenvolvimento avançam, a energia maremotriz offshore
continua a desempenhar um papel crucial na transição para um futuro mais limpo e renovável.

3.2 Importância das Energias Renováveis Offshore

Embora haja muitas vantagens em relação à produção energética, também existem des-
vantagens a serem consideradas. Algumas vantagens das energias renováveis offshore são a
proteção do meio ambiente, pois não emitem gases de efeito estufa e não poluem o ar ou a água.
As fontes de energia renovável offshore podem ajudar a reduzir o preço da eletricidade,
pois poderá vir a ser uma fonte de energia mais barata do que as tradicionais fontes de energia,
uma vez que as modernas turbinas eólicas offshore são projetadas para serem resistentes às
condições do mar, o que significa que requerem pouca manutenção (EQUINOR, 2023).

21
Por outro lado, as desvantagens são a dependência de fatores geográficos, a energia reno-
vável offshore depende de fatores geográficos, como a localização do parque eólico e a cons-
tância dos ventos, o que pode afetar a eficiência dos aerogeradores. Os impactos na vida mari-
nha, a construção de parques eólicos offshore pode afetar a vida marinha, pois pode interferir
nas rotas migratórias de animais marinhos e afetar a pesca.
O custo inicial para a construção de parques eólicos offshore é elevado, o que pode ser
um obstáculo para a adoção em larga escala dessa fonte de energia, além da modificação do
espaço natural com a construção de parques eólicos offshore, o que pode afetar a paisagem e a
biodiversidade.
Em resumo, as energias renováveis offshore apresentam muitas vantagens, como a prote-
ção do meio ambiente e a redução do preço da eletricidade, mas também apresentam desvanta-
gens, como a dependência de fatores geográficos e os impactos na vida marinha.

3.3 Impactos Ambientais das Energias Renováveis Offshore


A produção de energia renovável offshore, como a eólica, pode ter impactos ambientais
negativos, sociais e econômicos. Por isso, é importante realizar estudos para avaliar esses im-
pactos e propor programas de gerenciamento (LIMA, 2021).
Alguns aspectos ambientais negativos que podem ocorrer incluem o impacto na fauna
marinha em função da necessidade da construção de estruturas offshore que podem afetar a vida
marinha, como mamíferos, aves e peixes. A instalação de turbinas eólicas offshore pode tam-
bém afetar a paisagem marinha e a vista da costa.
Para minimizar esses aspectos negativos, é importante realizar estudos de impacto ambi-
ental e implementar programas de gerenciamento ambiental. Além disso, é importante consi-
derar a possibilidade de utilizar fontes de energia renovável em terra, como a solar, para evitar
impactos ambientais negativos em áreas marinhas sensíveis.

3.4 Modelos Decisórios Ambientais Aplicados na Europa

Vários estudos foram realizados para mapear modelos de tomada de decisão ambiental
aplicados na Europa para projetos de energia eólica offshore. O objetivo desses estudos é
construir modelos regulatórios ambientais seguros e transparentes que incentivem o
investimento na geração de energia eólica e identificar as melhores práticas e diretrizes para
licenciamento ambiental de projetos de energia eólica offshore na Europa (Vasconcelos, 2019).
Os modelos são projetados para garantir que os projetos sejam ambientalmente
sustentáveis e não causem danos significativos aos ecossistemas marinhos. Os estudos
22
abrangem vários países da União Europeia, incluindo Alemanha, Noruega, Portugal, Espanha,
França, Dinamarca e Reino Unido. Os modelos são baseados em avaliações de impacto
ambiental, que são realizadas para avaliar os potenciais impactos ambientais dos projetos e
identificar medidas para mitigá-los.
Os estudos também abrangem processos de certificação e licenciamento, que são
projetados para garantir que os projetos cumpram as regulamentações e padrões ambientais. Os
modelos são esperados para fornecer um quadro para a tomada de decisão ambiental que possa
ser adaptado e aplicado em outras regiões e países.
Conforme faz referência Vasconcelos (2019), a Alemanha já possui 34% da capacidade
instalada da energia eólica offshore da Europa, segundo maior produtor de energia eólica
offshore1 do mundo. De acordo com o autor, em 2018, existiam 39 projetos de usinas eólicas
offshore em operação e em desenvolvimento nos Mares do Norte e Báltico alemães.
A Noruega, por meio da empresa Equinor, inaugurou oficialmente, em agosto de 3023,
o maior parque eólico flutuante do mundo, Hywind Tampen, no Mar do Norte. A usina tem
capacidade instalada de 88 MW e fica em lâmina d’água entre 260-300 metros, a 140 km da
costa da Noruega. Possui 11 turbinas instaladas em uma estrutura de concreto e usa o modelo
de boias flutuantes spar (floating spar buoy) para instalação das torres, o que permite a
instalação em lâmina d’água mais profunda – e tem um conceito similar às plataformas de óleo
e gás spar, também utilizadas por petroleiras na região (EPBR, 2023).
A existência de vários modelos de produção de energia eólica offshore nos países
europeus citados demonstram que cada nação tem sua particularidade, mas todos se baseiam
nas Diretivas da União Europeia para a sustentabilidade (Vasconcelos, 2019).

3.5 Investimentos em Energias Renováveis Offshore


A indústria das energias renováveis offshore requer investimentos significativos para se
tornar uma realidade. O governo brasileiro, em junho de 2023, anunciou investimentos na
ordem de setenta milhões de dólares para aumentar a integração e participação das energias
limpas no país. A previsão é que esse total de investimento consiga mobilizar US$ 9,1 bilhões
de parceiros, incluindo investimentos privados, para ser implementado pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento e pelo Grupo Banco Mundial (Brasil, 2023). Contudo, o
Programa de Integração de Energia Renovável não faz menção às energias offshore.
A energia eólica offshore pode gerar até o dobro de energia em comparação com a energia

1
O maior produtor de energia eólica offshore do mundo é a China.
23
eólica onshore. No entanto, o investimento necessário para a energia eólica offshore ainda é
alto e para viabilizar tais investimentos é necessário regulamentação da geração de energia
eólica offshore. O governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia e o Congresso
Nacional, tentam regulamentar o tema, com o objetivo de atrair investimentos privados para
o setor.
Thiago Barral, secretário de Transição Energética do MME, afirmou em entrevista à
CNN que a regulamentação é fundamental para desenvolver a atividade no Brasil. “Um marco
legal é necessário para dar segurança jurídica e previsibilidade das regras para investimentos
na viabilização do potencial eólico offshore. Com isso, poderemos ampliar as fronteiras para
o aproveitamento das energias limpas e renováveis”, indica Barral (CNN Brasil, 2023).
A multinacional norueguesa Equinor, maior operadora da Noruega e uma das maiores
operadoras offshore do mundo, tem planos para ampliar seu portfólio em renováveis no Brasil,
investindo na produção de energia eólica offshore no Ceará (Ceará, 2022).
Em resumo, os investimentos necessários para a indústria das energias renováveis
offshore incluem a regulamentação deste segmento de geração de energia, o desenvolvimento
de tecnologias mais eficientes e a diversificação das atividades econômicas nas comunidades
impactadas pela transição para formas mais limpas de energia.

3.6 Turbinas Eólicas


O Brasil já possui um número significativo de turbinas e parques eólicos onshore, contudo
ainda não temos empreendimentos offshore instalados, conforme relata Carmo e Paula (2023)
ainda que estudos de viabilidade e experiências comerciais em outros países tenham mostrado
que a energia eólica offshore tem muitas vantagens do ponto de vista energético. Aqui ainda
estamos na fase de desenvolvimento dos estudos de viabilidade de parques eólicos offshore ao
longo do litoral.
Carmo e Paula (2023) lembram que, após a ratificação do Brasil no Acordo de Paris, em
2016, o país se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo
dos níveis de 2005 em 2025. Em função desse acordo, já se observam empresas do setor de
óleo e gás se preocupando com a descarbonização das suas atividades e em tornar seus
processos progressivamente mais limpos, como a Petrobrás, por exemplo.
Já encontra-se em desenvolvimento um projeto de construir eólicas para geração de
energia nos campos de óleo e gás, colocando em operação de turbinas eólicas offshore flutuantes
para fornecer parte da potência elétrica consumida nas plataformas de extração de petróleo e
gás natural operando em águas profundas nas bacias de Campos e Santos por um grupo de
24
pesquisadores e professores da Universidade de São Paulo. Os resultados deste estudo constam
no artigo Environmental Impact Assessment and Life Cycle Assessment for a Deep Water
Floating Offshore Wind Turbine on the Brazilian Continental Shelf , publicado recentemente
no periódico de acesso aberto Wind, da editora MDPI, conforme relatam Carmo e Paula (2023).
O estudo realizado utiliza duas ferramentas: a Análise de Ciclo de Vida e a Avaliação de
Impactos Ambientais. Na primeira, entende-se o quanto a construção, operação, manutenção e
descomissionamento de uma turbina instalada em uma condição típica de plataformas de
exploração de óleo e gás offshore no Brasil gerariam de emissões de CO₂ através da
quantificação da energia gasta e materiais utilizados nos processos envolvidos, e contabilização
das contribuições de cada uma das diferentes etapas, segundo Carmo e Paula (2023).
Já na segunda ferramenta, identificam-se todos os danos que esta turbina poderia
representar às condições socioambientais do local de instalação, analisando a biodiversidade
local em conjunto com fatores sociais (CARMO e PAULA, 2023).
Para a instalação da turbina em águas profundas, é necessário utilizar um sistema de
amarração em catenária com cabos de aço. Este sistema, em conjunto com a plataforma sobre
a qual a turbina está instalada, é responsável pela parcela mais significativa de massa de aço de
toda a composição, e sua produção representa mais de 70% das emissões de CO₂ de todo o
sistema em seu ciclo de vida, relatam Carmo e Paula (2023).
Carmo e Paula (2023) relatam que a produção e montagem de outros elementos da turbina
(torre, nacele, rotor e pás e uma bateria para armazenar o excedente de energia e retificar o
fornecimento de potência) também representam uma forte parcela dos impactos quantitativos,
utilizando outros materiais como concreto, alumínio, fibra de vidro e cobre.
Os resultados da análise de ciclo de vida mostram que as emissões totais de dióxido de
carbono foram de cerca de 21,6 gCO₂ por kWh de energia produzida. Isso reflete em um tempo
de retorno de 1,23 anos para que o empreendimento retribua toda a energia consumida para ser
produzido e operado a partir da energia que ele mesmo produz, segundo Carmo e Paula (2023).
Estes valores estão na mesma faixa de resultados de outros estudos similares produzidos
ao redor do mundo, mostrando a viabilidade de utilizar uma turbina como essa como fonte de
substituição energética, considerando que ela emite muito menos CO₂ que o sistema
convencional que alimenta as plataformas atualmente, que possuem uma relação de emissão
que varia de 400 a 600 gCO₂/kWh, seguindo ainda o relato de Carmo e Paula (2023).
Carmo e Paula (2023) relatam que na avaliação de impactos ambientais realizada, são
apontados alguns aspectos que podem afetar a biodiversidade local, como (a) sedimentação de

25
materiais ao longo das operações, gerando poluição no meio aquático; (b) geração de campos
eletromagnéticos pelos cabos elétricos na região, podendo afetar espécies marinhas com
sensibilidade magnética e aves; (c) formação de recifes de corais, criando um hotspot biológico;
(d) ruídos na construção e operação, afetando a qualidade de vida de todas as espécies marinhas
e aves; (e) altura elevada da torre da turbina, apresentando risco de interferência com rotas
migratórias de aves.
Ainda, segundo os autores Carmo e Paula (2023), além desses aspectos que são normais
à operação do sistema, também é analisado um evento catastrófico de grande potencial de
impacto pela poluição do ambiente marinho com metais pesados, que é a explosão da bateria.
Carmo e Paula (2023) relatam que todos os pontos levantados são frequentemente citados
em diversos estudos de impacto ambiental de turbinas eólicas offshore pelo mundo. Embora
sejam numerosos, eles representam riscos baixos de influência na manutenção da
biodiversidade local, não representando assim razões para impedir a construção da turbina,
sendo necessário apenas pontuá-los visando buscar formas de mitigá-los na medida do possível.
De acordo com Carmo e Paula (2023), o estudo aponta a viabilidade, do ponto de vista
ambiental e energético, de se implantar no Brasil projetos eólicos offshore em águas profundas,
algo que no momento só foi aplicado em outros países. Turbinas offshore flutuantes se mostram
de maior impacto quando falamos de emissões de dióxido de carbono se comparadas com
outros modelos de turbinas fixas, pois a construção da plataforma e cabos de amarração é um
processo muito poluente.
Por outro lado, na mesma linha de pensamento de Mendonça e Gadhim (2023), este tipo
de sistema pode produzir muito mais energia, pois favorece a utilização de turbinas de maiores
dimensões, potência e fator de capacidade. Portanto, de um ponto de vista quantitativo e
qualitativo, a instalação de uma turbina como esta para alimentar sistemas de extração de
petróleo e gás é algo muito vantajoso. Embora existam impactos ambientais resultantes deste
empreendimento, eles são menos numerosos se comparados com o sistema que abastece estas
plataformas hoje em dia, que utiliza turbinas a gás, apresentando assim maiores índices de
emissões e maior gasto energético.
A adoção dessa nova tecnologia na geração de energia renovável trata-se de um desafio
inovador para o Brasil, partindo da sua aplicação em locais onde se produz fonte energética
fóssil, é um grande passo para a descarbonização do setor de óleo e gás e para a transformação
da matriz energética brasileira.

26
3.7 Usinas Fotovoltaicas

Uma simulação realizada por cientistas da Universidade de Utrecht, na Holanda, indicou


que as usinas fotovoltaicas offshore podem ser mais produtivas do que as matrizes montadas
no solo. Depois de compararem um projeto no mar do Norte com um sistema convencional no
campo, os pesquisadores apontaram que as instalações offshore podem gerar 12,96% a mais de
energia por ano, relatou Badra (2020).
Segundo o estudo, as medidas de simulação foram responsáveis pela temperatura média
da superfície do ambiente e da água e pelo efeito das ondas ao longo de um ano. O modelo
incluiu a água do mar funcionando como um sistema de refrigeração, bem como a velocidade
do vento e a umidade relativa do ar.
“O conjunto montado no solo gerava 1.192 kWh por ano. Já o sistema flutuante foi
12,96% mais produtivo, com 1.346 kWh”, disse o grupo de Utrecht, conforme afirma Badra
(2020).
Ambos os projetos simulados compreenderam 12 painéis solares para capacidade de ge-
ração de 3,72 kW. O projeto flutuante foi colocado em um pontão de aço fixado por quatro
cabos de aço. “Embora a velocidade do vento altere simultaneamente o ângulo de inclinação e,
como resultado, os painéis nem sempre estejam posicionados no ângulo ideal, a existência de
água ao redor do pontão é uma grande vantagem para melhorar a eficiência, pois a temperatura
do painel é mais baixa e mais constante também”, concluiu a pesquisa.

3.8 Perspectivas de Mercado

Atualmente, o montante de energia renovável eólica offshore instalado mundialmente é


da ordem de 57 GW, somando-se a produção das usinas da China, Alemanha, Noruega, Reino
Unido, dentre os principais produtores. O potencial de produção do Brasil é da ordem de 700
GW, segundo a Empresa de Planejamento Energético (EPE), distribuídos por locais de profun-
didade de até 50 metros (Rios, 2022).
O presidente de EPE, Thiago Barral, afirma que a eólica offshore amplia a fonte de de-
senvolvimento de energia renovável no Brasil. Trata-se de uma oportunidade de mercado de
terreno sólido, com enorme potencial. O passo seguinte será a implantação do que foi constru-
ído ao longo dos últimos anos. A eólica offshore exige um nível de complexidade em termos
de governança e temos que estar atentos, declarou, segundo a articulista Rios (2022),
Grandes empresas de petróleo e gás, como Shell e Equinor, estão participando do desen-
volvimento de projetos de energias renováveis, como a energia eólica offshore. No entanto,

27
algumas petroleiras estão recuando em projetos renováveis, o que pode mudar o jogo de forças
no setor. Apesar disso, a transição para uma economia de baixo carbono não está diminuindo,
e a energia limpa deve atrair um investimento recorde de US$ 1,7 trilhão em 2023. A Aliança
Global para investimentos em energia eólica offshore foi lançada na COP27, o que mostra o
compromisso com a energia renovável offshore (EPBR, 2023).

4 ASPECTOS LEGAIS
Recentemente, foram aprovadas algumas leis e diretrizes no Brasil para a exploração de
energias renováveis offshore. Algumas das principais informações encontradas nos resultados
da pesquisa foram as descritas a seguir.
O Projeto de Lei (PL) 576/2021, aprovado pela Comissão de Infraestrutura do Senado
Federal, em agosto de 2022, regulamenta a autorização para aproveitamento do potencial
energético offshore. Segundo o autor do PL e atual presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, o
que impede o avanço dos projetos de eólicas offshore é a falta de uma lei que regule a cessão
de áreas onde as usinas serão instaladas. Há expectativa no mercado de que o projeto seja
aprovado no congresso até o final de 2023. O executivo destacou que as estruturas para gerar
energia eólica no mar são mais simples do que aquelas usadas para a produção do pré-sal.
“Felizmente para a humanidade, captar vento no mar é muito mais simples do que buscar
petróleo no pré-sal”, afirmou, acrescentando que “são estruturas muito mais simples. Mas, é
claro, dá trabalho, tem uma escala, tem um processo ambiental também, tem uma interação com
as comunidades” (Prates, 2023).
Antecipando-se à tramitação do PL, o Governo Federal promulgou, em janeiro de 2022,
promulgou o Decreto nº 10.946/2022, que dispõe sobre a cessão de uso de espaços físico e
aproveitamento dos recursos naturais em águas interiores de domínio da União, no mar
territorial, na zona econômica exclusiva e na plataforma continental para a geração de energia
elétrica a partir de empreendimentos offshore.
Segundo as articulistas, Mayara e Ghadim (2023), no atual sistema, é possível explorar
economicamente as energias renováveis, conciliando os interesses coletivos e ambientais, sem
prejuízo dos lucros e da produção, minimizando os impactos financeiros e burocráticos para as
concessionárias.
A inovação tecnológica desenvolvida pelas concessionárias na exploração das energias
renováveis sempre colocará a legislação um passo atrás, e é justamente a ausência de
regulamentação da matéria que impulsiona e motiva o trabalho da advocacia militante no setor
regulatório, administrativo e ambiental.
28
A exemplo, a exploração de energia eólica offshore, modalidade de captação e produção
da energia com plataformas instaladas em alto mar, está em plena expansão em 2023, com
projetos para abertura de 9 parques eólicos e instalação de 875 aerogeradores no mar da costa
brasileira, informam Mayara e Ghadim (2023).
A regulamentação do nicho é escassa e conta com poucos decretos editados pelo governo
após a autorização dos projetos, porém ainda são necessários cuidados para nortear as
concessionárias e investidores do setor.
É necessária a adequação das concessionárias para obter as licenças ambientais, e
readequações para enquadramento no sistema tributário, prevenindo novas taxações, bem como
atenção às questões da infraestrutura envolvida na transmissão da energia obtida, evitando
embargos na execução dos projetos e prejuízos financeiros que inviabilizem a exploração.
Portanto, embora já existam algumas leis e diretrizes para a exploração de energias
renováveis offshore no Brasil, ainda há espaço para a criação de uma legislação mais específica
para a regulação dessas atividades principalmente no que se refere ao licenciamento ambiental.

4.1 Licenciamento Ambiental


O licenciamento ambiental para projetos de energias renováveis offshore, como as eólicas
offshore, é regulamentado pelo IBAMA, órgão ambiental federal responsável pelo licencia-
mento de projetos de energia em águas territoriais brasileiras e compreende um processo que
avalia os impactos ambientais de um empreendimento e define medidas para minimizá-los ou
compensá-los (Cordeiro, 2023).
Atualmente, dezenas de processos de licenciamento ambiental para projetos de energias
renováveis offshore estão sob análise do IBAMA porque, segundo Cordeiro (2023), o licenci-
amento ambiental para empreendimentos de geração de energia eólica offshore segue as dire-
trizes da regulamentação do licenciamento ambiental para empreendimentos de geração de
energia eólica onshore (em terra).
Segundo o analista ambiental Silva (2023), o grande desafio de licenciar projetos desse
porte, do ponto de vista dos solicitantes, é a elaboração de um estudo robusto, que traga as
informações adequadas no diagnóstico socioambiental. “Esse trabalho precisa caracterizar o
estado atual da área de inserção proposta para o empreendimento e o adequado prognóstico dos
impactos de sua instalação e operação. Entendo que pelo ineditismo desta tipologia no Brasil e
magnitude dos números envolvidos nesses projetos, essa seja a maior dificuldade”, afirmou o
analista.

29
4.2 Exemplos de Projetos de Energias Renováveis Offshore no Brasil e no mundo

A geração de energia eólica offshore já é realidade na Europa, Ásia e América do Norte.


No Brasil, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), até a data dessa pesquisa o
IBAMA recebeu 78 pedidos de licenciamento que somam 189 GW de potência instalada. O
número representa quase a capacidade total de energia centralizada no País e conectada ao
Sistema Interligado Nacional (SIN), que é de 194 GW. Para se ter uma referência, a maior
hidrelétrica do Brasil, Itaipu, tem uma capacidade total de geração de energia de 14 GW (Itaipu
Binacional, 2023).
O Brasil é uma referência na comunidade internacional no uso de energias renováveis,
quase 90% da energia elétrica produzida no país provém das usinas hidrelétricas, que utilizam
a força da energia hidráulica, complementado por outras fontes renováveis como solar, eólica,
geotérmica, biomassa, ondas, marés e hidrogênio.
Existem vários projetos de energia renovável offshore em andamento no Brasil. O
IBAMA tem atualizado seu mapa sobre os projetos de usina eólica no mar em licenciamento.
Os dados mais recentes, de agosto de 2022, mostram 66 empreendimentos. Os estados do Rio
Grande do Sul (21 projetos), Ceará (19), Rio de Janeiro (9) e Rio Grande do Norte (8) são os
que puxam as iniciativas. Os empreendimentos Caucaia e Asa Branca, ambos no Ceará, têm os
processos de avaliação mais antigos, respectivamente de 2016 e 2017 (ENGIE, 2022).
O maior empreendimento em capacidade de geração, segundo os dados do IBAMA, seria
o projeto Ventos do Sul, da Ocean Winds – joint venture entre a ENGIE e a EPBR – , com
instalação no Rio Grande do Sul, com 6.507 MW. Seriam 482 unidades geradoras ativadas a
uma distância de 21 km da costa. O segundo maior é o Alpha, da Alpha Wind Morro Branco,
no Ceará, com 6.000 MW.
O terceiro maior projeto deve ser instalado em Santa Catarina e 5.700 MW de capacidade,
sendo de propriedade da SPE Bravo Vento. Há vários projetos de 3000 MW cada na lista dos
maiores: Jangada (Ceará), Maravilha (Rio de Janeiro) e Águas Claras (Rio Grande do Sul),
todas da Força Eólica do Brasil.
As informações do IBAMA listam ainda as características principais dos equipamentos
que devem ser ativados, caso os projetos avancem no licenciamento. Os de maior capacidade
unitária chegam a 15 MW de geração. A média, no entanto, mostra equipamentos de 12 MW e
de 13,5 MW. Pontos fora da curva são os projetos Nova Energia, da Sowitec, com apenas um
aerogerador de 3,4 MW a 200 metros da costa da Bahia, e o Asa Branca, da Asa Branca, com a
previsão de 50 aerogeradores instalados a 3 km da costa do Ceará (ENGIE, 2022).
30
A depender do licenciamento, a geração de fato pode começar em 2027 na avaliação da
presidente da Associação Brasileira da Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Silva Gannoum. A
estimativa foi feita em entrevista ao site Canal Energia em outubro de 2020. Para ela, o Brasil
tem disponibilidade para gerar energia por meio das eólicas marítimas, mas é preciso vencer as
barreiras regulatórias.
Marcelo Storrer, presidente da Associação Brasileira de Eólicas Marítimas (Abemar), é
mais otimista e pontuou, em entrevista ao site epbr, que a nova fonte de geração pode entrar na
matriz brasileira ainda em 2025, caso exista incentivos para isso.

5 EMBARCAÇÕES ENVOLVIDAS NA INDÚSTRIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

As fazendas de energia renovável offshore requerem embarcações de apoio e manutenção


para garantir a instalação, operação e manutenção dos equipamentos. Essas embarcações são
projetadas para suportar as condições adversas do mar e para transportar pessoal, equipamentos
e suprimentos. Essas embarcações de apoio e manutenção para fazendas de energias renováveis
offshore podem ser classificadas em diferentes tipos, dependendo de suas funções específicas.

5.1 Wind Turbine Installation Vessels


As embarcações de instalação de turbinas eólicas (WTIVs) são geralmente projetadas
para serem autopropulsadas e com pés de aço (geralmente entre 300 e 3.000 toneladas de
capacidade de elevação) para a instalação de turbinas eólicas offshore. Embora algumas
unidades semisubmersíveis estejam em operação, os WTIVs comuns possuem 4 pés de aço que
podem ser elevados ou baixados, além de grandes áreas de deck para armazenamento e
transporte de componentes das turbinas e fundações.

31
Figura 7 - Wind Turbine Installation Vessel.

Fonte: https://www.kongsberg.com/zh g, 2021.

5.2 Wind Farm Construction Vessels

Wind Farm Construction Vessels são embarcações de suporte para fazendas de energia
renovável offshore são classificadas em várias subcategorias, como:
- Cable Lay Vessel (CLV): embarcações projetadas para a instalação de cabos elétricos
offshore.
- Dredger Vessel: embarcações que dragam e removem sedimentos do fundo marinho
para aprofundar áreas offshore.
- Heavy Lift: embarcações projetadas para transportar cargas pesadas, como componentes
de turbinas eólicas e fundações.
- Crane and Transportation Vessel: embarcações com grúa e capacidade de transporte,
utilizadas para a instalação e manutenção de turbinas eólicas offshore.
- Survey Vessels: embarcações projetadas para realizar levantamentos e inspeções
offshore, como a detecção de obstáculos e a avaliação de ambiente marinho.

32
Figura 8 - Cable Lay Vessel.

Fonte: https://www.hvrengineering.com/projects/nexus/

5.3 Walk to Work Vessels

As embarcações de suporte e serviço para fazendas de energia renovável offshore (W2W)


são equipadas com passarelas "walk-to-work" com compensação de movimento para acesso às
turbinas eólicas ou plataformas de petróleo e gás. As embarcações de suporte à operação (SOV),
embarcações de serviço de construção (CSOV), embarcações de suporte à instalação (ISV) e
embarcações de suporte à construção (CSV) são uma subcategoria de embarcações W2W
especialmente projetadas para energia eólica offshore. As embarcações W2W são comumente
embarcações de suporte multipropósito do setor de petróleo e gás. A conversão dessas
embarcações é não intensiva e requer apenas a adição da passarela e algum suporte estrutural.
Algumas das principais características das embarcações W2W incluem passarelas "walk-
to-work": essas passarelas são projetadas para permitir o acesso seguro às turbinas eólicas
offshore; compensação de movimento: as passarelas são equipadas com compensação de
movimento para minimizar o impacto das ondas e garantir a segurança dos trabalhadores.
Versatilidade: as embarcações W2W são projetadas para serem versáteis e capazes de realizar
várias funções, como transporte de pessoal e equipamentos, instalação e manutenção de

33
turbinas eólicas offshore. Conversão não intensiva: a conversão de embarcações multipropósito
do setor de petróleo e gás em embarcações W2W é relativamente simples e requer apenas a
adição da passarela e algum suporte estrutural.

Figura 9 - Walk to Work Vessel.

Fonte: Página da DNV

5.4 Crew Transfer Vessels

As embarcações de transporte de tripulação (CTVs) são pequenas embarcações de alta


velocidade, geralmente com capacidade para 12 a 24 passageiros, usadas para transportar téc-
nicos da costa para realizar trabalhos de manutenção/construção em instalações offshore. As
CTVs são geralmente catamarãs com comprimentos totais de 15-30m e são comumente usadas
diariamente em fazendas eólicas mais próximas da costa. Algumas das principais características
das CTVs incluem alta velocidade: as CTVs são projetadas para serem rápidas e eficientes em
termos de combustível, permitindo que os técnicos cheguem rapidamente às instalações
offshore, capacidade de transporte, as CTVs são projetadas para transportar pequenos grupos
de técnicos e equipamentos necessários para a manutenção e construção de instalações offshore.
Catamarãs: as CTVs são geralmente catamarãs, o que lhes confere estabilidade e eficiência em
termos de combustível. As CTVs são essenciais para a manutenção e construção de instalações
offshore, permitindo que os técnicos cheguem rapidamente às instalações offshore e transpor-
tem os equipamentos necessários. Essas embarcações são projetadas para serem rápidas, efici-
entes em termos de combustível e estáveis.

34
Figura 10 - Crew Transfer Vessel.

Fonte: https://www.commercialribcharter.co.uk/

35
6 CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo mostrar, a partir da análise das fontes renováveis de
energia no litoral, como a energia eólica, solar e das ondas e marés, que é possível e vantajoso
o emprego dessas energias pode contribuir significativamente para tornar mais sustentável a
matriz energética nacional e ainda proporcionar um novo mercado de trabalho para os
brasileiros.
A energia maremotriz, por exemplo, é uma fonte limpa e renovável que pode ser utilizada
em países que dependem de fontes não renováveis e danosas ao meio ambiente, como os
combustíveis fósseis e nucleares. Além disso, a energia de ondas e marés tem um grande
potencial energético e, embora ainda não seja tão aproveitada quanto a energia eólica e solar,
tem se mostrado uma alternativa promissora para o futuro.
A despeito do Brasil já ter investido na geração de energia eólica e possuir significativos
parques eólicos onshore, ainda carecemos de empreendimentos offshore. Países como a China,
Alemanha, Noruega e vários outros países europeus já possuem grandes instalações para
geração de energia eólica offshore. Ainda estamos na fase de desenvolvimento dos estudos de
viabilidade de parques eólicos offshore ao longo do litoral.
Contudo, segundo Carmo e Paula (2023), existem boas perspectivas para o segmento no
Brasil, já existe um projeto sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores e professores
da Universidade de São Paulo para a construção de usinas eólica nos campos de óleo e gás,
colocando em operação de turbinas eólicas offshore flutuantes para fornecer parte da potência
elétrica consumida nas plataformas de extração de petróleo e gás natural nas bacias de Campos
e Santos.
A comparação entre diferentes fontes de energia renovável, como a eólica e a fotovoltaica,
pode ajudar a identificar as vantagens e desvantagens de cada uma delas e a encontrar soluções
mais eficientes e sustentáveis para a geração de energia elétrica. Em resumo, a utilização das
energias renováveis offshore pode contribuir para a redução da dependência de fontes não
renováveis e para a construção de um futuro mais sustentável e limpo para o país.
Além dos benefícios que as fontes de energia renováveis offshore trazem para melhorar
ainda mais a sustentabilidade da matriz nacional de energia, as fazendas de usinas eólicas
offshore abrem um novo mercado para a Marinha Mercante com a demanda de embarcações
especializadas projetadas para suportar as condições adversas do mar com condições de
transportar pessoal, equipamentos e suprimentos para suporte à constução e à manutenção das
instalações.

36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BADRA, M. Usinas solares offshore são mais produtivas que as terrestres, afirmam cien-
tistas. Canal Solar, 2020. Disponível em: https://canalsolar.com.br/usinas-solares-offshore-
sao-mais-produtivas-que-as-terrestres-afirmam-cientistas/. Acesso em: 26/10/2023.

BRASIL. Diretrizes iniciais para geração de energia offshore são publicadas pelo Go-
verno Federal. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/diretrizes-
iniciais-para-geracao-de-energia-offshore-sao-publicadas-pelo-governo-federal. Acesso em:
10/10/2023.

BRASIL. Itaipu Binacional. Página oficial. Disponível em: https://www.itaipu.gov.br/.


Acesso em: 03/11/2023.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Brasil contará com US$ 70 milhões em investi-
mentos para Integração de Energia Renovável. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-
br/assuntos/noticias/brasil-contara-com-us-70-milhoes-em-investimentos-para-integracao-de-
energia-renovavel#:~:text=Not%C3%ADcias-,Brasil%20contar%C3%A1%20com%20US%
24%2070%20milh%C3%B5es%20em%20investimentos%20para%20Inte-
gra%C3%A7%C3%A3o,pelos%20Fundos%20de%20Investimento%20Clim%C3%A1ticos.
Acesso em: 03/11/2023.

BURTON, T., JENKINS, N., SHARPE, D., & BOSSANYI, E. (2011). Wind Energy Hand-
book Second Edition. (L. John Wiley and Sons, Ed.) (Second). United Kingdom: John Wiley
and Sons, Ltd.

CARMO, B. S. e PAULA, L. F. Geração eólica offshore é capaz de reduzir impactos da


produção de óleo e gás. Disponível em: https://epbr.com.br/geracao-eolica-offshore-e-capaz-
de-reduzir-impactos-da-producao-de-oleo-e-gas/. Acesso em: 26/10/2023.

CASEY, Z. (2012). Offshore wind farms benefit sealife, says study.

CCN Brasil (2023). Energia eólica: o que é, como funciona, tipos, vantagens e
desvantagens. Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/economia/entenda-como-
funciona-a-energia-eolica-offshore-que-e-gerada-no-mar/. Acesso em: 27/10/2023.

CEARÁ. Governo do Estado. Multinacional norueguesa pretende investir em projetos de eólica


offshore no Ceará. Ceará: 2022. Disponível em: https://www.ceara.gov.br/2022/05/20/multina-
cional-norueguesa-pretende-investir-em-projetos-de-eolica-offshore-no-ce-
ara/#:~:text=A%20empresa%20possui%20seis%20proje-
tos,na%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20combust%C3%ADveis%20verdes. Acesso
em 04/11/2023.

CNN BRASIL. Por investimentos e transição energética, governo e Congresso querem


regulamentar eólicas offshore ainda em 2023. Disponível em: https://www.cnnbra-
sil.com.br/economia/por-investimentos-e-transicao-energetica-governo-e-congresso-querem-
regulamentar-eolicas-offshore-ainda-em-2023/#:~:text=2023%20%7C%20CNN%20 Bra-
sil,Por%20investimentos%20e%20transi%C3%A7%C3%A3o%20en-

37
erg%C3%A9tica%2C%20governo%20e%20Congresso%20querem,e%C3%B3licas%20off-
shore%20ainda%20em%202023&text=O%20governo%20federal%2C%20por%20meio,ener-
gia%20e%C3%B3lica%20offshore%20no%20Brasil. Acesso em: 04/11/2023.

CORDEIRO, N. G. Projetos Eólicos Offshore: Licenciamento e Impactos Ambientais.


Disponível em: https://matanativa.com.br/projetos-eolicas-offshore-licenciamento-e-impac-
tos-ambientais/. Acesso em: 10/10/2023.

ENGIE, 2022, Redação. Conheça os 66 projetos de energia eólica offshore em andamento


no Brasil. Disponível em: https://www.alemdaenergia.engie.com.br/conheca-as-fases-dos-66-
projetos-de-energia-eolica-offshore-em-andamento-no-brasil/. Acesso em: 26/10/2023.

EPBR. Equinor: Maior parque eólico flutuante do mundo atinge capacidade máxima no
Mar do Norte. EPBR: 2023. Disponível em: https://epbr.com.br/author/reda-
cao/#:~:text=A%20ag%C3%AAncia%20epbr%20%C3%A9%20uma,g%C3%A1s%20natu-
ral%20e%20energia%20el%C3%A9trica. Acesso em: 03/11/2023.

EQUINOR. Energias Renováveis. Disponível em https://www.equinor.com.br/energias-


renovaveis. Acesso em 27/10/2023.

GOUVEA, P. R. Energia do Petróleo: o que é, como é gerada, vantagens de


desvantagens. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/energia-solar-vs-petroleo.
Acesso em: 26/10/2023.

IEA. (2005). Offshore wind experiences.

LIMA, L. O. Impactos Ambientais De Empreendimentos Eólicos Offshore: Proposta De


Programas para o Gerenciamento. Natal, RN, 2021. Disponível em: https://reposito-
rio.ufrn.br/bitstream/123456789/46813/1/Impactosambientaisempreendimen-
tos_Lima_2021.pdf. Acesso em 27/10/2023.

MALAR, J. P (2021). Entenda como ondas e marés podem gerar energia no Brasil.
Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/economia/entenda-como-ondas-e-mares-podem-
gerar-energia-no-brasil/. Acesso em 27/10/2023.

MARTINS, M. D. S. S. B. (2009). Sistemas de Aproveitamento da Energia do Mar. Univer-


sidade de Aveiro.

MENDONÇA, M. Y. e GHADIM, A.G. Energia eólica offshore: Os desafios na produção


em alto mar. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/382866/energia-eolica-
off-shore-os-desafios-na-producao-em-alto-mar. Acesso em 25/10/2023.

MUYEEN, S. M., TAKAHASHI, R., & TAMURA, J. (2010). Operation and Control of
HVDC-Connected Offshore Wind Farm. Sustainable Energy, 1(1), 30–37.

OWEN, J. (2014). Offshore wind farms create “reef effect” perfect for marine wildlife -
especially seals. Independent, (21 de julho). Retrieved from http://www.independ-
ent.co.uk/environment/offshore-wind-farms-create-reef-effect-perfect-for-marine-wildlife-es-
pecially-seals-9619371.html

38
PAREJO, L. C. Carvão Mineral: a fonte energética mais utilizada depois do petróleo.
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/carvao-mineral-a-fonte-
energetica-mais-utilizada-depois-do-petroleo.htm. Acesso em: 24/10/2023.

PRATES, JP. Preços de hidrogêncio vão acomanhar gás natural em breve. Disponível em:
https://epbr.com.br/precos-de-hidrogenio-vao-acompanhar-gas-natural-em-breve-diz-presi-
dente-da-petrobras/. Acesso em 26/10/2023.

Revista Exame. Eólica offshore pode ampliar em 3,6 vezes a capacidade de energia no
Brasil. Disponível em: https://exame.com/esferabrasil/eolica-offshore-pode-ampliar-em-36-
vezes-a-capacidade-de-energia-no-brasil-aponta-estudo-da-cni/. Acesso em: 12/10/2023.

RIOS. M. Especialistas veem boas perspectivas para eólica offshore no Brasil. Agência Canal
Energia, 2022. Disponível em: https://www.canalenergia.com.br/noticias/53227722/especialis-
tas-veem-boas-perspectivas-para-eolica-offshore-no-brasil. Acesso em: 04/11/2023.

SANTOS JR, E.J. Evidências do Aproveitamento dos Oceanos como Forma Alternativa
de Energia Renovável. Monografia - Engenharia Mecânica: Universidade Federal de Guara-
rapes – PE, 2022. Disponível em https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/AN-
IMA/24196/1/TCC-Energia%20Oce%C3%A2nica_Edi%C3%A7%C3%A3o%20Ofi-
cial_10%20de%20Junho_2022_Dara%20e%20Erivaldo_RevisaoFinal1.pdf. Acesso em:
03/11/2023.

SILVA, E. W. Além da Energia: Brasil já tem 46 projetos de eólicas offshore em licencia-


mento. Disponível em https://www.alemdaenergia.engie.com.br/brasil-ja-tem-46-projetos-
de-eolicas-offshore-em-licenciamento-diz-ibama/. Acesso em 11/10/2023.

SILVA, I. M. Gás Natural: a sua utilização na geração de energia elétrica no Brasil. Dis-
ponível em: file:///C:/Users/telmo.machry/Downloads/essentia,+1800-4478-1-CE.pdf. Acesso
em 26/10/2023.

VASCONCELOS, R.F. Avaliação de Impacto Ambiental de Complexos Eólicos Offshore.


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Ministé-
rio do Meio Ambiente, 2019. Disponível em: https://www.ibama.gov.br/phocadownload/li-
cenciamento/publicacoes/2019-Ibama-UE-Estudo-Eolicas-Offshore.pdf. Acesso em:
03/11/2023.

39

Você também pode gostar