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MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE GRAÇA ARANHA


ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA MARINHA MERCANTE

BRUNO ALBUQUERQUE BRUST PEREIRA


LUIZ FERNANDO CARVALHO

TECNOLOGIA E SUAS INOVAÇÕES APLICADAS À ESTABILIDADE DE NAVIOS


DE PASSAGEIROS

RIO DE JANEIRO
2021
BRUNO ALBUQUERQUE BRUST PEREIRA
LUIZ FERNANDO CARVALHO

TECNOLOGIA E SUAS INOVAÇÕES APLICADAS À ESTABILIDADE DE NAVIOS


DE PASSAGEIROS

Monografia apresentada como parte integrante da


disciplina Estabilidade 2 do Curso de Formação de
Oficiais de Náutica da Marinha Mercante, ministrado
pelo Centro de Instrução Almirante Graça Aranha.

Data da Aprovação: ____/____/____

Orientador:

___________________________________________________
Assinatura do Orientador

Nota: ____________

___________________________________________________
Assinatura do Aluno
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, aos nossos amigos e familiares, por todo apoio e pela ajuda, que
auxiliaram na confecção deste trabalho. Agradecimento, em especial, ao professor Henrique
Vaicberg, pelos ensinamentos durantes as aulas ministradas sobre Estabilidade, que é uma
disciplina de extrema importância para um Oficial de Náutica. Aos colegas de classe, pelo
aprendizado desenvolvido ao longo do tempo. Por fim, ao Centro de Instrução Almirante Graça
Aranha, local essencial para o nosso processo de formação, pela dedicação e tudo que
aprendemos.
RESUMO

A evolução tecnológica é constante. Umas das suas áreas de foco é o meio marítimo,
que resulta em contínuas mudanças. Este trabalho foi elaborado com a finalidade de explicar a
razão pela qual os navios de passageiros geram conforto aos seus viajantes, fazendo uma relação
com a aplicação dos conceitos de estabilidade aprendidos no decorrer do ano. Para isso,
estudou-se a respeito de navios que adotam inovações tecnológicas responsáveis por melhorar
a comodidade a bordo. Serão apresentados, portanto, seus princípios de funcionamento,
características, vantagens e desvantagens.

Palavras chave: Fin stabilizer, X-bow, conforto, anti-roll tank, estabilidade, IMO e SOLAS.
ABSTRACT

Technological Evolution takes place constantly and one of the areas of focus is the
maritime environment, which resoults in continous changes, thus, this work was prepared with
an explanation to determine the reason why passenger ships provide comfort to their travelers,
making a conection with the application of the stability concepts learned during the year. In
order to achieve this objective, ships that adopted technological innovations and it’s responsible
for improving the comfort on board were studied. In this sense, its operating principles,
characteristics, advantages and disadvantages are reported.

Key words: Fin Stabilizer, X-Bow, Anti-Roll Tank, IMO, SOLAS, comfort and stability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Navio Greg Mortimer................................................................................................ 10


Figura 2: Active Fin Stabilizer Queen Mary II ......................................................................... 12
Figura 3: Active Anti-Roll Tank ............................................................................................... 15
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 8

2.X-BOW.................................................................................................................................... 9

2.1 Função .............................................................................................................................. 9

2.2 Definição e Empregabilidade ........................................................................................... 9

3.FIN STABILIZER ................................................................................................................. 11

3.1 Definição ........................................................................................................................ 11

3.2 Componentes .................................................................................................................. 11

3.3 Características do Estabilizador do Navio Queen Mary II ............................................. 12

3.4 Princípio de funcionamento – Active Fin Stabilisers Queen Mary II Vessel ................. 12

4.AntiRoll Tanks ....................................................................................................................... 14

4.1 Definição ........................................................................................................................ 14

4.2 Funcionamento ............................................................................................................... 14

4.3 Vantagens ........................................................................................................................ 14

4.4 Classificação ................................................................................................................... 15

5.REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 16
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1. INTRODUÇÃO

Aproveitar um show a bordo. Tomar um café sem se preocupar em deixar a xícara cair
da mesa. Conseguir andar pelo navio sem esbarrar pelas anteparas. Realizar atividades físicas
sem a preocupação de causar enjoos. São ações que, sem uma boa estabilidade do navio, não
seriam possíveis.

De acordo com a Convenção SOLAS, navio de passageiros pode ser definido como
qualquer navio que transporte mais de 12 passageiros. É um tipo de embarcação que, nos
últimos anos, tem apresentado uma grande evolução tecnológica. Um dos motivos para essa
evolução é a necessidade de gerar conforto aos seus passageiros. Sendo assim, tais embarcações
voltaram suas pesquisas para inovações que as tornassem mais estáveis e confortáveis diante
dos perigos expostos em alto-mar como a ação dos ventos, das vagas e, até mesmo, a
aglomeração de passageiros em um bordo, o qual é um fator que afeta a estabilidade de um
navio.

Não há como negar que, hoje em dia, as embarcações devem seguir os requisitos
mínimos previstos pela IMO, pois, caso isso não ocorra, os momentos inclinantes exercerão
forte influência para o naufrágio desses navios. Como possuem borda livre e superestrutura
extensas, as ações dos ventos e vagas são mais presentes que outros agentes externos. Desse
modo, é de fundamental importância que existam dispositivos capazes de anular esses
momentos proporcionados por eles. No decorrer deste trabalho, serão apresentadas algumas
inovações tecnológicas responsáveis pela estabilidade dos navios de passageiros, além de
estudo relatando as vantagens e desvantagens em sua empregabilidade.
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2. X-BOW

2.1 FUNÇÃO
Dispositivo tecnológico desenvolvido pela Noruega com a finalidade de ajustar a
estabilidade do navio e proporcionar, como consequência, melhor conforto para os passageiros
especialmente quando sujeito ao mau tempo. Este foi estreado pelo Navio Cruzeiro Greg
Mortimer que realizou a travessia da América do Sul à Antártida. Pôde perceber que o X-Bow
contribuiu com grandes avanços para a anulação do efeito de ondas.

2.2 DEFINIÇÃO E EMPREGABILIDADE


O X-Bow é uma proa invertida, a maior parte desta fica submersa. Ela é afiada e
contínua. Dessa maneira, consegue superar as adversidades no mar. A embarcação ganha um
aumento na eficiência de manobra em grandes ondas, o que não acontece em navios que
possuem uma proa convencional. Diferente dos modelos comumente usados, que se movem
para cima e para baixo com o movimento das águas, navios com esse dispositivo perfuram as
ondas e dispersam a energia destas pelas laterais do casco. Isso promove diminuição
considerável dos ângulos de pitch e roll.

Devido ao fato de possuir um design de ataque mais afiado, o X-Bow proporciona uma
entrada mais suave nas ondas, ajudando a diminuir a perda de velocidade da embarcação. Além
disso, há redução dos níveis de vibração da embarcação, o que o torna mais eficiente para o
comando e mais confortável para a tripulação e passageiros durante sua navegação. Vale
destacar também a melhora na capacidade de carga gerada pelo X-Bow. Em comparação as
embarcações usuais, os navios que possuem esse tipo de proa possuem uma estabilidade inicial
melhor, possibilitando carregar cerca de 800 toneladas a mais a bordo.

A aplicação do X-Bow, em navios de passageiros, não somente proporciona vantagens


como consequência de sua performance, mas também sacrifica o convés principal. O Navio
Greg Mortimer, pioneiro na aplicação dessa tecnologia em navios cruzeiros, possui uma espécie
de componente aerodinâmico (winglet) para que as pessoas consigam olhar o ambiente externo.
Além disso, há plataformas hidráulicas que saem pelos bordos quando a embarcação está sem
seguimento.
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Um bom exemplo é a Figura 1 a seguir, que exemplifica um navio com X-Bow.

Figura 1: Navio Greg Mortimer


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3. FIN STABILIZER

3.1 DEFINIÇÃO

Consiste em um par de asas hidráulicas imersas na água capaz de controlar o ângulo de


ataque. Ao acoplar um giroscópio nesse sistema, o dispositivo automaticamente anula os efeitos
de balanço provocado pelos ventos e ondas.

3.2 COMPONENTES

• 2 aletas como parte do casco posicionadas em cada bordo;

• 2 Unidades de energia hidráulica;

• Painel de controle do Passadiço (BCP): Garante controle e indicações para


operação remota pelo passadiço;

• 2 Unidades de controle local: São localizadas em cada sala dos estabilizadores,


garantindo indicações locais e controle das barbatanas;

• Unidade de controle principal: Painel localizado no CCM com as mesmas


características do passadiço;

• Unidade sensora de balanço (roll): Mede a aceleração do balanço do navio e


garante o envio de sinal do algoritmo de balanço para a Unidade de Controle
principal;

• Transmissor do ângulo de ataque do estabilizador: Fornece o ângulo de ataque


para o centro de controle;

• Unidade de controle da Bomba: Fornece feedback da posição do eixo de


controle da bomba.
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3.3 CARACTERÍSTICAS DO ESTABILIZADOR DO NAVIO QUEEN MARY II

• Peso: 70 toneladas cada estabilizador;


• Comprimento: 6,25m;
• Largura: 2,5m;
• Área da aleta: 15,63m²;
• Sustentação (Lift): 1070 GN;

Tais características garantem uma redução do balanço do navio (roll) em 90%. Pode-se
observar como é esse modelo na Figura 2.

Figura 2: Active Fin Stabilizer Queen Mary II

3.4 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO – ACTIVE FIN STABILISERS QUEEN


MARY II VESSEL

O poder de estabilização das aletas é gerado pelo movimento do mar e pela elevação do
fluxo da água acima e abaixo do dispositivo. Quando a parte superior da aleta é inclinada para
cima, o fluxo de água na parte superior do perfil produz uma força de sustentação (lift) devido
ao gradiente de pressão formado. Ao inclinar a aleta para baixo, o efeito se inverte, ocorre queda
de pressão na parte inferior e aumento de pressão na parte superior, fazendo com que surja uma
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força de sustentação para baixo. Cabe ressaltar que, devido ao pequeno comprimento das aletas,
esse dispositivo torna-se desprezível, caso o navio esteja sem um movimento relativo eficiente
para vante. Nessas situações, o estabilizador posiciona-se dentro da fenda com a intenção de
não causar arrasto.
Ademais, nota-se que o controle das aletas ocorrem de maneira automática e derivam
de sensores giroscópios. A velocidade angular de rotação do navio faz com que o giroscópio
processe contra molas centralizadoras proporcionalmente à velocidade gerando uma força.
Esta, por sua vez, é amplificada hidraulicamente por uma unidade de retransmissão. Esse
processo gera energia para controlar as bombas por meio de ligações. Parte dela é acoplada ao
eixo da aleta para enviar um sinal de cancelamento ao controle da bomba e ainda trazer a aleta
para a posição de repouso no ângulo de ataque demandado pela unidade censora.
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4. ANTIROLL TANKS

4.1 DEFINIÇÃO

São tanques em tubos com forma em U (U-tubes tanks) localizados no fundo do navio
e nos extremos de cada bordo da embarcação. Quando o navio se encontra na posição de
equilíbrio, o líquido contido nos tanques fica igualmente distribuído para ambos os bordos do
navio.

4.2 FUNCIONAMENTO
Estando o navio na posição de equilíbrio, o fluido fica igualmente distribuído pelo tubo.
Porém, com a passagem da onda e o consequente movimento de balanço sofrido pela
embarcação, a água se acumula em um bordo. O líquido escoa a fim de combater o movimento
oscilatório em torno do eixo longitudinal. Para este fim, pode-se acoplar um sistema de bombas
controladas por um sistema de giroscópio estabilizador. A limitação desse equipamento é a
demora para bombear água para um bordo e anular as ondas, ou seja, não evita o balanço de
imediato.

4.3 VANTAGENS
Esse sistema apresenta vantagens, tais como:

• Redução do movimento de Roll;

• O espaço dentro dos tanques pode ser utilizado para levar consumíveis;

• Trabalha em baixa ou até sem velocidade de avanço;

• Instalação simples e não necessita de manutenção recorrente.


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4.4 CLASSIFICAÇÃO
Esses tanques são classificados em passivo e ativo. No Tanque Passivo Anti-balanço
(Passive AntiRoll Tanks), a água move-se livremente, em alguns casos, são utilizados
componentes extras para controlar o fluxo do líquido. Já no Tanque Ativo Anti-balanço (Active
AntiRoll Tanks), como podemos ver na Figura 3, uma energia externa é fornecida através de
bombas e ar pressurizado para movimentar o fluido e obter uma resposta mais rápida. Cabe
destacar que o tanque o modo passivo trabalha melhor em baixas velocidades e em altas
velocidades é recomendado a utilização do ativo.

Figura 3: Active Anti-Roll Tank


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5. REFERÊNCIAS

BRITO, Sabrina. Navio de Cruzeiro à prova de enjoos. Veja, Rio de Janeiro, 8 nov de 2019.
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/tecnologia/navio-de-cruzeiro-a-prova-de-enjoos/>.
Acesso em: 04 nov de 2021.

O primeiro navio de cruzeiro X-Bow do mundo começa a sua primeira expedição para
Antártica. Disponível em: <https://www.marilheu.com/2019/10/o-primeiro-navio-de-cruzeiro-
x-bow-do.html>. Acesso em: 06 nov de 2021.

Design revolucionário promete dar fim aos enjoos em navios de cruzeiro. Disponível em:
<https://portalmie.com/atualidade/mundo/noticias-do-mundo/2019/11/design-revolucionario-
promete-dar-fim-aos-enjoos-em-navios-de-cruzeiro/>. Acesso em: 04 nov de 2021.

Estabilidade de Embarcações. Disponível em:


<http://www.somaticaeducar.com.br/estabilidade-de-embarcacoes/>. Acesso em: 08 nov de
2021.

Tranquilidade a bordo: conheça alguns tipos de estabilizadores. Disponível em:


<https://www.boatshopping.com.br/boat/boat-shopping/7-tipos-de-estabilizadores/>. Acesso
em: 08 nov de 2021.

Why don’t cruise ships tip over? Disponível em: <https://cruise.blog/2021/03/why-dont-cruise-


ships-tip-over>. Acesso em: 07 nov de 2021.

Understanding Ship Fin Stabilizer and Its Operation. Disponível em:


<https://www.marineinsight.com/tech/ship-stabilizer/ship-fin-stabilizer/>. Acesso em: 09 nov
de 2021.

Fin Stabilizers and stabilizing systems. Disponível em: <http://generalcargoship.com/fin-


stabilizers.html>. Acesso em: 09 nov de 2021.

DOS REIS, C. M. Análise do conforto em embarcações do modal aquaviário no transporte


coletivo de passageiros em Porto Alegre. Tese (Bacharel – Engenharia Mecânica) – Faculdade
de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, p.
27. 2015.

DE OLIVEIRA, C. F. O. Hidrodinâmica no casco do navio. Tese (Bacharel – Ciências


Náuticas) – Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, Centro de Instrução
Almirante Graça Aranha. Rio de Janeiro, p. 60, 2015.

CASTRO, D. F. S. Novas tecnologias nas embarcações de apoio marítimo e as implicações


para os tripulantes e operações offshore. Tese (APNT – Ciências Náuticas) – Escola de
Formação de Oficiais da Marinha Mercante, Centro de Instrução Almirante Graça Aranha. Rio
de Janeiro, p. 74, 2012.

NEVES, J. C. O PROPULSOR. Revista Ingenieria Naval Trad, [s. l.], ed. 202, 1 out. 2004

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