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DENIS DOMINGUES
Bragança – PA
2008
DENIS DOMINGUES
Bragança – PA
2008
AGRADECIMENTOS
Aos professores Dr. Marcus E. B. Fernandes e Dr. Keid N. S. Sousa, pela orientação e
B/2007/01/BMP/06).
efetivação do trabalho, e aos trabalhadores dos manguezais, por dividir suas experiências e
conhecimentos comigo.
Ecosystems.
momentos.
Obrigado.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................................. iii
SUMÁRIO.................................................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS, TABELAS E ANEXOS........................................................ v
RESUMO...................................................................................................................... vi
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 1
1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA....................................... 4
2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 7
2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................ 7
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 7
3 MATERIAL E MÉTODO................................................................................................ 8
3.1 ÁREA DE ESTUDO................................................................................................ 8
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................... 9
3.3 ANÁLISE DE DADOS............................................................................................ 13
4 RESULTADO E DISCUSSÃO.......................................................................................... 14
4.1 APRECIAÇÃO DO SISTEMA PRODUTIVO DO CARANGUEJO-UÇÁ NA RESERVA
EXTRATIVISTA MARINHA CAETÉ-TAPERAÇU.................................................................. 14
4.1.1 Análise do Cadastramento..................................................................... 14
4.1.2 Ensaio de Tipologia das Formas de Organização da Produção.......... 21
4.2 CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL E PRÁTICAS LOCAIS DE MANEJO............... 25
4.3 IMPLICAÇÕES PARA A GESTÃO............................................................................ 30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 36
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 38
7 ANEXOS....................................................................................................................... 50
LISTA DE FIGURAS, TABELAS E ANEXOS
FIGURAS
Figura 1. Localização da área de estudo. Modificado de MMA/IBAMA (2005)................ 9
Figura 2. Número de coletores cadastrados nas comunidades da RESEX Marinha Caeté-
Taperaçu, Bragança-PA....................................................................................................... 14
Figura 3. Média diária do número de caranguejos capturados e respectivos valores de
desvio padrão no âmbito da Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................... 16
Figura 4. Renda média mensal e respectivos valores de desvio padrão das comunidades
no âmbito da Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA........................................... 16
Figura 5. Número percentual das vias de acesso às áreas de captura utilizados na
Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................................................................ 18
Figura 6. Número percentual dos tipos de transporte utilizado para o deslocamento às
áreas de captura na Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................................. 18
Figura 7. Número percentual dos processos de comercialização do caranguejo-uçá na
RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................................................................. 19
Figura 8. Número percentual das formas de comercialização do caranguejo-uçá na
RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................................................................. 20
Figura 9. Número percentual das formas de comercialização do caranguejo-uçá na
RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA................................................................. 25
TABELAS
Tabela 1. Documentação e filiação dos coletores cadastrados na RESEX Marinha Caeté-
Taperaçu, Bragança-PA....................................................................................................... 15
ANEXOS
Anexo 1 . Formulário relativo ao processo de cadastramento dos coletores de caranguejo
da Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança - PA...................................... 50
RESUMO
Este trabalho apresenta uma análise do conhecimento ecológico local e das práticas locais de
manejo, visando fornecer subsídios à formulação e discussão de instrumentos de gestão
compartilhada e adaptativa da atividade de exploração do caranguejo-uçá nos limites da
Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu. Um formulário contendo questões relativas aos
aspectos da produção, filiação aos órgãos de classe e identificação dos coletores foi obtido na
Associação dos Usuários da Reserva para auxiliar, em sinergia com elementos da literatura, a
estruturação de um ensaio de tipologia das formas de organização da produção do caranguejo-
uçá. Para obter informações acerca do conhecimento local e práticas de manejo, foram
empregadas técnicas de entrevistas abertas e observação participante. Os resultados
permitiram compreender que a atividade é constituída de forma dinâmica e complexa. Os
padrões de utilização deste recurso apresentam-se de forma a responder os diferentes
estímulos produtivos e assim sendo, o comportamento dos produtores não se apresenta
homogeneamente. Os coletores de caranguejo apresentaram um relevante conjunto de
conhecimentos e práticas locais de manejo, permitindo-os adaptar-se às condições ambientais,
sociais e econômicas. Essas informações poderão ser utilizadas para a formatação de
restrições que assim como, nas práticas de gestão centralizadas, regulam o acesso e a
utilização dos recursos. Estas restrições podem incluir limitações espaciais, temporais,
tecnológicas, no esforço, quantidade e na espécie-alvo de captura. Destaca-se que
independente da formatação das medidas regulatórias, há a necessidade de gestão enfocando a
resiliência do sistema. Portanto, é necessária uma contínua avaliação, aprendizado e o
desenvolvimento do conhecimento e compreensão, para lidar com as mudanças e incertezas
nos sistemas complexos adaptativos.
1 INTRODUÇÃO
1
Processo de gerenciamento ambiental e de recursos naturais que objetiva através do monitoramento do sistema,
reduzir as incertezas, nas escalas de tempo e espaço. Desta forma, as informações originadas em um processo de
monitoramento, subsidiam as ações e planejamentos futuros.
2
O gerenciamento ecossistêmico enfatiza o potencial produtivo do sistema em oposição à idéia de conservação
do estoque de um único recurso.
3
Código de escopo global que apresenta princípios e normas aplicáveis ao desenvolvimento, gerenciamento e
conservação, para as atividades pesqueiras.
revisadas abordagens disponíveis para gestores pesqueiros de países em desenvolvimento.
Entre essas há métodos que enfatizam os processos de decisão participativa incluindo novos
regimes de governança, como o gerenciamento comunitário e a co-gestão.
Co-gestão ou gestão compartilhada pode ser definida como um acordo de parceria no
qual a comunidade local ou os usuários de determinado espaço ou recurso, governo, outros
agentes da cadeia produtiva (donos de barco, atravessadores, etc.) e agentes externos como
ONGs, instituições acadêmicas e de pesquisa, dividem a responsabilidade e a autoridade de
gerenciar determinado recurso (Pomeroy & Rivera-Guieb, 2006). Existe na literatura uma
crescente produção científica enfocando essa temática (Jentoft, 1989; Pinkerton, 1989;
Pomeroy, 1995; Sen & Nielsen, 1996; Pomeroy & Berkes, 1997; Jentoft et al., 1998;
Pomeroy et al., 2004; Davis & Wagner, 2006; McConney & Baldeo, 2007).
Atualmente, alguns pesquisadores reconhecem que os recursos pesqueiros são melhor
gerenciados e há diminuição nos conflitos associados ao uso, quando pescadores e outros
agentes envolvidos são incluídos no processo de gerenciamento e os direitos de acesso são
distribuídos mais equitativamente (Pomeroy, 1995).
Uma ferramenta analítica amplamente usada para endereçar a problemática dos
direitos de acesso e a equidade destes, é a “Teoria dos Comuns”. As idéias popularizadas por
Hardin (1968) ou a “Tragédia dos Comuns” foram largamente aceitas e utilizadas para
analisar a relação de acesso e degradação da base natural de recursos. Em seu pensamento
Hardin destacou a divergência entre a racionalização individual e coletiva, utilizando um
exemplo imaginário de campos de pastagem na Inglaterra medieval, onde cada pastor tendo
livre acesso ao pasto adicionaria mais animais almejando maior rendimento, resultando,
assim, em perda de recursos para toda a comunidade de pecuaristas. As soluções possíveis à
“tragédia” propostas por Hardin seriam somente a privatização e a estatização dos comuns
assim consequentemente esses regimes de propriedade regulariam o acesso e a utilização
desses recursos.
Segundo Berkes (2005), na década de oitenta, pesquisadores começaram a apresentar
exceções à “regra” estabelecida pelo pensamento de Hardin, derivadas de toda parte do
mundo e enfocando diferentes tipos de recursos (ex. florestais, pesqueiros, terras de
pastagens, irrigação). Essas exceções possibilitaram a reformulação de definições e conceitos
e a construção de um novo modelo de análise.
A construção dessa nova teoria definiu os recursos comuns como aqueles em que: i) a
exclusão ou controle de acesso dos potenciais usuários é custoso e ii) a exploração por um
usuário reduz a disponibilidade para os outros (Feeny et al., 1990), ou seja, uma classe de
recursos para a qual a exclusão é difícil e o uso conjunto envolve subtração (Berkes et al.,
1989). De acordo com o trabalho de Feeny et al. (1990), esses recursos podem ser manejados
sob quatro categorias de direito de propriedade: i) propriedade privada - refere-se à situação
em que um indivíduo ou uma corporação possuem o direito de regular o uso e excluir outros
usuários; ii) propriedade estatal - significa que é o governo que possui o direito de exclusão
e regulação do uso; iii) livre acesso - é a falta de direitos de propriedade bem definidos, o
acesso é livre e aberto a todos e iv) propriedade comunal – onde os recursos são manejados
por uma comunidade identificável em que os usuários podem excluir outros e regular o uso
dos recursos. Estes quatro regimes de propriedade são tipos analíticos ideais, sendo que na
prática os recursos podem ser geridos por combinações dessas categorias.
As exceções ao postulado de Hardin reconheceram a importância e a existência da
auto-regulação dos sistemas de manejo comunitários para lidar com os problemas da exclusão
e subtrabilidade. Em seu modelo Hardin não incluiu a capacidade das relações sociais
resolverem problemas e formular regras práticas de uso, ou instituições (Ostrom, 1990). Desta
forma, o modelo de Hardin é compreensivo, mas incompleto. As conclusões sobre a
inevitável tragédia baseiam-se em seus pressupostos sobre livre acesso, ou seja, ausência de
restrições aos comportamentos individuais, condições pelas quais demandas excedem ofertas
e, deste modo, colapsam a base natural de recursos (Feeny et al., 1990).
Contrariamente à visão de muitas agências pesqueiras, as comunidades locais estão
aptas a desenvolver instituições que podem ser bem sucedidas na restauração da equidade e
nos limites de acesso às pescarias (Schreiber, 2001).
A incorporação do conhecimento ecológico local nos processos de tomada de decisão
pode prover importantes informações (Johannes, 1998). Pescadores podem fornecer
informações sobre variações sazonais diárias, inter-anuais, lunares, relacionadas com o hábitat
ou com a maré, que afetam o comportamento e a abundância de certas espécies e como essas
variações influenciam as estratégias pesqueiras (Johannes et al., 2000). Portanto, como
Hilborn (2007) enfatiza, a compreensão do comportamento dos pescadores é fator-chave para
uma gestão de sucesso.
Desta forma, espera-se que a gestão compartilhada melhore a eficácia do
gerenciamento pesqueiro devido a melhor aceitação das medidas de gestão, quando os
usuários estão envolvidos nos processos de tomada de decisão. Além disso, o conteúdo dessas
medidas será mais adequado e refletirá melhor a situação corrente se o conhecimento dos
usuários for incluído no desenvolvimento destas (Nielsen et al., 2004).
Destaca-se o fato de que alguns desses sistemas de manejo “tradicionais” são
caracterizados por utilizar os conhecimentos ecológicos locais para interpretar e responder aos
feedbacks para guiar o manejo e a gestão local de recursos. Desta forma, esses sistemas
”tradicionais” possuem certa semelhança ao gerenciamento adaptativo, com ênfase no
aprendizado para lidar com esses feedbacks e o tratamento de incertezas e imprevisibilidades
intrínsecas a todos os ecossistemas (Berkes et al., 2000).
A utilização de formatos participativos dessa forma experimental de gerenciamento
possui potencial para promover a conservação e melhoria das condições dos estoques. Desse
modo, a confiabilidade das informações adquiridas e as alternativas de gestão resultantes
dessas informações são legitimadas pela participação de cientistas, tomadores de decisão e
pescadores (Castilla & Defeo, 2001).
4
Na primeira metade da década de 1970, foi iniciada a construção da rodovia PA-458, com o objetivo conectar a
cidade de Bragança à Ajuruteua. Ver: Carvalho (2000).
andada.
Esse instrumento de ordenamento (período de defeso) vem sendo aplicado atualmente,
porém, apesar de sua efetividade não ter sido ainda devidamente investigada do ponto de vista
científico, há indícios de que essa estratégia, nos moldes que se propõe, não vem
apresentando condescendência por parte dos usuários. Possivelmente esse fato decorra da
incipiente comunicação entre gestores, tomadores de decisão e acadêmicos com os usuários
do recurso, resultando em uma prática de gestão centralizada, que muitas vezes não representa
os interesses e a realidade em que estes usuários estão inseridos. Como conseqüência dessa
prática, há redução dos incentivos para o cumprimento das normatizações estabelecidas pelas
agências reguladoras. Desta forma, podem ser acirradas as disputas pelo acesso às áreas de
captura entre grupos de coletores de caranguejo, o que poderá intensificar as condições de
livre-acesso ao recurso, diminuindo assim, as alternativas de sustentabilidade no manejo da
atividade de exploração do caranguejo-uçá.
Com o objetivo de assegurar legalmente a alocação dos direitos de uso dos recursos
naturais à comunidade de usuários, bem como, desenvolver mecanismos de gestão
compartilhada, foi criada através do decreto de 20 de maio de 2005, a Reserva Extrativista
Marinha Caeté-Taperaçu. A adoção desse modelo de alocação de direitos de uso é baseada na
abordagem da propriedade comunal, que sugere que os direitos de propriedade poderão criar
entre os usuários, arranjos institucionais para a administração coletiva de sua base de recursos
(Ostrom, 1990). Espera-se também que tais formas de governança pesqueira participativa
possam contribuir para uma execução mais efetiva das regulações, aumentando assim, a
probabilidade de condescendência por parte dos usuários (Jentoft et al., 1998; Gelcich et al.,
2007).
Baseado no cenário descrito nos parágrafos acima e na teoria apresentada na
fundamentação teórica foram desenvolvidas as seguintes perguntas norteadoras do presente
estudo:
I) As práticas locais de manejo e o conhecimento ecológico local podem auxiliar na
formatação de estratégias de co-gestão do caranguejo-uçá no âmbito da Reserva Extrativista
Marinha Caeté-Taperaçu?
Tamatateua
Uma observação deve ser feita no que concerne à utilização de tipologias para a
representação do cenário local. Como destaca Diegues (op. cit.), as categorias utilizadas
devem ser consideradas antes como instrumentos de trabalho, destinados a explicar
processos de mudança e não como modelos estáticos e universais. Desta forma, a obtenção
das categorias não se prestará ao simples propósito de caracterização do sistema produtivo,
mas sim, permitirá considerar implicações da diversificação dos meios de produção para
gestão da atividade.
Uma vez construído o cenário local, o próximo passo foi aprofundar a discussão sobre
o papel dos conhecimentos e percepções dos usuários locais, como subsídio para a elaboração
de novas estratégias de gerenciamento.
Infelizmente, não haveria a possibilidade de abarcar em bases satisfatórias, a
totalidade de comunidades inseridas na unidade de conservação, devido às limitações
financeiras, necessidades metodológicas e curto espaço de tempo para a realização da
pesquisa. Desta forma, preferiu-se selecionar uma comunidade que fosse representativa para o
tema pesquisado, e que permitisse o maior aprofundamento na realidade local.
Tamatateua foi selecionada para este estudo em função de múltiplos fatores, dentre os
quais se destaca o fato da comunidade: i) apresentar grande número de coletores de
caranguejo; ii) oferecer fácil acesso; iii) contar com a presença de líderes locais bem
articulados e envolvidos nas discussões das problemáticas sócio-ambientais locais e,
principalmente, iv) possuir contato prévio (desde julho de 2005) do autor do presente estudo
com os moradores da comunidade. Esse último fator deve ser destacado, pois possibilita a
maior interação entre as partes, o que pode agregar qualidade às informações obtidas, uma vez
que a proximidade com a realidade local permite a redução de possíveis erros de
interpretação.
Com o intuito de investigar aspectos do conhecimento ecológico local e práticas de
manejo empregadas na atividade de exploração do caranguejo-uçá, bem como, obter
informações acerca da percepção dos coletores de caranguejo sobre o conteúdo dos
instrumentos legais que regem a atividade, foi utilizada uma técnica de entrevista sem
restrições na duração ou aprofundamento das respostas. Esse processo de entrevista aberta
(semi-estruturada) é muito flexível, na medida em que, a partir das respostas, novos assuntos
podem surgir, passando a ser explorados durante a entrevista (Seixas, 2005).
Apesar da flexibilidade caracterizada pelo emprego desse método, há a necessidade da
elaboração prévia de um roteiro com os assuntos e/ou questões a serem abordadas. As
entrevistas semi-diretas ou semi-estruturadas são mais uma conversação do que,
simplesmente, uma sessão de perguntas e respostas, dessa forma permitindo ao entrevistador
um melhor aprofundamento na realidade local (Huntington, 2000).
Essas entrevistas foram realizadas individualmente (n=23) ou em grupo (n=31),
dependendo da circunstância e tema abordado, pois não era desejável o condicionamento das
respostas, o que poderia distorcer fatos que compõe a realidade local. Também não houve
uma preocupação no sentido de selecionar os entrevistados, pois existia a necessidade de
atenuar a formalidade entre entrevistador e entrevistado(s), portanto as entrevistas foram
aleatórias e oportunísticas. Essa escolha também tem relação com o objetivo do trabalho, que
pretendeu analisar as informações obtidas de uma forma qualitativa. Obviamente, isso não
significa desprezar a importância de quantificar as informações, mas para o propósito desse
estudo, não se faz essencialmente necessário. Para registrar essas informações, grande parte
das entrevistas foi gravada com a devida autorização dos entrevistados. Berkes et al. (2001)
ressaltam que as informações obtidas por esse tipo de entrevista podem ser complementadas
pela técnica de observação participante.
A técnica da observação participante baseia-se na escuta e observação das pessoas e
do ambiente que são objetos de estudo durante a participação nas atividades cotidianas. Trata-
se de um processo flexível, aberto e oportunístico. É uma prática que exige bastante tempo de
permanência em campo, permitindo a investigação, mais aprofundada, das práticas de manejo,
das regras informais de gestão e dos processos de interação e organização social. É também
adequada para a investigação do conhecimento ecológico local, que muitas vezes é
transmitido por demonstrações práticas, ao invés de verbalizações (Seixas, 2005). Segundo
Berkes et al. (2001), é a mais efetiva técnica para apreciação das práticas pesqueiras,
permitindo ao gestor observar a ocorrência de instituições para a gestão dos comuns.
Esse procedimento foi utilizado na observação das atividades cotidianas dos
comunitários, com destaque para o acompanhamento dos coletores aos manguezais. As idas
aos manguezais foram realizadas com o propósito de observar e melhor compreender a
atividade de captura do caranguejo-uçá e, desta forma, aprimorar as bases para formulação e
formatação das questões a serem abordadas. Deste modo, espera-se atenuar as diferenças
culturais entre observador e observado e, assim, obter maior representatividade do cenário
local. O acompanhamento dos tiradores de caranguejo foi realizado de maneira a abarcar: i)
as variações sazonais de produção desse recurso; ii) as diferentes formas de deslocamento aos
manguezais (ex. bicicleta, canoa e barco motorizado) e, consequentemente, iii) os diversos
grupos de tiradores.
A organização de tais campanhas foi realizada através de contato com indivíduos ou
grupos no momento em que estavam preparando-se para as incursões aos manguezais. Nos
casos de empreitadas com barcos motorizados, foi solicitada a autorização prévia do
proprietário da embarcação e acertado o horário de partida. Para a efetivação desse método foi
necessário estabelecer o Porto do Atalaia5 como local-chave para a observação da
organização e para o estabelecimento do contato com esses produtores.
O processo de inquirição, no momento de suas atividades, foi realizado de forma a não
tolhê-los na sua lide, procurando-se, neste momento, observar suas práticas e registrar
informações para posterior averiguação. Para tanto, em determinados momentos foi utilizado
um caderno de anotações e/ou um gravador para o registro de informações.
Histórias orais (relatos históricos) foram utilizadas para melhor compreensão da
conjuntura da problemática de pesquisa. Segundo Baines & Hviding (1992), pescarias e
comunidades pesqueiras possuem um contexto histórico que molda o comportamento dos
pescadores. Desta forma, relatos históricos podem prover valiosas informações sobre
mudanças ocorridas ao longo do tempo, como por exemplo, a abundância ou escassez de
determinado recurso. Essas entrevistas foram realizadas, preferencialmente, com pessoas mais
antigas, com o intento de obter informações acerca da atividade de exploração do caranguejo-
uçá no passado, assim como, alcançar elementos das transformações ocorridas ao longo do
tempo.
Informantes-chave são indivíduos que possuem informações diferenciadas sobre
determinado tema. A identificação destes peritos é um processo muito importante, que pode
ser realizada, perguntando a diversos comunitários quem é conhecedor de certo tópico, ou o
próprio pesquisador reconhece-los através de suas atividades (Seixas, 2005). Essa técnica foi
utilizada, por exemplo, na procura por informantes para a concretização das histórias orais.
5
O Porto do Atalaia, é o maior porto de Tamatateua, e representa importante ponto de observação das atividades
locais ligadas à pesca, pois há grande concentração de profissionais (pescadores, coletores de caranguejo,
vendedores, marreteiros, etc.).
Possíveis erros de amostragem originados da metodologia empregada foram
abrandados através de entrevistas em grupo, com o objetivo de validação dos dados. Esse
procedimento foi realizado em ocasiões previamente acordadas ou momentos informais onde
houve condições para tanto.
Taperaçu-Campo
Vila Qui-Era
Vila do Meio
Acarajozinho
Rio Grande
Bacuri Prata
Bacuriteua
Tamatateua
Taquandeua
Caratateua
0
Bragança
P. Socorro
Pontinha
Patalino
America
Aciteua
Retiro
Acarajó
Treme
A idade média dos tiradores foi de 37 ± 11 anos, que trabalham em média quatro dias
na semana e capturam 169 ± 43,83 caranguejos/dia/homem (Figura 3). Valores similares
foram registrados nos manguezais paraenses. Em estudo realizado no Furo Grande por Diele
et al. (2005), foi determinada uma CPUE (Captura por unidade de esforço) de 150
caranguejos/dia/homem. Araújo (2006) encontrou valores de CPUE de 189 para áreas
localizadas fora e 140 para dentro da península bragantina. Fiscarelli & Pinheiro (2002) e
Jankowsky et al. (2006), em estudos realizados no litoral paulista, reportaram rendimentos
diários de aproximadamente 132 e 136 caranguejos por produtor, respectivamente.
Como apresentado por Glaser (2003), as atividades relacionadas à produção do
caranguejo-uçá (captura, beneficiamento e comércio) representam a principal fonte de
rendimentos mensais para mais da metade dos lares locais. A média mensal obtida para
coletores das 21 comunidades foi de R$ 228,00 ± 125,06 (Figura 4). Esse valor, quando
comparado ao estudo de Glaser & Diele (2004) não apresentou grandes variações, pois as
autoras registraram uma renda mensal de R$ 176,00.
o
N de caranguejos/dia
350
300
250
200
150
100
50
Taperaçu-Campo
Vila Qui-Era
Vila do Meio
Acarajozinho
0 Rio Grande
Bacuri Prata
Bacuriteua
Tamatateua
Taquandeua
Caratateua
Bragança
Pontinha
Patalino
P. Socorro
America
Retiro
Aciteua
Acarajó
Treme
Renda mensal
1000
800
600
400
200
Vila São Benedito
Porto da Mangueira
Taperaçu-Campo
Vila Qui-Era
Vila do Meio
Acarajozinho
Bacuri Prata
Rio Grande
Bacuriteua
Tamatateua
Taquandeua
0
Caratateua
Bragança
P. Socorro
Pontinha
Patalino
America
Aciteua
Acarajó
Retiro
Treme
Figura 4. Renda média mensal e respectivos valores de desvio padrão das comunidades no
âmbito da Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA.
Ambos
22
Via terrestre
74
Via aquática
0 20 40 60 80 100
Figura 5. Número percentual das vias de acesso às áreas de captura utilizados na Reserva
Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA
Tipos de transporte
16
Ambos
11
Transp. terrestre próprio
10
Transp. terrestre pago
25
Embarcação não motorizada
37
Embarcação motorizada
0 20 40 60 80 100
%
Figura 6. Número percentual dos tipos de transporte utilizado para o deslocamento às áreas de
captura na Reserva Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança-PA.
0,6
Ambos
8,2
Consumidor
91,2
Atravessador
0 20 40 60 80 100
2,6
Ambos
36,9
Beneficiamento
60,5
In Natura
0 20 40 60 80 100
Sistema Tradicional:
· Tipologia I - O caranguejo capturado é comercializado diretamente, sem
intermediação.
· Tipologia II - O caranguejo capturado é comercializado através da intermediação de
um atravessador (A).
· Tipologia III - O caranguejo capturado é comercializado através da intermediação de
um atravessador (AP), porém esse é “patrão” do produtor (tirador de caranguejo).
6
O processo de beneficiamento é denominado localmente como catação. Esse processo consiste basicamente em
lavar, esquartejar e cozinhar caranguejo, depois separar a carne.
Desta forma, o produtor não tem poder de barganha, sendo o preço definido pelo
patrão.
· Tipologia IV – Essa classe representa uma atividade que é realizada principalmente
aos finais de semana (sexta-feira e sábado), onde os produtores são agenciados por um
componente da cadeia produtiva, chamado “organizador de turma” (O). O organizador
de turma é geralmente um comerciante local, que é responsável por selecionar um
grupo de tiradores para embarcar em um caminhão fretado pelo comerciante do
caminhão (AC). O comerciante do caminhão é um atravessador que freta o veículo
para levar os tiradores às áreas de captura, com a condição de que a produção total de
cada tirador seja vendida a ele. Esses agentes mercantis compram em grande
quantidade e a produção é destinada ao mercado externo, a cidade de Bragança. Para a
venda da produção, os comerciantes do caminhão “contratam” os vendedores de
caranguejo (V). Estes são, na maioria das vezes, jovens que não trabalham na captura
do caranguejo, mas são responsáveis por comercializar a produção.
Sistema Moderno:
· Tipologia I - O caranguejo capturado é beneficiado e comercializado diretamente, sem
intermediação.
· Tipologia II - O caranguejo capturado é beneficiado e comercializado através da
intermediação de um atravessador (A), que revende a um varejista (VAR) e esse
repassa ao consumidor (C).
· Tipologia III - O caranguejo capturado é beneficiado e comercializado através da
intermediação de um atravessador (AP), porém esse é “patrão” do produtor (tirador de
caranguejo). Desta forma, o produtor não tem poder de barganha, sendo o preço
definido pelo patrão. O atravessador (AP) revende a um varejista (VAR) e esse, por
sua vez, repassa ao consumidor (C).
· Tipologia IV - O caranguejo capturado é beneficiado e adquirido por um comerciante
local (CL), que possui as condições para o armazenamento do produto. Este
comerciante normalmente está vinculado a um atravessador (A) externo da
comunidade, com grande poder de compra. Esse atravessador revende a produção a
um varejista (VAR) e esse, por sua vez, repassa ao consumidor (C).
AEC
B
T M
CA SA CA SA
O
A AP AC C SCL CCL C
C C V A AP CL
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