Você está na página 1de 45

1

GIOVANA DE BEM FERREIRA VARGAS

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE PROJETO DE


TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DA INDÚSTRIA DE
TINTAS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

CRICIÚMA, 2003
2

GIOVANA DE BEM FERREIRA VARGAS

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE PROJETO DE


TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DA INDÚSTRIA DE
TINTAS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental como


requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Orientadora: Profª. Marta Valéria G. Souza Hoffmann

CRICIÚMA, 2003
3

GIOVANA DE BEM FERREIRA VARGAS

ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE PROJETO DE


TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DA INDÚSTRIA DE
TINTAS

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau de

Engenheiro Ambiental e aprovado em sua forma final pelo Curso Engenharia Ambiental da

Universidade do Extremo Sul Catarinense.

Criciúma – SC, 10 de novembro de 2003.

______________________________________________________
Prof. Dr. Carlyle Torres Bezerra de Menezes
Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc

______________________________________________________
Profª. M. Sc. Marta Valéria Guimarães de Souza Hoffmann
Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc

______________________________________________________
Profª. M. SC. Nadja Zim Alexandre
Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo e fiel companheiro,


Henrique Vargas e também ao meu filho Valmor que me
fortalecem a cada sorriso dado.
5

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Genésio e Eliria, por terem me apoiado


sempre em todos os momentos. Aos meus irmãos por
terem contribuído significativamente para a conclusão
deste trabalho. A Prof.ª Marta Hoffmann minha
orientadora em nível de graduação, pelos ensinamentos,
oportunidades e o grande apoio, que me auxiliou no
desenvolvimento e conclusão desta monografia
fundamental na minha formação. Ao Prof. Mário
Guadagnin pela dedicação. Ao meu esposo pela
compreensão e carinho. A minha família pelo incentivo e
a DEUS pelo Dom da VIDA.
6

EPÍGRAFE

Espalhe por todos a alegria que vive dentro de você e


mantenha aceso o seu ideal de felicidade, pois reagindo
com todas as forças que encontrar em seu coração, terá a
beleza da vida ao redor de si mesmo.
Autor desconhecido.
7

RESUMO

A água está entre os recursos naturais mais preciosos; senão o mais que a terra oferece à
humanidade. Analises comparativas de consumo e disponibilidade, tem revelado que em
várias partes do mundo, torna-se impossível o consumo de água sem que esta seja submetida a
tratamentos adequados. Cada vez mais são resguardados investimentos financeiros e
tecnológicos para se obter uma segurança sanitária adequada. Sendo assim a necessidade de
conservá-la e protegê-la. A indústria química caracteriza-se como um dos maiores causadores
da degradação desse bem, graças a quantidade de água resultante de seu processo produtivo.
Partindo dessa premissa torna-se inquestionavelmente necessário a elaboração e estudo de
projetos e instalações eficientes, que lancem em corpos receptores as águas residuárias dentro
dos padrões exigidos pela Legislação Ambiental. Esse trabalho tem como objetivo elaborar
uma proposta de projeto de tratamento químico para águas residuárias resultante de uma
indústria de tintas. Fazendo com que o efluente gerado, seja devolvido ao corpo receptor com
características admissíveis pela Legislação Estadual – Decreto 14.250/81.
Palavras-chave: água – padrões – Legislação.
8

ABSTRACT

Water is one of the most precious liquids in the world; perhaps the most precious liquid that
the earth has to offer. Comparative analyses concerning availability and whether or not the
water is potable, have shown that in various areas of the planet, it is impossible to consume
the water without first treating it. Nowadays, financial and technological investments, to
guarantee adequate sanitary safety have become few. Hence there is a need to protect and
save our water. The chemical industry is one of the main agents that cause the degradation of
this precious liquid, due to a mass quantity of water that results from the industrial process.
Therefore, it is inevitable that further studies and projects that state the need for efficient
facilities to heave the residual water in receptor bodies are put into place according to
Environmental Legislation. This monograph intends to elaborate on a project proposal to
chemically treat the residual water, remaining from the paint industry. This way the remaining
that return to the receptor bodies have characteristics according to the Environmental
Legislation – Decree 14.250/81.

Key words: water – standards – Legislation.


9

SUMÁRIO

1 OBJETIVOS ...............................................................................................................11
1.1 GERAL ................................................................................................................11
1.2 ESPECÍFICOS ..................................................................................................11

2 INTRODUÇÃO ........................................................................................................12
2.1 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA ................................................................12

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................14


3.1 O QUE É TINTA? ............................................................................................14
3.2 HISTÓRICO ......................................................................................................14
3.3 HISTÓRICO DA INDÚSTRIA QUÍMICA NO BRASIL .................16
3.4 DEFINIÇÃO DE INDÚSTRIA QUÍMICA ............................................19
3.5 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS ..........................19
3.6 A INDÚSTRIA QUÍMICA E A QUESTÃO AMBIENTAL ............21
3.7 A INDÚSTRIA DE TINTAS ........................................................................22
3.8 CONCEITO BÁSICO DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS ......................22
3.9 PROCEDIMENTO DE FABRICAÇÃO DE TINTA ..........................23
3.10 COMPONENTES BÁSICOS DA TINTA ...........................................24
3.10.1 RESINA ....................................................................................................24
3.10.2 PIGMENTO .............................................................................................24
3.10.3 ADITIVO ..................................................................................................25
3.10.4 SOLVENTE ..............................................................................................25
3.11 PADRÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE ...............................25
3.11.1 SÓLIDOS TOTAIS ..................................................................................26
3.11.2 COR ...........................................................................................................26
3.11.3 ODOR .......................................................................................................27
3.11.4 TURBIDEZ ...............................................................................................27
3.11.5 pH ..............................................................................................................27
3.11.6 DBO ...........................................................................................................27
3.11.7 DQO ..........................................................................................................29
10

3.11.8 METAIS ....................................................................................................30


3.11.9 FENÓIS .....................................................................................................31
3.11.10 SULFETOS .............................................................................................32
3.12 PROCESSOS DE UMA ETE ....................................................................32
3.12.1 TANQUE DE HOMOGENIZAÇÃO .....................................................32
3.12.2 FLOCULADORES ..................................................................................32
3.12.3 DECANTADORES .................................................................................33

4 METODOLOGIA ...................................................................................................34

5 O EFLUENTE A SER TRATADO ...............................................................35


5.1 SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES – ETE .............35
5.2 ETAPAS DO PROCESSO DE TRATAMENTO .................................36
5.2.1 CORREÇÃO DO pH .................................................................................36
5.2.2 FLOCULADOR .........................................................................................37
5.2.3 DECANTADORES ....................................................................................37
5.2.4 TANQUE DE RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................37
5.2.5 TANQUE DE MISTURA ..........................................................................38
5.3 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DETERMINADOS .......................38
5.3.1 pH ................................................................................................................38
5.3.2 DQO ............................................................................................................38
5.3.3 DBO 05 DIAS .............................................................................................39
5.3.4 METAIS ......................................................................................................39
5.3.5 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS .................................................................39
5.3.6 FENÓIS .......................................................................................................39
5.3.7 SULFETOS .................................................................................................40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................42

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .........................................................43

ANEXOS ...........................................................................................................................44
11

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos produtos químicos .................................................................20


12

1 OBJETIVOS

1.1 GERAL

Elaboração de uma proposta de sistema de tratamento de efluentes líquidos proveniente de

uma indústria de tintas.

1.2 ESPECÍFICOS

• Caracterizar a água resultante de um processo industrial da empresa;

• Desenvolver um sistema de tratamento eficiente e economicamente viável para os

efluentes gerados pela empresa.


13

2 INTRODUÇÃO

2.1 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA

A água é cada vez mais um bem escasso no planeta e notadamente em algumas regiões do

nosso país. Seu volume total não está se reduzindo, porque não há perdas no ciclo de

evaporação e precipitação; o que caracteriza a escassez é a poluição. Muito se fala em falta de

água e que, num futuro próximo, teremos uma guerra em busca de água potável.

Pelas contas dos especialistas, 95,1% da água do planeta é salgada, sendo imprópria para

consumo humano. Dos 4,9% que sobram, 4,7% estão na forma de geleiras ou regiões

subterrâneas de difícil acesso e somente os 0,147% restantes estão aptos para o consumo em

lagos, nascentes e em lençóis subterrâneos. (MACÊDO, 2001)

O Brasil é um país privilegiado, pois aqui estão 11,6% de toda a água doce do planeta. Aqui

também se encontram o maior rio do mundo - o Amazonas - e parte do maior reservatório de

água subterrânea do planeta - o Sistema Aqüífero Guarani.

No entanto, essa água está mal distribuída: 70% das águas doces do Brasil estão na

Amazônia, onde vivem apenas 7% da população. Essa distribuição irregular deixa apenas 3%

de água para o Nordeste. Essa é a causa do problema de escassez de água verificado em


14

alguns pontos do país. Em Pernambuco existem apenas 1.320 litros de água por ano por

habitante e no Distrito Federal essa média é de 1.700 litros, quando o recomendado são 2.000

litros.

Na indústria, de um modo geral, a água pode ser matéria-prima que se junta a outras para

criar produtos acabados, ou ser utilizada como meio de transporte.

Atualmente, os poluentes industriais que mais preocupam são os orgânicos, especialmente

os sintéticos e os metais pesados. A poluição por matérias orgânicas vem crescendo muito,

principalmente a partir do fim da segunda guerra mundial, com a expansão da indústria

petroquímica.

A quantidade e a concentração dos despejos de uma determinada indústria variam dentro de

amplos limites, dependendo dos processos de fabricação empregados e dos métodos de

controle dos despejos.

Até alguns anos atrás, os sistemas de tratamento de efluentes eram considerados , cheios de

segredos e truques, que apenas poucas pessoas e companhias poderiam projetar e operar. As

companhias que detinham esta tecnologia colocavam barreiras para proteger seus processos,

criando uma falsa imagem de ser este um assunto muito complicado.

Hoje em dia as coisas mudaram. Os processos de tratamento são simples, confiáveis e

acessíveis, e podem ser projetados, instalados e operados com criatividade, com a utilização

de materiais e mão de obra locais, de baixo custo. No caso do trabalho optou-se por um

tratamentofísico/químico pela tipo de empresa e pelas características do efluente.


15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O QUE É TINTA?

Tinta é uma composição líquida, geralmente viscosa, constituída de um mais

pigmentos dispersos em um aglomerante líquido que, ao sofrer um processo de cura quando

estendida em película fina, forma um filme opaco e aderente ao substrato. Esse filme tem a

finalidade de proteger e embelezar as superfícies.As tintas para pintura, preparadas de modos

diversos e segundo inúmeras reações químicas, apresentam-se em centenas de aspectos e

qualidades, quando, na realidade, poucas são as diferentes fábricas; primariamente podem elas

dividir-se em tintas ‘a base de cal, tintas a óleo, esmaltes, tintas sintéticas, tintas a duco.

Outras há base de água, impermeáveis, em pó, luminosas, etc. (TRINDADE, 1977)

3.2 HISTÓRICO

A Indústria Química nasceu da necessidade de complementação das atividades

básicas ligadas à preservação da vida humana. Em seu sentido mais amplo a química está

presente em todas as facetas da vida do homem, desde o primitivo “homem das cavernas “ao

homem atual.

O fogo, uma das primeiras reações químicas que o homem aprendeu a dominar, a

metalurgia do bronze e do ferro, o curtimento de couros, a fiação, o tratamento e tingimento

dos primeiros tecidos, a obtenção dos primeiros remédios extraídos das plantas, a elaboração

dos alimentos fermentados (panificação e bebidas alcoólicas), a produção de lixívia para a


16

limpeza pessoal e de utensílios, são todas atividades percursoras da indústria química, tal

como é conhecida atualmente. (WONGTSCHOWSKI, 1999)

A química é uma ciência essencialmente experimental, passando a dispor de recursos

teóricos que permitem prever os resultados e as condições nas quais se processam certas

reações químicas depois de um longo período de experiências.

Segundo WONGTSCHOWSKI, (1999), a indústria química, entendida como atividade

industrial dentro da Conceituação atual, praticamente só existe a partir do século XIX. O

grande desenvolvimento e o sucesso da indústria química moderna, originaram-se do êxito da

realização de duas tarefas: a de descobrir novos produtos e materiais através de ensaios de

laboratório e a de “extrapolar” estes ensaios para produções em escala industrial. A primeira

corresponde basicamente ao campo da química, a segunda ao da engenharia química.

A moderna indústria química mundial, em uma visão sintética, teve seu desenvolvimento

baseado em duas fontes bem distintas:

a) indústria química alemã, desenvolvida por químicos a partir da química derivada do

carvão;

b) indústria química norte – americana, desenvolvida por engenheiros químicos a partir da

química derivada do petróleo. (WONGTSCHOWSKI, 1999)

Dado o papel representado pela indústria química, de “agente catalisador” do

desenvolvimento industrial, muitas nações emergentes procuraram fomentá-la com o triplo

intuito de criar um parque industrial gerador de empregos, transformar localmente matérias-

primas em produtos de maior valor agregado, para exportá-los sob esta forma e livrarem-se

das importações de produtos que passam a ser fabricados em seu país, melhorando seus saldos

comerciais.
17

3.3 HISTÓRICO DA INDÚSTRIA QUÍMICA NO BRASIL

Segundo CARRARA (1996), a fabricação de açúcar foi a primeira experiência industrial

brasileira. Já em 1520 se instalava o primeiro engenho de açúcar no país. No final do século

XVI a produção anual de açúcar na colônia chegava a 4.500t., geradas em 117 engenhos,

localizados principalmente em Pernambuco e na Bahia. Associada à fabricação de açúcar

ocorria a produção de aguardente, tanto em instalações anexas aos engenhos, quanto em

estabelecimentos exclusivos, as “engenhocas”.

O sabão (produzido a partir de cinzas e de sebo de boi ou carneiro), o óxido de cálcio

(obtido de sambaquis) e o hidróxido de cálcio foram produtos químicos fabricados desde cedo

no país. Corantes de origem vegetal (como pau-brasil, anil, urucum) foram exportados já a

partir de 1500-1530 em volumes crescentes. Já a partir de 1662 produziu-se sal em escala

comercial; a partir de 1702 iniciou-se a produção de salitre, mais adiante, de pólvora.

(WONGTSCHOWSKI, 1999)

Em 1808, quando da chegada de D. João VI o Brasil, produzia açúcar, aguardente, sabão,

medicamentos, potassa (carbonato de potássio), barrilha (carbonato de sódio), salitre (nitrato

de potássio), cloreto de amônio e cal (óxido de cálcio). E exportava: sal, drogas medicinais e

resinas vegetais.

Nos anos entre 1808 e 1844 foram fundadas no Brasil 5 fábricas de pólvora, 30 fábricas de

sabões e velas e 10 fábricas de produtos químicos diversos (medicamentos, hipoclorito de

sódio, tintas e vernizes, graxas de lustro, tintas de escrever e água-de-colônia).

Em Sorocaba, São Paulo, foi fundada em 1881 a empresa F. Matarazzo, inicialmente

operando no ramo alimentício. Em 1911, já sob o nome S.A Indústrias Reunidas F.


18

Matarazzo, muda-se para São Paulo, onde implanta uma moagem de trigo. Essa empresa foi

responsável posteriormente, pela implantação de um grande parque industrial onde destacam-

se as seguintes fábricas químicas: óleos e gorduras em 1920, raion-viscose em 1924, pequena

refinaria de petróleo em 1936, ácido cítrico em 1942 e a Geon do Brasil, em associação com a

BF Goodrich norte-americana, em 1951, para a produção de PVC. (WONGTSCHOWSKI,

1999)

Em 1894 foi fundada em São Paulo, pela firma Queiroz, Moura e Cia., uma fábrica de aço e

produtos químicos, da qual fazia parte o farmacêutico Luiz M. Pinto de Queiroz.

Em 1912 essa empresa passa a chamar-se Sociedade de Produtos Químicos L. Queiroz e em

1918 já possuía quatro estabelecimentos industriais: fábrica de pólvora na estação de Sabaúna,

fábrica de sulfeto de carbono na Estação de São Caetano, fábricas de ácido sulfúrico, ácido

clorídrico, salitre, sulfeto de carbono, amoníaco, adubos polysu e superfosfatos e sulfato de

sódio na Estação da Barra Funda e Drogaria Americana na Alameda Cleveland, onde a

empresa havia se originado. Essa empresa ainda está em plena atividade, sob a denominação

de Elekeiroz S.A, com fábrica na cidade de Várzea Paulista, São Paulo. (KANTER, 1993)

Em 1889, quando da Proclamação da República, o Brasil possuía indústrias na área de

extração mineral, vegetal e animal, indústria siderúrgica, de papel, de vidro, de cimento, de

sabões e velas e de adubos e inseticidas. Em termos de fabricação de produtos químicos,

existiam indústrias de fermentação (produzindo álcool etílico e álcool iluminante), produtos

químicos inorgânicos de síntese (hipoclorito de sódio, carbonato de potássio, cloro, ácidos

clorídrico e nítrico, iodeto de potássio, iodeto de ferro, cloreto mercuroso, bissulfato de cálcio,

hipofosfito de cálcio, nitrato de prata, iodeto de chumbo, carbonato básico dechumbo e sulfato

de magnésio) e produtos químicos orgânicos (clorofórmio, éter dietílico, nitrato de etila, ácido

tartárico e tartaratos, ácido acético e acetatos, ácido cítrico e citratos, ácido lático e lactatos,
19

iodofórmio, nitrocelulose e glicerina). (CARRARA, 1996)

A Cia. Melhoramentos de São Paulo, foi constituída em 1890 para a implantação de uma

fábrica de papel em Caieiras, São Paulo, por um grupo de brasileiros progressistas, do qual

fazia parte Antônio Proost Rodovalho, que havia já participado da instalação da primeira

fábrica de cimento em Sorocaba.

Em 1891 constitui-se a Cia. Antártica Paulista, na cidade de São Paulo, para a produção de

cervejas e bebidas em geral.

Em 1905 fundava-se em Santos, São Paulo, o Moinho Santista, empresa pertencente ao

grupo multinacional argentino Bunge, que posteriormente também implantou um respeitável

conjunto de indústrias químicas no país: Sanbra (1934), Quimbrasil (1936), Serrana (1938) e

Tintas Coral (1954). (WONGTSCHOWSKI, 1999)

A fábrica do Ministério da Guerra, em Piquete, São Paulo, inaugurada em 1909, destinava-

se à produção de ácido sulfúrico, ácido nítrico, pólvora e explosivos.

Algumas empresas multinacionais também se instalaram no país nesta época, a saber: Cia

Vidraria Sta. Marina, em 1903, pertencente ao grupo francês St. Gobain, Bayer do Brasil em

1911 sob o nome Frederico Bayer &Cia., pertencente à Bayer da Alemanha ; Cia. Brasileira

de Carbureto de Cálcio em 1912, pertencente ao grupo belga Solvay; S.A.. White-Martins,

também em 1912, posteriormente pertecente à Union Carbide dos Estados Unidos; e a Cia.

Química Rhodia Brasileira, em 1919, pertencente ao grupo francês Rhôde-Poulenc.

Segundo CARRARA (1996), durante o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918),

a incipiente indústria química brasileira ressentiu-se muito da ausência de matérias-primas,

quase todas importadas. Várias indústrias surgiram nesse período, sendo interessante ressaltar

a S.A. Indústria Votorantim, fundada em 1918, em Sorocaba, para a produção de cerâmica e


20

que deu origem a um grupo nacional (Grupo Votorantim – Ermírio de Moraes) bastante forte

no campo das indústrias químicas dentre as quais destaca-se a Nitro Química, em São Miguel

Paulista, São Paulo.

No período compreendido entre as duas Grandes Guerras Mundiais, o Brasil assistiu a um

crescimento contínuo de sua indústria química, condizente com o desenvolvimento dos

outros.

3.4 DEFINIÇÃO DE INDÚSTRIA QUÍMICA

Dentro da especificação de indústria de transformação existem duas famílias de

classificações: uma baseada em atividades e outra baseada em produtos. As classificações de

atividades foram estabelecidas para permitir a coleta, disseminação e análise de estatísticas

econômicas. As classificações mais utilizadas segundo SPITZ (1988) são a SIC (Standard

Industrial Classification) adotada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a ISIC

(International Standard Industrial Classification of All Economic Activities) adotada pelas

Nações Unidas e a NACE (Nomenclature des Activités dans le Communautés Européennes)

adotada pela Comunidade Econômica Européia. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) adota a CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

3.5 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS

São produzidos no mundo aproximadamente 70.000 produtos químicos. Há vários

formas de classificação umas das mais adotadas é a que define quatro grupos de produtos

químicos: commodities, pseudocommodities, produtos de química fina e especialidades

químicas.
21

Os produtos usados para produção de tintas encontra-se na classificação especialidades

químicas que apresenta as seguintes características segundo WONGTSCHOWSKI, (1999):

• Especialidades Químicas: são produtos diferenciados, fabricados em pequenas

quantidades, geralmente com matérias-primas compradas de terceiros, projetadas para

finalidades específicas do cliente e freqüentemente vendidos para um grande número de

clientes que compram pequenas quantidades.

Tabela 1 – Classificação dos produtos químicos:

I. Compostos Funcionais Multipropósito Absorvedores de raios ultravioleta Antioxidantes


Biocidas
Catalisadores
Corantes
Enzimas
Espessantes
Inibidores de corrosão
Pigmentos orgânicos
Retardadores de chama
II. Compoatos prontos para o uso final Aditivos para impressão
Aditivos para papel
Aditivos para petróleo
Aditivos para plástico
Aditivos para tintas
Aditivos para fundição
Aditivos para alimentos
Aditivos para lama de perfuração
Aditivos para o processamento de borracha
Especialidades para cosméticos
Flavorizantes e fragrâncias
Pesticidas formulados
Produtos auxiliares para diagnósticos
Produtos para limpeza industrial
Produtos químicos para indústria fotográfica
Produtos químicos para a indústria têxtil Produtos
químicos para indústria automotiva
Produtos químicos para laboratório
Produtos químicos para tratamento de água
Produtos químicos para tratamento de superfície
Reagentes para flotação
Fonte: KLINE (apud ARGENTEÉRE, 1992).

3.6 A INDÚSTRIA QUÍMICA E A QUESTÃO AMBIENTAL

A conscientização mundial de que havia uma questão ambiental a ser respondida pelas
22

indústrias químicas, surgiu somente na segunda metade deste século e mais propriamente

nestas últimas três décadas. Entretanto o problema é bem mais antigo, surgindo com o

primeiro processo químico a ter repercussão mundial, o processo Leblanc de produção de

barrilha. O sulfeto de calcio gerado como resíduo neste processo, era um produto mal

cheiroso, que polúia fortemente as imediações das fábricas e, por ser inevitável, procurava-se

localizar estas fábricas longe dos centros urbanos, como medida preventiva. Parte do sucesso

do processo Solvay, que veio substituir o processo Leblanc na produção de barrilha, deve-se à

sua menor geração de poluentes. (VALLE, apud ARGENTEÉRE, 1992)

Entretanto com o desenvolvimento do setor, o número e o porte das indústrias aumentou

muito, diminuindo ou desaparecendo a distância aos centros urbanos que também cresciam. O

meio ambiente não conseguia mais “neutralizar” a carga poluidora crescente nele lançada,

evidenciando uma questão ambiental, que precisava ser enfrentada de forma diversa da até

então aplicada. A poluição causada por uma fábrica poderia afetar, não só a cidade mais

próxima ou a região, mas todo um país e mesmo estender-se aos países vizinhos.

A questão ambiental veio para ficar. Ela é hoje assunto que envolve as indústrias, os

governos e as comunidades. Seu alcance ultrapassa mesmo as fronteiras nacionais, como

atestam a Conferência de Estocolmo de 1972, o Protocolo de Montreal de 1987, o relatório da

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento instituída pela Assembléia

Geral das Nações Unidas, também conhecida como Relatório Brundtland, de 1987, a

Convenção da Basiléia de 1989, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, também conhecida como Cúpula da

Terra ou Rio 92 e a Convenção de Kyoto sobre a Prevenção da Aquecimento Global,

realizado em 1997.

Segundo VALLE (1995), com o cumprimento da legislação ambiental em vigor, a indústria


23

química apresentou um progresso notável, não só no combate à poluição e preserva-ção do

meio ambiente, mas também na preservação da saúde de seus funcionários e diminui-ção dos

riscos no manuseio e transporte de substâncias tóxicas. Paradoxialmente, a opinião pública

está atualmente mais preocupada com o desempenho das indústrias químicas em relação à

questão ambiental do que estava trinta anos atrás, quando a situação era bem pior.

A grande arrancada e consolidação da indústria química brasileira deu-se no período pós-

1960, com o estabelecimento de três pólos petroquímicos: o de São Paulo em 1972, o do

Nordeste em 1978 e o do Sul em 1982.

3.7 A INDÚSTRIA DE TINTAS

Por muitos séculos, as tintas foram empregadas pelo seu aspecto estético. Mais tarde,

quando introduzidas em países do norte da América e da Europa, onde as condições

climáticas eram mais severas, o aspecto proteção ganhou maior importância. Sua utilização

nas áreas de higiene e iluminação é o resultado da ciência e da mecânica modernas.

3.8 CONCEITO BÁSICO DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

Segundo SPERLING (1995), entende-se por poluição das águas a adição de substâncias ou

de formas de energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’água de uma

maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos.

3.9 PROCEDIMENTO DE FABRICAÇÃO DE TINTA

Primeiramente são pesados e reunidos no misturador os constituintes para a fabricação de


24

tintas onde podem ser usados moinhos de bolas e de seixos, e os moinhos de cilindros em aço.

A equalização e moagem dos pigmentos exigem muita habilidade e experiência, a fim de

que se garanta um produto uniforme. Em seguida a tinta é transferida para tanques onde é

diluída com adição de água e colorida com agitação.

A tinta então é coada e transferida para a máquina de enchimento. Para remover pigmentos

não dispersados, usam-se centrífugas, peneiras ou filtros a pressão. A tinta é transferida para

latas ou tambores, que são rotulados, embalados e transportados para o depósito. Os

misturadores são, após a equalização, lavados gerando assim o efluente a ser tratado.

Fluxograma da equalização de tinta

3.10 COMPONENTES BÁSICOS DA TINTA

3.10.1 RESINA

Resina é a parte não volátil da tinta, que serve para aglomerar as partículas de pigmentos. A
25

resina também denomina o tipo de tinta ou revestimento empregado. As resinas podem ser

naturais ou artificiais. As primeiras são excreções vegetais insolúveis em água, sólidas e

quebradiças, de brilho vítreo. Suas soluções naturais em óleos essenciais são os bálsamos, de

que por separação dos componentes se preparam resinas e óleos essenciais, sendo as resinas

mais importantes as de benjoim, de dâmar, elemi, copal, e os bálsamos, os de tolu, do peru, de

pinheiro, terebintina. Hoje em dia são obtidas através da indústria química ou petroquímica

por meio de reações complexas, originando polímeros que conferem às tintas propriedades de

resistência e durabilidade muito superiores às antigas são usadas as resinas na fabricação de

vernizes de papel e de colas especiais.

As resinas artificiais são produtos obtidos por via sintética e dotadas das propriedades das

resinas naturais; empregam-se na fabricação de isoladores e outros artigos elétricos, de

substitutos de vidro, porcelana e madeira, aparelhos resistentes ao ataque químico; são

empregados também na impregnação de papel de madeira, vernizes, etc. De acordo com as

matérias – primas empregadas na sua obtenção, existem várias classes de resinas artificiais,

com propriedades diferentes. (TRINDADE, 1977)

3.10.2 PIGMENTO

Material sólido finamente dividido, insolúvel no meio podendo ser orgânico ou inorgânico.

Utilizados para conferir cor, opacidade, certas características de consistência e outros efeitos.

São divididos em pigmentos coloridos (conferem cor), não-coloridos e anticorrosivos

(conferem proteção aos metais). Segundo Shreve hoje em dia, o óxido de titânio, em vários

tipos, é quase que o único pigmento branco usado. Nas demais cores temos: o carvão, o

zarcão, ultramarino, à base de cromo, toners e lacas utilizados como pigmentos.

3.10.3 ADITIVO
26

Ingrediente que, adicionado às tintas, proporciona características especiais às mesmas ou

melhorias nas suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases de fabricação e

conferir características necessárias à aplicação. Existe uma enorme variedade de aditivos

usados na indústria de tintas e vernizes: secantes, anti-sedimentares, niveladores, antipele,

antiespumante, etc.

3.10.4 SOLVENTE

Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado nas tintas e correlatos para

dissolver a resina. São classificados em: solventes ativos ou verdadeiros, latentes e inativos.

(TRINDADE, 1977)

3.11 PADRÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE

A preocupação com o meio ambiente e o controle dos agentes poluidores de origem

industrial passou após a Segunda Guerra Mundial a ser um problema complexo para os países

desenvolvidos. Além de a poluição estar associada a uma sociedade em desenvolvimento

onde os padrões de vida estão continuamente se elevando, segundo BRAILLE (1979).

Os padrões estabelecidos para o controle da poluição são embasados nas Legislações

Municipal, Estadual e Federal. Sendo o Brasil um dos países com Legislação considerada

como uma das melhores do mundo.

Os padrões analisados neste estudo estão listados segundo a Legislação Ambiental de Santa

Catarina – Decreto nº 14250, de 05 de junho de 1981.

3.11.1 SÓLIDOS TOTAIS


27

O conteúdo dos sólidos totais de um despejo é definido como toda a matéria que permanece

como resíduo após evaporação à temperatura de 103º a 105º.

Ao se submeter os sólidos a uma temperatura elevada (550º), a fração orgânica é oxidada

(volatilizada), permanecendo após a combustão apenas a fração inerte (não oxidada) Os

sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica nos sólidos, ao passo que os

sólidos não voláteis (fixos ou inertes) representam a matéria inorgânica ou mineral.

Sólidos sedimentáveis

Sólidos em suspensão

Sólidos não sedimentáveis

Sólidos totais

Sólidos dissolvidos

Sólidos dissolvidos

Sólidos coloidais

3.11.2 COR

A cor é provocada por corantes orgânicos e inorgânicos, encontrando-se na forma do

constituinte responsável como sólidos dissolvidos.

3.11.3 ODOR

Os odores são provocados por gases produzidos pela decomposição da matéria orgânica.

São produzidos também por contaminantes como o fenol, mercaptana, substâncias tanantes,

etc.

3.11.4 TURBIDEZ
28

É outro parâmetro indicativo de águas residuárias com relação a matéria coloidal.

3.11.5 pH

Representa a concentração de íons hidrogênio H+ (em escala anti-logarítimica), dando uma

indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. A faixa é de 0 a

14. É importante em diversas etapas do trata mento da água (coagulação, desinfecção...).

• pH < 7: condições ácidas

• pH = 7: neutralidade

• pH > 7: condições básicas

3.11.6 DBO

O principal efeito ecológico da poluição orgânica em um curso d´água é o decréscimo dos

teores de oxigênio dissolvido. A DBO encontra-se como o parâmetro mais usual de medição

de poluição orgânica aplicado às águas residuárias. Da mesma forma, no tratamento de

esgotos por processos aeróbios, é fundamental o adequado fornecimento de oxigênio para que

os microorganismos possam realizar os processos metabólicos conduzindo à estabilização da

matéria orgânica. A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar, através

de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea. É uma indicação indireta, do

carbono orgânico biodegradável. (SPERLING, 1995)

A estabilização completa demora, em termos práticos, vários dias (cerca de 20 dias), tal

corresponde à demanda última de oxigênio (DBOu). Entretanto, para evitar que o teste de

laboratório fosse sujeito a uma grande demora, e para permitir a comparação de diversos

resultados, foram efetuadas algumas padronizações (SPERLING, 1995):


29

• convencionou-se proceder à análise no 5º dia;

• determinou-se que o teste fosse efetuado à temperatura de 20ºC

Vantagens:

• indicação aproximada da fração biodegradável do despejo;

• indicação da taxa de degradação do despejo;

• indicação da taxa de consumo de oxigênio em função do tempo;

• determinação aproximada da quantidade de oxigênio requerido para

estabilização biológica da matéria orgânica presente.

Limitações:

• pode-se encontrar baixos valores de DBO5 caso os microorganismos

responsáveis pela decomposição não estejam adaptados ao despejo;

• os metais pesados e outras substâncias tóxicas podem matar ou inibir os

microorganismos;

• a relação DBOu/DBO5 varia em função do despejo;

• a relação DBOu/DBO5 varia, para um mesmo despejo, ao longo da linha de

tratamento da ETE;

Apesar das limitações, o teste da DBO continua a ter extensiva utilização, em função dos

seguintes pontos:

• os critérios de dimensionamento das unidades de tratamento são mais

freqüentemente expressos em termos da DBO;

• a legislação para lançamento de efluentes e, em decorrência, a avaliação do

cumprimento aos padrões de lançamento, é normalmente baseada na DBO5.


30

3.11.7 DQO

O teste de DQO mede o consumo de oxigênio ocorrido durante a oxidação química da

matéria orgânica. O valor obtido é, portanto, uma indicação indireta do teor de matéria

orgânica presente. A principal diferença com relação ao teste da DBO encontra-se claramente

presente na nomenclatura de ambos os testes. A DBO relaciona-se a uma oxidação

bioquímica da matéria:

• o teste gasta apenas 2 a 3 horas para ser realizado;

• o resultado do teste dá uma indicação do oxigênio requerido para a

estabilização da matéria orgânica;

• o teste não é afetado pela nitrificação, dando uma indicação da oxidação

apenas da matéria orgânica carbonácea (e não nitrogenada).

Limitações:

• no teste da DQO são oxidadas, tanto a fração biodegradável, quanto a fração

inerte do despejo. O teste superestima, portanto, o oxigênio a ser consumido

no tratamento biológico dos despejos;

• o teste não fornece informações sobre a taxa de consumo da matéria orgânica

ao longo do tempo;

• certos constituintes inorgânicos podem ser oxidados e interferir no resultado.

A relação DQO/DBO5 baixa:

• a fração biodegradável é elevada;

• provável indicação para tratamento biológico


31

A relação DQO/DBO5 elevada:

• a fração inerte (ou recalcitante) é elevada;

• se a fração não biodegradável não for importante em termos de poluição do

corpo receptor: possível indicação para tratamento biológico;

• se a fração não biodegradável for importante em termos de poluição do corpo

receptor: provável indicação de tratamento físico-químico.

3.11.8 METAIS

Traços de metais pesados tais com níquel, manganês, chumbo, cromo cádmio, zinco, ferro e

mercúrio, aparecem constantemente em alguns despejos industriais. A

presença de qualquer destes metais em quantidade excessiva ao permitido pela Legislação

compromete o uso da água. Apresentando alguns destes metais toxicidade e podendo

concentrar-se na cadeia alimentar, resultando em um grande perigo para os organismos mais

desenvolvidos. Estes se encontram na forma de sólidos em suspensão ou dissolvidos nas

águas residuárias industriais podendo contaminar manaciais e comprometer o abastecimento

d´água.

Teores máximos que podem ser encontrados nas águas para abastecimento de substâncias

potencialmente prejudiciais segundo Decreto Federal 14.250/81:

a) amônia 0,5 mg/L

b) arsênio total 0,1 mg/L

c) bário 1,0 mg/L

d) cádmio total 0,001 mg/L

e) cromo 0,005 mg/L

f) cianeto 0,2 mg/L


32

g) cobre 1,0 mg/L

h) chumbo 0,1 mg/L

i) estanho 2,0 mg/L

j) fenóis 0,001 mg/L

k) flúor 1,4 mg/L

l) mercúrio 0,002 mg/L

m) nitrato 10,0 mg/L de N

n) nitrito 1,0 mg/L de N

o) selênio 0,01 mg/L

p) zinco 5,0 mg/L

q) agentes tensoativos 0,5 mg/L

3.11.9 FENÓIS

Os compostos fenólicos são responsáveis por cheiro e sabor desagradáveis na água potável,

segundo BRAILLE (1979) em concentrações mínimas de 50 a 100 ppb. Se a água potável é

clorada, então 5 ppb darão mal gosto. O fenol é considerado um poderoso bactericida

podendo assim interferir nos testes de DBO. É considerado tóxico aos peixes em

concentrações de 1 a 10 mg/L.

3.11.10 SULFETOS

Os sulfetos (tioéteres) não ocorrem na natureza e são de pequena importância. A

iperita, ou gás mostarda, que é um sulfeto clorado, foi usado durante a Segunda

Guerra Mundial, como gás tóxico. Os sulfetos mais simples são líquidos incolores, de

cheiro etérico, insolúveis em água e solúveis em álcool, éter etc. Podem ocasionar

problemas relacionados ao ar, clima e poluição das águas.


33

3.12 PROCESSOS DE UMA ETE

3.12.1 TANQUE DE HOMOGENIZAÇÃO

Consiste em um tanque de concreto onde o efluente é conduzido e através de agitação

adequada, que tem a função de produzir turbulência, caracterizada pelos gradientes de

velocidade acontece a misturação a fim de se conseguir uma coagulação homogênea.

A mistura é efetuada por um processo hidraulico-mecânico, segundo LEME (1989), no qual

se agita a água por turbulência ou por meio de agitadores, criando-se gradientes de velocidade

que definem a sua agitação.

3.12.2 FLOCULADORES

Os floculadores são tanques onde pela adição de produtos químicos há a formação de

flocos. Conforme LEME (1989), a floculação consiste na obtenção de um agrupamento e da

compactação das partículas em suspensão em grandes conjuntos denominados flocos. A

floculação é obtida através de processo mecânico que produz agitação na água, criando

gradientes de velocidade que causam turbulência na água provocando choques ou colisões

entre as partículas coaguladas. São listados abaixo alguns auxiliares de coagulação/flotação:

• polímeros naturais ( mandioca, batata, araruta, milho etc. );

• polímeros sintéticos ( catiônoco, aniônico e não-iônico );

• cloreto férrico PA;

• cloreto férrico comercial líquido;

• sulfato ferroso clorado líquido;


34

• sulfato férrico PA;

• sulfato férrico comercial;

• sulfato férrico comercial líquido;

• hidróxi – cloreto de alumínio líquido;

• hidróxi – cloreto de alumínio em pó;

• sulfato de alumínio PA;

• sulfato de alumínio comercial sólido;

• sulfato de alumínio comercial líquido;

• tanato.

3.12.3 DECANTADORES

Segundo LEME (1989), Os tanques de decantação podem ser circulares ou retangulares. Os

efluentes fluem vagarosamente através dos decantadores, permitindo que os sólidos em

suspensão, que apresentam densidade maior do que a do líquido circundante, sedimentem

gradualmente no fundo. Essa massa de sólidos, é denominada lodo .

4 METODOLOGIA
35

As metodologias utilizadas para a realização do referente trabalho foram desenvolvidas

segundo o tipo de atividade industrial e a descrição do sistema de tratamento a ser utilizado

para os efluentes gerados por esta empresa.

O estudo baseou-se em pesquisas bibliográficas nas seguintes bibliotecas: Eurico Back –

Unesc; Biblioteca Universitária de Tubarão – Unisul. Trabalhos de campo desenvolvidos na

empresa em estudo. Foi desenvolvida visita técnica a empresa de mesma atividade industrial,

para comprovar a lógica do tratamento determinado pelo trabalho.

Portanto, a caracterização do efluente gerado pela indústria foi utilizado metodologias

analíticas para determinação dos parâmetros físico-químicos, realizada as análises pelo

Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas – IPAT – Unesc.


36

5 O EFLUENTE A SER TRATADO

Na indústria química - que as vezes gera poluentes extremamente perigosos – a água é a

matéria-prima mais usada na manufatura de aproximadamente 150 produtos importantes,

BRAILLE (1989), ficando em segundo plano o ar. Vários dos minérios e minerais

considerados os mais importante nas indústrias químicas segundo BRAILLE, ficam aquém da

água e do ar em freqüência de uso.

Conforme observado visualmente, o efluente resultante da fabricação da tinta na Empresa

em estudo, apresenta as seguintes características: água com coloração e turbidez

(apresentando alta possibilidade da presença de sólidos); e pouco odor.

A caracterização adequada do efluente se dará com os resultados apresentados nos testes de

laboratório efetuados. Porém, os poluentes industriais que mais preocupam são os orgânicos,

especialmente os sintéticos e os metais pesados.

5.1 SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES - ETE

A qualidade da água é resultado de fenômenos naturais e a contribuição direta e indireta do

homem. Hoje a poluição é um assunto popular, abordado pela imprensa, pela comunidade,
37

políticos em fim sociedade em geral. Toda essa divulgação não resolve os problemas

ambientais, mas consegue chamar a tenção também dos órgãos fiscalizadores.

Conforme BRAILLE, cada indústria é um caso distinto e que, entre indústrias do mesmo

tipo, existem despejos diferentes, no caso a Empresa em estudo caracteriza-se como indústria

química e o tratamento que vamos recomendar é físico/químico através da

coagulação/flotação.

5.2 ETAPAS DO PROCESSO DE TRATAMENTO

5.2.1 CORREÇÃO DO pH

Para corrigir o pH do efluente oriundo do processo de fabricação de tinta usa-se solução de

hidróxido de sódio usando-se uma bomba dosadora para o gotejamento, para obtenção do pH

em torno de 6,8, assim podendo ser realizado o tratamento pelo processo de

coagulação/floculação, quando necessário segundo análises.

O Hidróxido de sódio (NaOH) – Também chamado hidrato de sódio, soda caústica, obtem-

se por eletrólise do cloreto de sódio. Quando puro, apresenta-se em forma de massas brancas

de aspecto cristalino, peso específico 2,13, solúvel na água e no álcool. Funde antes do rubro,

e aos 1200 ou 1250º dissocia-se nos seus elementos. Encontra-se no comércio em forma de

escamas com uma pureza de 80%; em forma de cilindros com 94% de pureza e em solução

aquosa com uma densidade de 40 a 45º Bé. A soda cáustica comercial contém por via química

cerca de 84% de hidróxido de sódio, junto com 6 a 8% de carbonato, alem de cloreto, sulfato,

silicato, sulfito, tiossulfato e sulfeto de sódio. Obtida pelo método de eletrólise do cloreto é

muito mais pura. É de vasto emprego industrial.

5.2.2 FLOCULADOR
38

No floculador o efluente recebe por uma bomba dosadora a adição de sulfato de alumínio

para obtenção dos flocos.

Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 – Também chamado de sal de Haar, obtém-se aquecendo-se

o ao rubro a bauxita juntamente com carbonato de sódio formado. É um sal branco, difícil de

cristalizar, de densidade 1,77. Solúvel na água e pouco solúvel no álcool. Ao rubro se

decompõe, deixando um resíduo de óxido de alumínio. Emprega-se com sabão de resina para

colar o papel; no curtimento de peles em branco; na preparação de acetatos, alume, lacas, etc.;

como agente conservador de matérias orgânicas, como mordente em tinturarias; etc.

5.2.3 DECANTADORES

No decantador o efluente decanta por um tempo determinado, segundo o gradiente de

velocidade, sabendo-se que a velocidade é relativamente lenta. Passando após o tempo de

retenção o efluente para decantadores secundários e o floculado para tanques de resíduos

sólidos.

5.2.4 TANQUE DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Nos tanques de resíduos sólidos o material fica depositado segundo o volume gerado sendo

posteriormente retirado por empresa de limpeza sanitária e depositado em aterro industrial da

empresa.

A caracterização deste resíduo já está sendo determinada por outras empresas de mesma

atividade e classificam como Classe I segundo NBR 1005 e 10006 como não inerte.

5.2.5 TANQUE DE MISTURA

O tanque de mistura serve para homogenizar o efluente oriundo do sistema de tratamento


39

industrial e o sanitário sendo este efluente encaminhado para os tanques de resíduos sólidos.

Tanques de resíduos sólidos - Estes tanques servem para a decantação final do efluente,

sendo o material decantado (lodo) retirado por caminhão de limpeza sanitária e depositado em

aterro industrial. E a água tratada encaminhada para o sistema de esgoto pluvial do município.

5.3 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DETERMINADOS

5.3.1 pH

O Relatório de Ensaio nº 2613/2003 mostra que através do método analítico

potenciométrico o pH do efluente gerado, coletado antes do sistema de tratamento, apresenta-

se dentro dos valores máximos permitidos pela Legislação Ambiental de Santa Catarina,

usado como referência pelo IPAT.

O mesmo acontecendo com a amostra analisada no Relatório

nº 2615/2003.

5.3.2 DQO

Com relação as análises de DQO, os relatórios apresentam valores absolutamente

impossíveis de serem relacionados, sendo que a Legislação usada como base para as análises

não apresenta valores numéricos para este parâmetro.

5.3.3 DBO 05 DIAS

Diante do Relatório de Ensaio nº 2613/2003, não foi caracterizada valor numérico a DBO

devido a interferentes na amostra, e no Relatório nº 2615/2003 a DBO ultrapassa o máximo

permitido pelo Decreto 14.250/81 segundo análise realizada pelo IPAT, necessitando passar
40

este efluente por um tratamento adequado.

5.3.4 METAIS

Com relação aos metais foram analisados manganês e zinco

recomendações do Instituto, pelo método analítico Espectrofotômetro de

Absorção Atômica, sendo que os dois apresentam-se dentro dos valores máximos exigidos

pela Legislação.

5.3.5 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS

Na análise realizada para a determinação de sólidos sedimentáveis pelo método analítico

Cone Imnhof, o relatório de Ensaio nº 2613/2003 apresenta valor fora dos padrões máximos

permitidos pelo Decreto 14.250/81, usado pelo IPAT.

Sendo o resultado já esperado, pois o efluente não passou por nenhum tipo de tratamento e

caracterizando assim a necessidade de tratamento para o despejo deste efluente no corpo

receptor.

5.3.6 FENÓIS

Pela análise do Relatório de Ensaio nº 2614/2003 o resultado para fenóis está abaixo do

valor máximo permitido, pelo método analítico Colorimétrico, segundo a Legislação utilizada

como embasamento.

5.3.7 SULFETOS

O parâmetro em questão não foi possível analisar, pois a amostra coletada apresenta

interferentes para a realização do método analítico.


41
42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo SPERLING (1995), a fase inicial de um projeto corresponde aos estudos

preliminares. Estes estudos correspondem a caracterização e avaliação do sistema a ser

projetado. Dentro das características apresentadas tanto atividade da empresa, quanto o

efluente gerado foi desenvolvido o sistema de tratamento que nada mais é do que a obediência

aOS padrões exigidos pela Legislação e a obtenção da Licença Ambiental.

Por determinação da empresa o nome da organização foi preservada bem como os cálculos

do projeto, ficando o trabalho como um esboço de projeto.

Conforme a realidade do empreendimento o projeto foi elaborado economicamente viável e

adaptado a realidade da empresa em espaço físico, custo financeiro e eficiência.


43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARGENTEÉRE, R. Novíssimo receituário industrial: enciclopédia de fórmulas e receitas


para pequenas, médias e grandes indústrias. São Paulo: Ícone, 1992.

BRAILLE, P. M. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo: Cetesb, 1979.

CARRARA, Jr. A indústria química e o desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Metalivros,


1996.

KANTER, R. M. Classe Mundial uma agenda para gerenciar. São Paulo: Edgard Blucher
Ltda, 1993.

LEME, F. P. Teoria e técnicas de tratamentos de água. São Paulo: Cetesb, 1989.

MACÊDO, J. A. B. Águas & águas. São Paulo: Varela, 2001.

SPERLING, M. V. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Minas Gerais:


DESA, 1995.

SPITZ, C. Progresso ou distribuição. Rio de Janeiro: Terceiro Milênio, 1998.

TRINDADE, N. E. Curso de hidráulica. 5. ed. Porto Alegre: Globo, 1977.

WONGTSCHOWSKI, P. Indústria química: riscos e oportunidades. São Paulo: Edgard


Blucher Ltda, 1999.
44

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

SHREVE, R. N. Indústria de processos químicos. São Paulo: Cetesb, 1979.


45

ANEXOS

Você também pode gostar