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UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO

Engenharia Ambiental

EDMAR CESAR JUNIOR


FRANCISCO NOGUEIRA DE SOUZA NETTO
MARCELO ALOISE DE MENEZES
WLADIMIR LEONARDO DE BRITO

REUSO DE ÁGUA
NA PRODUÇÃO DE CONCRETO

SÃO VICENTE –
SP 2015
1

EDMAR CESAR JUNIOR


FRANCISCO NOGUEIRA DE SOUZA NETTO
MARCELO ALOISE DE MENEZES
WLADIMIR LEONARDO DE BRITO

REUSO DE ÁGUA
NA PRODUÇÃO DE CONCRETO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Ambiental da Universidade Santo Amaro –
UNISA, como requisito parcial para
obtenção do título Bacharel em Engenharia
Ambiental Orientador: Prof. Marcos
Henrique de Araujo.

SÃO VICENTE – SP
2015
2

EDMAR CESAR JUNIOR


FRANCISCO NOGUEIRA DE SOUZA NETTO
MARCELO ALOISE DE MENEZES
WLADIMIR LEONARDO DE BRITO

REUSO DE ÁGUA
NA PRODUÇÃO DE CONCRETO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental da


Universidade de Santo Amaro – UNISA, como requisito parcial para obtenção do
título Bacharel em Engenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Marcos Henrique de Araujo.

Santos, 01 de Dezembro de 2015.

Banca Examinadora

............................................
Profº Drº ...............

............................................
Profª Drª ...........................
DEDICATÓRIA

Dedicamos esse trabalho aos nossos familiares que nos apoiaram em toda a
nossa trajetória acadêmica.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos o apoio recebido por todos os funcionários da Unisa do Polo


São Vicente, em especial para a Secretária Adriana, que sempre esteve disponível para
tirar dúvidas e auxiliar em tudo que foi possível.
Agradecemos ao Prof° Marcos Henrique de Araujo, orientador do nosso
TCC, por suas informações que foram úteis para chegarmos a esse momento.
5

RESUMO

O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de propor melhorias no


sistema de captação e tratamento de água para reuso na produção de concreto na empresa
Engemix, diminuindo desperdícios, melhorando a qualidade de água, com um projeto de
baixo custo sem adição de coagulantes e ou outros aditivos, somente melhorando a
captação, aumentando e melhorando os tanques de decantação e armazenamento, desta
forma utilizando menor quantidade de água da concessionária que realiza o
abastecimento público, consequentemente economizando água potável, diminuindo o
custo, preservando o meio ambiente, melhorando a imagem da empresa, sem precisar
investir muito e com um retorno a médio prazo.

PALAVRAS-CHAVE: tratamento, reuso, desperdício.


6

ABSTRACT

This work was prepared in order to propose improvements in the collection and water
treatment system for reuse in concrete production in Engemix company, reducing waste,
improving water quality, with a low-cost project, without the addition of coagulants and
or other additives, improving the absorption, improving storage tanks and decanting, thus
using less water company that conducts public supply, saving drinking water, reducing
cost, preserving the environment, improving the company's image, without investing too
much, having a considerable financial return.

KEY WORDS: treatment, reuse, waste.


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LISTA DE FIGURAS

ORDEM PÁGINA

Figura 1 - Engemix......................................................................................................20
Figura 2 - Votorantim Cimentos no Brasil..................................................................21
Figura 3 - Central Dosadora de Concreto....................................................................22
Figura 4 - Recebimento de MCC.................................................................................22
Figura 5 - Baia de Agregado........................................................................................23
Figura 6 - Silo de Cimento...........................................................................................23
Figura 7 - Tanque de Aditivo.......................................................................................23
Figura 8 - Abastecimento de Caixas de Agregados.....................................................24
Figura 9 - Ponto de Carga............................................................................................24
Figura 10 - Sala de Comando.......................................................................................25
Figura 11 - Bate Lastro................................................................................................25
Figura 12 - Saída..........................................................................................................26
Figura 13 - Laboratório................................................................................................27
Figura 14 - Caixas de Decantação com Filtragem.......................................................29
Figura 15 - Filtragem na Captação de Água................................................................29
Figura 16 - Conta de Água de Rede Pública................................................................30
Figura 17 - Conta de Água de Caminhão Pipa............................................................30
Figura 18 - Análise de Água de Reúso para Produção................................................32
LISTA DE TABELAS

ORDEM PÁGINA

Tabela 1 - Parâmetros para Análise de Água..............................................................28

Tabela 2 - Consumo de Água Mensal.........................................................................31

Tabela 3 - Consumo de Água Acumulado..................................................................31

Tabela 4 - Gastos com Compra de Água.....................................................................31


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................10

2. METODOLOGIA................................................................................................17

2.1 Identificação da Empresa.....................................................................................19

2.2 História.................................................................................................................20

2.3 Processo de Produção...........................................................................................20

2.4 Proposta................................................................................................................26

3. RESULTADOS....................................................................................................29

4. DISCUSSÃO........................................................................................................32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................35

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................36

7. ANEXOS..............................................................................................................40
10

1. INTRODUÇÃO

A importância deste trabalho não se pode contestar, pois a água é considerada


o bem mais precioso do planeta, um recurso natural que a natureza nos proporciona há
muito tempo e primordial pra vida, por isso muito importante, conforme informado por
Mario Willian¹.

A água é a substância mais abundante em 70% dos seres vivos. O planeta


terra possui ¾ da superfície coberta por água, destes, 97,5% são salgadas e apenas 2,5%
doce, no entanto a maior parte desta água doce está na forma de gelo, constituindo as
calotas polares e geleiras, parte está na forma de gás e parte na forma liquida,
representadas pelas fontes subterrâneas e superficiais, já os rios e os lagos, que são as
principais formas de abastecimento, representam somente 0,3% deste percentual,
(SEZERINO; BENTO, 2005).

A água sofre alterações de suas características durante seu ciclo hidrológico,


entretanto isso ocorre nas condições naturais. (SETTI et al., 2001).

Segundo a Agenda 21, Capítulo 18, os recursos de água doce constituem um


componente essencial da hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os
ecossistemas terrestres.

Segundo Mário William, a ONU (Organização das Nações Unidas) está


preocupada com o tema, instituindo, inclusive, 22 de março como o Dia Mundial da
Água com o objetivo de incentivar os setores produtivos, a implantar soluções que
permitam economizar este recurso.

O processo de reutilização da água, com tratamento ou sem, para qualquer


utilização é chamado de reúso. Essa reutilização pode ser de maneira direta ou indireta,
decorrente de ações planejadas ou não, a redução da demanda sobre os mananciais, e a
substituição da água potável, em determinadas atividades, por um líquido de qualidade
inferior é grande vantagem deste processo (ANA, 2015).

¹ Entrevista concedida pelo gerente de relações institucionais da ABCP Mario William, à Altair Santos,
jornalista da empresa Cimento Itambé em 20/03/13.
No Brasil, desde os tempos dos engenhos de açúcar já se usava águas
residuais, isso ocorria na utilização do efluente originário das destilarias de álcool para
irrigar as plantações de cana. (LEITE, 2003).

Por volta da década de 40, a Indústria da construção civil começou a utilizar


as normas Técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para verificar
os parâmetros de qualidade da água para amassamento do concreto. As empresas
brasileiras, no entanto, seguiam ainda sim determinações de outros países, na maioria das
vezes, dos países europeus ou americanos ou até nem seguiam nada, não tinham um
critério ou parâmetro definido, seguindo o que seria melhor economicamente para as
mesmas. Com o início dos trabalhos sobre o tema no âmbito internacional ISO, o Comitê
Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB-18) tomou como base o
Projeto de Norma Internacional e criou uma norma para o Brasil, a NBR 15900 – Água
para amassamento do concreto, sendo que essa determinação pode interferir na
durabilidade do concreto final. (BATTAGIN, 2010).

A usina de concreto está sujeita ao licenciamento ambiental, segundo a


Resolução CONAMA nº 237 (2004), pois o processo de produção apresenta etapas que
geram impactos ao meio ambiente.

A política nacional de resíduos sólidos brasileira, instituída pela Lei n°


12.305 (2006), define que sempre que líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso
soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível,
deve-se adotar, desenvolver e aprimorar tecnologias limpas como forma de minimizar
impactos ambientais.

A NBR 15900 (2009) estabelece os parâmetros para água de amassamento do


concreto, levando em consideração a finalidade do uso do concreto e quais águas
residuais podem ser reutilizadas como, por exemplo, as provenientes da lavagem de
betoneiras. Contudo, água do mar, água salobra ou água proveniente de esgoto ou esgoto
tratado não podem ser utilizadas, por esta norma, para o amassamento do concreto. Águas
de fontes alternativas devem atender a uma série de requisitos químicos e físicos para
que seja possível seu
uso na produção do concreto, visando não apenas que sejam mantidas as suas
propriedades como, por exemplo, o tempo de pega e a resistência esperada, mas também
que a água utilizada não prejudique a durabilidade do concreto produzido.

A construção civil brasileira e indústrias de cimento e concreto têm


conseguido avanços significativos na questão de reutilização de água, por causa do
investimento em tecnologia (ROCHA,2003).

Segundo Arnaldo Battagin (2010), a água de abastecimento público é


adequada para fabricação do concreto e vem sendo utilizada, não necessitando de ensaio.
Porém quando a água vem de fontes subterrâneas, ou de captação pluvial ou ainda
oriunda de processo industrial, pode ser boa para uso do concreto, mas deve passar por
um processo de ensaio. No caso de água salobra (água com salinidade entre a da água do
mar e as chamadas águas doces) também pode ser utilizada, mas somente no concreto não
armado. Segundo a norma em ambos os casos, a água deve passar por um processo de
ensaio. A água salobra não deve ser usada em concreto armado ou protendido.

Ainda Segundo Arnaldo Battagin (2010), O projeto da norma brasileira prevê,


ainda, a reutilização de água de processos industriais em alguns casos, desde que
atendidos os parâmetros exigidos para durabilidade do concreto e das estruturas de
concreto. São eles; Lavagem de betoneiras, processos de corte, moagem, jateamento,
fresagem de concreto, durabilidade.

No caso de alguns fabricantes de concreto, o emprego de aditivos de alto


desempenho tem proporcionado a minimização do emprego de água, bem como
aumentado a produtividade. Seu emprego se dá apenas como água de amassamentos e
para a hidratação do cimento, e essa economia gerada pelas indústrias ligadas ao cimento
repercute em outros setores da cadeia produtiva da construção civil. Esse exemplo
influencia outros fabricantes a investirem em tecnologia que permita a preservação, a
racionalização e reuso da água (ROCHA, 2003).

As fontes de água do planeta estão ficando cada vez mais deficientes, devido
o crescimento da população e o avanço industrial e tecnológico e a falta de consciência
das pessoas, conforme informado por Mário William.
Segundo a Agenda 21, Capítulo 18, a mudança climática global e a poluição
atmosférica também podem ter um impacto sobre os recursos de água doce e sua
disponibilidade e, com a elevação do nível do mar, ameaçar áreas costeiras de baixa
altitude e ecossistemas de pequenas ilhas. Com o crescimento populacional, aumentou a
necessidade de água para abastecimento, agricultura de maior escala para alimentar a
crescente população, criação de mais indústrias que consomem mais água.

Um dos maiores problemas ambientais do Brasil é que as maiorias dos rios


que atravessam as cidades brasileiras estão prejudicados, boa parte sem vida. Essa
degradação é causada pelo despejo dos efluentes dos esgotos, sem qualquer tratamento.
Mesmo existindo a rede de coleta, esta não suporta a quantidade de ligações clandestinas
de esgoto no sistema pluvial (TUCCI et al., 2001).

Segundo Arnaldo Battagin (2010), ainda existem vários problemas do reuso


de água na produção de concreto. Mesmo com todos os avanços tecnológicos, um dos
principais problemas é a dificuldade de implantar melhorias em qualquer sistema de
reuso de água, devido o desconhecimento de equipamentos e ausência de tecnologia
barata e modernas para o tratamento, por isso as empresas ainda tem um custo e consumo
grande deste recurso hídrico, gerando efluentes, e resíduos, prejudicando o meio
ambiente.

O reuso contribui para a saúde pública e saneamento ambiental, além de


preservar os recursos hídricos. A proteção à saúde pública e ao meio ambiente são a base
dos critérios estabelecidos para a prática do reuso. Por isso é necessário conhecer a
legislação, que preconiza tratamentos mínimos necessários, os padrões de qualidade
exigidos para determinados usos, a eficiência exigida para o tratamento, a concepção dos
sistemas de distribuição e o controle de uso das áreas (CROOK, 1998). Já em 1988 a
/constituição abordava, no artigo 23, que é competência da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos municípios protegerem o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer das formas (inciso VI), abordava também sobre conservação da natureza,
defesa do solo e recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição (artigo 24 inciso VI). Para fins de definições, a Resolução nº 357, de
17 de março de 2005.

A água possui capacidade de autodepuração, ou seja, de se auto purificar,


auto renovar, pela ação da própria natureza. Os fatores de autodepuração são a diluição, a
re-aeração, a sedimentação e a luz solar. Geralmente o efluente pode ser lançado sem
tratamento em um curso d'água, desde que a descarga poluidora não ultrapasse cerca de
quarenta avos da vazão: um rio com 120L/s de vazão pode receber, grosso modo, a
descarga de 3L/s de esgoto bruto, sem maiores consequências (INFORME INFRA-
ESTRUTURA, 1997, p. 2). Frequentemente, os mananciais recebem cargas de efluentes
muito elevadas para sua vazão e não conseguem se recuperar pela autodepuração,
havendo a necessidade da depuração artificial ou tratamento. O tratamento do efluente
pode transformá-lo em água para diversos usos (ZINATO; OLIVEIRA, 2008).

Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas,


são necessárias para aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los
da poluição. Os métodos de tratamento de água são estabelecidos pelas características
físicas, químicas e biológicas da água a ser reutilizada e o objetivo de sua utilização, que
pode ser para indústria, agricultura ou consumo humano (RICHTER, 2009).

Vários são os processos de tratamento de água, porém para esta pesquisa


iremos trabalhar com dois, sedimentação e filtragem de partículas.

O processo de sedimentação é o processo que ocorre de remoção de partículas


sólidas em suspenção, fazendo com que a água percorra a maior distância possível para
que as forças gravitacionais atuem separando as partículas com densidades superiores.
Normalmente estas partículas têm formatos retangulares que se movimentam no sentido
da água. Desta forma, a água mais límpida estará na extremidade superior sendo retirada
do processo, enquanto que as partículas mais densas se depositarão no fundo do
decantador (RICHTER, 2009).
No processo de filtração ocorre à separação do sólido e do liquido,
proveniente de fenômenos físicos, químicos e, às vezes, biológicos, tendo em vista a
remoção das impurezas da água por sua passagem através de um meio poroso
(RICHTER; AZEVEDO, 1991).

Na filtração, o material mais comum é a areia, seguido do antracito, da areia


de granada e do carvão ativado granular (RICHER, 2009). Entretanto, é comum a
utilização de diferentes materiais em conjunto para uma maior eficiência neste processo.
Todavia, os meios filtrantes são influenciados por um conjunto de fatores, sendo eles, a
espessura e comprimento do filtro assim como tamanho, distribuição, esfericidade,
densidade e porosidade dos grãos (LIBÂNIO, 1996).

O reuso da água vem se mostrando uma alternativa para os problemas


quantitativos da água, o qual pode ser utilizado por variados segmentos, como o uso
doméstico, industrial, comercial, entre outros (MANCUSO, 2003)

A utilização da água na fabricação e aplicação do cimento, tem diminuído,


devido a alguns poucos equipamentos que preservam, racionalizam e permitem o reuso
da água. (ROCHA,2003).

Os estudos encontrados na literatura indicaram que concretos produzidos com


água residual da própria usina apresenta resistência à compressão superior a 90% da
obtida para o concreto produzido com água potável. Porém que a água para amassamento
do concreto não deve conter impurezas que possam vir a prejudicar as reações de
hidratação do cimento e a formação de seus compostos. O uso da água residual em outras
atividades que prescindem da água potável, como por exemplo, na lavagem de
caminhões- betoneira foi avaliado em apenas um estudo constante na literatura
investigada, sendo que o teor de sólidos foi destacado como um importante parâmetro a
ser monitorado (Sealey; Phillips; Hill, 2001)

Lima et al. (2005) levantaram as principais atividades poluidoras de uma


usina de concreto e de acordo com a análise de riscos de gravidade x probabilidade, a de
maior impacto é a de lavagem dos caminhões, esta água de lavagem tem o pH
modificado, o que pode ocasionar a morte de peixes, além da contaminação do lençol
freático.
O uso eficiente da água, abrangendo a componente de reuso, conduz ao
alcance de outros objetivos, tais como, a melhoria da imagem da indústria através da
otimização dos recursos, na redução dos impactos ambientais negativos, contribuindo
para a sustentabilidade de uma atividade (LOBO, 2004).

O grupo de alunos encontrou algumas possibilidades de melhoria no sistema


de decantação e filtragem da água que poderiam ser adotados pela Engemix objetivando
uma melhor qualidade da água para, assim, poder enquadrar a água de reúso dentro dos
parâmetros da NBR 15900 afim de poder utilizar essa na produção de concreto e, por fim,
reduzir os valores gastos com compra de água de rede pública e, consequentemente,
reduzir o impacto ambiental gerado pela captação de água de fontes limpas, sem que para
isso tenha impacto negativo na qualidade do concreto.

Para que a água de reuso pudesse ser utilizada sem reduzir a qualidade do
concreto, a Engemix deveria adotar um acréscimo na parede das caixas de decantação
com uma malha de brita que faria a retenção de impurezas menores que não são
decantadas no processo normal.

Adicionado a essa filtragem, a captação de água na última caixa poderia ser


realizada através de uma bomba envolvida em uma manta de bidim que faria a retenção
de impurezas de menor tamanho impossíveis de reter em uma decantação simples.
2. METODOLOGIA

O estudo tem o pilar no reuso da água no segmento de fabricação de concreto


em unidade da empresa Votorantim Cimentos (Engemix) localizada na Avenida Capitão
Luiz Pimenta, s/n° - bairro Parque Bitaru, cidade de São Vicente
– São Paulo.

Em um levantamento inicial efetuado nessa unidade indicou que já existe um


sistema usualmente utilizado para o tratamento da água residuária composto apenas por
três tanques de sedimentação com a entrada do efluente nas câmaras de sedimentação e
um tanque de saída do afluente.

Porém, devido a baixa qualidade da água de reúso, esse potencial de


reaproveitamento de água é utilizado apenas para umectação dos MCC (Materiais
Constituintes do Concreto) e para umectação do pátio, como forma de controle de
poluição ambiental causada pelo material particulado em suspensão.

Devido as características acima, o grupo de trabalho encontrou uma


oportunidade de melhoria com possibilidade de redução de custos na produção.

O desenvolvimento das etapas do trabalho está elencado abaixo com base no


recurso da água:

1-Propostas de redução de consumo de água potável de rede pública, conservação nas


etapas analisadas;
2-Desenvolvimento das práticas de conservação e reuso que são aplicadas pela empresa;
3-Processo de pesquisa com funcionários de operação nas áreas de produção bem como
com o pessoal de engenharia de processos, motoristas de betoneiras e coleta e compilação
das informações obtidas;
4- Verificação dos documentos, apontamentos qualitativos da água e efluente, cartilhas
de trabalho e cartilha técnica de equipamentos e avaliação de desempenho;
5- Acompanhamento das operações de fabricação de concreto, incluindo as dosagens de
cimentos, ligas, britas, areia com diversas granulometria, adição de água, e demais
atividades relacionadas nos setores de produção;
6-Identificações na área das instalações e acompanhamento nas operações, em especial e
diluição de água nos caminhões betoneiras;
7- Pesquisa de informações e referências bibliográficas sobre o tema reuso de água, bem
como sobre os processos de obtenção e tratamento de água e de efluentes;
8-Estudo sobre os tipos de tratamentos adequados a realidade da empresa.

Os dados para a elaboração do balanço hídrico foram obtidos a partir de


informes analíticos da empresa e verificação das instalações da unidade, bem como do
seu sistema de tratamento de água e seus controles internos de produção.
2.1 Identificação da Empresa

A Engemix, negócio de concreto da Votorantim Cimentos, é um dos maiores


nomes do segmento no Brasil. Estão presentes nas principais obras do país. Com
destaque na fabricação de concreto dosado em central e operando em suas centrais
espalhadas em grande parte do território nacional, oferecemos as melhores soluções,
produtos e serviços.

Figura 1 - Engemix

Hoje atende diferentes obras de pequeno a grande porte: imobiliárias,


comerciais e residenciais, obras industriais e de infraestrutura. Também participa do
mercado industrial com desenvolvimento de peças e pré-moldados de concreto.

A empresa conta com o que há de mais moderno em estrutura operacional e


desenvolvimento tecnológico no mercado de concreto, e mantém investimentos contínuos
no aprimoramento de seus produtos e serviços.

Além disso, possui um dos maiores centros de pesquisa e tecnologia em


concreto da América do Sul e laboratórios técnicos espalhados pelo Brasil.

As equipes são altamente capacitadas para realização de ensaios e


monitoramento, responsáveis por fazer o controle de qualidade dos produtos, tornando a
Engemix referência em sistemas de controle de resistência a compressão do concreto.
Figura 2 – Votorantim Cimentos no Brasil

2.2 História

Fundada em 1968 pelo Grupo Rossi, a Engemix é uma empresa nacional


prestadora de serviços de concretagem. Em 2002 o Grupo Votorantim, uma empresa
100% brasileira presente em mais de 20 países com diferentes negócios e uma ampla
gama de produtos e serviços, assumiu o comando da organização, integrando a produção
de concreto e cimento em diversos estados brasileiros. Desde então, o Grupo Votorantim
está presente nos segmentos de Metais, Siderurgia, Energia, Celulose, Agroindústria,
Cimento e Concreto.

Após dois anos da compra, a logomarca Engemix foi reformulada para


representar a modernidade, jovialidade, agilidade e austeridade que o Grupo Votorantim
tem como padrão em seus negócios, buscando sempre o aprimoramento da qualidade e
dos serviços prestados aos clientes.

2.3 Processo de Produção

A produção de concreto dentro de uma Central Dosadora de Concreto (CDC)


ocorre em 7 etapas básicas, conforme descrito abaixo.
Figura 3 – Central Dosadora de Concreto

O concreto é produzido através da mistura do cimento, agregados (areia e


brita), água e aditivos - o mais usado é um plastificante que, além de dar plasticidade à
mistura, retarda o início de pega do concreto, possibilitando sua entrega em até duas
horas e meia. O recebimento dos MCC é realizado pela portaria central por uma pessoa
treinada nos procedimentos da empresa. O material é verificado e só então descarregado
nos respectivos locais de armazenamento.

Por amostragem, os materiais recebidos são testados em laboratório para


controle de qualidade de acordo com as normas técnicas vigentes e com os procedimentos
operacionais da empresa.

Figura 4 – Recebimento de MCC


Os agregados (areia e brita) são estocados em baias.

Figura 5 – Baias de Matéria Prima

O cimento é armazenado nos silos.

Figura 6 – Silos de Cimento

Os aditivos são armazenados em tanques que ficam próximos ao ponto de


carga das betoneiras.

Figura 7 – Tanque de aditivos


A pá carregadeira transporta os agregados para a moega que, através de uma
esteira, abastece a caixa de agregados. A areia, a brita e outros produtos possuem cada
uma a sua caixa. Um sistema automatizado alerta toda vez que uma das caixas está com
nível baixo de estoque para que seja reabastecido.

Figura 8 – Abastecimento de caixas de agregados

Os materiais constituintes do concreto são separados e pesados na caixa de


agregados e transportados por esteira até o ponto de carga, onde são inseridos no balão da
betoneira. A água e o aditivo também são adicionados, assim como o cimento, que cai
dos silos que estão localizados logo acima. Todo esse processo é automatizado e
controlado pela sala de comando.

Figura 9 – Ponto de Carga

A sala de comando controla toda a produção da central. Existem diferentes


especificações de concreto para diferentes aplicações e é na sala de comando que os
pedidos dos clientes são processados e organizados e também onde são emitidas as notas
fiscais.
A dosagem do concreto é realizada por um Coordenador de Tecnologia e
inserido no sistema com antecedência mínima de 48 horas – para alguns traços especiais,
podem ser necessários até 28 dias para que o concreto seja previamente testado no
laboratório e só então cadastrado no sistema.

Três vezes por dia é realizado um ensaio para verificar a umidade das areias e
informar o sistema da necessidade de corrigir a quantidade de água do traço.

Figura 10 – Sala de Comando

Carregadas, as betoneiras seguem para o bate lastro, onde o concreto é


misturado por aproximadamente dez minutos.

Figura 11 – Bate Lastro

Com o concreto misturado e pronto para ser entregue, a betoneira vai até a
portaria onde é colocado o lacre – garantia para o cliente de que o caminhão saiu da
central e chegou ao local de entrega sem ser extraviado, e é entregue a nota fiscal.
Figura 12 – Saída

A cada 20 metros cúbicos de concreto produzido pelas centrais (enquanto a


norma prevê uma modelagem a cada 50 metros cúbicos) é feito uma coleta de material
para análise em laboratório. Esta amostra chama-se corpo de prova, que são moldados no
local da obra pelo motorista (em geral são quatro exemplares coletados por uma equipe
de motoristas do laboratório no prazo máximo de 48 horas). Estes corpos de prova são
recebidos no laboratório, identificados e armazenados em câmara úmida (ou tanque com
água com temperatura controlada) até a data da ruptura. Na data de ruptura, os corpos de
prova são retirados da cura e levados para a retífica ou acabamento com enxofre, que tem
o objetivo de deixar a base e o topo do corpo de prova nivelados. Após esse processo,
eles são rompidos em prensas automatizadas no laboratório sete e 28 dias após sua
retirada. Os resultados são analisados, tornando possível o controle da qualidade do
material produzido nas centrais.

Figura 13 – Laboratório
2.4 Proposta

A unidade ENGEMIX de São Vicente envolve um complexo de


fabricação e distribuição de concreto, com área de aproximadamente 5.850 m2, onde
possui empregados e terceiros realizando prestação de serviços. A escala de trabalho é
dividida entre turnos de revezamento.

A produção média de concreto da unidade é de 3.100 m³/mês.

Nessa unidade são comprados em média 702,8 m³ de água potável


mensalmente para a produção de concreto e também para o consumo humano.

Desse volume o consumo é distribuído da seguinte forma:

90% é utilizado na produção de concreto


10% é utilizado nos banheiros e refeitório

O sistema de tratamento de água que a unidade possui aproveita o potencial


hídrico e consegue disponibilizar em média 100 m³/mês de água que são utilizados na
umectação do pátio e umectação do estoque de MCC (materiais constituintes do
concreto).

A proposta do trabalho é de utilizar a água obtida no sistema de tratamento da


unidade para a produção de concreto, sem que haja impacto negativo na qualidade do
produto.

Para isso a unidade deve alterar o atual sistema de tratamento de água


residuária com a ampliação das 3 caixas de decantação para 6 caixas e melhorar o sistema
de filtragem através da implantação de uma malha de brita na parte superior das paredes
que dividem as caixas (Figura 14) e uma cerca com manta de bidim na captação da água
feita pela bomba d’água (Figura 15). Para garantir a qualidade da água, periodicamente
deverá ser realizado ensaio físico-químico com base nos parâmetros da NBR 15900,
estabelecido na tabela 1.
Parâmetros Requisito Procedimento de ensaio
Óleos e gorduras Não mais que traços visiveis ABNT NBR 15900-3
Detergentes Qualquer espuma deve desaparecer em 2 min ABNT NBR 15900-3
A cor deve ser comparada qualitativamente com água potável
devendo ser amarelo claro a incolor, exceto para água
Cor classificada em 6.2.2. ABNT NBR 15900-3
Material sólido Máximo de 500 mg/L ABNT NBR 15900-3
Águas de fontes classificadas em 6.2.2 não devem apresentar
cheiro, exceto um leve odor de cimento e, onde houver
escória, um leve odor de sulfeto de hidrogênio após a adição
Odor
de ácido clorídrico. ABNT NBR 15900-3
Água de outras fontes deve ser inodora e sem odor de sulfeto
de hidrogênio, após a adição de ácido clorídrico. ABNT NBR 15900-3
Ácidos pH ≥ 5 ABNT NBR 15900-3
A cor da água deve ser mais clara ou igual à da solução-
Matéria orgânica padrão, após a adição de NaOH ABNT NBR 15900-3
Cloretos
Concreto protendido ou graute Máximo de 500 mg/L ABNT NBR 15900-6
Concreto armado Máximo de 1.000 mg/L ABNT NBR 15900-6
Concreto simples Máximo de 4.500 mg/L ABNT NBR 15900-6
Sulfatos Máximo de 2.000 mg/L ABNT NBR 15900-7
Álcalis Máximo de 1.500 mg/L* ABNT NBR 15900-9
Contaminação prejudicial
Açucares Máximo de 100 mg/L ABNT NBR 15900-11
Fosfatos (P2O5) Máximo de 100 mg/L ABNT NBR 15900-8
Nitratos (NO3) Máximo de 500 mg/L ABNT NBR 15900-10
Chumbo (Pb2+) Máximo de 100 mg/L ABNT NBR 15900-5
Zinco (Zn2+) Máximo de 100 mg/L ABNT NBR 15900-4

* Se esse limite for excedido, a água pode ser usada apenas se for comprovado que foram tomadas ações preventivas quanto a
Tabela 1 – Parâmetros para análise de água

Figura 14 – Caixas de decantação com filtragem


Figura 15 – Filtragem na captação de água
3. RESULTADOS

Em análise e apuração das informações sobre o histórico de utilização de


água em outras unidades da Engemix, com a implantação da água de reuso para a
produção de concreto, podemos observar uma considerável redução nos custos devido
reduzir a compra de água de rede pública.

Estimativas indicam que com a utilização de água de reúso para amassamento


do concreto, é possível reduzir a compra de água de rede pública em até 30%.

Figura 16 – Conta de água da rede pública

Figura 17 – Conta de água de caminhão pipa


A partir da estimativa das unidades da Engemix que utilizam a água de reúso
na produção de concreto, e tomando por base os valores gastos com compra de água
(Figuras 16, Figura 17 e Tabela 4) e também com base nas informações de consumo de
água (Tabela 2 e Tabela 3), a unidade de São Vicente poderá economizar um valor
próximo de R$ 3.100,00/mês.

Essa redução também significa um benefício ao meio ambiente e para a


população do município, pois a unidade deixaria de captar em média 210 mil litros de
água por mês, em sua maioria, provenientes da rede pública que por muitas vezes falta
para o abastecimento da população em geral.

CDC SÃO VICENTE Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Consumo de água (caminhão pipa) (m³) 0 0 40 0 0 40 40 40 20 20
Consumo de água (rede pública) (m³) 834 686 680 493 605 653 617 820 668 772
Tabela 2 – Consumo de água mensal

CDC SÃO VICENTE 2015


Consumo de água (caminhão pipa) (m³) 200
Consumo de água (rede pública) (m³) 6828
Consumo total acumulado 7028
Tabela 3 – Consumo de água acumulado

Fonte Valor/m³ Valor Total


Caminhão Pipa R$ 22.00 R$ 4,400.00
Rede Pública R$ 12.00 R$ 81,936.00
Total Gasto R$ 86,336.00
Tabela 4 – Gastos com compra de água

Com base nas análises de água de reúso de outras unidades da Engemix foi
observado que é possível obter uma água que atenda os parâmetros normativos exigidos
na NBR 15900 - Água para Amassamento do Concreto.

A unidade de São Vicente deverá adotar um controle da qualidade da água de


reuso com análises físico-químicas realizadas em laboratório controlado, com
periodicidade mínima trimestral para garantir o atendimento aos parâmetros normativos
de água para amassamento de concreto.
Figura 18 – Análise de água de reúso

Os testes de resistência de corpo de prova de concreto, que são realizados a


cada 20m³ de concreto produzido, também servirão como acompanhamento da qualidade
da água, pois a água utilizada na produção pode influenciar diretamente na qualidade do
concreto produzido.
4. DISCUSSÃO

Atualmente sabemos que a água é um bem precioso, não só pela necessidade


que temos para manter a vida diretamente, como também pelos vários processos do nosso
cotidiano que a usam. Mas nem sempre foi assim. Culturalmente, principalmente em
nosso país, o uso da água sempre foi irracional e com muito desperdício e descaso, pois o
que não era consumido muitas vezes acabava sendo contaminado por algum tipo de
poluente.

Hoje entende-se que a água é um recurso finito. É um recurso vivo que


precisa ser preservado. Seu consumo deve ser racional e sem desperdícios. Suas fontes
devem ser protegidas de poluentes e bem manejadas para que se evite a perda de
quantidade e qualidade.

A água de reuso é um bom exemplo para aqueles que querem fazer parte do
crescente grupo de pessoas interessadas em melhorar o nosso planeta. Através do reuso
evita-se o uso de água potável, reservando-a para fins mais apropriados, como o consumo
humano. Ao mesmo tempo em que se ganha não pagando por uma água com um
tratamento melhor que aquele necessário para o seu uso específico e, ainda, com isto
passando uma imagem positiva, por se ter pensado de modo pró-ecológico.

A escassez de água, mesmo em nosso país, que possui cerca de 12% da água
doce de superfície do planeta, vem promovendo novas opções para seu uso mais racional.
Um exemplo é a reutilização de águas servidas, que produzem economia financeira e de
recursos naturais (RUBIM, 2012).

O reuso de água é uma técnica utilizada desde a antiguidade. É um


procedimento bem aceito pela sua simplicidade e eficácia de diminuir o consumo da água
potável e dar um destino mais apropriado para os efluentes.

Torna-se, assim, uma boa solução para o atual problema da falta de água e se
enquadra perfeitamente nos parâmetros exigidos pelas leis que defendem o meio
ambiente.

O reuso de água na indústria já é uma prática reconhecida. As empresas


aceitam este procedimento para atender as leis, diminuir custos e para
mostrar ao seu público que está no caminho da sustentabilidade, buscando medidas
ambientalmente corretas.

A resposta do mercado financeiro às empresas que promovem práticas de


economia sustentável vem, de modo contínuo, agregando valor e segurança a seus ativos
e proporcionando mais retorno a seus investidores. Empresas que não atentam para a
economia sustentável concorrem para a perda de oportunidades em mercados que estão
em constante sintonia com fatores ambientais. (HESPANHOL, 2010).

Na indústria de concreto o reuso de água para amassamento é uma prática


consolidada e testada. A água ideal para amassamento de concreto é a potável, contudo
não há nada que proíba o uso de água não potável ou impura. Com respeito à qualidade
da água, foi feito um estudo muito completo por Abrams (apud PIZARRO, 1968) no
início do século XX, sobre qualidade de água usada em concreto. Foram feitos vários
testes com dezenas de amostras distintas de água usando milhares de corpos de prova de
argamassa e concreto. As águas sem pureza não produziram efeito negativo no concreto,
quando usadas para seu amassamento. A cor e o cheiro da água em teste não devem ser
usados como referência para que se julgue a sua qualidade, pois experimentos feitos com
água de aparência ruim deram bons resultados.

O reuso de água na ENGEMIX é praticado com sucesso. Todos os benefícios


que são esperados do processo são alcançados: atende as leis, diminui o custo e demostra
a tendência para a economia sustentável da empresa.

Contudo, com poucas adequações ao processo já existente na ENGEMIX,


haverá um retorno maior para a empresa, pois com um tratamento mais eficaz a água com
certeza ficará menos impura, havendo uma economia substancial no uso de aditivos,
consequentemente diminuindo os custos. Fica evidente o valor que este procedimento
pode agregar ao produto.

O reuso de água no amassamento de concreto é uma excelente solução tanto


economicamente falando como também ambientalmente, pois diminui o custo direto da
conta de água da concessionária enquanto a água servida que foi tratada, para que se
cumprisse a lei, antes de ser despejada em
um corpo d’água, ao invés disso pode ser aproveitada na própria empresa. E, em segundo
plano, mas não menos importante, é uma ação dentro dos moldes da economia
sustentável, algo que é muito bem visto não só pelos clientes diretos, mas por todos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Notadamente, o reuso de água é uma pratica viável tanto técnica como


economicamente e atende aos critérios legais da área ambiental.

As técnicas de reuso de água são simples e eficientes. Promovem a economia


de água importada e estabelece uma reserva de água estratégica para a produção,
diminuindo a dependência direta da empresa consumidora com a concessionária.
Viabiliza um uso produtivo da água servida que deveria ser descartada como efluente.

Isto sem contar com o fato de que os efluentes de produção devem, por força
de lei, passar por um tratamento que permita que sejam despejados em corpos d’água.
Este tratamento de efluente para despejo em corpos d’água torna a água de reuso própria
para diversos fins, que não seja consumo humano. Então, já que a água servida deve ser
tratada antes do descarte, por que não usá-la dentro da própria empresa? Deste modo ao
invés de tratar a água e descartá-la, ela pode ter um fim produtivo dentro da empresa, que
já gastou para fazer o tratamento para o descarte. Fica assim evidente a vantagem
econômica do reuso de água.

O meio ambiente também lucra com este procedimento. Com o reuso de água
o consumo de água potável da concessionária diminui contribuindo para a manutenção
das reservas para outros consumidores que não possuem esta opção. Os efluentes deixam
de ser lançados nos corpos d’água, evitando que as impurezas dos processos produtivos,
que mesmo após o tratamento podem continuar a contaminar as águas servidas, sejam
despejadas nestes corpos d’água.

O reuso da água para amassamento de concreto é uma prática viável técnica,


econômica e ambientalmente. Traz benefícios para o usuário, para o meio ambiente e a
sociedade. Economiza água potável, aumentando a margem de receita do produto final,
sem que para isso tenha sua qualidade comprometida. Mostra um exemplo a todos de
como podemos adequar os processos do nosso cotidiano para a nova realidade da água
como um recurso que é finito.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
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12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 237, de 22 de


dezembro de 1997. Diário Oficial da União, Brasília, 22 dezembro 1997
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 430, DE 13 DE
MAIO DE 2011, Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,
Complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 448, DE 18 DE


JANEIRO DE 2012 Publicada no DOU Nº 14, quinta-feira, 19 de janeiro de 2012. Altera
os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10º e 11º da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do
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40

7. ANEXOS

ANEXO A - Hidrômetro 1 (ponto de carga)

ANEXO B - Hidrômetro 2 (ponto de carga)


ANEXO C - Hidrômetro 3 (bate lastro / redosador)

ANEXO D - Painel de controle de pesagem


ANEXO E - Caixas de decantação

ANEXO F - Bate lastro e caixas de decantação


ANEXO G - Certificado de calibração do hidrômetro 3
ANEXO H - Certificado de calibração do hidrômetro 1

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