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Fisiologia

Tratamento de
2ª edição

Efluentes Industriais

Selmo Lemos Hartmann

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Tratamento de Efluentes Industriais

DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado
Texto: Selmo Lemos Hartmann
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói

H333t Hartmann, Selmo Lemos.


Tratamento de efluentes industriais / Selmo Lemos Hartmann ;
revisão deRafael Dias de Carvalho Moraes. – 2. ed. – Niterói, RJ:
UNIVERSO:Departamento de Ensino a Distância, 2018.
173 p. : il.

1. Resíduos industriais - Tratamento. 2. Esgoto - Tratamento. 3.


Proteção ambiental. 4. Água - Reuso. 5. Poluição industrial. 6.
Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título.

CDD 628.1683

Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990

Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

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Tratamento de Efluentes Industriais

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio


dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsável pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora.

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Tratamento de Efluentes Industriais

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Tratamento de Efluentes Industriais

Sumário

Apresentação da disciplina ................................................................................................ 07

Plano da disciplina .............................................................................................................. 09

Unidade 1 – Características e Classificação dos Efluentes Líquidos Industriais ......... 11

Unidade 2 – Tratamento Preliminar e Tratamento Primário ......................................... 33

Unidade 3 – Tratamento Secundário................................................................................ 71

Unidade 4 – Tratamento Terciário .................................................................................... 99

Unidade 5 – Reúso de Efluentes Industriais .................................................................... 137

Considerações finais ........................................................................................................... 165

Conhecendo o autor ........................................................................................................... 166

Referências ........................................................................................................................... 167

Anexos .................................................................................................................................. 169

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Tratamento de Efluentes Industriais

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Tratamento de Efluentes Industriais

Apresentação da disciplina

Seja bem-vindo ao curso de Tratamento de Efluentes Industriais

A disciplina Tratamento de Efluentes Industriais é uma etapa muito importante


na sua formação profissional, é conteúdo que lhe servirá de base para se
aprofundar em uma ciência que a cada dia está sendo mais cobrada. O cuidado
com o meio ambiente é a cada momento mais intensamente cobrado em qualquer
projeto, hoje a sociedade impõe que os profissionais, em qualquer área, seja um
guardião da natureza e para isso a cultura de “jogar” os resíduos indesejados fora a
cada dia vai ficando para o passado, pois não existe “fora” , sempre será DENTRO do
meio ambiente.

Com o Tratamento de Efluentes Industriais, os resíduos indesejados em


solução são tratados e até recuperados e isso é de suma importância para a defesa
do meio ambiente, preservando os lençóis d’água e economizando o maior
tesouro que nos pertence que é o maior percentual de água do planeta.

Antigamente, não havia a preocupação de definir a produção de efluentes


líquidos industriais e de avaliar como que esses líquidos prejudicavam o meio
ambiente, porém, com o passar dos tempos, nova leis foram criadas e outras
modernizadas. Hoje em dia, com a conscientização ambiental, proporcionou-se a
mudança de hábito das indústrias que começaram a desenvolverem atividades
para controlar o volume da vazão e determinar a composição de seus efluentes.
Por isso, se faz necessário um maior aprofundamento nessa disciplina.

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Tratamento de Efluentes Industriais

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Tratamento de Efluentes Industriais

Plano da Disciplina

O estudo da Disciplina Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais tem como


objetivo principal possibilitar aos alunos condições de identificar os diversos tipos
de tratamento de efluentes líquidos industriais, servir como base para a criação de
projetos de preservação ambiental.

A disciplina foi dividida em cinco unidades para maior compreensão dos


assuntos abordados. Com a finalidade de facilitar a compreensão, segue uma
síntese de cada unidade, ressaltando seus objetivos específicos para que você
possa ter uma visão ampla do conteúdo que irá estudar.

Unidade 1 – Características e Classificação dos Efluentes Líquidos


Industriais

Nesta primeira unidade, estudaremos as características e as classificações dos


efluentes líquidos industriais, algumas normas e leis, tipos de processos de
tratamento, a aplicação em diferentes industriais, parâmetros que devem ser
seguidos à metodologia dos tratamentos.

Objetivo: caracterizar, classificar os efluentes líquidos industriais, conhecer os


tipos de tratamentos os seus usos e suas finalidades.

Unidade 2 – Tratamento Preliminar e Tratamento Primário

Nesta segunda unidade, estudaremos o tratamento preliminar e o tratamento


primário dos efluentes líquidos industriais, cada etapa dessas fases, os
equipamentos necessários e os seus funcionamentos.

Objetivo: compreender as diferenças e as finalidades de cada um desses tipos


de tratamentos.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Unidade 3 – Tratamento Secundário

Nesta terceira unidade, estudaremos o tratamento secundário, as reações


químicas e bioquímicas que servirão para tratar e purificar os efluentes.

Objetivo: Identificar e conceituar tratamento secundário e o que é processo


aeróbico e anaeróbico.

Unidade 4 – Tratamento Terciário

Nesta quarta unidade, veremos o que é o tratamento terciário a que ele se


destina, qual é a sua importância no tratamento de efluentes líquidos industriais
como um todo.

Objetivo: Entender a aplicabilidade do tratamento terciário e os objetivos de


cada uma de suas etapas.

Unidade 5 – Reúso de Efluentes Líquidos Industriais

Nesta quinta unidade, veremos o que o tratamento de efluentes líquidos


Industriais pode gerar como recurso hídrico para reutilização, qual é a importância
do reúso desses efluentes.

Objetivo: Entender a aplicabilidade do reúso dos efluentes líquidos industriais


e a sua necessidade para a preservação dos recursos hídricos naturais.

Bons estudos!

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Tratamento de Efluentes Industriais

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Características e
Classificação dos Efluentes
Líquidos Industriais

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Tratamento de Efluentes Industriais

Nesta primeira unidade, estudaremos as características e a classificação dos


efluentes líquidos industriais, algumas normas e leis, tipos de processos de
tratamento, a aplicação em diferentes industriais, parâmetros que devem ser
seguidos e a metodologia dos tratamentos. A partir desses conhecimentos,
poderemos entender a finalidade e a necessidade dos diversos tratamentos de
efluentes líquidos industriais.

Objetivo da Unidade:

Caracterizar, classificar os efluentes líquidos industriais, conhecer os tipos de


tratamentos os seus usos e suas finalidades.

Plano da unidade:

 Características e classificação dos efluentes líquidos industriais

 Levantamento, e caracterização e classificação de efluentes líquidos


industriais

 Tipos de processos de tratamento

 Aplicações dos processos em diferentes industriais

 Principais parâmetros de projetos


 Metodologia de tratamento de efluentes líquidos industriais

Bons estudos!

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Tratamento de Efluentes Industriais

Características e Classificação dos Efluentes Líquidos


Industriais.

A Norma Brasileira — NBR 9800/1987

Estabelece critérios para o lançamento de efluentes líquidos industriais no


sistema coletor público do esgoto sanitário.

Para os efeitos dessa Norma são adotadas as seguintes definições:

Efluente líquido industrial

Despejos líquidos provenientes de estabelecimento industrial,


compreendendo efluentes de processos industriais, águas de refrigeração
poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico.

Efluentes de processo industrial

Despejos líquidos provenientes das áreas de processamento industrial,


incluindo os originados nos processos de produção, as águas de lavagem de
operação de limpeza e outras fontes, que comprovadamente apresentem
poluição por produtos utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial.

Águas de refrigeração poluídas

Águas resultantes de processos de resfriamento que comprovadamente


apresentem contaminação por produtos utilizados ou produzidos no
estabelecimento industrial.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Águas pluviais poluídas

Águas pluviais provenientes de áreas de estocagem ou de transbordo, sujeitas


à poluição por produtos utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial.

Esgoto doméstico

Despejo líquido resultante do uso da água pelo homem seus hábitos


higiênicos e atividades fisiológicas.

Esgoto sanitário

Despejo líquido constituído de esgoto doméstico e industrial, água de


infiltração e a parcela de contribuição pluvial parasitária julgada conveniente.

Origem: ABNT - 02:009.59-092/1986

CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil

CE-02:009.59 - Comissão de Estudo de Despejos Industriais em Rede Pública de


Esgotos Sanitários

Antigamente, não havia a preocupação de definir a produção de efluentes


líquidos industriais e de avaliar como que esses líquidos prejudicavam o meio
ambiente, porém, com o passar dos tempos, novas leis foram criadas e outras
modernizadas, hoje em dia com a conscientização ambiental proporcionou-se a
mudança de hábito das indústrias que começaram a desenvolverem atividades
para controlar o volume da vazão e determinar a composição de seus efluentes.

Os efluentes líquidos variam de indústria para indústria, suas características


físicas, químicas e biológicas dependem do tipo de processo que a indústria utiliza,
o que ela produz, qual a matéria-prima utilizada, os solventes utilizados, se utiliza
água, ela é reutilizada?

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Tratamento de Efluentes Industriais

Devido a tais variáveis, os efluentes líquidos podem ser solúvel, insolúveis,


com sólidos em suspensão, com odores, com cores, se orgânicos ou inorgânicos.

O controle do volume de vazão e da composição dos efluentes líquidos


industriais permite a identificação do grau de poluição ou contaminação que esses
efluentes líquidos estão proporcionando que é de suma importância para definir a
política e as técnicas de tratamento para o enquadramento do processo da
indústria na legislação ambiental vigente.

A emissão de efluentes líquidos na natureza foi regulamentada pelo


“Protocolo de Anápolis”, publicado em 1999, que diz respeito ao lançamento de
esgoto sanitário no mar, através de emissários submarinos.

No Brasil, e em vários países do mundo, a lei ambiental impõe várias regras


para o descarte de resíduos líquidos sobre os chamados corpos d’água com o
objetivo de diminuir e limitar os danos provocados pela poluição provocada à
natureza.

A maior parte das empresas idôneas e regulamentadas segue a legislação


federal. Recentemente, em 2011, no âmbito nacional, foi publicada a resolução nº
430, de 13 de maio de 2011, a qual classifica os corpos de água e ainda traça outras
diretrizes ambientais. Também estabelece condições para o lançamento de
efluentes. Essa resolução tem como objetivo complementar (e alterar
parcialmente) a anterior, nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA).

Porém, nada impede que os estados criem leis estaduais para regular o
descarte de efluentes líquidos.

Um exemplo é o Estado de São Paulo, desde 1976, está em vigor nesse estado
o decreto 8468/76, o qual dispõe os parâmetros para a liberação de efluentes
tratados nos rios ou nas redes de esgoto com os artigos 18 e 19A. Dentro desses
dispositivos legais, estão estabelecidos alguns limites, como o máximo de
poluentes permitidos no efluente. Outro critério avaliado é o padrão de qualidade
do corpo receptor. Em outras palavras, se a qualidade da água do rio não vai ser
modificada devido ao descarte dos poluentes.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Abaixo, seguem algumas Leis que regulam o descarte de efluentes líquidos:

Lei nº 13.579, de 13 de julho de 2009 de São Paulo


Artigo 39 da Lei nº 13.579 de 13 de Julho de 2009 de São Paulo
Artigo 41 da Lei nº 13.579 de 13 de Julho de 2009 de São Paulo
Decreto nº 11.235 de 10 de outubro de 2008 da Bahia
Artigo 57 do Decreto nº 11.235 de 10 de Outubro de 2008 da Bahia
Artigo 56 do Decreto nº 11.235 de 10 de Outubro de 2008 da Bahia
Lei Complementar nº 747 de 23 de Março de 2010 de Blumenau
Artigo 146 Lc nº 747 de 23 de Março de 2010 do Munícipio de Blumenau
Artigo 147 Lc nº 747 de 23 de Março de 2010 do Município de Blumenau
Artigo 145 Lc nº 747 de 23 de Março de 2010 do Município de Blumenau
Lei nº 12.233, de 16 de janeiro de 2006 de São Paulo
Artigo 48 da Lei nº 12.233 de 16 de Janeiro de 2006 de São Paulo
Lei nº 15.790, de 16 de abril de 2015 de São Paulo
Lei nº 3464 de 18 de dezembro de 2008 da Farroupilha
Lei nº 3761 de 24 de dezembro de 2002 da Americana
Lei Complementar nº 1616 de 19 de janeiro de 2004 do Ribeirão Preto
Lei nº 3486 de 09 de maio de 2006 do Patos
Lei nº 9896 de 16 de novembro de 2000 de Juiz de Fora
Lei nº 3668 de 28 de maio de 2002 da Americana
Lei nº 9.866, de 28 de novembro de 1997 de São Paulo
Lei nº 1440 de 21 de dezembro de 1992 do Timbó
Lei nº 1803, de 25 de Março de 1991 do Rio de janeiro
Lei nº 1803, de 25 de Março de 1991 do Rio de janeiro
Lei nº 7.641, de 19 de dezembro de 1991 de São Paulo

Fonte: http://www.jusbrasil.com.br

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Tratamento de Efluentes Industriais

Levantamento, e caracterização e classificação de efluentes


líquidos industriais

Como os efluentes líquidos industriais são os produtos do uso de água, pelas


industriais nas diversas etapas do processo de produção industrial, como
resfriamentos dos sistemas, na fabricação direta do produto fim, na limpeza e
lavagem dos maquinários e mesmo do parque industrial.

Esses efluentes líquidos industriais variam de acordo o tipo de produção:

 Podem conter óleos diversos

Nas indústrias que produzem óleos diversos, como de soja, azeites, indústrias
de tintas, de cosméticos e outras, ainda existe nas máquinas industriais o óleo
lubrificante que na lavagem e limpeza das mesmas, pode ocorrer a produção de
efluentes líquidos industriais com esse contaminante.

 Podem conter metais pesados

Nas indústrias que produzem tintas, nas indústrias de reciclagem, nas


empresas de galvanização e outras pode ocorrer a produção de efluentes líquidos
industriais com esse contaminante.

 Podem conter resíduos minerais

Nas indústrias mineradoras, metalúrgicas, refinarias de petróleo e outras,


podem ocorrer a produção de efluentes líquidos industriais com esse
contaminante.

 Podem conter matérias orgânicas

Nas indústrias de alimentos, nas indústrias de laticínios, na agropecuária e


outras pode ocorrer a produção de efluentes líquidos industriais com esse
contaminante.

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Tratamento de Efluentes Industriais

 Podem conter outras substâncias altamente contaminantes e tóxicas

Nas indústrias produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis e


outros pode ocorrer a produção de efluentes líquidos industriais com esses
contaminantes.

Uma grande quantidade desses efluentes é lançada novamente ao meio


ambiente e devido a isso tem que sofrer um tratamento rigoroso para não poluir o
solo, o rios, os mares e o lençol freático. A poluição em qualquer sistema desses e
facilmente percebida, pois esses efluentes têm como característica o odor e a cor e
outras variáveis, que são desagradáveis para os seres humanos, além do caráter
perigoso das substâncias.

Hoje no Brasil existem várias estações de tratamento de efluentes (ETE) com a


finalidade de minimizar o despejo de poluentes do efluente no meio ambiente.

E todos os efluentes que voltam à natureza precisam se enquadrar nos


parâmetros estabelecidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. A norma, em vigor
desde março de 2005, reclassificou os corpos de água e definiu novos padrões para
o lançamento de efluentes. Ela prevê pena de prisão a administradores de
empresas ou responsáveis técnicos que não cumpram os parâmetros.

O tratamento de efluentes ocorre em duas grandes etapas, basicamente, em:


a biológica e a físico-química.

A etapa biológica dos efluentes líquidos industriais. é feito com uso de


bactérias e outros microrganismos que degradam a matéria orgânica poluidora
através de processo respiratório. Já a etapa físico-química, ocorre a eliminação de
resíduos contaminantes por intermédio de reações químicas que e fenômenos
físicos a separação das fases sólidas e líquidas do efluente.

Dentro dessas duas grandes fases, porém, existem várias outras etapas. Em
uma ETE convencional, o efluente passa por cinco etapas - pré-tratamento,
tratamento primário; tratamento secundário; tratamento do lodo; tratamento
terciário – antes de ser devolvido ao meio ambiente ou reutilizado.

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Tratamento de Efluentes Industriais

O conceito de Central de Tratamento de Efluentes (CTE) tem como base a


disponibilização, em um mesmo local, de diversas linhas de tratamento, com
processos específicos para cada tipo de efluente, definidos em função de suas
origens e características físico-químicas.

A CTE de Barueri tem as seguintes linhas de tratamento e seus respectivos


efluentes típicos:
 Linha verde – Chorume de aterros sanitários, caixas de gordura e
indústrias alimentícias.
 Linha marrom – Autofossas e construção civil.
 Linha amarela – Substâncias ácidas e alcalinas de indústrias metais-
mecânica e de galvanoplastia, entre outras.
 Linha cinza – Borras oleosas de indústrias químicas, petroquímicas e de
acabamento de metais.
 Linha azul – Gasolina e solventes de postos de combustível, cabines de
pintura e estamparias.

 Linha vermelha – Pesticidas, substâncias fenólicas e corantes de


indústrias têxtil, farmacêutica e química.

Tipos de processos de tratamento.

Processos físicos

Esses processos retiram as partículas sólidas em suspensões sedimentáveis e


flutuantes por processos de separações físicas, como por exemplo, o uso de
peneiras, o peneiramento, caixas separadoras de gorduras e óleos, tanques de
sedimentação e flotação. Nos processos físicos, também ocorre a remoção de
matéria orgânica e inorgânica que estejam em suspensão coloidal através de uso
de filtros de areia e de membranas, também é utilizada a radiação UV, emitida por
lâmpadas especiais, pois sendo um mecanismo físico que proporciona a inativação
microbiana pela absorção da luz que promove uma reação fotoquímica capaz de
alterar componentes moleculares essenciais para as funções celulares.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Processos químicos

Os tratamentos químicos de efluentes líquidos são os de troca iônica, adsorção


e extração por solventes, precipitação química, que pode ser feita, por exemplo,
pela adição de uma base (geralmente hidróxido de cálcio ou de sódio), a
eletrodiálise, a osmose reversa. Esses processos utilizam produtos químicos em
suas etapas, tais como: agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH,
oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas dos sistemas de tratamento.
Esses procedimentos têm alcançado a remoção dos poluentes por meio de reações
químicas, além de condicionar a mistura de efluentes que será tratada nos
processos posteriores.

Exemplo:

 Troca iônica;

 Redução do cromo hexavalente;

 Precipitação de metais tóxicos;

 Precipitação de fosfatos e outros sais (remoção de nutrientes), pela adição


de coagulantes químicos compostos de ferro e ou alumínio;

 Oxidação por ozônio, para a desinfecção;

 Oxidação de cianetos;

 Eletrocoagulação (remove matéria orgânica, incluindo compostos


coloidais, corantes e óleos/ gorduras);

 Cloração para desinfecção;

 Clarificação química (remove matéria orgânica coloidal, incluindo


coliformes).

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Tratamento de Efluentes Industriais

Processos biológicos

O tratamento biológico de esgotos e efluentes industriais tem o objetivo de


remover a matéria orgânica dissolvida não removidas nos tratamentos químicos e
físicos, transformando-a em partículas sólidas sedimentáveis (flocos biológicos) e
gases. Grosso modo, podemos dizer que tratamento biológico reproduz os
fenômenos que ocorrem na natureza, porém muito mais rápido.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Aplicação dos processos em diferentes industriais

Indústria Têxtil

Como o Setor Têxtil apresenta um parque industrial significante gerando uma


grande quantidade de efluentes líquidos industriais que se não tratados causariam
um grande choque de poluente, e esses efluentes apresentam na sua maioria uma
quantidade de corantes usados nos tingimentos. A poluição provocada por esses
compostos nos sistemas d’água proporciona alterações significantes no meio
ambiente. O processo de tratamento desses efluentes segue o seguinte
fluxograma.

Indústria papeleira

A indústria de papel e celulose é avaliada como uma das mais importantes na


economia de vários países, pois além de gerar uma grande quantidade de
empregos diretos e indiretos, ela produz materiais indispensáveis na vida do ser
humano e também gera um volume elevado de recursos financeiros. Porém, sua
produção é culpada de contaminar de forma considera o meio ambiente. Nessa
indústria, temos:

Águas Residuárias da Polpação

Fontes:

Descargas do digestor

Lavagem dos resíduos de cal, filtros de lixívia, fornos de cal e gases

Vazamentos de lixívia negra

Lavagem da polpa

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Tratamento de Efluentes Industriais

Características:

Elevadas cargas de DBO (demanda Bioquímica de Oxigênio) e Sólidos em


Suspensão. Componentes: Compostos orgânicos e inorgânicos, sulfetos, ácidos
resinosos, terebentina e compostos ligno-sulfonatos.

Águas Residuárias Da Fábrica De Papel

Água Branca:

Fibras, sólidos em suspensão, cola, amido, material de enchimento, corantes,


tinta e óleos e graxas.

O tratamento de desses efluentes ocorre como o fluxograma a seguir:

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Tratamento de Efluentes Industriais

Indústria de cerâmicas

Essa indústria produz materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos


geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas, esses materiais
são as cerâmicas. Podemos definir também, cerâmicas como sendo materiais a
base de cimento ou pozolânicos usados normalmente na construção civil.

O processo industrial da cerâmica tem várias etapas, a preparação da massa,


esmaltes, esmaltação e separação de peças geram um considerável volume de
efluentes e resíduos. Esses são tratados em estações de tratamento de efluentes
que produz uma grande quantidade de lodo, que geralmente é prensado em
prensas formando blocos chamados de tortas e a destinação dessas tortas pode
gerar agressões ao meio ambiente.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Principais parâmetros de um projeto de tratamento

Os cuidados em minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente dos efluentes


líquidos industriais se iniciam pela configuração das estações de tratamento a ser
construída para o tratando dos mesmos são necessário ajustes para se alcançar à
eficiência desejada sem que isto implique em uma difícil operação e intensiva
manutenção. Para determinar se os critérios escolhidos, o dimensionamento e a
configuração, devem ser adotados alguns critérios, levando em consideração:
remoção desejada da demanda, sólidos suspensos totais, substrato, controle de
maus odores e aspecto ornamental. Qualquer que seja a solução adotada para o
lançamento dos resíduos originados no processo produtivo ou na limpeza das
instalações, é fundamental que a indústria disponha de sistema para tratamento ou
condicionamento desses materiais residuais.

O fluxograma representa os parâmetros mínimos necessários de um projeto


de uma estação de tratamento de efluentes. (ETE)

Metodologia de tratamento de efluentes líquidos


industriais
A construção da metodologia de trabalho no tratamento de efluentes líquidos
industriais constitui uma fase de suma importância nela podemos organizar e
direcionar o que fazer. A metodologia pode ser dividida em etapas.

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Tratamento de Efluentes Industriais

1ª Etapa: caracterização do efluente líquido industriail

O efluente líquido industrial é proveniente de processos industriais a sua


composição ocorre em função de tecnologia e do produto fim da indústria,
podendo variar de orgânico a mineral, geralmente é composto de sólidos
dissolvidos.

Características físicas:

_ Teor de matéria sólida;

_ Odor;

_ Cor;

_ Turbidez;

_ Variação de vazão.

2ª Etapa: tratamento preliminar

Após a identificação e caracterização de cada conjunto semelhante de


efluentes, deve-se estudá-los de forma a identificar os produtos nelas contidos e
estabelecer os tipos de tratamento a serem empregados. Existe para determinadas
correntes, a necessidade de tratamentos especiais dados a cada uma no próprio
lugar onde ela aparece. Estes tratamentos são chamados de tratamentos “in loco”
ou “in situ” e são empregados para águas, contendo produtos demasiadamente
tóxicos ou em concentrações elevadas.

3ª Etapa: tratamento primário

Os tratamentos primários têm como finalidade retirar os compostos em


suspensão, tais como sólidos, óleos e graxas.

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Tratamento de Efluentes Industriais

4ª Etapa: tratamento secundário

Os tratamentos secundários removem, principalmente, compostos dissolvidos.


Existem diversas formas de tratamento secundário, os métodos biológicos
aeróbicos são os mais econômicos atualmente.

5ª Etapa: tratamento terciário o pós-tratamento

Os processos terciários, também chamados de polimento, são especialmente


dedicados a remover poluentes específicos.

Terminamos aqui, nossa primeira unidade de estudo. Você pôde aprender


sobre as características e classificação dos Efluentes líquidos industriais, os tipos de
processos de tratamento, a aplicação de cada processo em diferentes indústrias, os
parâmetros a serem considerados nos projetos de estações de tratamento de
efluentes líquidos industriais e as metodologias que devem ser aplicadas.

É hora de se avaliar!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Exercícios – Unidade 1

1. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados,


direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam às condições e
padrões previstos na Resolução. (Resolução CONAMA no 357, de 17 de Março de
2005). Considerando essa informação, julgue as assertivas a seguir como (C) certa e
(E) errada:
( ) O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos
tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de
toxidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
( ) Os critérios de toxidade previstos no item anterior devem se basear em
resultados de ensaios ecotoxicológicos padronizados, utilizando organismos
aquáticos, e realizados no efluente.
( ) A temperatura deverá ser inferior a 400ºC, sendo que a variação de
temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 30ºC no limite da zona de
mistura, desde que não comprometa os usos previstos para o corpo de água.
( ) Os materiais sedimentáveis, quantificados em cone Imhoff por uma
hora, deverão ser ≤ 1mL/L.
( ) Os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes, para
lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente
nula.

Cone Imhoff

Dados: “Engenheiro e sanitarista alemão nascido em Mannheim, Baden, que


introduziu na Europa continental o tratamento de lodos ativados para esgotos, já
conhecido na Inglaterra, e dimensionou (1906), na Alemanha, um tanque padrão
para tratamento anaeróbio de esgotos que recebeu seu nome. Inventou um
recipiente cônico, o Cone de Imhoff, muito usado em todos os laboratórios de
pesquisas e estações de tratamento de esgotos, para se determinar a sedimentação
natural dos sólidos em suspensão. Manteve intenso e contínuo diálogo científico
com pesquisadores americanos e publicou mais de uma centena de trabalhos

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Tratamento de Efluentes Industriais

técnicos. Estabeleceu o conceito da capacidade filtrante dos solos, afirmou que a


carga orgânica aplicável ao solo deve ser mantida entre 80 e 150 kg de DBO/Dia e
por hectare de área filtrante, para que haja 99% de redução da DBO e do teor de
coliformes, ou seja, mesmo que fosse capaz de absorver poluentes, esta
capacidade do solo não seria ilimitada. Falecido em Essen, Nordrhein-Westfalen, seu
manual publicado inicialmente como Karl Imhoff's Handbook of Urban Drainageand
Wastewater Disposal (1906), ainda é consultado por engenheiros até os dias de
hoje. É considerado o papa do esgoto pela invenção do seu tanque e seu cone de
sedimentação e por seu manual, traduzido para mais de uma dezena de idiomas.”

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/biografias/KarlImho.htm

2. O tratamento de efluentes líquidos industriais requer o cumprimento de


etapas indispensáveis. Considerando-se todas essas etapas, julgue os itens abaixo
como (C) certo e (E) errado:
( ) Tratamentos físico e químico.
( ) Tratamentos físico, químico e biológico.
( ) Tratamentos físico e térmico.
( ) Tratamentos físico e biológico.
( ) Tratamentos químico e biológico.

3. O nível de tratamento do efluente líquido de uma indústria depende de


algumas variáveis. Considerando-se as variáveis importantes, julgue as assertivas
abaixo como (C) certa e (E) errada:
( ) Características do efluente líquido bruto.
( ) Padrão efluente para descarga em um corpo receptor específico.
( ) Disponibilidade de área.
( ) Vazão do corpo líquido receptor.
( ) Concentração de oxigênio do corpo líquido receptor.

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Tratamento de Efluentes Industriais

4. A proteção do meio ambiente contra os agentes poluidores de origem


doméstica e industrial é um problema complexo para os países em
desenvolvimento, exigindo dos mesmos, ações importantes.
Considerando-se essas ações importantes, julgue as assertivas abaixo como (C)
certa e (E) errada:
( ) Providenciar um controle ambiental seguro, sem prejuízos dos
investimentos econômicos.
( ) Obter informação técnica referente aos melhores meios de que se
dispõe para controlar a poluição.
( ) Obter o emprego de técnicas de combate à poluição ambiental e de
pessoal especializado na aplicação das mesmas.
( ) Selecionar e adaptar as soluções de controle importadas ao conjunto de
técnicas desenvolvidas no país.
( ) Conhecer as características do agente poluidor.

5. Associe as etapas do processo utilizado nas ETA’s (Estações de tratamento


de água) com o procedimento característico.
1- Filtração
2- Floculação
3- Decantação
4- Filtros de carbono
5- Desinfecção

( ) adição de cloro para eliminar os germes nocivos à saúde.


( ) a água é filtrada para a retirada de partículas grandes de sujeira.
( ) a água fica parada para que os flocos mais pesados se depositem no
fundo.
( ) sulfato de alumínio é adicionado para que as partículas de sujeira se
juntem, formando pequenos coágulos.
( ) A água passa pelos filtros formados por camadas de areia, carbono e turfa

Assinale a sequência correta


a) 5 ; 1; 3; 2; 4
b) 4; 1; 3; 2 ; 5
c) 5; 1; 4; 2 ; 3
d) 5; 1; 2; 3 ; 4
e) 4; 3; 1; 2 ; 5

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Tratamento de Efluentes Industriais

6. A Grade numa estação de tratamento de esgotos tem a finalidade de:

a) Remover sólidos graúdos sedimentáveis.

b) Remover sólidos grosseiros em suspensão.

c) Remover materiais miúdos em suspensão.

d) Remover substâncias orgânicas dissolvidas.

e) Nra.

7.Quais características são parâmetros de relevância para o estudo dos esgotos


sanitários?

a) Teor de sólidos, Temperatura, Odor, Cor e Turbidez.

b) Teor de sólidos, Temperatura, Odor e Oxidação.

c) Temperatura, Odor, Cor, Turbidez, Coagulação.

d) Odor, Cor, Turbidez, Coagulação e Oxidação.

e) Nra.

8. Após o tratamento, os efluentes podem:

a) Ser vendidos às indústrias.

b) Ser armazenados em local apropriado.

c) Ser lançados ao corpo d’água receptor ou aplicados ao solo.

d) Somente ser aplicados ao solo.

e) Nra.

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Tratamento de Efluentes Industriais

9. Em que consiste e qual a finalidade um sistema de tratamento de águas


residuárias?

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10. O que são efluentes líquidos industriais?

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Tratamento de Efluentes Industriais

2 Tratamento Preliminar e
Tratamento Primário

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Tratamento de Efluentes Industriais

Nesta segunda unidade, estudaremos o tratamento preliminar e o tratamento


primário dos efluentes líquidos industriais, cada etapa dessas fases, os
equipamentos necessários e os seus funcionamentos.

Objetivos da unidade

Conceituar e diferenciar o tratamento preliminar e o tratamento primário suas


etapas e a utilização de cada um dos equipamentos adequados nesta fase do
tratamento dos efluentes líquidos industriais.

Plano da unidade

 Tratamento Preliminar.

 Tratamento Primário.

 Remoção de sólidos suspensos.

 Remoção de óleos.

 Remoção de metais pesados.

Bons estudos!

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Tratamento de Efluentes Industriais

Tratamento Preliminar

O tratamento preliminar objetiva a remoção de areia, detritos, cinzas


inorgânicas, pedregulhos e outros. No tratamento preliminar ou pré-tratamento, o
efluente passa pelos processos, gradeamento, desarenação e sistema de
peneiramento. A finalidade dessa etapa é sujeitar os efluentes a fortes processos de
separação de sólidos. No gradeamento, são retirados os sólidos de maiores
dimensões. Isso é feito através de grades metálicas, que funcionam como uma
barreira. As grades maiores têm entre 5 e 10 centímetros, enquanto as menores
ficam entre 1 e 2 centímetros. Todos os sólidos com dimensão superior a essas
ficam detidos pelas grades. Esse processo é importante para proteger todo o
equipamento da ETE de materiais muito grandes que podem vir a danificar os
dispositivos ao longo do tratamento de efluentes, como corpos receptores,
bombas, tubulações e unidades subsequentes. Em seguida, o efluente passa pelo
processo de desarenação, no qual são removidos todos os flocos de areia através
da técnica de sedimentação (os grãos de areia, por serem mais pesados, vão para o
fundo do tanque, e as matérias orgânicas permanecem na superfície). Retirando a
areia dos efluentes, evita-se obstrução nos tanques, tubulações, orifícios e sifões da
ETE, além de facilitar o transporte do líquido. Este mecanismo ocorre da seguinte
maneira: os grãos de areia, devido às suas maiores dimensões e densidade, vão
para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, de sedimentação bem mais
lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades seguintes. As
finalidades básicas da remoção de areia são: evitar abrasão nos equipamentos e
tubulações; eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações,
tanques, orifícios, sifões, e facilitar o transporte do líquido, principalmente a
transferência de lodo, em suas diversas fases.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Fonte: <https://www.flickr.com/photos/gtzecosan/6845986063>. Acesso em 27/10/2016 às 16h48.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Medidor de vazão – Calha Parshall

Os medidores de vazão tipo "Calha Desarenação: É o mecanismo de remoção da


areia é o de sedimentação: os grãos de areia,
Parshall" CAP / AgE são equipamentos
devido às suas maiores dimensões e densidade,
aplicados na medição contínua de vazão vão para o fundo do tanque, enquanto a matéria
e/ou mistura rápida de coagulantes em orgânica, de sedimentação bem mais lenta,
Estações de Tratamento de Água (ETA's) e permanece em suspensão, seguindo para as
unidades seguintes.
/ ou Estações de Tratamento de Efluentes
(ETE's) industriais ou urbanos.

Tratamento Primário

Ao fim da etapa de pré-tratamento, o efluente líquido industrial segue para a


etapa do tratamento primário, essa etapa é constituída basicamente por processos
físico-químicos. Mesmo o efluente líquido industrial apresentar com um aspecto
ligeiramente melhor após o tratamento preliminar, as propriedades poluidoras
ainda estão inalteradas e, por isso, os processos físico-químicos são de extrema
importância. Nessa etapa procede-se a equalização e neutralização da carga do
efluente a partir de um tanque de equalização e adição de produtos químicos. Em
seguida, o efluente passa por um processo de floculação, ou seja, as partículas
poluentes são agrupadas para serem removidas. Após a floculação, ocorre a
decantação primária, que é a separação entre o sólido.

O principal objetivo desde processo é a remoção dos sólidos em suspensão


sedimentáveis, materiais flutuantes e parte da matéria orgânica em suspensão. Os
efluentes fluem devagar através dos decantadores, fazendo com que os sólidos
fiquem no fundo do tanque, formando o lodo primário bruto. Nesse estágio, a
matéria poluente que permanece na água é de dimensões reduzidas, normalmente
formadas por coloides, o que a impede de ser removida apenas por processos
físico-químicos a partir de então.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Remoção de sólidos suspensos

Sólidos suspensos

Podemos definir como sólidos toda e


A solvatação: É um mecanismo de
qualquer substância dissolvida e em dissolução em que íons negativos e positivos
suspensão de caráter orgânico ou inorgânico ficam envoltos por moléculas de solvente. Esse
fenômeno acontece quando um composto
para a química analítica esses sólidos
iônico ou polar é dissolvido num composto
dissolvidos são partículas com diâmetros polar, sem que haja a formação de uma nova
inferiores a 1,2μm e chamados de sólidos em substância.
suspensão as partículas que possuem
diâmetro superior a 1,2μm.

Já os sólidos em suspensão têm dois grupos definidos; os coloidais e os


sedimentáveis/flutuantes. Os sólidos coloidais são aqueles mantidos em suspensão
por terem um pequeno diâmetro, entre 0,001 e 1,2 , e pela ação da formação da
camada de solvatação. Os sólidos sedimentáveis e os flutuantes são os que
conseguem se separar da fase líquida devido à diferença de densidade.

Esses sólidos podem apresentar uma composição inorgânica, os chamados


sólidos fixos, ou uma composição orgânica, os chamados sólidos voláteis.

Operação na ETE
Gradeamento
Remoção de areia - desarenador
Sedimentação
Filtração
Sólidos Suspensos
Flotação
Adição de polímeros químicos
Sistemas naturais
Coagulação / sedimentação

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Tratamento de Efluentes Industriais

Gradeamento

O gradeamento tem como função principal reter o material sólido grosseiro


em suspensão no efluente líquido industrial. Com isso, objetiva-se a proteção dos
dispositivos de transporte dos efluentes (bombas e tubulações); proteção das
unidades de tratamento e consequentemente proteção dos corpos d’água.

 Grades grosseiras (espaços de 5,0 a 10,0 cm);

 Grades médias (espaços entre 2,0 a 4,0 cm);

 Grades finas (entre 1,0 e 2,0 cm)

Nesse momento, o maior objetivo é a remoção de partículas sólidas grosseiras,


essas partículas apresentam dimensões maiores do que o espaçamento entre as
barras do gradeamento e, por isso, são retidas.

Desarenação

Nesse momento, o maior objetivo é a retirada da areia usando o processo de


sedimentação, esse processo é bem simples, os grãos de areia, devido às suas
maiores dimensões e densidade, precipitam, ou seja, vão para o fundo do tanque,
enquanto a matéria orgânica, de sedimentação bem mais lenta, permanece em
suspensão, seguindo para as unidades seguintes.

A desarenação tem como função principal a remoção de areia, com isso evitar
a abrasão, a lixiviação, dos equipamentos e tubulações para que com isso diminui-
se a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões, e facilitar o
transporte do líquido, principalmente a transferência de lodo, em suas diversas
fases.

Sedimentação

A sedimentação é um processo baseado na diferença de densidades entre o


líquido e os sólidos em suspensão; consiste na deposição e posterior remoção dos
sólidos suspensos e ocorre em tanques normalmente designados por
sedimentadores ou clarificadores processo utilizado nas várias fases de tratamento
dos efluentes: desarenamento (remoção de areias) sedimentação primária (após
coagulação e floculação) sedimentação após os processos biológicos os
sedimentadores são normalmente retangulares ou cilíndricos.

39
Tratamento de Efluentes Industriais

Filtração

Esse processo de separação ocorre de forma puramente mecânica, e esse


processo tem como principal função a remoção de sólidos suspensos ou partículas
floculadas, flocos, resultantes do processo de floculação/coagulação. Esse processo
consiste em passar uma corrente de efluentes líquidos por uma estrutura porosa, o
filtro, parar retirar partículas de dimensões maiores que a dos poros. A filtração é
um processo que se utiliza para retirar as partículas sólidas presentes nos efluentes
líquidos industriais ela pode ser:

 Filtração lenta: nos efluentes brutos;

 Filtração rápida direta: nos efluentes coagulados ou floculados;

 Filtração rápida nos efluentes já decantados.

A filtração de efluentes líquidos ocorre pela passagem deste em um meio


granular poroso, geralmente constituído em camadas de pedregulho, areia e
antracito (comum nos filtros rápidos). Em relação aos sentidos de escoamento e à
velocidade com que o efluente atravessa a camada de material filtrante, a filtração
pode ser caracterizada como lenta, rápida de fluxo ascendente ou rápida de fluxo
descendente. A filtração direta tem sua denominação relacionada com a
inexistência de unidade prévia de remoção de impurezas (Pré-filtração).

O Processo de Filtração por Membrana

Filtração por membrana é uma tecnologia que utiliza membranas como uma
barreira seletiva que filtra as partículas líquidas ou retenção de moléculas de
tamanho e peso molecular maior que o diâmetro dos poros.

É utilizada para atender a requisitos especiais em processos de separação de


líquidos, através da microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração ou osmose reversa.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Importante!

O Carvão Antracitoso é um carvão fóssil, de alto teor de carbono que


submetido a processo físico-químico possui excelente propriedades para a sua
utilização como meio filtrante. Os grãos de antracito são angulares e irregulares,
devido ao baixo peso específico, tornam o leito praticamente imune ao efeito de
compactação. Sob estas condições, não somente o topo do leito possui a função de
filtragem, mas sim toda a altura do mesmo. Por razões superficiais o antracito não
retém a água, possibilitando uma maior taxa de filtração. O antracito é um material
muito leve, e de fácil limpeza. A superfície dos grãos é lisa, assim partículas aderidas
podem ser facilmente removidas. Após a lavagem, o material continua a manter o
efeito de absorção. O antracito possui uma estrutura cristalina fisicamente estável,
o que o torna muito resistente a ácidos e materiais alcalinos.

Flotação

A flotação no tratamento de efluentes líquidos industriais separa líquidos de


sólidos com nuvens de microbolhas de ar que arrastam as impurezas em
suspensão para a superfície, facilitando a remoção.

Existem dois tipos de flotação:

 Flotação por ar dissolvido, com microbolhas da ordem de micra;

 Flotação por ar disperso, com bolhas maiores, para arraste de partículas


de maior facilidade de remoção.

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Tratamento de Efluentes Industriais

A flotação ou flotador tem eficiência comprovada dependendo da relação


ar/sólidos e tamanho da bolha. O funcionamento do flotador ocorre por
diminuição da densidade das impurezas fazendo-as flutuar.

As microbolhas se aderem aos sólidos em


A técnica de flotação foi
suspensão e óleos, produzindo aglomerados descoberta em 1886 por Carrie Everson.
carregados para superfície e assim formando uma Ela estudava Química e Metalurgia com
espuma que será retirada. Na flotação consegue- seu marido e registrou a patente desse
processo.
se eliminar também odores e gases dos efluentes.
Micra é sinônimo de: Micro,
Podemos dizer que os flotadores são usados micrômetro
como pré-tratamento de efluentes líquidos para
Micrômetro; unidade de medida de
redução de carga orgânica (DBO - Demanda comprimento que corresponde à
Bioquímica de Oxigênio), pré-separação de milionésima (1 milhão) parte do metro.

resíduos minerais, vegetais e orgânicos, nm-nanômetro milimícron ou


recuperação de óleos emulsionados, fibras de milimicro é a subunidade do metro,
correspondente a 1x10 -9 metro, ou seja,
papel, efluentes de curtumes, refino de óleo,
um milionésimo de milímetro ou um
conservas, lavanderias, recuperação de lanolina, bilionésimo do metro.
matadouros e frigoríficos, petroquímicas, fabricas
de celulose e papel e mineradoras e adensamento
de lodo ativado produzido em reatores biológicos.

A Flotação é um processo inverso à sedimentação, pois, neste último método


de separação de misturas, as partículas em suspensão vão se depositando no
fundo do tanque de sedimentação pela ação da gravidade e são posteriormente
retiradas por decantação.

Já a flotação leva as partículas à superfície da mistura. A palavra flotation


(flotação em inglês), inclusive, transmite a idéia de “flutuação”. Para que as
partículas possam ser arrastadas na flotação, é necessário que elas sejam coloidais,
ou seja, que tenham o diâmetro entre 1nm e 1000 nm. E quando as bolhas são
introduzidas no coloide, as partículas sólidas em suspensão aderem a essas bolhas
e levadas para a superfície do efluente líquido, logo o oposto da sedimentação.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Detalhe da superfície de um flotador. Observe o contaminante flutuando na


água no canto inferior direito da imagem

Fonte:<https://www.llnl.gov/news/superfund-clean-effort-steams-record-time>. Acesso em
27/10/2016 às 16h56.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Adição de Polímeros Químicos

Os agentes coagulantes e floculantes estão presentes em vários processos


utilizados em estações de tratamentos de efluentes líquidos industriais, esses
agentes são, por exemplo, polímeros e sais de ferro e alumínio. Esses polímeros são
substâncias sintéticas, polímeros sintéticos ou polieletrólitos, são substâncias
orgânicas de alto peso molecular e cadeias longas, são definidos de acordo com a
sua carga elétrica.

Os polímeros catiônicos – são os polímeros carregados positivamente. Esses


polímeros são utilizados com sucesso razoável como coagulantes primários mesmo
tendo um custo mais elevado do que o do sulfato de alumínio o custo – benefício
de sua utilização é maior, pois as dosagens requeridas são menores, o lodo
formado por seu uso é o mais denso e facilmente desidratado, com isso, facilitando
manuseio e a disposição.

Exemplos: íon dialil dimetil amônia, polietileno imina, polidialildimetil cloreto


de amônia.

Os polímeros não iônicos são os polímeros que não possuem carga. São
normalmente usados com coagulantes metálicos para produzirem a ligação entre
os coloides, com isso, produzem flocos maiores e mais resistentes. A dose
necessária de um auxiliar de coagulação é da ordem de 0,1 a 1,0 mg/L. Na
coagulação de algumas águas, os polímeros podem promover floculação
satisfatória, com uma diminuição na aplicação do sulfato de alumínio. As maiores
vantagens são a reduções da quantidade de lodo e maior facilidade para
desidratação.

Exemplos: acrilamida, polivinilácool, poliacrilamida

Os polímeros aniônicos – são aqueles que devido a suas altas densidades e as


suas cargas negativas em sua cadeia, atrai e se liga a moléculas de predominantes
cargas positivas. Polímeros aniônicos são usados como agentes clarificantes em
decantação. Exemplos: poliacrilato de sódio, ácido acrílico, poliestireno sulfonato
de sódio.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Quadro comparativo
Polímeros Aniônicos Geração de pontes entre as partículas já coaguladas e a
e Não Iônicos cadeia do polímero gerando flocos de maior diâmetro.
Neutralização das cargas elétricas superficiais que envolvem
os sólidos suspensos e incremento do tamanho dos flocos
Polímeros Catiônicos
formados (via formação das pontes). Usualmente
empregado no tratamento de lamas orgânicas.
Polieletrólitos catiônicos de baixo peso molecular que
neutralizam as cargas superficiais e aumentam o tamanho
Policátions
dos flocos. Usados em substituição aos floculantes
inorgânicos convencionais.

Sistemas Naturais

Os sistemas de tratamento de efluentes líquidos industriais são definidos


como naturais quando têm como base a capacidade de ciclagem dos elementos
que estão presentes nesses efluentes em ecossistemas naturais, sem o
fornecimento de qualquer fonte de energia induzida para acelerar os processos
bioquímicos, e esses ocorrem espontaneamente. Dentro desse prisma de
entendimento, enquadram-se as lagoas de estabilização e os filtros plantados com
macrófitas (constructed wetlands).

As lagoas de estabilização

São um dos métodos de tratamento de efluentes líquidos que apresentam


uma técnica bem simples e muito difundida são utilizadas para efluentes que
apresentam uma grande concentração de matéria orgânica a sua grande
vantagem é o baixo custo de manutenção e operação e a possibilidade de
empregar sobrecargas hidráulicas e orgânicas, porém a necessidades de usar
grandes áreas para a construção dessas lagoas é a sua grande desvantagens, pois
as lagoas são grandes tanques escavados no solo, recebendo os efluentes
continuamente, recebendo ali o tratamento por processos naturais com a
utilização de bactérias e algas que tratam os efluentes por meio da decomposição
da matéria orgânica.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Lagoas de estabilização em Baie du Febvre, Canadá (foto à esquerda) eLagoa


de estabilização aerada em Naivasha, Quênia (foto à direita)

Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Observation_oiseaux_etang_epuration_ Baie-du-


Febvre2.jpg> e <https://www.flickr.com/photos/gtzecosan/4427167562>. Acesso em 27/10/2016 às
17h10.

É um método de tratamento de efluentes líquidos industriais de um sistema


natural, projeto com normas de engenharia, normalmente combinado com as
lagoas de estabilização, muito utilizado na região sul do Brasil, devido ao clima
subtropical.

Fonte: <https://www.flickr.com/photos/gtzecosan/5546614783> e
<https://www.flickr.com/photos/gtzecosan/11055516925>. Acesso em 27/10/2016 às 17h28.

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Tratamento de Efluentes Industriais

 Coagulação/sedimentação

 Coagulação

A coagulação é o processo de neutralização das cargas negativas das


partículas, o que possibilita que as mesmas se aproximem umas das outras,
promovendo sua aglomeração, formando, com isso, flocos, que tendem a
sedimentar ou flotar, dependendo de seu tamanho e de sua densidade.
(MATOS et al., 2007).

Finalidade: desestabilização das partículas coloidais em um sistema aquoso,


preparando-as para a sua remoção nas etapas subsequentes do processo de
tratamento.

Coagulantes Empregados

 Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 , sólido ou líquido;

 Cloreto férrico (FeCl3), líquido;

 Sulfato férrico Fe2(SO4)3 ,líquido;

 Policloreto de alumínio, PAC,(Aln(OH)m(Cl3)n-m), sólido ou líquido;

 Sulfato ferroso (FeSO4), sólido ou líquido;

 Coagulantes orgânicos catiônicos, sólido ou líquido.

Esses coagulantes são insolúveis na água e geram íons positivos (cátions) que
atraem as impurezas carregadas negativamente nas águas.

Para o sulfato de alumínio, temos a formação dos seguintes íons na água:

Al2(SO4)3  2Al 3+ + 3(SO4)2 –

47
Tratamento de Efluentes Industriais

Uma menor parte dos cátions Al3+ neutraliza as cargas negativas das
impurezas presentes na água, e a maior parte deles interage com os íons hidroxila
(OH-) da água, formando o hidróxido de alumínio:

Al2(SO4)3 + 6 H2O  2Al(OH)3 + 6H+ + 3(SO4) 2 –

Esse hidróxido de alumínio é um coloide carregado positivamente que


neutraliza as impurezas coloidais carregadas negativamente que estiverem na
água.

Nessa reação, observa–se a formação de um excesso de H+, acidifica o meio e


pode impedir a formação do hidróxido de alumínio. Devido a isso que juntamente
com o coagulante é adicionado à água também algum composto que aumente o
pH (a alcalinidade) do meio:

 O hidróxido de cálcio Ca(OH)2;

 O hidróxido de sódio NaOH;

 E um sal de caráter básico, como o carbonato de sódio conhecido como


barrilhaNa2CO3

Esse procedimento vai provocar desestabilização das partículas poluidoras


que sofrem uma aglutinação que irá facilitar a sua deposição ou aglomeração em
flóculos. Conclui-se, então que a coagulação é um processo químico usado para
desestabilizar partículas coloidais.

Agitador mecânico usado em floculação da água.

Fonte: <http://www.sapient.net.in/conventional-with-clariflocculator.php>. Acesso em 01/11/2016 às 15h59.

48
Tratamento de Efluentes Industriais

Esquema do funcionamento de um agitador mecânico.

Após passar por um agitador mecânico, ocorre a formação dos flóculos que
serão então direcionados para os tanques de sedimentação e de decantação.
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Coagulação e Floculação";

Sedimentação

A sedimentação consiste na remoção dos sólidos presentes no efluente por


meio da separação das fases sólida e líquida, sendo a fase sólida (impureza do
efluente) sedimentada na parte inferior da estação de tratamento de efluente,
enquanto a fase líquida (efluente tratado) é removida da estação pela parte
superior, sendo descarregada no meio ambiente. (CRESPILHO et al., 2004).

A sedimentação é baseada na diferença de densidades entre a água e os


sólidos em suspensão, e esses são removidos nos tanques de sedimentação, os
sedimentadores ou clarificadores.

49
Tratamento de Efluentes Industriais

Clarificador primário em estação de tratamento de esgotos de Siloam Springs,


Arkansas – Estados Unidos.

Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Siloam_Springs_WWTP_003.jpg>. Acesso em


28/10/2016 às 11h05.

50
Tratamento de Efluentes Industriais

Remoção de óleos

Água oleosa

Água Oleosa é um termo genérico usado para descrever todos os efluentes


líquidos que apresentam quantidades variáveis de óleos, graxas e lubrificantes. Os
óleos e graxas podem estar presentes na água oleosa em duas formas distintas:
livres ou emulsionados.

O óleo livre

É aquele que corresponde a uma fase visivelmente distinta da fase aquosa, isto
é, ele não se mistura com a água, e pela sua densidade aparece flutuando na
superfície da água ou como gotículas em suspensão, sendo facilmente identificável
na água oleosa.

Aspectos do óleo livre: flutuando na água (à esquerda; observe a coloração


diferenciada conforme destacado na figura) e gotículas em suspensão (à direita).

Fonte: <https://www.flickr.com/photos/jopoe/5544539023>e<https://www.flickr.com/photos/vizpix/
5904902881>. Acesso em 28/10/2016 às 11h19.

51
Tratamento de Efluentes Industriais

Para a remoção de óleos, em geral usa-se separadores gravitacionais, que


conseguem uma suficiente remoção. Estes separadores têm que ter um projeto
bem elaborado e serem operados de forma correta, com isso, o teor de óleos e
graxas são reduzidos a limites aceitáveis permitindo assim o lançamentos dos
efluentes líquidos industriais aos corpos d’água.

Esses efluentes oleosos são gerados nas mais diferentes atividades industriais,
como por exemplo:

 Efluentes da lavagem de pisos, tanques, veículos, máquinas, peças etc.;


 Águas de sistemas de refrigeração;
 Águas oriundas de oficinas mecânicas;
 Em usinas de açúcar e álcool, as águas residuais do setor de moagem,
contendo óleos, graxas e lubrificantes, além de resíduos de bagaço de
cana, terra e areia, entre outros.

O comportamento desses óleos nas estações de tratamento de efluentes


líquidos industriais pode inviabilizar todo o processo, pois esses óleos podem
reagir com ácidos minerais, resultando em ácidos graxos e glicerina e na presença
de sais alcalinos essa glicerina reage formando ácidos graxos de sais minerais que
são denominados sabões que produziram espumas que contaminam o meio
ambiente. A presença de óleos em efluentes inviabiliza a utilização das lamas
biológicas como fertilizantes na agricultura.

52
Tratamento de Efluentes Industriais

Fotos de caixas separadoras instaladas em uma indústria de bebidas


(esquerda) e em um posto de serviço (direita).

53
Tratamento de Efluentes Industriais

Quando óleos ou borras oleosas forem de alta densidade em comparação com


a água, eles serão sedimentados e removidos por limpeza de fundo do tanque.

O óleo emulsionado

Uma emulsão consiste num coloide no qual, pequenas partículas de um


líquido são dispersas em outro líquido. Geralmente, as emulsões envolvem a
dispersão de água num óleo ou a dispersão de um óleo em água e são
estabilizadas por um emulsionador (com tamanhos de partículas tipicamente
menores que 20 mícrons de diâmetro).

A emulsão de óleos podem ser quebradas por adição de um ácido, (pH< 4),
essa reação é altamente exotérmica e o calor liberado na reação provocará um
aquecimento suficiente que irar provocar a desestabilização da emulsão
rompendo-a e assim correndo a floculação os flocos formados serão separados por
sedimentação ou flotação.

Remoção de metais pesados

Os metais compõem um grupo de elementos químicos sólidos no seu estado


puro (com exceção do mercúrio, que é líquido) caracterizados pelo seu brilho,
dureza, cor amarelada a prateada, boa condutividade de eletricidade e calor,
maleabilidade, ductibilidade, além de elevados pontos de fusão e ebulição.

Dentre estes elementos existem alguns que apresentam uma densidade ainda
mais elevada do que a dos demais, e, por isso, são denominados metais pesados.
Além da densidade elevada que equivale a mais de 4,0 g/cm³, os metais pesados
também se caracterizam por apresentarem altos valores de número atômico,
massa específica e massa atômica.

As principais propriedades dos metais pesados, também denominados


elementos traço, são os elevados níveis de reatividade e bio acumulação. Isto quer
dizer que tais elementos, além de serem capazes de desencadear diversas reações
químicas, não metabolizáveis (organismos vivos não podem degradá-los), o que
faz com que permaneçam em caráter cumulativo ao longo da cadeia alimentar.
(MAYARA CARDOSO, 2002)

54
Tratamento de Efluentes Industriais

Métodos de remoção de metais pesados dos efluentes líquidos industriais

Os principais processos de tratamento destes efluentes incluem:

 Precipitação química;
 Oxidação/ Redução;
 Filtração por membranas / osmose;
 Troca iônica;
 Adsorção;

Cada um desses processos tem vantagens e desvantagens, porém o método


de adsorção é um dos mais efetivos no tratamento de remoção de metais pesados
devido ao baixo custo de adsorventes no mercado (BORBA, 2006).

Precipitação química

A precipitação química devido ao baixo custo dos alcalinizantes e a facilidade


da operação e manutenção dos equipamentos.

O método consiste no ajuste do pH do meio até valores acima de 9,0 para que
os metais pesados se precipitem. Para que isso ocorra, são empregados os agentes
precipitantes que tornam o meio básico. A equação representa a reação de modo
geral.

Equação – reação geral

Mx+(aq) + OH-(aq)  MOH(s)

O metal pesado (M) que será removido, podendo ser Cobre, Ferro, Cromo,
Níquel ou Manganês, está solúvel no efluente. Para que possa ser removido, é
necessário adicionar o agente precipitante (XOH), que pode ser solução de NaOH,
NH4OH, até MgO ou CaO. O agente altera o pH do efluente e reage com o mesmo,
formando uma solução insolúvel com o metal pesado (MOH). Após a reação
completa, a solução insolúvel é filtrada, sendo removida do efluente.

55
Tratamento de Efluentes Industriais

Tratamento de efluente líquido industrial contento cromo hexavalente

Precipitação química

Processos usuais de precipitação química

Químico Metal removido pH Vantagens Desvantagens


As; Cd; Cr(III); Fe; - A solubilidade dos - Pode ocorrer a
Mn; Pb; e Zn. 9 sulfetos metálicos é geração de gás
menor que a dos sulfídrico em
Eficiência de hidróxidos. condições ácidas.
remoção: - Os cromados não - O efluente tratado
Sulfetos solúveis.
- 82% para o Pb; requerem a etapa de pode apresentar
- 88% para o Cr; redução. excesso de sulfeto
(Sulfeto de Sódio)
- 93% para o Zn; - Não é afetado pela após o tratamento.
- 95% para o Cd; maioria dos agentes - A formação rápida
- 98% para o Cu quelantes. de precipitado pode
e Ni; - Lodo adequado para a dificultar a
recuperação dos metais. precipitação.

Oxidação / redução

O que é ?

As reações de oxirredução química são aquelas nas quais o estado de oxidação


de pelo menos um dos reagentes envolvidos é elevado, e o outro, reduzido.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Oxidação do manganês (Mn)

Exemplo:

NaOH  Na+ + (OH) –

Mn 2+ + 2(OH) –  Mn(OH)2(s)

Têm por objetivo:

1 – Diminuir a toxicidade de uma determinada corrente líquida

2 – Podem ser utilizadas para compostos orgânicos, metais e alguns


compostos inorgânicos.

O uso de uma base para provocar a precipitação dos metais, é uma técnica
bastante utilizada para remoção dos mesmos.

Etapas:

1º Adição de uma base ao efluente.

2º Após ocorrer a reação, o metal é facilmente removido.

NaOH  Na+ + (OH) –

Mn 2+ + 2(OH) –  Mn(OH)2(s)

Principais Agentes Oxidantes

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Tratamento de Efluentes Industriais

Oxidante Reação Parcial Potencial de


Oxidação E0 (volts)
Flúor F2 + 2H+ + 2e- ⇒ 2HF(aq) 3,060
+ -
Ozônio O3 + 2H + 2e ⇒ O2 + H2 O 2,070
Peróxido de + -
H2 O2 + 2H + 2e ⇒ 2H2 O 1,770
Hidrogênio
Permanganato MnO-4 + 4H+ + 2e- ⇒ MnO2 + 2H2 O 1,695
- -
Cloro Cl2 + 2e ⇒ 2Cl 1,359
Dicromato Cr2 O7-2 + 14H+ + 6e- ⇒ 2Cr+3 + 7H2O 1,330

Redução do Cromo (Cr)

O cromo, que é um contaminante que geralmente encontramos na forma de


ácido crômico, deve sofrer redução de cromo de hexavalente para cromo
trivalente, pois este apresenta toxicidade muito inferior, para que esse processo
ocorra usam-se agentes redutores, como metabisulfito de sódio.

A reação química da redução do cromo na forma de ácido crômico para sulfato


de cromo:
2H2Cr2O7 + 3NaS2O5 + 3H2SO4  2Cr2(SO4)2 + Na2SO4 + 5H2O

Nessa etapa o cromo ainda não deixou a fase líquida, apenas foi convertido a
uma forma solúvel e menos tóxica.

Para efetuar a remoção completa será necessário mais uma etapa.

Precipitação química na forma de hidróxido, mediante o emprego de soda


cáustica ou hidróxido de cálcio, nessa etapa ocorre uma reação de dupla troca o
cálcio, desloca o cromo para a formação do hidróxido de cromo, composto
insolúvel e do sal sulfato de cálcio.
Cr2(SO4)2 + 3Ca(OH)3  Cr(OH)3 + 3CaSO4

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Tratamento de Efluentes Industriais

Após a reação, o hidróxido de cromo deposita-se no fundo do tanque de


reação, em geral cônico, onde será descartado na fase sólida (lodo), recebendo
tratamento e destinação específica, por conter o metal pesado. Os demais metais
como Cobre, Níquel, Cádmio, podem ser coletados na mesma rede de efluente e
precipitados na forma dos respectivos hidróxidos.

Filtração por membranas / osmose reversa

A filtração por membranas ou ultrafiltraão (UF):

É a separação de solutos dissolvidos em correntes líquidas. As membranas


utilizadas na UF apresentam poros na faixa de 1-100 nm e podem reter solutos com
uma ampla faixa de massa molecular. Essa técnica de separação é orientada em
processo sob pressão, em que a membrana atua como barreira semipermeável,
fazendo a retenção de partículas sólidas em suspensão, metais pesados e
macromoléculas com base no tamanho do poro (KURNIAWAN et al., 2006).

Esquema do processo de separação por membranas

As fibras ocas são bastante empregadas nos processos de diálises


(hemodiálises), osmose inversa e permeação de gases, e em escala industrial são
aplicadas em módulos de micro e ultrafiltração. O diâmetro interno das fibras pode
variar de 25 μm a 2 mm e o número e a posição das fibras ocas por módulo irão
variar de acordo com o fabricante (SCHEIDER e TSUTIYA, 2001).

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Tratamento de Efluentes Industriais

Sistema de ultrafiltração em uma estação de tratamento de esgotos.

Fonte:<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wastewater_UF_membrane_system,
_Aquabio.jpg>. Acesso em 28/10/2016 às 16h26.

Na Osmose Reversa (OR) equipamentos permitem que a água passe, porém


retém os íons, para que isto ocorra é necessário que haja uma membrana com
porosidade de milionésimos de milímetros Å (angstron= milionésimo do
milímetro), e uma pressão alta para empurrar água por estes poros, retendo os
íons de metais e radicais. Em outras palavras, reverter o fluxo natural da
transferência de um líquido da solução mais concentrada para uma solução mais
diluída por meio de uma pressão externa. A remoção de impurezas iônicas,
orgânicas e suspensas/ou dissolvidas ocorre durante o processo de Osmose
Reversa. Diferente de um filtro, que separa através de uma filtração “normal”
(convencional), a membrana de Osmose separa os componentes, utilizando um
processo chamado filtração tangencial continua. A solução introduzida no sistema
é separada em dois fluxos, o permeado e o concentrado, que são coletados em
ambos os lados da membrana. A membrana semipermeável de OR, submetida a
uma pressão suficiente, permite a passagem de água purificada enquanto rejeita e
concentra partículas dissolvidas e/ou em suspensão.

60
Tratamento de Efluentes Industriais

A pressão aplicada usualmente é de 10 a 55 bar, dependendo da


concentração de sais e do tipo de membrana. A membrana escolhida depende
da qualidade do efluente e de suas características.

Esquema do funcionamento do processo da osmose reversa no tratamento de


efluente (CLARK, VIESSMAN &HAMMER,1977).

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Tratamento de Efluentes Industriais

Fonte:<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:QUIMPAC_DE_COLOMBIA.JPG>. Acesso em
28/10/2016 às 16h31.

Troca iônica

A troca iônica é um processo de remoção de metais pesados dos efluentes


líquidos industriais muito simples, prático e econômico. A remoção de metais
pesados por troca iônica com o uso de zeólitas naturais é um processo bem
simples e eficiente.

Mas o que são zeólitas?

As zeólitas foram descobertas em 1756, por um mineralogista sueco, Freiherr


Axel Frederick Cronstedt, que denominou o grupo de minerais a partir das palavras
gregas “zeo” (ferver) e “líthos” (pedra), ou seja, “pedras que fervem”, devido a sua
característica peculiar de liberar bolhas ao serem imersas em água.
(COOMBS et al. 1997).

62
Tratamento de Efluentes Industriais

As zeólitas são consideradas as peneiras moleculares mais conhecidas e de


maior importância comercial que apresentam como propriedades particulares a
troca de íons e a dessorção reversível de água. As zeólitas são aluminossilicatos
cristalinos compostos formados por tetraedros de SiO4 e AlO4 conectados pelos
átomos de oxigênio nos vértices. A estrutura das zeólitas apresenta canais e
cavidades, cujas aberturas variam de uma zeólita para outra. Dentro destes canais e
cavidades, encontram-se os cátions de compensação, moléculas de água ou outros
adsorvatos. Alguns dos cátions típicos encontrados são metais alcalinos (Na+, K+,
Rb+, Cs+) e alcalinos terrosos (Mg2+, Ca2+), NH4+, H3O+, TMA+ (tetrametilamônio) e
outros cátions nitrogenados, terras raras e metais nobres6. Sua estrutura
microporosa permite a mobilidade de íons pelos canais e cavidades, propiciando
seletividade aos processos de troca iônica.

Estrutura de uma zeólita

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Tratamento de Efluentes Industriais

Átomos de oxigênio e alumínio

Representação simplificada

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Tratamento de Efluentes Industriais

A troca iônica ocorre quando as zeólitas são colocadas em contato com os


efluentes líquidos a uma temperatura selecionada. Os cátions presentes na solução
difundem-se para o interior da estrutura da zeólita e substituem os cátions de
compensação, até se atingir o equilíbrio. A remoção de metais pesados por troca
iônica com zeólitas naturais é um processo simples e eficiente.

Nas últimas décadas a preocupação com efluentes tóxicos industriais levou à


utilização de processos de tratamento cada vez mais sofisticados. No entanto,
processos simples podem apresentar soluções práticas e econômicas. A retirada de
metais pesados por troca iônica com zeólitas naturais é um processo simples e
eficiente. As zeólitas são conhecidas como peneiras moleculares.

65
Tratamento de Efluentes Industriais

Adsorção
A remoção de metais tóxicos através de processos de adsorção em matrizes
sólidas tem sido amplamente estudada para fins de tratamento de águas e
efluentes industriais. A adsorção, segundo Heumann (1997), é definida como sendo
um processo de transferência de massa no qual uma ou mais substâncias
(adsorvato) presente em uma corrente gasosa ou líquida é transferida de forma
seletiva para a superfície de um sólido poroso (adsorvente).
Existem dois tipos de adsorção: adsorção química (também conhecida como
quimissorção) que envolve reações químicas, e a adsorção física (também
conhecida como fissorção) que envolve apenas forças físicas.

Terminamos aqui, nossa segunda unidade de estudo. Você pôde aprender


sobre o tratamento preliminar e o tratamento primário. Qual a finalidade dessas
etapas no tratamento de efluentes líquidos industriais

É hora de se avaliar!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

66
Tratamento de Efluentes Industriais

Exercícios – Unidade 2

1.Existem diversas técnicas ou processos para remoção dos poluentes


encontrados nos efluentes líquidos das indústrias. Dentre as técnicas ou processos
abaixo, assinale o mais recomendado para remoção de sólidos dissolvidos
presentes em efluentes líquidos industriais.

a) Osmose reversa.

b) Radiação ultravioleta.

c) Decantação.

d) Cloração.

e) Flotação.

2.Durante uma vistoria técnica do órgão de controle ambiental, detectou-se


um despejo de efluente industrial no corpo d’água da cidade. É correto afirmar que
o efluente industrial:

a) Pode ser lançado diretamente no corpo d’água, mesmo sem tratamento,


pois o nível de autodepuração é suficiente para degradá-lo.

b) Não exerce influência na operação de Estação de Tratamento de Esgoto.

c) Pode passar por um pré-condicionamento em estação própria e ser


lançado em rede pública de águas pluviais, desde que exista Estação de
Tratamento de Esgoto para atender o Município e em conformidade com
as exigências legais.

d) Pode ser lançado na rede pública de esgoto, sem tratamento, pois será
tratado na Estação de Tratamento de Esgoto que atender o Município.

e) Pode passar por um pré-condicionamento em estação própria e ser


lançado em rede pública de coleta de esgoto, desde que exista Estação
de Tratamento de Esgoto para atender o Município e em conformidade
com as exigências legais.

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Tratamento de Efluentes Industriais

3.As lagoas de estabilização são tanques de pequenas profundidades, nas


quais as águas residuárias brutas são tratadas inteiramente por processos naturais,
envolvendo algas e bactérias. Em relação aos demais tratamentos biológicos, é
correto afirmar que as lagoas de estabilização:

a) São utilizadas para pequenas vazões e, principalmente, em países de


clima frio.

b) Têm custo elevado e requer grandes áreas para a construção.

c) A manutenção requer um conhecimento aprofundado por parte do


operador.

d) A remoção de organismos patogênicos é desprezível em relação aos


demais processos de tratamento de águas residuárias.

e) São capazes de suportar bem os choques de sobrecargas hidráulicas e


orgânicas.

4.Os equipamentos utilizados no tratamento primário de um efluente


industrial são:

a) Grades, peneiras e reator biológico.


b) Desarenador, sedimentador, e tanque de equalização.
c) Sedimentador, leito de secagem e grades.
d) Filtro de carvão ativo, reator biológico e peneiras.
e) Grades, flotador e resinas de troca iônica.

5.A Grade numa estação de tratamento de esgotos tem a finalidade de:

a) Remover sólidos graúdos sedimentáveis.


b) Remover sólidos grosseiros em suspensão.
c) Remover materiais miúdos em suspensão.
d) Remover substâncias orgânicas dissolvidas.
e) NRA.

68
Tratamento de Efluentes Industriais

6.Em uma Estação de Tratamento de Efluentes, a parte sólida resultante do


processo de tratamento de efluentes é denominada:

a) Borra.

b) Esgoto tratado.

c) Esgoto bruto.

d) Lodo.

e) NRA.

7.Qual a definição de DECANTADOR?

a) É o tanque onde os esgotos escoam vagarosamente, permitindo que os


sólidos em suspensão sedimentem-se no fundo de forma gradual.

b) São variantes da fossa séptica, ocorrendo a sedimentação dos sólidos.

c) É área demandada para implantação de uma lagoa anaeróbia é


dimensionada em função da carga orgânica a ser tratada e a
profundidade mais usual para projetos varia entre 3,0 e 5,0m.

d) É a etapa na qual o objetivo principal é a remoção da carga poluidora dos


esgotos.

e) NRA.

8.Qual das alternativas abaixo NÃO é considerada vantagem da flotação sobre


a decantação?

a) Menor área requerida.

b) Maior concentração de sólidos no lodo adensado.

c) Redução do volume de lodo a ser desidratado.

d) Requer instrumentação e automação.

e) NRA.

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Tratamento de Efluentes Industriais

9.Em relação aos crimes contra o meio ambiente, analise os itens a seguir:

I. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o


perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras;

II. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados


por órgão competente;

III. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte


do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.

Assinale:

a) Se apenas os itens I e II estiverem corretos.

b) Se apenas os itens II e III estiverem corretos.

c) Se todos os itens estiverem corretos.

d) Se apenas os itens I e III estiverem corretos.

e) Se apenas o item I estiver correto.

10.Qual a origem do esgoto industrial?

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Tratamento de Efluentes Industriais

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3 Tratamento Secundário

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Tratamento de Efluentes Industriais

Nesta terceira unidade, faremos um estudo sobre o tratamento secundário,


cada fase desse tratamento a sua finalidade e equipamentos utilizados. A
necessidade dessa etapa do tratamento com o objetivo de preservação do meio
ambiente.

Objetivos da unidade

Analisar cada fase do tratamento secundário dos efluentes líquidos industriais


em que ele se objetiva.

Plano da unidade

 Processos biológicos

 Processos aeróbios

 Processos anaeróbios

Bons estudos!

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Tratamento de Efluentes Industriais

Processos biológicos aeróbios e anaeróbios

O tratamento biológico de efluentes líquidos industriais tem a finalidade de


remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, não removidas no
tratamento primário, ao transformá-la em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos)
e gases. Ou seja, esse processo usa os parâmetros já conhecidos da natureza,
porém em uma faixa de tempo muito menor.

Dividi-se em:
 Processos aeróbios: Que são representados por lodos ativados e suas
variantes, tais como, aeração prolongada, lodos ativados convencionais,
lagoas aeradas facultativas e aeradas aeróbias.
 Processos anaeróbios: Que ocorrem em lagoas anaeróbias,
biodigestores, tanques sépticos, os filtros anaeróbios e os reatores de alta
taxa, capazes de receber maiores quantidades de carga orgânica por
unidade volumétrica, como os reatores UASB (Up flow Anaerobic Sludge
Blanket) ou RAFAs (Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente).

Processos aeróbios

No tratamento aeróbio que se utiliza microrganismos degradam as


substâncias orgânicas, que são assimiladas como "alimento" e fonte de energia,
mediante processos oxidativos.

73
Tratamento de Efluentes Industriais

Nesse processo, o efluente é levado a temperaturas pré-determinadas, tem o


seu pH e o oxigênio dissolvido (OD) controlados. Em condições aeróbias a matéria
orgânica é transformada em gás carbônico, água e biomassa. A energia potencial
presente nos resíduos termina na biomassa (lodo) que deverá obedecer à relação
da massa com os nutrientes de Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) que variam
com a biota formada em cada ETE – estação de tratamento de efluentes.

Como é impossível medir diretamente a quantidade de matéria orgânica,


usam-se medidas indiretas como:

 DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio): Mede a quantidade de oxigênio


necessária para que os microrganismos biodegradem a matéria orgânica;

 DQO (Demanda Química de Oxigênio): É a medida da quantidade de


oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica;

 COT ( Carbono Orgânico Total): Mede diretamente o carbono contido na


matéria orgânica, através de métodos instrumentais.

As bactérias responsáveis por este processo de eliminação da matéria orgânica


são, em sua maioria, heterótrofas aeróbias e facultativas e promovem a remoção da
matéria orgânica com mais eficiência.

As bactérias anaeróbicas facultativas: são assim chamadas porque tanto


podem fazer respiração aeróbia – quando um ambiente tiver oxigênio – como
respiração anaeróbia – caso falte esse gás.

Nos processos aeróbios os sistemas mais comuns são lagoas aeradas, filtros
biológicos e os sistemas de lodos ativados que facilitam uma maior eficácia na
remoção de cargas orgânicas.

Vantagens e desvantagens nos processos aeróbios de tratamento de efluentes


líquidos industriais.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Vantagens

 Maior rendimento, pois alcançam maiores taxas de remoção da matéria


orgânica. Os sistemas de lodos ativados com aeração prolongada, por
exemplo, atingem até 98% de eficiência na remoção de DBOs.
 Comunidades e indústrias, principalmente do ramo de alimentos e
bebidas, são beneficiadas quando o sistema é complementado pelo
tratamento aeróbio.
 Riscos reduzidos de emissões de odor e maior capacidade de absorver
substâncias mais difíceis de serem degradadas.
 Nas indústrias, o efluente tratado através deste processo, pode ser
reutilizado como água industrial, o que lhe proporciona uma relação
custo x benefício extremamente favorável.

Desvantagens

 Elevados custos de investimento, operação e manutenção;


 Necessidade de operação 24 h por dia;
 Alto consumo de energia (aeração, recirculação, descarte e manutenção
de equipamentos);
 Emissões de ruídos;
 Menor eficiência de remoção de elementos conservativos (metais
pesados, pesticidas);
 Grande produção de lodo.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Funcionamento do processo aeróbio de tratamento de efluentes líquidos


industriais

O fundamento principal deste processo consiste em acelerar o processo de


oxidação e decomposição natural da matéria orgânica que acontece nos corpos
hídricos receptores.

1º passo:

A matéria orgânica é em parte convertida em biomassa bacteriana e em parte


mineralizada para CO2 e H2O.

2º passo:

A biomassa bacteriana pode ser separada do despejo tratado por simples


decantação.

3º passo:

 O uso das seguintes unidades é parte integrante da etapa biológica do


processo de lodos ativados;

 Tanque de aeração (reator biológico): local onde ocorrerão os processos


de biodegradação;

 Sistema de aeração: fornecimento de oxigênio necessário a


biodegradação aeróbia;

 Tanque de decantação (decantador secundário): separação da água


tratada da biomassa formada;

 Recirculação de lodo: aumentar a concentração da biomassa no reator


biológico.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Definições

Tanque de Aeração: tanque de aeração é o local onde ocorrerá a depuração


do influente líquido industrial, também chamado de reator biológico, ele simula o
que acontece nos corpos hídricos receptores de poluição orgânica.

O reator biológico possui um volume reduzido e alta concentração de


microrganismos, chamados de “Lodos Ativados” que realizam os seguintes
mecanismos de depuração:

 Captura física do material em suspensão;

 Absorção física seguida de bio-absorção por ação enzimática;

 Oxidação da matéria orgânica e síntese de novas células.

Um tanque de aeração típico pode ser visto na figura abaixo.

Fonte:<https://www.flickr.com/photos/gtzecosan/12359229313>. Acesso em 28/10/2016 às 16h56.

77
Tratamento de Efluentes Industriais

A equação geral da respiração aeróbia pode ser expressa como:

Conversão Aeróbia:

C6H12O6 + 6O2  6CO2 + 6H2O + ENERGIA

Esta energia liberada que será responsável pela produção da biomassa, que as
nova células dos microrganismos que irão degradar a matéria orgânica presente
nos efluentes líquidos industriais

Lodos ativados convencionais: sistema de tratamento de efluentes líquidos


que apresenta elevada eficiência de remoção de matéria orgânica presente em
efluentes líquidos industriais. O processo de tratamento é exclusivamente de
natureza biológica, onde a matéria orgânica é depurada, por meio de colônias de
microrganismos heterogêneos específicos, na presença de oxigênio (processo
exclusivamente aeróbio). Essas colônias de microrganismos formam uma massa
denominada de lodo (lodo ativo, ativado ou biológico).

Esse sistema de tratamento de efluentes líquidos industriais denominados


lodos ativados é mundialmente utilizado no tratamento de efluentes de origem
industrial. É um sistema que necessita de um alto grau de mecanização quando
comparado a outros sistemas de tratamento, implicando em uma operação mais
sofisticada e, consequentemente, exige maior consumo de energia elétrica.

Vantagens do sistema de tratamento por lodos ativados:


 Necessidade de pequena área física disponível para sua implantação.
 Relativo baixo custo de investimento e elevado grau de eficiência de
remoção de matéria orgânica.
 Apresenta relativa flexibilidade de operação.

Desvantagens do sistema de tratamento por lodos ativados:

 Elevado custo operacional (grande consumo de energia elétrica).

 Necessidade de análises físico-químicas e bacteriológicas frequentes para


monitoramento e controle do processo.

78
Tratamento de Efluentes Industriais

Componentes de um sistema de tratamento de lodos ativados:


 Tanque de aeração ou reator biológico;
 Sistema de aeração, tanque de decantação;
 Sistema para recirculação de lodo.

1. Tanque de aeração ou reator biológico: tanque onde ocorrem as reações


e os processos de biodegradação ou depuração da matéria orgânica presente no
esgoto.

2. Sistema de aeração: sistema responsável pelo fornecimento de oxigênio


necessário para que ocorram as reações e os processos de biodegradação ou
depuração da matéria orgânica presente no esgoto.

3. Tanque de decantação: tanque onde ocorre a separação da fase líquida


sobrenadante da biomassa formada e que se deposita ao fundo do tanque
formando o lodo.

4. Sistema para recirculação de lodo: sistema responsável pela recirculação


do lodo formado para o interior do tanque de aeração ou reator biológico com o
objetivo de aumentar a concentração da biomassa, ou seja, aumentar a
concentração dos microrganismos responsáveis pela biodegradação ou depuração
da matéria orgânica.

79
Tratamento de Efluentes Industriais

O Processo

Esse processo tem como principal objetivo acelerar o processo de oxidação e


decomposição natural da matéria orgânica que acontece nos corpos hídricos
receptadores. A matéria orgânica é em parte convertida em biomassa bacteriana
pode ser separada do despejo tratado por simples decantação que ocorre, pois a
biomassa possui uma propriedade de flocular, os flocos formados possuem
dimensões maiores que facilitam muito a sedimentação, isso ocorre, pois as
bactérias possuem uma matriz gelatinosa, que permite a aglutinação das bactérias.

No reator biológico que é o tanque de aeração ocorrerão os processos de


biodegradação nos sistemas de lodos ativados, a concentração de sólidos em
suspensão é mais de 10 vezes superior à de uma lagoa aerada de mistura completa.
É no reator que ocorre os mecanismos de depuração: captura física de material em
suspensão, a bioabsorção por ação de enzimática e a oxidação da matéria orgânica
e síntese de novas células.

O processo de degradação da matéria orgânica consome oxigênio. Portanto, o


reator biológico deverá ser integrado por um equipamento de aeração, que
forneça o oxigênio necessário ao reator. Este equipamento deverá ser capaz de
transferir a quantidade de oxigênio necessário à sobrevivência e ao crescimento da
microbiota presente no reator.

Como a produção de efluentes é ininterrupta, na maioria das vezes, o sistema


será sempre alimentado de matéria orgânica, com isso o crescimento do lodo
biológico é notado, produzindo um excesso desse lodo, quando essa quantidade
excedente ultrapassa a prevista no projeto operacional, tem que ocorrer o
descarte.

O processo tem sua eficiência comprovada pela relação de cargas orgânicas


afluentes (dia a dia), e a massa de microrganismos presentes no reator.

80
Tratamento de Efluentes Industriais

A relação alimento/microrganismos pode ser expressa pela fórmula:


A QE m /d DBO mgO /L kgDBO
M SSV mg/L VolumeReator m kgSSV . d

Onde:

QE  quantidade de efluentes

DBO  demanda bioquímica de oxigênio

SSV  sólidos suspensos voláteis


A formação do lodo biológico é fundamentada na presença de compostos
com:

P e N – Nutrientes

Ca, Mg, S, Fe, Cu, Zn, Cr, Co e Mo – micronutrientes

A concentração de oxigênio recomendada, por ser um processo aeróbico, será


na faixa de 0,5mg a 2,0 mg de O2 por litro de efluente.

Fluxograma do processo

Lodos Ativados Aeração Prolongada⇒Similar ao sistema convencional, com


a diferença de que a biomassa permanece mais tempo no sistema (os tanques de
aeração são maiores). Com isto, há menos DBO disponível para as bactérias, o que
faz com que elas se utilizem da matéria orgânica do próprio material celular para a
sua manutenção. Em decorrência, o lodo excedente retirado já sai estabilizado.

81
Tratamento de Efluentes Industriais

 Massa biológica permanece no reator durante todos os Ciclos de


operação com duração definidas.

 Eliminação de decantadores e separados.

Sistemas de Aeração de Lodos Ativados ⇒ Esse sistema deve fornecer a


quantidade de oxigênio necessária para desenvolvimento das reações biológicas
essa quantidade é definida em função da idade do lodo e da massa de sua carga,
logo tem como fator fundamental a velocidade de crescimento bacteriano e da
respiração endógena.

Respiração Endógena – quando o consumo de oxigênio se dá pela


degradação de substrato presente na própria célula bacteriana.

A equação abaixo representa esse fenômeno:

r = rs + rend equação (1)

onde:

r = taxa de respiração total (mg / L . h-1);


rs = taxa de respiração exógena (mg / L . h-1);
rend = taxa de respiração endógena (mg / L . h-1);

Sistemas de Aeração por Ar difuso: São empregados no mais diversos


processos de tratamento de efluentes e resíduos industriais, sejam eles biológicos,
químicos ou físicos. Sua função é fornecer oxigênio de forma homogênea e
continua à biomassa em processos de nitrificação biológica, remoção biológica de
nutrientes e processos de oxidação de carga orgânica dos mais variados tipos, em
processos de mistura, equalização, flotação e digestão aeróbia.

Sua vasta aplicação, aliado ao fato de ser mais moderno e eficiente do que
outros sistemas de aeração tornam os sistemas de aeração por ar difuso os mais
utilizados pela indústria mundial.

82
Tratamento de Efluentes Industriais

Os sistemas de aeração por ar difuso podem ser classificados segundo a


porosidade do difusor, e, portanto, segundo o tamanho da bolha produzida:

 Difusor poroso (bolhas finas e médias): prato, disco, domo e tubo;

 Difusor não poroso (bolhas grossas): tubos perfurados ou com ranhuras;

 Outros sistemas: aeração por jatos, aeração por aspiração, tubo em U.

Segundo a ABNT, 1989, os diâmetros das bolhas considerados na


caracterização do tipo de aeração por ar difuso são:

 Bolha fina: diâmetro inferior a 3 mm

 Bolha média: diâmetro entre 3 e 6 mm

 Bolha grossa: diâmetro superior a 6 mm.

As principais vantagens dos sistemas de aeração por ar difuso:

 Menor consumo de energia elétrica – O sistema por ar difuso consome


até 60% menos energia do que aeradores mecânicos. Como resultado, o
maior investimento necessário para aquisição de um sistema de aeração
por ar difuso em relação a um sistema com aeradores mecânicos, esta
diferença do investimento é recuperada em menos de 1 ano.

 Flexibilidade – A alternativa de utilização de sistemas removíveis permite


a instalação ou manutenção sem a necessidade de esvaziamento do
tanque ou lagoa.

 Melhor decantação do efluente – A mistura por sistema de ar difuso é


mais suave e não quebra os flocos, facilitando o processo de decantação.

 Maior transferência de oxigênio – Com a instalação no fundo do tanque


ou lagoa, assegura-se maior transferência de oxigênio devido o maior
tempo de contato entre o oxigênio e a biomassa.

 Melhor mistura – Devido à instalação de forma homogênea do sistema


no fundo do tanque ou lagoa, o sistema de aeração apresenta mistura
realmente mais eficiente, impossibilitando a sedimentação de sólidos
suspensos.

83
Tratamento de Efluentes Industriais

 Não produz aerossóis – Com a instalação e operação do sistema no fundo


do tanque ou lagoa, não provoca aerossóis, eliminando a possibilidade
de arraste de material fecal e bactérias no ar.

 Baixa poluição sonora – Baixo ruído gerado pelos sopradores, instalados


em cabines ou câmaras específicas.

Decantadores Secundários: Os decantadores secundários exercem um papel


fundamental no processo de lodos ativados, sendo responsável pela separação dos
sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração, permitindo a saída de um
efluente clarificado, e pela sedimentação dos sólidos e suspensão no fundo de
decantador, permitindo o retorno do lodo em concentração mais elevada.

O efluente do tanque de aeração é submetido à decantação, onde o lodo


ativado é separado, voltando para o tanque de aeração com retorno do lodo é
necessário para suprir o tanque de aeração com uma quantidade suficiente de
microrganismos e manter uma relação alimento/microrganismo capaz de
decompor com maior eficiência o material orgânico.

O efluente líquido oriundo do decantador secundário é descartado


diretamente para o corpo receptor ou passa por tratamento para que possa ser
reutilizado internamente ou oferecido ao mercado para usos menos nobres, como
lavagem de ruas e regar de jardins.

Decantador secundário

Fonte:<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flug_Leer_nach_Emden_2010_11.JPG>. Acesso
em 03/11/2016 às 10h49.

84
Tratamento de Efluentes Industriais

Remoção Biológica de Nutrientes

Águas residuárias de efluentes industriais podem conter altos níveis de


nutrientes como nitrogênio e fósforo. A emissão em excesso pode levar ao
acúmulo de nutrientes, fenômeno chamado de eutrofização, que encoraja o
crescimento excessivo (chamado bloom) de algas e cianobactérias (algas azuis).
Apesar de representar um problema de difícil solução, a presença de nutrientes
pode significar uma vantagem substancial para o reúso de água, especialmente,
em irrigação e piscicultura, pois são insumos necessários para o cultivo de plantas e
de animais aquáticos. O sistema de lodos ativados é capaz de produzir, sem
alterações de processo, conversão de amônia para nitrato (nitrificação). Neste caso,
há a remoção de amônia, mas não do nitrogênio, pois há apenas uma conversão da
forma de nitrogênio.

Em regiões de clima quente, a nitrificação ocorre quase que sistematicamente,


a menos que haja algum problema ambiental no reator biológico, como falta de
oxigênio dissolvido, baixo pH, pouca biomassa ou a presença de substâncias
tóxicas ou inibidoras.

A remoção biológica do nitrogênio é alcançada em condições anóxidas, ou


seja, em condições de ausência de oxigênio, mas na presença de nitratos.

Nestas condições, um grupo de bactérias utiliza nitratos no seu processo


respiratório, convertendo-os a nitrogênio gasoso, que escapa para a atmosfera.
Este processo é denominado desnitrificação. Para alcançarmos a desnitrificação no
processo de lodos ativados, são necessárias modificações no processo, incluindo a
criação de zonas anóxidas e possíveis recirculações internas.

Em processos de lodos ativados em que


Nitrosomonas: é uma proteobactéria
ocorre a nitrificação, é interessante que ocorra nitrificante. Importante, portanto, para o cilco
a desnitrificação no reator biológico do do nitrogênio, no qual transforma o amoníaco
sistema. Os microrganismos envolvidos no emnitrito.

processo de nitrificação são autótrofos


quimiossintetizantes (ou quimioautótrofos), para os quais o gás carbônico é a
principal fonte de carbono, e a energia é obtida através da oxidação de um
substrato inorgânico, como amônia, e formas mineralizadas. A transformação da

85
Tratamento de Efluentes Industriais

amônia em nitritos é efetivamente através de bactérias, como as do gênero


Nitrosomonas, de acordo com a seguinte reação:
2NH N 3O → 2NO N 4H 2H O novas células
Nitrosomonas

A oxidação de nitritos a nitratos dá-se principalmente pela atuação de


bactérias como as do gênero Nitrobacter, sendo expressa por:
2NO N O → 2NO N novas células
Nitrobacter

Nitrobacter ou Nitrobactéria: é um
gênero de bactérias em forma de bastonete.
Desempenham um papel importante no ciclo
do nitrogênio, oxidando os nitritos do solo em
nitratos.

A reação global da nitrificação é a soma das equações:


NH N 2O → NO N 2H H O novas células

Nas reações, devemos notar os seguintes pontos:

 Consumo de oxigênio livre. Este consumo é geralmente referido como


demanda nitrogenada;

 Liberação de H+, neutralizando a alcalinidade do meio e com isso


reduzindo o pH.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Microbiologia de Lodos Ativados

Ficou evidente que o tratamento biológico de efluentes envolve


microrganismos em todas as etapas. Os principais tipos de microrganismos na
estabilização aeróbica de efluentes são bactérias, algas, protozoários e metazoários
formando flocos e a estrutura desses flocos é dividida em dois níveis:
macroestrutura e microestrutura. A macroestrutura é responsável pela estruturação
do lodo, sendo formada principalmente por bactérias filamentosas.

Fatores abióticos significantes em processos de lodos ativados incluem:

Alcalinidade, amônia ionizada (NH4+), oxigênio dissolvido, tempo de retenção


hidráulica (TRH), nutrientes, micronutrientes, pH, concentrações e tipos de
substratos, taxa de reciclo de lodo, temperatura, substâncias tóxicas, e turbulência.

Fatores bióticos significantes incluem:

As bactérias desnitrificantes, organismos filamentosos, bactérias formadoras


de floco, idade do lodo, concentração de sólidos suspensos voláteis (SSV), bactérias
nitrificantes, e relativa abundância de grupos de protozoários (GERARDI, 2006).

Aspectos Operacionais dos Lodos Ativados

A operação do sistema de lodos ativados teve como maior avanço para o seu
desenvolvimento, a transformação do sistema de bateladas em um regime
contínuo de operação, por meio da adição de uma unidade de decantação atrelada
ao tanque de aeração.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Esta operação está descrita na figura

Variáveis de Projeto no Sistema de Lodos Ativados


1) DBO - quantidade de O2 necessária para que os microrganismos estabilizem
a matéria orgânica.
2) DQO - quantidade de O2 necessária para que toda a matéria orgânica seja
degradada via processos químicos.
3) SST - sólidos totais em suspensão, fundamental o seu conhecimento para
avaliar o IVL e a TAS.
4) SSV - determina a massa viva provável do sistema.
5) IVL - índice volumétrico de lodo, para avaliar quão sedimentável é um lodo.
6) OD - quantidade de O2 necessária para que a matéria orgânica seja metabolizada.
7) Temperatura - vital para a atividade biológica.
8) pH - parâmetro essencial na formação estrutural de microrganismos.
9) N-NH3 - define a capacidade nutricional e o nível de nitrificação do sistema.
10) TR - taxa de recirculação: razão entre a vazão de retorno de lodo e a vazão de
efluente bruto que chegam ao tanque de aeração.
11) IL - idade de lodo: tempo de permanência do lodo no sistema.

88
Tratamento de Efluentes Industriais

Processos anaeróbios

O tratamento anaeróbio é um processo em que as bactérias anaeróbias


convertem compostos orgânicos em biogás na ausência de oxigênio. O tratamento
anaeróbio é um processo eficiente em termos de energia, sendo que é
normalmente utilizado para tratar efluentes industriais de alta resistência que são
quentes e contêm altas concentrações de DBO e / ou DQO e SST. Um sistema
anaeróbio pode ser usado para pré-tratamento do efluente antes da descarga para
uma estação de tratamento de águas residuais municipais (ETAR) ou em um
processo de tratamento anaeróbio seguido de um processo de polimento aeróbio.

No tratamento biológico anaeróbio, são utilizadas bactérias anaeróbias para


decomposição das substâncias orgânicas presentes no efluente. O esgoto ou lama
é introduzido em um tanque fechado sob condições anaeróbias (reator anaeróbio)
e às vezes aquecido, com o intuito de tornar ágil a digestão. O tempo de retenção
no tanque varia entre alguns dias ou semanas. O tratamento anaeróbio é
geralmente apropriado para tratamento de efluentes contendo altas
concentrações de substâncias orgânicas.

–De uma forma simplificada, o processo anaeróbio ocorre em quatro etapas.


1. Na primeira etapa, a matéria orgânica complexa é transformada
em compostos mais simples como ácidos graxos, aminoácidos
e açúcares, pela ação dos microrganismos hidrolíticos.

2. Na segunda etapa, as bactérias acidogênicas transformam os


ácidos e açucares em compostos mais simples como ácidos
graxos de cadeia curta, ácido acético, H2 e CO2.

3. Na terceira etapa, estes produtos são transformados


principalmente em ácido acético, H2 e CO2, pela ação das
bactérias acetogênicas.

4. Por fim, na última etapa, os microrganismos metanogênicos


transformam esses substratos em CH4 e CO2

89
Tratamento de Efluentes Industriais

As bactérias
1. As bactérias hidrolíticas
O primeiro passo na digestão anaeróbia é a hidrólise dos polímeros de cadeia
longa que é feita pelas bactérias hidrolíticas. Os principais compostos a serem
hidrolisados são a celulose, as proteínas e os lipídios. A celulose é um polímero de
cadeia.

2. As bactérias celulósicas
As bactérias celulósicas podem entrar no esgoto através das fezes humana e
principalmente de animais como o cavalo, o boi e o porco. O pH ótimo para a
sobrevivência destas bactérias é de cerca de 6 e a temperatura ótima é 45oC. A fase
de hidrólise compreende também a Liguinina, que compreende de 20% a 30% da
biomassa. É geralmente resistente à degradação anaeróbia, deve estar numa
temperatura e pH altos e é parcialmente solubilizada e transformada em pequenos
compostos que são facilmente digeridos para metano e CO2.

3. As bactérias transicionais
A bactéria transicional transforma a matéria orgânica solúvel produzida pela
bactéria hidrolítica em substrato para metanogênese. Acetato no efluente pode ser
metabolizado diretamente pela bactéria metanogênica, independente de iterações
catabólicas com outras bactérias. Alguns substratos são hidrolisados para
aminoácidos que podem ser usados com carbono, servindo de energia para
reações fermentativas.
4. A bactéria fermentativa:
Na digestão anaeróbia converte material orgânico solúvel para ácido acético,
ácido propiônico, ácido butírico, H2 e CO2. Alguns produtos das bactérias
fermentativas como acetato e H2, podem ser metabolizados diretamente pela
bactéria metanogênica, mas outros como ácidos propiônicos e ácidos butírico não
podem ser digeridos diretamente. Segundo Chynoweth&Isaacson (1987), uma
porção do acetato é sintetizado para H2 e CO2 na digestão e uma pequena parte
para ácido propiônico, ácido acético e ácido butírico. Outros estudos indicam que
culturas mistas produzem ácidos voláteis do H2 e CO2 ou do CH3OH (metanol).

90
Tratamento de Efluentes Industriais

5. As bactérias acidogênicas
Os açúcares e aminoácidos são absorvidos pelos organismos acidogênicos e
fermentados intracelularmente a ácidos graxos de cadeias mais curtas, como ácido
propiônico, butírico, além de CO2, H2 e acetato. As vias bioquímicas pelos quais o
substrato é fermentado, e a natureza do produto (tipo de ácido volátil produzido)
dependerão, principalmente, do tipo de substrato e da pressão parcial de
hidrogênio.
6. As bactérias acetogênicas
As bactérias acetogênicas desempenham um importante papel entre a
acidogênese e a metanogênese. Bactérias acetogênicas, produtoras de hidrogênio
são capazes de converter ácidos graxos com mais de 2 carbonos a (CH3COOH)
ácidos acéticos, CO2, H2 que são os substratos para as bactérias metanogênicas.
7. As bactérias metanogênicas
As bactérias metanogênicas são o final do processo de decomposição
anaeróbia da biomassa. Metano (CH4) é o produto final da mineralização da
digestão anaeróbia. Como contraste a bactéria aeróbia metaboliza através da
oxidação dos polímeros para CO2 e H2O. As bactérias metanogênicas podem
utilizar ácido fórmico (HCOOH) e acético, além de metanol (H3COH), metilamina (
H3CN2), H2 e CO2 para a produção de metano. Cerca de 70 % do metano produzido
pelas bactérias metanogênicas provém do acetato. As reações bioquímicas desse
grupo de bactérias contribuem para a redução da pressão parcial de hidrogênio,
viabilizando as etapas anteriores do processo de degradação anaeróbia. A
formação de metano como produto final do processo depende da existência de
populações com funções distintas, e em proporções tais que permitam a
manutenção do fluxo de substratos e energia sob controle.

91
Tratamento de Efluentes Industriais

Importante!

Pectina: É um grupo complexo de polissacarídeos. Os lipídios


consistem de glicerina de cadeia – longa de ácidos carbônicos. As proteínas são
cerca de 50% do total de biomassa. Percebe-se que a hidrólise é um passo limitante
para a conversão de matéria orgânica em metano. Os produtos das reações
hidrolíticas são fermentados e depois transformados.

Fluxograma do tratamento anaeróbico

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Tratamento de Efluentes Industriais

Vantagens:
 Mecanização reduzida e baixo consumo energético: não é preciso fazer a
injeção de ar no sistema, há geração de menor taxa de lodo residual e, em
geral, é necessária menor área para sua instalação.

 Tratam efluentes com altas concentrações de substâncias orgânicas.

Desvantagens

 Necessidade de temperatura relativamente alta preferencialmente entre


30º e 35º C para uma boa operação. Efluentes diluídos podem não
produzir metano suficiente para o aquecimento, representando uma
limitação no processo.

 Lenta taxa de crescimento das bactérias produtoras de metano, por isso


longos períodos são necessários para o início do processo, limitando os
ajustes de acordo com a mudança na carga do efluente, temperatura e
outras condições do ambiente.

Terminamos aqui, nossa terceira unidade de estudo. Você pôde aprender


sobre o tratamento secundário e o que é um processo aeróbico e o que é um
processo anaeróbico. Qual a finalidade e a importância dessas etapas no
tratamento de efluentes líquidos industriais.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

93
Tratamento de Efluentes Industriais

Exercícios – Unidade 3

1.Os sistemas de tratamento de águas residuárias são classificados geralmente


em função do tipo de material a ser removido e da eficiência de sua remoção. O
tratamento utilizado para depurar águas residuárias geralmente por processos
biológicos e que tem como finalidade principal reduzir o teor de matéria orgânica
solúvel ou dissolvida nos despejos é denominado:

a) Preliminar.

b) Primário.

c) Secundário.

d) Terciário.

e) Avançado.

2.Sobre o processo de tratamento de esgotos por lodos ativados, considere as


afirmativas:

I. O sistema convencional apresenta baixa idade de lodo, necessitando,


dessa forma, de unidades para estabilização da fase sólida antes da
desidratação.

II. O sistema com aeração prolongada apresenta baixa relação


alimento/microrganismos e uma elevada idade de lodo.

III. O sistema com aeração prolongada necessita de um reator de maior que


no sistema convencional e o lodo descartado já está mais mineralizado.

IV. O sistema convencional necessita de unidades de decantação secundária


enquanto que no sistema de aeração prolongada, o uso da decantação
secundária é dispensável.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Estão corretas:

a) I, II e IV.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.
e) II e IV

3.No tratamento anaeróbio, várias fases estão envolvidas na conversão da


matéria orgânica em metano, dióxido de carbono e água. A sequência de fases que
melhor representa a digestão anaeróbia é:

a) Hidrólise, acetogênese, acidogênese, sulfetogênese e metanogênese.

b) Acidogênese, acetogênese,hidrólise, sulfetogênese e metanogênese.

c) Hidrólise, acidogênese, acetogênese, metanogênese e sulfetogênese.

d) Acidogênese, hidrólise, acetogênese, metanogênese e sulfetogênese.

e) Metanogênese , acetogênese, acidogênese, sulfetogênese e hidrólise

4.Dentre os mecanismos responsáveis pela remoção de nitrogênio em


sistemas de lagoas de estabilização, aquele que é considerado o mais
importante é a:
a) Volatilização da amônia.
b) Assimilação de nitratos.
c) Nitrificação e desnitrificação.
d) Sedimentação do nitrogênio orgânico.
e) NRA.

95
Tratamento de Efluentes Industriais

5.A incorporação de uma zona anaeróbia em um sistema de lodos ativados,


situada na extremidade de montante, e as recirculações internas de lodo fazem
com que a biomassa esteja sucessivamente exposta a condições anaeróbias e
aeróbias.

O objetivo da fase anaeróbia é propiciar a remoção de:

a) nitrogênio.

b) matéria orgânica.

c) enxofre

d) fósforo.

e) NRA.

6.De acordo com a NBR 10004, que trata da classificação dos resíduos sólidos,
os Resíduos Classe I – Perigosos podem apresentar como característica a:

a) biodegradabilidade, a toxicidade e a corrosividade.

b) patogenicidade, a solubilidade e a biodegradabilidade.

c) corrovisidade, a combustibilidade e a solubilidade.

d) inflamabilidade, a patogenicidade e a toxicidade.

e) NRA.

7.Os principais contaminantes que conferem periculosidade aos resíduos


sólidos são os:
a) Organo-halogenados, Cianetos, Metais pesados, Óleos, PCBs, Fenóis e
Hidrocarbonetos.
b) Organo-halogenados, Cianetos, Metais pesados, Óleos, PCBs, Fenóis e
Solventes.
c) Organo-halogenados, Sais, Ácidos, Óleos, PCBs, Fenóis e BTX.
d) Pesticidas, Cianetos, Metais pesados, Algicidas, Óleos, PCB’s, Fenóis.
e) NRA.

96
Tratamento de Efluentes Industriais

8.O processo de coagulação compreende quatro mecanismos físico-químicos.


O mecanismo que deve predominar em estações de filtração direta, pois os flocos
formados apresentam baixa velocidade de sedimentação e alta resistência ao
cisalhamento, é a:

a) compressão da camada difusa.

b) adsorção e neutralização de cargas.

c) desestabilização por varredura.

d) adsorção por coagulantes poliméricos.

e) NRA.

9.O que são tanques de aeração ou reator biológico?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10.Quais são as principais vantagens do sistema de tratamento por lodos


ativados?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Tratamento de Efluentes Industriais

98
Tratamento de Efluentes Industriais

4 Tratamento Terciário

99
Tratamento de Efluentes Industriais

Nesta quarta unidade, estudaremos o tratamento terciário que é uma das


etapas do tratamento de efluentes líquidos industriais de grande importância, pois
nessa etapa, os efluentes sofrem a mais eficaz purificação. Em cada fase dessa
etapa, o efluente sofre processos refinados e de caráter abrangente no seu
tratamento.

Objetivos da unidade

Esta unidade tem o objetivo de explicitar uma das etapas mais importante no
tratamento de efluentes líquidos industriais.

Plano da unidade
 Desinfecção
 Adsorção
 Membranas
 Troca iônica
 Processos oxidativos avançados
 Processos enzimáticos

Bons estudos!

100
Tratamento de Efluentes Industriais

O tratamento terciário de efluentes industriais é empregado com a finalidade


de remover poluentes ainda presentes nas águas residuárias de um tratamento de
efluentes industriais para que essa possa ser descarregada no corpo receptor e/ ou
para recirculação em sistema fechado. Essa fase do processo é também chamada
de “polimento”.

Em função das necessidades de cada indústria, os processos de tratamento


terciário são muito diversificados; no entanto podem-se citar as seguintes etapas:
1. Desinfecção;
2. Adsorção;
3. Filtração por membranas;
4. Processos oxidativos avançados;
5. Processos enzimáticos.

Desinfecção

Essa etapa do tratamento dos efluentes industriais tem como principal função,
diminuir a quantidade de agentes patogênicos do efluente (vírus, bactérias,
protozoários etc.) e segundo Gomar é um desafio para este século. “As exigências
cada vez mais restritivas das legislações tanto federais quanto estaduais vigentes
têm obrigado as empresas de todos os segmentos industriais a se adequarem, o
que passa necessariamente pelo melhoramento das técnicas de tratamento,
incluindo os processos de desinfecção”, explica.

Existe no mercado uma variedade de produtos químicos, métodos e técnicas


para cumprir adequadamente a desinfecção no tratamento de efluentes. Dentre os
principais métodos podem ser citados a cloração, dióxido de cloro, ozonização e
desinfecção por radiação ultravioleta, orienta Gomar.

101
Tratamento de Efluentes Industriais

1- Cloração

A cloração é o processo mais comum de desinfecção de efluentes tratados. No


processo de cloração é utilizado cloro em gás (Cl2), na forma de hipoclorito de
sódio (NaClO) ou de cálcio (Ca(ClO)2) adicionado ao material a ser tratado e, neste
caso, a eficiência do processo é extremamente dependente do pH do fluido.
Quando é adicionado ao efluente, o cloro se combina formando o acido
hipocloroso (HClO) e um tempo de contato de 15 a 30 minutos é importante para
que aja sobre as bactérias e demais microrganismos. O cloro é usado para controle
de doenças, desenvolvimento de algas aquáticas e retirada de odores. Seu aspecto
mais negativo é que forma trialometanos THM (fórmula geral CHX3) e tricloraminas
(NCl3), substâncias químicas consideradas cancerígenas e seu funcionamento é
afetado pelo pH e temperatura.

2- Dióxido de cloro

A cloração pode ser substituída pela utilização do dióxido de cloro (ClO₂) que
possui poder de desinfecção maior, independe das variações do pH do efluente e
devido a sua especificidade química não forma subprodutos tóxicos. “Ao contrário
do cloro, o dióxido de cloro é capaz de eliminar biofilmes nos sistemas de
tubulação e tanques impedindo o crescimento da Legionella. Além da excelente
ação bactericida, age com eficiência sobre os vírus e pode ser usado como inibidor
de crescimento de algas”, complementa.

A Legionella: é um gênero de bactérias naturalmente presentes na água e na


terra úmida que pode causar doenças respiratórias, das quais a mais grave é
conhecida como o mal dos legionários (pneumonia atípica que pode ser fatal). Elas
frequentemente colonizam sistemas de água, incluindo as redes de água potável,
sistemas recreacionais e sistemas de resfriamento.

102
Tratamento de Efluentes Industriais

3- Ozonização

Já a utilização de ozônio (O3) (ozonização) tem a vantagem de ser mais eficaz


na inativação de vírus e de cistos de protozoários, mas possui custos que
restringem seu uso à área industrial.

4- Desinfecção por radiação ultravioleta

A desinfecção por radiação ultravioleta (UV) pode ser usada para desinfecção
de água de efluentes industriais e água de esgotos tratados. O tratamento de água
com desinfecção Ultravioleta é uma desinfecção de água ambientalmente
amigável e de descarte para rios, áreas da costa e corpos de água. A radiação
ultravioleta não afeta as características físico-químicas da água e não há produção
de subprodutos do tratamento. Os microrganismos são destruídos através da ação
germicida da radiação e luz ultravioleta e não há necessidade de tanques de
residência e tempo de contato como no caso do uso do cloro.

Benefícios da Desinfecção de Efluentes e de Esgotos por Ultravioleta:

 Vantagens dentro dos padrões ambientais de lançamento;


 Reduzidos níveis químicos – especialmente se a UV for combinada com
processos de biotecnologia e/ou oxidantes;
 Melhores praias para banhistas e possibilidade de uso de reservas de
água interiores para uso recreacional. Proteção do público e turismo;
 Inaceitáveis lançamentos de bactérias e vírus são prevenidos;
 Desinfecção de efluente tratado e esgotos para reúso;
 Evita o uso de produtos químicos, manuseio e transporte e estocagem;
 Evita a decloração;
 Segurança ambiental.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Adsorção

A Adsorção caracteriza-se pela adesão de partículas de um fluido a uma


superfície sólida. A adsorção pode ser influenciada por variações de temperatura,
pressão e, também, pela sua área de superfície. Existem dois tipos, a química
(quimissorção) e a física (fisissorção). Como uma tecnologia emergente para o
controle de poluição causada por metais potencialmente tóxicos e ânions como o
fosfato, a adsorção pode desempenhar uma importante função ambiental.

De uma forma mais específica, pode caracterizar a adsorção como a variação


da concentração de uma substância em uma interface, sendo que o espaço de
interface é uma medida arbitrária da região limite entre duas substâncias não
miscíveis. Quando a concentração de uma substância aumenta em uma interface,
ocorre o que se chama de adsorção positiva; quando a concentração desta
substância diminui na região de interface, tem-se uma adsorção negativa. Porém,
costuma-se tratar o fenômeno de adsorção apenas nos casos de adsorção positiva,
na qual a concentração de uma substância aumenta na região de interface.

A adsorção pode ocorrer em todos os tipos de interface, seja gás-sólido,


solução-sólido, solução-gás, entre duas soluções etc.

A substância que sofre o aumento de concentração sobre a superfície da fase


condensada é chamada de adsorbato. Já a fase condensada, na superfície da qual
ocorre o processo, é chamada de adsorvente.

Importante!

Deve-se atentar à diferença entre os fenômenos de adsorção e de


absorção: enquanto que a adsorção é um fenômeno de superfície, que ocorre
somente na porção superficial do sólido, a absorção ocorre com a migração de
partículas da superfície para o interior do sólido.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Adsorção química

Na adsorção química (quimissorção) existe uma reação entre o fluido


(substância adsorvida) e a superfície sólida (adsorvente) com a formação de
ligações químicas. Cada molécula da superfície do adsorvente forma apenas uma
ligação com a substância adsorvida, logo só se forma uma camada de substância
adsorvida na superfície do adsorvente.

Adsorção física

Na adsorção física não há formação de ligações químicas, mas sim uma


atuação de forças de Van der Walls. Neste tipo de adsorção, já podem coexistir
várias camadas de moléculas adsorvidas. Atualmente, existem diversos tipos de
adsorventes de baixo custo. Considera-se um adsorvente de baixo custo quando
este é abundante na natureza ou um derivado ou resíduo industrial (BAILEY et
al.,1999).

A classificação do processo de adsorção física ou química, ou,


respectivamente, fisiossorção ou quimissorção, é feita a partir das forças envolvidas
na interação entre o adsorbato e o adsorvente, e pelo valor da energia envolvida
no fenômeno. Tanto a adsorção química quanto a adsorção física são processos
exotérmicos. Isto porque há uma diminuição da energia livre da superfície no
processo de adsorção. Porém, a entropia diminui, já que as partículas que são
adsorvidas têm menor liberdade quando se acomodam nos sítios de adsorção.
Como
ΔG = ΔH – TΔS
Então ΔH deve ser, necessariamente, negativo.

Importante!

Adsorbato: É o material que é adsorvido é a substância que sofre o


aumento de concentração sobre a superfície da fase condensada.

Absorvente: É o material que absorve (agente absorvente) é a fase


condensada, na superfície da qual ocorre o processo.

105
Tratamento de Efluentes Industriais

Materiais adsorventes:

 Carvão ativado;

 Adsorventes sintéticos poliméricos;

 Resinas de permuta iônica;

 Adsorventes inorgânicos;

 Bioadsorventes de baixo custo;

 Adsorventes contendo quitina e seus derivados.

Membranas

Uma membrana pode ser entendida como sendo uma barreira capaz de
separar duas fases, restringindo total ou parcialmente o transporte de uma ou mais
espécies químicas presentes nessas fases. A membrana é uma fase permeável ou
semipermeável que permite a passagem de certas espécies e restringe o
movimento de outras. Em geral, membranas são camadas finas que podem ter
estruturas diferentes, mas que têm, em comum, características de seletividades no
transporte para diferentes componentes.

As membranas são confeccionadas pelos seguintes materiais:

Poliméricos:
1) Acetato de celulose;
2) Polisulfona;
3) Polietersulfona;
4) Poliacrilonitrila;
5) Polieterimida;
6) Policarbonato e outros.

106
Tratamento de Efluentes Industriais

Não poliméricos:

1) Cerâmica;

2) Carbonos,

3) Óxidos metálicos

4) Metais, entre outros.

Classificação das membranas em função das suas aplicações

As características da superfície da membrana, que está em contato com a


solução problema, é que vão definir tratar-se de uma membrana porosa ou densa.
Tanto as membranas densas como as porosas podem ser isotrópicas (simétricas) ou
anisotrópicas (assimétricas), ou seja, podem ou não apresentar as mesmas
características morfológicas ao longo de sua espessura. As membranas
anisotrópicas se caracterizam por uma região superior muito fina (≈1μm), mais
fechada (com poros ou não), chamada de "pele", suportada em uma estrutura
porosa. Quando ambas as regiões são constituídas por um único material a
membrana é do tipo anisotrópica integral. Caso materiais diferentes sejam
empregados no preparo de cada região a membrana será do tipo anisotrópica
composta.

Membranas densas

São as membranas que separam as substâncias de acordo com os SUS


coeficientes de solubilidade e a sua difusão do solvente e soluto; o diâmetro do
poro não é usado parâmetro de medida. É usada na osmose reversa e na
nanofiltração.
1 – Osmose reversa: É um processo semelhante
como ocorre dentro de uma célula. A osmose reversa
ocorre através de uma membrana semipermeável
que absorve o sal e componentes nocivos à saúde
humana e deixa passar apenas a água limpa.

107
Tratamento de Efluentes Industriais

Veja a figura abaixo:

Os efluentes industriais contêm altas concentrações de contaminantes, que


variam dependendo da indústria, e os níveis tendem a variar periodicamente. Se o
curso de efluente contém uma grande quantidade de sais e sedimentos, matéria
orgânica, substâncias inorgânicas ou metais pesados, ela pode causar mudanças
indesejáveis nas características do efluente. Por exemplo, os valores de pH podem
mudar, tornando a água mais ou menos ácida ou alcalina. Ou a demanda biológica
e química de oxigênio do efluente pode aumentar.

Os efluentes pré-tratados passam pela câmara de osmose reversa; o outro


fluido na câmara é água pura. Os dois fluidos são separados por uma membrana
semipermeável, que permite que apenas os fluidos passem, mas segura íons e
outros sólidos dissolvidos e em suspensão, incluindo microrganismos. Quando o
efluente passa pela câmara de osmose reversa sob pressão, apenas as moléculas de
água são forçadas pelos poros da membrana, enquanto sólidos dissolvidos e
materiais iônicos são retidos. A pressão aplicada usualmente é de 10 a 55 bar,
dependendo da concentração de sais e do tipo de membrana. A membrana
escolhida depende da qualidade do efluente e de suas características. Um efluente
sem cloro pode requerer apenas membranas de filme fino (TF), mas, se o pré-
tratamento não incluir remoção de cloreto, uma membrana de triacetato de
celulose (CTA) pode ser necessária. Membranas de CTA requerem outro passo, de
recondicionamento de pH, porque operam em uma faixa estreita de pH. Depois de
o efluente passar pela osmose reversa, ele é mantido em um tanque de
armazenamento até o reúso.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Aplicabilidade

A osmose reversa elimina dos efluentes em percentuais


Rejeição Íon Rejeição Íon
95/99% Cálcio 92/97% Nitrato
94/99% Sódio 85/97% Amônia
95/99% Magnésio 100% Bactérias
94/99% Chumbo 61/92% Borato
97/99% Manganês 67/95% Boro
97/99% Ferro 97/99% Cádmio
97/99% Alumínio 97/99% Cloreto
97/99% Cobre 95/99% Cromato
96/99% Mercúrio 97/99% Níquel
95/99% Radioatividade 92/99% Cianureto
98/99% Pesticidas 97/99% Sílica
95/99% Prata 96/99% Fluoreto
97/99% Fosfato 97/99% Zinco
97/99% Sulfato 98/100% Orgânicos
95/99% Dureza Ca & Mg 87/94% Potássio
96/99% Estrôncio 96/99% Bário
97/98% Cromo 95/99% Bicarbonato
87/94% Brometo 98/99% Ferrocianeto
85/90% Silicato 97/99% Arsênio

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Tratamento de Efluentes Industriais

2 - Nanofiltração

A nanofiltração é o processo de separação por membranas, movido pela


diferença de pressão, que tem sofrido o maior desenvolvimento em anos recentes.
As membranas destes processos foram assim denominadas uma vez que
apresentam cut-offs correspondentes a poros com cerca de 1 nanômetro. Contudo,
a rejeição de moléculas carregadas e íons simples, são influenciados pela carga da
membrana.

Membranas de nanofiltração vêm tendo um longo caminho desde que foi


introduzida ao final dos anos 80. Com propriedades entre a ultrafiltração e a
osmose reversa, membranas de nanofiltração vêm sendo usadas em aplicações
especiais, principalmente em tratamento de água, efluentes e dessalinização.

Novas aplicações estão sendo exploradas por muitas indústrias. Contudo,


incrustações são ainda questões prevalentes que pode dificultar a aplicação bem
sucedida de membranas nanofiltração. Esforços para prevenção de incrustações
nas membranas de nanofiltração bem como processos de mitigação também têm
sido reportados.

Esse tipo de membrana é recomendável para operações de abrandamento,


tratamento de água e operações industriais para concentração de sucos de frutas,
açúcares e leite. Principal aplicação: Desulfatação da água do mar para injeção em
poços de petróleo.

O princípio fundamental da tecnologia de membrana de nanofiltração é o uso


da pressão para separar íons solúveis da água através de um material
semipermeável. A membrana, ao contrário do filtro sem saída, opera sob um perfil
hidráulico diferente que é conhecido como fluxo de filtração cruzada. A maioria
das membranas de nanofiltração é de material composto que é suportado por um
substrato de polímero e fabricado em uma configuração em espiral ao contrário de
uma folha plana ou geometria em tubo. O modelo predominante usado hoje para
aplicações industriais é a configuração em espiral.

110
Tratamento de Efluentes Industriais

Membranas porosas

São membranas que separam as partículas de acordo com o seu tamanho,


dependendo do diâmetro do poro. È usada na microfiltração e ultrafiltração.

Microfiltração

A Microfiltração é um processo de separação por membranas em que a força


diretriz é a diferença de pressão através da membrana e os poros da membrana.
Uma membrana típica de microfiltração possui tamanho de poros entre 0,1 a
10μm. A microfiltração é empregada em tratamento de efluentes líquidos em
algumas indústrias. A microfiltração remove sólidos em suspensão, bactérias e
absorve também parte dos contaminantes virais dos efluentes a serem tratados,
que, apesar de serem menores que os poros da membrana de microfiltração, se
acoplam às bactérias e acabam sendo absorvidos juntos. Além disso, há uma
redução na turbidez dos efluentes líquidos.

Na microfiltração também podemos utilizar filtros de cartucho para separar


sólidos suspensos da água, ficando o tamanho da partícula a ser retida por volta de
0,1 a 10 μm.

A diferença entre a microfiltração e outros processos que utilizam membranas,


como a nanofiltração e osmose reversa, é que a microfiltração e ultrafiltração são
filtrações propriamente ditas, o que significa que fazem uma separação física dos
elementos suspensos efluentes líquido. Enquanto a nanofiltração e osmose reversa
operam uma separação dos sólidos dissolvidos não física (por tamanho da
partícula) e, sim, baseada na carga elétrica dos componentes dissolvidos.

Um micrômetro (1μm) é um submúltiplo do metro, unidade de comprimento


do Sistema Internacional de Unidades (SI). É definido como 1 milionésimo de
metro (1 x 10-6 m). Equivale à milésima parte do milímetro.

São diversas as indústrias onde a microfiltração pode ser utilizada, isso porque
é uma tecnologia que serve tanto para tratamento de água como também para
efluente, pré-tratamento ou para polido, remoção de compostos específicos etc.

De acordo com a necessidade da aplicação, os módulos de microfiltração


podem ser de fibras ocas ou tubulares. Geralmente, as membranas tubulares são

111
Tratamento de Efluentes Industriais

usadas para efluentes ou recuperação de metais pesados porque possuem alta


resistência química e abrasão. Já as membranas de fibras ocas são utilizadas para
água ou processos com sólidos menos abrasivos. A estrutura interna das
membranas é muito similar. A diferença no processo de fabricação do polímero
resulta em diferentes tamanhos dos poros das membranas. Devido à estrutura
capilar ou tubo das membranas, a filtração pode ser feita desde o interior ou
exterior da membrana, que varia de característica conforme o fornecedor.

Aplicações

A microfiltração e ultrafiltração - empregadas em tratamento de efluentes e


águas em algumas indústrias; até algum tempo eram consideradas técnicas
alternativas de tratamento de água de abastecimento somente para casos mais
restritos. Entretanto, sua viabilidade técnica/econômica tem aumentado
sensivelmente devido, entre outros fatores, a:

a) Padrões de qualidade de água potável, cada vez mais exigentes;


b) Decréscimo acentuado, em certas regiões, de recursos hídricos
adequados;
c) Ênfase crescente em reúso de água;
d) Avanços na tecnologia de membranas, com diminuição dos custos de
aquisição, operação e manutenção;
e) Tratamento de água e efluentes;
f) Remoção de ferro e manganês oxidado da água;
g) Remoção de arsênico (com coagulação);
h) Diminuição de turbidez e SDI;
i) Redução de carga orgânica e remoção de patógenos microbianos com
coagulação para contabilização de águas superficiais;
j) Tratamento de polido de efluentes terciários para produzir água de
irrigação ou aplicações de reúso;
k) Tratamento de efluentes para obedecer a regulações de esgotos;
l) Remoção de metais pesados de efluentes industriais ou mineiros;
m) Tratamento em torres de resfriamento;
n) Redução de dureza (precipitação de cálcio e magnésio);
o) Remoção de flúor (precipitação);
p) Remoção de sais pouco solúveis (precipitação);
q) Usado largamente em tratamento de água para abastecimento, este
processo remove a maioria dos patógenos e contaminantes, como cistos
de Giardialamblia, cistos de Cryptosporidium, protozoários, bactérias
maiores e vírus;
r) Seu emprego no tratamento de águas para abastecimento constitui
técnica recente.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Membrana tubular.

Fonte:<https://portuguese.alibaba.com/product-detail/ultrafiltration-tubular-membrane-uf-
membrane-60350582502.html>. Acesso em 04/11/2016 às 10h15.

Tabela de comparação de tecnologia

MF/UF NF/OI
Tipo de membrana Fibra oca Em espiral
Pressões de operação Baixas (menores a 4 bar) Médias altas (4 a 80 bar)
Aplicação geral Separação de materiais Rejeito de materiais
suspensos dissolvidos
Pré-tratamento Simples ou dispensa Complexidade dependendo
pré-tratamento do tipo de água a tratar
Resistência aos Distintos materiais de mem- Não resistente a oxidante
químicos branas, faixa de tolerância e tem limitações no PH
química mais ampla
Material da membrana PES + PVP Poliamida
PE + PVDF
PVDF + PVDF

113
Tratamento de Efluentes Industriais

Fotografia do equipamento piloto utilizado nos experimentos de MF e UF

Pontos positivos
a) Requer pouca atenção do operador.
b) Garante qualidade constante de permeado.
c) Operação em forma contínua ou intermitente sem problema nenhum.
d) Reduz o consumo de produtos químicos por não ser necessário realizar a
sedimentação de sólidos.
e) Equipamentos são modulares e ampliáveis.

Pontos negativos

a) Elevado consumo de eletricidade para processos com alta vazão de


recirculação se comparamos com processos convencionais.
b) Necessidade de limpezas periódicas das membranas.
c) As membranas de microfiltração não são recomendadas para as
seguintes aplicações:

114
Tratamento de Efluentes Industriais

 Águas com óleos e graxas;


 Águas com alto conteúdo orgânico (águas municipais);
 Águas carregadas com orgânicos (por exemplo, ácido cítrico);
 Águas com cadeias poliméricas longas (foulling de membranas);
 Águas com temperaturas elevadas (> 50 – 55 °C).

d) Custo de instalação e manutenção similar ao da ultrafiltração, porém,


esta última tem uma filtração melhor.

Vantagens do uso de membrana Desvantagens do uso de membrana


Efluentes têm melhor qualidade Alto custo de instalação
Não requer clarificador após passagem Alto custo energético (pressão)
pela membrana
Grande retenção de bactérias, Entupimento frequente, necessitando
reduzindo a desinfecção lavagem periódica
Menor área construída

Troca iônica

O processo de troca-iônica aplicado ao tratamento de efluentes consiste na


remoção de íons indesejáveis, que são substituídos por uma quantidade
equivalente de espécies iônicas que apresentam um menor potencial de perigo,
presentes em uma matriz sólida insolúvel (HABASHI, 1993). Uma reação de troca-
iônica pode ser definida como uma troca reversível de íons entre a fase sólida
(trocador iônico) e a fase líquida (solução aquosa).
- + +
Desta maneira, para um trocador iônico M A , onde cátions A são os íons
+
trocados em solução aquosa pelos cátions B , a troca-iônica pode ser representada
pela equação (TENÓRIO e ESPINOSA, 2001):
M–A++ B+  M– B+ + A+

115
Tratamento de Efluentes Industriais

A Equação representa uma reação de troca catiônica, onde M– é o grupo


funcional da resina. Os cátions A+ e B+ são chamados contra-íons e os íons
presentes em solução, tendo a mesma carga da matriz são chamados co-íons. Os
cátions B+ podem no efluente os íons de Cr (III), Zn, Cu e Ni os demais cátions
presentes em solução. É necessário que a eletroneutralidade nessas reações seja
mantida. (TENÓRIO E ESPINOSA, 2011).

Um sistema de troca iônica constituído por micro-colunas de resinas catiônicas


e aniônicas para adsorção de metais pesados de soluções industriais, visando à
recirculação de água de lavagem de processos industriais.

Na troca iônica, as resinas sequestram os sais dissolvidos na água por meio de


uma reação química, acumulando-se dentro de si mesma. Por este motivo,
periodicamente, as resinas precisam ser regeneradas com ácido clorídrico e
hidróxido de sódio para remover os sais incorporados, permitindo o emprego das
resinas em um novo ciclo de produção, e assim sucessivamente por anos.

O que são resinas de troca iônica?

São substâncias em grãos insolúveis possuidoras, em sua estrutura molecular,


de radicais ácidos ou básicos capazes de propiciar a substituição dos cátions ou
ânions fixados previamente nesses radicais, por outros cátions ou ânions presentes
no afluente, promovendo assim a remoção desejada.

Importante!

Durante este processo, não deve ocorrer a solubilização ou alteração


permanente da resina pelo efluente. Esse fato possibilita a regeneração das resinas
toda vez que a eficiência da troca iônica cair. (Claas, 1994).

A resina trocadora de íons tem a consistência de um gel homogêneo, através


do qual está distribuída uma rede de cadeias hidrocarbônicas às quais estão
ligados grupos iônicos imóveis. A carga dos grupos iônicos fixos é equilibrada pelas
cargas opostas de íons difusíveis. As resinas de troca iônica são produtos sintéticos,
que ao serem colocados na água liberam íons de sódio e hidrogênio, essas são
resinas catiônicas ou as hidroxilas, essas são resinas aniônicas.

116
Tratamento de Efluentes Industriais

Resinas catiônicas

As resinas catiônicas são aquelas que possuem grupos funcionais carboxílico


para as catiônicas fracas ou grupos sulfônicos para as catiônicas fortes. As resinas
catiônicas são capazes de remover os cátions Ca++, Mg++, K+, Na+, assim como
outros metais etc. presentes nos efluentes líquidos.

As resinas catiônicas se subdividem em:

1. Fortemente ácidas (presença de ácido sulfônico): essas resinas


possuem a capacidade de remoção tanto da dureza temporária (Ca2+ e
Mg2+ ligados aos íons bicarbonato e carbonato) quanto da dureza
permanente Ca2+ e Mg2+ ligados a ânions fortes, como o sulfato e cloreto.

Quanto à aplicação

Essas resinas são empregadas em sistemas de abrandamento e


desmineralização, polimento de condensado, tratamento de efluentes, tratamento
de açúcar e galvanoplastia.

2. Fracamente ácidas (presença de ácido carboxílico): Essas resinas só


conseguem remover a dureza temporária.

Quanto à aplicação

Essas resinas são utilizadas em tratamento de condensado amoniacal e em


algumas aplicações especiais, como para a fixação de antibióticos.

O regenerante das resinas catiônicas

Pode ser sal – cloreto de sódio (nos processos de abrandamento)

Ácidos – clorídrico (HCl) ou sulfúrico (H2SO4)

117
Tratamento de Efluentes Industriais

O projeto de um vaso que opera um leito misto deve contemplar um tubo


coletor instalado na altura teórica da coluna catiônica. Uma das etapas da
regeneração de um leito misto implica na separação das resinas. Com a inundação
do leito, as resinas catiônicas de maior densidade começam a se acomodar no
fundo do vaso, enquanto as aniônicas de menor densidade se acomodam acima do
tubo coletor.

Após essa separação, o processo de regeneração consiste na injeção


simultânea dos químicos: soda cáustica por cima – na regeneração das resinas
aniônicas - e ácido clorídrico por baixo – na regeneração das resinas catiônicas.
Esse efluente percola pela tubulação intermediária, formando uma solução
neutralizada. Para retomada do regime de operação é necessário misturar,
novamente, as resinas com a injeção de ar por 10 ou 20 minutos antes de colocá-la
em operação. A operação desse tipo de vaso é sempre descendente.

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Tratamento de Efluentes Industriais

Matriz de um trocador iônico

A matriz é uma estrutura, um trocador iônico, que carreia uma carga elétrica
positiva ou negativa, que é neutralizada por íons de sinais opostos denominados
contra-íons.Os íons de mesmo sinal da matriz são chamados de co-íons. Os contra-
íons são livres para se movimentarem dentro da estrutura. Já os íons fixos, lógico,
não se movimentam.

A matriz de um trocador é constituída de um material poroso, natural ou


sintético, inerte, insolúvel em água e em solventes orgânicos, apresentando
ligações covalentes a grupos trocadores iônico. Dependendo do grupo trocador
ligado covalentemente à matriz, os trocadores iônicos são classificados em iônicos
e catiônicos. Os aniônicos como o próprio nome indica, trocam ânions e
apresentam portanto grupos iônicos positivos ligados à matriz. Os trocadores
catiônicos inversamente trocam cátions e apresentam grupos iônicos negativos
ligados à matriz.

As matrizes são classificadas em:


a) Trocadores inorgânicos naturais:

Os solos apresentam minerais que são capazes de atuar como trocadores


iônicos, pois o cátion do mineral ativo do solo possui uma camada de estrutura
cristalina. Para ocorrer a troca iônica em um mineral, a estrutura molecular precisa
ser suficientemente aberta para permitir o acesso dos íons a serem trocados. O tipo
de estrutura difere muito de um para outro tipo, mas estes trocadores, em geral,
apresentam pequena capacidade de troca. São atacados por ácidos ou por bases,
sendo a propriedade de troca de íons afetada por valores de pH diferentes de 7,00.
b) Trocadores inorgânicos sintéticos:

Várias sínteses foram testadas com a finalidade de testar a s propriedades do


trocador, cuja principal limitação é a de apresentar baixa capacidade de troca, além
de ter vazão lenta, causando problemas na regeneração. Todavia, era insolúvel na
água e resistente à desintegração. Trocadores sintéticos podem ser preparados a
partir óxido de metais do grupo IV, como o Zircônio e o tório e dos ácidos do grupo
V e VI, sendo um exemplo o fosfato de zircônio. Estes materiais apresentam a
vantagem de serem muito estáveis à temperatura e à radiação nuclear.

119
Tratamento de Efluentes Industriais

c) Trocadores com matriz orgânica natural

Certas substâncias como a lã, o cabelo, o couro (proteínas), a celulose e o Agar


(polissacarídeo) possuem propriedades trocadoras de capacidade muito baixa. As
proteínas são constituídas de aminoácidos, que são compostos anfóteros e,
portanto, podem se comportar como cátions ou ânions, dependendo do pH a que
estão expostas. A celulose, como o agar, possui também propriedades trocadoras.
Mediante tratamento químico simples, em geral, sulfonação, pode – se obter
materiais trocadores catiônicos. Todavia, com tal processamento, os produtos
obtidos são heterogêneos e de pouco valor prático; tentativa de se empregar o
carvão como a matriz trocadora ilustra bem isso. Em 1934, foi demonstrado que
certos carvões, sofrendo granulações e posteriormente tratados com ácido
sulfúrico, davam origem a trocadores catiônicos que eram estáveis quimicamente e
fisicamente em meios ácidos e alcalinos. Nesta época, a descoberta representou
considerável avanço, desde que trocas envolvendo os íons hidrônio puderam ser
realizadas, até então muito difíceis. Os grupos sulfônicos eram, em grande parte,
responsáveis pela troca de cátions, como também grupos carboxílicos produzidos
simultaneamente à reação de oxidação. O carvão submetido a este tratamento
químico foi usado para desmineralizar à água.

d) Trocadores com matriz de celulose

A celulose é um biopolímero de glicose, apresentando ligações cruzadas de


pontes de hidrogênio, tendo grupos hidroxílicos que são facilmente oxidáveis a
grupos carboxílicos, sendo esta a razão que capacita a celulose como trocador.
Todavia, para efeito prático a celulose precisa ser tratada quimicamente. Agentes
oxidantes transformam grupos hidroxílicos a carboxílicos de uma maneira
homogênea, e a celulose, assim modificada, pode ser útil como um trocador. Por
tratamento químico conveniente é possível ligar a celulose a grupos trocadores
catiônicos e aniônicos. Também, dependendo da finalidade, pode ser dado um
baixo nível de substituição dos grupos hidroxila, visando uma baixa densidade de
carga, que permite a eluição de moléculas de polieletrólitos sob condições
brandas, ou então, uma alta densidade mais apropriada para a cromatografia de
pequenas moléculas altamente carregadas. No estado nativo, as cadeias
polissacarídicas de celulose são unidas por pontes de hidrogênio formando regiões

120
Tratamento de Efluentes Industriais

microcristalinas. Interpostas a estas regiões, existem outras amorfas, com um


menor número de pontes de hidrogênio. A hidrólise ácida limitada produz uma
perda preferencial da região amorfa, resultando em celulose microcristalina. No fim
da década de 1970, foi colocado no mercado o DEAE – Sephacel, um trocador
aniônico preparado a partir de celulose microcristalina de alta pureza, previamente
hidratada, com partículas esféricas, porosas, de diâmetro variando de 40-160μm,
pronta para uso, apresentando ligações cruzadas com epicloridrina, além das
pontes de hidrogênio encontradas naturalmente na celulose. Os trocadores com
matrizes de celuloses têm a vantagem de apresentar poros grandes, facilitando,
assim, o acesso das substâncias aos grupos trocadores e permitindo boa qualidade
de vazão da fase móvel.

e) Os trocadores com matriz de dextrano

Dextrano é um biopolímero formado por unidades de glicose, unidas


predominantemente por ligações α– D (1-6) e produzido por bactérias
(Leuconostocmisenteroides, Leuconostocdextranicium), tendo como substrato inicial
a sacarose. Sob o nome comercial de Sephadex (Pharmacia) é produzido um
polímero modificado de dextrano, onde as macromoléculas apresentam ligações
cruzadas de pontes de hidrogênio entre as suas cadeias, obtendo assim uma
estrutura porosa tridimensional. Por causa do seu alto conteúdo de grupos
hidroxílicos, o Sephadex é fortemente hidrofílico e as partículas esféricas,
produzidas deste material, são capazes de inchar consideravelmente em contato
com á água, sendo possível formar vários tipos de poros, conforme a sua
capacidade de absorver água. Por tratamento químico adequado, é possível ligar
grupos trocadores as partículas esféricas de Sephadex. Os trocadores iônicos com
matriz de Sephadex são derivados de Sephadex G – 25 e Sephadex G – 50, sendo
que estes dois tipos diferem entre si quanto à porosidade das partículas esféricas.
Os trocadores iônicos baseados no Sephadex G – 25 42 apresentam ligações
cruzadas firmes, resultando em partículas de poros que aquelas com matriz de
Sephadex G – 50, que apresentam poros maiores, sendo estes, portanto, mais
indicados para a cromatografia de substâncias com massas moleculares elevadas.
O pH e a força iônica dos efluentes são fatores que influenciam no grau de
inchamento destes trocadores que, sendo esféricos e altamente porosos, permitem
boas condições de vazão da fase móvel.

121
Tratamento de Efluentes Industriais

f) Trocadores com matriz de agarose:

O agar é um polímero natural complexo extraído da alga Rhodophyciae. Ele é


formado por cadeias polissacarídicas de agarose e agaropectina. Os grupos
carregados presentes neste polissacarídeo são o sulfato e o carboxílico. A agarose
contém menor número de grupos sulfatos, em relação à agaropectina, sendo por
isso menos carregada. A agarose foi introduzida como um gel para cromatografia
por exclusão, foi preparado um gel de agarose livre de sulfato, com ligações
cruzadas de bis-epoxi ou epicloridrina. Este tratamento resultou em um gel mais
insolúvel e com ligações cruzadas, mais homogêneas. Como exemplo de
trocadores que utilizam a agarose como matriz, podemos citar a DEAE-Sepharose
CL-6B(aniônica) e a CM-Sepharose CL-6B (catiônica). Estes trocadores apresentam
uma matriz de grande rigidez, aliada a uma porosidade equivalente àquelas com
matriz de dextrano modificado, tendo ainda boas qualidades de vazão da fase
móvel. II) Osmose reversa A osmose reversa segundo Schneider (2001), é utilizada
para dessalinizar águas marinhas, águas salobras e águas de superfície. A pressão
aplicada deve superar a pressão osmótica da solução para separar os sais da água.
Na prática, a pressão de operação deve superar também a resistência da
membrana, a resistência da zona de concentração-polarização e a resistência
interna do equipamento. As pressões de operação reais são, portanto, mais
elevadas do que a pressão osmótica da solução. Nesse processo, empregam-se
membranas sintéticas porosas com tamanhos de poros tão pequenos que filtram
os sais dissolvidos na água. Para que a água passe pelas membranas é necessário
pressurizar a água com pressões maiores de 10 kgf/cm2. Os fabricantes de
membrana esforçam-se com sucesso para desenvolver novos produtos
membranas que filtrem mais sais com pressões menores, ou seja, mais eficientes.

122
Tratamento de Efluentes Industriais

Processos oxidativos avançados (poa)

Esses processos caracterizam-se por transformar a grande maioria dos


contaminantes orgânicos em dióxido de carbono, água e ânions inorgânicos, por
meio de reações de degradação que envolve espécies transitórias oxidantes,
principalmente os radicais livres. Os Processos Oxidativos Avançados (POA) são
processos seletivos que têm a finalidade de degradar inúmeros compostos, tanto
em fase aquosa, como em fase gasosa, ou adsorvidas numa matriz sólida. Segundo
Stasinakis (2008), o principal mecanismo dos POA é a geração de radicais livres
hidroxila (HO –) altamente reativos. Estes radicais são eficazes na destruição de
produtos químicos orgânicos porque eles são eletrófilos e reativos.

O radical hidroxila pode iniciar a oxidação de uma molécula por extração de


um átomo de hidrogênio ou por adição a um átomo que participa de um múltipla
ligação, também pode extrair um elétron de um ânion, como alternativa adicional.

De maneira similar à oxidação de compostos estáveis no ar, a matéria orgânica


dissolvida é oxidada por uma sequência de reações, muitas das quais envolvem
radicais livres, promovendo deste modo a purificação dos efluentes. Por exemplo,
os radicais livres hidroxila (HO –) iniciam a oxidação de muitas moléculas orgânicas
contendo hidrogênio mediante a abstração de um átomo de hidrogênio:
HO – + H-CH3... → H 2O + radical baseado em carbono CO2

Os radicais hidroxila (HO –) tem potencial de oxidação de 2,81 V, menor apenas


do que o flúor, que é de 3,053 V.

123
Tratamento de Efluentes Industriais

TABELA – POTENCIAIS–PADRÕES DE REDUÇÃO DE SUBSTÂNCIAS


Potencial-padrão de redução (V)
Flúor, F2 +3,06
OH • +2,77
Oxigênio nascente, O +2,42
Ozônio, O3 +2,07
Peróxido de hidrogênio, H2O2 +1,77
Permanganato, MnO +1,67
Hipoclorito, ClO +1,43
Cloro, Cl2 +1,36
Cr (VI) +1,33
Oxigênio, O2 +1,23
• HO2 -0,30

•O -0,33

ehid -2,90

Principais aspectos positivos e negativos na utilização dos processos


oxidativos avançados para o tratamento de efluentes.

Aspectos positivos Aspectos negativos


Não apenas transferem de fase os poluentes Podem formar subprodutos
(como ocorre nas técnicas de membranas, de reação indesejáveis em
carvão ativado, dentre outros), mas sim alguns casos.
transformam quimicamente os compostos.
Possuem potencial para transformar compostos Necessitam, em alguns processos,
refratários em constituintes biodegradáveis. de grandes tempos de retenção.
Usualmente não há a geração de lodo. Os custos podem ser elevados.
Proporciona a mineralização completa de É necessário mão de obra treinada
alguns contaminantes. de bom nível técnico.
Em alguns casos, consomem menos energia
que outros métodos (por exemplo,
comparando com a incineração).
Fonte: Teixeira e Jardim (2004)

124
Tratamento de Efluentes Industriais

Métodos de Processos Oxidativos Avançados

1 - Homogêneos: Substrato e catalisador formando uma única fase.

Os sistemas homogêneos geralmente utilizam a fotólise direta, com radiação


ultravioleta, combinada com outros agentes oxidantes, com o objetivo de acelerar
a formação de radicais hidroxilas. Desta forma, há a possibilidade de uma melhor
eficiência dos processos oxidativos atuando de forma conjunta, como por
exemplo, na aplicação de H2O2 / UV e O3/UV.

2 - Heterogêneos: Substrato e catalisador (geralmente na forma sólida),


formando sistema de mais de uma fase.

Em sistemas heterogêneos, a presença de catalisadores (geralmente na fase


sólida), ativados por fótons (hv) emitidos pela radiação ultravioleta, também
pode aumentar a velocidade de reação.

Sistemas típicos de processos oxidativos avançados.

SISTEMAS HOMOGÊNEOS SISTEMAS HETER OGÊNEOS


com irradiação sem irradiação com irradiação sem irradiação
O3, UV O3, H2O2 TiO2, O2 e UV Eletro-Fenton
H2O2, UV O3, OH- TiO2, H2O2 e UV
Feixe de elétrons Fenton
US
Foto-Fenton
H2O2, US
UV/US
Fonte: GROMBONI, F.C.; NOGUEIRA, A.R.A. Avaliação de processos oxidativos avançados para o
tratamento de águas residuais de banhos carrapaticidas. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
São Paulo, n.18, p. 1-20, nov. 2008. ISSN 1981-2078.

125
Tratamento de Efluentes Industriais

01- H2O2 /Luz ultravioleta (UV)

O processo que combina o peróxido de hidrogênio com radiação ultravioleta


é muito mais eficiente em processos de oxidação do que o uso de cada um deles
separadamente. Isso ocorre pela grande produção de radicais hidroxilas, que são
altamente oxidantes. Adiciona-se à água poluída peróxido de hidrogênio que é
irradiado na solução com luz ultravioleta fornecida por uma fonte potente na faixa
de 200-300 nm. O peróxido de hidrogênio absorve a luz ultravioleta e usa a energia
obtida desta maneira para clivar a ligação O-O, o que resulta na formação de
radicais (OH) –

H2O2  2(OH) –

Radiação Ultravioleta
Por definição, a luz, assim como outras radiações eletromagnéticas, compreende
um fluxo de fótons, cuja quantidade de energia pode ser representada pela
equação:

Sendo:

E = quantidade de energia (J) ;


h = constante de Plank → 6,026 x 10-34 Js ;
c = velocidade da luz (m s-1 );
λ = comprimento de onda (m).

Combinação peróxido de hidrogênio com radiação ultravioleta

A combinação de diferentes processos oxidativos avançados propicia efeito


sinérgico, resultando em melhores eficiências de remoção dos contaminantes
quando comparados às aplicações individuais. Essa melhor eficiência acontece,
principalmente, devido ao aumento da velocidade de geração de radicais livres,
que ao ser sido utilizado proporciona um maior êxito na remoção de diversos
contaminantes presentes nas águas de abastecimento e nos efluentes industriais.

126
Tratamento de Efluentes Industriais

Segundo CRITTENDEN et al. (1999), o mecanismo proposto para a fotólise do


H2O2 é a clivagem da molécula pela energia gerada pelos fótons (hv), produzindo
dois radicais (OH) – , como apresentado pela reação

H2O2 + hv  (OH) –

02- Ozônio/Luz ultravioleta (UV)

O ozônio é produzido e decomposto por via fotoquímica mediante luz UV, o


átomo de oxigênio resultante reage com água para produzir (OH)– de forma
eficiente via a produção intermediária de peróxido de hidrogênio que é fotolisado.

O3  O2 + O

O + H2O  H2O2  2(OH) –

03- Ozônio/H2O2

Os radicais hidroxilas empregados no tratamento de águas residuais podem


também ser produzidos eficientemente sem o uso de luz UV, através da
combinação de peróxido de hidrogênio com ozônio. A química dos processos
intermediários é complexa, mas a reação global entre essas duas espécies é:
H2O2 + 2O3  2(OH)– + 3O2

Este método é mais barato e mais fácil de ser adaptado aos sistemas de
tratamento existente de água e efluentes líquidos, que qualquer outro sistema
POA. A maior deficiência relacionada aos processos oxidativos avançados é que
sua ação produz subprodutos químicos tóxicos. Por exemplo, nos tratamentos com
ozônio/peróxido e peróxido/UV de águas contaminadas com tricloroeteno ( C2HCl3
) e percloroeteno (C2Cl4) formam-se como intermediários ácidos tricloroacético
(CCl3COOH) e ácido dicloroacético,( C2H2Cl2O2 ) com rendimento de
aproximadamente 1%.

127
Tratamento de Efluentes Industriais

04- Oxidação química

É o processo no qual elétrons são removidos de uma substância, aumentando


o seu estado de oxidação. As reações envolvendo agentes oxidantes, tais como
H2O2 ou O3 são, geralmente, termodinamicamente espontâneas. Entretanto, são
cineticamente lentas. Na presença de radicais livres altamente oxidantes como o
radical hidroxil (OH) –, podem ser obtidas taxas de reação de 1 milhão a 1 bilhão de
vezes mais rápidas do que as encontradas com oxidantes químicos (RAJESHWAR e
IBANEZ, 1997; DEZOTTI, 1998). A geração destes radicais é o passo fundamental
para a eficiência dos Processos Oxidativos Avançados (POA). Quanto mais
eficientemente estes radicais forem gerados, maior será o poder oxidativo
(DEZOTTI, 1998). Apesar de serem importantes ferramentas do ponto de vista
ambiental, poucos processos oxidativos avançados têm sido pesquisados a fundo
em escala industrial. Ainda existem muitas incertezas sobre o mecanismo químico
exato, custo e viabilidade dos equipamentos e do processo. No entanto, muitas
pesquisas vêm sendo desenvolvidas na tentativa de elucidar não só os mecanismos
das reações, como também a eficiência comparativa dos diferentes processos
oxidativos avançados e seu modelamento matemático (YOUNG e JORDAN, 1995).

05- Fotólise homogênea

Soluções homogêneas contendo H2O2, O3 ou uma combinação dos dois são


submetidos à luz ultravioleta.

06- Fotólise heterogênea:

Partículas coloidais de semicondutor, como o dióxido de titânio (TiO2),


absorvem a luz ultravioleta gerando o radical (OH) – na interface partícula/solução.
Neste caso, a fotoexcitação é transferida para comprimentos de onda maiores (com
menor energia) pelo uso do semicondutor como fotorreceptor.

128
Tratamento de Efluentes Industriais

Processos Enzimáticos

A utilização de enzimas no tratamento de despejos industriais foi proposta em


1930. Entretanto, só recentemente seu desenvolvimento como alternativa ao
tratamento convencional de efluentes tem despertado grande interesse de
pesquisa, em função das vantagens apresentadas, entre as quais podem ser
citadas: o aumento da taxa de introdução no ambiente de poluentes orgânicos
estranhos aos microrganismos e recalcitrantes, o que diminui as possibilidades de
se realizar um tratamento convencional biológico ou químico que seja eficiente; há
um crescente reconhecimento da capacidade das enzimas para atuar sobre
poluentes específicos no tratamento; avanços recentes na biotecnologia
permitiram a produção de algumas enzimas técnicas e economicamente viáveis,
devido ao desenvolvimento dos procedimentos de isolamento e de purificação de
microrganismos (Mendes; Castro, 2005).

Enzimas são catalisadores biológicos e seu uso no tratamento de


efluentes apresenta várias vantagens potenciais, tais como:
1. Simplicidade e facilidade no controle do processo;
2. Não há necessidade de aclimatação de biomassa;
3. Não há efeitos de choque por carga de poluentes;
4. Podem ser aplicadas em processos com baixa ou alta concentração de
poluentes e operam em amplas faixas de pH, temperatura e salinidade;
5. Os tratamentos enzimáticos, especificadamente hidrolisam óleos e
gorduras possibilitando melhores condições de operação no tratamento
anaeróbio e a desobstrução de filmes de óleos em tubulações, resultando
no aumento da vida útil dos equipamentos.
6. Entre várias possibilidades, os biocatalisadores podem ser usados no
tratamento de efluentes gerados nas indústrias petrolífera, têxtil, de
papel e derivados de celulose e alimentícias em geral.

129
Tratamento de Efluentes Industriais

O Tratamento enzimáticos de efluentes em algumas industriais

1- Na indústria do petróleo
A indústria do petróleo é responsável pela geração de grandes quantidades de
borras oleosas, que representam um considerável dano ambiental. Essas borras
consistem de um sistema multifásico contendo óleo, água e sólidos em suspensão,
sendo, portanto, de difícil degradação microbiana. A presença de hidrocarbonetos
poliaromáticos dificulta a biodegradação deste resíduo. Existem vários tipos de
tratamentos, tais como incineração, aterro, biotratamento, entre outros, mas em
alguns casos, os microrganismos não são capazes de suportar a toxicidade do
resíduo, sendo necessário um processo alternativo. Assim, a biodegradação dos
hidrocarbonetos aromáticos pode ser realizada pelo uso de enzimas oxidativas,
como as peroxidases e desidrogenasses.
2- Na indústria de papel
Na indústria de papel e derivados de celulose, vários estudos estão sendo
desenvolvidos com o objetivo de viabilizar a utilização de microrganismos e
enzimas ligninolíticas no tratamento de efluentes gerados na etapa de
branqueamento, reduzindo o teor de compostos organoclorados das águas
residuárias.

Nos últimos anos, a aplicação de enzimas para a remoção de depósitos nas


máquinas de produção de papel vem aumentando consideravelmente. Os
contaminantes são proteínas, lipídeos, ceras e materiais lignocelulósicos. Os
componentes orgânicos dos depósitos incluem moléculas de açúcares dos extratos
de madeira e amidos. A aplicação de enzimas, como celulases, proteases, lípases e
lignases, remove esses sólidos e melhora o volume de recirculação da água,
impedindo a utilização de materiais poluentes como álcalis e ácidos e, com isto,
reduzindo os impactos ambientais nas estações de tratamento de águas
residuárias.

130
Tratamento de Efluentes Industriais

3- Na indústria têxtil
Existem diversas propostas para tratamento de efluentes gerados na indústria
têxtil, empregando as enzimas lacases e catalases, estão em fase avançada de
estudos.
4- Outros exemplos
Também temos o uso da enzima tirosinase na remoção de compostos
fenólicos presentes em águas residuárias de diversas atividades industriais, como
mineração de carvão, refino de petróleo, curtimento e acabamento de couro, entre
outras.

Terminamos aqui, nossa quarta unidade de estudo. Você pôde aprender sobre
o tratamento terciário cada fase dessa etapa do tratamento de efluentes líquidos
industriais, essa etapa é a mais refinada é a que prepara o efluente para o reúso.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem.

131
Tratamento de Efluentes Industriais

Exercícios – Unidade 4

1. O tratamento terciário, também conhecido como tratamento avançado,


consiste numa série de processos destinados a melhorar a qualidade dos efluentes.
Assinale, entre os processos listados a seguir, aquele que NÃO faz parte desta
etapa:

a) Processos de separação com membranas.

b) Gradeamento.

c) Filtração.

d) Sistemas de troca iônica.

e) Processos avançados de oxidação.

2.Assinale a alternativa CORRETA quanto ao tratamento terciário ou pós-


tratamento do esgoto sanitário:
a) Tem como objetivo a remoção de poluentes específicos e/ou remoção
complementar de poluentes não suficientemente removidos no
tratamento secundário.
b) Visa à remoção de matéria orgânica dissolvida e da matéria orgânica em
suspensão não removida nos tratamentos precedentes.
c) Tem como objetivo a remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis,
materiais flutuantes (óleos e graxas) e parte da matéria orgânica em
suspensão.
d) Tem como principal objetivo a remoção de substâncias orgânicas com
potencial de causar câncer.
e) NRA.

132
Tratamento de Efluentes Industriais

3.Em uma Estação de Tratamento de Esgoto, a parte sólida resultante do


processo de tratamento de esgotos é denominada:

a) Borra.

b) Esgoto tratado.

c) Esgoto bruto.

d) Lodo.

e) Efluente.

4. Define-se a Fermentação como:

a) O processo pelo qual uma substância se transforma em outra por meio da

ação de determinados microrganismos.

b) Uma reação química inorgânica.

c) Uma combinação química.

d) Uma mistura de substâncias.

e) NRA.

5.A esterilização por radiação ultravioleta (UV) pode ser usada para
desinfecção de água de efluentes industriais e água de esgotos tratados. A respeito
deste assunto, analise os itens abaixo:
I - O tratamento de água com desinfecção Ultravioleta é uma desinfecção de
água ambientalmente amigável e de descarte para rios, áreas da costa e
corpos de água;
II - A radiação ultravioleta não afeta as características físico-químicas da água
e não há produção de subprodutos do tratamento;
III - Os microrganismos são destruídos através da ação germicida da radiação
e luz ultravioleta e há necessidade de tanques de residência e tempo de
contato igual a do uso do cloro.
IV - Um dos benefícios da desinfecção de efluentes e de Esgotos por
ultravioleta é a segurança ambiental.

133
Tratamento de Efluentes Industriais

Assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas os itens I e II estão corretos.

b) Apenas os itens I, II e IV estão corretos.

c) Apenas o item IV está correto.

d) Todos os itens estão corretos.

e) Todos os itens estão incorretos.

6.O potencial hidrogênico – pH – é usado, universalmente, na identificação


dos parâmetros da qualidade da água, como indicador da intensidade de:

a) Acidez e alcalinidade.

b) Acidez e turbidez

c) Dureza e alcalinidade.

d) Dureza e turbidez.

e) NRA

7.Assinale a alternativa que representa as afirmações corretas:

I - O Tratamento primário de água de rejeitos consiste na separação física e


química dos contaminantes presentes na água, geralmente por separação e
decantação;

II- O Tratamento secundário anóxico da água de rejeitos é realizada através de


reações digestivas e fermentativas realizadas por microrganismos anóxicos,
utilizadas no tratamento de rejeitos contendo altas concentrações de materiais
orgânicos insolúveis;

III- O Tratamento secundário aeróbio é realizado através de reações digestivas


por microrganismos em condições aeróbias, utilizadas no tratamento de rejeitos
contendo altas concentrações de materiais orgânicos;

IV- O Tratamento terciário de água de rejeitos é o processamento


físico/químico da água de rejeitos para reduzir os níveis de nutrientes inorgânicos.

134
Tratamento de Efluentes Industriais

a) III , IV.

b) I, II, III.

c) II, IV .

d) Todas as alternativas estão corretas.

e) Todas as alternativas estão incorretas.

8.Sobre a remoção de organismos patogênicos, afirme se verdadeiro (V) ou


falso (F):

a) ( ) Visa a eliminação total de microrganismos (esterilização).

b) ( ) A desinfecção de esgotos busca inativar seletivamente espécies de


organismos presentes no esgoto sanitários.

c) ( ) Lagoas de estabilização é um processo artificial de desinfecção de


esgotos sanitários.

d) ( ) Os processos de desinfecção de esgotos sanitários são capazes de


alcançar remoção de coliformes (indicadores) de 99,99%. ( ) Com relação
aos organismos patogênicos em si, a eficiência da remoção de bactérias é
baixa, inferior a remoção de coliformes.

9.A prática da utilização de microrganismos específicos para efetuar


transformações químicas no tratamento das águas residuais urbanas e industriais
vem sendo aplicada nas estações de tratamento de efluentes. Levando isto em
consideração, assinale V para verdadeiro e F para falso:

( ) No tratamento das águas residuais, os microrganismos usam a matéria


orgânica solúvel no fluxo de resíduos como fonte de alimento.

( ) A maioria dos sistemas aeróbios de tratamento de águas residuais opera


na faixa de temperatura de 10-40ºC e, portanto contém principalmente bactérias
termófilas.

135
Tratamento de Efluentes Industriais

( ) As bactérias consomem os compostos orgânicos e convertem-nos em


dióxido de carbono, água e energia para produzir células novas.

( ) Os principais microrganismos empregados nos sistemas anaeróbios são


os fungos.

( ) Os poluentes solúveis são convertidos em biomassa insolúvel (lodo) que


pode ser removida mecanicamente do fluxo de resíduos e eliminada.

10.O processo que combina o peróxido de hidrogênio com radiação


ultravioleta é muito mais eficiente em processos de oxidação do que o uso de cada
um deles separadamente. Essa afirmação é verdadeira? Explique:

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136
Tratamento de Efluentes Industriais

5 Reúso de Efluentes
Líquidos Industriais

137
Tratamento de Efluentes Industriais

Nesta quinta unidade, veremos qual a importância de todas as etapas do


tratamento de efluentes líquidos, pois com esse tratamento podemos reutilizar os
efluentes de várias formas e até mesmo não produziremos nenhum dano ao
retorná-lo ao meio ambiente.

Objetivos da unidade

O objetivo desta unidade é mostrar que com um tratamento dos efluentes


líquidos feito de forma eficaz poderemos reutilizar os mesmos de várias formas.

Plano da unidade

 A importância do reúso para os efluentes industriais

 Tipos e características dos reúsos

 Exemplos e projetos de reúso

Bons estudos!

138
Tratamento de Efluentes Industriais

A importância do reúso para os efluentes industriais

O reúso pode ser definido como uso de água residuária ou água de qualidade
inferior tratada ou não.

O artigo 2º da Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, do Conselho


Nacional de Recursos Hídricos – CNRH possui as seguintes definições:

I - água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações,


indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;

II - reúso de água: utilização de água residuária;

III - água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões
exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas;

IV - reúso direto de água: uso planejado de água de reúso, conduzida ao local


de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou
subterrâneos;

V - produtor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, que produz água de reúso;

VI - distribuidor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público


ou privado, que distribui água de reúso;

VII - usuário de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, que utiliza água de reúso.

Devido ao alto custo e a escassez a cada dia da água doce natural, as indústrias
apresentam um crescimento das práticas de reúso da água. A potencialidade desse
ramo está relacionada principalmente com a reaplicação da água, nos sistemas de
torres de resfriamento, nas caldeiras, na construção civil, na irrigação de áreas
verdes, na lavagem de pisos e de forma geral na reintegração do efluente nos
processos industriais.

139
Tratamento de Efluentes Industriais

O reúso indireto de águas ocorre quando os efluentes depois de tratados são


descarregados nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, passando por um
processo de diluição, dispersão e depuração, voltando a ser utilizado. A recarga de
aquíferos, lançamento de corpos hídricos superficiais e a regularização de cursos
d'água são exemplos dessa modalidade. Também ocorre reúso indireto quando a
água de uma bacia muito degradada passa a ser captada e tratada para uso
industrial.

O reúso direto de águas ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são


encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso, não
sendo descarregados no meio ambiente.

As águas de qualidade inferior, tais como esgotos, particularmente os de


origem doméstica, águas de drenagem agrícola e águas salobras, devem, sempre
que possível, serem consideradas como fontes alternativas para usos menos
restritivos. O uso de tecnologias apropriadas para o desenvolvimento dessas fontes
se constitui hoje, em conjunção com a melhoria da eficiência do uso e o controle
da demanda, na estratégia básica para a solução do problema da falta universal de
água.

TRATAMENTO DE EFLUENTES PELA INDÚSTRIA BRASILEIRA:

Para se atingir uma qualidade que viabiliza a utilização de um efluente


industrial como uma água de reúso, são necessários processos de tratamentos
específicos para cada composição desse efluente. (já visto nas unidades anteriores)

1) Preliminar - que emprega principalmente processos físicos com objetivo de


remover sólidos grosseiros e em suspensão, óleos, graxas e gorduras;

2) Primário - empregado para a remoção ulterior de sólidos em suspensão,


assim como parte da carga orgânica ou inorgânica. Para isto, empregam-se
decantadores, filtros, centrífugas, flotadores e reatores;

3) Secundário - empregado para a remoção de sólidos dissolvidos orgânicos;

4) Terciário - utilizado para permitir qualidade adequada ao reúso no efluente


final, com remoção total de matéria orgânica (COT) e nutrientes, poluentes
específicos, sais dissolvidos, turbidez, cor, odor, sabor, coloides, dureza e o quanto
mais possa limitar o potencial de reúso do efluente em questão.

140
Tratamento de Efluentes Industriais

Reúso em indústrias

1. Na indústria petroquímica

A água é um fluido bastante utilizado para auxiliar os processos produtivos,


seja no estado vapor ou no estado líquido, em função da sua boa capacidade de
troca térmica e excelente solvência, além de ser uma substância não tóxica e
relativamente abundante na natureza. A sua utilização é de fundamental
importância para a continuidade operacional e segurança desses processos. Entre
as aplicações mais comuns, podem-se destacar as seguintes:

 No estado vapor

a) Aquecimento de fluidos de processo em refervedores de torres de


destilação e pré-aquecedores de carga;
b) Acionamento de turbina a vapor para funcionamento de equipamentos
rotativos (bombas, compressores e turbogeradores de energia elétrica);
c) Redução de pressão parcial de compostos leves para evitar degradação e
auxiliar na destilação;
d) Selagem de equipamentos rotativos;
e) Sopragem de fuligem em fornos e caldeiras;
f) Atomização de combustíveis líquidos em fornos e caldeiras.

 No estado líquido

a) Resfriamento de produtos intermediários e finais, através de trocadores


de calor ou por contato direto;
b) Diluição de produtos químicos utilizados nos processos;
c) Absorção e extração de compostos polares;
d) Participação como reagente em reações químicas;
e) Verificação de estanqueidade de equipamentos (teste hidrostático);
f) Selagem de equipamentos rotativos;

141
Tratamento de Efluentes Industriais

g) Lavagem de equipamentos e sistemas durante a liberação para


manutenção;
h) Hidrojateamento para limpeza de trocadores de calor e tanques;
i) Funcionamento de chuveiros e lava-olhos de emergência;
j) Combate a incêndio;
k) Outra utilização importante é como água potável para consumo
humano, na própria fábrica, em bebedouros, refeitórios, sanitários e
banheiros.

Para fins agrícolas

A quantidade de água utilizada na agricultura é muito grande e, por isso, a


cada dia se faz necessário um planejamento para reutilização que seja compatível
com o gasto, a fim de repor significativamente as perdas envolvidas. O principal
insumo utilizado na agricultura é a água, e sua aplicação atinge níveis
insustentáveis, o que requer uma gestão adequada dos recursos hídricos. A prática
de reúso dos esgotos na irrigação tem aumentado à medida que se têm
dificuldades para identificar fontes alternativas de água para a atividade, bem
como a necessidade de se adquirir práticas que não causem impactos sobre os
recursos naturais. O custo elevado dos sistemas de tratamento necessário para que
possa se realizar a descarga de efluentes em corpos receptores, também auxilia na
opção por reúso, que tem sido bastante valorizada por órgãos gestores dos
recursos hídricos.

No caso da agricultura, os nutrientes como fósforo, nitrogênio e potássio, que


permanecem nos efluentes tratados, serão benéficos às plantações, gerando
economia para os agricultores, pois eles terão de colocar menores quantidades
desses elementos químicos para adubar o solo.

142
Tratamento de Efluentes Industriais

Na indústria de celulose e papel

Na Indústria de papel e celulose, a diminuição do consumo de água doce


natural leva a um aumento da necessidade do tratamento das águas de processo e
dos efluentes finais. Fábricas modernas apresentam um consumo de água doce
natural de 6 m3 /t de papel, enquanto as fábricas antigas apresentam um consumo
de 60 m3 /t.

Em alguns pontos da produção é possível o reúso, utilizando-se tecnologias


de tratamento na linha de produção ou tecnologias de fim de linha.

A água tratada na ETE abastece tanto o preparo da polpa como a máquina de


papel.

Na indústria têxtil

Na Indústria Têxtil a diminuição do consumo de água doce natural e


alcançada ao:

 Se reutilizar as águas de lavagem, provenientes das operações de


tratamento alcalino nas lavagens do material têxtil após operações de
desengomagem;

 Ao reutilizar as águas de lavagem, provenientes das operações de


alvejamento, nas lavagens do material têxtil após operações de
tratamento alcalino;

 Recircular no próprio equipamento, por meio de sistema de resfriamento;

 Reutilizar em processos que não requeiram água potável.

Na indústria de alimentos

A água utilizada como matéria-prima para este tipo de aplicação é uma água
com características equivalente ou superior à da água pura utilizada para o
consumo humano, tendo-se como principal objetivo proteger a saúde dos
consumidores finais e/ou garantir a qualidade final do produto

143
Tratamento de Efluentes Industriais

Já no que se refere à água de processo (que não é agregada no produto na


forma de ingrediente) irá depender do processo que se destina. Não havendo
agregação da água ao produto, esta poderá apresentar um grau de qualidade
menos restritivo que o da água para consumo humano principalmente com
relação à concentração residual de agentes desinfetantes (MIERZWA, 2002).

Como para o uso em:

 Operações unitárias de geração de energia;

 Resfriamento e aquecimento;

 Lavagem de equipamento e ambientes.

CLASSES DE ÁGUA DE REÚSO PELA NBR – 13.969 E PADRÕES DE QUALIDADE

Água de
Aplicações Padrões de Qualidade
Reúso
 Turbidez < 5 uT
Lavagem de carros e outros  Coliformes termotolerantes < 200 NMP/100mL
Classe
usos com contato direto com  Sólidos dissolvidos totais < 200mg/L
1 o usuário.  pH entre 6 e 8
 Cloro residual entre 0,5mg/L a 1,5mg/L
Lavagem de pisos, calçadas e
 Turbidez < 10 uT
Classe irrigação de jardins, manu-
 Coliformes termotolerantes < 500 NMP/100mL
2 tenção de lagos e canais paisa-
 Cloro residual superior a 0,5mg/L
gísticos, exceto chafarizes.
Classe Descargas em vasos sanitários.  Turbidez < 5 uT
3  Coliformes termotolerantes < 500 NMP/100mL
Irrigação de pomares, cereais,
forragens, pastagem para gados
Classe e outros cultivos, através de  Coliformes termotolerantes < 5000 NMP/100mL
4  Oxigênio dissolvido > 2,0mg/L
escoamento superficial ou por
sistema de irrigação pontual.

144
Tratamento de Efluentes Industriais

Tipos e características dos reúsos

Conceitos de Reúso de Água.

O reúso de água subtende uma tecnologia desenvolvida em maior ou menor


grau, dependendo dos fins a que se destina a água e de como ela tenha sido usada
anteriormente. O que dificulta, entretanto, a conceituação precisa da expressão
"reúso de água" é a definição do exato momento a partir do qual se admite que o
reúso esteja sendo feito.

De maneira geral, o reúso da água pode ocorrer de forma direta ou indireta,


por meio de ações planejadas ou não. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde OMS (1973), tem-se:

Reúso indireto: ocorre quando a água já usada, uma ou mais vezes para uso
doméstico e industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e
utilizada novamente a vazante, de forma diluída;

Reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas


finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de aquífero e água potável;

145
Tratamento de Efluentes Industriais

Reciclagem interna: é o reúso da água internamente às instalações industriais,


tendo como objetivo a economia de água e o controle de poluição.

Já a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) adota


uma classificação de reúso de água em duas grandes categorias: potável e não
potável. Esta classificação é amplamente adotada por sua praticidade e facilidade.

Reúso para fins potáveis

O reúso de efluentes pode ocorrer em fins potáveis e não potáveis. O reúso


potável incorre em altos custos e riscos à saúde pública e sua prática fica
condicionada a situações de extrema escassez.

Reúso Potável direto: quando o esgoto recuperado, por meio de tratamento


avançado, é diretamente reutilizado no sistema de água potável.

Reúso Potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento, é disposto na


coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e
subsequente captação, tratamento e finalmente utilizado como água potável.

Reúso para fins não potáveis

Reúso não potável para fins agrícolas: embora, quando se pratica essa
modalidade de reúso , haja como subproduto, recarga do lençol subterrâneo, o
objetivo dela é a irrigação de plantas alimentícias, tais como árvores frutíferas,
cereais, etc., e plantas não alimentícias, tais como pastagens e forrações, além de
ser aplicável para dessedentação de animais.

Reúso não potável para fins industriais: Dessedentação: Suprir necessidade de


abrange os usos industriais de refrigeração, água para contingentes animais.
águas de processo, para utilização em
caldeiras etc.

Reúso não potável para fins recreacionais: classificação reservada à irrigação


de plantas ornamentais, campos de esportes, parques e também para enchimento
de lagos ornamentais etc.

146
Tratamento de Efluentes Industriais

Reúso não potável para fins domésticos: são considerados aqui os casos de
reúso de água para a rega de jardins, para descargas sanitárias e utilização desse
tipo de água em grandes edifícios.

Reúso para manutenção de vazões: a manutenção de vazões de cursos de


água promove a utilização planejada de efluentes tratados, visando a uma
adequada diluição de eventuais cargas poluidoras a eles carreadas, incluindo-se
fontes difusas, além de propiciar uma vazão mínima na estiagem.

Reúso de efluentes na área Industrial:

O Reúso de efluentes industriais que apresenta potencial de utilização em


áreas de concentração industrial significativa são basicamente os seguintes:

 Caldeiras;

 Irrigação de áreas verdes de instalações industriais;

 Lavagens de pisos e de alguns tipos de peças, principalmente na industria


mecânica;

 Torres de resfriamento;

 Construção civil, incluindo preparação/cura de concreto e compactação


do solo;

 Água de processo em indústrias mecânicas e metalúrgicas;

 Sanitários (descargas).

Para a aplicação do reúso em processos industriais, atenção especial deve ser


dada à qualidade das águas em questão, aos potenciais efeitos sobre a saúde dos
usuários e sobre as instalações industriais (corrosão, incrustação e deposição em
tubulações, tanques e outros equipamentos), além dos efeitos nocivos aos
processos produtivos, como alterações da solubilidade de reagentes nas etapas de
processamento e alterações das características físicas e químicas dos produtos
finais.

147
Tratamento de Efluentes Industriais

Reúso para fins agrícolas

A demanda de água para fins agrícolas requer um planejamento para


reutilização que seja compatível com o gasto, a fim de repor significativamente as
perdas envolvidas. O principal insumo utilizado na agricultura é a água, e sua
aplicação atinge níveis insustentáveis, o que requer uma gestão adequada dos
recursos hídricos. A prática de reúso dos esgotos na irrigação tem aumentado à
medida que se têm dificuldades para identificar fontes alternativas de água para a
atividade, bem como a necessidade de se adquirir práticas que não causem
impactos sobre os recursos naturais. O custo elevado dos sistemas de tratamento
necessário para que possa se realizar a descarga de efluentes em corpos
receptores, também auxilia na opção por reúso, que tem sido bastante valorizada
por órgãos gestores dos recursos hídricos.

No Brasil, a prática do reúso na irrigação agrícola é ainda nova, restringindo-se


praticamente as imensas áreas de cana-de-açúcar irrigadas com vinhaça. Alguns
entraves legislativos e técnicos têm limitado sua expansão não apenas no Brasil,
mas também em outros.

Benefícios da reutilização na agricultura:

Os benefícios dessa reutilização, na agricultura, são vistos na recuperação


econômica e no aumento da produtividade agrícola – se houver administração
correta da aplicação dos efluentes tratados.

Alguns tipos de lodos ativados, resultantes de processos de tratamento de


esgotos, são ricos em Nitrogênio, Fósforo e Potássio – que servem de fertilizantes,
acrescentando nutrientes à planta e ao solo. Além disso, é possível aumentar a área
irrigada e efetuar múltiplas colheitas durante todo o ano.

Efeitos Negativos

É importante ressaltar que alguns efeitos negativos podem ocorrer nas


práticas de irrigação, como por exemplo: poluição por nitratos de aquíferos
subterrâneos que são utilizados para abastecimento de água. Isso acontece
quando o aquífero tem características porosas que permitem a percolação de
nitratos, sendo, por isso, importante conhecer a região onde será adotada a prática
de irrigação com reúso. Pode ainda, ocorrer o acúmulo de contaminantes químicos
no solo, isso vai depender da qualidade dos esgotos.

148
Tratamento de Efluentes Industriais

Como evitar esses problemas

Como dito anteriormente, os esgotos mais recomendáveis para reúso são


aqueles de origem estritamente doméstica. A implantação de um sistema de
drenagem pode minimizar os processos de salinização dos solos irrigados. E outro
fator importante: deve-se descontinuar a aplicação de esgotos por longos períodos
a fim de evitar a proliferação de vetores e também os problemas relacionados com
o solo.

Reúso para fins urbanos

No setor urbano, o potencial de reúso de efluentes é muito amplo e


diversificado. Entretanto, cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre
contato direto do público com gramados de parques, jardins, hotéis, áreas
turísticas e campos de esporte. Os maiores potenciais de reúso não potável são os
que empregam esgotos tratados para:

 Irrigação de áreas ajardinadas ao redor de edificações diversas;

 Controle de poeira em movimentos de terra etc.;

 Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios comerciais e


industriais;

 Lavagem de ruas, ônibus, praças etc.

Reúso para fins ambientais

O reúso para fins ambientais, utilização de água de reúso para implantação de


projetos de recuperação do meio ambiente:

 Redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d água,


possibilitando melhorar a qualidade das águas interiores das regiões mais
industrializadas;

 Redução da captação de águas superficiais e subterrâneas, possibilitando


uma situação ecológica mais equilibrada;

 Aumento da disponibilidade de água para usos mais exigentes, como


abastecimento público, hospitalar etc.

149
Tratamento de Efluentes Industriais

Reúso na aquicultura

Efluentes industriais tratados podem abastecer reservatórios destinados à


produção de peixes e plantas aquáticas, visando à obtenção de alimentos e/ou
energia, utilizando-se os nutrientes presentes nos efluentes tratados. A Piscicultura
- criação de peixes - é uma das formas da aquicultura.

A aquicultura intensiva é praticada em:

 Tanques ou lagoas construídas;

 Gaiolas flutuantes ou ancoradas;

 Várzeas ou alagados, do tipo utilizado em cultivo de arroz.

A parceria entre piscicultura e saneamento básico não é recente, é tão antiga


quanto o início dos povos europeus com a civilização Minóica (Grécia Antiga - 3000
a.C.), que antecedeu à Romana e ensinou a última o papel dos peixes como
indicador biológico de qualidade da água.

Benefícios gerais

Consequentemente a todos os processos de reúso, a saúde pública e o meio


ambiente são favorecidos através: da diminuição das descargas de efluentes em
corpos d’água, da preservação dos recursos subterrâneos, da conservação do solo,
e também através do aumento produtivo de alimentos.

Uma vez que ainda não existe uma legislação que regulamente os parâmetros
para tratamento da água para reúso, o mercado tem adotado os critérios
estabelecidos pela norma ABNT NBR 13.969 de setembro de 1997.

150
Tratamento de Efluentes Industriais

As aplicações e padrões de qualidade descritos pela norma são apresentados


no quadro a seguir.

Água de
Aplicações Padrões de Qualidade
Reúso
 Turbidez < 5 uT
Lavagem de carros e outros  Coliformes termotolerantes < 200 NMP/100mL
Classe
usos com contato direto com  Sólidos dissolvidos totais < 200mg/L
1 o usuário.  pH entre 6 e 8
 Cloro residual entre 0,5mg/L a 1,5mg/L
Lavagem de pisos, calçadas e
 Turbidez < 10 uT
Classe irrigação de jardins, manu-
 Coliformes termotolerantes < 500 NMP/100mL
2 tenção de lagos e canais paisa-
 Cloro residual superior a 0,5mg/L
gísticos, exceto chafarizes.
Classe Descargas em vasos sanitários.  Turbidez < 5 uT
3  Coliformes termotolerantes < 500 NMP/100mL
Irrigação de pomares, cereais,
forragens, pastagem para gados
Classe  Coliformes termotolerantes < 5000 NMP/100mL
e outros cultivos, através de
4  Oxigênio dissolvido > 2,0mg/L
escoamento superficial ou por
sistema de irrigação pontual.

Exemplos e projetos de reúso

A demanda por projetos de reúso no Brasil ainda é muito pequena, devido


talvez pela grande disponibilidade de água natural e o baixo custo da água tratada,
esses fatores contribuem para uso contínuo de água dos recursos naturais em todo
país, não havendo preocupação pelo reúso. Essa falta de preocupação tem sido
fortalecida pelos altos custos dos projetos de reúso e as baixas tarifas, para as
industriais, cobradas pelas empresas fornecedoras de água potável. Entretanto,
com a efetivação de medidas para a cobrança pelo uso das águas dos mananciais,
este quadro pode mudar e o reúso das águas poderá ser viável também
economicamente.

151
Tratamento de Efluentes Industriais

Projetos

PROJETO AQUAPOLO AMBIENTAL

A Foz do Brasil e a Sabesp inauguraram na quinta-feira, 29 de novembro de


2012, o maior projeto de água de reúso para fins industriais do Brasil. O Aquapolo
Ambiental, com capacidade para produzir até 1.000 litros por segundo de água de
reúso, abastecerá o Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá (ABC). Esse volume é
equivalente ao consumo de água potável de 300 mil moradores – uma cidade do
porte de Guarujá.

Vista aérea do Aquapolo Ambiental.

Fonte:<http://www.aquapolo.com.br/comunicacao/gallery1>. Acesso em 04/11/2016 às 10h33.

152
Tratamento de Efluentes Industriais

PROJETO DE TRATAMENTO E REÚSO INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE:

Uma Estação de Tratamento de Efluentes que recebe e trata os efluentes


gerados pela indústria para lançamento em corpo receptor. A ETE possui sistemas
de tratamento primário e biológico, modalidade Lodos ativados para os efluentes
industriais, que garantem eficiências de remoção de carga dos efluentes bastante
elevadas.

Vista aérea da empresa de celulose Lwarcel, que possui ETE própria, conforme
destacado na foto.

Fonte:Imagem disponível em: <http://www.lwarcel30anos.com.br/galeria>. Acesso em 04/11/2016


às 11h09.

ROJETO DE TRATAMENTO E REÚSO DE EFLEUENTES GERADOS EM


ATIVIDADES DE LAVAGENS DE VEÍCULOS E PÁTIOS INTERNOS

O sistema de tratamento e reúso de efluentes gerados em suas atividades de


lavagens de veículos e pátios internos, tem a finalidade de tratar e reutilizar cerca
de 200 m³ de água em um período de 15 anos. Nesse sistema, é realizado também
o aproveitamento de água de chuva e utilização de água de chuva, ambas numa

153
Tratamento de Efluentes Industriais

proporção até 20 % da água reutilizada. O retorno de investimento se deu em oito


meses, o custo antes desse sistema era de R$ 5,5/m³ e passou para R$ 0,97/m³,
propiciando economia financeira de 82,5%.

Esquema de funcionamento do sistema de tratamento e reúso da Viação Santa


Brígida

O PROJETO GUAÍBA2 DA CELULOSE RIOGRANDENSE

O projeto Guaíba2, da Celulose Riograndense, vem se destacando por investir


pesadamente na reciclagem de efluentes industriais para produção de água para
seu próprio consumo. A Estação de Tratamento de Água da nova planta de Guaíba
(RS) recicla 5.835 m³ de efluentes tratados por hora, ou seja, durante um dia inteiro,

154
Tratamento de Efluentes Industriais

serão 140.040 m³ de esgoto tratado. Considerando um consumo médio de 200


litros/dia por habitante, o sistema do Projeto Guaíba2 seria capaz de abastecer,
com água potável, cerca de 700 mil pessoas, quase que a totalidade das
populações dos municípios de Novo Hamburgo e Caxias somadas. Se considerado,
ainda, o sistema de tratamento de água que já está em funcionamento na planta
atual da Celulose Riograndense, somado à nova linha de tratamento, o reúso da
água seria suficiente para atender a mais 988 mil habitantes.

Vista aérea da obra em andamento do projeto Guaíba 2.

Fonte: <http://www.celuloseriograndense.com.br/guaiba-2/andamento>. Acesso em 04/11/2016


às 11h30.

COMPLEXO PETROQUÍMICO - PROJETO DE REÚSO DE ÁGUA DE


EFLUENTES TRATADOS

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), o maior


empreendimento da história da Petrobras, terá também o maior projeto de reúso
de água do mundo na sua modalidade.

155
Tratamento de Efluentes Industriais

Fonte: http://www.correio24horas.com.br

156
Tratamento de Efluentes Industriais

Terminamos aqui, nossa quinta e última unidade de estudo. Você pôde


aprender sobre o tratamento de efluentes líquidos industriais, sua importância e o
reúso desses efluentes.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

157
Tratamento de Efluentes Industriais

Exercícios – Unidade 5

1.Sobre o reúso de água, considere as seguintes proposições:

I – O reúso indireto ocorre quando a água já utilizada é descarregada no


ambiente e utilizada novamente à jusante, de forma diluída;

II – Na indústria, o reúso macro interno ocorre quando a indústria recebe


esgotos tratados para utilização nos setores industriais onde se exige qualidade
inferior da água e possibilidade de reúso;

III – O reúso direto ocorre quando os efluentes tratados são encaminhados do


ponto de descarga para o local de reúso;

IV – A razão de adsorção de sódio e a condutividade elétrica são aspectos que


devem ser observados no esgoto quando esse for usado para fins agrícolas.

Assinale a alternativa CORRETA.

a) Somente as proposições I e III são corretas.


b) Somente as proposições III e IV são corretas.
c) Somente as proposições I, II e III são corretas.
d) Somente as proposições I, III e IV são corretas.
e) NRA.

2.O setor que exerce o maior consumo de água doce no planeta é


__________________, sendo responsável por aproximadamente 70% do consumo
total; em segundo lugar vem __________________, com 23% e em terceiro
__________________, com um consumo de água doce de cerca de 7%.

Assinale a alternativa que completa corretamente a frase anterior.


a) A indústria / a agricultura / o consumo doméstico.
b) A indústria / o consumo doméstico / a agricultura.
c) A agricultura / o consumo doméstico / a indústria.
d) A agricultura / a indústria / o consumo doméstico.
e) O consumo doméstico / a indústria / a agricultura.

158
Tratamento de Efluentes Industriais

3. No setor urbano, o reúso de efluentes pode ser muito amplo. Os esgotos


tratados podem ser utilizados tanto para fins potáveis, quanto para não potáveis.
Para o reúso urbano para fins potáveis, deve-se:

Sistemas de reúso direto, ou seja, a conexão de uma estação de tratamento de


esgotos a uma estação de tratamento de água deve ser imediatamente liberada
para o sistema de distribuição.

a) Utilizar sempre sistemas de reúso direto, ou seja, a conexão de uma


estação de tratamento de esgotos a uma estação de tratamento de água
deve ser imediatamente liberada para o sistema de distribuição.

b) Realizar o máximo aproveitamento dos efluentes, incluindo tanto os


esgotos de origem doméstica, como os de origem industrial.

c) Usar, preferencialmente, o esgoto de origem industrial, por ser mais


seguro pela baixa presença de organismos patogênicos.

d) Usar, preferencialmente, o esgoto de origem industrial, por ser mais


seguro pela baixa presença de compostos orgânicos sintéticos.

e) NRA

4.Analise as afirmações abaixo, a respeito do reúso de água.


I. O reúso da água subentende uma tecnologia desenvolvida em maior ou
menor grau, dependendo dos fins a que se destina e de como ela tenha
sido usada anteriormente.
II. Devido à mineralização lenta da matéria orgânica contida na água de
reúso, ocorre a formação de húmus, o qual pode acarretar prejuízo às
propriedades físicas do solo, dificultando a retenção de água.
III. O reúso indireto e não planejado da água ocorre quando essa, já utilizada
uma ou mais vezes, é descarregada no meio ambiente e novamente é
utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e
não controlada.

159
Tratamento de Efluentes Industriais

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) III, apenas.

d) I e III, apenas.

e) I, II e III.

5.A obtenção de água doce de boa qualidade está se tornando cada vez mais
difícil devido ao adensamento populacional, às mudanças climáticas, à expansão
da atividade industrial e à poluição. A água, uma vez captada, precisa ser
purificada, o que é feito nas estações de tratamento. Um esquema do processo de
purificação é:

Em que as etapas B, D e F são:


B - adição de sulfato de alumínio e óxido de cálcio;
D- filtração em areia;
F - fluoretação.

Assim sendo, as etapas A, C e E devem ser, respectivamente:

a) Filtração grosseira, decantação e cloração.

b) Decantação, cloração e filtração grosseira.

c) Cloração, neutralização e filtração grosseira.

d) Filtração grosseira, neutralização e decantação.

e) Neutralização, cloração e decantação.

160
Tratamento de Efluentes Industriais

6.A propósito do reúso da água ou o uso de efluentes tratados, considere as


seguintes afirmativas:

1– O reúso da água nas indústrias constitui uma prática cada vez mais usual;

2– A dureza do efluente é responsável pela formação de incrustação e


depósitos em tubulações;

3– O tratamento biológico, associado a um pós–tratamento físico–químico, é


capaz de produzir, na maioria dos casos, uma água de reúso de qualidade.

4– As águas de resfriamento são responsáveis pela maior quantidade de água


utilizada em processos industriais:

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

7. Sobre a produção da água de reúso considere as afirmações:


I. É obtida através do tratamento avançado dos esgotos gerados pelos
imóveis conectados à rede coletora de esgotos;

II. Pode ser utilizada em processos que não requerem água que seja
potável, mas sanitariamente segura, como, por exemplo, a limpeza
de ruas e praças, a refrigeração de equipamentos, o uso no combate
a incêndios, a desobstrução da rede de esgotos, gerando a redução
de custos e garantindo o uso racional da água;

III. Diversos países desenvolvem ações e tecnologias com vistas a


ampliar o reúso de efluentes gerados a partir do tratamento de
esgotos para fins industriais;

IV. É necessário o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta,


principalmente, no campo da engenharia hidráulica, para o
transporte dessa água entre regiões interestaduais.

161
Tratamento de Efluentes Industriais

Está correto apenas o que se afirma em:


a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II, III.
e) IV.

Parte inferior do formulário

8.Água de reúso precisa ter qualidade mínima? Como os compradores desse


produto podem saber que estão adquirindo algo que não envolva risco para
animais e plantas, por exemplo?

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162
Tratamento de Efluentes Industriais

9.Como podemos reutilizar água no nosso dia a dia? No comércio, em casa, no


trabalho? A água do chuveiro ou da máquina de lavar roupa, por exemplo, pode
ser reutilizada de que forma?

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10.Algumas empresas já fazem tratamento de seus efluentes e conseguem um


padrão de pureza compatível com o das empresas de água e saneamento. No
entanto, podem apenas usar essa água internamente. O que ainda é necessário
fazer para que essa água seja aceita para uso e reúso?

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Tratamento de Efluentes Industriais

164
Tratamento de Efluentes Industriais

Considerações Finais

Caro aluno, chegamos ao final dos estudos de Tratamento de Efluentes


Líquidos Industriais e esperamos que a disciplina tenha lhe proporcionado um
aprendizado rico em novos conhecimentos.

Ao longo das unidades de Estudo você pôde ver que o Tratamento de


Efluentes Líquidos Industriais é muito importante para a sustentabilidade do meio
ambiente e que cada etapa e muito importante e o aprofundamento dos estudos
nessa disciplina e de suma importância na sua formação acadêmica.

A Universo EAD o parabeniza por ter concluído seus estudos, aumentando sua
bagagem com conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-lo por toda vida.

Mas a aprendizagem não para por aqui. Mantenha o hábito de ler, atualize-se
sempre e não deixe de praticar o que foi aprendido.

Sucesso!

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Tratamento de Efluentes Industriais

Conhecendo o Autor

Selmo Lemos Hartmann

Graduado em Licenciatura em Química, Bacharel em Química, pela UNIVERSO.


É Pós-Graduado em Educação Matemática pela UNIVERSO e Pós-Graduado em
Gestão de Educação Pública pela UFJF. Gestor de Escola Pública do Município de
S.G / RJ e Membro Conselheiro do Conselho Municipal de Educação de SG. Já
trabalhou na Courtaulds International Ltda -Tintas International INC, onde se tornou
especialista em técnica de pintura em tanques de produtos claros de derivados de
petróleo. Atualmente, além de lecionar Química na SEEDUC / RJ, e nos Cursos de
Engenharia Civil e de Produção na UNIVERSO, também ministra aulas no
Crefcon/SG ( Centro de Referência em Educação e Formação Continuada).

166
Tratamento de Efluentes Industriais

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168
Tratamento de Efluentes Industriais

A
nexos

169
Tratamento de Efluentes Industriais

Gabaritos

Unidade 1

1) V,V,V,V,V

2) F,V,F,F,F

3) V,V,V,F,F

4) V,V,V,F,V

5) a

6) a

7) a

8) c

9) O tratamento de efluentes consiste na escolha do tipo ou nível de


tratamento depende da quantidade e qualidade das águas residuais, a qualidade
que se pretende obter depois do tratamento e as características do local de
descarga. O tratamento das águas residuais consiste em 4 fases: tratamento
preliminar, primário, secundário e terciário.

10) O efluente líquido industrial é proveniente de processos industriais a sua


composição ocorre em função de tecnologia e do produto fim da indústria,
podendo variar de orgânico a mineral, geralmente é composto de sólidos
dissolvidos.

Unidade 2

1) a

2) c

3) d

4) b

5) a

170
Tratamento de Efluentes Industriais

6) d

7) a

8) c

9) c

10) O esgoto industrial é originado dos processos industriais e, diferentemente


do esgoto doméstico, tem sua composição variável conforme o tipo de indústria, e
o produto produzido. Por suas características peculiares, o seu descarte deve ser
precedido de um tratamento específico, dentro da área industrial, regido por uma
legislação estadual própria, com a aprovação e a fiscalização da Fundação Estadual
de Meio Ambiente (FEAM).

Unidade 3

1) c

2) b

3) c

4) c

5) b

6) d

7) a

8) d

9) Tanque de aeração é o local onde ocorrerá a depuração do influente líquido


industrial, também chamado de reator biológico, ele simula o que acontece nos
corpos hídricos receptores de poluição orgânica.

10) - Necessidade de pequena área física disponível para sua implantação.

- Relativo baixo custo de investimento e elevado grau de eficiência de


remoção de matéria orgânica.

- Apresenta relativa flexibilidade de operação.

171
Tratamento de Efluentes Industriais

Unidade 4

1) b

2) b

3) d

4) a

5) d

6) a

7) d

8) F,V,V,V,V

9) V,V,V,F,V

10) Verdadeira, pois o processo que combina o peróxido de hidrogênio com


radiação ultravioleta é muito mais eficiente em processos de oxidação do que o
uso de cada um deles separadamente. Isso ocorre pela grande produção de
radicais hidroxilas, que são altamente oxidantes. Adiciona-se à água poluída
peróxido de hidrogênio que é irradiado na solução com luz ultravioleta fornecida
por uma fonte potente na faixa de 200-300 nm. O peróxido de hidrogênio absorve
a luz ultravioleta e usa a energia obtida desta maneira para clivar a ligação O-O, o
que resulta na formação de radicais (OH) –

Unidade 5

1) d

2) d

3) a

4) e

5) c

6) c

7) d

172
Tratamento de Efluentes Industriais

8) A água de reúso deve possuir a qualidade necessária para cada tipo de uso.
Por exemplo, se for para irrigação de culturas não pode conter organismos
patogênicos ou contaminantes que prejudiquem o solo, que sejam acumulados
nos vegetais produzidos e que reduzam a produtividade agrícola. A qualidade da
água de reúso fornecida é constantemente avaliada através da coleta de amostras
que são analisadas para verificar se os padrões de qualidade atendem aos valores
previamente estabelecidos. O reúso potável deve atender à Portaria 2914 do
Ministério da Saúde, que estabelece os padrões de água potável no território
nacional.

9) Não é recomendado o reúso de água em domicílios individuais, porque


envolve problemas sérios de saúde pública dos grupos de risco envolvidos. A água
oriunda de máquinas de lavar roupas, por exemplo, contém uma grande
quantidade de coliformes fecais, que, podem, eventualmente, contaminar usuários
durante irrigação ou lavagem de pisos e garagens. Para tornar seguro, o reúso seria
necessário, pelo menos, uma desinfecção, utilizando dosadores de cloro ou ozônio,
envolvendo equipamentos e produtos que devem ser projetados e operados por
especialistas. O ideal é que o reúso seja praticado em condomínios, hotéis,
shopping centers e supermercados, nos quais se instalam sistemas completos de
tratamento, operados por profissionais habilitados.

10) A indústria nacional, principalmente a paulista, tem feito grandes


investimentos para reduzir de 40% a 80% o consumo de água. Os seus próprios
efluentes são coletados e tratados para atingir qualidades diversas e serem
reutilizados como água de reposição em torres de resfriamento, descarga sanitária,
lavagem de pisos e garagens, irrigação de áreas verdes e, muitas vezes, em
processos industriais. Atualmente apenas as companhias de saneamento (Sabesp,
Sanasa, Cedae etc.) podem vender água de reúso a empresas ou quaisquer
entidades particulares. Entretanto, o Conselho Nacional da Indústria (CNI) está
estabelecendo uma nova legislação, que permitirá setores privados possam,
também, fornecer água de reúso. Nesse caso, o excedente de água de reúso
produzido por uma determinada indústria poderia ser repassado a outro
consumidor.

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