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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


Campus Campo Mourão

Apostila – Saneamento – ADNP – Engenharia Civil

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE
TRATAMENTOS DE ESGOTOS SANITÁRIOS
COLETIVOS E INDIVIDUAIS

DISCIPLINA: SANEAMENTO-ADNP

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

PROFª DRª LUCIANE VIEIRA

2020
Saneamento ADNP Engenharia Civil Drª Luciane Vieira

ATENÇÃO: Este material é de uso exclusivo dos alunos da disciplina,


enquanto estiverem matriculados nesta. Todos os direitos são reservados,
ficando proibida a reprodução e uso comercial, uso de imagens e
disponibilidade em internet.

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Saneamento ADNP Engenharia Civil Drª Luciane Vieira

Sumário

1) Lagoas
Facultativas___________________________________________04
2) Lagoas Anaeróbias seguidas por facultativas_________________09
3) Lagoas Aeradas Facultativas______________________________12
4) Tratamentos individuais/locais de esgoto____________________15
5) Tanque séptico (TS) pela ABNT NBR 7229/93________________16
6) Tratamentos complementares (TC) pela ABNT NBR 13969/97_25
7) Exercícios resolvidos de TS + TC___________________________32
8) Critérios pata lançamento de esgotos domésticos______________36
9) Referências bibliográficas e para estudo_____________________37
10)Anexo 1: Exercícios resolvidos de dimensionamentos de Lagoas__38
11)Anexo 2: Características das Águas residuárias para fins de
Dimensionamento_______________________________________

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1) Lagoas Facultativas:
(Sperling, M.V. 2003. Lagoas de Estabilização, 2.Edição.V.3.)

Critérios de Projetos:

A. Taxa de Aplicação superficial;


B. Profundidade;
C. Tempo de detenção;
D. Geometria da Lagoa.

Taxa de Aplicação Superficial (Ls):

Área: A área requerida é calculada em função da taxa de aplicação superficial.

A taxa é expressa em termos da carga de DBO (L) em (KgDBO/d)

Sendo :

A=L/Ls

Onde: Ls (KgDBO/ha.d); A (ha)

Ls=350 . (1,107 − 0,002. 𝑇)(−25)

T=temperatura média do ar no mês mais frio

- Regiões com inverno quente e elevada insolação: Ls=240 a


350kgDBO/ha.d
- Regiões com inverno e insolação moderados: Ls=120 a 240kgDBO/ha.d
- Regiões com inverno frio e baixa insolação: Ls=100 a 180 kgDBO/ha.d

Profundidade:

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A zona aeróbia da lagoa facultativa depende da penetração da luz solar para


suportar a atividade fotossintética.

A profundidade esta para o Volume e a Área.

H=V/A.

Faixa mais usual:

H= 1,5 m a 2,0 m

Tempo de Detenção (t)

Está associado ao Volume e Vazão do Projeto:

T=V/Q

T = tempo de detenção (d)

V = volume da lagoa (m³)

Q = vazão média afluente (m³/d)

Qmédia = (Qafl-Qefl)/2 (mais adotado)

t= 15 a 45 dias

Os critérios de taxa de aplicação superficial e tempo de detenção são


complementares, ou seja, a área e o volume devem ser coerentes.

Usar tempo de detenção:

1) Adotar t como um parâmetro explícito de projeto, após adotar t calcula-


se V (V=t.Q). A área já foi calculada pela Ls, pode-se calcular H (H=V/A)
e ver se está na faixa.

2) Adotar um valor para H: (ver critérios), tem-se H e A, calcula-se V


(V=A.H) e tempo de detenção (t=V/Q), com o valor t, estima-se a
concentração de DBO.

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Geometria da Lagoa:

Relação comprimento/largura

L/B = 2 a 4

Estimativa da Concentração do Efluente

A influência do regime hidráulico do reator:

➢ (Cinética de 1ª ordem): Taxa de remoção da DBO é tanto mais


elevada quando maior for a concentração de DBO no meio.

1) Reatores de fluxo em pistão: maior DBO na entrada e maior remoção


nesse ponto.

Exemplo: reatores de fluxo em pistão longitudinais.

2) Reatores de mistura completa: homogeneização no tanque e dispersão


do poluente, toda concentração é igualada

Eficiência do tratamento:

Da mais eficiente para de menor eficiência:

I. Lagoa de fluxo em pistão


II. Série de lagoas de mistura completa
III. Lagoa única de mistura completa

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Cálculo da concentração efluente S (DBO solúvel)

Regime Esquema Fórmula da


Hidráulico Concentração de DBO5
solúvel Efluente (S)
Fluxo em 𝑆 = 𝑆0𝑒 −𝐾.𝑡
pistão
Mistura 𝑆0
𝑆=
1 + 𝐾. 𝑡
Completa
(1 célula)
Mistura 𝑆0
𝑆+ 𝑡
Completa (1 + 𝐾 𝑛 )𝑛
(células iguais
em série)
Fluxo disperso

S0= concentração de DBO total afluente (mg/l)


S= concentração de DBO solúvel efluente (mg/l)
K = coeficiente de remoção de DBO (d-1)
t = tempo de detenção total (d)
n= numero de lagoas em série (-)
d = numero de dispersão (adimensional)

Obs: SS efluente = 60 a 100 mg/l

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Remoção de DBO segundo o modelo de Mistura Completa

Valor de coeficiente de remoção de DBO (k)


Lembrando:
DBO afluente=DBO total
DBO efluente=DBO solúvel

Lagoas primárias (recebendo esgoto bruto) : k (20°C) = 0,30 a 0,40 d-¹

Lagoas secundárias (rec. Efluente de uma lagoa ou reator) : k (20°C) = 0,25 a


0,32d-¹

Lagoas Facultativas

Para diferentes temperaturas:

Kt=𝐾20𝑥𝜃 (𝑇−20)

Kt= coeficiente de remoção da DBO em uma temperatura do líquido T qualquer


(𝑑 −1 )

K20= coeficiente de remoção da DBO na temperatura do líquido de


20°C(𝑑^(−1 ))

θ= coeficiente de temperatura

Exemplos: Sperling, M.V. 2003. Lagoas de Estabilização, 2.Edição.V.3 (páginas


44 e 57-60)

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2) Sistema de Lagoas anaeróbias seguidas por


facultativas

Critérios de Projetos: (anaeróbias)

A. Taxa de Aplicação superficial;

B. Profundidade;

C. Tempo de detenção;

D. Geometria da Lagoa.

Taxa de Aplicação volumétrica:

Lv (em função da temperatura): > T, > Lv < V

V=L/Lv

V=volume (m3)

L=carga de DBO total afluente (Kg DBO/d)

Lv (Kg DBO/m3.d

Tempo de Detenção (t)

Associado ao Volume e Vazão do Projeto:

t=V/Q

t= tempo de detenção (d)

V = volume da lagoa (m³)

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Q = vazão média afluente (m³/d)

t= 3 a 6 dias (esgoto doméstico)

Profundidade:

Elevada para garantir condições anaeróbias.

A profundidade esta para o Volume e a Área.

H=V/A.

Faixa mais usual:

H= 3,5m a 5 m.

Geometria da Lagoa: (comprimento/largura)

L/B = 1 a 3.

Estimativa da Concentração do Efluente

Eficiência da Remoção de DBO:

E = (S˳- DBOefl). 100/S˳

DBOefl = S˳ (1-E/100)

S˳ = concentração de DBO total afluente (mg/l);

DBOeflu = concentração de DBO total efluente (mg/l);

E = eficiência da remoção (%)

T °C 10 a 25 = 2T +20

T>25 = 70

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Lagoas facultativas após lagoas anaeróbias

Lagoas secundárias (rec. Efluente de uma lagoa ou reator)

k (20°C) = 0,25 a 0,32d-¹

Exemplos: Sperling, M.V. 2003. Lagoas de Estabilização, 2.Edição.V.3 (páginas


69-74)

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3) Sistema de Lagoas Aeradas Facultativas


(Sperling, M.V. 2003. Lagoas de Estabilização, 2.Edição.V.3)

Critérios de Projeto:

A. Tempo de detenção (5 a 10 dias);


B. Profundidade (2,5m a 4,0m)

Estimativa da Concentração Efluente:

DBO5 tot (mg/l) = DBO5 sol (MO dissolvida) + DBO5 part (MO em suspensão)

a) DBO solúvel efluente (em função do regime hidráulico) idem lagoas


facultativas K = 0,6 a 0,8/d (20°C)

Decomposição anaeróbia com hidrólise e acidificação, mas sem metanogênese:

S˳ = 100% da DBO total afluente

Decomposição anaeróbia com hidrólise, acidificação e metanogênese:

S˳ = 40 a 70% da DBO total afluente

A níveis de dimensionamento:

S˳ = 100% da DBO5 total (sol+part) do esgoto efluente.

b) DBO particulada efluente (estimar concentração de sólidos suspensos):

A quantidade de s.s. é função do nível de turbulência introduzido pelos


aeradores, avaliado pelo conceito de densidade de potência:

ɸ = Pot/V

ɸ = densidade de potência (W/m³)

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Pot = potência instalada (W)

V = Volume do reator (m³)

Densidade de Potência : 0,75 a 1,5 W/m³ (baixa para sedimentação)

SS efluente: 50 a 100 mg/l

DBOpart: 0,3 a 0,4 mgDBO/mgs

Requisitos de Oxigênio

RO (em função da DBO total última efluente, após 20 dias) = DBOu

DBOu/DBO5 = 1,2 a 1,5

Massa de Oxigênio superior a 60% da carga de DBO5 aplicada.

RO = a.Q. (S˳- S)/1000

RO= requisitos de O2 (kgO2/d)

a=coeficiente, variando de 0,8 a 1,2 kgO2/kgDBO5

Q= vazão afluente (m³/d)

S˳=conc. de DBO5 total (sol+part) afluente (g/m³)

S = conc. de DBO5 solúvel afluente (g/m³)

1000 = conversão de kg para g (g/kg)

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Sistema de Aeração

Geralmente são usados aeradores mecânicos:

Faixas usuais de operação dos aeradores de alta rotação

Requisitos Energéticos

Calculado com base no RO, o parâmetro é Eficiência de Oxigenação –


E.O.

E.O.padrão = 1,2-2,0 kgO2/kWh

Faixas reais:

E.O. campo = 0,55-0,65 da Eopadrão

Potência Requerida:

RE=RO/24.EOcampo

RE = requisitos energéticos (KW)

24 = conversão de dias para horas (24h/d)

Exemplos: Sperling, M.V. 2003. Lagoas de Estabilização, 2.Edição.V.3 (páginas


84-88)

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TRATAMENTOS INDIVIDUAIS DE ESGOTO

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4) Sistemas de Tanques Sépticos

Características:
➢ A ausência, total ou parcial, de serviços públicos de esgotos
sanitários nas áreas urbanas, suburbanas e rurais exige a
implantação de algum meio de disposição dos esgotos locais com
o objetivo principal de evitar a contaminação do solo e da água.
➢ O sistema de tanques sépticos aplica-se primordialmente ao
tratamento de esgoto doméstico e, em casos plenamente
justificados, ao esgoto sanitário. Destina-se ao tratamento local,
em residências, postos isolados, campos esportivos, pequenas
fábricas, edificações nas zonas rurais, etc.

Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques


Sépticos (NBR 7229/93)

O uso do sistema de tanque séptico somente é indicado para:


• Área desprovida de rede pública coletora de esgoto;
• Alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede
coletora local;
• Retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização
de rede coletora com diâmetro e/ou declividade reduzidos para
transporte de efluente livre de sólidos sedimentáveis.

Definições:

Tanque Séptico: Unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo


horizontal para tratamento de esgotos por processos de sedimentação,
flotação e digestão.
Tanque Séptico de Câmara Única: Unidade de apenas um
compartimento, em cuja zona superior devem ocorrer processos de

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sedimentação e de flotação e digestão da escuma, prestando-se a zona


inferior ao acúmulo e digestão do lodo sedimentado.
Tanque Séptico de Câmara em Série: Unidade com dois ou mais
compartimentos contínuos, dispostos sequentemente no sentido do fluxo
do líquido e interligados adequadamente, nos quais devem ocorrer,
conjunta e decrescentemente, processos de flotação, sedimentação e
digestão.

Tanque Séptico:

O tanque séptico não é uma unidade isolada, que dispensa outras instalações.
Ele produz continuamente efluente líquido, que precisa ter um tratamento e
destino adequado. É uma unidade estanque, simples, não mecanizada, de
operação fácil e de custo baixo, que realiza funções múltiplas.

Localização:

Os tanques sépticos devem observar as seguintes distâncias horizontais


mínimas:

a) 1,5 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de


infiltração e ramal predial de água;

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b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de


abastecimento de água;
c) 15,0 m de poços freáticos e de corpos de água (superficiais) de
qualquer natureza.

Dimensionamento:

O volume útil do tanque séptico deve ser calculado pela fórmula:

V (litros)= 1000 + N x (C x T + K x Lf)

Onde:
N = número de pessoas ou unidades de contribuição;
C = contribuição de despejos, em litro / pessoa x dia ou em litro /
unidade x dia (ver Tabela 1).
T = período de detenção hidráulica, em dias (ver Tabela 2);
K = taxa de acumulação de lodo digerido, em dias, equivalente ao tempo
de acumulação de lodo fresco (ver Tabela 3);
Lf = contribuição de lodo fresco, em litros / pessoa x dia ou em litro /
unidade x dia (ver Tabela 1).

A vazão de contribuição diária pode ser assim obtida:

Q=NxC
Onde:
Q = vazão de contribuição diária, em litros / dia;
N = número de pessoas ou unidades de contribuição;
C = contribuição de despejos, em litro / pessoa x dia ou em litro /
unidade x dia (ver Tabela 4).

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Definições:

• Volume útil: espaço interno mínimo necessário ao correto funcionamento


do tanque séptico, correspondente à somatória dos volumes destinados
à digestão, decantação e armazenamento da escuma.
• No cálculo da contribuição de despejos, deve ser considerado o que
segue: a) número de pessoas a serem atendidas; b) 80% do consumo
local de água (em casos plenamente justificados, podem ser adotados
percentuais diferentes de 80% e, na falta de dados locais relativos a
consumo, são adotadas as vazões e contribuições constantes na Tabela
1); c) nos prédios em que haja, simultaneamente, ocupantes
permanentes e temporários, a vazão total de contribuição resulta da
soma das vazões correspondentes a cada tipo de ocupante.
• Período de detenção do esgoto: tempo médio de permanência da parcela
líquida do esgoto dentro da zona de decantação do tanque séptico.
• Intervalo de limpeza do tanque = pré-definido
Taxa de acumulação de lodo: número de dias de acumulação de lodo
fresco equivalente ao volume de lodo digerido a ser armazenado no
tanque, considerando redução de volume de quatro vezes para o lodo
digerido.
Lodo fresco: lodo instável, em início de processo de digestão.

Medidas Internas:

De acordo com a NBR 7229/93, devem respeitadas as seguintes


medidas:
a) Diâmetro interno mínimo: 1,10m;
b) Largura interna mínima: 0,80m;
c) Relação comprimento / largura (para tanques prismáticos
retangulares): mín. 2:1; máx. 4:1;
d) Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil,
obtido da forma:

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Obs:
Até 6,0m³ : 1,20m ≤ Put ≤ 2,20m
De 6,0m³ a 10,0m³ : 1,50m ≤ Put ≤ 2,50m
Mais que 10,0m³ : 1,80m ≤ Put ≤ 2,80m

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Tabelas NBR 7229-93

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Referencia: Chernicharo, C.A.L. 2007. Reatores Anaeróbios. V.5. Exemplos:


página 168-169.

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5) Unidades de Tratamento Complementar e Disposição


Final dos Efluentes Líquidos (NBR 13969/97)

i) Filtro Anaeróbio – Dimensionamento:

O volume útil do leito filtrante (Vu), em litros, é obtido pela equação:

Vu = 1,6 x N x C x T

Onde:
• V = volume útil, em litros;
• N = número de pessoas ou unidades de contribuição;
• C = contribuição de despejos, em litros / pessoa x dia ou litros / unidade
x dia (ver Tab.3);
• T = período de detenção hidráulica, em dias (ver Tabela 4).

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Referencia: Chernicharo, C.A.L. 2007. Reatores Anaeróbios. V.5. Exemplos:


página 182

ii) Filtro Aeróbio Submerso – Dimensionamento:

Os volumes úteis de cada câmara (Vu), em litros, são calculados como segue:

Vur = 400 + 0,25 x N x C

Onde:
• Vur = volume útil da câmara de reação, em litros;
• Vus = volume útil da câmara de sedimentação, em litros;
• N = número de contribuintes;
• C = contribuição de despejos, em litros / habitantes x dia (ver Tabela 3).
• A área superficial (As) da câmara de sedimentação deve ser calculada
pela equação:
As = 0,07 + N x C
15

Onde:
• As = área superficial, em m²;
• N = número de contribuintes;
• C = contribuição de esgoto, em m³ / habitantes x dia (ver Tabela 3).

iii) Valas de Filtração e Filtro de Areia

A taxa de aplicação do efluente, a ser considerada, não deve ser superior a


100 litros/dia x m2 para efluente do tanque séptico, área esta relativa à
superfície horizontal de apoio das tubulações. Para efluentes do processo
aeróbio de tratamento, esta taxa passa a ser 200 litros/dia x m2. Para
regiões em que a temperatura média mensal do mês mais frio for inferior a 10º

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C, as taxas passam a ser 50 litros/dia x m2 e 100 litros/dia x m2,


respectivamente.

Devem ser observados, para as valas de filtração e o filtro de areia:


• A especificação do material para filtração (areia com diâmetro efetivo na
faixa de 0,25mm e 1,2mm, com coeficientes de uniformidade inferior a
4; pedregulho ou pedra britada);
• A manutenção da condição aeróbia no interior da vala;
• A taxa de aplicação;
• O processo construtivo, contemplando tubulação em PVC Æ 100 mm,
perfurado;
• A alternância de aplicação para a vala de filtração (mínimo 2 valas);
• O comprimento máximo de 30 m para a vala de filtração;
• A existência de caixa de distribuição.

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iv) Lagoa com Plantas Aquáticas

• Taxa de aplicação hidráulica: < ou = 600m3 / (ha x dia);


• Profundidade máxima da lâmina líquida entre 0,70 e 1,00m, com altura
sobressalente de 0,30m;
• Relação comprimento / largura superior a 10;
• Largura máxima 10,00m.

v) Valas de Infiltração e Sumidouro

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A= Q
Tas

Onde:
A = área de infiltração necessária, em m2;
Q = vazão de contribuição diária, em m3/dia;
Tas = taxa de aplicação superficial (m3/m2 x dia) (ver Tabela A.1).

Devem ser observados, para as valas de infiltração:

O nível máximo do aquífero e a distância vertical mínima deste (1,50 m);


A manutenção da condição aeróbia no interior da vala;
A distância mínima do poço de captação de água;
O processo construtivo (material de enchimento: brita, tubulação d= 100 mm
perfurado, declividade tubo: 0,003m/m, distância entre eixos: ≥ 2 m);
A alternância de aplicação (mínimo 2 valas);
O índice pluviométrico;
O comprimento máximo de 30 m;
A existência de caixa de distribuição.

Sumidouro:

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O diâmetro interno mínimo: 0,30 m;


A distância mínima entre as paredes dos poços múltiplos: 1,50 m;
O nível máximo do aquífero e a distância vertical mínima deste (1,50 m);
A espessura da camada protetora: 0,30 m;
A existência de caixa de distribuição para 2 ou mais sumidouros.

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Exemplos:

Exemplo de Tanque séptico

1) Dimensionar um sistema de tanque séptico, de acordo com as


disposições da Norma ABNT NBR 7229/93, considerando-se os seguintes
elementos de projeto:

• população contribuinte ao sistema (N) = 50 pessoas;


• padrão das residências contribuintes: médio;
• intervalo entre limpezas do tanque: 1 ano (adotado);
• temperatura ambiente média (T): 22°C

Solução:
1. O primeiro passo para o dimensionamento do sistema é estabelecer a
contribuição per capita de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf). Caso não seja
caso não se disponha de dados específicos para o local, pode-se
consultar e adotar valores de acordo com a tabela 1 da norma. Neste
caso, para o padrão médio de residências tem-se:

• contribuição per capita de esgoto C = 130 L/ hab.dia


• contribuição per capita de lodo fresco Lf = 1L/hab.dia

2. Estimativa da contribuição diária de esgotos (Q), como a seguir:

✓ Q = NxC = 50 hab x 130 L/hab.dia = 6500 L/dia

3. Adoção do tempo de Detenção hidráulica (t):

A partir da contribuição diária de esgotos determinadas no item anterior e de


acordo com a tabela 2 da Norma tem-se:

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✓ Para Q entre 6001 e 7500 L/dia, tem-se t = 0,67 dias (16 horas)

4. Estabelecimento da taxa de acumulação de lodo no tanque (K), que é


função do intervalo de limpeza previsto e da temperatura ambiente, de
acordo com a tabela 3 da Norma.

✓ Para o intervalo de limpeza de 1 ano e temperatura igual a 22° C,


tem-se K = 57 dias

5. Cálculo do volume do tanque séptico, de acordo com a norma:

V (litros)= 1000 + N x (C x T + K x Lf)


V = 1000 + 50 hab x (130L/hab.dia x 0,67 d + 1,0 L/hab.d x 57 d) =
V = 8205 L (8,2 m3)

6. Determinação das dimensões do tanque, de acordo com as diretrizes


apresentadas na tabela 4 da norma e as geometrias do tanque
(apostila):

✓ Profundidade: H = 2,0 m (para V entre 6 e 10 m3, tem-se H entre 1,5


e 2,5 m) (tabela 4);
✓ Área do tanque: A = V/H = 8,2 m3/2,0m = 4,1 m2;
✓ Adoção de tanque cilíndrico: diâmetro (D) = 2,3 m
✓ Adoção de tanque prismático-retangular: Largura (L) = 1,20 m;
comprimento (C) = 3,35 m.
✓ Verificação da relação comprimento/largura: 3,35/1,20 = 2,8 (entre 2
e 4).

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Exemplo 2: TS + Filtro Anaeróbio

Coeficientes de dimensionamento:

• Contribuição de despejos : C = 50 l / pessoa.dia


• Número de pessoas : N = 200 pessoas/ dia
Contribuição diária:
• Contribuição : N x C = 200 x 50 = 10.000 litros / dia
Período de detenção:
Para a contribuição diária antes calculada, temos segundo a Tabela 4 da NBR
13969/97, o período de detenção para temperaturas inferiores a 15°, T = 0,75
dia.
Taxa de acumulação de lodo:
Segundo a Tabela 3 da NBR 7229/93, para um intervalo entre limpezas de um
ano e temperatura ambiente abaixo de 10°C, temos a taxa de acumulação de
lodo K = 94.

• Contribuição de lodo fresco:


Conforme a Tabela 1 da NBR 7229/93 o fator de contribuição de lodo
fresco (Lf) é 0,2.

Cálculo do volume útil do tanque séptico:


V = 1000 + N x ( C T + K x Lf )
V = 1000 + 200 x ( 50 x 0,75 + 94 x 0,2 ) = 12.260 litros.

O tanque séptico terá as seguintes dimensões: D= 2,50 metros, Hutil = 2,50


metros e Vutil = 12,27 m³.
• Cálculo do volume útil do filtro anaeróbio:
V = 1,6 x N x C x T
V = 1,6 x 200 x 50 x 0,75 = 12.000 litros.
Serão utilizados dois filtros anaeróbios, perfazendo um volume total de
12,96 m² com as
seguintes dimensões:

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Filtro 1: D = 3,00 metros, Hutil = 1,20 metros e Vutil = 7,07 m³.


Filtro 1: D = 2,50 metros, Hutil = 1,20 metros e Vutil = 5,89 m³.

Eficiência:

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6) Critérios pata p lançamentos no Corpo Receptor:

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7) Referências para Estudo:

Andreoli, C.V et al. (2014) Lodo de Esgoto: tratamento e disposição final.


V.6, 2.Edição;
Chernicaro, C.A.L (2007) Reatores Anaeróbios, V.5. 2.Edição.
NBR 7229/93, Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques
Sépticos;
NBR 13969/97, Unidades de Tratamento Complementar e Disposição
Final dos Efluentes Líquidos;
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA número
357 de 2005;
Sperling, M.V. (1996) Introdução a qualidade das águas e ao tratamento
de esgotos, V.1. 2. Edição;
Sperling, M. V. (2003) Lagoas de Estabilização, V.3.2.Edição;
Sperling, M.V. (2012) Lodos Ativados, V4. 3.Edição.

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Anexo 1
Exercícios resolvidos (Lagoas)

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Lagoas de Estabilização

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Lagoas Anaeróbias seguidas por facultativas

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Lagoas Aeradas Facultativas

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ANEXO 2
Características das Águas Residuárias para fins de Dimensionamento

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