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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 SANEAMENTO BÁSICO ............................................................................ 4

2.1 A poluição dos recursos hídricos .......................................................... 8

2.2 Tratamento da água para abastecimento público .............................. 10

2.3 A importância do saneamento básico na saúde e no desenvolvimento


humano....... ........................................................................................................... 11

2.4 Técnicas inovadoras de saneamento básico ...................................... 19

3 BASES LEGAIS DO SANEAMENTO NO BRASIL .................................... 21

4 SISTEMA PÚBLICO DE EFLUENTES SANITÁRIOS ............................... 28

4.1 Qualidade dos efluentes domésticos .................................................. 29

4.2 Sistemas e elementos de esgotamento sanitário ............................... 34

4.3 Tipos de sistema de esgotamento sanitário ....................................... 38

4.4 Projeto de esgotamento sanitário ....................................................... 39

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 SANEAMENTO BÁSICO

Para muitas pessoas, o saneamento básico consiste apenas em acesso à água


tratada, coleta e tratamento de esgotos sanitários. No entanto, o conceito de
saneamento básico é mais amplo e inclui uma série de outras atividades. De acordo
com a Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento,
o saneamento básico é definido como “[...] um conjunto de serviços públicos,
infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água potável,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas [...]” (BRASIL, 2007, documento on-line).
A seguir, na Figura 1, é possível observar uma síntese dos quatro eixos
temáticos do saneamento básico, de acordo com a Lei nº 11.445/2007 e atualizada
pela Lei nº 14.026/2020 (novo marco regulatório do saneamento) (LUIZ, 2021).

Figura 1. Os quatro eixos do saneamento básico: abastecimento de água, esgotamento sanitário,


manejo de resíduos sólidos urbanos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Fonte:
Ministério do Desenvolvimento Regional (BRASIL, 2020b).

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O serviço de abastecimento de água consiste, portanto, em toda a
infraestrutura necessária ao suprimento público de água, desde a captação da água
bruta na natureza até o fornecimento de água potável às ligações prediais. Esse
serviço prevê as seguintes atividades (BRASIL, 2007):

 reservação de água bruta;


 captação de água bruta;
 adução de água bruta;
 tratamento de água bruta;
 adução de água tratada e;
 reservação de água tratada.

Em relação ao tratamento de água bruta, as ETAs funcionam como se fossem


fábricas para produzir água potável. Depois de captada nos rios, barragens ou poços,
a água é levada para ETA, onde passa por várias etapas, como mostrado
anteriormente, para que a água adquira as propriedades desejadas e, posteriormente,
atinja os padrões de qualidade necessária para o consumo humano (LUIZ, 2021).

Fique atento!
A água bruta é o termo que se usa para água encontrada in natura e pode ser a água de um rio,
fonte, poço, barragem, etc. A água pura não existe na natureza. Devido à enorme capacidade de
dissolução da água, ela sempre contém substâncias diversas dissolvidas. Mesmo a água da chuva
e a água destilada dos laboratórios apresentam gases (oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono, etc)
e íons dissolvidos (carbonatos, bicarbonatos, cloretos, entre outros) que foram absorvidos da
atmosfera.

Em geral, muitas pessoas confundem o tratamento da água e do esgoto. É


importante salientar que o tratamento de água e o tratamento de esgoto são processos
distintos: o tratamento de água é feito a partir da água doce bruta encontrada em
mananciais, enquanto o tratamento de esgoto é que são coletados para, após o
tratamento adequado, serem reintroduzidos ao meio ambiente (LUIZ, 2021).
Dessa forma, a definição do esgotamento sanitário consiste em toda a
infraestrutura necessária para a coleta, incluindo o transporte, o tratamento e a
disposição final ambientalmente adequada dos esgotos sanitários (BRASIL, 2007).

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Portanto, consideram-se serviços públicos de esgotamento sanitário aqueles
constituídos obrigatoriamente por uma ou mais das seguintes atividades:

 coleta, incluindo a ligação predial, dos esgotos sanitários;


 transporte dos esgotos sanitários;
 tratamento dos esgotos sanitários;
 disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originários da operação de
unidades de tratamento coletivas ou individuais de forma ambientalmente
adequada, incluindo fossas sépticas (LUIZ, 2021).

Os serviços públicos responsáveis pela limpeza urbana e pelo gerenciamento


de resíduos sólidos urbanos são as atividades operacionais que envolvem coleta,
transporte, triagem, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos. Esses
resíduos incluem os domésticos; os provenientes de atividades do comércio, indústria
e de serviços; e os resíduos originários dos serviços públicos de limpeza urbana
(BRASIL, 2007).
Em geral, a destinação final correta dos resíduos sólidos urbanos é o aterro
sanitário, um local construído para o armazenamento e a decomposição final desses
resíduos. Os aterros sanitários são projetados especificamente para evitar a
proliferação de vetores, a poluição atmosférica e o vazamento de material líquido que
poderia ocasionar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos (LUIZ, 2021).
No entanto, muitos municípios brasileiros ainda utilizam lixões para a
disposição dos seus resíduos. Os lixões são locais inadequados, a céu aberto e sem
qualquer planejamento ou medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
A disposição final dos resíduos sólidos é de responsabilidade tanto da prefeitura
quanto da comunidade, sendo preciso cooperação mútua entre o poder público e os
cidadãos (LUIZ, 2021).

Saiba mais!
Segundo dados do relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2020), o Brasil despeja 40,5% (29,5 milhões de toneladas, de cerca de 3.001
municípios) dos seus resíduos sólidos urbanos em locais inadequados. A falta de recursos
financeiros e de mão de obra especializada tem impedido avanços mais acelerados nessa área. A
construção e a operação de um aterro sanitário têm um custo muito elevado. Dessa forma, a solução

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que muitos municípios estão implementando é o investimento em soluções regionais, nas quais um
conjunto de municípios formam consórcios intermunicipais para o tratamento de seus resíduos,
dividindo os custos da operação do aterro sanitário.

Por fim, o eixo de drenagem urbana, responsável pelo manejo das águas
pluviais urbanas do saneamento básico, é toda a infraestrutura e instalação
operacional responsável pela drenagem das águas da chuva. Sempre que ocorre a
precipitação pluviométrica em cidades intensamente urbanizadas e
impermeabilizadas, a tendência é que as águas da chuva procurem um meio de
escoar. Se a cidade não possui um bom sistema de drenagem, a água da chuva
acumulará nas ruas e certamente causará grandes transtornos. Dentre os elementos
que compõem um sistema de drenagem urbana podemos citar o tipo de pavimento
das ruas, guias e sarjetas, bocas de lobo, galerias de drenagem, sistemas de detenção
e infiltração nos lotes e pavimentos, trincheiras e valas de infiltração (LUIZ, 2021).
Dessa forma, de acordo com a principal lei diretriz do saneamento (BRASIL,
2007), consideram-se serviços públicos de manejo das águas pluviais urbanas
aqueles constituídos obrigatoriamente por uma ou mais das seguintes atividades:

 drenagem urbana;
 transporte de águas pluviais urbanas;
 detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para amortecimento de
vazões de cheias;
 tratamento e disposição final de águas pluviais urbanas.

Basicamente, esta é a definição de saneamento básico no Brasil. A realidade


das condições sanitárias brasileiras é decorrente tanto da falta de recursos para
investimento, quanto da ausência ou da má gerência das políticas públicas de
saneamento básico. Antes de propor qualquer ação na área, é importante que o gestor
municipal ou o profissional contratado conheça em detalhes as bases legais e a
situação em que se encontra o saneamento básico em seu município (LUIZ, 2021).

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2.1 A poluição dos recursos hídricos

No Brasil, uma situação bastante grave é a falta de saneamento em algumas


regiões e as consequências disso. Os principais responsáveis pela poluição de nossos
rios e lagos são os lançamentos sem o devido tratamento de efluentes industriais,
agrícolas, comerciais e esgotos domésticos, além da disposição inadequada dos
resíduos sólidos. Isso compromete a qualidade do meio ambiente como um todo, mas
sobretudo impacta nas águas superficiais e subterrâneas (LUIZ, 2021).
Apesar de o País possuir um dos maiores estoques de água doce disponível e
uma malha hídrica extensa, a grande maioria dos reservatórios localizados próximos
a grandes centros urbanos possui alguma contaminação proporcionada por esgotos
domésticos. Quase toda água potável que é consumida se transforma em esgoto e,
posteriormente, acaba sendo reintroduzida nos corpos hídricos no meio ambiente.
Esses mananciais, depois de contaminados, podem conter microrganismos
causadores de diversas doenças, como a diarreia, a hepatite, a cólera e a febre tifoide
(LUIZ, 2021).

Saiba mais!

Situação da água no brasil


 O Brasil detém aproximadamente 11,6% da água doce superficial do mundo.
 70% da água disponível para o uso está localizada na região amazônica.
 Os 30% restantes distribuem-se desigualmente pelo País, para atender a
aproximadamente 93% da população.

De acordo com Von Sperling (1996), a poluição das águas se dá pela adição
de substâncias ou de alguma forma de energia que, direta ou indiretamente, altera a
natureza dos mananciais de modo a prejudicar o seu uso ou suas funções no
ecossistema. De acordo com o autor, as diversas impurezas presentes na água e que
alteram sua qualidade e pureza podem ser simplificadas em termos de suas
características físicas, químicas e biológicas. Observe o esquema da Figura 3.

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Figura 2. Principais impurezas contidas na água. Fonte: Adaptada de Von Sperling (1996).

As características físicas da água são associadas, na sua maior parte, aos


sólidos presentes em solução. Esses sólidos podem estar em suspensão, na forma
coloidal ou dissolvidos. Já as características químicas podem ser interpretadas por
meio das concentrações de matéria orgânica ou inorgânica. As características
biológicas referem-se aos seres vivos presentes na água (reino animal, vegetal,
protista ou monera) (LUIZ, 2021).
A produção de esgotos está diretamente associada à população, e seu
tratamento é realizado em estações de tratamento de esgoto (ETEs). As principais
concentrações populacionais ocorrem principalmente nas capitais e no seu entorno e
em cidades com mais de 100.000 habitantes. Os principais poluentes nos recursos
hídricos surgem por meio de fontes pontuais e fontes difusas. As fontes pontuais são
aquelas em que as cargas de poluentes são introduzidas por meio de lançamentos

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individualizados (e facilmente identificáveis), como o que ocorre em alguns esgotos
sanitários ou efluentes industriais (LUIZ, 2021).
Por outro lado, as fontes difusas de contaminação são aquelas em que a origem
não pode ser identificada com facilidade (não tem um ponto de lançamento
específico). Como exemplos de cargas difusas podemos citar a infiltração de
agrotóxicos no solo provenientes de atividades agrícolas, o aporte de nutrientes em
córregos e rios por meio da drenagem urbana, entre outros. Contaminações difusas
ocorrem em grandes áreas, podendo chegar aos cursos e reservatórios de água após
a ocorrência de chuvas (SODRÉ, 2012).

2.2 Tratamento da água para abastecimento público

O tratamento da água para abastecimento público é feito nas estações de


tratamento de água (ETAs) a partir da água doce encontrada na natureza e objetiva,
basicamente, a redução dos sólidos em suspensão, da matéria orgânica, dos sais
dissolvidos, dos metais pesados e dos microrganismos presentes nas fontes de água.
A seleção dos processos de tratamento da água está relacionada, dentre outros
aspectos, às características dos mananciais e à legislação vigente (LUIZ, 2021).
No tratamento de água para consumo, existem diversas tecnologias que podem
ser empregadas. Em estações de tratamento convencionais, os processos são
divididos em etapas e utilizam métodos físicos e/ou químicos para remoção dos
poluentes. Em geral, o tratamento da água em ETAs é feito por um tratamento inicial,
no qual realiza-se um pré-tratamento com métodos físicos de remoção (não havendo
reações químicas) como os descritos a seguir (LUIZ, 2021).

Peneiramento: a água passa por um gradeamento para eliminação de


partículas maiores.
Sedimentação ou decantação: são processos físicos de separação dos
sólidos que estão suspensos, os quais são sedimentados por ação da gravidade no
fundo de tanques, de onde são posteriormente removidos.
Aeração: insere-se ar na água para aumentar a área de contato entre a água
e o ar, a fim de facilitar a troca de gases e permitir a oxidação da matéria orgânica e
a remoção de determinados poluentes (LUIZ, 2021).

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Após o pré-tratamento, dando prosseguimento ao tratamento de águas para
consumo humano, a água passa por tratamentos físico-químicos, como coagulação
ou floculação, sedimentação, filtração e desinfecção.

 Coagulação ou floculação: a coagulação ou floculação é um processo


em que são adicionados coagulantes para que as partículas sólidas se aglomerem em
flocos, podendo ser removidas mais facilmente. Existem diversos, mas o coagulante
mais comum usado nas ETAs é o sulfato de alumínio (Al2 (SO4 ) 3 ), que se dissolverá
na água e depois precipitará na forma de hidróxido de alumínio (Al2 (OH)3 ), do
seguinte modo:

Dissolução:

Al2 (SO4 )3 (s) → 2 Al3+(aq) + 2 SO4 3-(aq)

Precipitação:

Al3 +(aq) + 3 OH- (aq) → Al(OH)3 (s)

 Sedimentação: os flocos formados pela coagulação sedimentam-se pela


força da gravidade, sendo posteriormente removidos da água.
 Filtração: a filtração é um processo físico no qual são retiradas impurezas
menores a partir de diferentes filtros.
 Desinfecção: por fim, a água é desinfetada por meio de processos químicos
como a cloração ou a ozonização (LUIZ, 2021).

2.3 A importância do saneamento básico na saúde e no desenvolvimento


humano

O desenvolvimento do ser humano, para ocorrer de forma correta, necessita de


alguns quesitos, sendo um deles o acesso à água potável. Segundo Maslow (1954),
o ser humano apresenta diferentes níveis de necessidades, desde as mais básicas
até as de mais qualidade. Segundo Maslow (1954 apud HESKETH; COSTA, 1980, p.

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59) destaca que uma “[...] necessidade é substituída pela seguinte mais forte da sua
hierarquia, na medida em que começa a ser satisfeita”.
O estudo de Maslow (1954) deu origem a uma pirâmide de necessidades
(Figura 1), as quais estão classificadas como: fisiológicas, de segurança, de afiliação,
de autoestima e de autorrealização. Dentro do primeiro nível, ou seja, do nível mais
essencial de necessidades humanas, denominado fisiológico, estão problemas como
a fadiga, a fome, a sede, as más condições de moradia, a falta de ar, a falta de conforto
pessoal, as más condições de saúde, entre outros (SCOPELL, 2021).

Figura 1. Pirâmide de Maslow. Fonte: Schermann (2018, documento on-line).

Diante dessa explanação, é possível compreender que a água potável, advinda


de um saneamento básico — ou seja, de um conjunto de serviços responsável por
promover a melhora da qualidade da água —, é responsável tanto por saciar a sede
como por tornar a vida das pessoas mais confortável e salubre, evitando doenças.
Nesse sentido, sistemas de tratamento e redes de distribuição de água são essenciais
para a vida dos seres humanos (SCOPELL, 2021).
O saneamento básico, segundo Carcará, Silva e Moita Neto (2019), pode ser
compreendido como uma gestão ou até mesmo um controle de fatores físicos que
exercem efeitos nocivos à vida humana, prejudicando o bem-estar das pessoas, seja
ele mental, social ou corporal. O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab)
(BRASIL, 2013) delimita o saneamento em quatro componentes principais:

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 o abastecimento da água, que deve ocorrer sem intermitências, por meio de
uma rede de distribuição, nascente ou poço, com canalizações internas;
 o esgotamento sanitário, que se refere à coleta do esgoto e ao seu tratamento
adequado, por meio de fossa séptica, juntamente com sua disposição final, a
qual deve ser projetada e construída dentro das leis e de forma adequada;
 o manejo dos resíduos sólidos, envolvendo a coleta desses resíduos e a sua
destinação correta;
 a drenagem das águas pluviais urbanas, por meio de estruturas físicas para
prevenir inundações e enchentes (SCOPELL, 2021).

Saiba mais!
O Plansab consiste no planejamento integrado do saneamento básico. Esse
planejamento se refere a um período de 20 anos, de 2014 a 2033. Esse Plano foi
elaborado pelo Governo Federal por meio de um processo participativo amplo,
coordenado pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Grupo de Trabalho
Interinstitucional, o Conselho Nacional da Saúde, o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e o Conselho das Cidades.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (BRASIL, [2020],
p. 1), “O Plansab traz um levantamento e uma análise das bases legais e
competências institucionais relacionadas ao saneamento básico e
determina princípios fundamentais que orientaram a sua elaboração”. O Plano, por
meio de análises e avaliações e da elaboração de cenários, criou metas a longo,
médio e curto prazo. Dentre elas, pode-se citar a intenção de que, ao fim do período
previsto no Plano, 99% das residências brasileiras tenham acesso a alguma rede
de distribuição de água e 100% tenham coleta direta de resíduos sólidos.

Quando há uma inadequação no acesso ao saneamento básico e à


infraestrutura em geral, a população acaba experimentando muitos impactos
negativos. Por isso, segundo Carcará, Silva e Moita Neto (2019), esse tema é um
grande desafio.

O saneamento básico é visto como um desafio de saúde pública que tem


persistido por décadas, cujas fragilidades em sua estrutura provocam impacto
direto no desenvolvimento humano: aumento da incidência de doenças e
morte, pobreza crônica, degradação ambiental. O comprometimento
profissional de pessoas que são afetadas pelo impacto da falta de estrutura

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de saneamento reflete na educação. Há ainda barreiras ambientais, fatores
sociais e medo de violência sexual que podem contribuir para o estresse
psicossocial relacionado à falta de saneamento (CARCARÁ; SILVA; MOITA
NETTO, 2019, p. 1).

Quadro 1. Estimativa de impacto de doenças devido à precariedade do


ambiente doméstico em países em desenvolvimento

Principais doenças ligadas à precariedade Problema ambiental


do
ambiente doméstico
Tuberculose Superlotação
Diarreia Falta de saneamento, de abastecimento de água
e de higiene
Doenças tropicais Falta de saneamento, má disposição do lixo, foco
de vetores de doenças nas redondezas
Verminoses Falta de saneamento, de
abastecimento de água e de higiene
Infecções respiratórias Poluição do ar em recinto fechado e
superlotado
Doenças respiratórias crônicas P Poluição do ar em recinto fechado
Câncer do aparelho respiratório Poluição do ar em recinto fechado

Conforme Sousa (2017), os serviços de saneamento básico são de


responsabilidade dos municípios, mas podem ser prestados por empresas públicas
ou empresas privadas, por meio de um regime de concessão. Ainda, é dever da União,
dos estados e dos municípios elaborar políticas públicas que tenham como foco o
melhoramento do saneamento básico, o que consequentemente melhora a qualidade
de vida de toda a população.
Mesmo que haja serviços disponíveis, a preocupação com esse tema deve ser
constante, para que os sistemas sejam melhorados e adequados com o passar dos
anos, contemplando novas situações e novos contextos e garantindo as condições
mínimas para a vida em sociedade. Segundo Sousa (2017, p. 6), as leis atuais que
regem a maioria desses serviços públicos de saneamento básico preveem, dentre
outras questões, “[...] que os investimentos devam alcançar a eficiência e
sustentabilidade econômica. Esse desafio, a ser enfrentado pelos municípios
brasileiros, demanda atuação consistente e multidisciplinar para que seja superado
de forma sustentável”.
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Além de todas as doenças e os desconfortos que a falta do saneamento básico
pode causar às pessoas, a deficiência ou inexistência desses sistemas prejudica
também o meio ambiente. Isso ocorre por meio da poluição e da infecção das águas
e do lixo espalhado por todos os espaços, que ainda pode entupir bueiros e causar
enchentes, dentre tantos outros aspectos prejudiciais em um âmbito global
(SCOPELL, 2021).
Diante da realidade desse tema, considerando-se a sua importância e o
contexto ainda bastante desigual, Centre On Housing Rights And Evictions (2008)
destaca que o saneamento básico deve ser reconhecido como um direito humano
primordial para o avanço nessa área. Nesse sentido, é necessária uma
responsabilização geral por esse sistema, em que cada ente faça a sua parte. O
Estado deve garantir esse direito à população, definir padrões de monitoramento e
dar prioridade às porções que não têm acesso ao sistema. Já a população deve seguir
as normas, realizar os sistemas das edificações de acordo com o estabelecido, jogar
o lixo no local adequado e fazer a sua parte para que todo o sistema funcione da
melhor maneira possível.

Saneamento básico no Brasil

O Brasil, assim como muitos países, ainda enfrenta muitos problemas de


saneamento básico, mas é preciso reconhecer tudo o que avançou e foi feito até o
momento. A Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de
2007) é bastante recente. Essa Lei estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico e para a política federal de saneamento básico (SCOPELL, 2021).

A partir desse marco regulatório, definiram-se o conteúdo, as diretrizes para


o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), os princípios a serem
obedecidos pelos prestadores de serviço, o papel de agências regulatórias
na fiscalização dos contratos e da prestação dos serviços de saneamento, a
responsabilidade do município em elaborar um plano de saneamento básico
municipal, entre outros pontos. Dessa forma, o novo modelo lançou
mudanças significativas na base normativa, no sentido de separar o
planejamento, a regulação e a prestação dos serviços (CARCARÁ, SILVA,
MOITA NETO, 2019, p. 1).

Conforme consta nessa Lei (BRASIL 2017), a competência de estabelecer


programas de saneamento, diretrizes e políticas nacionais fica a cargo da União, que
deve também prever os investimentos nesse setor. Os estados devem estabelecer as

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políticas dentro de seu âmbito e também regular esses sistemas. Já os municípios
ficam responsáveis pela elaboração do Plano Municipal de Saneamento (SCOPELL,
2021).
Sendo assim, é evidente que, mais do que um sistema de tratamento de água,
resíduos e esgoto, o saneamento básico é uma política pública. Nos últimos anos,
conforme pesquisas e análises do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2010), houve melhoras significativas, mesmo que ainda exista muita desigualdade
referente a esses sistemas. Segundo Sousa (2017), há 50 anos, no Brasil, só havia
rede de esgoto em uma a cada três residências. Ainda, o tratamento desse esgoto era
realizado em apenas 5% dos casos. Nos últimos anos, conforme dados do censo de
2010, havia aproximadamente 31,5 milhões de domicílios com banheiros ligados à
rede de coleta. Conforme dados do IBGE, no ano de 2010, 79% da população
brasileira era abastecida por meio de companhia estaduais. O restante da população
era atendido por meio de alguns sistemas operados pelas prefeituras dos municípios
ou pelos convênios do governo federal (SCOPELL, 2021).
Em se tratando de dados mais específicos, conforme as análises do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da OMS realizadas no ano de 2015,
e levando em consideração o período desde 1995, o Brasil se encontra em uma boa
posição no que se refere ao acesso à água potável. É importante ressaltar, para esse
dado, conforme destaca Sousa (2017), que as águas consideradas minimamente
adequadas para o consumo humano são águas advindas de poços, torneiras ou
sistemas de água da chuva, além das provenientes de redes de canalização.
No ano de 2015, o Brasil apresentava 98,1% da população com acesso ao
abastecimento da água, sendo maior que a média mundial, que era de 91%. O gráfico
do IBGE apresentado na Figura 2 demonstra uma porcentagem um pouco mais baixa,
de aproximadamente 84,3%, pois considera a água proveniente de rede de
distribuição. Os outros 13,7% se referem ao acesso à água por meio de poços,
nascentes ou de outra procedência (SCOPELL, 2021).

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Figura 2. Gráfico de saneamento básico dos municípios brasileiros, entre 2014 e 2015.
Fonte: IBGE (c2017, documento on-line)

Com relação ao serviço de esgotamento sanitário, a UNICEF e a OMS


consideram qualquer sistema que possa garantir minimamente a segregação das
excreções humanas e seu isolamento — ou seja, seu não contato com a população.
Dentro desse sistema, pode-se incluir as fossas sépticas, a coleta do esgoto e as
latrinas (vasos sanitários). Assim, conforme a pesquisa do ano de 2015, 82,5% da
população brasileira tinha acesso a esse sistema, avançando 5% com relação aos 10
anos anteriores (SCOPELL, 2021).
Dentro da realidade dos dados referentes ao saneamento básico, é importante
destacar que esse índice brasileiro era inferior ao índice geral das Américas do Sul e
Central, e que todos os países do Mercosul registraram porcentagens maiores que o
Brasil. Um dos grandes fatores que colabora para esse índice não ser tão satisfatório
é a quantidade de moradias irregulares ou formas de moradia rudimentar, o que acaba
dificultando a implantação desses sistemas de forma adequada (SCOPELL, 2021).

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Carcará, Silva e Moita Neto (2019) ainda acrescentam que, se for considerado
o esgoto efetivamente tratado por meio de todas as etapas indicadas, esse índice cai,
considerando-se dados do ano de 2017, para 42,6%. Ainda de acordo com a pesquisa
da UNICEF e da OMS, no ano de 2015, 2,1% da população não tinha acesso a
nenhuma forma de esgotamento sanitário. Se for analisar apenas a porcentagem, ela
até parece baixa, mas isso corresponde a 4,4 milhões de brasileiros em estado de
defecação aberta — ou seja, uma situação muito triste e perigosa para o país.
Os dados e, principalmente, as suas análises e comparações em número de
habitantes demonstram que os princípios fundamentais da Lei de Saneamento Básico,
os quais se referem ao acesso, à equidade, à integralidade e à disponibilidade do
saneamento, aos serviços de drenagem e ao manejo da água pluvial, à coleta de
resíduos, à limpeza e fiscalização, dentre outros aspectos, ainda precisam de muito
trabalho para serem implantados, efetivados e garantidos à população. O Plansab
(BRASIL, 2013), prevê a universalização desse sistema até o ano de 2033. Para que
isso aconteça, é imprescindível melhorar alguns aspectos, como os descritos a seguir.

 Aumentar os investimentos em saneamento básico: segundo dados do


Sistema Único de Saúde, no ano de 2013, gastou-se 140 milhões por internações que
advêm de problemas como diarreia. Estima-se que 76 mil casos ocorreram em virtude
da falta de saneamento. Ainda, conforme dados do Instituo Trata Brasil, entre 2010 e
2014, de 100 cidades analisadas, apenas 36 delas investiram mais de 30% do que
arrecadaram em expansão ou melhoramentos no saneamento. Portanto, investir
maior volume de capital nessa política de saneamento básico vai trazer enormes
benefícios para a população brasileira.
 Políticas de regulamentação de moradias: um dos grandes
influenciadores da falta de saneamento ou de sistemas adequados é o número cada
vez maior de moradias ou ocupações irregulares. Esse problema é muito difícil de
resolver, pois está vinculado a aspectos como emprego, educação, entre outros.
Políticas que facilitem as regularizações e tornem a implementação desses sistemas
mais viável poderão ajudar nesse processo.
 Programas de conscientização ambiental: não basta que haja sistemas
adequados se a população não colaborar e fizer a sua parte. Nesse sentido, é preciso
uma conscientização geral sobre a separação dos resíduos e o descarte correto e

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também sobre o aproveitamento dos recursos naturais, para que todos sempre
tenham água potável disponível.

Com base no reconhecimento da real situação de saneamento básico no Brasil,


pode-se perceber que ainda há muito a se fazer. Mas entender esses dados e seus
contextos colabora para que haja um planejamento mais efetivo sobre essas
questões, de maneira que elas possam ser resolvidas (SCOPELL, 2021).

2.4 Técnicas inovadoras de saneamento básico

Diante de muitos desafios sobre o melhoramento do saneamento básico no


Brasil e de uma realidade que reflete ainda muitas desigualdades e falta de
infraestrutura, algumas soluções inovadoras vêm surgindo e podem ser um motivador
para uma evolução positiva desse cenário. Um bom exemplo que se destaca no
cenário nacional é a cidade de Limeira, em São Paulo. A cidade pode ser considerada
um dos maiores exemplos de desenvolvimento do saneamento básico no Brasil.
Atualmente, 100% da área urbana é contemplada com esgoto tratado, sendo uma das
três cidades brasileiras com esse índice. Esse resultado advém de uma conexão entre
ações do poder público, juntamente com iniciativas privadas. No Brasil, somente 19
municípios têm tratamento de esgoto com índice acima de 80% das edificações
(SCOPELL, 2021).
A cidade de Limeira também apresenta um índice de perda no sistema de
distribuição muito baixo, de aproximadamente 14%, comparado ao índice nacional de
38%. Isso ocorre porque, na cidade, a empresa concessionária utiliza uma tecnologia
que combate às fraudes do sistema e controla vazamentos, mapeando áreas críticas
e identificando problemas com precisão (SCOPELL, 2021).
Em se tratando de soluções inovadoras, a maioria delas está relacionada à
tecnologia. A empresa Odebrecht Ambiental investiu em uma estação de tratamento
de esgoto na cidade de Mauá, em São Paulo, o equivalente a 178 milhões. No ano de
2015, a cidade tinha apenas 5% do esgoto tratado; um ano depois, o índice saltou
para 50%. Todo esse avanço foi possível graças a um sistema moderno denominado
reatores sequenciais por batelada avançada. Segundo o Instituto Trata Brasil, essa é
uma tecnologia canadense que dispensa a utilização de produtos químicos. Todo o
tratamento é feito de forma biológica, da mesma forma que a natureza faz em seus
19
processos de decomposição. O sistema garante que o efluente tratado volte para a
natureza livre de poluentes orgânicos (COMO..., 2016).
A tecnologia é grande aliada nesses modelos inovadores, o que colabora para
mudanças profundas nesses sistemas. Segundo Carcará, Silva e Moita Neto (2019),
um dos grandes objetivos de usar a tecnologia nessa área é melhorar o desempenho
de todo o sistema de saneamento, otimizando o consumo das matérias-primas e dos
nutrientes, diminuindo o gasto de energia. Outra intenção é diminuir ou até extinguir o
uso de produtos químicos nas etapas de tratamento (SCOPELL, 2021).
Além disso, com as inovações tecnológicas, é possível tornar as estações mais
automatizadas e controladas. Dentro desse tema, é possível destacar no Brasil cinco
soluções, apresentadas pelo Portal de Saneamento Básico, destacadas por Giancarlo
Ronconi (2020) e descritas a seguir.

 Processo com biomassa aeróbica granular: esse processo foi produzido na


Holanda e trazido ao Brasil por meio da empresa BRK Ambiental. Nessa ideia,
a biomassa que é encarregada pelo tratamento do esgoto passa a ser em
grânulos, e não mais em flocos. Sendo granular, seu processo de
sedimentação é bem mais rápido, o que dispensa a necessidade de unidades
de decantação e também de produtos químicos.
 Sistema MBBR: o sistema moving bed bio-reactor (MBBR) se refere à
utilização de pequenas peças de plástico dentro dos reatores biológicos. Com
a utilização dessas peças, há uma maior população de microrganismos
responsáveis pelo tratamento do esgoto, se comparado aos sistemas
tradicionais. Essa ideia é uma ótima opção para locais com pouco espaço.
 Membranas filtrantes de água: esse é um tratamento que substitui os
grandes filtros de areia. Mesmo que ele apresente um custo mais alto de
implantação, essa tecnologia reduz a área necessária a essa operação nas
estações de tratamento.
 Medidores on-line de qualidade de água: são aparelhos de medição que
colaboram para o aperfeiçoamento do saneamento básico. Esses medidores
apresentam dispositivos que têm sensores ligados a um display. Esses
sensores obtêm diversas informações sobre a água, colaborando para um
melhor controle sobre o tratamento, de maneira que os resultados sejam muito
mais adequados.
20
 Programas de redução de perdas de água tratada: uma das grandes
dificuldades do Brasil no abastecimento e na distribuição da água diz respeito
ao controle de vazamentos, ocasionando grandes porcentagens de
desperdício de água tratada. Uma das soluções para esse problema está no
uso de equipamentos tecnológicos que identificam com precisão esses
vazamentos, por meio de imagens, sensores de pressão e até sistemas
acústicos. Com isso, é possível identificar os pontos críticos, analisando-os e
solucionando os problemas de uma forma mais ágil e precisa.

Entendendo a realidade do saneamento básico no Brasil, a sua importância


para a qualidade de vida, a sua evolução e os seus pontos críticos, é possível
compreender ainda mais a necessidade de melhora desses sistemas. Nesse sentido,
a tecnologia entra como forte aliada em todo o processo, trazendo soluções que
colaboram para o melhoramento dos sistemas e, consequentemente, permitindo que
esses sistemas consigam contemplar um maior número de pessoas (SCOPELL,
2021).

3 BASES LEGAIS DO SANEAMENTO NO BRASIL

Tomadas de decisão para a área do saneamento devem ser realizadas de


forma articulada e respeitando as legislações e normas existentes. O gestor ou
responsável técnico pela implantação e gerenciamento das atividades de saneamento
deve sempre ter em mente as especificidades das leis federais, mas também se
adequar às peculiaridades das leis estaduais e municipais. Além do arcabouço legal
referente às leis federais de saneamento, apresentaremos as principais normas
técnicas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no
formato de NBR (Norma Técnica Brasileira) (LUIZ, 2021).

Principais leis federais

O conhecimento das ferramentas legais que possuem interface com a temática


tratada é fundamental para atingir um padrão adequado na área do saneamento. No

21
Quadro 1, apresentamos uma síntese das legislações federais com maior relevância
na temática do saneamento e suas principais disposições legais (LUIZ, 2021).

Quadro 1. Legislações federais com maior relevância no saneamento básico


Legislação Comentários
Constituição da República Federativa do Brasil  Atual Constituição do Brasil, promulgada
de 1988 em 5 de outubro de 1988.
 Lista e enumera os poderes e as funções
do Estado e institui diretrizes e
competências para o desenvolvimento
urbano e o saneamento básico.
Lei nº 9.433/97  Conhecida como “lei das águas”, instituiu
a Política Nacional de Recursos Hídricos
no Brasil e cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
 Faz o reconhecimento da água como
um bem público, recurso natural limitado,
dotado de valor econômico, mas que
deve ser priorizada para o consumo
humano e de animais, em especial em
situações de escassez.
 A água deve ser gerida de forma a
proporcionar usos múltiplos
(abastecimento, energia, irrigação,
indústria), gestão esta que deve se dar
de forma descentralizada, com
participação de usuários, da sociedade
civil e do governo.
Lei nº 11.445/2007  A Lei nº 11.445/2007 apresenta como
um dos seus princípios fundamentais
a universalização do acesso e a efetiva
prestação dos serviços, que consistem
em ampliar, progressivamente, o acesso
de todos os domicílios ocupados ao
saneamento básico.
 Dá a possibilidade de os entes da
Federação se organizarem
administrativamente sob forma de
consórcios públicos.
 Todas as prefeituras têm obrigação de
elaborar seu Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB).
 Foi atualizada pela Lei nº 14.026/2020
(novo marco legal do saneamento).
Lei nº 12.305/2010  Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos com vistas à gestão integrada e
ao gerenciamento ambientalmente
adequado dos resíduos sólidos.
 Determina que os setores públicos e
privados tenham maior planejamento no
gerenciamento de seus resíduos.
 Tem foco na não geração, na redução,
na reutilização, na reciclagem e no
tratamento dos resíduos sólidos, bem
como na disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos.

22
 Institui a logística reversa e a
responsabilidade compartilhada.
 Institui o Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos.
Lei nº 14.026/2020  Novo marco legal do saneamento
básico, que regulamenta os contratos de
concessão e torna obrigatória a abertura
de licitação, podendo, então, concorrer à
vaga prestadores de serviço públicos e
privados.
 Cria a possibilidade para que grupos ou
blocos de municípios contratem os
serviços de forma coletiva.
 A Agência Nacional de Águas, vinculada
ao Ministério do Desenvolvimento
Regional, passa a ser reguladora do
setor.

A Constituição da República Federativa do Brasil, aprovada pela Assembleia


Nacional Constituinte em 1988, estabelece os princípios dos direitos e garantias
fundamentais aos cidadãos, como o direito à saúde e a uma vida digna. No que tange
ao meio ambiente, em seu art. 225 orienta que “[...] todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações [...]” (BRASIL, 1988, documento
on-line).
Os serviços de saneamento são indispensáveis à promoção e à manutenção
da salubridade ambiental e à proteção dos ambientes naturais, sendo, portanto,
passíveis de regulação por meio de legislações específicas. Nesse sentido, a Lei nº
9.433/97, conhecida como “Lei da Águas”, apresentou um avanço no reconhecimento
da necessidade de proteger as águas do território nacional, a partir da aplicação de
uma visão de gestão integrada dos recursos hídricos com o meio ambiente (BRASIL,
1997). Como principal contribuição, essa lei reconhece a água como um bem público
e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, devendo ser gerida de
forma descentralizada, com participação de usuários, da sociedade civil e do governo,
além de proporcionar usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria)
(LUIZ, 2021).
A Lei nº 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais e a Política Federal
para o Saneamento Básico, confirma o município como o grande articulador dos
serviços vinculados ao saneamento básico no País, reafirmando a competência
municipal para legislar sobre o assunto, garantindo o desenvolvimento sustentável e

23
a manutenção de um meio ambiente equilibrado. De acordo com essa lei, todas as
prefeituras têm obrigação de elaborar um Plano Municipal de Saneamento Básico
(PMSB) por profissionais habilitados e com o apoio da sociedade, ficando impedidas
de receber recursos federais para projetos de saneamento sem este documento
(LUIZ, 2021).
Dessa forma, o PMSB é um plano norteador que deve abranger as quatro áreas
do saneamento básico: os serviços de fornecimento de água, coleta e tratamento do
esgoto, coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos e drenagem urbana. O
documento deve ser elaborado pela prefeitura e aprovado em audiência pública com
fóruns de discussão para apresentação de sugestões e reivindicações da
comunidade. Posteriormente, o PMSB deve ser apreciado pelos vereadores e
aprovado pela Câmara Municipal, tornando-se instrumento estratégico de
planejamento e a referência para o desenvolvimento do saneamento de cada
município (LUIZ, 2021).

Saiba Mais!
A Lei nº 14.026 atualizou o marco legal do saneamento básico em julho de 2020. Entre as principais
alterações está a seleção do prestador dos serviços, que passa a ser definida por meio de processo
de licitação. A atualização estabeleceu que cabe à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
(ANA) definir normas de referência para os titulares e as entidades reguladoras e fiscalizadoras que
fazem a prestação desses serviços públicos (BRASIL, 2020a)

Criada em 2010, a Lei nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos


Sólidos (PNRS), estabelecendo as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos e incumbindo as responsabilidades dos geradores
e do poder público. A PNRS foi um marco no setor — uma de suas principais
contribuições foi a ideia de redução da geração de resíduos, incentivando a
reciclagem — e definiu como meta o fim da disposição de resíduos sólidos em lixões.
Um os principais objetivos da PNRS é fomentar a não geração, a redução, a
reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos. Essa disposição adequada consiste na
“[...] distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a
minimizar os impactos ambientais adversos [...]” (BRASIL, 2010, documento on-line).

24
Fique Atento!
Resíduo versus rejeito. Os termos resíduo e rejeito muitas vezes são utilizadas como sinônimos,
mas têm significados distintos. Basicamente, a distinção entre resíduo e rejeito está relacionada à
questão do seu aproveitamento, ou seja, o que pode ser reutilizado ou reciclado. O resíduo é tudo
aquilo que sobra de determinado produto, seja sua embalagem, casca ou outra parte do processo,
que pode ser reutilizado ou reciclado. O rejeito é um tipo específico de descarte, quando não existe
nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. Um exemplo de rejeito é o lixo do
banheiro, para o qual ainda não existem opções de reciclagem economicamente viáveis e de amplo
alcance. De acordo com a PNRS, rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

Outro aspecto importante da PNRS é a instituição da logística reversa e da


responsabilidade compartilhada. A logística reversa engloba um conjunto de ações e
procedimentos que objetivam orientar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo — ou em outros ciclos
produtivos —, ou providenciar outra destinação que seja ambientalmente adequada
(LUIZ, 2021).
Dessa forma, os fabricantes são obrigados a estruturar e implementar sistemas
de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos
sólidos. Alguns exemplos de resíduos que têm obrigatoriedade de logística reversa
são: resíduos e embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, resíduos e embalagens
de óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus
componentes. Assim, a PNRS institui a responsabilidade compartilhada a fabricantes,
importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista o ciclo de vida do
produto (LUIZ, 2021).

Principais NBRs

As NBRs são normas brasileiras que fornecem orientações para padronizar e


organizar procedimentos, visando a obtenção de maior qualidade de obras, serviços
e/ou produtos. Na área do saneamento, existem diversas NBRs relacionadas a
projetos, estudos de concepção e procedimentos para a execução de atividades,
sendo aplicáveis nos diferentes eixos do saneamento básico. No Quadro 2, apresenta-
25
se uma compilação sintética das principais NBRs aplicáveis na área do saneamento,
organizadas em ordem cronológica (LUIZ, 2021).
Quadro 2. Principais NBRs de maior relevância na temática do saneamento
básico

NBR Comentários
ABNT NBR 9649:1986 — Projeto de Esta Norma fixa as condições exigíveis na
redes coletoras de esgoto sanitário elaboração de projeto hidráulico-sanitário de
redes coletoras de esgoto sanitário.
ABNT NBR 8419:1992 — Apresentação de Esta Norma fixa as condições mínimas exigíveis
projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos para a apresentação de projetos de aterros
urbanos — Procedimento sanitários de resíduos sólidos urbanos.
ABNT NBR 12216:1992 — Projeto de estação de Esta Norma fixa as condições exigíveis na
tratamento de água para abastecimento público elaboração de projeto de estação de tratamento
— Procedimento de água destinado à produção de água potável
para abastecimento público.
ABNT NBR 12211:1992 — Estudos de Esta Norma fixa as condições exigíveis para
concepção de sistemas públicos de estudos de concepção de sistemas públicos de
abastecimento de água — Procedimento abastecimento de água.
ABNT NBR 12213:1992 — Projeto de captação Esta Norma fixa as condições exigíveis para a
de água de superfície para abastecimento elaboração de projeto de captação de água de
público — Procedimento superfície para abastecimento público.
ABNT NBR 12266:1992 — Projeto e execução Esta Norma fixa as condições exigíveis para
de valas para assentamento de tubulação de projeto e execução de valas para assentamentos
água, esgoto ou drenagem urbana — de tubulações de água, esgoto ou drenagem
Procedimento urbana.
ABNT NBR 12217:1994 — Projeto de Esta Norma fixa as condições exigíveis na
reservatório de distribuição de água para elaboração de projeto de reservatório de
abastecimento público — Procedimento distribuição de água para abastecimento público.
ABNT NBR 13969:1997 — Tanques sépticos — Esta Norma tem por objetivo oferecer
Unidades de tratamento complementar e alternativas de procedimentos técnicos para o
disposição final dos efluentes líquidos — Projeto, projeto, a construção e a operação de unidades
construção e operação de tratamento complementar e disposição final
dos efluentes líquidos de tanque séptico, dentro
do sistema de tanque séptico.
ABNT NBR 8160:1999 — Sistemas prediais de Esta Norma estabelece as exigências e
esgoto sanitário — Projeto e execução recomendações relativas a projeto, execução,
ensaio e manutenção dos sistemas prediais de
esgoto sanitário.

26
ABNT NBR 10004:2004 — Resíduos sólidos — Esta Norma classifica os resíduos sólidos quanto
Classificação aos seus potenciais ao meio ambiente e à saúde
pública, para que possam ser gerenciados
adequadamente.
ABNT NBR 15536:2007 — Sistemas para Esta parte da ABNT NBR 15536:2007 estabelece
adução de água, coletores-tronco, emissários de sistemas de classificação para os tubos de
esgoto sanitário e águas pluviais — Tubos e plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV) e
conexões de plástico reforçado de fibra de vidro seus sistemas de junta para uso em sistemas
(PRFV) — Parte 1: Tubos e juntas para adução para adução de água, com diâmetros nominais
de água entre 100 mm e 3.600 mm.
ABNT NBR 12209:2011 — Elaboração de Esta Norma apresenta as condições
projetos hidráulico-sanitários de estações de recomendadas para a elaboração de projeto
tratamento de esgotos sanitários hidráulico e de processo de estações de
tratamento de esgoto sanitário (ETE), observada
a regulamentação específica das entidades
responsáveis.
ABNT NBR 12218:2017 — Projeto de rede de Esta Norma estabelece os requisitos para a
distribuição de água para abastecimento público elaboração de projeto de rede de distribuição de
— Procedimento água para abastecimento público.

Dentre as principais NBRs elencadas no Quadro 1, destacamos as


responsáveis pelo eixo de abastecimento público de água — ABNT NBR 12211:1992,
ABNT NBR 12213:1992 e ABNT NBR 12216:1992, relativas à normatização dos
sistemas públicos de abastecimento, à captação e aos projetos de ETAs. Além destas,
evidencia-se a importância da ABNT NBR 12217:1994, referente aos procedimentos
para projeto de reservatório de distribuição de água, e da mais recente atualização da
ABNT NBR 12218:2017, a respeito dos procedimentos para o projeto de rede de
distribuição de água para abastecimento público (LUIZ, 2021).
No eixo de esgotamento sanitário, destacamos a ABNT NBR 9649:1986, para
projetos hidráulico-sanitários de redes coletoras de esgoto; a ABNT NBR 8160:1999,
para projetos e execução de sistemas prediais de esgoto sanitário; e a ABNT NBR
12209:2011 para a elaboração de projetos de ETEs. Outra norma extremamente
importante e muito utilizada é a ABNT NBR 13969:1997, que trata do projeto, da
construção e da operação de tanques sépticos (unidades de tratamento individual
complementar para efluentes líquidos) (LUIZ, 2021).
No eixo de resíduos sólidos, duas NBRs são fundamentais: a ABNT NBR
8419:1992, sobre os procedimentos para projetos de aterros sanitários de resíduos
27
sólidos urbanos, e a ABNT NBR 10004:2004, que trata da classificação dos resíduos
sólidos. A ABNT NBR 10004:2004 é extremamente importante pois classifica os
resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde
pública, para que possam ser gerenciados adequadamente por empresas e indústrias
(LUIZ, 2021).

Saiba mais!
A ABNT NBR 10004:2004 faz a seguinte classificação dos resíduos:
a) resíduos classe I — perigosos: aqueles que apresentam alguma dessas características:
toxicidade, corrosividade, inflamabilidade, reatividade ou patogenicidade.
b) resíduos classe II — não perigosos: podem ser classificados em classe II A (não inertes) ou
classe II B (inertes).

Ressalta-se que existem diversas NBRs que podem ser utilizadas na área do
saneamento. Além das normas apresentadas, a ABNT está constantemente lançando
novas NBRs e corrigindo as existentes, de forma a melhorar e padronizar os
procedimentos técnicos e os projetos de engenharia. Cabe ao profissional estar atento
aos novos lançamentos e orientações da ABNT, a fim de estar atualizado com as
especificidades constantes do mercado (LUIZ, 2021).

4 SISTEMA PÚBLICO DE EFLUENTES SANITÁRIOS

A maior parte das atividades humanas resulta em algum tipo de resíduo. De


maneira geral, os efluentes podem ser provenientes do uso doméstico, do comércio,
da indústria e dos serviços públicos. Os tipos de efluentes se diferem entre si devido
às suas características físico-químicas (SANTOS, 2020).
Para dimensionar uma rede de esgotamento sanitário, é necessário estimar a
quantidade de efluentes que a rede deverá suportar. Para isso, é necessário
determinar a população da área atendida, a quota per capita e os coeficientes de
retorno e variação. A partir disso, são escolhidos e dimensionados os sistemas de
tratamento de efluentes sanitários que melhor atendem à vazão estimada (SANTOS,
2020).
Neste capítulo, você vai ver como avaliar a qualidade dos efluentes domésticos
e como identificar o melhor sistema de tratamento. Você também vai conhecer os

28
elementos e as estruturas necessárias para o esgotamento sanitário. Além disso, vai
verificar como estimar as vazões a que o sistema escolhido deverá atender (SANTOS,
2020).

4.1 Qualidade dos efluentes domésticos

A NBR 9648:1986, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),


define como esgoto sanitário todo despejo líquido constituído de esgoto doméstico e
industrial, água de infiltração e contribuição pluvial parasitária. Essa norma também
define o esgoto doméstico, entendido como o despejo líquido resultante do uso da
água para higiene e necessidades fisiológicas humanas. Já o esgoto industrial é
definido como o despejo líquido resultante dos processos industriais (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986a) (SANTOS, 2020).
O tratamento dos efluentes domésticos é realizado nas Estações de
Tratamento de Esgotos (ETE), que têm como principal objetivo reduzir as cargas
poluidoras do esgoto sanitário. Em síntese, em uma ETE são removidos sólidos
suspensos, compostos orgânicos biodegradáveis e organismos patogênicos, além de
nutrientes, metais pesados e sólidos dissolvidos inorgânicos (SANTOS, 2020).
As características das concentrações máximas permitidas para uma água de
qualidade são dispostas nas seguintes resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama):
 Resolução nº. 357, de 17 de março de 2005;
 Resolução nº. 396, de 3 de abril de 2008;
 Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011 (SANTOS, 2020).

Essas resoluções tratam das classificações e diretrizes ambientais que


estabelecem as condições e padrões de lançamento de efluentes (SANTOS, 2020).
Von Sperling (2014) elucida as principais características físicas, químicas e
biológicas dos efluentes domésticos. Veja no Quadro 1, a seguir.

29
Quadro 1. Características dos efluentes domésticos
Característica Parâmetro Descrição
Física Temperatura - Ligeiramente superior à da
água de abastecimento.
- Influência na atividade
microbiana, na solubilidade
dos gases, na velocidade
das reações químicas e na
viscosidade do líquido.
Física Cor - Esgoto fresco: ligeiramente
cinza.
- Esgoto séptico: cinza escuro
ou preto.
Física Odor - Esgoto fresco: odor oleoso,
relativamente desagradável.
- Esgoto séptico: odor fétido
(desagradável), devido ao gás
sulfídrico e a outros produtos da
decomposição.
Física Turbidez - Causada pela grande
variedade de sólidos
suspensos.
- Em esgotos mais frescos ou
mais concentrados, há
geralmente maior turbidez.
Química Sólidos totais - Em suspensão: fração de
sólidos orgânicos e inorgânicos
que são retidos em filtros de
papel de 0,45 a 2,0 μm.
- Dissolvidos: fração de sólidos
orgânicos e inorgânicos que
não são retidos em filtros de
papel de 0,45 a 2,0 μm. Os
sólidos fixos são os
componentes minerais, e os
voláteis, os componentes
orgânicos.
- Sedimentáveis: fração de
sólidos orgânicos e inorgânicos
que decanta em 1 hora no
cone Imhoff.
Química Matéria orgânica - Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO): fração
biodegradável dos
componentes orgânicos
carbonáceos.
- Demanda Química de
Oxigênio (DQO): quantidade
de oxigênio requerida para
estabilizar quimicamente a
matéria orgânica carbonácea.
Química pH - Indicador das características
ácidas ou básicas do esgoto.
- Uma solução é neutra em pH
7.

30
- Os processos de oxidação
biológica normalmente tendem
a reduzir o pH.
Química Nitrogênio total - Inclui nitrogênio orgânico e
amônia (NTK), nitrito e nitrato.
- Nitrogênio na forma de
proteínas, aminoácidos e ureia.
- Produzido como primeiro
estágio da decomposição do N
orgânico.
- Estágio intermediário da
oxidação da amônia.
- Produto final da oxidação da
amônia.
Química Fósforo - Forma orgânica e inorgânica.
- Combinado à matéria
orgânica.
- Ortofosfato e polifosfatos.
Química Alcalinidade - Indicadora da capacidade
tampão do meio (resistência às
variações do pH).
- Devida à presença de
bicarbonatos, carbonatos e íon
hidroxila.
Química Cloretos - Proveniente da água de
abastecimento e dos dejetos
humanos.
Química Óleos e graxas - Fração da matéria orgânica
solúvel em hexanos.
Biológica Organismos patogênicos - Os principais organismos
encontrados nos esgotos são
as bactérias, os vírus, os
fungos, os protozoários e os
helmintos. Desse grupo, as
bactérias são os organismos
mais importantes, pois são
responsáveis pela
decomposição e pela
estabilização da matéria
orgânica, tanto na natureza
como nas estações de
tratamento.
Biológica Indicadores de - Para indicar a poluição de
origem humana, adotam-se
descontaminação fecal
como indicadores os
organismos do grupo coliforme.
As bactérias coliformes são
típicas do intestino do homem e
de outros animais (mamíferos).
Por estarem presentes nas
fezes humanas e serem de
simples determinação, esses
microrganismos são adotados
como referência para indicar e
medir a grandeza da poluição.

31
Um dos principais indicadores para a análise tanto da água como dos esgotos
é o oxigênio dissolvido. Com ele, é possível avaliar a concentração de matéria
orgânica presente no líquido. Nesse sentido, a análise da DBO ou da DQO contribui
para a análise do oxigênio presente em uma amostra de esgoto. A seguir, veja uma
definição, em linhas gerais, da DBO e da DQO (MENESES, 2006).

 DBO: representa a quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria


orgânica por ação de bactérias aeróbias. Dessa forma, indica a quantidade de
oxigênio necessária para as bactérias aeróbias consumirem a matéria
orgânica presente em um líquido (água ou esgoto). Logo, também é possível
definir a DBO como um índice da concentração de matéria orgânica presente
em um volume de água.
 DQO: indica a quantidade de oxigênio necessária para a oxidação da matéria
orgânica por meio de um agente químico (SANTOS, 2020).

Esses dois parâmetros analisam a quantidade de oxigênio necessária para a


oxidação dos compostos orgânicos, ou seja, o oxigênio dissolvido. Porém, apenas a
DQO utiliza agente químico. Dessa forma, a DQO avalia a quantidade de oxigênio
dissolvido em meio ácido que leva à degradação da matéria orgânica, sendo ela
biodegradável ou não. Já a DBO mede apenas a quantidade de oxigênio necessária
à oxidação da matéria orgânica biodegradável. Logo, a DQO tende a ser maior do que
a DBO. A grande vantagem da DQO é o tempo para a obtenção dos resultados
(aproximadamente 2 horas, enquanto a DBO leva cerca de cinco dias) (SANTOS,
2020).
Em esgotos domésticos brutos, a relação DQO/DBO se enquadra na faixa de
1,7 a 2,4. Essa relação diz muito sobre que tipo de oxidação será efetivo na destruição
da carga orgânica presente. Se a relação DQO/DBO de dado efluente é menor do que
2,5, esse efluente é facilmente biodegradável. Segundo Jardim e Canela (2004), se a
relação for 5,0 < DQO/DBO > 2,5, o efluente vai exigir cuidados na escolha do
processo biológico para que se tenha uma remoção desejável de carga orgânica. Já
se DQO/DBO > 5, o processo biológico tem pouca chance de sucesso (SANTOS,
2020).

32
Saiba Mais!

De acordo com Chernicharo (2007), os esgotos sanitários contêm


aproximadamente 99,9% de água, e a fração restante inclui sólidos orgânicos e
inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem como microrganismos. Portanto, é devido
a essa fração de 0,1% que há necessidade de tratar os esgotos.
Considere 1.000 mg/L dos sólidos totais presentes no esgoto bruto; desse total,
350 mg/L estão em suspensão e 650 mg/L encontram-se dissolvidos. Veja na Figura
1, a seguir (SANTOS, 2020).

Figura 1. Sólidos totais presentes no esgoto bruto

A Deliberação Normativa Conjunta Copam/CERH nº 1, de 5 de maio de 2008


(CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL, 2008), estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes em corpos de água superficiais.
Além disso, estabelece critérios para quatro tipos de classes de águas que recebem
esses efluentes. A seguir, veja quais são essas classes (SANTOS, 2020).

 Classe 1: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após

tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação


de contato primário (natação, esqui aquático, mergulho, etc.); à irrigação de
hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes
ao solo e que são ingeridas cruas sem remoção de película; e à proteção das
comunidades aquáticas em terras indígenas.

33
 Classe 2: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após

tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação


de contato primário; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas, parques, jardins
e campos de esporte e lazer com os quais o público possa ter contato direto; à
aquicultura, à atividade de pesca; e à pesca amadora.
 Classe 3: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, após

tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas,


cerealíferas e forrageiras; à recreação de contato secundário; e à
dessedentação de animais.
 Classe 4: águas destinadas à navegação; à harmonia paisagística; e aos usos

menos exigentes.

Para cada uma dessas classes, existem critérios de qualidade de água. Os


principais deles, que englobam as quatro classes, são: temperatura, pH, DBO, DQO
e sólidos em suspensão total (SANTOS, 2020).
O pH deve estar situado entre 6,0 e 9,0. Por sua vez, a temperatura deve ser
inferior a 40 ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deve
exceder 3 ºC no limite da zona de mistura. A DBO deve ser de até 60 mg/L, ou deve
haver tratamento com eficiência de redução de DBO em no mínimo 60% e média anual
igual ou superior a 70% para sistemas de esgotos sanitários e de percolados de
aterros sanitários municipais, além de tratamento com eficiência de redução de DBO
em no mínimo 75% e média anual igual ou superior a 85% para os demais sistemas.
Já a DQO deve ser de até 180 mg/L. Por fim, a quantidade de sólidos em suspensão
totais deve ser de até 100 mg/L (SANTOS, 2020).

4.2 Sistemas e elementos de esgotamento sanitário

O sistema de esgotamento sanitário é a junção de componentes responsáveis


pela coleta, pelo transporte, pelo tratamento e pela disposição final dos esgotos
sanitários (DIAS; ROSSO, 2012). Esse sistema pode ser dividido em: rede coletora,
interceptor, emissário, sifão invertido, corpo de água receptor, estação elevatória e
estação de tratamento.
A NBR 9649:1986 estabelece as diretrizes e critérios para a elaboração de
projetos de redes coletoras de esgotos sanitários. A seguir, veja como a norma define
34
alguns dos componentes de projeto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1986b).
 Ligação predial: trecho do coletor predial compreendido entre o limite
do terreno e o coletor de esgoto.
 Coletor de esgoto: tubulação da rede coletora que recebe contribuição
de esgoto dos coletores prediais em qualquer ponto ao longo de seu comprimento.
 Coletor principal: coletor de esgoto de maior extensão dentro de uma
mesma bacia.
 Coletor tronco: tubulação da rede coletora que recebe apenas
contribuição de esgoto de outros coletores.
 Emissário: tubulação que recebe esgoto exclusivamente na
extremidade de montante.
 Interceptor: canalização responsável por receber e transportar o esgoto
sanitário coletado, caracterizada pela defasagem das contribuições, da qual resulta o
amortecimento das vazões máximas. O interceptor não recebe ligações prediais
diretas e localiza-se em partes mais baixas da bacia, normalmente margeando cursos
d’água ou canais.
 Estação elevatória: instalação destinada ao transporte do esgoto do
nível do poço de sucção das bombas ao nível de descarga da saída do recalque. Deve
ser dimensionada de forma que tenha a capacidade de acompanhar,
aproximadamente, as variações de vazão afluente.
 Rede coletora: conjunto constituído por ligações prediais, coletores de
esgoto e seus órgãos acessórios (SANTOS, 2020).
 Poço de visita (PV): câmara visitável através de abertura existente em
sua parte superior destinada à execução de trabalhos de manutenção. O PV
geralmente é composto por câmara de trabalho e câmara de acesso (chaminé).
Tradicionalmente, é empregado em pontos singulares da rede, por exemplo: no início
de coletores; nas mudanças de direção, de declividade, de diâmetro e de material; e
na reunião de coletores onde há degrau e tubos de queda. Os PVs devem apresentar
tampão com diâmetro mínimo de 60 cm e dimensão mínima da câmara de 80 cm em
planta. (SANTOS, 2020).
Os PVs (Figura 2) são obrigatórios nos seguintes casos:

35
 na reunião de mais de dois trechos ao coletor;

 na reunião que exige colocação de tubo de queda;

 nas extremidades de sifões invertidos e passagens forçadas;

 nas profundidades maiores do que 3 m.

Figura 2. PV com chaminé. Fonte: Adaptada de Couto (2018).

 Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL): dispositivo não visitável que


permite a inspeção e a introdução de equipamentos de limpeza e a inspeção visual.
O TIL pode ser aplicado em substituição aos PVs nos seguintes casos:
 na reunião de até dois trechos ao coletor (três entradas e uma saída);

 nos pontos com degrau de altura inferior a 0,50 m;

 a jusante de ligações prediais cujas contribuições podem acarretar problema

de manutenção;
 em profundidades de até 3 m (SANTOS, 2020).

 Terminal de limpeza: dispositivo que permite a introdução de


equipamentos de limpeza, localizado na cabeceira de qualquer coletor. Pode ser
usado em substituição ao PV no início dos coletores em profundidades maiores do
que 3 m (Figura 3) (SANTOS, 2020).

36
Figura 3. Exemplo de terminal de limpeza. Fonte: TBN2NET ([20--?],
documento on-line).

 Caixa de passagem (CP): câmara sem acesso localizada em pontos


singulares por necessidade construtiva, como em curvas e mudanças de declividade.
Pode ser utilizada em substituição ao PV nas mudanças de direção, declividade,
material e diâmetro (quando for possível a supressão de degrau). As caixas de
passagem podem ser substituídas por conexões nas mudanças de direção e
declividade (quando as deflexões coincidirem com as dessas peças) (SANTOS,
2020).
 Sifão invertido: trecho rebaixado com escoamento sob pressão cuja
finalidade é transpor obstáculos, depressões do terreno ou cursos d’água.
 Passagem forçada: trecho com escoamento sob pressão, sem
rebaixamento.
 Tubo de queda: dispositivo instalado no PV, ligando um coletor afluente
ao fundo do poço. Deve ser colocado quando o coletor afluente apresentar degrau
com altura maior ou igual a 50 cm (SANTOS, 2020) (SANTOS, 2020).

37
4.3 Tipos de sistema de esgotamento sanitário

Os sistemas de esgotamento sanitário podem ser de três tipos: sistema de


esgotamento unitário (sistema combinado), sistema de esgotamento separador
parcial (misto) e sistema de esgotamento separador absoluto.
Nos sistemas de esgotamento unitário, são coletadas e transportadas por uma
única rede as águas residuárias (tanto domésticas quanto industriais), as águas de
infiltração e as águas pluviais. Em outras palavras, esse é o sistema de esgoto em
que as águas pluviais e o esgoto sanitário escoam na mesma canalização (SANTOS,
2020).
O sistema de esgotamento separador absoluto (Figura 4) compreende dois
sistemas distintos de canalizações, um exclusivo para esgoto sanitário e outro
destinado às águas pluviais (adotado no Brasil). Ou seja, as águas pluviais são
coletadas e transportadas para um sistema de drenagem pluvial, totalmente
independente.
Já o sistema de esgotamento separador parcial (misto) compreende dois
sistemas de canalizações. Porém, uma parcela definida de águas pluviais (originadas
em áreas pavimentadas internas, terraços e telhados de edifícios) é admitida nas
canalizações de esgoto sanitário (SANTOS, 2020).

Figura 4. Sistema de esgotamento absoluto.


Fonte: Adaptada de City of Alexandria (2017).

38
Fique Atento!
O conhecimento dos sistemas de esgoto sanitário e dos seus elementos é fundamental para a vida
profissional do engenheiro. A escolha adequada do sistema, considerando as recomendações
normativas do País, é parte do projeto de dimensionamento das redes de esgoto.

4.4 Projeto de esgotamento sanitário

Para a elaboração do projeto da rede coletora de esgoto, é necessário o prévio


levantamento planialtimétrico da área de projeto e de suas zonas de expansão em
escala mínima de 1:2.000, com curvas de nível de metro em metro. Também é
necessária planta em escala mínima de 1:10.000 em que estejam representadas as
áreas das bacias de esgotamento de interesse para o projeto (SANTOS, 2020).
O traçado da rede de esgotos está diretamente relacionado à topografia do
local em que a rede será aplicada. A seguir, veja quais são os tipos de rede. Eles são
ilustrados na Figura 5 (TSUTIYA; SOBRINHO, 2011).
 Perpendicular: é um traçado indicado para cidades atravessadas ou
circundadas por cursos de água. A rede é formada por vários coletores tronco
independentes, com traçado aproximadamente perpendicular ao curso de água. Um
interceptor marginal recebe esses coletores, levando os efluentes ao destino
adequado.
 Leque: é o mais indicado para terrenos acidentados. Os coletores
tronco ficam nos fundos dos vales ou na parte mais baixa das bacias, e neles incidem
os coletores secundários, com traçado em forma de leque ou parecido com uma
espinha de peixe.
 Radial ou distrital: é um traçado indicado para cidades planas. A cidade
é dividida em setores independentes ou distritos, em que se criam pontos baixos para
onde são encaminhados os esgotos. Desses pontos mais baixos, os esgotos são
então recalcados (SANTOS, 2020).

39
Figura 5. Traçados da rede de esgotos. Fonte: Adaptada de Tsutiya e Sobrinho (2011).

Quanto ao dimensionamento hidráulico, a NBR 9649:1986 estabelece alguns


critérios. Veja a seguir (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1986b).

 Inexistindo dados pesquisados e comprovados, com validade estatística,

recomenda-se como menor valor de vazão 1,5 L/s em qualquer trecho.


 O menor diâmetro adotado na rede não deve ser inferior a DN 100.

 Cada trecho deve ser verificado pelo critério da tensão trativa média de valor
mínimo de 1,0 Pa.
 A máxima declividade admissível é aquela para a qual se tenha a velocidade

final igual a 5 m/s.

O cálculo das vazões para o dimensionamento dos esgotamentos sanitários


considera a população atendida (P), a quota per capita (QPC), o coeficiente de retorno
(C) e os coeficientes de variação de vazão (SANTOS, 2020).
40
A previsão da população a ser atendida pela rede de esgotamento depende
do levantamento de dados atuais e da qualidade da previsão da população futura.
Esse levantamento considera desde aspectos econômicos até indicadores
relacionados à educação e à longevidade. A estimativa de crescimento populacional
e da área que será atendida pode acarretar erros. Quanto maior for a área de projeção
do estudo, mais erros podem ocorrer. Da mesma forma, quando a prospecção
populacional considera um longo período de projeto, ou seja, quando considera um
tempo futuro longo, os erros acarretados também costumam ser maiores (SANTOS,
2020).
O consumo per capita pode ser definido como a quantidade de água
consumida por uma pessoa em suas atividades rotineiras. Evidencia-se, assim, a
relação entre o consumo de água e a contribuição para a rede de esgoto. O consumo
ainda pode ser estabelecido com base na atividade desenvolvida pelo setor industrial
ou comercial. A contribuição per capita de uma região é obtida dividindo-se o total de
consumo de água por dia pela quantidade de população servida (FUNDAÇÃO
NACIONAL DE SAÚDE, 2015).
Segundo Ferreira e Martins (2005), o consumo per capita sofre variações em
decorrência de diversos fatores. Veja alguns exemplos de fatores: a quantidade de
micromedição do sistema de abastecimento de água, os hábitos higiênicos e culturais
da comunidade, os controles exercidos sobre o consumo, as instalações e os
equipamentos hidráulico-sanitários dos imóveis, a temperatura média da região e a
renda familiar (SANTOS, 2020).
Os coeficientes de variação de vazão referem-se ao escoamento de esgoto
doméstico, componente do esgoto sanitário. A água de consumo doméstico tem
comando direto do usuário, portanto há uma variação de vazões conforme as
demandas mensais, horárias e sazonais, e são aplicados coeficientes para a
determinação dessas vazões (Figura 6). Veja:

 coeficiente do dia de maior consumo (k1 );

 coeficiente da hora de maior consumo (k2 );

 coeficiente de mínima vazão horária (k3 ).

Na ausência de valores determinados por meio de medições práticas, é


aconselhado o uso de k1 = 1,2, k2 = 1,5 e k3 = 0,5 para projetos de sistemas de
41
esgotamento sanitário (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986,
1986b).

Figura 6. Coeficientes de variação. Fonte: Adaptada de Florençano (2011).

Os picos máximos e mínimos, ao longo do dia, dependem de fatores como:

 estação do ano;
 temperatura;
 precipitações atmosféricas.

A vazão doméstica média de esgotos (Qmed) é calculada por meio desta equação:

Já a vazão máxima diária (Qmax dia) é calculada por meio da seguinte equação:

E a vazão máxima horária (Qmax hor) é calculada da seguinte forma:

Por fim, a vazão mínima (Qmin) é obtida por:

Em geral, a vazão máxima diária é 80% superior à vazão média (Qmax dia = 1,8
Qmed), e a vazão mínima corresponde à metade da vazão média (Qmin = 0,5 Qmed)
(SANTOS, 2020).

42
Exemplo: Considere uma cidade com uma população de 10 mil habitantes cuja
quota per capita é de 160 L/hab.dia. Estime as vazões média, diária, máxima e
mínima. Para tal, considere os valores listados a seguir (SANTOS, 2020).

 Coeficiente de retorno = 0,8


 k1 = 1,2
 k2 = 1,5
 k3 = 0,5

Assim, a vazão média é:

Assim, a vazão média é:

A vazão máxima diária é:

A vazão máxima horária é:

A vazão mínima é:

O cálculo das vazões é uma das fases iniciais do desenvolvimento de sistemas


de esgotamento sanitário. Apesar de simples, essa estimativa deve considerar os
contextos reais do local onde a rede será projetada (SANTOS, 2020).

43
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento público –
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44
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Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos
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sobre o serviço de saneamento, a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003, para
alterar o nome e as atribuições do cargo de Especialista em Recursos Hídricos, a Lei
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dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal, a Lei nº 11.445,

45
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básico no País, a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, para tratar dos prazos para
a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, a Lei nº 13.089, de 12 de
janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole), para estender seu âmbito de aplicação às
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