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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

JOSÉ VENÂNCIO DOS SANTOS NETO

FILTRAÇÃO TERCIÁRIA PRECEDIDA DE COAGULAÇÃO –

FLOCULAÇÃO PARA REMOÇÃO DE TURBIDEZ E FÓSFORO DO

EFLUENTE DE UMA ETE UASB + BFs

VITÓRIA
2004
JOSÉ VENÂNCIO DOS SANTOS NETO

FILTRAÇÃO TERCIÁRIA PRECEDIDA DE COAGULAÇÃO –

FLOCULAÇÃO PARA REMOÇÃO DE TURBIDEZ E FÓSFORO DO

EFLUENTE DE UMA ETE UASB + BFs

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Ambiental.
Orientador: Prof. Ricardo Franci Gonçalves

VITÓRIA
2004
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Santos Neto, José Venancio dos, 1976-


S237f Filtração terciária precedida de coagulação : floculação para remoção
de turbidez e fósforo do efluente de uma ETE UASB + BFS / José
Venancio dos Santos Neto. – 2004.
151 f. : il.

Orientador: Ricardo Franci Gonçalves.


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo,
Centro Tecnológico.

1. Esgotos. 2.Água - Estações de tratamento. 3. Águas residuais –


Purificação - Filtração. 4. Fósforo. 5. Água - Reutilização. I. Gonçalves,
Ricardo Franci. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro
Tecnológico. III. Título.

CDU: 628
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

FILTRAÇÃO TERCIÁRIA PRECEDIDA DE COAGULAÇÃO –

FLOCULAÇÃO PARA REMOÇÃO DE TURBIDEZ E FÓSFORO DO

EFLUENTE DE UMA ETE UASB + BFs

JOSÉ VENÂNCIO DOS SANTOS NETO

____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Franci Gonçalves
Orientador – DEA/UFES

____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Franci Gonçalves
Orientador – DEA/UFES

____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Franci Gonçalves
Orientador – DEA/UFES

Coordenador do PPGEA: Profª Drª Jane Meri Santos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


Vitória, 30 de abril de 2004
“Dedico este trabalho à minha MÃE, por ter
me ensinado a perseverança e a paciência”
AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que acontece em minha vida.

À minha mãe, porque me ensina desde o início.

Ao professor Ricardo Franci, pelos ensinamentos, aconselhamentos e apoio em tantos

momentos decisivos.

Aos amigos do LABSAN, pelo carinho com que sempre me trataram.

À Fafa, pela paciência comigo.

À FINEP, pelo apoio financeiro a esta pesquisa e ao saneamento básico no Brasil.

À Janaina, pela dedicação e pela força nos momentos difíceis.

À CESAN, pela constante disponibilidade em ajudar.

Ao BANDES, pelo apoio.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.


RESUMO

O presente trabalho descreve a avaliação de um sistema associando tratamento


físico-químico com filtração descendente em meio granular, visando a remoção
adicional de turbidez e fósforo do efluente produzido por um sistema associando
reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo (UASB) e Biofiltros Aerados
Submersos (BFs), a níveis inferiores a 5 UNT e 2 mgP/L.

Ensaios de teste de jarros foram conduzidos a fim de selecionar o produto químico a


ser utilizado nos teste em escala piloto. Foram testados quatro produtos comerciais:
sulfato de alumínio, cloreto férrico, cloreto de polialumínio e um coagulante orgânico.
Cloreto férrico foi selecionado por produzir efluentes dentro da qualidade esperada,
com menor índice de produção de lodo.

Os ensaios em escala piloto foram conduzidos em filtros instalados na ETE UFES,


localizada no campus da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória (ES –
Brasil). Foram construídos três filtros descendentes com leito de areia, diferenciados
entre si pela altura da camada filtrante: 0,6 m, 1,0 m e 1,4 m.

Os resultados em escala piloto indicam uma boa aptidão dos filtros de areia na
remoção de turbidez, mesmo sem a adição de coagulante, e sob taxas de filtração
de até 10 m³/m².h. Turbidez no efluente abaixo de 5 UNT foi obtida pelos três filtros
consistentemente. A durações de corrida estimadas são de aproximadamente 18
horas para os três filtros, sob a taxa de filtração de 10 m³/m².h. A adição de cloreto
férrico em dosagens de 5 e 10 mg/L não contribuiu significativamente na remoção de
turbidez, provocando uma redução nos tempos de filtração.

Para a remoção de fósforo, doses de cloreto férrico variando entre 20 e 190 mg/L
foram aplicadas. A adição de cloreto férrico nessas dosagens causou efeitos
indesejáveis na turbidez do efluente dos filtros. Os resultados indicam que a
remoção de fósforo nos níveis desejados, só é alcançada com doses Fe+3:P de 5,8,
5,7 e 4,4, para os filtros FT1, FT2 e FT3, respectivamente.
ABSTRACT

This research describes the evaluation of a system associating a physical-chemical


treatment with descending filtration in a granular medium, aiming to the additional
removal of turbidity and phosphorus of the effluent produced by a system associating
an Upflow Anaerobic Sludge Blanket reactor (UASB) and Submerged Aerated
Biofilters (BFs), to levels lower than 5 NTU and 2 mgP/L.

Jar test experiments had been lead in order to select the chemical product to be used
in the tests in pilot scale. Four commercial products had been tested: aluminum
sulphate, ferric chloride, polyaluminum chloride and an organic coagulant. Ferric
chloride was selected because it produced effluent with the expected quality, with
lower index of sludge production.

The pilot scale experiments had been conducted in filters installed at ETE UFES,
located in the campus of the Federal University of Espírito Santo, in Vitoria (ES -
Brazil). Three descending filters with sand bed were constructed, differentiated for
the height of the filter layer: 0,6 m, 1,0 m and 1,4 m.

The results in pilot scale indicate a good ability of the sand filters in the removal of
turbidity, even without the addition of coagulant, and under taxes of filtration up to 10
m³/m².h. Turbidity in the effluent below 5 NTU was gotten by the three filters
consistently. The projected runtimes are approximately of 18 hours for the three
filters, under the tax of filtration of 10 m³/m².h. The ferric chloride addition in dosages
of 5 and 10 mg/L did not contribute significantly in the removal of turbidity, causing a
reduction in the filtration times.

For the phosphorus removal, doses of ferric chloride varying between 20 and 190
mg/L had been applied. The ferric chloride addition in these dosages caused an
undesirable effect in the turbidity on the effluent one of the filters. The results indicate
that the removal of phosphorus in the desired levels, are only reached with Fe+3:P
doses of 5,8, 5,7 and 4,4, for filters FT1, FT2 and FT3, respectively.
LISTA DE TABELAS

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 3.1. – Principais características relativas ao uso de sistemas com reator UASB
seguido de pós-tratamento aeróbio. 20
Tabela 3.2. – Principais substâncias que podem ser encontradas no esgoto tratado e
seus efeitos. 22
Tabela 3.3 – Principais processos empregados na remoção de sólidos do esgoto 24
Tabela 3.4. – Tecnologias para remoção de fósforo – resumo dos processos 26
Tabela 3.5 – Principais tipos de classificação de filtros de meio granular 28
Tabela 3.6. - Principais variáveis envolvidas no projeto de filtros 30
Tabela 3.7 – Efeito da velocidade de aproximação e do diâmetro efetivo dos grãos na
eficiência da filtração 33
Tabela 3.8 – Mecanismos atuantes ao longo de um filtro de meio granular, que
contribuem para a remoção de materiais suspensos 35
Tabela 3.9 – Métodos mais empregados para lavagem de filtros granulares 41
Tabela 3.10 - Taxas de ar e água utilizadas na lavagem de filtros de camada única de
areia ou antracito 43
Tabela 3.11 – Contribuições per capita de P por atividade na França e nos EUA 44
Tabela 3.12 – Fatores que afetam a escolha do produto químico para remoção de
fósforo 46
Tabela 3.13 – Precipitados formados durante a precipitação química do fosfato 47
Tabela 3.14. – Resumo das principais reações requeridas para determinar as
quantidades de lodo produzidas durante a precipitação de fósforo usando cal,
alumínio e fósforo 50
Tabela 3.15 – Estimativa da quantidade de lodo produzida em sistema de
precipitação química utilizando cloreto férrico como coagulante 51
Tabela 3.16 – Performance dos filtros com dose de Fe3+/P = 2,5 53

MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 4.1 - Características médias do esgoto afluente à ETE UFES 56
Tabela 4.2 – Características principais do efluente secundário da ETE UFES 57
Tabela 4.3 – Características principais dos produtos testados no Teste de Jarros 57
Tabela 4.4 – Fatores de conversão das dosagens dos coagulantes à base de ferro e
dos à base de alumínio 58
Tabela 4.5 – Faixa ótima de Ph de atuação dos produtos 61
Tabela 4.6 – Características principais do leito filtrante 66
Tabela 4.7 – Protocolo de lavagem dos filtros terciários 69
Tabela 4.8 – Etapas do monitoramento dos filtros terciários em escala piloto 70
Tabela 4.9 – Métodos analíticos empregados nas etapas da pesquisa 73

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 5.1 – Resultados obtidos nos ensaios preliminares de teste de jarros 77
Tabela 5.2 – Valores de turbidez e fósforo no teste de jarros 78
Tabela 5.3 – Remoção de DQO e SST no teste de jarros 79
Tabela 5.4 – Remoção de coliformes termotolerantes no teste de jarros 80
Tabela 5.5 – Índice Volumétrico do lodo produzido nos ensaios de teste de jarros 81
Tabela 5.6 – Cálculo da Superfície Específica do material filtrante 83
Tabela 5.7 – Valores calculados da porosidade (ε) para os três filtros 84
Tabela 5.8 – Valores do coeficiente de esfericidade, fator de forma e porosidade
típica de grãos de areia 85
Tabela 5.9 – Perda de carga experimental e teórica para o meio filtrante limpo 86
Tabela 5.10 – Remoção de turbidez nos filtros, sem adição de coagulante 87
Tabela 5.11 – Estocagem relativa de sólidos no leito (kgSST/m³ leito) para uma perda
de carga determinada (sem adição de coagulante) 93
Tabela 5.12 – Valores de k1 e k2 (filtração sem adição de coagulante) 95
Tabela 5.13 – Desempenho dos filtros na remoção de turbidez (com dosagem de
cloreto férrico) 97
Tabela 5.14 – Estocagem relativa de sólidos no leito (kgSST/m³ leito) para uma perda
de carga determinada (com adição de coagulante) 98
Tabela 5.15 – Valores de k1 e k2 (filtração com adição prévia de coagulante) 99
Tabela 5.16 – Tempos previstos (h) para atingir um incremento de perda de carga
determinada e respectiva estocagem de sólidos para as condições avaliadas 101
Tabela 5.17 – Valores de Ptotal para o tempo T1 (colapso do FT3) 102
Tabela 5.18 – Sólidos suspensos totais (mg/L) sob baixas dosagens de cloreto férrico 107
Tabela 5.19 – Sólidos suspensos totais sob dosagens de cloreto férrico maiores 108
Tabela 5.20 – Valores de DQO nos ensaios com doses de CF maiores 110
Tabela 5.21 – Características do lodo de lavagem dos filtros (filtração sem FeCl3) 113
LISTA DE FIGURAS

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 3.1 – Eficiência de um filtro na eliminação de partículas em função do
tamanho das partículas em suspensão 31
Figura 3.2 – Tamanho e distribuição das partículas nas diversas fases do
tratamento 32
Figura 3.3 – Remoção de partículas suspensas em um meio granular 36
Figura 3.4. Efeito da velocidade na perda de carga 39
Figura 3.5 – Aumento da perda de carga com o funcionamento do filtro 40
Figura 3.6 – Curva típica de ferro versus fósforo solúvel residual 48
Figura 3.7 – Diagramas de equilíbrio de solubilidade para fosfatos de é, Ca e Al 49

MATERIAL E MÉTODOS
Figura 4.1 – Aparelho utilizado nos ensaios de teste de jarros 59
Figura 4.2 – Gradiente de velocidade versus velocidade do agitador para o aparelho
e béckers utilizados 60
Figura 4.3 – Ensaios de teste de jarros 62
Figura 4.4 – Filtros terciários em escala piloto 63
Figura 4.5 – Câmara de mistura rápida 64
Figura 4.6 – Esquema da câmara de mistura rápida 65
Figura 4.7 – Esquema dos filtros terciários pilotos 66
Figura 4.8 – Esquema de funcionamento dos filtros em escala piloto 68

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 5.1 – Sulfato de Alumínio em função do Ph e turbidez 74
Figura 5.2. – Cloreto férrico em função do Ph e turbidez 75
Figura 5.3 - TE Hiperplus em função do Ph e turbidez 76
Figura 5.4 – TANFLOC em função do Ph e turbidez 76
Figura 5.5 – Curva granulométrica do meio filtrante selecionado 82
Figura 5.6 – Esquema da composição do leito filtrante 84
Figura 5.7 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 6 m/h 87
Figura 5.8 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 8 m/h 88
Figura 5.9 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 10 m/h 88
Figura 5.10 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga
para o FT1, sem adição de coagulante 90
Figura 5.11 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga
para o FT2, sem adição de coagulante 91
Figura 5.12 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga
para o FT3, sem adição de coagulante 92
Figura 5.13 – Exemplo de ajuste da curva teórica aos dados experimentais 94
Figura 5.14 – FT1: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga
determinada 95
Figura 5.15 – FT2: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga
determinada 96
Figura 5.16 – FT3: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga
determinada 96
Figura 5.17 – Curva típica do tempo de filtração para atingir uma perda de carga
específica, com adição de 5 mgCF/L 100
Figura 5.18 – Curva típica do tempo de filtração para atingir uma perda de carga
específica, com adição de 10 mgCF/L 100
Figura 5.19 – FT1: dose Fe+3:P x concentração de P efluente 104
Figura 5.20 – FT2: dose Fe+3:P x concentração de P efluente 104
Figura 5.21 – FT3: dose Fe+3:P x concentração de P efluente 105
Figura 5.22 – FT1: Sólidos suspensos totais versus dose de cloreto férrico 109
Figura 5.23 – DQO efluente versus dose de cloreto férrico aplicada 111
Figura 5.24 – DQO afluente versus efluente para o FT2 111
Figura 5.25 – DQO afluente versus SST afluente 112
Figura 5.26 – DQO efluente versus SST efluente 112
LISTA DE ABREVIATURAS

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

BF Biofiltro aerado submerso

CESAN Companhia Espírito-Santense de Saneamento

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CF Cloreto Férrico

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EPA Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency)

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IVL Índice Volumétrico de Lodo

PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

SST Sólidos Suspensos Totais

UASB Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo (Upflow Anaerobic


Sludge Blanket)

UFES Universidade Federal do Espírito Santo

UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez


LISTA DE SÍMBOLOS

CD Coeficiente de desuniformidade
Ce Coeficiente de esfericidade
d10 Diâmetro efetivo da areia – é definido como o diâmetro abaixo do qual está 10 %
do material, em peso
d60 Diâmetro abaixo do qual está 60 % do material, em peso
Dmg Diâmetro médio dos grãos do leito filtrante
D Dose de coagulante
ε0 Porosidade do meio filtrante limpo

φ Fator de forma dos grãos

g Aceleração da gravidade
(hi)t Perda de carga incremental no leito filtrante no tempo “t”
H0 Perda de carga inicial
Hd Perda de carga devido ao depósito de sólidos ao longo do leito
HS Perda de carga devido à retenção de partículas na camada superficial do leito
Hf Perda de carga no leito filtrante limpo

KK Coeficiente de Kozeny

k Coeficiente de remoção de fósforo

Lf Altura total do leito filtrante


μ Viscosidade absoluta da água

PD Concentração de fósforo no efluente para uma dosagem “D” de coagulante

P0 Concentração de fósforo afluente

(q)t Quantidade de sólidos depositados no leito no tempo “t” (estocagem relativa)


R² Quadrado do coeficiente de correlação do momento do produto de Pearson

ρa Massa específica da água

Sesp Superfície específica do material filtrante


t Tempo de filtração
VT Volume total do leito filtrante
VV Volume de vazios do leito filtrante

V∞ Velocidade de aproximação (taxa de filtração)


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 16
2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 18
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 19
3.1 ASSOCIAÇÃO ANAERÓBIO-AERÓBIO PARA O TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS ........ 19
3.2 OPÇÕES DE PÓS-TRATAMENTO DO EFLUENTE DE REATORES UASB .................................... 20
3.3 NECESSIDADE DE TRATAMENTO TERCIÁRIO ........................................................................ 21
3.4 OPÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTOS ............................. 23
3.4.1 Tecnologias para remoção de sólidos ............................................................................ 23
3.4.2 Tecnologias para remoção de fósforo ............................................................................ 25
3.5 FILTRAÇÃO TERCIÁRIA DE ESGOTOS .................................................................................... 27
3.5.1 Tipos de Filtros ............................................................................................................... 28
3.5.2 Principais variáveis em um sistema de filtração ............................................................29
3.5.3 Remoção de impurezas durante a filtração ....................................................................34
3.5.4 Cinética da filtração ....................................................................................................... 36
3.5.4.1 Teoria da remoção de partículas durante a filtração .............................................................................. 36
3.5.4.2 Perda de carga no leito filtrante ............................................................................................................. 37
3.5.5 Lavagem dos filtros......................................................................................................... 41
3.6 FÓSFORO EM ÁGUAS RESIDUÁRIAS ..................................................................................... 43
3.6.1 Remoção de fósforo de águas residuárias ......................................................................45
3.6.2 Fundamentos da desfosfatação físico-química ...............................................................47
3.7 PRODUÇÃO E GERENCIAMENTO DO LODO FÍSICO-QUÍMICO NO TRATAMENTO TERCIÁRIO .... 50
3.8 APLICAÇÃO PRÁTICA DA ASSOCIAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO QUÍMICA E FILTRAÇÃO PARA
REMOÇÃO DE SÓLIDOS E FÓSFORO EM ÁGUAS RESIDUÁRIAS ...................................................... 52

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 55


4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ..................................................................................................... 55
4.1.1 A ETE Experimental da UFES........................................................................................55
4.2 ENSAIOS DE TESTE DE JARROS ............................................................................................ 57
4.3 ENSAIOS EM ESCALA PILOTO ............................................................................................... 63
4.3.1 Descrição do sistema piloto de filtração terciária com pré-tratamento físico-químico.63
4.4 PROCEDIMENTO OPERACIONAL ........................................................................................... 68
4.4.1 Determinação do protocolo de lavagem ......................................................................... 69
4.4.2 Ensaios de filtração ........................................................................................................ 70
4.5 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS ............................................................................................. 72
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 74
5.1 SELEÇÃO DE COAGULANTES EM TESTES DE JARROS ............................................................ 74
5.1.1 Definição da faixa de trabalho ....................................................................................... 74
5.1.2 Campanhas definitivas de teste de jarros .......................................................................77
5.2 ESTUDOS PRELIMINARES NOS FILTROS EM ESCALA PILOTO.................................................. 82
5.2.1 Determinação da superfície específica (Sesp) e porosidade dos filtros (ε)...................... 82
5.2.2 Perda de carga no meio filtrante limpo ..........................................................................85
5.3 ANÁLISE DA FILTRAÇÃO TERCIÁRIA EM ESCALA PILOTO ..................................................... 86
5.3.1 Remoção de turbidez....................................................................................................... 86
5.3.2 Previsão da duração da corrida de filtração.................................................................. 93
5.3.3 Avaliação do desempenho dos filtros com a adição de cloreto férrico .......................... 97
5.3.4 Avaliação da filtração terciária na remoção de fósforo...............................................102
5.3.5 Remoção de SST............................................................................................................ 106
5.3.6 Remoção de DQO .........................................................................................................110
5.3.7 Estimativa da produção de lodo ................................................................................... 113
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 114
7 RECOMENDAÇÕES .....................................................................................................116
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 117
ANEXOS ............................................................................................................................... 120
ANEXO A – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE TESTE DE JARROS....................... 121
ANEXO B – RESULTADOS DAS CAMPANHAS NOS FILTROS EM ESCALA
PILOTO COM BAIXAS DOSES DE COAGULANTE ................................................... 128
ANEXO C – AJUSTE DA CURVA TEÓRICA DE EVOLUÇÃO DA PERDA DE
CARGA AOS DADOS EXPERIMENTAIS ...................................................................... 138
ANEXO D – RESULTADOS DA 2ª ETAPA DAS CAMPANHAS COM OS FILTROS
EM ESCALA PILOTO (REMOÇÃO DE FÓSFORO) ....................................................144
APÊNDICE E – GRÁFICOS DE TURBIDEZ VERSUS TEMPO DE FILTRAÇÃO SOB
AS DIVERSAS DOSES DE COAGULANTE TESTADAS .............................................148
APÊNDICE F – GRÁFICOS DE PREVISÃO DA DURAÇÃO DA CORRIDA DE
FILTRAÇÃO PARA UMA PERDA DE CARGA DETERMINADA, NA CONDIÇÃO
COM ADIÇÃO DE COAGULANTE .................................................................................152
16

1 INTRODUÇÃO

A utilização de reatores UASB para o tratamento de esgotos no Brasil é uma


realidade. Fatores tais como, clima favorável, facilidade de operação, baixa
produção de lodo e baixos custos de implantação e manutenção foram fundamentais
para a difusão dessa tecnologia no país. Entretanto, em grande parte dos casos, a
qualidade do efluente produzido por este tipo de reator não atende aos requisitos de
qualidade exigidos pelos órgãos ambientais reguladores.

Vários pesquisadores, no âmbito do Programa de Pesquisa em Saneamento Básico


(PROSAB), vêm estudando tecnologias aplicáveis ao pós-tratamento de reatores
UASB, com o objetivo de adequar o efluente aos padrões necessários. Sistemas
associando reatores anaeróbios a processos de aplicação no solo, lagoas de
polimento, reatores com biofilme, lodos ativados, flotação, e sistemas de
desinfecção, foram avaliados, gerando várias publicações nacionais.

Neste contexto, a associação de reatores anaeróbios e aeróbios vem se


destacando, principalmente pela capacidade de produzir efluentes com
características típicas de sistemas de tratamento biológico aeróbio somente, com
diversas vantagens econômicas e operacionais. A associação anaeróbio-aeróbio é
capaz de produzir, na maioria das vezes, efluentes com concentrações de DBO e
SST abaixo de 30 mg/L, entretanto são, em geral, pouco eficientes na remoção de
parâmetros que podem ser importantes, dependendo do tipo de disposição final,
tais como nutrientes e microorganismos patogênicos.

O lançamento de efluentes em corpos d’água com baixa capacidade de diluição


pode, muitas vezes, exigir um polimento do efluente produzido pela associação
anaeróbio-aeróbio, denominado tratamento terciário, para uma remoção adicional de
sólidos, e nutrientes como nitrogênio e fósforo (associados ao problema de
eutrofização).

Dentre os processos aplicáveis ao tratamento terciário de esgotos visando remoção


de sólidos, incluem-se micropeneiramento, processos de membrana, e coagulação
seguida de sedimentação, filtração ou flotação. Para a remoção de fósforo cita-se a
precipitação química, processos de adsorção, troca iônica, cristalização, dentre
outros.
17

Um sistema bastante utilizado em países da Europa é o que associa a precipitação


química do fosfato, utilizando sais de ferro ou alumínio, à filtração em meio granular,
empregando areia e/ou antracito, para a remoção conjunta de sólidos suspensos e
fósforo, com excelentes resultados relatados. Os objetivos principais nesses países,
geralmente, são de proteger os corpos d’água sensíveis ao lançamento de
nutrientes, ou de produzir efluentes passíveis de reuso para diversos fins, tais como
irrigação, torres de resfriamento e descarga de vasos sanitários.

No presente trabalho estão relatados estudos realizados a fim de avaliar a eficiência


da filtração rápida descendente em areia na remoção adicional de turbidez do
efluente produzido por uma ETE associando reator UASB e biofiltros aerados
submersos (BFs). Também foi avaliada a associação da precipitação química
seguida de filtração, na remoção de fósforo desse mesmo efluente. O produto
químico utilizado foi selecionado em ensaios de teste de jarros, e a filtração foi feita
em três filtros em escala piloto, com diferentes configurações.
18

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

ƒ Essa pesquisa tem por objetivo estudar a filtração terciária precedida de uma
etapa de coagulação – floculação, para remoção de turbidez e fósforo do
efluente de uma Estação de Tratamento de Esgoto associando reator UASB e
Biofiltros Aerados Submersos (BFs).

2.2 Objetivos específicos

ƒ Selecionar doses e tipos de coagulantes em testes de jarros para a remoção


de turbidez e fósforo do efluente produzido por uma Estação de Tratamento de
Esgoto associando reator UASB e Biofiltros Aerados Submersos (BFs)

ƒ Caracterizar o comportamento dos filtros terciários operando com água limpa


(comportamento hidrodinâmico)

ƒ Estudar o desempenho de filtros terciários descendentes submetidos a


diferentes cargas hidráulicas na remoção de turbidez

ƒ Estudar o desempenho de filtros terciários na remoção de turbidez, sob


diferentes dosagens de coagulante

ƒ Estudar o desempenho da filtros terciários na remoção de fósforo sob


diferentes dosagens de coagulantes

ƒ Avaliar a produção de lodos na etapa de filtração terciária


19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Associação anaeróbio-aeróbio para o tratamento de esgotos domésticos

A utilização de reatores de manta de lodo para o tratamento de esgotos domésticos


já é uma realidade no Brasil. As experiências bem sucedidas em diversas
localidades no Paraná, São Paulo, Paraíba e em Minas Gerais, com algumas
estações já em operação e vários estudos e projetos contemplando este tipo de
reator, são um forte indicativo do potencial dos reatores de manta de lodo para o
tratamento dos esgotos domésticos (CHERNICHARO, 1997).

É um consenso no Brasil a necessidade de pós-tratamento de efluentes anaeróbios,


principalmente devido à baixa concentração de oxigênio dissolvido e à matéria
orgânica residual neste tipo de efluente. Este consenso surge no momento em que
os reatores UASB são a principal opção tecnológica para o tratamento primário em
muitos projetos em execução no país (GONÇALVES et al., 1994).

Existe tendência no Brasil à utilização da combinação de processos anaeróbios,


particularmente reatores UASB, e processos aeróbios, para se ter um efluente final
com as características equivalentes às de sistemas de tratamento biológico somente
aeróbio, com DBO < 20 a 30 mg/L, sólidos suspensos totais < 30 mg/L e, se
necessário, N-amoniacal < 5 mg N/L (CHERNICHARO et al., 2001). A importância
da associação de reatores anaeróbios e aeróbios para o tratamento de esgotos é
reconhecida por diversos pesquisadores (GONÇALVES et al., 1994).

Dentre as principais vantagens de se associar reatores UASB e tratamento biológico


aeróbio pode se citar:

• Os reatores UASB cumprem a função de tratar o esgoto primariamente e, além


disso, digerir e adensar o lodo aeróbio, sem necessidade de qualquer volume
adicional, dispensando equipamentos auxiliares;

• Redução das dimensões dos reatores biológicos aeróbios e decantadores


secundários, devido à maior eficiência dos reatores UASB na remoção de DBO
em relação aos decantadores primários;

• Economia de energia para aeração em sistemas de lodos ativados;


20

• Redução dos custos de implantação, operação e manutenção, devido à sua


simplicidade.

Os processos biológicos aeróbios como pós-tratamento de efluentes de reatores


anaeróbios têm se mostrado deficientes na remoção de coliformes termotolerantes,
e podem requerer desinfecção do efluente final, para atendimento à legislação
ambiental em vigor (CHERNICHARO et al., 2001).

3.2 Opções de pós-tratamento do efluente de reatores UASB

Existem diversos processos aplicáveis ao pós-tratamento do efluente de reatores


UASB, podendo-se citar os sistemas de aplicação no solo, lagoas de polimento,
reatores com biofilme, lodos ativados, flotação, e sistemas de desinfecção.

De acordo com diversos estudos realizados no Brasil, no âmbito do edital nº2 do


PROSAB (Programa de Pesquisa em Saneamento Básico), um efluente com
características típicas de efluentes de ETEs com tratamento biológico aeróbio
convencional (DBO < 30 mg/L e SST < 30 mg/L), precedido de decantador primário,
e com estabilização anaeróbia do lodo gerado, pode ser conseguido, com vantagens
econômicas e operacionais, por sistema composto de reator UASB seguido de
tratamento biológico aeróbio (CHERNICHARO et al., 2001).

A Tabela 3.1 apresenta algumas das principais características de sistemas


associando reatores UASB seguidos de pós-tratamento por sistema aeróbio.

Tabela 3.1. – Principais características relativas ao uso de sistemas com reator UASB
seguido de pós-tratamento aeróbio.
Qualidade esperada do Custo de Demanda de
Produção de lodo
Sistema efluente (mg/L) implantação área
(L lodo / hab.dia)
DBO5 SST (R$ / hab) (m² / hab)
1 < 20 < 30 0,08 a 0,11 80 a 110 0,03 a 0,10
2 < 30 < 30 0,10 a 0,12 60 a 90 0,03 a 0,10
3 < 30 < 30 0,10 a 0,12 70 a 120 0,03 a 0,10
4 < 30 < 30 0,10 a 0,12 65 a 100 0,02 a 0,08
5 < 30 < 40 0,08 a 0,10 60 a 90 0,20 a 0,30
6 < 40 < 20 0,13 a 0,16 60 a 80 0,03 a 0,10
FONTE: Adaptado de Chernicharo et al. (2001)
1 – UASB + Lodos Ativados
2 – UASB + Filtro Biológico de Alta Taxa
3 – UASB + Filtro Aerado Submerso ou Biodisco
4 – UASB + Biofiltro aerado submerso
21

5 – UASB + Lagoas Aeradas Aeróbias + Lagoas de Decantação


6 – UASB + Flotação por ar dissolvido

No Brasil, a associação em série de reatores do tipo UASB e Biofiltros Aerados


Submersos (BFs) vem recentemente sendo utilizada como solução para o
tratamento de esgotos em pequenos e médios municípios. Com inúmeras
simplificações em relação aos processos similares da Europa, os biofiltros surgidos
no Brasil geram ETEs compactas, com baixos custos de implantação, operação e
manutenção, que não demandam mão-de-obra qualificada e apresentam baixos
consumo energético e produção de lodo (BOF et al.,2001).

3.3 Necessidade de tratamento terciário

A qualidade do efluente produzido pelo tratamento secundário pode não ser


suficiente para alcançar os padrões de lançamento e os padrões do corpo d’água
estabelecidos na Resolução CONAMA 20/86 ou em outras legislações brasileiras ou
de outros países. Isto é o que geralmente ocorre quando grandes quantidades de
efluente são despejados em pequenos cursos d’água ou quando existem
ecossistemas delicados envolvidos. Nestes casos, um tratamento adicional para
promover a melhoria da qualidade do efluente dos sistemas secundários será
necessário, ou um método alternativo de disposição do esgoto deverá ser
encontrado (TCHOBANOGLOUS et al., 1985).

Segundo von Sperling (1996), o tratamento terciário de efluentes objetiva a remoção


de poluentes específicos (usualmente tóxicos ou compostos não biodegradáveis) ou,
ainda, a remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no
tratamento secundário. O tratamento terciário é bastante raro no Brasil.

Em estudo avaliando os processos de tratamento de esgotos necessários para se


obter o atendimento aos padrões de lançamento e os padrões do corpo d’água
estabelecidos na Resolução CONAMA 20/86, Von Sperling (1998) conclui que, para
os parâmetros DBO e fosfato, tais padrões somente são atendidos utilizando-se
tecnologias de tratamento sofisticadas, e com razões de diluição elevadas (10/1 ou
maiores). Para o parâmetro coliformes, os padrões só podem ser alcançados através
22

da utilização de lagoas de maturação ou infiltração no solo, ou através da inclusão


de uma etapa específica de desinfecção.

Segundo Tchobanoglous (1991), na medida em que os efeitos causados ao meio


ambiente pelas substâncias que são pouco afetadas pelo tratamento convencional
de esgotos se tornam mais conhecidos, aumenta a necessidade de um tratamento
avançado, o qual ainda é pouco utilizado.

A Tabela 3.2 apresenta uma relação das principais substâncias que podem ser
encontradas no esgoto tratado e seus efeitos.

Tabela 3.2. – Principais substâncias que podem ser encontradas no esgoto tratado e seus
efeitos.
Constituinte Efeito Concentração crítica (mg/L)
Podem causar depósitos de lodo ou Variável
Sólidos suspensos
interferir na turbidez do corpo receptor
Orgânicos Podem causar consumo de oxigênio Variável
biodegradáveis
Compostos Tóxicos aos humanos; carcinogênicos; Variável de acordo com o
orgânicos voláteis formam oxidantes fotoquímicos contaminante
Nutrientes
Aumenta a demanda por cloro; pode ser Qualquer quantidade
convertido a nitratos e, neste processo,
consumir oxigênio; com o fósforo, pode
Amônia
levar ao crescimento de organismos
aquáticos indesejáveis;
Tóxico aos peixes Variável (depende do pH)
Estimula o crescimento de algas; 0,3 (corpos d’água lênticos)
Nitrato Pode causar a metahemoglobina em 45 (como NO3 - EPA)
crianças (bebê azul)
0,015 (corpos d’água
Estimula o crescimento de algas;
lênticos)
Fosfato Interfere nos processos de coagulação;
0,2 – 0,4
Interfere no abrandamento de águas
0,3
Outros inorgânicos
Cálcio e Aumenta a dureza e os sólidos
magnésio dissolvidos totais
Confere gosto salgado; 250
Cloretos Interfere em processos industriais e na 75 – 200
agricultura
Sulfato Ação catártica 600 – 1000
Outros orgânicos
Causam espuma e podem interferir com 1,0 – 3,0
Surfactantes
a coagulação
Fonte: adaptado de Tchobanoglous (1991)
23

O tratamento avançado de esgotos, usualmente referido como “tratamento terciário”,


geralmente envolve a remoção de nitrogênio e fósforo, nutrientes relacionados ao
problema da eutrofização. O tratamento terciário pode ser utilizado para remoção
adicional de sólidos suspensos, sais orgânicos dissolvidos, e outros compostos
orgânicos (TCHOBANOGLOUS et al., 1985). Em sistemas que visam o reuso do
efluente tratado, a etapa de desinfecção para remoção ou inativação de organismos
patogênicos é geralmente o tratamento final antes da armazenagem e distribuição
(MUJERIEGO e ASANO, 1999).

3.4 Opções tecnológicas para o tratamento terciário de esgotos

O grau de tratamento necessário em um sistema de tratamento de esgotos irá variar


de acordo com o tipo de reuso que se dará ao efluente, associado aos padrões de
qualidade exigidos. Os sistemas de tratamento mais simples envolvem processos de
separação sólido-líquido e desinfecção, ao passo que sistemas de tratamento mais
complexos envolvem combinações de processos físicos, químicos e biológicos,
empregando sistemas de tratamento de múltiplas barreiras para remoção dos
contaminantes (ADIN e ASANO, 1998).

3.4.1 Tecnologias para remoção de sólidos

A remoção de sólidos suspensos e, algumas vezes, sólidos dissolvidos, pode ser


necessária no tratamento terciário de esgotos. Os processos de remoção de sólidos
empregados no tratamento terciário de esgotos são essencialmente os mesmos
usados no tratamento de água potável, entretanto sua aplicação é mais difícil devido
à qualidade pior do esgoto (TCHOBANOGLOUS et al., 1985).

Os principais processos para tratamento terciário de esgotos normalmente incluem


uma etapa de separação sólido-líquido, incluindo coagulação química seguida de
floculação, sedimentação, filtração em meio granular e desinfecção. Algumas vezes,
carbono ativado é adicionado a fim de remover cor, ou para minimizar problemas
relacionados com gosto e odor (ADIN e ASANO, 1998). A Tabela 3.3 apresenta uma
24

breve descrição dos principais processos utilizados para remoção de sólidos no


tratamento avançado de esgotos.

Tabela 3.3 – Principais processos empregados na remoção de sólidos do esgoto

Processo Descrição
Coagulação / Floculação Adição de produtos químicos p/ desestabilização da matéria
coloidal e suspensa e posterior agregação. A separação das
partículas é feita através de filtração, sedimentação ou
flotação
Filtração em meio granular Remoção das partículas em meio poroso
Sedimentação Separação gravitacional do material particulado, flocos
químicos, e precipitados da solução
Flotação Agregação das partículas em bolhas de ar, fazendo-as
flutuar até a superfície do líquido, onde são removidas
Micropeneiras Passagem do esgoto de dentro para fora de um tambor de
tela rotativo, onde as partículas ficam retidas
Processos de membrana Sólidos, suspensos ou dissolvidos, são separados do líquido
através de uma membrana semipermeável

A filtração em meio granular é o processo mais comumente usado na remoção de


sólidos remanescentes do tratamento secundário de esgotos. Diversos outros
processos também podem ser empregados para este propósito, incluindo
coagulação/floculação/sedimentação, micropeneiras, processos de membranas e
flotação por ar dissolvido.

A flotação remove sólidos em suspensão e, quando em combinação com agentes


coagulantes, pode remover nutrientes, principalmente o fósforo, e parcela da matéria
orgânica dissolvida (CHERNICHARO et al., 2001).

Os processos de membrana são utilizados principalmente para remoção de sólidos


dissolvidos. Em geral, apresentam boa eficiência, entretanto são processos caros e
que exigem cuidados especiais para sua operação e manutenção. São pouco
utilizados no Brasil. Processos de membrana incluem microfiltração, ultrafiltração,
nanofiltração, osmose reversa e eletrodiálise. O sucesso de um processo de
membrana é fortemente dependente de um pré-tratamento adequado (MUJERIEGO
e ASANO, 1999).
25

Micropeneiras são dispositivos de filtração usados para remoção de sólidos


suspensos remanescentes no efluente do tratamento secundário e de lagoas de
estabilização. Trata-se de um processo pouco susceptível a variações na carga de
sólidos, e de operação complicada (TCHOBANOGLOUS, 1991).

3.4.2 Tecnologias para remoção de fósforo

O desenvolvimento de tecnologias para remoção de fósforo iniciou-se na década de


50, em resposta à questão da eutrofização e à necessidade de se reduzir os níveis
de fósforo despejados nos corpos d’água (MORSE et al., 1998).

As técnicas para remoção de fósforo dividem-se em três categorias: físicas,


químicas e biológicas. Os métodos físicos têm se mostrado caros, como no caso da
eletrodiálise e da osmose reversa, ou ineficientes, removendo apenas 10 % do
fósforo total. O tratamento biológico avançado pode remover acima de 97 % do
fósforo total, mas sua eficiência pode ser bastante variável devido a dificuldades
operacionais (CLARK et al., 1997).

As técnicas convencionais de depuração, tais como a decantação primária


associada a lodos ativados ou filtros biológicos, não são suficientes para assegurar
baixas concentrações de fósforo no efluente tratado. Em caso de severas restrições
aos teores de fósforo, a precipitação físico-química permanece a técnica mais
empregada para a sua remoção (GONÇALVES et al., 1994).

Segundo Fukahori et al. (apud SINELLI, 2002), para a remoção de fósforo de


efluentes de estações de tratamento de esgotos, processos químicos e biológicos
são utilizados. Ambos os processos levam o fosfato solúvel ou coloidal presente, em
fosfatos solúveis recuperáveis.

A Tabela 3.4 apresenta um resumo das tecnologias existentes para remoção de


fósforo, desde aquelas bem estabelecidas e em uso, até outras que são idéias
relativamente novas e projetos de pesquisa (MORSE et al., 1998).
Tabela 3.4. – Tecnologias para remoção de fósforo – resumo dos processos

Tecnologia Objetivo Resumo do Processo Afluente Produtos utilizados Resíduo Forma do


principal fósforo no lodo /
tipo de lodo
Precipitação química Remoção de Adição de sais metálicos p/ Efluente primário, Fe, Al, Ca. Pode Lodo químico Principalmente
fósforo precipitar o fosfato, removendo-o secundário, requerer polímeros compostos de
c/ o lodo terciário ou aniônicos fosfato metálico
recirculado
Remoção biológica Remoção de Consumo maior de fósforo por Efluente primário Pode requerer fonte Lodo biológico Fósforo
de fósforo fósforo (pode bactérias ao passar por um de carbono externa. biológico
incluir remoção estágio aeróbio seguido de um Ex.: metanol.)
de nitrogênio) anaeróbio
Cristalização(1) Remoção e Cristalização de fosfato de cálcio Efluente Soda cáustica, areia. Fosfato de Fosfato de
recuperação de utilizando areia secundário ou Pode necessitar de cálcio, areia cálcio (40–50%)
fósforo recirculado ácido sulfúrico
Precipitação química Remoção de Cristalização de fósforo/matéria Efluente primário Cloreto de Lodo químico Lodo químico
avançada (HYPRO) fósforo e orgânica e hidrólise p/ obter fonte polialumínio (PAC)
nitrogênio de carbono p/ remoção de
nitrogênio
Troca iônica (2) Produção de Troca iônica remove amônia e Efluente H3PO4, MgCl, NaCl, MgNH4PO4 -
fertilizantes fosfato, que são precipitados secundário NaCO3, NaOH
Magnético (3) Remoção de Precipitação, fixação magnética, Efluente Cal, magnetita Principalmente Fosfato de
fósforo separação e recuperação secundário fosfato de cálcio cálcio
Adsorção Remoção de Adsorção e separação Esgoto Nenhum Sem informação Fosfato de
fósforo cálcio
Filtração terciária Polimento do Filtração Efluente Meio filtrante Lodo terciário Fosfato
efluente secundário insolúvel

Fonte: adaptado de Morse et al. (1998)


1. DHV CrystalactorTM
2. RYM-NUT
3. Smit-Nymegen

26
27

3.5 Filtração terciária de esgotos

Filtração é um processo utilizado no tratamento de água e esgotos para remoção de


material particulado. O objetivo da filtração terciária de esgotos é remover partículas
suspensas e coloidais do efluente secundário ou do esgoto quimicamente tratado,
podendo também ser utilizada para remover fósforo precipitado quimicamente. A
filtração de efluentes é uma prática relativamente recente (TCHOBANOGLOUS,
1991).

Em diversos países europeus, tais como Alemanha, Suíça, Inglaterra e


Escandinávia, a filtração terciária é freqüentemente praticada, a fim de alcançar os
padrões de fósforo e sólidos suspensos exigidos no efluente do tratamento de
esgotos (VAN DER GRAAF e VAN NIEUWENHUIJZEN, 1998).

O processo de filtração ocorre pela passagem do esgoto a ser filtrado através de um


leito de material poroso, geralmente areia ou carvão antracito, onde as impurezas
ficam retidas por meio de diversos mecanismos de filtração. Os filtros terciários são
utilizados para remover impurezas de esgotos com ou sem a adição de produtos
químicos.

Para a remoção de partículas coloidais, normalmente é necessária a


desestabilização das mesmas, através de coagulação/floculação. Isto permite que
sejam formadas partículas maiores, as quais poderão ser interceptadas dentro dos
poros do leito filtrante, através de algum dos mecanismos de filtração. Entretanto, a
utilização de coagulantes pode ocasionar um efeito adverso na duração da corrida
de filtração (TCHOBANOGLOUS, 1991).

À medida que em que ocorre a remoção de sólidos ao longo do filtro, o leito se torna
cada vez mais sujo, restringindo a passagem do líquido, o que causa o acréscimo da
perda de carga hidráulica a montante do filtro, e um aumento da velocidade da água
por entre os poros. O término de uma corrida de filtração pode ocorrer, portanto,
devido a dois motivos: alcance da carga hidráulica total disponível (perda de carga
limite), ou transpasse de sólidos para o efluente do filtro (turbidez limite).

A carga hidráulica disponível ideal para uma certa taxa de filtração seria aquela para
a qual o final da carreira de filtração ocorresse simultaneamente com a perda de
28

carga e turbidez limites (DI BERNARDO, 1993). Após o término da carreira de


filtração, é necessário promover a limpeza do leito filtrante, o que é obtido através da
passagem de água limpa ou do próprio efluente do filtro, em sentido contrário ao do
fluxo normal de filtração, a uma velocidade capaz de promover a fluidificação parcial
do leito filtrante e conseqüente desagregação das impurezas retidas no mesmo.

3.5.1 Tipos de Filtros

A Tabela 3.5 apresenta as principais classificações dos filtros de meio granular.

Tabela 3.5 – Principais tipos de classificação de filtros de meio granular

Critério Classificação
ƒ Lentos
Taxa de filtração
ƒ Rápidos (ou de alta taxa)
ƒ Ascendentes
Direção do fluxo ƒ Descendentes
ƒ Bi-direcionais
ƒ Camada simples
Tipo de leito filtrante ƒ Camada dupla
ƒ Múltiplas camadas
ƒ Por gravidade
Pressão exercida
ƒ Por pressão
ƒ Perda de carga constante e velocidade de
aproximação variável
ƒ Perda de carga constante e velocidade de
aproximação constante
Método de controle da vazão
ƒ Perda de carga variável e velocidade de
aproximação constante
ƒ Perda de carga variável e velocidade de
aproximação variável

Este trabalho irá dedicar maior atenção aos filtros de gravidade, de fluxo
descendente e camada simples, operados com perda de carga variável e velocidade
de aproximação constante, os quais foram utilizados para este estudo.

As taxas de filtração geralmente utilizadas para a filtração de efluentes do tratamento


de esgotos, variam de 4,8 a 24,0 m³/m².h (TCHOBANOGLOUS, 1991). A seleção da
taxa de filtração deve basear-se em estudos das características do esgoto a ser
29

filtrado, tais como concentração e tamanho das partículas, resistência dos flocos,
formato das partículas, etc.

A seleção do tipo de leito filtrante, bem como as especificações do meio granular,


devem objetivar a produção de efluente com as características desejáveis, por longo
período de filtração, sob altas taxas e com baixa evolução da perda de carga, além
de permitir a limpeza do leito utilizando a mínima quantidade possível de água e ar.

Os materiais mais comumente utilizados na filtração de esgotos são areia e


antracito. Os aspectos principais a serem analisados em um sistema de filtração em
meio granular são o tamanho, a uniformidade e o formato dos grãos, a profundidade
e o tipo de leito filtrante (simples, duplo ou múltiplo).

Infelizmente não existe uma configuração ótima de meio para todos os tipos de
filtros, a partir do momento que a eficiência e o custo do filtro são funções de: (1) a
concentração e as características físico-químicas dos sólidos suspensos
(distribuição dos tamanhos das partículas, características da superfície, índice
orgânico/inorgânico); (2) as características do meio filtrante e dos produtos
auxiliares; (3) Características dos sólidos dissolvidos do esgoto a ser filtrado; (4)
Regime hidráulico do esgoto a ser tratado.

3.5.2 Principais variáveis em um sistema de filtração

Dentre as principais variáveis a serem consideradas no projeto de um sistema de


filtração terciária estão: as características das partículas do esgoto a ser filtrado, as
especificações do material filtrante e a taxa de filtração a ser aplicada. Estes e outros
parâmetros que também influenciam no processo de filtração e que, portanto, devem
ser observados, são apresentados na Tabela 3.6.
30

Tabela 3.6. - Principais variáveis envolvidas no projeto de filtros

Variável Importância

1. Características do meio filtrante

a. tamanho dos grãos


Afetam a eficiência do filtro e a evolução da
b. distribuição do tamanho dos grãos perda de carga
c. forma, densidade e composição dos grãos

d. carga dos grãos do meio filtrante

Determina a quantidade de sólidos que podem


2. Porosidade do leito filtrante
ser estocados no filtro

3. Profundidade do leito filtrante Afeta a perda de carga; duração de corrida

Utilizada em conjunto com as variáveis 1, 2, 3 e


4. Taxa de filtração
6 para calcular a perda de carga no leito limpo

5. Carga hidráulica disponível Variável de projeto

6. Características do afluente

a. concentração de sólidos suspensos


Afeta as características de remoção para uma
b. tamanho e distribuição dos flocos ou partículas determinada configuração de leito filtrante. Até
certo ponto, podem ser controladas pelo
c. resistência dos flocos projetista.
d. carga das partículas ou flocos

e. propriedades do fluido

Fonte: Tchobanoglous (1991)

As características das partículas do esgoto afluente são representadas,


principalmente, pelo tamanho das partículas e sua distribuição, pela concentração
de sólidos e pela resistência dos flocos. A natureza dos sólidos biológicos presentes
no efluente do tratamento secundário é tal que uma remoção eficiente de sólidos
suspensos pode ser alcançada em uma ampla faixa de taxas de filtração.

A taxa de evolução da perda de carga em um filtro de meio granular, para uma


massa constante de sólidos sendo removida, é fortemente dependente do tamanho
das partículas em suspensão e do tamanho dos grãos do leito (BOLLER e
KAVANAUGH, 1995). A Figura 3.1 apresenta a relação entre o tamanho das
partículas presentes no esgoto e sua respectiva eficiência de remoção na filtração,
segundo Ives (1979).
31

100
90

eficiência de eliminação %
80
70
60
50
40
30
20
0,01 0,1 1 10 100

d em microns
Figura 3.1 – Eficiência de um filtro na eliminação de partículas
em função do tamanho das partículas em suspensão
Fonte: Ives (1979)

As partículas presentes no efluente secundário do tratamento de esgotos podem


possuir diâmetros variando de 1 a 150 μm, podendo existir, ainda, partículas maiores
(cerca de 500 μm), representadas por flocos de baixa sedimentabilidade, ou que se
desprendem do meio suporte, nos sistemas de biomassa aderida (WU, 1986).

Segundo Tchobanoglous (1991), uma característica importante relacionada ao


tamanho das partículas no efluente dos sistemas de tratamento de esgoto é que sua
distribuição, na maioria das vezes, é bimodal, o que pode indicar qual mecanismo de
remoção será predominante, determinando a maneira como a filtração irá ocorrer.
Em estudos comparando filtros rápidos por gravidade e filtros por pressão, utilizando
efluente de um sistema denominado Tratamento Primário Avançado, Jimenez et al.
(2000) observaram este fenômeno em todas as fases do tratamento, como mostra a
Figura 3.2.
32

SST (mg/L * μm)

Tamanho da partícula (μm)

Figura 3.2 – Tamanho e distribuição das partículas nas diversas fases do tratamento
Fonte: Jimenez et al. (2000)

A resistência dos flocos está relacionada com o tipo de tratamento empregado e com
o modo de operação. Efluentes de sistemas de tratamento biológico de mesmo tipo
podem apresentar flocos com resistências diferentes, de acordo com o tempo de
residência celular empregado. Em geral, tempos de residência celular maiores
produzem flocos mais resistentes, entretanto, caso sejam demasiadamente longos,
podem causar um efeito adverso.

Estudos conduzidos por Boller e Kavanaugh (1995) demonstram que a utilização de


sais metálicos antes da filtração pode produzir flocos de baixa densidade e,
conseqüentemente, depósitos de sólidos de baixa densidade, levando a uma
utilização ineficiente dos espaços dos poros. Estes pesquisadores destacam, ainda,
que um método eficiente seria utilizar polieletrólitos como coagulantes, os quais
poderiam promover uma maior densidade dos flocos.

A especificação do meio filtrante é uma das etapas mais importantes ao se projetar


um sistema de filtração. Os aspectos mais significativos são o tamanho dos grãos, a
profundidade do leito, a uniformidade, e o arranjo das camadas (se simples, duplo
ou de múltiplas camadas).

O tamanho de grão de maior interesse na filtração é o correspondente ao d10


(diâmetro em que se obtém 10 %, em peso, de material que passa, em uma série de
peneiras utilizadas em ensaio granulométrico), pois, segundo estudos conduzidos
33

por Hazen (apud DI BERNARDO, 1993), é o diâmetro correspondente ao d10 que


dita o comportamento da perda de carga nos filtros.

A Tabela 3.7 apresenta os resultados obtidos por Cikurel et al. (1996), os quais
estudaram a filtração, em escala piloto, do efluente produzido por um sistema de
lodos ativados em Jerusalém. Os autores concluem que os efeitos do diâmetro
efetivo dos grãos do leito filtrante se mostraram mais evidentes sob a taxa de
filtração de 10 m/h, e que não afetaram significativamente sob as taxas de 15 e 20
m/h.

Tabela 3.7 – Efeito da velocidade de aproximação e do diâmetro efetivo dos grãos na


eficiência da filtração

Diâmetro efetivo (mm) 1,1 1,5


Velocidade de aproximação (m/h) 10 15 20 10 15 20
Turbidez inicial (UNT) 6,2 10,4 8,6 10 10,4 8,6
Remoção de turbidez (%) 26,6 22,8 17,5 21,3 21 15,6

Fonte: Cikurel et al. (1996)

O tamanho dos grãos do meio filtrante afeta tanto o tempo para ocorrência do
transpasse de sólidos, quanto para o alcance da perda de carga limite. Quanto maior
o diâmetro dos grãos, é esperado que estes tempos sejam maiores, entretanto um
efluente de qualidade pior pode ocorrer. A situação ideal é aquela em que o
transpasse ocorra ao mesmo tempo em que a perda de carga limite. Porém, na
prática, o tempo para ocorrência do transpasse de sólidos é geralmente superior, a
fim de garantir a qualidade do efluente.

Segundo Boller e Kavanaugh (1995), o tamanho dos grãos do meio exerce uma forte
influência na densidade dos depósitos de sólidos no leito filtrante, com uma evolução
da perda de carga relativamente mais rápida nos leitos de grãos maiores, devido a
uma menor densidade relativa dos depósitos que ocorrem em poros maiores.

A uniformidade dos grãos é analisada por meio da relação entre o d60 (60 % de
material que passa) e o d10, gerando um coeficiente conhecido como CD (coeficiente
de desuniformidade). Esse parâmetro está relacionado com a penetração de
impurezas ao longo do leito.
34

O formato dos grãos afeta principalmente a porosidade que, por sua vez, está
fortemente relacionada com a taxa de evolução da perda de carga. Segundo Di
Bernardo (1993), leitos compostos por grãos de forma angular geralmente têm
melhor desempenho na remoção de partículas, entretanto o tempo para alcance da
perda de carga limite é de 20 a 30% maior que nos leitos compostos por grãos
esféricos. A forma dos grãos é geralmente definida pelo coeficiente de
desuniformidade, “Ce”, ou pelo fator de forma, “Φ”.

A seleção de uma taxa de filtração adequada é importante porque, num filtro


produzindo um efluente com qualidade satisfatória, quanto maior a taxa de filtração
utilizada, menor será a área superficial necessária para implantação do sistema de
filtração. A escolha da taxa de filtração deve levar em consideração, principalmente,
a resistência dos flocos presentes no esgoto a ser filtrado, e o diâmetro do material
que constitui o leito filtrante.

3.5.3 Remoção de impurezas durante a filtração

O processo de retenção de partículas durante a filtração é bastante complexo e


pode envolver diversos mecanismos, dependendo da qualidade do líquido a ser
filtrado e das características físicas das partículas e do meio filtrante.

Comumente, a retenção de impurezas na filtração é considerada como resultado de


dois mecanismos distintos, porém, complementares: transporte e aderência. Em
primeiro lugar, as partículas devem se aproximar das superfícies dos grãos e,
posteriormente, devem permanecer aderidas a estes, de modo a resistir às forças de
cisalhamento resultantes das características hidrodinâmicas do escoamento ao
longo do meio filtrante (DI BERNARDO, 1993).

Os principais mecanismos de remoção de impurezas durante a filtração são


apresentados na Tabela 3.8, e ilustrados na Figura 3.3.
35

Tabela 3.8 – Mecanismos atuantes ao longo de um filtro de meio granular, que contribuem
para a remoção de materiais suspensos
Mecanismo Descrição
1. Ação física de coar
a. Mecânica Partículas maiores que os poros do meio filtrante são removidas
mecanicamente
b. Ação hidrodinâmica Partículas menores que os poros são retidas ao longo do filtro
devido à ação hidrodinâmica
2. Sedimentação Partículas sedimentam no meio filtrante ao longo do filtro
3. Impacto inercial Partículas pesadas não seguem as linhas de corrente
4. Interceptação Muitas partículas que se movem ao longo das linhas de corrente
são removidas quando entram em contato com a superfície do
meio filtrante
5. Adesão Partículas floculentas aderem ao meio filtrante à medida em que
passam por ele. Devido à força da água, algum material é
arrastado antes que a partícula esteja firmemente aderida, e
levado para camadas mais profundas do leito. À medida que o
leito se torna mais “colmatado”, a força de arraste aumenta até
um ponto em que nenhuma remoção adicional pode ser obtida.
Algum material pode alcançar a base do filtro, resultando em
turbidez no efluente.
6. Adsorção química
a. Formação de pontes
b. Interação química Desde que uma partícula tenha entrado em contato com a
superfície do meio filtrante ou com outras partículas, algum
7. Adsorção física destes mecanismos, ou ambos, podem ser responsáveis por
a. Forças eletrostáticas sua captura
b. Forças eletrocinéticas
c. Forças de van der Waals
8. Floculação Grandes partículas agregam partículas menores, formando
partículas ainda maiores. Essas partículas são então removidas
por um ou mais dos mecanismos de remoção acima (1 a 5)
9. Crescimento biológico Crescimento biológico ao longo do filtro irá reduzir o volume de
poros e pode aumentar a remoção de partículas, com algum dos
mecanismos de remoção (1 a 5)
Fonte: Tchobanoglous (1991)
36

Figura 3.3 – Remoção de partículas suspensas em um meio granular


Fonte: Di Bernardo (1993)

Segundo Tchobanoglous (1991), a ação física de coar tem sido identificada como o
principal mecanismo que atua na remoção de sólidos suspensos durante a filtração
de efluente secundário decantado dos processos de tratamento biológicos. Outros
mecanismos provavelmente também atuam, entretanto seus efeitos são pequenos e,
na maioria das vezes, mascarados pela ação de coar.

Segundo Boller e Kavanaugh (1995), um dos fatores limitantes da utilização de filtros


de meio granular na separação sólido-líquido é a capacidade desse sistema para
retenção de sólidos ao longo dos poros do meio filtrante. Este fator limita a carga de
sólidos que pode ser economicamente tratada através de filtros de meio granular.

3.5.4 Cinética da filtração

3.5.4.1 Teoria da remoção de partículas durante a filtração

O efeito global dos mecanismos de transporte e aderência na retenção de partículas


no meio filtrante têm sido objeto de estudos de diversos pesquisadores. Inúmeros
modelos matemáticos foram desenvolvidos a fim de descrever a eficiência de um
sistema de filtração.
37

A equação mais comumente encontrada na literatura, utilizada para explicar o


fenômeno da filtração é a seguinte (TCHOBANOGLOUS, 1991):

∂C ∂σ
.v + = 0 (1)
∂x ∞ ∂t

onde:

σ = depósito específico absoluto (m³ / m³)


v∞ = velocidade de aproximação (m / s )
x = espessura do meio filtrante (m)
C = concentração de sólidos suspensos (kg / m³)
t = tempo de filtração (s)

A equação (1) (equação da continuidade), reflete a relação entre a variação da


concentração de partículas com a profundidade e a variação do depósito específico
absoluto com o tempo, para a velocidade de aproximação considerada. Para
resolver esta equação, uma outra complementar é necessária, que relacione, por
exemplo, as diversas variáveis do processo de filtração com a quantidade de sólidos
retidos ao longo das camadas do leito filtrante:

∂σ
= F (V1, V2, V3, ...)
∂t

Assumindo a ação de coar como o mecanismo predominante na filtração terciária, a


equação (1) pode ser escrita da seguinte forma:

dC dσ
− v∞ = (2)
dx dt

3.5.4.2 Perda de carga no leito filtrante

Quando a água ou qualquer outro fluido passa através de um meio poroso, ocorre
uma perda de energia devida à resistência imposta pela fricção na superfície dos
grãos. A perda de carga dependerá de diversas variáveis, tais como, a porosidade, o
formato das partículas, o tamanho e a disposição do meio granular, e o tipo de fluxo
(laminar, de transição, ou turbulento).
38

Muitos modelos têm sido desenvolvidos a fim de predizer a perda de carga através
de um meio poroso, como função dos parâmetros físicos relevantes. Dentre as
equações mais utilizadas para quantificar a perda de carga em um leito filtrante
limpo, está a de Carman-Kozeny, válida para condições de regime laminar de
escoamento:

2
Hf K K . μ . V∞ . (1 − ε 0 ) 2 ⎛ 6 ⎞
= .⎜ ⎟ (3)
Lf g . ρa . ε 0 3 ⎜C . D ⎟
⎝ e g ⎠

onde:

Hf = Perda de carga no leito limpo (m)


Lf = Altura total do leito (m)
Kk = Coeficiente de Kozeny (adimensional - de 4 a 5)
μ = viscosidade absoluta da água (N .s / m²)
V∞ = velocidade de aproximação (m/s)
ε0 = porosidade do meio filtrante limpo
g = aceleração da gravidade (m / s²)
ρa = massa específica da água (kg / m³)
Ce = coeficiente de esfericidade
Dg = diâmetro dos grãos (m)

Tradicionalmente, as taxas de filtração utilizadas no tratamento de água e esgoto


têm sido baixas, da ordem de 5 m/h. Nestes casos, o número de Reynolds é
geralmente menor que 10 e prevalece o fluxo laminar (WU, 1996).

Segundo Camp (apud DI BERNARDO, 1993), o regime de escoamento em um meio


granular fixo é considerado laminar para número de Reynolds inferiores a 6. Assim
sendo, a perda de carga em um meio granular fixo, em que o regime de escoamento
é laminar, varia com a velocidade de aproximação elevada à potência 1. O efeito da
velocidade de aproximação na perda de carga, por unidade de profundidade do leito,
para meios de diversos diâmetros de grãos, está demonstrado na Figura 3.4.
39

Gradiente hidráulico (ΔH/L)

Velocidade de aproximação (mm/s)

Figura 3.4 - Efeito da velocidade na perda de carga,


T = 20°C; ε0 = 0,4; meio esférico; camada única
Fonte: Montgomery (1985)

Na medida em que o material particulado é capturado no meio granular, o espaço


intersticial diminui, e o diâmetro dos grãos é alterado, devido ao acúmulo de
partículas na sua superfície, levando a uma variação na superfície específica do
meio filtrante.

Num sistema de filtração, é de fundamental importância saber como a perda de


carga irá evoluir com o decorrer da filtração, e o conseqüente acúmulo de sólidos ao
longo do meio filtrante. Uma das formas é se estabelecer uma relação entre a
porosidade e o grau de colmatação do filtro. Existem diversos modelos que tentam
explicar a evolução da perda de carga desta forma, entretanto, por se tratar de um
método extremamente complexo, são pouco utilizados.

Ives (1979) cita três componentes da perda de carga em uma filtração de leito
profundo: a perda de carga inicial H0, a perda de carga devido ao depósito de sólidos
ao longo do leito Hd, e a perda de carga devido à retenção de partículas na camada
superficial do leito HS. A Figura 3.5 ilustra as três componentes da perda de carga.
40

HS

H
Hd

H0

Figura 3.5 – Aumento da perda de carga com o funcionamento do filtro

Segundo O’Melia e Ali (apud MONTGOMERY, 1985), sob condições de baixa vazão
e relativamente alto fluxo de sólidos, a formação de uma crosta de sólidos no topo
do meio filtrante pode ocorrer, igualmente se o tamanho das partículas é
consideravelmente menor que o tamanho dos poros. Sob essas condições, pode se
esperar que a perda de carga aumente drasticamente, exibindo um comportamento
da forma exponencial, tal qual demonstrado por Ives (1979):

HS = k1 exp (k2 . t) (4)

onde:

HS = perda de carga devido à formação da crosta superficial (ação de coar)


t = tempo de filtração
k1, k2 = constantes

Uma outra forma de se prever a evolução da perda de carga é assumir que esta é
função apenas da quantidade de sólidos retidos ao longo do leito, conforme proposto
por Baumann e Huang (apud TCHOBANOGLOUS, 1991), representada pela
seguinte equação:

(hi)t = a (q)tb (5)

onde:

(hi)t = perda de carga incremental no tempo “t” (m)


41

(q)t= quantidade de sólidos depositados no leito no tempo “t” (kg/m³)


a, b = constantes

3.5.5 Lavagem dos filtros

A lavagem dos filtros rápidos descendentes é normalmente feita utilizando-se água


no sentido ascensional para promover a fluidificação e, conseqüentemente, acarretar
a expansão adequada do meio filtrante, com liberação das impurezas retidas (DI
BERNARDO, 1993).

Segundo Richter (1991), é suficiente uma velocidade de lavagem que provoque uma
expansão de 10 a 20%. Isso, para os filtros descendentes comuns, significa uma
velocidade de lavagem da ordem de 30 a 36 m/h e, para filtros ascendentes, de 48 a
60 m/h.

Um filtro só poderá funcionar satisfatoriamente se o sistema de retrolavagem


utilizado remover eficientemente o material retido ao longo do filtro. Segundo Di
Bernardo (1993), a lavagem inadequada dos filtros resulta em diversos problemas,
tais como: a) aparecimento de bolas de lodo no interior do meio filtrante; b) menor
volume de filtrado produzido durante a carreira de filtração; c) efluente filtrado de pior
qualidade; d) aumento da perda de carga no meio filtrante.

Os métodos mais comumente usados para a lavagem de filtros de meio granular


estão apresentados na Tabela 3.9.

Tabela 3.9 – Métodos mais empregados para lavagem de filtros granulares

MÉTODO DE LAVAGEM MEIO FILTRANTE


Lavagem somente com água, em sentido Areia convencional em estações
ascensional pequenas
Lavagem com água em sentido ascensional, Areia convencional em estações com
com auxílio de jato superficial operação qualificada
Lavagem com água em sentido ascensional, Antracito e areia, ou areia praticamente
seqüencialmente a insuflação de ar uniforme, e em estações com operação
Lavagem com água e ar simultaneamente qualificada

Fonte: adaptado de Tchobanoglous (1991) e Di Bernardo (1993)


42

Quando se utiliza lavagem somente com água, em geral, a quantidade de água é


elevada, pois a expansão total do meio filtrante deve estar compreendida entre 30 e
50% (DI BERNARDO, 1993). Apesar deste sistema ser bastante utilizado no
tratamento de água, verifica-se que, na filtração de esgotos, algum tipo de agitação
adicional é necessária para promover a limpeza adequada dos filtros, especialmente
quando filtrando efluente de tratamento biológico decantado (TCHOBANOGLOUS,
1991).

Na lavagem com água em sentido ascensional, com auxílio de jato superficial, são
instalados torniquetes hidráulicos, ou tubulações fixas e providas de orifícios,
situadas acima do topo do meio filtrante. A lavagem superficial é mantida por um
período de 2 a 4 minutos. Encerrada a lavagem superficial, inicia-se a lavagem com
água em sentido ascensional, a fim de produzir uma expansão no leito de 20 a 30%,
a qual é mantida por um período de 7 a 10 minutos.

Segundo Di Bernardo (1993), a lavagem com ar e água é a mais eficiente, devendo,


sempre que possível, ser adotada nos filtros. Este sistema pode ser feito utilizando-
se água e ar simultaneamente ou independentemente.

Na lavagem utilizando-se ar e água independentemente, inicia-se o processo


insuflando ar, durante um período de 2 a 5 minutos, a uma taxa de 36 a 72 m³/m².h.
Em seguida, promove-se a lavagem apenas com água, a fim de produzir uma
expansão no leito de, pelo menos, 5 %.

No sistema de lavagem com ar e água simultaneamente, a insuflação de ar e a


injeção de água no sentido ascensional são realizadas por um período de 2 a 5
minutos, seguido de um período de lavagem somente com água, de 2 a 3 minutos, a
fim de remover possíveis bolhas de ar que ficaram aprisionadas no leito. Alguns
dados típicos da quantidade de água e ar requeridos são apresentados na Tabela
3.10.
43

Tabela 3.10 - Taxas de ar e água utilizadas na lavagem de filtros de camada única de areia
ou antracito

Características do meio filtrante Taxa de aplicação


Meio
filtrante Diâmetro efetivo Coeficiente de Ar
Água (m³/m².h)
(mm) desuniformidade (m³/m².h) a
1,00 1,40 0,41 13,1
areia 1,49 1,40 0,61 19,7
2,19 1,30 0,81 26,2
1,10 1,73 0,28 6,6
antracito 1,34 1,49 0,41 13,1
2,00 1,53 0,61 19,7
a
Ar a 21ºC; 1,0 atm.
Fonte: adaptado de Tchobanoglous (1991).

3.6 Fósforo em Águas Residuárias

O fósforo é um nutriente essencial para o crescimento de algas e outros organismos


vivos e existe nas águas na forma dissolvida e de material particulado. Apesar de
estar presente naturalmente nos ambientes aquáticos, elevados níveis de fósforo
podem estar ligados a problemas de qualidade de água associados à eutrofização
(CLARK et al., 1997). Sabe-se que 1 kg de fósforo pode resultar na síntese de 111
kg de biomassa, o que corresponde a cerca de 138 kg de demanda química de
oxigênio no corpo receptor (CHERNICHARO, 2001).

As principais formas de fósforo são:

• Ortofosfatos: diretamente disponíveis para o metabolismo biológico, sem


necessidade de conversão a formas mais simples. Ex.: PO4³ +, HPO4- -, H2PO4-,
H3PO4;

• Polifosfatos: incluem as moléculas com dois ou mais átomos de fósforo, átomos


de oxigênio e, em alguns casos, átomos de hidrogênio combinados em uma
molécula complexa. Os polifosfatos podem ser convertidos a ortofosfatos através
de hidrólise, entretanto trata-se de um processo usualmente lento
(TCHOBANOGLOUS, 1991);
44

• Fósforo orgânico: de menor importância nos esgotos domésticos, pode ser um


constituinte importante em despejos industriais e no lodo do tratamento de
esgotos.

O elemento fósforo é encontrado em águas residuárias essencialmente sob diversas


formas de fosfato (GONÇALVES et al., 1994).

Segundo von Sperling (1996), a origem do fósforo nas águas residuárias pode ser
natural, proveniente da dissolução de compostos do solo ou decomposição da
matéria orgânica, ou antropogênica, proveniente de despejos domésticos ou
industriais, detergentes, excrementos de animais, ou fertilizantes.

Dados caracterizando as contribuições per capita de fósforo em esgotos dos EUA e


da França são apresentados na Tabela 3.11.

Tabela 3.11 – Contribuições per capita de P por atividade na França e nos EUA
Atividade França (g P / hab / dia) EUA (g P / hab / dia)
Dejeções humanas 1,5 0,60
Água de distribuição 0,1 -
Águas de lavagem 0,3 0,15
Detergentes 2,3 0,40
Contribuição total 3,9 1,15

Fonte: Gonçalves et al. (1994)

Segundo von Sperling (1996), a concentração de fósforo total nos esgotos


domésticos brutos pode variar entre 5 e 25 mgP/L, com valor típico de 14 mgP/L.
Gonçalves et al. (1994), baseando-se em diversos trabalhos publicados em anais de
congressos da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental),
apresenta valores de fósforo total no esgoto doméstico bruto de diversas cidades
brasileiras variando entre 3,0 e 10,2 mgP/L.

Silva (2000) observou, para a região da ETE Maringá, no município de Serra-ES,


concentrações médias de fósforo total no esgoto bruto afluente à ETE de 9,7 ± 2
mgP/L. Tchobanoglous (1991) citam concentrações variando entre 4 e 15 mgP/L,
com valor médio de 8 mgP/L.
45

A Resolução CONAMA Nº 20/86 estabelece como padrão de qualidade no corpo


d’água, para as Classes 1, 2 e 3, uma concentração de fosfatos totais de
0,025 mg/L. Em princípio, um efluente deve satisfazer tanto o padrão de lançamento,
quanto o padrão do corpo receptor (de acordo com sua classe).

Os padrões para o corpo d’água relativos a fosfato, estabelecidos pela Resolução


CONAMA 20/86, têm sido um tópico de bastante debate. A experiência nacional tem
mostrado que o valor de 0,025 mg/L, além de ser extremamente restritivo, pode ser
excedido pelo valor de base, em corpos d’água sem lançamento de efluentes. O
valor de 0,025 mg/L poderia se justificar em corpos d’água lênticos, como lagos e
represas, devido à sua maior susceptibilidade à eutrofização, não necessitando ser
aplicado a corpos d’água lóticos, como rios (VON SPERLING, 1998).

As principais regulamentações européias estabelecem, como parâmetro para


lançamento de efluentes, concentrações de fósforo total de 2 mg/L para estações
atendendo uma população de até 100.000 habitantes, e de 1 mg/L para ETEs
atendendo acima de 100.000 habitantes. Estas concentrações são relativas à média
anual, com rendimento mínimo de 80 % (SILVA, 2000).

3.6.1 Remoção de fósforo de águas residuárias

Na maior parte dos esgotos, cerca de 10% do fósforo, correspondentes à fração


insolúvel, são normalmente removidos no decantador primário. Com exceção da
parcela incorporada ao tecido celular, a remoção adicional de fósforo obtida no
tratamento biológico convencional é mínima, pois quase todo fósforo presente após
o decantador primário é solúvel (TCHOBANOGLOUS, 1991).

Nenhuma das formas de fósforo presentes no esgoto é gasosa sob temperatura e


pressão normais, portanto a remoção deve ser obtida através da formação de um
precipitado insolúvel que possa ser removido por sedimentação, filtração, ou outro
processo de separação sólido-líquido.

Como citado anteriormente, a precipitação química é o processo mais empregado


quando se deseja obter consistentemente níveis de fósforo que atendam a padrões
de lançamento em ambientes sensíveis.
46

Os principais fatores que afetam a escolha de um produto químico a ser utilizado na


remoção de fósforo são apresentados na Tabela 3.12.

Tabela 3.12 – Fatores que afetam a escolha do produto químico para remoção de fósforo
Fator Influência
1) Concentração de fósforo no afluente ƒ Consumo de produto químico
2) Concentração de sólidos no afluente ƒ Quantidade de lodo gerado
ƒ Consumo de produto químico
3) Alcalinidade ƒ Eficiência do processo
ƒ Consumo de produto químico
4) Custos do produto ƒ Custos de operação do sistema
5) Suprimento do produto ƒ Viabilidade da operação do sistema
6) Facilidades no manuseio do lodo gerado ƒ Custos de instalação e operação
ƒ Possibilidades de reuso
7) Tipo de disposição final ƒ Toxicidade à biota
ƒ pH final do efluente
ƒ Custos c/ unidades p/ correção do pH
8) Compatibilidade com outros processos de ƒ Turbidez efluente (p/ desinfecção)
tratamento ƒ Toxicidade do lodo gerado
ƒ pH do efluente
Fonte: adaptado de Tchobanoglous (1991)

A adição de produtos químicos para a remoção de fósforo pode ser efetuada em


diversos pontos da ETE. De acordo com o local onde o produto é aplicado, a
precipitação é denominada:

- Pré-precipitação: quando o produto químico é adicionado antes do decantador


primário e o fósforo é removido junto com o lodo primário.

- Co-precipitação: quando a adição do produto químico forma precipitados que são


removidos junto com o lodo biológico, podendo ser aplicado no efluente do
decantador primário, no tanque de aeração (num processo de lodos ativados), ou
no efluente de um processo de tratamento biológico, antes do decantador
secundário.

- Pós-precipitação: o produto químico é adicionado ao efluente do decantador


secundário e os precipitados são removidos através de um sistema separado de
sedimentação ou filtração.
47

3.6.2 Fundamentos da desfosfatação físico-química

Os três principais metais utilizados para precipitar o fósforo são o cálcio, o alumínio e
o ferro. Cálcio, utilizado como cal, é menos empregado devido às dificuldades de
manuseio e à alta produção de lodo (COOPER et al., 1994). Seu pH ótimo de
coagulação, igual a 11, torna-o também indesejável para utilização antes ou durante
o tratamento biológico. O alumínio é um coagulante muito eficiente, entretanto tem
sido levantadas suspeitas sobre uma possível ligação com o Mal de Alzheimer.
Apesar dos sais de ferro não serem os coagulantes mais eficientes, eles são
relativamente baratos (CLARK et al., 1997).

Os principais sais utilizados no tratamento físico-químico de esgotos domésticos são


o cloreto férrico (FeCl3), o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), a cal (Ca(OH)2), o sulfato
ferroso (FeSO4 . 7H2O) e o sulfato férrico (Fe(SO4)3. A adição de um desses sais
promove a formação de fosfatos precipitados de baixa solubilidade. Uma lista com
alguns sólidos que podem ser formados a partir da adição dos sais metálicos é
apresentada na Tabela 3.13.

Tabela 3.13 – Precipitados formados durante a precipitação química do fosfato


Metal Precipitado pH Comentário
2+
Ca Vários fosfatos de cálcio ex: > 10 Produz as menores concentrações
Fosfato de β-tricálcio: Ca3(PO4)2 (s) residuais de P. A alcalinidade da
Hidroxiapatita: Ca5(OH)(PO4)3 (s) água determina a dosagem por
Fosfato de dicálcio: CaHPO4 (s) causa da formação de CaCO3.

Carbonato de cálcio: CaCO3 < 9,5 P residual entre 1 e 2 mg/L.


2+
Fe Fosfato ferroso: Fe(PO4) (s) 6 a 8,5 Há alguma oxidação de Fe2+ a
Fosfato férrico: Fex(OH)y(PO4)3 (s) Fe3+.
Hidróxido ferroso: Fe(OH)2 (s)
Hidróxido férrico: Fe(OH)3 (s)
Fe3+ Fosfato férrico: Fex(OH)y(PO4)z (s) 6 a 8,5
Hidróxido férrico: Fe(OH)3 (s)
Al3+ Fosfato de alumínio: Alx(OH)y(PO4)z (s)
Hidróxido de alumínio: Al(OH)3 (s)
Fonte: Chernicharo et al. (2001)

Quando o reagente utilizado é o sulfato de alumínio ou o cloreto férrico, a principal


reação de complexação dos fosfatos é a seguinte:

Me3 + + HnPO43 - n → MePO4 ↓ + nH+


48

As seguintes reações paralelas a esta principal ocorrem, principalmente com a


alcalinidade da água:

Me3 + + 3HCO3- → Me(OH)3 ↓ + 3CO2

Me3 + + 3 OH- → Me(OH)3 ↓

Estas reações paralelas geram consumo de alcalinidade que, dependendo do poder


tampão da água, podem acarretar queda do pH. Por este motivo, este tipo de
precipitação é denominada “via ácida” de defosfatação físico-química. São raros os
casos no tratamento de esgotos em que a alcalinidade disponível é insuficiente
devendo, nessas situações, ser adicionada. Outro aspecto importante é que estas
reações podem ser consideradas parasitas, uma vez que contribuem para um
consumo suplementar do reagente. Mesmo se teoricamente a relação molar é igual
a 1 (mol M3 + / mol PO43 -), se o objetivo de qualidade é inferior a 1 mgP/L, na prática
esta relação varia entre 1,5 e 3 (mol M3 + / mol PO43 -) (GONÇALVES et al., 1994).

A Figura 3.6 apresenta uma curva típica de dosagem de ferro versus o fósforo
solúvel residual, onde são identificadas duas regiões: uma estequiométrica, onde a
remoção de fósforo é proporcional à dosagem aplicada, e uma região de equilíbrio,
onde é necessário um incremento maior de dosagem para remover uma
determinada quantidade de fósforo.

Figura 3.6 – Curva típica de ferro versus fósforo solúvel residual


Fonte: Sinelli (2002)
49

O conhecimento da solubilidade das diversas espécies hidrolisadas de alumínio e


ferro, presentes em diferentes valores de pH, é de grande importância, pois os
mecanismos da coagulação dependem da concentração de cada espécie na solução
(CHERNICHARO et al., 2001). As curvas de solubilidade dos fosfatos de ferro, cálcio
e alumínio estão demonstradas na Figura 3.7.

Figura 3.7 – Diagramas de equilíbrio de solubilidade para fosfatos


de Fe, Ca e Al
Fonte: Chernicharo et al. (2001)

Quando o reagente é a cal, a reação principal é a seguinte:

10Ca++ + 6PO43 - + 2OH- ↔ Ca10(PO4)6(OH)2 ↓ (hidroxiapatita)

A química da remoção de fosfato com cal é muito diferente da com sulfato de


alumínio ou cloreto férrico. Quando a cal é adicionada à água, ela reage com a
alcalinidade natural de bicarbonatos para precipitar CaCO3 . Os íons de cálcio em
excesso reagem com o fosfato, para precipitar hidroxiapatita. Portanto, a quantidade
de cal exigida será, geralmente, independente da quantidade de fosfato presente, e
dependerá principalmente da alcalinidade do esgoto.

A cal é menos utilizada no tratamento de águas residuárias por causa do aumento


substancial na massa de lodo, quando comparado aos sais de metal, e devido a
problemas de operação e manutenção, associados à manipulação, estocagem e
dosagem de cal (TCHOBANOGLOUS, 1991).
50

3.7 Produção e gerenciamento do lodo físico-químico no tratamento terciário

Sistemas de disposição do lodo produzido geralmente representam cerca de 40 a


60 % dos custos de construção de uma ETE, e cerca de 50 % dos custos de
operação, e são a causa da maior parte das dificuldades operacionais encontradas
(TCHOBANOGLOUS et al., 1985). A Tabela 3.14 apresenta um resumo das
principais reações requeridas para se determinar a quantidade de lodo quando
utilizando cal, alumínio ou ferro para a precipitação de fósforo.

Tabela 3.14. – Resumo das principais reações requeridas para determinar as quantidades
de lodo produzidas durante a precipitação de fósforo usando cal, alumínio e fósforo
Reação Espécie química no lodo
Cal:
1. 5Ca + 2 + 3PO4 – 3 + OH - ⇔ Ca5 (PO4)3(OH) Ca5(PO4)3(OH)
2. Mg + 2 + 2OH - ⇔ Mg(OH)2 Mg(OH)2
3. Ca + 2 + CO3 = ⇔ CaCO3 CaCO3
Alumínio:
1. CaO + H2O ⇔ Ca(OH)2
2. Al + 3 + PO4 – 3 ⇔ AlPO4 AlPO4
3. Al + 3 + 3OH - ⇔ Al(OH)3 Al(OH)3
Ferro Fe(III):
1. CaO + H2O ⇔ Ca(OH)2
2. Fe + 3 + PO4 – 3 ⇔ FePO4 FePO4
3. Fe + 3 + 3OH - ⇔ Fe(OH)3 Fe(OH)3
Fonte: Tchobanoglous (1991)

O manuseio e disposição do lodo resultante da precipitação química é uma das


maiores preocupações ao se utilizar este processo. A produção de lodo é muito
grande, podendo atingir 0,5 % do volume de esgoto tratado (TCHOBANOGLOUS,
1991). A Tabela 3.15 apresenta um exemplo, baseado nestas reações, de estimativa
da quantidade de lodo produzida em um sistema com precipitação química utilizando
cloreto férrico como precipitante.
51

Tabela 3.15 – Estimativa da quantidade de lodo produzida em sistema de precipitação


química utilizando cloreto férrico como coagulante
Sólidos suspensos totais no afluente 250 mg/L
Sólidos suspensos voláteis no afluente 150 mg/L
PO4 – 3 no afluente 11,5 mg/L como P
Dureza total no afluente 170,5 mg/L como CaCO3
Ca 2 + no afluente 60 mg/L
Mg 2 + no afluente 5 mg/L
PO4 – 3 no efluente 0,3 mg/L como P
Ca 2 + no efluente 60 mg/L
Mg 2 + no efluente 5 mg/L
Fe 3 + no efluente 0
Dose de FeCl3 80 mg/L
Formação de 1mol FePO4 / mol P
11, 2
= 0,365 mol P removido
30,97
Portanto 0,365 mol de FePO4 são formados.
Peso de FePO4 é igual a 0,365 x 151 = 55 mg/L
Fe 3 + entrando = Fe 3 + saindo; Fe 3 + entrando = 28 mg/L
Fe3+ contido no FePO4 = 0,365 x 55,8 = 20,4 mg/L
Fe3+ não contabilizado = 28 – 20,4 = 7,6 mg/L
Formação de 1 mol de Fe(OH)3 / mol Fe3+
7, 6
Portanto = 0,136 mol Fe(OH)3
55,8
Peso de Fe(OH)3 = 0,136 x 107 = 15 mg/L
Composição do lodo
Espécie no lodo Peso total
Sólidos do esgoto bruto 250 mg/L = 250 g/m³
FePO4 55 mg/L = 55 g/m³
Fe(OH)3 15 mg/L = 15 g/m³
TOTAL 320 g/m³
Fonte: EPA (1979)

Lodos provenientes de processos de precipitação química são geralmente escuros,


embora sua superfície possa ser avermelhada, se o lodo contiver muito ferro. Seu
odor pode ser desagradável, mas não tanto quanto do lodo de sedimentação
primária. Hidratos de ferro ou alumínio podem conferir-lhe um aspecto gelatinoso. O
lodo de tratamento físico-químico pode sofrer decomposição como o lodo de
sedimentação primária, entretanto a uma taxa menor (TCHOBANOGLOUS, 1991).

Cloreto férrico e sulfato de alumínio são os produtos mais utilizados para a


coagulação em estações de tratamento de água e esgoto, entretanto, caso se
deseje dispor o lodo no solo, os sais de ferro oferecem menor risco de degradação
do solo e da água que os de alumínio. Além disso, a coagulação com cloreto férrico
52

ocorre em faixas de pH mais amplas e para valores mais elevados de pH, o que
geralmente torna seu uso mais conveniente para o tratamento biológico de esgotos
(SANTOS e CAMPOS, 2003).

No processo de filtração terciária precedida de tratamento físico-químico, o lodo


produzido é descartado quando ocorre a lavagem do filtro, podendo, em alguns
casos, ser retornado para o início do fluxograma de tratamento. Entretanto,
dependendo do produto químico utilizado, os efeitos tóxicos à biomassa devem ser
avaliados.

Santos e Campos (2003) observaram que, mesmo para dosagens elevadas de


coagulante (500 mgCF/L), não se constatou qualquer efeito inibitório à
metanogênese da biomassa do reator anaeróbio de leito expandido decorrente do
uso de cloreto férrico, e ressaltaram os possíveis efeitos benéficos, tais como a
possibilidade de remoção de grande parte do fósforo, redução da DBO e da
concentração de sólidos suspensos no efluente final e redução de maus odores
provenientes do reator anaeróbio.

Diversos autores citam que o volume de água utilizado para lavagem dos filtros não
deve ser superior a 5 % do volume de esgoto filtrado durante a corrida de filtração, a
fim de tornar o sistema economicamente viável. O teor de sólidos no lodo de
lavagem irá variar de acordo com a quantidade de sólidos retidos no filtro durante a
corrida e com a eficiência do processo de lavagem.

3.8 Aplicação prática da associação de precipitação química e filtração para


remoção de sólidos e fósforo em águas residuárias

Jimenez e Buitron (1996) estudaram a filtração de três tipos diferentes de efluentes


secundários (lodos ativados, biodiscos e filtros biológicos), aplicando taxas de
filtração variando de 3,9 a 15,6 m/h, em filtros descendentes com leito de areia com
diâmetro efetivo de 0,55 mm e espessura do leito de 1 metro. Turbidez inferior a 3
UNT foi alcançada para todas as condições estudadas. O efluente do sistema de
lodos ativados proporcionou as maiores durações de corrida (6 a 27 h). As melhores
eficiências de remoção de turbidez foram alcançadas com o efluente do filtro
53

biológico (64%). O fim da corrida de filtração foi sempre determinado pela perda de
carga limite. Diferenças significativas nas características da filtração dos três tipos de
efluentes secundários foram detectadas.

Van der Graaf e Van Nieuwenhuijzen (1998) estudaram a filtração de efluentes na


Holanda, visando a remoção fósforo e sólidos suspensos. Foram conduzidos
estudos em quatro filtros de alta taxa e fluxo descendente, com leitos compostos de
areia e antracito, com e sem a adição de cloreto férrico antes dos filtros (em doses
de 2,5 a 5 mgFe3+/L). As taxas de filtração foram de 7,5, 12,5 e 20 m/h. A Tabela
3.16 apresenta a performance dos quatro filtros na remoção de fósforo total, com
dose de 2,5 Fe3+/P.

Tabela 3.16 – Performance dos filtros com dose de Fe3+/P = 2,5


Evolução da
Taxa de Ptotal efluente
Filtro Meio filtrante % removido perda de
filtração (m/h) (mg/L)
carga
A fino 10 0,2 ~ 70 média
B grosso 10 0,3 ~ 60 baixa
C grosso 20 0,4 ~ 50 média
D fino 20 0,3 ~ 60 baixa

Jonsson (1998) estudou a remoção de nitrogênio e fósforo em filtros compostos de


0,3 m de areia fina sob uma camada de 1,2 m de argila expandida, utilizando
efluente secundário decantado, na Suécia. A taxa de filtração aplicada foi de 10 m/h.
FeSO4 e FeCl3 foram utilizados como coagulantes. Os resultados mostraram que a
relação entre a concentração de Ptotal e P-PO4 no efluente dos filtros e a dose
Fe3+/P seguiu uma função aproximadamente exponencial. A duração da corrida foi
de 10 horas, para uma concentração de sólidos no afluente de 60 mgSST/L.
Praticamente toda perda de carga esteve localizada na superfície do filtro e até 25
cm abaixo na camada de argila expandida.

As citações a seguir referem-se a uma coletânea de experiências publicadas sobre a


filtração de efluentes secundários do tratamento de esgotos, relatadas por Adin e
Asano (1998): Fitzpatrick e Swanson (1980) relataram que a eficiência de remoção
de SST e a taxa de filtração são inversamente relacionadas. Tchobanoglous e
Eliassen (1970) mostraram que a taxa de filtração teve pouco efeito na remoção de
54

SST. De acordo com Tebbutt (1971), o aumento da taxa de filtração parece não
reduzir a remoção de SST.

Em geral, de acordo com os diversos trabalhos publicados, a filtração terciária


precedida de tratamento físico-químico apresenta como principais vantagens sua
boa eficiência na remoção de sólidos e fósforo, possibilitando alcançar de forma
consistente os padrões necessários quando o efluente for lançado em ambientes
sensíveis, e sua economia de área, devido à possibilidade de utilização de altas
taxas de filtração.

Como desvantagens, pode-se citar sua baixa suscetibilidade a altas cargas de


sólidos que podem acarretar numa rápida colmatação do leito, os problemas
relacionados com o controle da dosagem de produtos químicos, os custos dos
produtos químicos e, em alguns casos, problemas relacionados com a disposição do
lodo gerado.
55

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Considerações gerais

Os experimentos relativos a este trabalho foram desenvolvidos no período de


25/03/2002 a 03/07/2003, e foram divididos em duas fases, sendo a primeira os
ensaios em teste de jarros, e a segunda os estudos nos filtros em escala piloto.

- Teste de jarros:

ƒ Ensaios preliminares para definição das faixas de dosagens a serem testadas


para cada um dos produtos selecionados;

ƒ Ensaios definitivos com as faixas de dosagens estabelecidas, para definição


do produto a ser utilizado na fase de filtração em escala piloto.

- Filtros em escala piloto:

ƒ Definição e caracterização física do material a compor o leito filtrante;

ƒ Avaliação do comportamento hidráulico dos filtros, sob diferentes taxas de


filtração, utilizando água limpa;

ƒ Estudo das condições ótimas de lavagem dos filtros, utilizando efluente


filtrado;

ƒ Filtração sem adição de produtos químicos para avaliar a eficiência dos filtros
na remoção de turbidez, e a evolução da perda de carga com a retenção de
sólidos;

ƒ Filtração com adição de diversas dosagens de coagulante, sob diferentes


taxas de filtração, a fim de avaliar a performance dos filtros na remoção de
fósforo.

4.1.1 A ETE Experimental da UFES

De acordo com os objetivos da pesquisa, os estudos foram realizados utilizando


efluente secundário produzido pela Estação Experimental de Tratamento de Esgoto
56

da UFES (ETE UFES), localizada no Campus da Universidade Federal do Espírito


Santo, em Goiabeiras, Vitória-ES. Esta estação promove o tratamento a nível
secundário, de esgoto sanitário com características médias, conforme apresentado
na Tabela 4.1, proveniente de uma estação elevatória pertencente à Companhia
Espírito-Santense de Saneamento (CESAN), localizada em um bairro vizinho ao
campus universitário. A ETE UFES foi projetada para tratar esgotos de uma
população de até 1.000 habitantes, através da associação de reator UASB e
biofiltros aerados submersos.

Tabela 4.1 - Características médias do esgoto afluente à ETE UFES

Parâmetro SST (mg/L) DQO (mgO2/L) DBO (mgO2/L)


Média 135 452 185
n 94 98 43
Desvio padrão 68,6 323,2 74,4

O esgoto a ser tratado chega até a estação através de uma bomba submersível
marca Flyght, instalada no poço da elevatória da CESAN, a qual recalca a água
residuária até a estação elevatória situada dentro da área da ETE UFES. Ao chegar
na elevatória, o esgoto bruto passa por um sistema de gradeamento, a fim de
remover sólidos grosseiros. Uma outra bomba submersível recalca o esgoto até o
topo do reator UASB, onde ocorre o tratamento a nível primário. O tempo de
detenção do esgoto no reator UASB é de 8 horas.

O efluente do reator UASB é conduzido aos biofiltros aerados submersos, que


promovem o tratamento do esgoto a nível secundário a uma taxa de 2 m³/m².h. O
efluente final é encaminhado a um reservatório e, daí, para destinação final. A
lavagem dos biofiltros é realizada a cada 48 horas, e o lodo gerado é descartado
para a elevatória, a fim de ser adensado e digerido dentro do reator UASB. O lodo
acumulado no reator UASB é periodicamente descartado em leitos de secagem. A
qualidade média do efluente secundário produzido pela ETE UFES é apresentada
na Tabela 4.2.
57

Tabela 4.2 – Características principais do efluente secundário da ETE UFES

Coliformes
DBO
Parâmetro SST (mg/L) DQO (mg/L) termotolerantes
(mg/L)
(NMP/100 mL)
Média 27 29 85 3,64E+06
n 97 40 87 39
Desvio Padrão 16,7 17,4 33 -

4.2 Ensaios de Teste de Jarros

Os testes foram conduzidos com quatro produtos comerciais, quais sejam: um coagulante
inorgânico pré-polimerizado à base de cloreto de polialumínio, marca PANFLOC, produzido
pela Pan-Americana S.A. Indústrias Químicas; um polímero orgânico-catiônico de baixo peso
molecular, de origem essencialmente vegetal, denominado TANFLOC, produzido pela
indústria TANAC S.A.; um Sulfato de Alumínio, marca F-666, líquido, e; um Cloreto Férrico,
38 % de teor mínimo de FeCl3, ambos produzidos por Indústrias Químicas Cataguases Ltda.
As características principais dos produtos testados encontram-se listadas na Tabela 4.3, a
seguir:

Tabela 4.3 – Características principais dos produtos testados no teste de jarros


PRODUTO FORNECEDOR CARACTERÍSTICAS
Densidade (g/cm³).......................................1,32 + 0,01
Teor mínimo em Al2O3 ....................................... 7,5 %
Sulfato de Alumínio Teor máx. de Fe2O3 ........................................... 1,25 %
Indústrias Químicas
F-666 (líquido) Teor máx. de acidez livre
Cataguases Ltda
Al2(SO4)3-14H20 (% em massa como H2SO4) ................................ 0,5 %
Teor máx. de alcal. livre (% Al2O3) .................... 0,4 %
Teor máx. de insolúveis (% em massa) .............. 6,0 %
Densidade (g/cm³).......................................1,44 + 0,02
Teor mínimo de FeCl3........................................ 38,0 %
Cloreto Férrico Indústrias Químicas Teor máx. de acidez livre
(líquido) Cataguases Ltda (% em massa como HCl)..................................... 0,7 %
Teor máx. de insolúveis (% em massa) .............. 0,5 %
Teor máximo em Ferro Ferroso (Fe+2) ................ 0,5 %
Polímero catiônico
Tanfloc
TANAC S/A Líquido
(Coagulante Orgânico)
pH (xarope).....................................................1,7 – 2,3
Densidade a 25ºC (g/cm³)..............................1,34 g/mL
PANFLOC TE Hyperplus
Pan-Americana S/A Concentração.....................................................646 g/L
(à base de Cloreto de
Indústrias Químicas % de Al2O3 .............................................................23,5
Polialumínio PAC)
Teor de sólidos (g/L)................................................671
Fonte: Fornecedores dos produtos
58

Previamente ao início dos ensaios em teste de jarros, buscou-se na literatura dados


a respeito de algumas condições a serem aplicadas para cada um dos produtos, tais
como faixa de pH ótimo de coagulação, dosagens comumente empregadas,
diluições prévias e forma de aplicação do produto. Foram encontradas dosagens
variando entre 2,5 e 150 mg/L para o cloreto férrico (como FeCl3), de 5 a 300 para o
sulfato de alumínio (como Al2O3), e de 10 a 150 para coagulantes orgânicos. Para o
cloreto de polialumínio, como não foram encontrados dados sobre sua utilização
isoladamente, foi adotada a mesma faixa inicial do sulfato de alumínio. Foi
constatado que todos os produtos têm boa atuação na faixa de pH neutro, que é
onde normalmente se encontra o pH do efluente secundário da ETE UFES.

Foram conduzidos testes preliminares, com o intuito de determinar a faixa de


trabalho, com base na turbidez final. Nestes testes, foram avaliadas faixas amplas
de dosagens do produto conforme relatos na literatura e, de acordo com a turbidez
final apresentada, a faixa era reduzida. Após a definição das faixas de dosagem de
cada produto, foram realizados os testes de jarros definitivos, avaliando outros
parâmetros além da turbidez.

Os fatores de conversão das dosagens dos coagulantes à base de ferro e dos à


base de alumínio encontram-se demonstrados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Fatores de conversão das dosagens dos coagulantes à base de ferro e dos à
base de alumínio
Cloreto Férrico
Dose do produto comercial Dose de FeCl3 (mg/L) – Dose de Fe+3 (mg/L) –
(mg/L) multiplica por: multiplica por:
1 0,38 0,13072

Sulfato de Alumínio
Dose do produto comercial Dose de Al2O3 (mg/L) – Dose de Al+3 (mg/L) –
(mg/L) multiplica por: multiplica por:
1 0,075 0,03975

TE Hyperplus
Dose do produto comercial Dose de Al2O3 (mg/L) – Dose de Al+3 (mg/L) –
(mg/L) multiplica por: multiplica por:
1 0,23 0,1219

O protocolo utilizado para os ensaios de Teste de Jarros tinha as seguintes


características:
59

- 2 minutos de mistura rápida, a 105 rpm;

- 10 minutos de mistura lenta, a 30 rpm;

- 30 minutos de sedimentação.

As amostras eram coletadas no mesmo dia do ensaio, no topo do biofiltro aerado


submerso de número 1 (BF1), e encaminhadas ao laboratório de saneamento do
Núcleo Água da UFES para realização dos ensaios. O volume de amostra coletado
era de 48 litros, utilizando-se de baldes de plástico previamente lavados. Antes de
distribuir as amostras nos jarros, era realizada a homogeneização das mesmas,
utilizando bastão de vidro, e a leitura do pH e temperatura.

Foram utilizados jarros quadrados de acrílico, com volume útil de 2 litros. O


equipamento utilizado foi um aparelho da marca “PHIPPS & BIRD”. A Figura 4.1
apresenta o aparelho utilizado para os ensaios de Teste de Jarros.

Figura 4.1 – Aparelho utilizado nos ensaios de teste de jarros

A Figura 4.2 apresenta a relação entre a rotação das paletas e o gradiente de


velocidade (G) para o aparelho e béckers utilizados.
60

Gradiente de velocidade (G, s-1)

Velocidade do agitador (RPM)


Figura 4.2 – Gradiente de velocidade versus velocidade do agitador para o aparelho e
béckers utilizados

As soluções eram preparadas de acordo com as diluições recomendadas pelo


fabricante e aplicadas conforme as dosagens pré-estabelecidas. Após as amostras
de efluente secundário estarem igualmente distribuídas nos jarros e as soluções com
o volume correspondente à dosagem desejada estarem nas cubetas, procedia-se o
início do ensaio.

Os jarros eram posicionados de forma que as paletas ficassem centralizadas, ligava-


se o aparelho de teste de jarros na rotação de 105 rpm e, em seguida, adicionava-se
as soluções aos 6 jarros, certificando-se de que todo o produto havia sido liberado
das cubetas. Logo após a adição do produto e ainda durante a mistura rápida,
procedia-se a leitura do pH nos jarros e, caso estivesse fora da faixa ótima de
trabalho, conforme apresentado na Tabela 4.5, baseado em diversos relatos na
literatura, era feita a sua correção através da adição de H2SO4 ou NaOH.
61

Tabela 4.5 – Faixa ótima de pH de atuação dos produtos

Produto Faixa de pH
Cloreto férrico 5,0 – 8,0
Sulfato de Alumínio 6,5 – 7,5
TANFLOC 7,0 – 8,0
TE Hyperplus 6,5 – 7,5

Os tempos de mistura e sedimentação eram controlados através de um cronômetro


manual e, após o tempo total do ensaio, que era de 42 minutos, coletava-se 250 ml
do sobrenadante de cada jarro, a uma profundidade de 4 cm, para efetuar as
análises de turbidez, sólidos suspensos totais, fósforo, DQO e coliformes
termotolerantes.

Com o lodo de fundo, era realizado teste para determinação do Índice Volumétrico
de Lodo (IVL), conforme descrito por von Sperling (1997). Os resultados obtidos nos
ensaios de teste de jarros foram analisados através de gráficos de média, e testes
estatísticos como BOXPLOT, DUNCAN e ANOVA.

A Figura 4.3 apresenta algumas fotos relativas aos ensaios de Teste de Jarros.
62

Coleta de amostras do BF1 Homogeneização das amostras

Leitura do pH Coleta do sobrenadante

Flocos sedimentados Flocos sedimentados (detalhe)


Figura 4.3 – Ensaios de teste de jarros
63

4.3 Ensaios em escala piloto

4.3.1 Descrição do sistema piloto de filtração terciária com pré-tratamento


físico-químico

A unidade de tratamento em escala piloto foi concebida de modo que, com base nos
dados obtidos em escala de bancada (teste de jarros), fossem realizados os
experimentos de filtração terciária utilizando efluente secundário da ETE UFES,
simulando situações práticas.

Os ensaios foram realizados em três filtros, com operação em paralelo, e


diferenciados entre si pela altura do leito filtrante. Os filtros foram projetados de
modo a tratar efluente secundário proveniente dos biofiltros aerados submersos da
ETE UFES. A Figura 4.4 apresenta os filtros terciários em escala piloto.

Figura 4.4 – Filtros terciários em escala piloto

O efluente do biofiltro aerado submerso era recalcado através de uma bomba


centrífuga submersível, cuja vazão era controlada através de uma conexão tipo “Tê”
64

instalada após a saída da bomba, que promovia o retorno do líquido excedente para
dentro dos biofiltros. O efluente dos BFs era encaminhado até a câmara de mistura
rápida, instalada no topo dos filtros terciários “pilotos”. Nessa câmara ocorria a
adição do coagulante, proveniente de uma bomba peristáltica marca ISMATECH,
modelo VP-ANTR.TEIL, a qual succionava o produto de uma bombona instalada
junto aos biofiltros aerados submersos.

A câmara de mistura rápida era dotada de vertedouros triangulares, que promoviam


a distribuição uniforme da vazão para os três filtros, através de mangueiras de uma
polegada de diâmetro. A mistura era feita através de um agitador de paletas
mecanizado marca Talboys, modelo T-Line 101. A Figura 4.5 apresenta a unidade
de mistura rápida.

Figura 4.5 – Câmara de mistura rápida

Após passar pela unidade de mistura rápida, o efluente dos BFs era então
conduzido aos filtros terciários, em fluxo descendente, com vazão uniformemente
distribuída entre os três. O efluente dos filtros terciários era conduzido até o
reservatório final da ETE UFES, onde era diluído com o efluente produzido pelos
outros BFs secundários e encaminhado à destinação final.
65

A seguir são apresentadas as características de uma das unidades que compunham


o sistema piloto de filtração terciária com pré-tratamento físico-químico:

• Câmara de mistura rápida

A câmara de mistura rápida possuía dois compartimentos: o primeiro era o


compartimento de mistura, com volume útil de 6 litros, onde era realizada a agitação
do líquido através do misturador mecanizado e adicionado o coagulante. O segundo
compartimento, com volume útil de 5 litros, servia para equalizar a vazão, reduzindo
a turbulência provocada pelo agitador, propiciando uma melhor distribuição da vazão
através dos vertedouros triangulares para os três filtros.

A Figura 4.6 apresenta um esquema da câmara de mistura rápida.

Figura 4.6 – Esquema da câmara de mistura rápida

• Filtros terciários

Os filtros “piloto” foram construídos em tubos de PVC leve, diâmetro nominal de


200 mm, com altura total de 3,0 m cada. O leito filtrante era constituído de areia, com
alturas de 0,6 m, 1,0 m e 1,4 m, para os filtros FT1, FT2 e FT3, respectivamente.
66

A Tabela 4.6 apresenta as características principais do leito filtrante utilizado e a


Figura 4.7 um esquema dos filtros.

Tabela 4.6 - Características principais do leito filtrante

PERDA DE
ALTURA DO
FILTRO COMPOSIÇÃO CARGA
LEITO
DISPONÍVEL
FT1 Areia, 0,6 m 1,02 m
diâmetro efetivo = 1,7mm;
FT2 Coef. de desuniformidade (CD) = 1,24 1,0 m 1,42 m
Porosidade = 0,4;
FT3 Coef. de esfericidade (Ce) = 0,81 1,4 m 1,82 m

Figura 4.7 – Esquema dos filtros terciários pilotos


67

A camada suporte foi constituída por 30 cm de pedregulho graduado, apoiado sobre


uma tela de PVC rígido.

Os filtros foram concebidos para reproduzir filtração rápida descendente, com perda
de carga variável e velocidade de aproximação constante. Ao longo da altura dos
filtros foram instalados piezômetros a cada 30 cm, para verificação da perda de
carga nas diferentes camadas do leito. Foram instaladas também torneiras para
coleta de efluente em diferentes alturas. No fundo dos filtros foram dispostas
tubulações para suprimento de água e ar utilizados durante a lavagem.

A saída de efluente dos filtros foi feita em tubos de PVC de diâmetro nominal 50 mm,
instalados logo abaixo da tela de sustentação do leito filtrante. A fim de manter o
leito filtrante sempre submerso, a tubulação de saída de efluente de cada filtro foi
elevada a 15 cm acima do leito, antes de ser encaminhada ao reservatório final.

Os filtros dispunham de tubulação individualizada para as operações de lavagem,


em PVC com diâmetro nominal 60 mm, instalada 20 cm acima do leito, para coleta
do lodo de lavagem, e para evitar perda de material filtrante. Essa tubulação possuía
válvulas instaladas junto aos filtros, as quais somente eram abertas durante as
operações de lavagem.

A Figura 4.8 apresenta um esquema do funcionamento dos filtros terciários em


escala piloto.
68

Efluente BF FeCl3

Afluente

Efluente

Descarte da
lavagem

Água p/
lavagem

Compressor de ar

Figura 4.8 – Esquema de funcionamento dos filtros em


escala piloto

4.4 Procedimento operacional

Antes de se iniciar as campanhas de monitoramento dos filtros piloto com efluente


dos BFs, foram realizados testes utilizando água limpa, sem adição de coagulante, a
fim de avaliar o comportamento hidrodinâmico dos filtros. A partir desses testes, foi
possível determinar a perda de carga total do filtro, e em diversas alturas do leito
filtrante, sem a influência da deposição de sólidos no mesmo. Esses testes serviram
também como teste hidráulico dos filtros terciários e da câmara de mistura, no que
se refere ao grau de mistura proporcionado e uniformidade da distribuição da vazão
nos vertedouros, sob diferentes cargas hidráulicas. As cargas hidráulicas avaliadas
foram de 6, 8 e 10 m³/m².h.
69

4.4.1 Determinação do protocolo de lavagem

Para determinação do protocolo de lavagem dos filtros, foram seguidos os


procedimentos descritos por Tchobanoglous (1991), optando-se pela lavagem com
vazões de água e ar simultaneamente.

O efluente do biofiltro aerado submerso era injetado nos filtros a uma taxa de
filtração de 6 m³/m².h durante 10 horas e, após este período, iniciava-se o
procedimento de lavagem. O efluente produzido, armazenado em uma caixa d’água
instalada junto aos mesmos, dotada de uma bomba submersível, era introduzido no
fundo dos filtros a uma taxa de 25 m³/m².h, ao mesmo tempo em que era injetada
vazão de ar, a uma taxa de 200 m³/m².h, suprido por um compressor marca
SCHULZ, com auxílio de um rotâmetro.

O lodo de lavagem era continuamente coletado com o auxílio de beckers


transparentes, e seu aspecto era avaliado visualmente. Quando o lodo de lavagem
alcançava aparência semelhante ao efluente produzido pelos filtros, a lavagem era
interrompida. Os filtros eram submetidos a vazão somente com água durante mais 2
minutos para eliminação de possíveis bolhas de ar aprisionadas no leito e, após isso,
novamente a vazões com efluente secundário em fluxo descendente para
verificação da perda de carga inicial nas diferentes camadas do leito.

Os ensaios demonstraram que um tempo de 8 minutos de ar e água


simultaneamente, mais 2 minutos de água somente, foram suficientes para promover
a limpeza adequada dos filtros. A Tabela 4.7 apresenta um resumo do protocolo de
lavagem estabelecido para os filtros.

Tabela 4.7 – Protocolo de lavagem dos filtros terciários

Taxa de retrolavagem
Fase Tempo (minutos)
Água (m³/m².h) Ar (m³/m².h)

1ª) Ar e água
25 200 8
simultaneamente

2ª) Água somente 25 - 2


70

4.4.2 Ensaios de filtração

Após os testes de avaliação hidrodinâmica dos filtros, deu-se início à fase de


monitoramento, utilizando efluente dos BFs, com e sem adição de coagulante. A
partir dos resultados obtidos na etapa de teste de jarros, os quais estão
demonstrados no item 5.1.2., optou-se pela utilização do cloreto férrico na etapa
físico-química dos testes em escala piloto.

Os testes em escala piloto foram conduzidos em três etapas. Na primeira, buscou-se


avaliar a eficiência dos filtros na remoção adicional de turbidez do efluente produzido
pelos BFs, sob diferentes cargas hidráulicas e, ainda, o comportamento da perda de
carga nos filtros com o acúmulo de sólidos no leito. As taxas de filtração avaliadas
nessa fase da pesquisa foram de 6, 8 e 10 m³/m².h.

Em seguida, buscou-se avaliar a eficiência dos filtros na remoção de turbidez,


aplicando dosagens de cloreto férrico a montante dos mesmos. As dosagens de
cloreto férrico (produto comercial) foram de 5 e 10 mg/L. As taxas de filtração foram
as mesmas da etapa anterior.

Na terceira etapa, foi avaliada a eficiência dos filtros na remoção de fósforo total do
efluente produzido pelos BFs. Nessa etapa, a taxa de filtração aplicada foi de
10 m³/m².h, e as dosagens de cloreto férrico variaram de 20 a 190 mg/L (dosagem
do produto comercial). A Tabela 4.8 apresenta um resumo das três etapas de
monitoramento dos filtros em escala piloto.

Tabela 4.8 – Etapas do monitoramento dos filtros terciários em escala piloto

Dosagens de cloreto
Taxas de filtração
Etapa Objetivo principal férrico aplicadas
aplicadas (m³/m².h)
(mgCF/L)
Remoção de
1ª 6, 8 e 10 -
Turbidez
Remoção de
2ª 6, 8 e 10 5 e 10
Turbidez
Remoção de
3ª 10 20 a 190
Fósforo
71

Nos testes realizados com adição de coagulante, o início da campanha de


monitoramento se dava com a preparação da solução de cloreto férrico, o qual era
diluído a 10 % e depositado em uma bombona junto aos BFs e à bomba peristáltica
que fazia a dosagem do coagulante. Em seguida, regulava-se a vazão de
coagulante que chegava à câmara de mistura rápida, de acordo com a dosagem
desejada preestabelecida.

O ajuste da vazão da bomba submersível que recalcava o efluente do BF até a


câmara de mistura era realizado por meio de um registro instalado em uma conexão
tipo “Tê” na saída da bomba, que possibilitava o retorno da vazão excedente para
dentro do BF. A medição da vazão era feita com o auxílio de um cronômetro manual
e uma proveta de 1L.

Para a operação dos filtros, abria-se a válvula de saída de efluente e fechava-se a


válvula de saída de água de lavagem. Depois de ajustadas as vazões de esgoto e
de coagulante, iniciava-se a filtração, ligando-se, simultaneamente, as bombas e o
misturador.

Eram realizadas coletas de amostras de 1 em 1 hora, na entrada da câmara de


mistura (efluente do BF) e na saída de cada um dos filtros. As amostras destinadas
às análises de turbidez, sólidos suspensos totais, alcalinidade e DQO eram
coletadas em frascos de plástico com volume de 1L. As destinadas às análises de
fósforo total eram coletadas em frascos de 200 mL, de vidro, previamente lavados
com ácido clorídrico.

As amostras eram conduzidas imediatamente ao laboratório, para execução das


análises. A partir das alíquotas horárias coletadas, eram preparadas amostras
compostas, relativas aos seguintes tempos de filtração:

• T1 = Tempo para o FT3 atingir a perda de carga limite;

• T2 = Tempo para o FT2 atingir a perda de carga limite;

• T3 = Tempo para o FT1 atingir a perda de carga limite.

As análises de turbidez, pH e alcalinidade eram efetuadas logo após a chegada das


amostras. Para as demais análises, quando não executadas imediatamente,
72

procedia-se à conservação das amostras, seguindo as recomendações da CETESB


e EPA, para sua posterior execução. Medições horárias do pH e da temperatura do
efluente do BF já coagulado também eram efetuadas, no segundo compartimento da
câmara de mistura.

A perda de carga era medida também de 1 em 1 hora, com o auxílio de uma trena
metálica, através dos piezômetros instalados ao longo dos filtros. A perda de carga
total foi considerada como sendo a altura de líquido acima do leito filtrante, medida a
partir do nível de saída do efluente (15 cm acima do leito).

Quando a perda de carga limite de cada filtro era atingida, anotava-se o tempo de
filtração, coletava-se as amostras e, em seguida, desviava-se a vazão afluente,
através de mangueiras instaladas junto aos filtros, as quais conduziam o líquido ao
reservatório final. O monitoramento era finalizado quando os três filtros atingiam a
perda de carga limite, situação em que desligava-se as bombas e o misturador.

Após o monitoramento, era dado início ao procedimento de lavagem dos filtros,


conforme protocolo estabelecido em etapa anterior. O lodo de lavagem dos filtros era
diluído com o efluente da ETE UFES, dentro do reservatório final, e encaminhado à
disposição final.

4.5 Procedimentos analíticos

Todas as análises efetuadas, tanto na etapa de teste de jarros, quanto na etapa


piloto, seguiram os procedimentos e metodologias recomendadas pelo “Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater” 19ª ed. (1995) e pela norma
técnica L.5.202 da CETESB. A Tabela 4.9 apresenta os métodos utilizados nas
análises.
73

Tabela 4.9 – Métodos analíticos empregados nas etapas da pesquisa

Parâmetro Método Referência


STANDARD
Turbidez Nefelométrico
METHODS-2130 B
Digestão em meio ácido, reação com ácido STANDARD
Fósforo total
ascórbico e leitura em espectrofotômetro METHODS-4500-P E
STANDARD
pH Leitura direta – Eletrométrico
METHODS-4500-H+ E
Filtração sobre disco filtrante de fibra de vidro,
STANDARD
SST com diâmetro de corte de 0,45μm com posterior
o METHODS-2540 D
secagem à 103 C até peso constante.
Coliformes Determinação da densidade bacteriológica
CETESB L5.202
termotolerantes através da técnica de tubos múltiplos
STANDARD
Alcalinidade Titulação com ácido padrão até pH determinado
METHODS-2320 B
Oxidação por dicromato de potássio em meio STANDARD
DQO
ácido. METHODS-5220 D
74

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados separadamente para os ensaios de teste de


jarros e os ensaios com os filtros em escala piloto.

5.1 Seleção de coagulantes em testes de Jarros

5.1.1 Definição da faixa de trabalho

Uma primeira bateria de testes de jarros foi realizada objetivando a seleção de uma
faixa ótima de dosagem com base na remoção de turbidez do efluente secundário.
Quando necessário, o pH da mistura foi corrigido a fim de mantê-lo dentro da faixa
ótima de coagulação considerada para cada produto. As dosagens citadas referem-
se ao produto comercial. Os fatores de conversão para as dosagens em Al2O3,
FeCl3, Al+3 e Fe+3 encontram-se apresentados no item 4.2.

Para o sulfato de alumínio, observa-se na Figura 5.1 que mesmo as menores


dosagens avaliadas (133 mg/L do produto), produziram uma redução acentuada da
turbidez, alcançando valores inferiores a 2 UNT com facilidade. Considerando a
meta de turbidez inferior a 5 UNT, adotou-se a faixa de trabalho para os ensaios
posteriores variando de 133 a 533 mg/L do produto.

pH Turb

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

Dose S.A. (produto) (mg/L)

Figura 5.1 - Sulfato de Alumínio em função do pH e turbidez


75

Com a utilização de cloreto férrico como coagulante, observa-se na Figura 5.2 que
as dosagens entre 105 e 184 mg/L (produto) foram capazes de produzir efluente
com turbidez inferior a 5 UNT, sendo, portanto, a faixa selecionada para os ensaios
definitivos.

pH Turb

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Dose C.F. (produto) (mg/L)

Figura 5.2. - Cloreto férrico em função do pH e turbidez

Para o TE Hiperplus (Figura 5.3), comportamento semelhante à condição com


sulfato de alumínio foi observado, alcançando níveis de turbidez ainda menores,
com dosagens a partir de 43 mg/L (produto). A faixa de trabalho adotada foi de 43 a
174 mg/L.
76

pH T u rb

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
D o s e T E H IP E R (p ro d u to ) (m g /L )

Figura 5.3 - TE Hiperplus em função do pH e turbidez

Para o TANFLOC, as melhores eficiências de remoção ocorreram entre as dosagens


de 40 e 90 mg/L (dose do produto), ocorrendo, a partir desta faixa, uma tendência de
acréscimo da turbidez final. Foi observada, também, forte presença de cor no
efluente, com a utilização das dosagens superiores. A Figura 5.4 apresenta os
resultados obtidos com o TANFLOC.

pH Turb
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Dose TANFLOC (mg/L)

Figura 5.4 - TANFLOC em função do pH e turbidez


77

A Tabela 5.1 apresenta um resumo dos resultados obtidos nos ensaios preliminares
de teste de jarros.

Tabela 5.1 – Resultados obtidos nos ensaios preliminares de teste de jarros

Sulfato de Alumínio Cloreto Férrico TANFLOC TE Hyperplus


Dose pH Turbidez Dose pH Turbidez Dose pH Turbidez Dose pH Turbidez
133 6,63 8,57 53 6,45 6,15 5 7,11 14,00 43 6,90 4,68
267 6,42 2,51 79 6,35 5,52 10 7,12 14,00 87 6,80 1,94
400 6,32 1,10 105 6,30 4,46 20 7,13 14,00 130 6,77 0,83
533 6,32 1,32 132 6,25 4,32 30 7,10 6,10 174 6,77 0,68
667 6,37 1,41 158 6,18 3,69 40 7,12 3,70 217 6,80 0,52
800 6,70 1,09 184 6,10 3,33 50 7,17 2,80 261 6,60 0,22
1067 6,50 1,60 211 6,50 2,57 60 7,18 2,99 348 6,80 0,37
1600 7,37 0,88 237 6,53 2,01 70 7,18 2,50 522 6,55 0,16
2133 6,67 0,98 263 6,88 2,30 80 7,18 2,14 696 6,51 0,31
2667 6,62 0,35 395 6,65 2,02 90 7,19 2,31 870 6,44 0,08
4000 6,56 0,38 - - - 100 7,17 3,30 1304 7,21 0,21
- - - - - - 150 7,10 4,71 - - -

A partir dos dados obtidos nesta fase, novos testes de jarros foram realizados, com
intervalo de dosagem ajustado à faixa adotada para cada coagulante, e foram
analisados diversos parâmetros, com o intuito de observar a eficiência dos diversos
produtos testados na remoção destes.

5.1.2 Campanhas definitivas de teste de jarros

A Tabela 5.2 apresenta os resultados obtidos dos parâmetros turbidez e fósforo total,
para os quatro produtos e suas respectivas faixas de dosagem. Nesta etapa não foi
necessário o ajuste do pH para mantê-lo em torno da neutralidade, em nenhuma das
campanhas realizadas, pois foram observadas alterações mínimas no pH da mistura.
78

Tabela 5.2 – Valores de turbidez e fósforo no teste de jarros


Turbidez (UNT)

Tanfloc SG Cloreto Férrico (*) TE Hiperplus (*) Sulfato de Alumínio (*)

Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv. Conc Desv


Média n Média n Média n Média n
(mg/L) Pad (mg/L) Pad (mg/L) Pad (mg/L) Pad
0 11,2 3 9,7 0 11,2 3 9,7 0 11,2 3 9,7 0 11,2 3 9,7
40 3,4 3 1,3 53 4,6 3 4,8 43 1,1 3 0,2 133 3,2 3 2,4
50 2,1 3 0,9 79 3,9 3 4,3 65 0,3 3 0,3 200 1,1 3 0,3
60 1,5 3 1,0 105 3,8 3 4,3 87 0,2 3 0,6 267 0,6 3 0,7
70 1,2 3 1,0 132 3,6 3 2,9 109 0,1 3 0,2 333 0,6 3 0,4
80 0,8 3 0,6 158 2,7 3 2,6 130 0,1 3 0,1 400 0,4 3 0,3
90 0,9 3 0,7 184 2,1 3 2,1 174 0,1 3 0,1 533 0,5 3 0,4

Fósforo total (mg P/L)

Tanfloc SG Cloreto Férrico (*) TE Hiperplus (*) Sulfato de Alumínio (*)

Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv


Média n Média n Média n Média n
(mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad.
0 5,8 3 0,5 0 5,8 3 0,5 0 5,8 3 0,5 0 5,8 3 0,5
40 6,9 3 0,7 53 4,0 3 0,4 43 5,5 3 0,7 133 2,3 3 1,1
50 6,9 3 0,6 79 3,1 3 0,2 65 4,7 3 1,0 200 1,0 3 0,7
60 6,9 3 0,7 105 2,1 3 0,1 87 4,1 3 1,0 267 0,5 3 0,3
70 7,1 3 0,8 132 1,2 3 0,0 109 3,2 3 0,8 333 0,3 3 0,1
80 6,9 3 0,5 158 0,7 3 0,2 130 2,7 3 1,3 400 0,2 3 0,0
90 7,5 3 1,9 184 0,5 3 0,1 174 1,5 3 0,7 533 0,2 3 0,0
* produto comercial

Considerando-se os objetivos principais, de obtenção de níveis de turbidez inferiores


a 5 UNT e de fósforo total inferiores a 2 mg/L, pode-se concluir que dosagens de
sulfato de alumínio de 200 mg/L e de TE Hiperplus de 174 mg/L são capazes de
atingir estes dois níveis simultaneamente, sendo que dosagens de TE Hiperplus tão
baixas quanto 43 mg/L, produziram efluente com turbidez extremamente reduzida,
em torno de 1 UNT.

Dosagens do cloreto férrico de 53 mg/L foram capazes de produzir efluentes com


turbidez inferior a 5 UNT consistentemente, entretanto não produziram
concentrações de fósforo abaixo de 2 mg/L. Apenas dosagens a partir de 132 mg/L
alcançaram níveis de fósforo no efluente abaixo de 2 mgP/L. É esperado que uma
79

remoção otimizada de partículas durante a filtração possibilite a utilização de


dosagens inferiores.

Concentrações do TANFLOC de 40 mg/L produziram efluentes com turbidez inferior


a 4 UNT, entretanto um acréscimo na concentração de fósforo foi observado. Isto
explica-se pelo fato de o TANFLOC ser apenas um auxiliar de floculação, não agindo
de forma a promover a precipitação química do fosfato, realizando somente a
remoção do fosfato que já encontrava-se sob a forma particulada. Além disso, é um
produto de origem vegetal, o qual possui fósforo em sua composição, que, por sua
vez, é liberado durante a análise, a qual emprega digestão com ácido.

Outros parâmetros tais como DQO e SST (Tabela 5.3), coliformes termotolerantes
(Tabela 5.4) e IVL (Índice Volumétrico de Lodo) (Tabela 5.5) também foram
analisados, a fim de possibilitar uma melhor avaliação do desempenho de cada
produto.

Tabela 5.3 – Remoção de DQO e SST no teste de jarros


DQO total
Tanfloc SG Cloreto Férrico TE Hiperplus Sulfato de Alumínio
Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv
Média n Média n Média n Média n
(mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad.
0 64,8 7 13,1 0 64,8 7 13,1 0 64,8 7 13,1 0 64,8 7 13,1
40 43,4 7 14,0 53 41,1 6 6,9 43 35,1 7 16,7 133 35,5 7 6,8
50 40,7 7 16,4 79 39,8 6 7,8 65 31,9 7 16,7 200 32,0 7 8,9
60 39,2 7 16,9 105 44,0 7 10,9 87 32,8 7 11,2 267 31,3 7 9,2
70 41,2 7 17,8 132 38,2 7 6,6 109 30,8 7 13,2 333 30,8 7 8,2
80 35,1 7 11,0 158 39,0 7 5,8 130 29,6 7 13,8 400 30,9 7 8,7
90 37,9 6 10,2 184 36,6 7 10,1 174 31,6 6 15,9 533 29,3 7 10,1

SST
Tanfloc SG Cloreto Férrico TE Hiperplus Sulfato de Alumínio
Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv
Média n Média n Média n Média n
(mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad. (mg/L) Pad.
0 20,2 7 8,3 0 20,2 7 8,3 0 20,2 7 8,3 0 20,2 7 8,3
40 10,2 7 2,9 20 11,0 6 5,0 43 5,6 7 3,8 133 11,1 7 4,4
50 7,0 7 4,4 30 9,0 6 6,5 65 7,3 7 8,2 200 4,9 7 5,1
60 5,1 7 3,5 40 7,2 7 5,2 87 5,4 7 2,9 267 6,7 7 3,6
70 4,4 7 3,9 50 9,8 7 5,4 109 5,9 7 2,3 333 4,3 7 4,2
80 5,9 7 3,1 60 7,3 7 4,9 130 4,5 7 3,1 400 5,8 7 3,5
90 7,9 6 3,4 70 7,3 7 4,0 174 3,2 6 2,0 533 6,3 7 2,7
80

Todos os quatro produtos testados apresentaram uma boa eficiência na remoção de


matéria orgânica (DQO), com produção de efluentes com concentrações abaixo de
45 mg/L, mesmo com as menores dosagens avaliadas.

Os resultados obtidos para SST indicam uma boa aptidão dos quatro produtos
testados na remoção deste parâmetro, sendo que o TE Hiperplus obteve a melhor
performance, alcançando facilmente níveis inferiores a 6 mgSST/L no efluente.
Todos os produtos foram capazes de produzir efluentes com concentrações abaixo
de 10 mgSST/L, mesmo com dosagens reduzidas.

Nenhum dos produtos alcançou níveis satisfatórios em relação aos indicadores


microbiológicos (coliformes termotolerantes) (Tabela 5.4). Mesmo os coagulantes à
base de alumínio, que apresentaram a maior eficiência na remoção destes
indicadores, não produziram efluente com densidade de coliformes termotolerantes
inferior a 103 NMP/100mL, que vem a ser um valor indicado pela Organização
Mundial de Saúde para irrigação irrestrita com águas servidas. Não obstante, as
dosagens superiores de sulfato de alumínio resultaram na remoção de mais de duas
unidades logarítmicas na densidade de coliformes termotolerantes.

Tabela 5.4 – Remoção de coliformes termotolerantes no teste de jarros


Coliformes termotolerantes
Tanfloc SG Cloreto Férrico TE Hiperplus Sulfato de Alumínio
Conc. Conc. Conc. Conc.
Média n Média n Média n Média n
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
0 9,54E+05 5 0 9,54E+05 5 0 9,54E+05 5 0 9,54E+05 5
40 3,04E+05 5 53 1,17E+06 5 43 2,69E+05 5 133 2,59E+05 5
50 2,87E+05 5 79 6,67E+05 5 65 4,11E+04 5 200 5,11E+04 5
60 1,84E+05 5 105 1,77E+05 5 87 3,78E+04 5 267 3,35E+04 5
70 9,28E+04 5 132 3,01E+05 5 109 2,82E+04 5 333 7,04E+03 5
80 9,19E+04 5 158 1,81E+05 5 130 1,43E+04 5 400 3,34E+03 5
90 1,02E+05 4 184 3,97E+05 5 174 1,14E+04 4 533 4,36E+03 5

Outro parâmetro importante avaliado foi o IVL (Índice Volumétrico de Lodo), o qual
possibilita analisar o volume de lodo gerado com a aplicação dos produtos químicos.
Os resultados apontam para uma maior produção de lodo quando da utilização dos
produtos à base de alumínio. O IVL é definido como o volume ocupado por 1 g de
81

lodo após uma decantação de 30 minutos. Ele permite uma avaliação da


sedimentabilidade dos flocos gerados, sendo que, quanto maior seu valor, pior a
sedimentabilidade ou, em outras palavras, maior será o volume ocupado pelo lodo
gerado.

Tabela 5.5 – Índice Volumétrico do lodo produzido nos ensaios de teste de jarros
IVL (mL / g)

Tanfloc SG Cloreto Férrico TE Hiperplus Sulfato de Alumínio

Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv. Conc. Desv


Média n Média n Média n Média n
(mL/g) Pad. (mL/g) Pad. (mL/g) Pad. (mL/g) Pad.
40 4,2 6 2,0 53 7,0 6 3,0 43 18,9 7 4,7 133 9,5 7 4,4
50 6,6 6 1,3 79 10,5 6 3,4 65 28,1 7 5,9 200 12,6 7 8,0
60 7,7 6 2,3 105 9,9 7 5,9 87 34,8 7 8,8 267 18,4 7 4,8
70 9,8 6 2,8 132 15,1 7 3,8 109 39,2 7 3,2 333 23,3 7 6,6
80 10,8 6 3,5 158 16,0 7 4,2 130 45,7 7 6,4 400 27,8 7 7,3
90 9,6 6 3,6 184 15,5 7 5,7 174 59,4 6 8,3 533 32,8 7 5,6

De uma maneira geral, os resultados obtidos nos ensaios de teste de jarros


mostraram que os coagulantes à base de alumínio foram mais eficientes na
clarificação do efluente secundário produzido pelos biofiltros aerados submersos,
destacando-se em especial o sulfato de alumínio.

Por outro lado, observou-se que o Sulfato de Alumínio e o TE Hiperplus


proporcionaram uma geração de lodo maior. O Cloreto Férrico, apesar de não ter
sido tão eficiente quanto os produtos à base de alumínio, produziu efluentes de
acordo com os níveis desejados, além de gerar volume de lodo menor.

Considerando que o cloreto férrico alcançou os níveis desejados de remoção de


turbidez e fósforo, obteve também bom desempenho na remoção de SST e DQO e,
considerando ainda, a disponibilidade do produto no mercado e seu custo
relativamente baixo, optou-se por sua utilização na etapa posterior de ensaios nos
filtros em escala piloto. Outro fator importante para sua escolha, são as vantagens
que podem advir da recirculação do lodo contendo ferro, para dentro do reator
anaeróbio, como uma possível redução de odores.
82

5.2 Estudos preliminares nos filtros em escala piloto

5.2.1 Determinação da superfície específica (Sesp) e porosidade dos filtros (ε)

A análise do material filtrante foi realizada no Laboratório de Mecânica dos Solos do


Centro Tecnológico, da Universidade Federal do Espírito Santo. A partir da curva de
granulometria, obteve-se os valores do d10 (diâmetro efetivo) da areia, igual a 1,7
mm, do d60, igual a 2,1 mm e, a partir desses dados, do CD (coeficiente de
desuniformidade), igual a 1,24. A Figura 5.5 apresenta a curva granulométrica do
meio filtrante selecionado.

C urva Granulométrica

100
90
80
Percentagem que passa

70
60
50
40
d60 = 2,1 mm
30
20 d10 = 1,7 mm

10
0
100 10 1 0,1 0,01
D iâmetro em mm

Figura 5.5 – Curva granulométrica do meio filtrante selecionado


83

Observa-se, na curva granulométrica, que a maior parte do material (cerca de 85%)


está situada entre os diâmetros de 1,7 e 3,0 mm. Isto, aliado ao valor encontrado
para o CD, indica um material bastante uniforme.

O coeficiente de esfericidade foi estimado através da escala de comparação visual


da forma dos grãos fornecida por Di Bernardo (1993), obtendo o valor de 0,81.

Da curva granulométrica obtém-se também a Superfície Específica do material, dada


por (DI BERNARDO, 1993):

Sesp. = (1/Ce) . (6 / Dmg) (6)

onde:

S esp = Superfície específica do material filtrante (m²/m³);

Ce = Coeficiente de esfericidade do material;


Dmg = Diâmetro médio dos grãos do meio filtrante.

A Tabela 5.6 apresenta o cálculo da Superfície Específica, a partir dos dados obtidos
da curva granulométrica apresentada na Figura 5.5.

Tabela 5.6 – Cálculo da Superfície Específica do material filtrante


Faixa de diâm. Diâmetro
-3 % Ce Sesp (m²/m³)
(10 m) médio (10-3 m)
0,6 – 1,3 0,95 2 156
1,3 – 1,7 1,5 8 395
1,7 – 2,0 1,85 30 1201
0,81
2,0 – 2,5 2,25 40 1317
2,5 – 3,0 2,75 15 404
3,0 – 3,3 3,15 5 118
Superfície Específica Total = 3591

A determinação da porosidade (ε) dos filtros foi feita da seguinte forma:

1º) Encheu-se os filtros com água limpa, em sentido ascendente, com a torneira
localizada logo acima do topo da camada filtrante aberta;

2º) Após os filtros cheios, procedeu-se ao esvaziamento dos mesmos, através de


torneira localizada logo abaixo da camada filtrante, coletando a água;

3º) O volume de vazios (VV) do meio filtrante foi considerado igual ao volume de
água coletado;
84

4º) O volume total (VT) é o volume do cilindro ocupado pelo meio filtrante, com
diâmetro de 0,2 m, e alturas de 0,6 m, 1,0 m e 1,4 mm para os filtros FT1, FT2 e
FT3, respectivamente.

Leito de areia:
VT FT1 = 18,85 litros
VT FT2 = 31,42 litros
VT FT3 = 43,98 litros

Camada suporte = Brita

Figura 5.6 – Esquema da composição do leito filtrante

A porosidade é dada pela equação:

ε = VV / VT (7)

A Tabela 5.7 apresenta os valores calculados da porosidade para os três filtros.

Tabela 5.7 – Valores calculados da porosidade (ε) para os três filtros

Filtro VV (m³) VT (m³) ε


FT1 0,0075 0,01885 0,4
FT2 0,01250 0,03142 0,4
FT3 0,01805 0,04398 0,4

A porosidade encontrada foi de 0,4 para os três filtros. Este valor está de acordo
com o valor típico de porosidade apresentado por Di Bernardo (1993), para leitos
filtrantes compostos por grãos de formato agudo, conforme apresentado na Tabela
5.8 a seguir.
85

Tabela 5.8 – Valores do coeficiente de esfericidade, fator de forma e porosidade típica de


grãos de areia

Forma do grão Ce φ ε

Esférico (a) 1,00 6,0 0,38


Arredondado (b) 0,98 6,1 0,38
Desgastado (c) 0,94 6,4 0,39
Agudo (d) 0,81 7,4 0,40
Angular (e) 0,78 7,7 0,43
Triturado (f) < 0,70 8,5 0,48

Fonte: Di Bernardo (1993)

5.2.2 Perda de carga no meio filtrante limpo

A fim de determinar a perda de carga do leito filtrante limpo, os filtros foram


submetidos a vazões com água limpa, de acordo com as taxas de filtração
escolhidas a serem utilizadas, 6, 8 e 10 m³/m².h. As perdas de carga verificadas para
cada uma das taxas de filtração estão demonstradas na Tabela 5.9, onde são
comparadas com os valores calculados de acordo com a equação de Carman-
Kozeny [equação (3)]:

2
Hf K K . μ . V∞ . (1 − ε 0 ) 2 ⎛ 6 ⎞
= .⎜ ⎟
Lf g . ρa . ε 0 3 ⎜C . D ⎟
⎝ e g ⎠

adotando

KK = 4;

μ = 0,001005 (N.s/m²);
ρa = 998,2 (kg/m²);

g = 9,8 (m/s²);
Ce = 0,81;

ε 0 = 0,4;
Dg = 0,0017 (m);
86

V∞ = 0,001667 (6 m³/m².h), 0,002222 (8 m³/m².h) e 0,002778 (10 m³/m².h);

Lf = 0,6 m p/ FT1, 1,0 m p/ FT2 e 1,4 m p/ FT3.

Tabela 5.9 – Perda de carga experimental e teórica para o meio filtrante limpo

Taxa de 6 m³/m².h 8 m³/m².h 10 m³/m².h


Filtração
Filtro Experim. Teórico Experim. Teórico Experim. Teórico
(cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
FT1 4,0 4,39 5,5 5,85 13,0 7,31
FT2 5,5 7,31 7,2 9,75 17,0 12,19
FT3 8,0 10,24 9,0 13,65 19,5 17,07

Pode-se observar que os valores calculados para a perda de carga no leito limpo de
acordo com a equação de Carman-Kozeny [equação (3)] foram bastante
semelhantes aos valores observados em campo, principalmente para o filtro de
menor espessura de leito e sob as taxas de filtração menores. Para a taxa de
filtração de 10 m³/m².h, foi observado um valor real superior ao valor teórico,
podendo indicar uma influência maior da perda de carga nas tubulações adjacentes
ao filtro, ou dos “efeitos de parede” dos filtros.

Vale ressaltar que, mesmo sob a taxa de filtração de 10 m³/m².h, o Número de


Reynolds calculado não foi superior a 4, o que, segundo Di Bernardo (1993), indica
que a filtração nestas circunstâncias ocorre em regime laminar de escoamento.

5.3 Análise da filtração terciária em escala piloto

5.3.1 Remoção de turbidez

Na primeira etapa de campanhas com os filtros terciários em escala piloto, foram


conduzidos testes com diferentes taxas de filtração, sem utilização de pré-tratamento
físico-químico, a fim de avaliar a habilidade dos filtros na remoção de turbidez, bem
como o comportamento da evolução da perda de carga em função da retenção de
sólidos. A Tabela 5.10 apresenta os resultados obtidos de turbidez, para os três
filtros, sob as diferentes taxas de filtração avaliadas.
87

Tabela 5.10 – Remoção de turbidez nos filtros, sem adição de coagulante

Taxa de filtração (m/h) 6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h

Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3

Tempo de filtração
12,0 14,0 9,6
considerado (h)

Média 32,4 6,6 4,9 4,5 16,0 5,1 3,9 3,6 15,9 4,8 3,7 3,0
Desvio padrão 14,5 0,9 1,0 1,0 7,3 1,7 1,5 1,5 5,4 2,5 2,0 1,2
Mínimo 18,7 5,8 3,3 3,0 10,8 3,8 2,7 2,5 10,4 3,0 2,5 1,9
Máximo 72,8 8,4 7,4 7,2 35,9 10,0 7,4 7,2 26,2 11,5 9,3 6,2
n 12 11 11 11 15 14 14 14 11 10 10 10

Durante a execução dos ensaios utilizando a taxa de filtração de 6 m³/m².h,


problemas operacionais na ETE UFES fizeram com que o efluente produzido pelos
biofiltros aerados submersos apresentassem turbidez acima do normal,
proporcionando uma maior eficiência de remoção nos filtros, entretanto com uma
turbidez efluente um pouco mais elevada.

Nesta etapa da pesquisa, devido a limitações de ordem física, as campanhas eram


interrompidas quando o primeiro filtro (FT3) atingia a perda de carga limite de 1,02
m. Foi observado que, em nenhuma das condições avaliadas, houve indicação da
ocorrência de transpasse de sólidos para o efluente dos filtros, conforme mostrado
nas Figuras 5.7, 5.8 e 5.9.

6 m 3/m 2.h

BF F T1 F T2 F T3
40

35

30
Turbidez (UNT)

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 1 2 13 14 1 5
Tem po de filtra çã o (h)

Figura 5.7 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 6 m/h


88

8 m 3/m 2.h

BF F T1 F T2 F T3
40

35

30
Turbidez (UNT)

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tem po de filtração (h)

Figura 5.8 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 8 m/h

1 0 m 3 /m 2 .h

BF F T1 F T2 F T3

40

35

30
Turbidez (UNT)

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Te m p o d e filtra çã o (h)

Figura 5.9 – Turbidez x tempo de filtração para a taxa de filtração de 10 m/h


89

Aplicando-se taxas de filtração de 8 e 10 m³/m².h, para as quais a turbidez média


afluente foi a mesma, as maiores eficiências de remoção e, portanto, melhores
qualidades do efluente, foram alcançadas com a taxa de 10 m³/m².h. Isto pode ser
explicado devido ao menor tempo de filtração a que os filtros foram submetidos sob
a taxa de 10 m³/m².h.

Com exceção da condição sob taxa de 6 m³/m².h, quando a turbidez afluente esteve
acima do normal, os três filtros foram capazes de produzir consistentemente
efluentes com turbidez abaixo de 5 UNT.

A estocagem de sólidos foi avaliada por meio da diferença entre a concentração de


sólidos suspensos totais no afluente e no efluente dos filtros ao longo da carreira de
filtração. Os dados experimentais foram ajustados a uma curva dada pela equação
(5) [(hi)t = a (q)tb] proposta por Tchobanoglous (1991), a qual considera a evolução
da perda de carga somente como função da estocagem de sólidos no leito. As
Figuras 5.10, 5.11 e 5.12 apresentam a evolução da perda de carga versus a
estocagem relativa de sólidos para os três filtros, na condição sem adição de
coagulante.
90

FT1 - taxa 6 m3/m2.h - sem coagulante

teórico real

180
160

P DC inc rem . (c m )
140
120
100
80
R² = 0,9682
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Estocagem (kgSST/m³.leito)

F T 1 - t a xa 8 m 3 / m 2 . h - s e m c o a g u la n t e

t e ó r ic o re a l

180
160
140 R ² = 0 ,9 7 7 0
PDC increm. (cm)

120
100
80
60
40
20
0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0 4 ,5

E s t o c a g e m ( k g S S T / m ³ . le it o )

F T1 - ta xa 1 0 m 3 /m 2 .h - se m co a g ula nte

te ó rico re a l

180
160
140
P D C increm. (cm)

120
100
80
60 R² = 0 ,9 8 9 5
40
20
0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0 4 ,5

E sto ca g e m (kg S S T/m ³.le ito )

Figura 5.10 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga para o FT1,
sem adição de coagulante
91

FT2 - taxa 6 m 3/m 2.h - s em c oagulante

teóric o real

180
160

PDC increm . (c m )
140
120
100
80 R² = 0,9692
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

E s toc agem (kgS S T/m ³.leito)

F T 2 - taxa 8 m 3/m 2.h - s em c oagulante

teóric o real

180
160
PDC inc rem . (cm )

140
120
100
80 R ² = 0 ,9 7 7 8
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

E s toc agem (kgS S T /m ³.leito)

FT2 - taxa 10 m3/m2.h - sem coagulante

teórico real

180
160
PDC increm . (c m )

140
120
100
80 R² = 0,9798
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

Estocagem (kgSST/m ³.leito)

Figura 5.11 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga para o FT2,
sem adição de coagulante
92

FT3 - taxa 6 m 3/m 2.h - s em c oagulante

teóric o real

180
160

PDC increm . (cm )


140
120
100
80
R² = 0,9424
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5

E s toc agem (kgSS T/m ³.leito)

F T 3 - t a xa 8 m 3 / m 2 . h - s e m c o a g u la n t e

t e ó r ic o re a l

180
160
140
PDC increm. (cm)

120
100
80
60 R ² = 0 ,8 7 7 4
40
20
0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0 4 ,5

E s t o c a g e m ( k g S S T / m ³ . le it o )

F T 3 - ta xa 1 0 m 3 /m 2 .h - s e m c o a g u la n te

te ó r ic o re a l

180
160
PDC increm. (cm)

140
120
100
80
60 R ² = 0 ,9 5 4 0
40
20
0
0 ,0 0 ,5 1 ,0 1 ,5 2 ,0 2 ,5 3 ,0 3 ,5 4 ,0 4 ,5

E s to c a g e m ( k g S S T /m ³ .le ito )

Figura 5.12 – Estocagem relativa de sólidos versus evolução da perda de carga para o FT3,
sem adição de coagulante
93

À exceção do filtro FT3 sob taxa de filtração de 8 m³/m².h, os demais dados


experimentais apresentaram boa correlação com a equação proposta, com R²
superior a 0,94. A partir das curvas ajustadas, foram estimadas as estocagens de
sólidos para as perdas de carga de 1,0, 2,0 e 3,0 m, as quais estão demonstradas
na Tabela 5.11.

Tabela 5.11 – Estocagem relativa de sólidos no leito (kgSST/m³ leito) para uma perda de
carga determinada (sem adição de coagulante)
FT1 FT2 FT3
Taxa de filtração PDC PDC PDC PDC PDC PDC PDC PDC PDC
1m 2m 3m 1m 2m 3m 1m 2m 3m
6 m³/m².h 2,6 3,7 4,6 1,9 2,8 3,6 1,6 2,9 4,0
8 m³/m².h 3,7 4,9 6,5 2,7 3,8 4,7 2,6 4,4 6,0
10 m³/m².h 3,1 5,0 6,7 2,4 4,1 5,6 2,5 4,7 6,9

Considerando uma perda de carga incremental de 2 metros, a taxa de filtração que


proporcionou a maior estocagem relativa foi a de 10 m³/m².h, podendo indicar que,
sob estas condições, ocorreu uma melhor distribuição das partículas retidas no leito,
proporcionando um acréscimo da perda de carga mais lento.

Tomando como referência uma perda de carga incremental de 2 metros, as


estocagens estimadas estão de acordo com os resultados obtidos por Jiménez e
Buitrón (1996), em estudo comparando a filtração rápida de três tipos de efluente
secundário, onde foram alcançados valores de 2,5 kg/m³ (efluente de lodos
ativados), 4,0 kg/m³ (efluente de biodiscos) e 8,5 kg/m³ (efluente de filtro biológico),
para uma taxa de filtração de 14,5 m/h.

A fim de complementar esta análise, foram efetuados estudos para prever a duração
da corrida de filtração em função da taxa de evolução da perda de carga com o
tempo.

5.3.2 Previsão da duração da corrida de filtração

A partir dos resultados obtidos, foram traçadas curvas de perda de carga versus
duração da corrida para os três filtros, nas taxas de filtração avaliadas. Com base
94

nos dados obtidos de estocagem de sólidos e evolução da perda de carga,


observou-se que a maior parte da perda de carga ocorreu no topo do leito filtrante.

A fim de prever a evolução da perda de carga em função do tempo de filtração, uma


curva da forma da equação (4) [Hs = k1 . exp(k2 . t)], proposta por Ives (1979), foi
ajustada aos dados experimentais obtidos. Tal equação descreve uma perda de
carga aumentando drasticamente com o tempo, devido à formação de uma crosta na
camada superior do leito filtrante.

Através da curva teórica, foram obtidos os valores dos coeficientes k1 e k2 para cada
condição testada. A Figura 5.13 apresenta a curva ajustada aos dados
experimentais obtidos para o filtro FT2, sob a taxa de filtração de 10 m³/m².h. As
demais curvas estão apresentadas no Anexo C.

FT2 - taxa 10 m3/m2.h - sem coagulante

teórico real

180
160
140
P D C increm. (cm)

120
100
80 R² = 0,9816
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 12 1314 1516 17

Tempo de corrida (h)


.
Figura 5.13 – Exemplo de ajuste da curva teórica aos dados experimentais

Os dados experimentais apresentaram boa correlação com a curva teórica, com R²


superior a 0,94 em todas as situações, comprovando a aplicabilidade dessa equação
na descrição do comportamento da evolução da perda de carga.
95

A Tabela 5.12 apresenta os valores encontrados de k1 e k2 para as taxas de filtração


avaliadas.

Tabela 5.12 – Valores de k1 e k2 (filtração sem adição de coagulante)

FT1 FT2 FT3


Taxa de filtração
(m³/m².h)
k1 k2 k1 k2 k1 k2

6 9,2052 0,2005 11,2627 0,1951 11,9786 0,1772


8 10,0832 0,1621 11,2533 0,1600 8,9296 0,1681
10 14,9967 0,1931 14,1457 0,2011 13,1821 0,1932

Com os valores obtidos de k1 e k2, pode-se prever o tempo de filtração ocorrido para
se atingir um incremento de perda de carga determinado, de acordo com a taxa de
filtração aplicada. As Figuras 5.14, 5.15 e 5.16 mostram essa relação para
incrementos de perda de carga de 1, 2 e 3 metros.

FT1

PDC=1m PDC=2m PDC=3m

25
Tempo de filtração (h)

20

15

10
5

0
4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h)

Figura 5.14 – FT1: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga determinada
96

FT2

PDC=1m PDC=2m PDC=3m

Tempo de filtração (h) 25

20

15

10

0
4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h)

Figura 5.15 – FT2: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga determinada

FT3

PDC=1m PDC=2m PDC=3m

25
Tempo de filtração (h)

20

15

10

0
4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h)

Figura 5.16 – FT3: tempo de filtração para se atingir uma perda de carga determinada
97

Para os três filtros, a taxa de filtração que proporcionou as maiores corridas de


filtração foi a de 8 m³/m².h. Os tempos de filtração previstos para atingir uma perda
de carga incremental de 2 metros foram muito semelhantes para os três filtros,
alcançando, por exemplo, no caso do filtro FT3, aproximadamente 16, 18 e 14 horas
para as taxas de filtração de 6, 8 e 10 m³/m².h, respectivamente.

Ives (1979) cita que as durações de corrida num sistema de filtração não devem ser
inferiores a 12 horas, sendo desejável uma duração de 24 horas, a fim de facilitar a
operacionalidade do sistema.

5.3.3 Avaliação do desempenho dos filtros com a adição de cloreto férrico

A seguir são apresentados os resultados obtidos para a filtração terciária com adição
prévia de cloreto férrico, nas dosagens de 5 e 10 mg/L (produto comercial). A Tabela
5.13 apresenta o desempenho dos filtros na remoção de turbidez.

Tabela 5.13 – Desempenho dos filtros na remoção de turbidez (c/ dosagem de cloreto
férrico)
Dose de coagulante: 5 mg/L
Taxa de filtração
6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h
(m/h)
Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
Tempo de filtração
13,7 13,6 7,4
considerado (h)
Média 50,0 15,0 10,4 9,8 21,2 6,5 4,7 4,1 20,6 6,9 5,1 4,3
Desvio padrão 15,4 7,5 4,1 4,1 5,3 1,3 0,8 0,8 3,3 0,6 0,7 0,4
Mínimo 34,3 7,0 5,6 5,5 13,1 4,9 3,5 3,3 16,4 5,8 4,3 3,8
Máximo 77,6 30,5 17,7 16,7 31,7 8,5 5,9 5,5 25,9 7,5 5,9 4,9
n 13 12 12 12 11 10 10 9 8 7 7 7
Dose de coagulante: 10 mg/L
Taxa de filtração
6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h
(m/h)
Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
Tempo de filtração
12,2 8,8 6,5
considerado (h)
Média 20,8 6,2 5,4 5,3 22,8 5,0 4,0 3,7 21,5 5,5 3,5 2,9
Desvio padrão 4,4 0,9 0,7 0,6 5,1 0,9 0,5 0,5 2,6 0,7 0,4 0,4
Mínimo 14,7 5,0 4,6 4,5 16,9 4,0 3,4 3,2 19,4 4,6 2,9 2,3
Máximo 31,4 8,1 6,9 6,8 30,3 6,4 4,8 4,7 25,7 6,7 3,9 3,4
n 13 12 12 12 9 8 8 8 7 6 6 6

Os resultados demonstram que a adição de cloreto férrico não contribuiu para a


remoção de turbidez no efluente dos filtros, se comparados com os resultados
98

obtidos para a condição sem adição de coagulante, demonstrada anteriormente. A


eficiência de remoção foi, algumas vezes, superior à condição sem adição de
coagulante, entretanto o afluente aos filtros também apresentou turbidez um pouco
maior do que na condição anterior.

A turbidez média do efluente foi sempre menor ou igual a 5 UNT, exceto para o FT1,
que apresentou freqüentemente efluente com turbidez média de 6 UNT, e na
condição com dosagem de 5 mgCF/L, quando a turbidez média afluente aos filtros
terciários esteve bastante acima do normal daquela produzida pelos biofiltros
aerados submersos da ETE UFES.

Nesta etapa, a mesma análise realizada para a filtração sem adição prévia de
coagulante foi feita, a fim de prever a evolução da perda de carga em função da
estocagem relativa de sólidos no leito. A Tabela 5.14 apresenta a previsão da
estocagem de sólidos para as perdas de carga de 1, 2 e 3 metros, com base no
modelo adotado [(hi)t = a (q)tb].

Tabela 5.14 – Estocagem relativa de sólidos no leito (kgSST/m³ leito) para uma perda de
carga determinada (com adição de coagulante)
Taxa de Dose de
filtração coagulante PDC 1m PDC 2m PDC 3m
(m³/m².h) (mgCF/L)
6 5 1,9 3,5 4,9
10 1,7 2,9 4,1
FT1 8 5 3,4 6,4 9,3
10 1,1 2,0 2,9
10 5 2,7 5,0 7,1
10 3,1 4,3 5,1
6 5 1,6 2,7 3,8
10 1,1 2,1 3,0
FT2 8 5 2,2 4,0 5,7
10 1,7 3,6 5,4
10 5 1,8 3,5 5,0
10 2,3 3,4 4,3
6 5 1,2 2,4 3,6
10 0,9 2,0 3,2
FT3 8 5 1,9 5,0 8,6
10 0,7 1,8 3,2
10 5 1,8 3,4 5,1
10 2,9 6,8 11,1
99

Em geral, o aumento da dosagem de coagulante reduziu a estocagem relativa de


sólidos para uma mesma perda de carga considerada. A estocagem relativa foi
maior nos filtros de menor espessura de leito filtrante, indicando que a retenção de
sólidos ocorreu principalmente nas camadas superiores do filtro.

A seguir são apresentados os resultados obtidos de previsão da duração da corrida


de filtração, com base no modelo proposto por Ives (1979). A Tabela 5.15 apresenta
os valores encontrados para os coeficientes k1 e k2 nas diversas condições
avaliadas, e as Figuras 5.17 e 5.18 apresentam o comportamento típico das curvas
de previsão do tempo de filtração para atingir uma perda de carga determinada, para
as dosagens de 5 e 10 mgCF/L. As demais curvas estão demonstradas no Anexo F.

Tabela 5.15 – Valores de k1 e k2 (filtração com adição prévia de coagulante)

Taxa de filtração (m³/m².h) : FT1 FT2 FT3


Dose (mgCF/L)
k1 k2 k1 k2 k1 k2

6:5 18,3834 0,1347 16,0476 0,1377 10,0742 0,1784


6 : 10 12,5001 0,1785 11,2652 0,1861 10,2325 0,1862

8:5 12,6153 0,1432 14,9417 0,1397 11,5262 0,1571


8 : 10 13,8398 0,2287 15,3152 0,2065 16,3300 0,2013

10 : 5 15,2703 0,1991 17,6726 0,1974 13,2338 0,2552


10 : 10 13,2086 0,2667 11,2492 0,2570 11,3237 0,2908
100

FT2 - 5 mgCF/L

PDC=1m PDC=2m PDC=3m

25
Tempo de filtração (h) 20

15

10

0
4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h)

Figura 5.17 – Curva típica do tempo de filtração para atingir


uma perda de carga específica, com adição de 5 mgCF/L.

FT2 - 10 mgCF/L

PDC=1m PDC=2m PDC=3m

20
Tempo de filtração (h)

15

10

0
4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h)

Figura 5.18 – Curva típica do tempo de filtração para atingir


uma perda de carga específica, com adição de 10 mgCF/L.

As curvas apresentadas indicam a influência da adição do cloreto férrico na duração


da corrida dos filtros. Para a taxa de 6 m³/m².h, a dosagem de 5 mgCF/L
proporcionou um aumento de até três horas de duração de corrida para uma perda
101

de carga de 2 metros, enquanto dosagens de 10 mgCF/L provocaram efeitos


insignificantes. Para as taxas de filtração maiores, quase sempre houve uma queda
na duração da corrida, principalmente com a dosagem de 10 mgCF/L. Com a taxa
de 8 m³/m².h, houve pouca influência da dosagem de 5 mgCF/L, porém uma redução
significativa no tempo de duração para a dosagem de 10 mgCF/L. A duração de
corrida com taxa de 10 m³/m².h foi bastante afetada com ambas dosagens.

A Tabela 5.16 apresenta os tempos previstos para se atingir uma perda de carga
incremental de 1, 2 e 3 metros e a estocagem relativa de sólidos esperada para as
condições avaliadas, com base nos modelos propostos.

Tabela 5.16 – Tempos previstos (h) para atingir um incremento de perda de carga
determinada e respectiva estocagem de sólidos para as condições avaliadas

Taxa de Dose de PDC 1m PDC 2m PDC 3m


filtração coagulante
(m³/m².h) (mgCF/L) Duração Estocagem Duração Estocagem Duração Estocagem
(h) (kgSST/m³) (h) (kgSST/m³) (h) (kgSST/m³)
0 12 2,6 15 3,7 17 4,6
6 5 13 1,9 18 3,5 21 4,9
10 12 1,7 16 2,9 18 4,1
0 14 3,7 18 4,9 21 6,5
FT1 8 5 14 3,4 19 6,4 22 9,3
10 9 1,1 12 2,0 13 2,9
0 10 3,1 13 5,0 16 6,7
10 5 9 2,7 13 5,0 15 7,1
10 7 3,1 10 4,3 12 5,1
0 11 1,9 15 2,8 17 3,6
6 5 13 1,6 18 2,7 21 3,8
10 12 1,1 15 2,1 18 3,0
0 14 2,7 18 3,8 21 4,7
FT2 8 5 14 2,2 19 4,0 21 5,7
10 9 1,7 12 3,6 14 5,4
0 10 2,4 13 4,1 15 5,6
10 5 9 1,8 12 3,5 14 5,0
10 8 2,3 11 3,4 13 4,3
0 12 1,6 16 2,9 18 4,0
6 5 13 1,2 17 2,4 19 3,6
10 12 0,9 16 2,0 18 3,2
0 14 2,6 18 4,4 21 6,0
FT3 8 5 14 1,9 18 5,0 21 8,6
10 9 0,7 12 1,8 14 3,2
0 10 2,5 14 4,7 16 6,9
10 5 8 1,8 11 3,4 12 5,1
10 7 2,9 11 6,8 13 11,1
102

5.3.4 Avaliação da filtração terciária na remoção de fósforo

A remoção de fósforo foi avaliada, visando atingir concentrações no efluente


compatíveis com algumas das principais regulamentações européias (< 2mgP/L para
estações atendendo populações inferiores a 100.000 habitantes). Os resultados
durante a etapa de teste de jarros indicaram uma dose 2,8 (Fe+3:P) como suficiente
para atingir concentrações efluentes inferiores a 2 mgP/L.

Para os testes realizados em escala piloto, foi avaliada a filtração com taxa de
10 m³/m².h e dosagens de cloreto férrico variando de 20 a 190 mgCF/L (dosagem do
produto comercial). Os resultados obtidos para amostras compostas relativas ao
tempo T1, de colapso do filtro FT3 (perda de carga limite), estão demonstrados na
Tabela 5.17.

Tabela 5.17 – Valores de Ptotal para o tempo T1 (colapso do FT3)

Amostra

Dose Coag. BF FT1 FT2 FT3


(mg/L) *
Ptotal dose Ptotal Ptotal Ptotal
%rem. %rem. %rem.
(mg/L) Fe+3:P (mg/L) (mg/L) (mg/L)

20 5,29 0,49 4,59 13,25 4,41 16,65 4,93 6,82


30 6,00 0,65 4,47 25,55 4,39 26,88 3,77 37,21
40 5,38 0,97 4,27 20,59 3,39 36,95 3,70 31,19
50 4,67 1,40 4,77 -2,10 4,46 4,53 4,26 8,81
60 7,16 1,10 4,04 43,60 4,07 43,18 4,60 35,78
70 5,42 1,69 3,96 26,97 3,97 26,79 3,55 34,53
80 5,30 1,97 3,64 31,28 3,66 30,91 3,75 29,21
90 5,44 2,16 4,24 21,96 4,21 22,54 3,86 28,93
100 6,45 2,03 5,14 20,38 4,47 30,66 4,60 28,70
110 5,67 2,54 2,29 59,54 1,95 65,67 1,79 68,45
120 6,01 2,61 2,09 65,15 2,88 52,01 2,81 53,24
130 4,55 3,73 1,42 68,78 1,57 65,47 1,33 70,72
140 6,14 2,98 3,13 49,06 3,66 40,31 3,35 45,45
150 5,25 3,73 2,74 47,82 2,45 53,40 2,17 58,74
160 6,21 3,37 2,99 51,84 2,37 61,84 2,10 66,12
170 6,24 3,56 3,04 51,27 2,92 53,16 1,85 70,25
190 6,60 3,76 4,60 30,30 4,28 35,09 3,59 45,61
* dose do produto comercial

Os filtros FT2 e FT3 chegaram a alcançar nível desejado de fósforo no efluente, com
dose Fe+3:P de 2,54, inferior à obtida na etapa de testes de jarros (2,98 Fe+3:P),
103

entretanto este nível não foi mantido nas dosagens superiores. O filtro FT1 somente
foi capaz de produzir efluente com a concentração desejada com dose de 3,73
Fe+3:P, também sem manter este nível nas doses superiores.

As maiores eficiências de remoção ocorreram para uma dosagem de cloreto férrico


de 130 mg/L (71 % para o FT3, 65 % para o FT2 e 69 % para o FT1), ponto em que
ocorreram também os menores níveis de fósforo no efluente (1,42, 1,57 e 1,33
mgP/L para os filtros FT1, FT2 e FT3, respectivamente). Para esta condição, o
tempo de filtração considerado foi de 1h 45 min. (colapso do FT3), e as perdas de
carga totais foram de 100 cm para o FT1, 102 cm para o FT2 e 102 cm para o FT3.

A cinética da remoção de fósforo em função da dosagem de coagulante aplicada foi


estimada através de uma equação diferencial de primeira ordem expressa por

dP
= −k .P (8)
dD

onde:

P = concentração de fósforo remanescente (mg/L)


D = dose de cloreto férrico (mg/L)
k = coeficiente de remoção (mg/L)-1

A integração da equação (8), entre os limites de P = P0 e P = PD, e D = 0 e D = D,


leva a:

PD = P0 .e − k .D (9)

onde

PD = concentração de Ptotal efluente, para uma dose “D” de cloreto férrico aplicada;

P0 = concentração de Ptotal afluente aos filtros;

k = constante;

D = dosagem de cloreto férrico.

Os ajustes da curva teórica dada pela equação (9) aos dados experimentais estão
apresentados nas Figuras 5.19, 5.20 e 5.21.
104

P (FT1) Pteor

10
9
Concentração efluente (m P/L)

8
7
6 R² = 0,4972
5
4
3
2
1
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

dose Fe:P

Figura 5.19 – FT1: dose Fe+3:P x concentração de P efluente

P (FT2) Pteor

10
9
Concentração efluente (m P/L)

8
7
6 R² = 0,5207
5
4
3
2
1
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
dos e Fe:P

Figura 5.20 – FT2: dose Fe+3 :P x concentração de P efluente


105

P (FT3) Pteor

10
9
8
P total efluente (m /L)

7
6 R² = 0,6648
5
4
3
2
1
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
dose Fe:P

Figura 5.21 – FT3: dose Fe+3:P x concentração de P efluente

Em nenhuma das situações a curva teórica apresentou boa correlação com os


dados experimentais. Outros modelos foram testados entretanto, devido à grande
variabilidade dos dados, não se obteve boa correlação com nenhum deles.

Das curvas acima foram obtidos os seguintes valores de “k”:

FT1 ⇒ k = 0,16

FT2 ⇒ k = 0,15

FT3 ⇒ k = 0,22

Os resultados demonstram que, admitindo-se uma relação entre a concentração


efluente e a dose Fe+3:P como descrita na equação (9), para se atingir
concentrações de Ptotal no efluente inferiores a 2 mgP/L, seriam necessárias as
seguintes relações Fe+3:P :
106

FT1 = 5,8 (Fe+3 : P)

FT2 = 5,7 (Fe+3 : P)

FT3 = 4,4 (Fe+3 : P)

Estes valores são bastante superiores aos normalmente encontrados na literatura,


os quais variam entre 1 e 3 (Fe+3:P). Dentre os principais fatores que possivelmente
afetaram desfavoravelmente a remoção de fósforo, pode-se citar um gradiente de
mistura inadequado, impossibilitando uma perfeita desestabilização das partículas, a
presença de sulfetos no efluente dos biofiltros, os quais acabam por reagir com o
ferro adicionado para coagulação, ou a incompatibilidade da taxa de filtração
utilizada e o tamanho dos flocos gerados, devido as altas dosagens de coagulante
aplicadas, provocando rapidamente o arraste de partículas para o efluente dos
filtros.

Os resultados obtidos demonstram que o sistema proposto, associando reatores


UASB, biofiltros aerados submersos e tratamento físico-químico com cloreto férrico
seguido de filtração terciária em leito de areia, apresentou razoável eficiência de
remoção de fósforo com doses superiores a 2,5 (Fe+3 : P) sem, entretanto, alcançar
níveis inferiores a 2 mg/L consistentemente.

5.3.5 Remoção de SST

Para os ensaios realizados sem a adição de cloreto férrico ou com adição de doses
baixas (5 mgCF/L e 10 mgCF/L), sob taxas de filtração de 6, 8 e 10 m³/m².h, quando
o objetivo principal foi a remoção de turbidez, os filtros obtiveram bom desempenho
na remoção de SST, conforme apresentado na Tabela 5.18.
107

Tabela 5.18 – Sólidos suspensos totais (mg/L) sob baixas dosagens de cloreto férrico
Sem coagulante
Taxa de filtração
6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h
(m/h)
Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
Tempo de filtração
12,0 14,0 9,6
considerado (h)
Média 36,1 13,0 6,2 2,5 32,0 12,4 7,4 2,3 28,1 10,2 4,8 1,7
Desvio padrão 11,9 2,6 1,5 1,0 7,1 3,9 1,7 0,9 7,4 2,7 0,7 0,7
Mínimo 18,0 9,0 4,0 1,0 21,0 8,0 5,0 1,0 18,0 6,0 4,0 1,0
Máximo 55,0 17,0 9,0 5,0 48,0 20,0 10,0 4,0 38,0 14,0 6,0 3,0
n 12 11 11 11 15 14 14 13 10 9 9 9
Dose de coagulante: 5 mg/L
Taxa de filtração
6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h
(m/h)
Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
Tempo de filtração
13,7 13,6 7,4
considerado (h)
Média 28,2 9,0 5,5 4,3 30,3 11,0 7,7 3,6 30,8 14,3 9,4 4,7
Desvio padrão 9,8 3,0 2,7 1,9 13,5 4,8 5,7 1,3 4,8 2,7 2,4 1,0
Mínimo 16,0 3,0 2,0 2,0 14,0 4,0 2,0 2,0 24,0 10,0 7,0 3,0
Máximo 55,0 14,0 13,0 8,0 50,0 18,0 17,0 5,0 37,0 17,0 13,0 6,0
n 16 15 15 12 13 12 12 10 8 7 7 7
Dose de coagulante: 10 mg/L
Taxa de filtração
6 m3/m2.h 8 m3/m2.h 10 m3/m2.h
(m/h)
Amostra BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
Tempo de filtração
12,2 8,8 6,5
considerado (h)
Média 21,8 6,2 3,2 2,5 23,1 7,4 4,1 5,1 34,5 11,1 7,9 2,2
Desvio padrão 8,3 4,7 2,0 1,4 7,4 4,0 1,7 2,2 12,4 4,8 8,3 1,2
Mínimo 10,0 1,0 1,0 1,0 12,0 2,0 2,0 1,0 24,0 4,0 2,0 1,0
Máximo 35,0 17,0 9,0 5,0 32,0 14,0 6,0 7,0 57,0 19,0 29,0 4,0
n 15 14 14 12 11 10 10 8 10 9 9 6

Os resultados obtidos demonstram que os filtros foram capazes de produzir


efluentes com qualidade média entre 14,3 mgSST/L (FT1; taxa: 10 m/h; dose: 5
mg/L) e 2,2 mgSST/L (FT3; taxa: 10 m/h; dose: 10 mg/L). Observa-se uma clara
tendência de aumento na eficiência de remoção de SST com o aumento da
espessura do leito filtrante.

A operação dos filtros sem a adição de coagulante apresentou resultados


satisfatórios, com uma concentração média de SST no efluente entre 2 mg/L e 12
mg/L. Os filtros terciários garantiram uma qualidade média do efluente abaixo de 15
mg/L para todas condições testadas, com destaque para o filtro com altura de leito
108

de 1,40 m, onde a concentração média de SST no efluente atingiu, para o pior caso,
5 mg/L.

A seguir, são apresentados os resultados de SST, para os ensaios realizados com


as dosagens maiores de cloreto férrico (20 mg/L e acima), com taxa de filtração de
10 m³/m².h, quando o objetivo principal foi a remoção de fósforo. Os resultados são
mostrados na Tabela 5.19 e representados na Figura 5.22 (para o FT1), para as
diversas dosagens de coagulante testadas, considerando-se o tempo de colapso do
FT1 (alcance da perda de carga limite).

Tabela 5.19 – Sólidos suspensos totais sob dosagens de cloreto férrico maiores

Dose de cloreto SST (mg/L)


férrico (mg/L) *
BF FT1 FT2 FT3
20 23 16 10 25
30 28 18 38 32
40 30 59 48 42
50 37 55 56 34
60 36 53 43 47
70 49 64 54 29
80 18 49 49 39
90 10 29 30 23
100 46 52 44 34
110 44 82 97 89
130 37 57 40 61
140 37 84 42 70
160 52 118 102 100
180 57 83 97 119
* Dose do produto comercial
109

FT1

130
120

SST efluente (mg/L)


110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Dose de cloreto férrico (mg/L)

Figura 5.22 – FT1: Sólidos suspensos totais versus dose de


cloreto férrico

O mesmo comportamento observado para o filtro FT1, ocorreu para os demais


filtros, os quais apresentaram uma tendência de acréscimo da concentração de SST
no efluente com o aumento da dose de cloreto férrico, principalmente sob as
dosagens acima de 30 mg/L, apresentando quase sempre uma concentração
efluente superior à afluente.

Isto possivelmente ocorreu devido à formação de flocos grandes e de baixa


resistência com a adição do cloreto férrico, favorecendo o arraste de partículas para
o efluente com o aumento da velocidade intersticial do fluido, devido à restrição da
passagem pelas impurezas retidas. Estas impurezas, por sua vez, são compostas de
partículas de alta densidade, pois estão associadas aos íons Fe+3 adicionados para
coagulação, fazendo com que a determinação da concentração de SST, por se tratar
de um método gravimétrico, resultasse em valores elevados.
110

5.3.6 Remoção de DQO

A eficiência dos filtros na remoção de DQO foi avaliada somente na segunda etapa
dos ensaios em escala piloto, quando foi realizada filtração sob a taxa de 10
m³/m².h, com adição de diversas dosagens de cloreto férrico, objetivando
principalmente a remoção de fósforo. Os resultados obtidos, relativos ao tempo T1,
são apresentados na Tabela 5.20.

Tabela 5.20 – Valores de DQO nos ensaios com doses de CF maiores

Dose de DQO (mg/L)


cloreto
férrico
(mg/L) * BF FT1 FT2 FT3
conc. conc. % rem. conc. % rem. conc. % rem.
20 88 58 34,1 60 31,8 50 43,2
30 55 38 30,9 37 32,7 15 72,7
40 88 63 28,4 55 37,5 48 45,5
50 57 37 35,1 42 26,3 52 8,8
60 64 52 18,8 42 34,4 25 60,9
70 59 44 25,4 44 25,4 37 37,3
80 40 40 0,0 32 20,0 35 12,5
100 36 52 -44,4 38 -5,6 33 8,3
110 48 38 20,8 36 25,0 14 70,8
120 38 29 23,7 29 23,7 19 50,0
160 41 31 24,4 31 24,4 21 48,8
190 45 41 8,9 31 31,1 19 57,8
* Dose do produto comercial

Foram obtidas concentrações de DQO no efluente variando entre 10 e 63 mg/L,


sendo que os melhores resultados, em geral, foram obtidos com o filtro FT3. Os
resultados indicaram boa correlação entre a DQO efluente e a dosagem de
coagulante, conforme apresentado na Figura 5.23 (para o FT2).
111

FT2

70

DQO efluente (mg/L)


60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200

Dose de coagulante (mg/L)

Figura 5.23 – DQO efluente versus dose de cloreto


férrico aplicada

O gráfico da Figura 5.19 demonstra uma redução na concentração de DQO no


efluente com o aumento da dosagem de coagulante, entretanto constata-se que
durante a execução dos ensaios com as dosagens superiores a 70 mg/L, a DQO
afluente foi menor. A Figura 5.24 demonstra (para o filtro FT2) o gráfico de DQO
afluente X DQO efluente, o qual apresentou uma boa correlação para os três filtros.

FT2

70
DQO efluente (mg/L)

60

50

40

30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

DQO afluente (mg/L)

Figura 5.24 – DQO afluente versus efluente para o FT2


112

Os resultados demonstram que foi possível obter-se uma remoção adicional de DQO
do efluente através do sistema proposto. Não houve boa correlação entre a
concentração de DQO e a de SST de entrada, conforme apresentado na Figura
5.25, o mesmo ocorrendo para o efluente dos filtros (Figura 5.26).

BF

100

90

80
DQO afluente (mg/L)

70

60

50

40

30

20
10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

SST afluente (mg/L)

Figura 5.25 – DQO afluente versus SST afluente

FT2
70
DQO efluente (mg/L)

60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

SST efluente (mg/L)

Figura 5.26 – DQO efluente versus SST efluente para o FT2


113

5.3.7 Estimativa da produção de lodo

A partir do protocolo de lavagem estabelecido para os filtros conforme descrito no


item 4.4.1, a produção de lodo de lavagem foi estimada. A Tabela 5.21 apresenta as
características do lodo de lavagem para cada um dos filtros, considerando-se um
tempo total de lavagem de 10 minutos, para a filtração sem adição de cloreto férrico.

Para o cálculo da concentração de sólidos no lodo, foi considerado um efluente dos


biofiltros com concentração média de SST de 27 mg/L e a eficiência média real de
remoção (considerada constante) obtida para cada um dos filtros, sob cada taxa de
filtração.

Tabela 5.21 – Características do lodo de lavagem dos filtros (filtração sem coagulante)

Tempo % lodo em relação ao


Taxa de Volume de lodo de Concentração
de volume de efluente
Filtro filtração lavagem produzido de sólidos no
filtração produzido durante a
(m³/m².h) (m³) lodo (g/m³)
(h) corrida
6 15 4,6 343
FT1 8 18 2,9 587
10 13 3,2 505
6 15 4,6 466
FT2 8 18 0,131 2,9 718
10 13 3,2 682
6 16 4,3 572
FT3 8 18 2,7 915
10 14 2,8 913

A análise da tabela acima permite verificar que há uma tendência de maior consumo
de água de lavagem quanto menor a espessura do leito filtrante, ocasionado,
principalmente, pelos tempos de filtração mais elevados proporcionados pelo filtro
FT3, quando comparado aos demais.
114

6 CONCLUSÕES

Do presente trabalho pode-se concluir que:

1. Todos os quatro produtos químicos avaliados demonstraram, em ensaios de


teste de jarros, boa aptidão na remoção de turbidez do efluente de sistema UASB
+ BFs, com destaque para os produtos à base de alumínio. Na remoção de
fósforo, somente o coagulante orgânico (TANFLOC) não foi eficiente. O cloreto
férrico apresentou menores índices de produção de lodo que os produtos à base
de alumínio, considerando uma remoção de SST equivalente;

2. Sulfato de alumínio foi o coagulante que apresentou maior eficiência na remoção


de coliformes termotolerantes, sem entretanto alcançar níveis inferiores a 10³
NMP/100mL. Os demais produtos não foram capazes de promover uma remoção
significativa de coliformes termotolerantes.

3. A remoção de turbidez do efluente produzido pelo sistema UASB + BFs através


de filtração rápida descendente em escala piloto, mostrou-se eficiente, com
produção de efluentes abaixo de 5 UNT em todos os filtros, mesmo com
aplicação de taxas de filtração mais elevadas, da ordem de 10 m³/m².h.

4. A turbidez do efluente, na filtração com adição prévia de cloreto férrico em


dosagens de 5 e 10 mg/L, não foi significativamente afetada, continuando a
produzir efluentes com turbidez inferior a 5 UNT, com exceção do FT1, que
produziu efluentes com turbidez entre 5 e 7 UNT.

5. Na filtração sem adição de cloreto férrico, as maiores durações de corrida


estimadas foram alcançadas quando utilizada taxa de filtração de 8 m³/m².h,
possivelmente por essa taxa promover uma melhor distribuição dos sólidos
retidos no leito. Os tempos previstos para alcançar um incremento de perda de
carga de 2 metros, nessas condições, foram de aproximadamente 18 horas para
os três filtros. A adição de cloreto em dosagens de 5 e 10 mg/L ocasionou uma
redução na duração prevista das corridas de filtração, com efeitos mais
significativos para a taxa de 10 m³/m².h.

6. As estocagens relativas de sólidos estimadas com base no modelo proposto por


Tchobanoglous (1991) variaram entre 2,0 kgSST/m³ leito e 6,4 kgSST/m³ leito,
115

sendo que os maiores valores foram obtidos com os filtros de menor espessura
de leito, indicando uma retenção de sólidos nas camadas superficiais do filtro.

7. A adição de cloreto férrico em dosagens maiores (20 mg/L e acima), sob taxa de
10 m³/m².h, para remoção de fósforo, causou efeitos indesejáveis na turbidez e
concentração de SST do filtrado, bem como significativas reduções nas durações
das corridas de filtração. De acordo com a curva teórica ajustada aos dados
experimentais, para alcançar uma concentração de fósforo total no efluente
abaixo de 2 mg/L, seriam necessárias doses Fe+3:P de 5,8, 5,7 e 4,4, para os
filtros FT1, FT2 e FT3, respectivamente. Estes valores são muito superiores aos
normalmente encontrados na literatura, que são entre 1 e 3 (Fe+3:P).

8. Os estudos para estabelecimento do protocolo de lavagem indicaram uma


completa limpeza dos filtros, utilizando lavagem com ar e efluente filtrado,
simultaneamente, durante 8 minutos, seguidos de 2 minutos de lavagem com
efluente apenas, em fluxo ascendente. As taxas para lavagem foram de 25
m³/m².h para o efluente filtrado e de 200 m³/m².h para o ar.

9. A partir do protocolo de lavagem estabelecido foi estimada a produção de lodo,


com base na eficiência média de remoção de sólidos dos filtros e na duração de
corrida prevista, para a filtração sem adição de cloreto férrico. O percentual de
efluente consumido para lavagem e o volume produzido durante a corrida de
filtração variou entre 2,8 e 4,6 %, estando de acordo com o recomendado na
literatura (abaixo de 5 %). A concentração prevista de sólidos no lodo variou
entre 343 e 915 g/m³.
116

7 RECOMENDAÇÕES

Como recomendações, pode-se citar:

1. Avaliar em pesquisas futuras os efeitos da recirculação do lodo de lavagem dos


filtros para dentro do reator UASB, quando utilizando filtração precedida de
adição de cloreto férrico;

2. Avaliar a filtração terciária precedida de adição de coagulante, com outras


configurações de leito filtrante como, por exemplo, uma camada de antracito
sobre uma camada de areia;

3. Estudar a aplicação de outros produtos na precipitação química prévia à filtração


como, por exemplo, sulfato de alumínio, cloreto de polialumínio, ou a associação
de um coagulante primário e um polímero;

4. Estudar diferentes condições de mistura do coagulante, avaliando os efeitos do


gradiente de mistura na eficiência do sistema;

5. Avaliar a composição do lodo gerado em relação ao teor real de sólidos,


concentração de metais, etc.
117

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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120

ANEXOS
121

ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros


ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

Fósforo Total
Dose Data da Campanha Desvio
amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) 22/04/02 08/05/02 Padrão
BF 0 5,42 6,15 5,79 0,52 5,42 6,15 2
40 7,44 6,40 6,92 0,73 6,40 7,44 2
50 7,39 6,48 6,94 0,64 6,48 7,39 2
60 7,38 6,40 6,89 0,69 6,40 7,38 2
TANFLOC
70 7,69 6,51 7,10 0,84 6,51 7,69 2
80 7,25 6,54 6,89 0,51 6,54 7,25 2
90 9,02 6,27 7,64 1,94 6,27 9,02 2
53 4,26 3,73 4,00 0,37 3,73 4,26 2
79 3,26 2,99 3,12 0,19 2,99 3,26 2
CLORETO 105 2,00 2,20 2,10 0,14 2,00 2,20 2
FÉRRICO 132 1,17 1,21 1,19 0,03 1,17 1,21 2
158 0,77 0,55 0,66 0,16 0,55 0,77 2
184 0,43 0,52 0,48 0,06 0,43 0,52 2
43 5,94 5,02 5,48 0,65 5,02 5,94 2
65 5,49 4,03 4,76 1,03 4,03 5,49 2
TE 87 4,88 3,44 4,16 1,02 3,44 4,88 2
HYPERPLUS 109 3,80 2,64 3,22 0,82 2,64 3,80 2
130 3,78 1,92 2,85 1,32 1,92 3,78 2
174 2,05 1,09 1,57 0,67 1,09 2,05 2
133 3,20 1,71 2,45 1,05 1,71 3,20 2
200 1,53 0,60 1,07 0,66 0,60 1,53 2
SULFATO DE 267 0,77 0,31 0,54 0,33 0,31 0,77 2
ALUMÍNIO 333 0,32 0,23 0,27 0,06 0,23 0,32 2
400 0,16 0,13 0,15 0,02 0,13 0,16 2
533 0,16 0,13 0,15 0,02 0,13 0,16 2

122
ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

DQO TOTAL

Dose Data da Campanha Desvio


Amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) padrão
19/03/02 26/03/02 09/04/02 16/04/02 22/04/02 01/05/02 08/05/02
BF 0 51,64 57,64 66,16 89,06 63,62 55,98 76,88 65,85 13,12 51,64 89,06 7
40 39,63 31,22 40,71 48,35 55,98 30,54 69,44 45,12 14,00 30,54 69,44 7
50 38,43 36,03 25,45 40,71 58,53 30,54 71,92 43,08 16,41 25,45 71,92 7
60 43,23 34,82 30,54 35,62 50,89 22,90 74,40 41,77 16,92 22,90 74,40 7
TANFLOC
70 38,43 45,63 27,99 53,44 50,89 20,36 74,40 44,45 17,83 20,36 74,40 7
80 42,03 37,23 33,08 22,90 48,35 22,90 49,60 36,58 10,99 22,90 49,60 7
90 43,23 43,23 30,54 48,35 22,90 47,12 39,23 10,19 22,90 48,35 6
53 37,23 36,03 40,71 33,08 48,35 43,26 52,08 41,53 6,85 33,08 52,08 7
79 42,03 28,82 38,17 35,62 48,35 38,17 52,08 40,46 7,84 28,82 52,08 7
CLORETO
105 43,23 30,02 38,17 53,44 50,89 38,17 62,00 45,13 10,92 30,02 62,00 7
FÉRRICO
(FeCl3) 132 40,83 30,02 33,08 35,62 43,26 38,17 49,60 38,65 6,59 30,02 49,60 7
158 39,63 38,43 30,54 43,26 45,80 33,08 44,64 39,34 5,81 30,54 45,80 7
184 40,83 28,82 30,54 38,17 48,35 25,45 52,08 37,75 10,09 25,45 52,08 7
43 28,82 51,64 25,45 38,17 38,17 17,81 66,96 38,14 16,70 17,81 66,96 7
65 22,82 49,23 27,99 33,08 33,08 15,27 64,48 35,14 16,66 15,27 64,48 7
PANFLOC 87 30,02 37,23 25,45 40,71 38,17 17,81 52,08 34,50 11,17 17,81 52,08 7
(Al2O3) 109 24,02 39,63 22,90 33,08 35,62 17,81 57,04 32,87 13,18 17,81 57,04 7
130 25,22 39,63 22,90 30,54 40,71 12,72 54,56 32,33 13,81 12,72 54,56 7
174 25,22 33,62 30,54 40,71 15,27 62,00 34,56 15,92 15,27 62,00 6
133 36,03 31,22 35,62 40,71 48,35 27,99 32,24 36,02 6,78 27,99 48,35 7
SULFATO 200 31,22 28,82 33,08 40,71 45,80 17,81 34,72 33,17 8,92 17,81 45,80 7
DE 267 31,22 28,82 33,08 30,54 48,35 17,81 37,20 32,43 9,20 17,81 48,35 7
ALUMÍNIO 333 30,02 27,62 25,45 35,62 43,26 20,36 39,68 31,72 8,16 20,36 43,26 7
(Al2O3) 400 27,62 33,62 25,45 30,54 45,80 20,36 39,68 31,87 8,68 20,36 45,80 7
533 24,02 32,42 25,45 38,17 45,80 15,27 34,72 30,84 10,11 15,27 45,80 7

123
ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

TURBIDEZ

Dose Data da Campanha Desvio


Amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) 19/03/02 01/05/02 08/05/02 padrão
BF 0 7,72 24,40 7,50 13,21 9,69 7,50 24,40 3
40 2,29 4,90 3,50 3,56 1,31 2,29 4,90 3
50 1,14 2,90 2,61 2,22 0,94 1,14 2,90 3
60 0,64 2,10 2,63 1,79 1,03 0,64 2,63 3
TANFLOC
70 0,44 1,90 2,21 1,52 0,95 0,44 2,21 3
80 0,31 1,30 1,37 0,99 0,59 0,31 1,37 3
90 0,36 0,98 1,80 1,05 0,72 0,36 1,80 3
53 2,80 11,30 3,13 5,74 4,82 2,80 11,30 3
79 2,16 9,80 2,73 4,90 4,26 2,16 9,80 3
CLORETO 105 1,85 9,80 3,12 4,92 4,27 1,85 9,80 3
FÉRRICO 132 2,19 7,40 2,81 4,13 2,85 2,19 7,40 3
158 1,40 6,30 2,31 3,34 2,61 1,40 6,30 3
184 0,75 5,00 2,40 2,72 2,14 0,75 5,00 3
43 0,99 1,38 1,05 1,14 0,21 0,99 1,38 3
65 0,13 0,30 0,75 0,39 0,32 0,13 0,75 3
87 0,01 1,18 0,54 0,58 0,59 0,01 1,18 3
TE HYPERPLUS
109 0,01 0,22 0,32 0,18 0,16 0,01 0,32 3
130 0,01 0,25 0,20 0,15 0,13 0,01 0,25 3
174 0,01 0,10 0,18 0,10 0,09 0,01 0,18 3
133 2,53 6,41 1,95 3,63 2,42 1,95 6,41 3
200 0,84 1,51 1,09 1,15 0,34 0,84 1,51 3
SULFATO DE 267 0,13 1,08 1,45 0,89 0,68 0,13 1,45 3
ALUMÍNIO 333 0,25 0,93 0,80 0,66 0,36 0,25 0,93 3
400 0,15 0,64 0,62 0,47 0,28 0,15 0,64 3
533 0,15 0,90 0,82 0,62 0,41 0,15 0,90 3

124
ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

SST
Dose Data da Campanha Desvio
Amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) 19/03/02 26/03/02 09/04/02 16/04/02 22/04/02 01/05/02 08/05/02 padrão
BF 0 14,00 26,00 27,20 20,00 12,40 35,20 16,00 21,54 8,29 12,40 35,20 7
40 5,00 10,00 11,20 13,20 13,60 10,00 11,60 10,66 2,86 5,00 13,60 7
50 0,89 8,00 7,60 8,80 15,38 9,60 11,20 8,78 4,37 0,89 15,38 7
60 0,60 4,80 6,00 10,80 8,72 5,60 10,00 6,65 3,52 0,60 10,80 7
TANFLOC
70 0,20 6,40 8,40 9,60 11,60 3,20 8,40 6,83 3,93 0,20 11,60 7
80 1,00 9,60 8,40 9,60 8,80 6,80 5,60 7,11 3,07 1,00 9,60 7
90 2,94 7,60 13,20 10,40 9,60 8,00 8,62 3,43 2,94 13,20 6
53 5,40 20,00 9,20 14,00 7,20 14,80 12,80 11,91 5,01 5,40 20,00 7
79 1,20 12,40 16,00 13,20 5,20 20,00 14,80 11,83 6,48 1,20 20,00 7
CLORETO 105 1,60 15,60 8,00 12,00 3,60 14,00 8,00 8,97 5,22 1,60 15,60 7
FÉRRICO 132 3,20 18,80 11,20 14,40 5,60 10,80 14,40 11,20 5,38 3,20 18,80 7
158 1,50 15,20 8,00 6,40 6,00 13,60 12,00 8,96 4,86 1,50 15,20 7
184 2,00 13,60 8,00 10,40 4,40 9,60 11,20 8,46 4,03 2,00 13,60 7
43 0,25 11,60 9,20 10,80 9,60 7,20 8,80 8,21 3,78 0,25 11,60 7
65 1,25 12,80 6,80 8,80 6,40 26,80 6,40 9,89 8,21 1,25 26,80 7
TE 87 1,00 8,00 8,80 6,00 8,40 4,40 8,40 6,43 2,88 1,00 8,80 7
HYPERPLUS 109 2,00 8,40 8,00 7,60 4,80 6,40 8,00 6,46 2,33 2,00 8,40 7
130 0,40 4,40 8,80 6,80 9,60 5,20 7,60 6,11 3,12 0,40 9,60 7
174 1,20 5,20 6,40 4,40 1,60 4,00 3,80 2,04 1,20 6,40 6
133 4,20 14,40 9,20 18,40 12,00 13,60 12,40 12,03 4,44 4,20 18,40 7
200 1,00 12,80 12,40 6,80 6,40 0,80 11,60 7,40 5,13 0,80 12,80 7
SULFATO DE 267 1,60 12,00 10,40 5,60 10,00 6,00 9,20 7,83 3,60 1,60 12,00 7
ALUMÍNIO 333 0,20 8,00 4,80 12,40 7,60 3,60 10,40 6,71 4,17 0,20 12,40 7
400 3,00 11,20 4,80 9,20 6,00 2,40 10,00 6,66 3,50 2,40 11,20 7
533 3,60 8,80 8,80 3,60 6,00 6,00 10,40 6,74 2,67 3,60 10,40 7

125
ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

Coliformes Termotolerantes
Dose Data da Campanha
Amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) 19/03/02 26/03/02 09/04/02 16/04/02 22/04/02
BF 0 7,00E+05 1,70E+07 1,70E+06 1,30E+05 3,00E+05 9,54E+05 1,30E+05 1,70E+07 5
40 5,00E+05 9,00E+05 2,40E+05 3,00E+04 8,00E+05 3,04E+05 3,00E+04 9,00E+05 5
50 1,10E+05 1,60E+06 5,00E+05 1,30E+05 1,70E+05 2,87E+05 1,10E+05 1,60E+06 5
60 8,00E+04 5,00E+05 2,40E+05 1,70E+05 1,30E+05 1,84E+05 8,00E+04 5,00E+05 5
TANFLOC
70 2,00E+04 1,70E+05 2,30E+04 8,00E+05 1,10E+05 9,28E+04 2,00E+04 8,00E+05 5
80 2.00E+04 2,40E+05 3,00E+04 3,50E+05 1,30E+05 1,35E+05 3,00E+04 3,50E+05 5
90 2.00E+04 1,70E+05 3,50E+05 9,00E+04 1,75E+05 9,00E+04 3,50E+05 4
53 2.00E+04 1,60E+06 3,00E+05 1,30E+07 3,00E+05 1,17E+06 3,00E+05 1,30E+07 5
79 3,00E+05 1,60E+06 5,00E+05 5,00E+06 1,10E+05 6,67E+05 1,10E+05 5,00E+06 5
CLORETO 105 2.00E+04 9,00E+05 8,00E+04 8,00E+04 1,70E+05 1,77E+05 8,00E+04 9,00E+05 5
FÉRRICO 132 2,20E+05 1,60E+06 1,10E+06 8,00E+04 8,00E+04 3,01E+05 8,00E+04 1,60E+06 5
158 3,00E+05 1,60E+06 2,30E+05 8,00E+03 2,20E+05 1,81E+05 8,00E+03 1,60E+06 5
184 2.00E+04 1,60E+06 2,30E+05 <2,00E+03 1,70E+05 3,97E+05 1,70E+05 1,60E+06 5
43 2.00E+04 9,00E+05 5,00E+04 9,00E+05 1,30E+05 2,69E+05 5,00E+04 9,00E+05 5
65 2.00E+04 3,00E+04 1,70E+04 8,00E+04 7,00E+04 4,11E+04 1,70E+04 8,00E+04 5
87 2.00E+04 3,00E+04 1,70E+04 8,00E+04 5,00E+04 3,78E+04 1,70E+04 8,00E+04 5
TE HYPERPLUS
109 2.00E+04 5,00E+04 1,10E+04 2,30E+04 5,00E+04 2,82E+04 1,10E+04 5,00E+04 5
130 2.00E+04 7,00E+04 5,00E+03 7,00E+03 1,70E+04 1,43E+04 5,00E+03 7,00E+04 5
174 2.00E+04 5,00E+04 1,30E+04 2,30E+03 1,14E+04 2,30E+03 5,00E+04 4
133 3,00E+05 1,60E+06 3,00E+05 3,50E+05 2,30E+04 2,59E+05 2,30E+04 1,60E+06 5
200 4,00E+04 1,10E+05 2,40E+05 1,10E+04 3,00E+04 5,11E+04 1,10E+04 2,40E+05 5
SULFATO DE 267 2.00E+04 5,00E+04 5,00E+04 2,30E+04 2,20E+04 3,35E+04 2,20E+04 5,00E+04 5
ALUMÍNIO 333 2.00E+04 2,30E+03 1,70E+04 9,00E+03 7,00E+03 7,04E+03 2,30E+03 1,70E+04 5
400 2.00E+04 4,00E+02 1,30E+04 8,00E+03 3,00E+03 3,34E+03 4,00E+02 1,30E+04 5
533 2.00E+04 8,00E+03 3,00E+03 3,00E+03 5,00E+03 4,36E+03 3,00E+03 8,00E+03 5

126
ANEXO A – Resultados dos ensaios de teste de jarros

ÍNDICE VOLUMÉTRICO DE LODO (IVL)


Dose Data da Campanha Desvio
Amostra Média Mínimo Máximo n
(mg/L) 19/03/02 26/03/02 09/04/02 16/04/02 22/04/02 01/05/02 08/05/02 padrão
40 8,82 3,17 3,08 3,72 3,81 4,26 4,48 2,17 3,08 8,82 6
50 8,79 5,04 5,95 5,93 6,68 7,73 6,69 1,37 5,04 8,79 6
60 12,16 6,52 8,26 6,17 5,49 9,04 7,94 2,46 5,49 12,16 6
TANFLOC
70 12,58 7,03 11,90 6,68 9,14 13,82 10,19 3,01 6,68 13,82 6
80 13,43 7,64 14,33 7,72 8,56 16,52 11,37 3,86 7,64 16,52 6
90 13,82 9,66 7,05 4,83 11,71 15,08 10,36 3,95 4,83 15,08 6
53 11,69 2,90 9,91 5,65 5,47 7,63 10,74 7,71 3,22 2,90 11,69 7
79 14,74 6,82 13,81 8,96 5,98 12,92 14,14 11,05 3,70 5,98 14,74 7
CLORETO 105 20,19 10,47 18,07 1,17 13,14 10,06 15,39 12,64 6,29 1,17 20,19 7
FÉRRICO 132 15,34 9,33 22,28 12,56 16,35 14,90 18,43 15,60 4,13 9,33 22,28 7
158 17,29 11,71 21,04 10,99 14,35 17,57 23,05 16,57 4,53 10,99 23,05 7
184 13,45 10,02 27,04 12,21 15,69 19,88 16,38 6,21 10,02 27,04 6
43 25,34 16,50 14,18 18,01 25,19 13,57 23,14 19,42 5,07 13,57 25,34 7
65 36,44 24,01 27,34 27,59 32,94 18,29 34,59 28,74 6,40 18,29 36,44 7
TE 87 37,69 32,76 32,80 38,35 53,00 20,99 35,78 35,91 9,52 20,99 53,00 7
HYPERPLUS 109 38,15 40,92 41,13 36,42 44,82 34,34 39,83 39,37 3,44 34,34 44,82 7
130 40,77 44,84 38,76 52,52 47,38 40,76 57,52 46,08 6,90 38,76 57,52 7
174 51,75 68,03 65,17 59,27 46,77 68,84 59,97 9,09 46,77 68,84 6
133 10,03 9,03 7,96 4,74 10,75 9,30 20,05 10,27 4,73 4,74 20,05 7
200 19,82 1,81 10,39 14,16 17,44 18,99 29,43 16,01 8,58 1,81 29,43 7
SULFATO
267 23,37 18,16 16,24 11,42 17,34 19,39 27,34 19,04 5,12 11,42 27,34 7
DE
ALUMÍNIO 333 17,98 21,64 26,80 14,36 24,23 28,10 36,16 24,18 7,15 14,36 36,16 7
400 26,13 23,47 21,85 21,03 31,42 33,72 42,72 28,62 7,84 21,03 42,72 7
533 36,88 27,95 32,38 23,13 40,21 33,96 38,43 33,28 6,06 23,13 40,21 7

127
128

ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto


com baixas doses de coagulante
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

05/12/2002 - 6 m3/m2.h - sem coagulante

Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)


filtração (h)
FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 26,8 51
1,0 10,5 15,0 20,0 30,4 5,75 4,6 4,1 42 13 5 5
2,0 12 19,0 21,0 28,1 6,4 4,5 4,7 41 13 8 3
3,0 16,8 20,5 24,7 27 6,4 4,8 4,3 47 16 6 2
4,0 19,7 24,8 27,2 28,1 5,9 4,7 4,2 38 9 5 3
5,0 26,4 32,2 35,3 26,9 6,0 4,2 3,9 32 12 6 2
6,0 33,5 39,7 40,2 30,2 6,4 5,3 4,3 23 10 4 1
7,0 34,0 39,0 38,5 72,8 8,13 7,4 7,2 18 12 5 2
8,0 58,5 67,6 64,5 27,8 8,4 5,0 4,7 25 11 6 2
9,0 71,0 84,0 79,5 48,3 6,3 4,8 4,5 55 14 6 2
10,0 18,7 6,1 3,3 3,0 24 16 9 3
12,0 100,0 116,0 102,0 23,6 7,42 5,1 4,4 37 17 8 2

Média 32,4 6,6 4,9 4,5 36,1 13,0 6,2 2,5

Desvio padrão 14,5 0,9 1,0 1,0 11,9 2,6 1,5 1,0
Mínimo 18,7 5,8 3,3 3,0 18,0 9,0 4,0 1,0
Máximo 72,8 8,4 7,4 7,2 55,0 17,0 9,0 5,0
n 12 11 11 11 12 11 11 11

129
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

03/12/2002 - 8 m3/m2.h - sem coagulante

Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)


filtração (h)
FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 23 27
1,0 12 18,5 24,0 28 10 7,4 6,7 48 20 6 2
2,0 16,0 22,0 25,0 12,5 5,7 4,3 4,0 32 11 9 2
3,0 19,3 23,2 26,0 13 4,7 4,1 3,6 37 13 9 3
4,0 21,0 26,0 27,0 11,1 3,8 3,1 2,9 41 18 10 2
5,0 26,5 29,0 29,6 12,1 3,8 3,2 2,9 37 18 9 4
6,0 30,2 34,0 33,3 10,8 4,4 3,8 3,5 26 11 7 2
7,0 33,0 35,2 33,0 35,9 7,8 7,3 7,2 30 13 5 1
8,0 43,0 46,0 42,0 11,9 4,3 3,2 3,1 36 8 8 4
9,0 47,5 53,0 48,5 14,2 4,6 2,9 2,7 29 8 5 2
10,0 58,0 66,0 59,0 11,6 4,2 2,9 2,7 35 9 5 1
11,0 64,0 71,3 62,0 11,7 4,6 2,7 2,5 21 10 6 2
12,7 91,5 99,0 83,0 17,3 4,7 3,1 2,8 29 12 7 3
13,0 97,0 105,0 92,0 13,1 4,5 3,1 2,8 28 9 9 2
14,0 108,0 117,0 103,0 13,9 4,7 3,2 2,5 24 14 8
15,0 115,0 133,0 23,1 5,4 3,8 38 10 5
16,0 134,5 143,0 36 9 8
Média 16,5 5,1 3,9 3,6 32,6 12,1 7,2 2,3
Desvio padrão 7,3 1,7 1,5 1,5 6,8 3,7 1,7 0,9
Mínimo 10,8 3,8 2,7 2,5 21,0 8,0 5,0 1,0
Máximo 35,9 10,0 7,4 7,2 48,0 20,0 10,0 4,0
n 16 15 15 14 17 16 16 13

130
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

26/11/2002 - 10 m3/m2.h - sem coagulante

Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)


filtração (h)
FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 22,9 37
1,0 25,7 36,3 37,4 26,2 11,5 9,3 6,2 22 8 5 2
2,0 29,3 33,7 36,8 14,8 4,2 3,2 2,9 38 6 5 2
3,0 37,0 44,5 37,5 12,6 4,1 3,1 2,6 30 10 6 1
4,0 43,7 52,5 47,5 12,8 4,0 2,9 2,5 31 13 5 3
5,0 40,0 48,0 37,0 10,42 3,0 2,5 2,3 20 12 4 1
6,0 68,0 72,0 66,0 11 3,4 2,5 1,9 29 9 5 2
7,0 74,3 76,0 74,0 22,5 5,8 3,9 3,6 35 12 4 2
8,0 88,0 94,0 81,0 14,7 4,2 3,1 2,7 18 14 4 1
9,0 100,0 106,3 92,0 12,1 4,0 3,0 2,8 21 8 5 1
9,6 105 113 102,0 14,7 4,2 3,1 2,7
10,0 110,0 121,5 14,9 4,4 3,1 22 8 5
Média 15,8 4,8 3,6 3,0 27,5 10,0 4,8 1,7
Desvio padrão 5,2 2,3 1,9 1,2 7,3 2,6 0,6 0,7
Mínimo 10,4 3,0 2,5 1,9 18,0 6,0 4,0 1,0
Máximo 26,2 11,5 9,3 6,2 38,0 14,0 6,0 3,0
n 12 11 11 10 11 10 10 9

131
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

05/11/2002 - 6 m3/m2.h - 5 mgCF/L


Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)
filtração (h) FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 34,6 32
1,0 16,0 17,5 20,0 34,3 8,8 6,9 6,4 33 3 7 5
2,0 18,7 19,8 21,2 37,4 9,0 7,3 6,9 16 13 7 3
3,0 22,7 22,0 23,3 38,9 9,2 7,0 6,6 16 12 3 3
4,0 27,3 24,8 25,4 38,7 9,2 7,0 6,4 17 8 2 8
5,0 34,0 31,0 30,2 36,2 7,0 5,6 5,5 20 9 2 8
6,0 45,0 41,5 38,5 44,4 9,2 7,3 6,9 32 8 4 4
7,0 52,5 47,0 43,0 53,2 15,6 9,7 8,8 25 9 6 2
8,0 59,8 54,2 50,0 68,3 18,6 12,7 10,9 27 7 6 3
9,0 76,5 68,5 62,4 73,4 19,1 14,3 13 32 6 5 3
10,0 82,0 74,4 72,1 77,6 24,1 13,6 16,7 27 8 5 5
12,3 112,5 101,5 94,0 54 20,0 15,2 13,5 22 13 5 4
13,0 114,5 101,5 97,0 58,6 30,5 17,7 16,4 26 7 8 4
13,7 123,0 108,0 102,0
14,0 129,5 120,0 75,2 21,1 21,6 38 7 6
15,0 143 131,0 66,3 27,2 21,2 33 11 4
16,0 150,0 137,5 75,2 30 23 55 14 13
Média 54,1 17,2 12,7 9,8 28,2 9,0 5,5 4,3
Desvio padrão 16,6 8,3 6,0 4,1 9,8 3,0 2,7 1,9
Mínimo 34,3 7,0 5,6 5,5 16,0 3,0 2,0 2,0
Máximo 77,6 30,5 23,0 16,7 55,0 14,0 13,0 8,0
n 16 15 15 12 16 15 15 12

132
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

07/11/2002 - 8 m3/m2.h - 5 mgCF/L

Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)


filtração (h)
FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 21,6 14
1,0 16,8 22,9 26,6 19 6,53 5,0 4,6 22 8 2 3
2,0 19,0 27,4 29,3 21,4 6,3 4,8 4,3 24 9 4 3
5,0 23,5 30,3 29,5 13,1 4,9 3,8 3,3 18 4 2 2
6,0 32,0 38,0 35,0 16 5,0 4,1 3,3 15 5 2 2
7,0 36,5 44,0 40,0 15,1 4,9 3,5 3,3 14 5 3 5
8,0 45,3 52,5 48,2 23,3 7,3 4,5 3,8 32 11 11 2
9,0 53,7 62,0 57,0 23,9 6,3 4,8 4,0 30 15 3 4
10,0 64,0 71,5 65,2 31,7 7,8 5,4 5,0 42 12 11 5
12,0 82 92 86 22,9 7,2 5,7 5,5 40 14 10 5
13,0 93,0 104,0 98,0 25,7 8,5 5,9 43 15 11,45 4,82
13,6 100,0 112,0 102,0
14,4 107,0 122,0
15,0 111,5 127,0 29,7 9,8 8,1 50 18 17
16,0 125,0 143,0 38,3 14,4 12,4 50 16 16
Média 23,2 7,4 5,7 4,1 30,3 11,0 7,7 3,6
Desvio padrão 7,0 2,7 2,4 0,8 13,5 4,8 5,7 1,3
Mínimo 13,1 4,9 3,5 3,3 14,0 4,0 2,0 2,0
Máximo 38,3 14,4 12,4 5,5 50,0 18,0 17,0 5,0
n 13 12 12 9 13 12 12 10

133
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

12/11/2002 - 10 m3/m2.h - 5 mgCF/L


Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)
filtração (h) FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 21,6 28
1,0 20,0 28,0 31,5 21,2 7,43 5,8 4,9 33 15 12 6
2,0 22,7 32,8 35,6 25,9 6,9 5,9 4,7 34 16 13 5
3,0 34,0 47,8 49,3 22,6 7,5 5,7 4,5 27 17 10 5
4,0 51,0 62,0 59,5 22,2 6,9 4,6 3,9 36 11 7 3
5,0 59,5 73,0 70,5 18 6,9 4,8 4,0 37 15 8 5
6,0 73,5 86,5 86,0 16,4 5,8 4,3 3,8 24 16 7 5
7,0 81,0 96,0 93,0 16,5 6,7 4,5 4,3 27 10 9 4
7,4 102,0
8,0 90,5 107,0 22 6,2 4,7 27 10 5
9,0 106 124,5 21,6 7,4 5,5 32 10 10
10,0 117,0 140,0 25,2 8,5 6,6 36 16 8
Média 21,2 7,0 5,2 4,3 31,0 13,6 8,9 4,7
Desvio padrão 3,1 0,7 0,8 0,4 4,5 3,0 2,4 1,0
Mínimo 16,4 5,8 4,3 3,8 24,0 10,0 5,0 3,0
Máximo 25,9 8,5 6,6 4,9 37,0 17,0 13,0 6,0
n 11 10 10 7 11 10 10 7

134
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

31/10/2002 - 6 m3/m2.h - 10 mgCF/L


Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)
filtração(h) FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 17,7 23
1,0 13,0 16,5 19,0 19,6 7,3 6,4 6,1 21 6 9 1
2,0 16,2 20,0 24,0 17,6 6,4 6,1 5,8 12 3 2 3
2,6 24,5 25,0 25,5
2,9 19,8 6,8 5,5 5,2 11 6 3 2
3,6 27,0 27,5 27,5 17,9 5,5 5,2 5,0 10 2 3 2
4,6 31,2 30,5 30,5 18,7 5,6 5,1 5,1 13 4 2 4
5,6 35,0 34,5 34,0 14,7 5,0 4,7 4,5 18 1 3 1
6,9 48,6 47,5 45,5 19,9 5,34 4,62 4,73 21 2 3 1
7,6 53,0 53,0 51,1 21,9 5,6 5,0 4,7 19 5 2 2
8,6 65,0 63,5 60,8 27 5,9 5,3 5,2 35 5 2 2
9,6 75,5 73,0 70,5 23,1 6,3 5,3 5,4 32 5 1 5
10,6 89,5 86,6 81,5 21,6 6,3 5,2 5,3 23 7 3 2
11,9 110,5 109,5 100,5 31,4 8,1 6,9 6,8 33 15 6 5
12,2 102,0
12,6 125,5 125,5 32,4 8,86 7,14 25 17 3
13,6 139,0 143,0 38,9 8,8 7,2 31 9 3
Média 22,8 6,6 5,7 5,3 21,8 6,2 3,2 2,5
Desvio padrão 6,7 1,3 0,9 0,6 8,3 4,7 2,0 1,4
Mínimo 14,7 5,0 4,6 4,5 10,0 1,0 1,0 1,0
Máximo 38,9 8,9 7,2 6,8 35,0 17,0 9,0 5,0
n 15 14 14 12 15 14 14 12

135
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

28/10/2002 - 8 m3/m2.h - 10 mgCF/L


Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)
filtração (h) FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 23,5 21
1,0 17,0 23,0 27,5 19,2 4,2 3,6 3,2 16 8 2 7
2,0 26,5 29,5 33,0 18,1 4,3 3,7 3,2 15 7 5 5
3,0 32,0 34,0 37,5 18,1 4,9 3,9 3,7 16 2 6 7
4,0 41,5 41,0 43,0 24,3 4,0 3,4 3,3 28 8 5 1
5,0 52,8 51,0 51,8 16,9 5,0 4,1 3,7 12 2 2 5
6,0 66,0 64,5 66,0 24,2 5,1 4,0 3,9 30 12 6 3
7,0 78,5 75,0 79,0 30,3 6,2 4,6 4,2 24 4 2 7
8,0 90,0 82,5 87,5 30,2 6,4 4,8 4,7 31 7 5 6
8,8 102,0
9,0 108,0 108,0 31,9 6,6 5,3 29 14 3
10,0 144,0 126,5 34,1 8,5 6,6 32 10 5
Média 24,6 5,5 4,4 3,7 23,1 7,4 4,1 5,1
Desvio padrão 6,2 1,4 1,0 0,5 7,4 4,0 1,7 2,2
Mínimo 16,9 4,0 3,4 3,2 12,0 2,0 2,0 1,0
Máximo 34,1 8,5 6,6 4,7 32,0 14,0 6,0 7,0
n 11 10 10 8 11 10 10 8

136
ANEXO B – Resultados das campanhas nos filtros em escala piloto com baixas doses de coagulante

24/10/2002 - 10 m3/m2.h - 10 mgCF/L


Tempo de PDC (cm) Turbidez (UNT) SST (mg/L)
filtração (h) FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
0,0 25,7 27
1,0 21,5 26,0 31,0 20 5,4 3,7 3,4 27 9 6 2
2,0 32,5 34,5 40,5 20,8 4,6 3,6 3,0 55 10 3 2
3,0 45,5 45,0 51,0 24,9 6,7 3,9 3,1 32 8 2 3
4,0 50,0 48,2 54,3 20,5 5,8 3,8 3,1 57 9 29 1
5,0 62,0 58,0 67,2 19,4 5,0 3,2 2,3 32 17 2 1
6,0 82,6 75,0 84,5 19,5 5,7 2,9 2,5 25 4 6 4
6,5 102,0
7,0 105,5 96,2 22,7 8,4 4,8 24 15 7
8,0 121,0 112,0 26,7 9,5 5,7 25 9 7
9,0 157,0 126,0 38,8 16,1 5,9 41 19 9
Média 23,9 7,5 4,2 2,9 34,5 11,1 7,9 2,2
Desvio padrão 5,9 3,6 1,1 0,4 12,4 4,8 8,3 1,2
Mínimo 19,4 4,6 2,9 2,3 24,0 4,0 2,0 1,0
Máximo 38,8 16,1 5,9 3,4 57,0 19,0 29,0 4,0
n 10 9 9 6 10 9 9 6

137
138

ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga


aos dados experimentais
ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga aos dados experimentais

FT1 - taxa 6 m3/m2.h - sem coagulante FT1 - taxa 6 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT1 - taxa 6 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real


teórico real
180 180
180 160 160
160
140 140

PDC increm. (cm)


PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)


140
120 120
120
100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20
20
0
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 12 1314 1516 17
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 1314 1516 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

FT1 - taxa 8 m3/m2.h - sem coagulante FT1 - taxa 8 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT1 - taxa 8 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real teórico real


180 180
180
160 160
160
140 140

PDC increm. (cm)


PDC increm. (cm)

140
PDC increm. (cm)

120 120 120


100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20 20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

139
ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga aos dados experimentais

FT1 - taxa 10 m3/m2.h - sem coagulante FT1 - taxa 10 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT1 - taxa 10 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real teórico real


180 180 180
160 160 160
140
PDC increm. (cm)

140

PDC increm. (cm)


140

PDC increm. (cm)


120 120 120
100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20 20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14 1516 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1213 14 15 16 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112 1314151617

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

FT2 - taxa 6 m3/m2.h - sem coagulante F T2 - ta xa 6 m 3 /m 2 .h - 5 m g C F /L F T2 - taxa 6 m3/m 2.h - 10 mgC F /L

teórico real te ó rico re a l teórico real


180
180 180
160
160 160
140
PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)

140 140

PDC increm. (cm)


120 120 120
100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20
20
0 0
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 1213 1415 1617
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 01 1 1 21 31 41 5 1 61 7

Tempo de corrida (h) Te m p o d e co rrid a (h) Tem po de corrida (h)

140
ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga aos dados experimentais

FT2 - taxa 8 m3/m2.h - sem coagulante FT2 - taxa 8 m3/m2.h - 5 mgC F/L FT2 - taxa 8 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real


teórico real
180
180 180
160
160 160
140

PDC increm. (cm)


140 140
PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)


120 120
120
100 100 100
80
80 80
60 60
60
40 40 40
20 20
20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 1213 1415 1617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

FT2 - taxa 10 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT2 - taxa 10 m3/m2.h - 10 mgCF/L


FT2 - taxa 10 m3/m2.h - sem coagulante

teórico real teórico real


teórico real
180 180 180

160 160 160


140 140
PDC increm. (cm)

140
PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)


120 120 120

100 100 100

80 80 80

60 60 60

40 40 40

20 20 20

0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 12131415 1617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 1314 1516 17

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

141
ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga aos dados experimentais

FT3 - taxa 6 m3/m2.h - sem coagulante FT3 - taxa 6 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT3 - taxa 6 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real teórico real


180 180 180
160 160 160
140

PDC increm. (cm)


140 140
PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)


120 120 120
100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20 20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112 131415 1617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)


Tempo de corrida (h)

FT3 - taxa 8 m3/m2.h - sem coagulante FT3 - taxa 8 m3/m2.h - 5 mgC F/L FT3 - taxa 8 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real teórico real

180 180
180
160 160
160
140 140
PDC increm. (cm)

PDC increm. (cm)


140
PDC increm. (cm)

120 120
120
100 100
100
80 80
80
60 60 60

40 40 40

20 20 20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

142
ANEXO C – Ajuste da curva teórica de evolução da perda de carga aos dados experimentais

FT3 - taxa 10 m3/m2.h - sem coagulante FT3 - taxa 10 m3/m2.h - 5 mgCF/L FT3 - taxa 10 m3/m2.h - 10 mgCF/L

teórico real teórico real teórico real


180 180
180
160 160 160
140
PDC increm. (cm)

140 140

PDC increm. (cm)


PDC increm. (cm)
120 120 120
100 100 100
80 80 80
60 60 60
40 40 40
20 20 20
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h) Tempo de corrida (h)

143
144

ANEXO D – Resultados da 2ª etapa das campanhas com os filtros


em escala piloto (remoção de fósforo)
ANEXO D – Resultados da 2ª etapa das campanhas com os filtros em escala piloto (remoção de fósforo)

Dose Fósforo total (mg/L)


Cloreto
Férrico T1 T2 T3
(mg/L) BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 BF1 FT1
20 5,29 4,59 4,41 4,93 5,65 4,86 4,41 5,29 4,59
30 6,00 4,47 4,39 3,77 6,27 5,03 4,39 6,00 4,47
40 5,38 4,27 3,39 3,70 5,59 4,68 3,39 5,38 4,27
50 4,67 4,77 4,46 4,26 6,18 5,03 4,46 4,67 4,77
60 7,16 4,04 4,07 4,60 5,77 5,70 4,07 7,16 4,04
70 5,42 3,96 3,97 3,55 5,71 3,97 5,42 3,96
80 5,30 3,64 3,66 3,75 5,46 3,94 3,66 5,30 3,64
90 5,16 4,03 4,00 3,86 5,84 3,74 4,21 5,44 4,24
100 6,13 4,88 4,25 4,60 6,62 5,68 4,47 6,45 5,14
110 5,39 2,18 1,85 1,79 5,72 2,85 1,95 5,67 2,29
120 5,71 1,99 2,74 2,81 5,90 3,35 2,88 6,01 2,09
130 4,32 1,35 1,49 1,33 4,54 1,97 1,57 4,55 1,42
140 5,83 2,97 3,48 3,35 5,16 3,20 3,66 6,14 3,13
150 4,99 2,61 2,33 2,17 5,14 2,81 2,45 5,25 2,74
160 5,90 2,84 2,25 2,10 5,95 3,23 2,37 6,21 2,99
170 5,92 2,89 2,77 1,85 5,84 3,22 2,92 6,24 3,04
190 3,59 4,28 6,60 4,60

145
ANEXO D – Resultados da 2ª etapa das campanhas com os filtros em escala piloto (remoção de fósforo)

Dose DQO total (mg/L)


Cloreto
Férrico T1 T2 T3
(mg/L) BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 BF1 FT1
20 75 63 55 50 95 63 60 88 58
30 70 30 23 15 73 38 30 55 38
40 78 58 58 48 60 50 55 88 63
50 54 44 35 52 52 49 42 57 37
60 60 37 40 25 47 49 42 64 52
70 59 40 52 37 54 44 44 59 44
80 32 35 25 35 32 62 32 40 40
100 38 45 31 24 36 31 38 36 52
110 43 31 38 33 45 43 36 48 38
120 31 26 12 14 29 26 10 38 29
160 36 29 26 19 45 41 31 41 31

146
ANEXO D – Resultados da 2ª etapa das campanhas com os filtros em escala piloto (remoção de fósforo)

SST (mg/L)
Dose Coag.
(mg/L) T1 T2 T3
BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 BF1 FT1
20 26 9 17 25 40 17 10 23 16
30 46 40 26 32 48 19 38 28 18
40 49 55 48 42 85 61 48 59
50 49 55 39 34 38 79 56 37 55
60 44 37 41 47 54 52 43 36 53
70 46 40 36 29 51 44 54 49 64
80 21 48 42 39 20 53 49 18 49
90 9 27 42 23 16 31 30 10 29
100 19 47 27 34 20 51 44 46 52
110 43 87 90 89 61 100 97 44 82
130 32 58 46 61 16 59 40 37 57
140 28 67 34 70 28 95 42 37 84
160 60 93 95 100 67 140 102 52 118
180 67 92 94 119 67 123 97 57 83

147
148

APÊNDICE E – Gráficos de turbidez versus tempo de filtração sob


as diversas doses de coagulante testadas
APÊNDICE E – Gráficos de turbidez versus tempo de filtração sob as diversas doses de coagulante testadas

(20 mgC F/L) (30 mgCF/L) (40 mgCF/L)


B F1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
40 40 40
35 35 35

Turbidez (UNT)
Turbidez (UNT)
30 30
Turbidez (UNT)

30
25 25 25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12

Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h)

(50 mgCF/L) (60 mgCF/L) (70 mgCF/L)


BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3
40 40 40
35 35 35
Turbidez (UNT)

Turbidez (UNT)
Turbidez (UNT)

30 30 30
25 25 25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12
Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h)

149
APÊNDICE E – Gráficos de turbidez versus tempo de filtração sob as diversas doses de coagulante testadas

(80 mgC F/L) TU R B ID E Z (9 0 m g C F /L ) (110 mgC F/L)


B F1 F T1 F T2 F T3 BF1 F T1 F T2 F T3 BF1 FT1 FT2 FT3
40 40
40
35 35
35

Turbidez (UNT)
Turbidez (UNT)
30 30
Turbidez (UNT)

30
25 25
25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12

Tempo de filtração (h) Te m p o d e filtra ç ã o (h) Tempo de filtração (h)

(1 2 0 m g C F /L ) (130 mgCF/L) (140 m gC F /L)

BF1 F T1 F T2 F T3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 F T1 F T2 F T3


40 40 40
35 35 35
Turbidez (UNT)

30

Turbidez (UNT)
30
Turbidez (UNT)

30
25 25 25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12

Te m p o d e filtra çã o (h) Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h)

150
APÊNDICE E – Gráficos de turbidez versus tempo de filtração sob as diversas doses de coagulante testadas

(150 mgC F/L) (160 mgCF/L) (170 mgCF/L)

BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3 BF1 FT1 FT2 FT3

40 40 40
35 35 35
Turbidez (UNT)

Turbidez (UNT)
30

Turbidez (UNT)
30 30
25 25 25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0
0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12
0 2 4 6 8 10 12
Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h) Tempo de filtração (h)

(18 0 m gC F /L )
BF1 F T1 F T2 F T3
40
35
30
Turbidez (UNT)

25
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12

Te m p o d e filtra çã o (h)

151
152

APÊNDICE F – Gráficos de previsão da duração da corrida de


filtração para uma perda de carga determinada, na condição com
adição de coagulante
APÊNDICE E – Gráficos de previsão da duração da corrida de filtração para uma perda de carga determinada, na condição com adição de coagulante

FT1 - 5 mgCF/L FT2 - 5 mgCF/L FT3 - 5 mgCF/L

PDC=1m PDC=2m PDC=3m PDC=1m PDC=2m PDC=3m PDC=1m PDC=2m PDC=3m

Tempo de filtração (h)


25
Tempo de filtração (h)

25 25

Tempo de filtração (h)


20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0
0
4 6 8 10 12 4 6 8 10 12 4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h) Taxa de filtração (m3/m2.h) Taxa de filtração (m3/m2.h)

FT1 - 10 mgCF/L FT2 - 10 mgCF/L FT3 - 10 mgCF/L

PDC=1m PDC=2m PDC=3m PDC=1m PDC=2m PDC=3m PDC=1m PDC=2m PDC=3m

Tempo de filtração (h)


Tempo de filtração (h)

Tempo de filtração (h)

20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
4 6 8 10 12 4 6 8 10 12 4 6 8 10 12

Taxa de filtração (m3/m2.h) Taxa de filtração (m3/m2.h) Taxa de filtração (m3/m2.h)

153

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