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UNIVAP FEAU

ENGENHARIA QUÍMICA

PROCESSOS QUÍMICOS
INDUSTRIAIS I

AULA 02 - TRATAMENTO DE ÁGUA


2021 / 2°S Profa. Msc. Fátima Maria Broca
2017 fathimabroca@gmail.com
CONCEPÇÃO HISTÓRICA DE SISTEMAS
DE TRATAMENTO DE ÁGUA

◼ 4.000 A.C: Documentos em sânscrito/grego


recomendavam que águas impuras deveriam ser
purificadas por fervura ou serem expostas ao sol
ou purificadas por filtração em leitos de areia.
◼ 500 A.C: Hipócrates, considerado o pai da
medicina, recomendava a fervura e filtração da
água de chuva antes do seu uso para
abastecimento público.
◼ 300 A.C a 300 D.C: Engenheiros romanos criaram
os primeiros sistemas públicos para
abastecimento de água e os grandes aquedutos.
CONCEPÇÃO HISTÓRICA DE SISTEMAS
DE TRATAMENTO DE ÁGUA
◼ 1804 – Construção e operação dos primeiros
filtros lentos em areia para tratamento de água
para abastecimento público em Paisley (Escócia);
◼ 1807 – A cidade de Glasgow (Escócia) foi uma das
primeiras a distribuir água tratada por meio de
tubulações;
◼ 1829 – Construção e operação de filtros lentos
em areia para tratamento de água na cidade de
Londres;
◼ Teoria dos germes Louis Paster/Robert Koch -
1870
CONCEPÇÃO HISTÓRICA DE SISTEMAS
DE TRATAMENTO DE ÁGUA

▪ Poder do cloro ação desinfetante Robert Koch


1881

▪ Primeiras aplicações do cloro como agente regular


no processo de desinfecção de águas de
abastecimento:
- Alemanha (1890)
- Inglaterra (1905)
- Estados Unidos - Chicago - (1908)
HISTÓRIA DE SISTEMAS DE
TRATAMENTO DE ÁGUA
30
Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes

Início do processo
25
de cloração Protozoários
resistentes a ação
20
dos agentes
desinfetantes
15 convencionais

10

0
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Taxa de mortalidade de febre tifóide nos Estados Unidos da América
Fonte: Jacangelo, M. (2001)
TRATAMENTO DE ÁGUA

COMPORTAMENTO DE ETA’s EM RELAÇÃO A


QUALIDADE DA ÁGUA

Água Final
Qualidade

Padrão de Potabilidade

Água Bruta

Tempo
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
Distribuição da Água no Planeta

A água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva: no


homem, mais de 60% do seu peso é constituído por água, e em
certos animais aquáticos esta porcentagem sobe a 98%. A água é
fundamental para a manutenção da vida, razão pela qual é
importante saber como ela se distribui no planeta, e como ela circula
de um meio para o outro.

A grande massa de água existente no globo terrestre é formada pelos


oceanos, e a maior parte do oxigênio produzido no planeta é
proveniente do plancton marinho.

A área da Terra coberta pelo mar é de aproximadamente 71% da sua


superfície total ou seja 361.740.000 km2.

A distribuição percentual entre os diversos oceanos é:


- 50% - Oceano Pacífico
- 30% - Oceano Atlântico
- 20% - Oceano Índico
DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
Distribuição da Água no Planeta

Os 1,36 x 1018 m3 de água disponível existente na Terra distribuem da


seguinte forma:
ÁGUA DO MAR 97,0%
GELEIRAS 2,2%
ÁGUA DOCE 0,8%
.....................(97% água subterrânea)
.....................(3% água superficial)
TOTAL 100,0%

Observa-se que da água disponível, apenas 0,8% pode ser utilizada mais
facilmente para abastecimento público. Desta pequena fração de 0,8%,
apenas 3% apresentam-se na forma de água superficial, de extração
mais fácil. Esses valores ressaltam a grande importância de se preservar
os recursos hídricos na Terra, e de se evitar a contaminação da pequena
fração mais facilmente disponível.
CICLO HIDROLÓGICO
HIDROLOGIA: segundo A. Meyer, hidrologia é a ciência natural que trata dos
fenômenos relativos à água em todos os seus estados, da sua distribuição e
ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre e no solo, e da relação desses
fenômenos com a vida e as atividades do homem.
CICLO HIDROLÓGICO: uma vez visto como a água se distribui em nosso
planeta, é importante também o conhecimento de como a água se movimenta
de um meio para outro na Terra. A essa circulação da água se dá o nome de
ciclo hidrológico.
PRECIPITAÇÃO: A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera
na superfície da Terra. As principais formas são: chuva, neve, granizo e
orvalho. A precipitação é formada a partir dos seguintes estágios:
- resfriamento do ar à proximidade da saturação
- condensação do vapor d’água na forma de gotículas
- aumento do tamanho das gotículas por coalizão e aderência até que seja
grande o suficiente para formar a precipitação.
ESCOAMENTO SUPERFICIAL: A precipitação que atinge a superfície da Terra
tem dois caminhos onde seguir: escoar na superfície ou infiltrar no solo. O
escoamento superficial é responsável pelo deslocamento da água sobre o solo,
formando córregos, lagos, rios e eventualmente atingindo o mar. A
quantidade de água que escoa depende dos seguintes fatores principais:
intensidade da chuva e - capacidade de infiltração no solo.
CICLO HIDROLÓGICO
INFILTRAÇÃO: Corresponde à água que atinge o solo, formando os lençóis
d’água. A água subterrânea é grandemente responsável pela alimentação dos
corpos d’água superficiais, principalmente nos períodos secos. Um solo
coberto com vegetação (ou seja, com menor impermeabilização advinda, por
exemplo, da urbanização) é capaz de desempenhar melhor, as seguintes
importantes funções:
- menos escoamento superficial (menos enchentes nos períodos chuvosos)
- mais infiltração (maior alimentação dos rios nos períodos secos)
- menos carreamento de partículas do solo para os cursos d’água
EVAPORAÇÃO: A transferência da água para o meio atmosférico se dá através
dos seguintes principais mecanismos denominado evapotranspiração:
- Evaporação: transferência da água superficial do estado líquido para o
gasoso. A evaporação depende da temperatura e da umidade relativa do ar.
- Transpiração: as plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é
transferida para as folhas e então evapora. O mecanismo é importante,
considerando-se que em uma área coberta com vegetação a superfície de
exposição das folhas para a evaporação é bastante elevada.
Além do ciclo da água no globo terrestre, existem ciclos internos, em que a
água permanece na sua forma líquida, mas tem as suas características
alteradas em virtude de sua utilização.
CICLO HIDROLÓGICO

▪ No ciclo hidrológico distinguem os mecanismos de


transferência de água: precipitação, escoamento
superficial, infiltração, evaporação, transpiração.
USO DA ÁGUA
Descrição das etapas envolvidas:
ÁGUA BRUTA – inicialmente, a água é retirada do rio, lago ou
lençol subterrâneo, possuindo uma determinada qualidade.
ÁGUA TRATADA – após a captação, a água sofre
transformações durante o seu tratamento para se adequar aos
usos previstos (ex. abastecimento público ou industrial).
ÁGUA USADA (esgoto bruto) – com a utilização da água, a
mesma sofre novas transformações na sua qualidade, vindo a
constituir-se em um despejo líquido.
ESGOTO TRATADO – visando remover os seus principais
poluentes, os despejos sofrem um tratamento antes de serem
lançados ao corpo receptor. O tratamento dos esgotos é
responsável por uma nova alteração na qualidade do líquido.
CORPO RECEPTOR – o efluente do tratamento dos esgotos
atinge o corpo receptor, onde face à diluição e mecanismos de
autodepuração, a qualidade da água volta a sofrer novas
modificações.
USO DA ÁGUA
Principais usos da água:
São os seguintes os principais usos da água:
- abastecimento doméstico - irrigação
- abastecimento industrial - aqüicultura
- dessedentação de animais - recreação e lazer
- preservação da flora e da fauna - navegação
- harmonia paisagística - diluição de despejos
- geração de energia elétrica

Destes usos, os primeiros (abastecimento doméstico, abastecimento


industrial, irrigação e possivelmente dessedentação de animal) implicam
na retirada da água das coleções hídrica onde se encontram. Os demais
usos são desempenhados na própria coleção de água.
Em termos gerais, apenas os dois primeiros usos (abastecimento
doméstico e abastecimento industrial) estão freqüentemente associados
a um tratamento prévio da água, face aos requisitos de qualidade mais
exigentes.
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE
ÁGUA

Adução de água
Manancial Captação ETA
bruta

Adução de água
Distribuição Reservação
tratada

Coagulação
Filtração
Floculação Desinfecção
rápida
Sedimentação
Qualidade da •Qualidade da água bruta
água bruta
•Qualidade da água final
•Confiabilidade em processos e
equipamentos
•Mão de obra e pessoal
Tratamento de Água •Flexibilidade operacional em lidar com
mudanças na qualidade da água
•Área disponível
•Disposição dos resíduos (Aspectos
ambientais)
•Custos de operação e construção
Qualidade da água final
•Aspectos políticos

Estéticamente Compostos Compostos Microbiologicamente Sub-produtos


agradável inorgânicos orgânicos segura da desinfecção
DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE
PARTÍCULAS EM ÁGUAS NATURAIS

Partículas 10-3 m Partículas 1 m Partículas em


dissolvidas coloidais suspensão

▪ Cor real ▪ Turbidez


▪ SDT ▪ Cor aparente
▪ Compostos
dissolvidos 0,45 m ▪ SST
DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE
PARTÍCULAS EM ÁGUAS NATURAIS

Partículas 10-3 m Partículas 1 m Partículas em


dissolvidas coloidais suspensão

▪ Processos de ▪ Tratamento convencional e suas variantes


membrana ▪ Filtração em linha
▪ Osmose Reversa ▪ Filtração direta
▪ Nanofiltração ▪ Filtração lenta
FLUXOGRAMA ETA

Fluxograma de uma ETA de ciclo completo e métodos de tratamento e disposição de resíduos sólidos
gerados nas unidades de sedimentação ou flotação e filtração.
OBJETIVO
Objetivos do tratamento
▪ O tratamento de uma água tem por objetivo modificar as
características de uma água bruta (sem tratamento)
de maneira a atender à qualidade necessária a um
determinado uso. A utilização da água para
abastecimento é a que exige uma qualidade superior.
▪ No caso de abastecimento público a água deve ter sua
qualidade de acordo com os padrões de potabilidade
exigidos pelo Ministério da Saúde (Portaria 2914), com
base em recomendações internacionais.
▪ A água para abastecimento público deve prevenir o
aparecimento de doenças de veiculação hídrica, e em
condições de combater o aparecimento de cárie
dentária em crianças, através da fluoretação.
OBJETIVO
Objetivos do tratamento
▪ A água para abastecimento público deve proteger o
sistema de abastecimento de água, principalmente
tubulações e acessórios da rede de distribuição, dos
efeitos danosos da corrosão e da deposição de
partículas no interior das tubulações.
▪ Para o abastecimento industrial a qualidade da água
deve estar adaptada à sua utilização específica, seja
apenas como meio de refrigeração de equipamentos,
fabricação de medicamentos, filmes fotográficos,
bebidas alcoólicas exigem uma qualidade de água
particularmente elevada.
ETAPAS DO TRATAMENTO
▪ A retirada de água (captação) pode ser feita de
mananciais subterrâneos ou de fontes superficiais
(rios, lagos e represas).
▪ A água subterrânea, é mais imune à poluição,
apresentando por conseguinte uma qualidade
normalmente superior. A retirada de água subterrânea
no planeta é economicamente viável até
profundidades que não superem algumas poucas
centenas de metros.
▪ No Brasil, para abastecimento de grandes cidades,
lança-se mão usualmente de fontes superficiais, cujas
vazões são bastante maiores. Nestes casos a água
bruta apresenta teores de turbidez bem mais elevados,
além de estar sujeita a uma maior contaminação por
organismos patogênicos.
ETAPAS DO TRATAMENTO
Principais etapas de tratamento de água:
▪ Clarificação → remoção de turbidez de
microrganismos e de alguns metais pesados.
▪ Desinfecção → remoção de microrganismos
patogênicos.
▪ Fluoretação → proteção da cárie dentária infantil.
▪ Controle de corrosão e/ou de incrustação ações
domiciliares.
▪ Abrandamento → redução da dureza, remoção de
alguns contaminantes inorgânicos.
ETAPAS DO TRATAMENTO
Principais etapas de tratamento de água:
▪ Adsorção → remoção de contaminantes
orgânicos/inorgânicos, controle de sabor e odor.
▪ Aeração → remoção de contamin. orgânicos e
oxidação de inorgânicas, Manganês e Fe.
▪ Oxidação → remoção de contaminantes orgânicos e
de substâncias inorgânicas.
▪ Tratamento com membranas → remoção de
contaminantes orgânicos e inorgânicos.
▪ Troca iônica → remoção de contaminantes
inorgânicos.
ETAPAS DO TRATAMENTO
TRATAMENTO CONVENCIONAL EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS:
a) Aeração e Equalização
▪ Esta etapa é empregada no caso da captação de água ser feita em camadas
profundas de lagos e represas, pois apresentam baixo oxigênio dissolvido.
▪ Com a aeração ocorre a solubilização química de várias substâncias, dentre
elas os compostos de ferro e manganês: Se estes compostos não forem
removidos logo no início do tratamento eles podem passar, de forma dissolvida,
por todo o processo. Ao encontrar condições de oxidação, como por exemplo
na rede de distribuição de água, eles tornam-se novamente insolúveis e
precipitam, conferindo à água uma coloração avermelhada ou amarronzada
e provocando sua rejeição pelo consumidor.
▪ A aeração também é usada para remover alguns gases, tais como gás
carbônico, que pode contribuir para a corrosão de equipamentos e tubulações.
▪ A equalização é necessária para homogeneizar e corrigir a alcalinidade do
meio ( ph) através de alcalinizantes e oxidar a matéria orgânica (algas e
microorganismos) com adição de hipoclorito de sódio (pré-cloração).
▪ Alcalinizantes: Carbonato de sódio - Na2CO3; Soda cáustica - NaOH;
Cal hidratada - Ca(OH)2; Bicarbonato de sódio - NaHCO3;
Cal virgem - CaO.
ETAPAS DO TRATAMENTO
TRATAMENTO CONVENCIONAL EM ÁGUAS SUPERFICIAIS:
a) Aeração e Equalização
▪ O tanque de equalização é equipado com aerador/misturador que tem como
função misturar os produtos e fornecer oxigênio para oxidação da matéria
orgânica.
b) Coagulação
▪ Esta operação consiste na desestabilização dos colóides (partículas sólidas
minúsculas) presentes na água, permitindo que eles se aglutinem e possam
ser então mais facilmente removíveis. Esta etapa ocorre em um misturador,
que proporciona a rápida mistura dos reagentes com a água a ser tratada.
▪ A força de repulsão existente entre os colóides, conhecida como potencial
zeta, é reduzida mediante a adição de produtos químicos, como p.ex. sais de
ferro ou de alumínio (Sulfato de alumínio ou Cloreto férrico). A adição
destes coagulantes à água promove assim o ajuntamento ou aglutinação das
partículas coloidais.
▪ Coagulantes: Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 . 18 H2O; Poli Cloreto de
Alumínio (PAC); Alumen amoniacal Al2(SO4)3 . (NH4)2SO4 . 24 H2O; Sulfato férrico
Fe2(SO4)3; Alumen potássico Al2(SO4)3 . K2SO4 . 24 H2O; Sulfato ferroso FeSO4 . 7
H2O; Cloreto Férrico FeCl3 . 6 H2O;
ETAPAS DO TRATAMENTO
b) Coagulação
▪Reação de formação dos flocos:
3 H2O + Al2(SO4)3 + 3 Na2CO3 2 Al(OH) 3 + 3 Na2SO4 + 3 CO2
Água Sulfato de Carbonato Hidróxido de Sulfato de Gás Carbônico

Suja Alumínio de Sódio Alumínio – Flocos Sódio

▪Quando a água bruta estiver com turbidez menor que 2 NTU, utilizar
Bentonita.
c) Floculação
▪A floculação é a operação que se segue imediatamente à coagulação. Como o
nome indica, ela consiste na formação de flocos mediante a introdução de
energia na massa líquida, capaz de favorecer o contato entre os colóides
desestabilizados e permitir a sua aglutinação.
▪Os floculadores podem ser do tipo hidráulico ou mecânico. Nos
floculadores hidráulicos a água escoa lentamente em um tanque provido de
paredes divisórias (chamadas chicanas), as quais fazem com que a água
adquira um movimento de zigue-zague, favorecendo assim a condição para um
íntimo contato entre coagulante e água e promovendo a adequada formação de
flocos. Nos floculadores mecânicos (ETA Compacta) a mistura entre
coagulante e água é efetuada com o auxilio de um dispositivo mecânico (aerador)
que movimenta lentamente a água do tanque.
COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO
ETAPAS DO TRATAMENTO
TRATAMENTO CONVENCIONAL:
c) Floculação
▪ Para melhorar a velocidade de aglutinação e decantação dos sólidos,
podemos adicionar um polieletrólito, que tem a função de agregar os
pequenos flocos, formando um aglomerado de maior peso.
▪ Os polieletrólitos podem ser classificados, com base no tipo de carga da
cadeia polimérica, em catiônicos, aniônicos e não iônicos. No Brasil,
somente os aniônicos e não iônicos são eficazes, devido as características da
água e dos sólidos suspensos.
▪ Todos os polieletrólitos tem limite máximo de dosagem, acima deste
apresenta características dispersantes.
d) Sedimentação
▪ Após a formação dos flocos, estes devem ser removidos da água. Esta
eliminação é feita através do processo de sedimentação. Com uma
velocidade muito lenta de fluxo, os flocos são precipitados pela ação da
gravidade.
▪ Esta operação é realizada em grandes tanques denominados decantadores. O
material sedimentado (Lodo) é recolhido no fundo do tanque, no local
chamado poço de lodo.
ETAPAS DO TRATAMENTO
TRATAMENTO CONVENCIONAL:
e) Filtração
▪ Na operação de filtração a água passa por um leito de material
granular, com o objetivo de promover a separação das partículas
presentes no meio líquido. Esta operação é essencial para garantir uma
eficiente remoção de patogênicos e o atendimento ao padrão de
turbidez. A filtração é fundamental para garantir a qualidade exigida em
águas de abastecimento.

▪ A filtração pode ser efetuada em duas modalidades: lenta ou rápida.


Na filtração lenta o filtro é formado por um tanque onde é colocada
uma camada de areia fina, sobre uma camada de cascalho. Sob a
camada de cascalho é instalado um sistema de drenagem, para
recolhimento da água filtrada. A denominação de filtro lento é
decorrente das baixas taxas de filtração, da ordem de 3 a 9
m3/m2.d. Os organismos patogênicos eventualmente presentes na
água ficam retidos na camada superficial gelatinosa.
ETAPAS DO TRATAMENTO
TRATAMENTO CONVENCIONAL:
e) Filtração
▪ A filtração lenta se dá por um filtro de gravidade. Os filtros são
lavados em contra corrente ( de baixo para cima), quando a
matéria filtrada é acumulada retardando a passagem da água.

▪ A filtração rápida se dá no filtro de pressão, pode filtrar água fria


ou quente, quando a água a ser filtrada é quente, o meio filtrante
deve ser o antracito, possuem taxa de filtração entre 120 e 360
m3/m2.d.

▪ Os filtros de pressão podem ser verticais ou horizontais. São


equipados com um sistema de distribuição de água a ser filtrada
e um sistema coletor de água filtrada, dotado de coletores
plásticos(crepinas).

▪ Nos filtros de pressão precisamos ter um espaço livre (>50% da


espessura do leito filtrante) para ocorrer a expansão na
contralavagem.
ETAPAS DO PROCESSO
2. COAGULAÇÃO 3. FLOCULAÇÃO
1.PRÉ - CLORAÇÃO
TIPOS DE AERADOR
TIPOS DE
AERADOR
TIPOS DE
DECANTADORES

Detalhe das colméias (módulos


tubulares) de decantadores
TRATAMENTO CONVENCIONAL
ETA ALDEIA DA SERRA

TANQUE DE FLOCULAÇÃO E DECANTAÇÃO


DECANTADORES
FILTRO ANTES DA RETROLAVAGEM

FILTROS DE AREIA

FILTRO APÓS RETROLAVAGEM

FILTRO EM FUNCIONAMENTO
DECANTADORES E
FILTROS
FILTROS RESÍDUO LÍQUIDO
(LODO) DOS
DECANTADORES E
FILTROS
FILTROS

FILTROS
COMPACTOS
CREPINAS
CONCEPÇÃO DE ETA’s
FILTRAÇÃO EM LINHA
CONCEPÇÃO DE ETA’s
FILTRAÇÃO EM LINHA
CONCEPÇÃO DE ETA’s
FILTRAÇÃO EM LINHA
MANANCIAL – RIO TIETÊ
TRATAMENTO CONVENCIONAL
RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA
TRATAMENTO CONVENCIONAL
ETA ALTO DA BOA VISTA
TRATAMENTO CONVENCIONAL
ETA ALTO TIETÊ
TRATAMENTO COMPACTO
Desidratação do Lodo
- Tipos: Leito de secagem, Centrifugação e Prensagem

- Leito de secagem
Desidratação do Lodo
- Prensagem
Desidratação do Lodo
- Centrifugação
DESINFECÇÃO
Tipos: Cloração, Ultra violeta e Ozônio
ULTRA VIOLETA - UV
- Descargas elétricas em átomos de determinados elementos;
- Ativação dos átomos com deslocamento de elétrons para orbitais mais
energéticos;
- Quando os elétrons retornam para orbitais menos energéticos, o
excesso de energia pode ser liberado na forma de radiação UV.
DESINFECÇÃO
RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA - UV
• Comprimentos de onda específicos podem atuar no material
genético do microrganismos causando danos no DNA ou RNA;
• A extensão dos danos vai depender da exposição à radiação UV,
em geral a inativação ocorre pois os microrganismos perdem a
capacidade de se multiplicar.
• Os microrganismos que não podem se reproduzir são incapazes de
infectar alguém;
• Somente a radiação que é absorvida pelo DNA ou RNA é capaz de
causar danos;
• Os microrganismos possuem mecanismos que possibilitam a
recuperação de danos ao DNA;
• A recuperação do dano pode ser feita mediante foto-reativação ou
na ausência de luz;
• A foto-reativação é feita por enzimas expostas a luz com
comprimento de onda variando entre 310 nm e 490nm.
DESINFECÇÃO
OZÔNIO - HISTÓRICO E APLICAÇÕES
• O gás ozônio começou a ser conhecido em 1781, quando pela
primeira vez seu odor característico foi detectado e somente em
1837 o ozônio foi reconhecido como uma substância química.

• A habilidade do ozônio para desinfecção de água foi descoberta em


1886 em Martin kenfelde, na Alemanha. No entanto, a primeira
instalação de ozônio em escala industrial ocorreu em 1893, na
Holanda, objetivando a desinfecção de água na estação de
tratamento de água potável desta cidade. Até 1914 o número de
estações de tratamento de água utilizando ozônio cresceu
significativamente e na Europa já haviam pelo menos 49 instalações.
O crescimento do ozônio caiu muito na época da primeira guerra
mundial, quando pesquisas relacionadas a gases venenosos levaram
a descoberta do cloro, que do ponto de vista econômico era mais
vantajoso. Mesmo assim, o número de instalações de ozônio
continuou crescendo, principalmente na Europa, e em 1936 já
haviam aproximadamente 100 instalações na França e 140 no
mundo.
DESINFECÇÃO
OZÔNIO

• As aplicações de ozônio não são tão recentes como muitos


imaginam, porém a realidade é que o cloro sempre foi mais barato e
é atualmente o desinfectante mais utilizado mundialmente. A partir
de 1975, foi descoberto que compostos organoclorados (subprodutos
das reações do cloro com matéria orgânica) são cancerígenos e
consequentemente o cloro começou a ter sua aplicação cada vez
mais limitada. A principal preocupação quanto aos organoclorados é
o potencial de formação dos trihalometanos (THM), produzidos
geralmente na fase de pré-oxidação da água bruta com cloro antes
do processo fisico-químico de tratamento de água. Desta forma o
ozônio ressurgiu como uma das principais alternativas na
substituição do cloro, resultando na retomada do desenvolvimento
das aplicações de ozônio e principalmente dos sistemas de geração
de ozônio. O resultado deste movimento foi a redução dos custos de
capital e operacional do sistema de ozonização em aproximadamente
40 %.
FLUORETAÇÃO
A última etapa do tratamento convencional da água consiste
na adição de flúor, com o objetivo de prevenir a cárie dental
infantil. Sabe-se que existe uma forte correlação inversa entre
a concentração de flúor na água e a incidência de cáries
em crianças. A legislação brasileira (Portaria 2914, do
Ministério da Saúde) determina a fluoretação de águas de
abastecimento. Os compostos químicos mais utilizados para
esta finalidade são o ácido fluorsilísico e o fluorsilicato de
sódio. É interessante observar que a dosagem recomendada
de flúor varia conforme a temperatura média do ar na região
abastecida, isto devido ao fato da ingestão de água ser
superior em áreas mais quentes. Por outro lado o excesso de
flúor na água provoca inflamações nas gengivas (fluorose
dental).
ABRANDAMENTO
• O termo água dura foi originado em razão da dificuldade de
lavagem de roupas, com águas contendo elevada
concentração de certos íons minerais. Esses íons reagem
com sabões formando precipitados e evitam a formação de
espuma.
• Os íons são provenientes de depósitos subterrâneos, como o
calcário (CaCO3) ou a dolomita (CaCO3.MgCO3) que
agregam à composição da água uma quantidade excessiva
de íons Ca2+ e Mg2+, na forma de bicarbonatos (HCO3-),
nitratos (NO3-), cloretos (Cl-) e sulfatos (SO42-).
• Dependendo da concentração deles, a água passa a ser
classificada da seguinte maneira:
- água abrandada (com teores entre 0 e 50 mg/L),
- água moderada (com teores entre 50 e 100 mg/L),
- água dura (com teores entre 100 e 300 mg/L),
- água muito dura (com teores acima de 300 mg/L).
ABRANDAMENTO
• As caldeiras indústrias requerem o uso de água com
baixa dureza, pois o cálcio e magnésio possuem
características naturais de se agregarem nas paredes
das tubulações.
• Também utiliza-se água abrandada nas lavanderias e
tinturarias (Consumo de sabão).
• Em altas temperaturas cristalizam-se formando
incrustações, causando sérios danos às caldeiras, tais
como: diminuição da eficiência na geração do vapor e
aumento da temperatura de película do metal, além da
possibilidade de rompimento de tubos e explosões.
• O tratamento da água dura para a retirada de Ca2+ e
Mg2+ é conhecido por abrandamento e pode ser
realizado de duas maneiras: Precipitação Química e
Troca Iônica.
ABRANDAMENTO
1 - Abrandamento por precipitação química.
• Metodologia: O processo se dá por adição de cal (CaO) e
carbonato de sódio (Na2CO3).
• A cal é utilizada para elevar o pH da água fornecendo a
alcalinidade necessária, enquanto o carbonato de sódio
pode fornecer a alcalinidade para a reação e também os
íons carbonato necessários.

• Vantagens:
- Geralmente aplicado para águas com dureza elevada;
- Possibilita remover da água contaminantes tais como
metais pesados e outros.
- Tecnologia bem estabelecida.
ABRANDAMENTO
• Desvantagens:
-Utilização de produtos químicos;
- Produção de lodo;
- Necessidade de ajustes finais, pois a água abrandada
ainda possui dureza-cálcica em torno de 30 ppm de
CaCO3. (Método)
• Reações Químicas:
ABRANDAMENTO
2 - Abrandamento por Troca catiônica:
• Metodologia: Consiste em fazer a água atravessar uma
resina catiônica que captura os íons Ca2+ e Mg2+,
substituindo-os por íons que formarão compostos
solúveis e não prejudiciais ao homem, tais como o Na+.
As reações seguem abaixo:

• As resinas possuem limites para a troca iônica, ficando


saturadas de Ca2+ e Mg2+. Esta saturação recebe o
nome de ciclo ou campanha. Após, completar o ciclo, a
resina deve ser regenerada, que acontece com a adição
de solução de Cloreto de Sódio (NaCl). As reações
seguem:
ABRANDAMENTO

• Vantagens:
- Alta eficiência para remoção dos íons responsáveis
pela dureza. Para remoção de Ca2+ a dureza
resultante atinge valores menores que 1mg/L de
CaCO3;
- As resinas podem ser regeneradas;
- Não há formação de lodo no processo.
ABRANDAMENTO
Desvantagens:
- Requer um pré-tratamento da água;
- Ocorre saturação da resina, exigindo a sua regeneração;
- Requer o tratamento do efluente da regeneração.

• Estrutura das resinas sintéticas


ABRANDAMENTO
• A escolha entre os processos depende das
características da água a ser tratada, das necessidades
e da disponibilidade de recursos de cada empresa.

Abrandadores
DESMINERALIZAÇÃO
• A água desmineralizada é a mais pura que a água
abrandada, para ser utilizada nos processos químicos
industriais, pois esta tem grande parte dos sais minerais
naturalmente presentes em águas removidos. Somente as
substâncias que se ionizam na água podem ser removidas

com resinas.
• Indústrias farmacêuticas, químicas, alimentícias, de bebidas
e notadamente para geração de vapor em caldeiras de alta
pressão são utilizadas águas desmineralizadas.
• Na desmineralização de água há uma remoção total dos
cátions presentes na água bruta. Estes cátions serão
removidos numa coluna contendo resina catiônica
fortemente ácida em ciclo hidrogênio, onde os cátions
existentes na água bruta serão substituídos pelo cátion
H+ .
DESMINERALIZAÇÃO
• Em seguida esta água contendo agora apenas o cátion
H+, portanto uma água decationizada (ácida),
deverá passar por uma outra coluna contendo resina
aniônica fortemente básica que trabalhando no
ciclo hidróxido (OH-) irá remover todos os ânions
existentes, sílica e gás carbônico dissolvido,
substituindo-os pelo ânion hidroxila que, em
combinação com o cátion H+, formará uma molécula de
água H2O.
• Caso a água a ser desmineralizada contenha
cloro, a unidade deve ser precedida de um filtro
de carvão-ativo para evitar contaminação das
resinas de troca iônica.
DESMINERALIZAÇÃO
DESMINERALIZAÇÃO
REAÇÕES DE DESMINERALIZAÇÃO:
•A reação no leito catiônico é a seguinte:
R-H+ + Ca++ → R-Ca + 2H+
R-H+ + Mg++ → R-Mg + 2H+
R-H+ + Na+ → R-Na + H+
R-H+ + K+ → R-K + H+
R-H+ + Fe++ + → R-Fe + 3H+

•A reação no leito aniônico é a seguinte


R-OH- + SO4-- → R-SO4 + OH-
R-OH- + NO3-- → R-NO3 + OH-
R-OH- + Cl- → R-Cl + OH-
R-OH- + SiO2- → R – SiO2 + OH-
DESMINERALIZAÇÃO
• O processo é reversível e uma vez que todos os sítios
catiônicos ativos em R estão tomados por átomos de cálcio,
magnésio, sódio, potássio e ferro, e/ou enquanto os sítios
ativos das resinas aniônicas estão tomados por radicais
aniônicos dos tipos sulfatos, cloretos, nitratos e silicatos, a
capacidade de troca da resina é, então, esgotada.
• A regeneração do leito catiônico deve ser feita com uma
solução de ácido clorídrico(HCl). Já a regeneração do leito
aniônco deve ser feita com soda cáustica NaOH.

Regeneração das resinas de desmineralização:


• A regeneração da resina catiônica é feita por meio de
solução de Ácido Clorídrico, que com a sua passagem, retira
os íons de minerais retidos, deixando íons H+ em seu lugar,
permitindo obter uma água contendo somente os ácidos dos
sais dissolvidos na água.
DESMINERALIZAÇÃO
• Esta regeneração deve ser feita em contracorrente e após o
abaixamento de nível. A resina catiônica regenerada com
solução ácida permite obter a redução completa da
alcalinidade e realizar assim uma desmineralização parcial
por simples filtração. Após passar pelo Trocador Catiônico, a
água flui através do Trocador de Ânion, e em presença de
resinas aniônicas a água tratada desta forma ficará isenta
de quase todos os sais dissolvidos. A regeneração da resina
aniônica é feita por meio de solução de Soda Cáustica, que
em passagem retira da água os íons de minerais retidos,
deixando íons OH+ em seu lugar concluindo assim o
processo de desmineralização com uma qualidade de água
superior a da água destilada.
DESMINERALIZAÇÃO
• Os vasos trocadores de cátion e ânion possuem
distribuidores internos, para otimizar a distribuição
homogeneamente da água durante a operação, bem como a
perfeita distribuição da água em toda a área interna do vaso
durante a fase de contra lavagem das resinas. Estes vasos
possuem internamente coletor e distribuidor superior de
água, para permitir o perfeito desempenho da unidade nas
fases de operação e regeneração das resinas trocadoras.
Filtração
Classes de Filtração
OSMOSE REVERSA
DESSALINIZAÇÃO
• Dessalinizadores funcionam segundo o princípio da osmose
reversa. Este fenômeno, passou a ser aplicado em processos
industriais na década de 60. Desde a década de 80 o emprego
de membranas semipermeáveis sintéticas em aplicações
industriais passou a se difundir, ampliando o campo de
aplicação deste processo. Isto resulta em contínuas reduções
de custo, não só pela maior escala de produção permitida
como também pelo crescente conhecimento tecnológico
adquirido. Nos anos recentes, os avanços científicos no campo
de indústria de microchips e da biotecnologia provocaram uma
demanda por água de elevada pureza.
• A escassez de água potável em muitas regiões do planeta
também determina uma demanda por processos de
dessalinização seguros e econômicos. Assim, o processo de
dessalinização por osmose reversa tem se difundido, seus
custos vem decrescendo e sendo colocado até ao alcance do
indivíduo, viabilizando muitos projetos antes impensáveis.
DESSALINIZAÇÃO
Osmose Reversa
• A osmose reversa ocorre quando se aplica uma pressão no
lado da solução mais salina ou concentrada, revertendo-se à
tendência natural. Neste caso, a água da solução salina
passa para o lado da água pura, ficando retidos os íons dos
sais nela dissolvidos.
• A pressão a ser aplicada equivale a uma pressão maior do
que a pressão osmótica característica da solução.
• Tecnologica de ponta em sistemas de separação seletiva de
íons da água através de membranas de osmose reversa.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
▪ SHREVE, R. N. Indústrias de processos
químicos. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara,
1977, 717 p.
▪ Apostila de Tratamento de Água: GE Betz e
KURITA.
▪ Agradecimentos: Prof. Dr. Sidney Seckler
Ferreira Filho e Prof. Dr. Roque Passos Piveli
– Escola Politécnica da USP.
MUITO
OBRIGADA !!!

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