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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

FERNANDA SILVA LIMA

CUSTO DE PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE DO


COGUMELO Agaricus blazei NOS PADRÕES DA
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE CASO

BAURU
2017
FERNANDA SILVA LIMA

CUSTO DE PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE DO


COGUMELO Agaricus blazei NOS PADRÕES DA
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de


Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), da
Universidade do Sagrado Coração, sob
orientação da Prof.ª Dr.ª Meire Cristina
Nogueira de Andrade e co-orientação da Prof.ª
Dr.ª Maura Seiko Tsutsui Esperancini, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Ciência e Tecnologia
Ambiental.

BAURU
2017
Lima, Fernanda Silva
L7325c
Custo de produção e lucratividade do cogumelo Agaricus blazei
nos padrões da agricultura sustentável: estudo de caso / Fernanda
Silva Lima. -- 2017.
52f. : il.

Orientadora: Prof.ª Dra. Meire Cristina Nogueira de Andrade.


Coorientadora: Prof.ª Dra. Maura Seiko Tsutsui Esperancini.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) -


Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP

1. Sustentabilidade. 2. Receita. 3. Analise econômica. 4.


Agaricus blazei. I. Andrade, Meire Cristina Nogueira de. II.
Esperancini, Maura Seiko Tsutsui. III. Título.
AGRADECIMENTOS

À Deus, primeiramente que sempre me rege e me guia.


Ao meu marido Sidney, por ser o principal responsável pela realização desse projeto,
sempre presente nessa jornada, incentivando, apoiando e compartilhando.
Aos meus pais, Ednéia e Sérgio, pela melhor herança: a educação e o incentivo aos
estudos.
À Profª. Drª. Meire, pela orientação, dedicado empenho, constante estímulo e
paciência.
À Profª. Drª. Maura, pela co-orientação e brilhante presença nas sugestões.
À Rose Visentin, pela colaboração e amizade.
Ao Sr. Geraldo, dono da propriedade, que confiou em meu trabalho e abriu as portas
para a realização desse estudo.
Aos professores e colegas, por tanta troca de experiência, durante as aulas teóricas do
curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental.
Aos funcionários do Departamento de Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental,
da USC Bauru e aos funcionários do Departamento de Economia e Energia, da Faculdade de
Ciências Agronômicas, UNESP, Campus de Botucatu, pela sempre atenção e colaboração.
Aos amigos de alguns anos, presentes em muitos momentos nessa trajetória, em
especial a Juliana e Ana Paula.
A todos aqueles que de uma forma ou outra colaboraram para que esse estudo se
concretizasse.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 12
2.1 GERAL ...................................................................................................................... 12
2.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 12
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13
3.1 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL ........................................................................... 13
3.2 HISTÓRIA DO CULTIVO DOS COGUMELOS ....................................................... 15
3.3 Agaricus blazei............................................................................................................ 17
3.3.1 O cultivo do Agaricus blazei ...................................................................................... 17
3.3.2 Compostagem ............................................................................................................ 19
3.3.3 Inoculação ou semeadura .......................................................................................... 20
3.3.4 Colheita ...................................................................................................................... 21
3.3.5 Desidratação .............................................................................................................. 22
3.3.6 Embalagem e comercialização .................................................................................. 23
3.4 POTENCIAL MEDICINAL DO Agaricus blazei ........................................................ 23
3.5 VALOR AGREGADO E DIFERENCIAL DO ALIMENTO NUTRACÊUTICO ........ 24
3.6 ANÁLISE DE CUSTOS E RENTABILIDADE .......................................................... 25
3.6.1 Receita Bruta ............................................................................................................. 25
3.6.2 Custos......................................................................................................................... 26
3.7 ANÁLISE DE CUSTOS E RENTABILIDADE DE COGUMELOS ........................... 26
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 29
4.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................... 29
4.2 METODOLOGIA ....................................................................................................... 31
4.2.1 Estudo de Caso .......................................................................................................... 31
4.2.2 Custos de produção ................................................................................................... 33
4.2.3 Estimativa de Custos Operacionais Efetivos e Custos Operacionais Totais ........... 33
4.2.4 Custos Totais de Produção ........................................................................................ 35
4.2.5 Análise Econômica de Resultados............................................................................. 35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 39
5.1 CUSTOS OPERACIONAIS DA PRODUÇÃO ........................................................... 39
5.2 INDICADORES DE RENTABILIDADE.................................................................... 41
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 45
APÊNDICE A – Receita Bruta ................................................................................. 49
APÊNDICE B – Custos Fixos em R$ no ano de 2016 .............................................. 50
APÊNDICE C – Custos Operacionais em R$ no ano de 2016 ................................. 51
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cogumelo Agaricus blazei em ponto de colheita....................................................17


Figura 2 - Etapas do processo produtivo do cogumelo Agaricus Blazei..................................19
Figura 3 - Máquina desenvolvida para inoculação ou semeadura do composto do Sítio Santo
Antônio, Bariri, SP. ...............................................................................................................20
Figura 4 - Cultivo de Agaricus blazei em sacos plásticos...................................................... 21
Figura 5 - Cogumelo Agaricus blazei em ponto de colheita. ................................................. 22
Figura 6 - Aspecto do cogumelo Agaricus blazei após desidratação.......................................22
Figura 7 - Embalagens utilizadas para comercialização do Agaricus blazei no sítio Santo
Antônio, Bariri, SP....................................................................................................................23
Figura 8 - Vista aérea da disposição da planta de produção do Agaricus blazei do Sítio Santo
Antônio, Bariri, SP............................................................................................................... 29
Figura 9 - Pátio de armazenamento de palhas do sítio Santo Antônio, Bariri, SP. ................. 30
Figura 10 - Pátio de compostagem do sítio Santo Antônio, Bariri, SP. .................................. 30
Figura 11 - Aspecto interno de uma das estufas de produção de Agaricus blazei do sítio Santo
Antônio, Bariri-SP. .............................................................................................................. 31
Figura 12 - Condução do Estudo de Caso. ............................................................................ 32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Custos fixos de produção do cogumelo Agaricus blazei no interior do Estado de


São Paulo em R$ no ano de 2016. ........................................................................................ 39
Tabela 2 - Custos variáveis da produção do cogumelo Agaricus blazei no interior do Estado
de São Paulo em R$ no ano de 2016. .................................................................................... 40
Tabela 3 - Indicadores econômicos do sistema de produção do cogumelo Agaricus blazei no
interior do Estado de São Paulo em R$ no ano de 2016. ....................................................... 41
RESUMO

Este estudo teve como objetivos avaliar os custos de produção e lucratividade do


cogumelo do sol (Agaricus blazei) nos padrões da agricultura sustentável. A análise de custos
de produção é extremamente relevante para a análise da eficiência da produção de
determinada cultura. Para isso, foi feito o levantamento de dados referente à produção do ano
de 2016. Esses dados preencheram tabelas para os cálculos dos custos totais, receita total e
indicadores de rentabilidade econômica. O sistema de produção do cogumelo A. blazei
apresenta ótima viabilidade econômica de acordo com os métodos utilizados, uma vez que a
renda liquida é significantemente positiva, sendo o índice de lucratividade de 87,54%, com
lucro operacional de R$ 637.779,87/ano. As variáveis que afetam o Índice de Lucratividade,
na sua ordem de importância, foram: preço de venda do cogumelo e produtividade.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Receita. Análise Econômica. Agaricus blazei.


ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the costs of production and profitability of
the sun mushroom (Agaricus blazei) in the patterns of sustainable agriculture. The analysis of
production costs is extremely relevant for the analysis of the efficiency of the production of a
given crop. To do so, the data were collected for the production of the year 2016. These data
filled tables for calculations of total costs, total revenue and indicators of economic
profitability. The A. blazei production system shows great economic viability according to the
methods utilizes, since the liquid revenue is significantly positive, as the profitability index
was 87,54%, with an operational profit of R$ 637.779,87/year. The variables that affected the
profitability index were, in order of importance: sale price of the mushroom and productivity.

Keywords: Sustainability. Revenue. Economic Analysis. Agaricus blazei.


10

1 INTRODUÇÃO

A abertura comercial a partir dos anos 90 expôs a produção doméstica para a


concorrência internacional no Brasil, desenhando novos cenários. A reestruturação para as
novas exigências do mercado consumidor consideram que produtores e agroindústrias saiam
do universo limitado de suas empresas e procurem formas que permitam a permanência num
ambiente competitivo mais acirrado.
Já faz parte do comportamento racional e econômico dos proprietários/administradores
de empresas a necessidade de maximizar os lucros em prazos cada vez menores. Esta forma
de ação, algumas vezes, pode danificar a dinâmica da cadeia de processos produtivos, a
visualização do andamento econômico e o processo decisório e é muito importante que estas
situações sejam percebidas e analisadas. Neste contexto, a ferramenta para mensurar todas as
informações dos custos é traduzir em termos monetários os principais sistemas de produção e,
assim, identificar as operações de maior custo, rentabilidade de sistemas alternativos,
determinação de escalas ótimas de produção e, a selecionar as melhores e mais eficientes
alternativas.
Frente ao aumento dos problemas ligados ao meio ambiente, tais como, crescimento
intensivo e uso indiscriminado de agrotóxicos, do solo, da água, além dos desmatamentos e
uso intensivo e prolongado de monoculturas, identifica-se um novo conceito de
desenvolvimento, que visa juntar crescimento econômico com conservação dos recursos
naturais: chamado desenvolvimento sustentável. As tendências desse novo paradigma
mostram os desafios às organizações no que diz respeito ao uso mais eficiente dos seus
insumos, desenvolvimento de processos e produtos mais limpos, além de maior
responsabilidade com os recursos naturais.
Dentro do setor agrícola, um dos significados da expressão “cultivo sustentável” é de
que a produção de alimentos venha com técnicas e processos que minimizem os impactos
sobre o meio ambiente e traga maior segurança alimentar pela redução de agrotóxicos. A
enorme procura por produtos alimentícios com maior qualidade é um fato na sociedade atual,
assim, cresce a defesa da produção orgânica pelos diversos órgãos, como Organizações não
governamentais (ONG´s), governos e instituições. No entanto, este conceito tem sido aplicado
no sentido de defesa do meio ambiente, na produção limpa e melhoria da qualidade de vida,
sem que se mostre de uma forma clara, a viabilidade econômica e financeira que a produção
sustentável traz.
11

A fungicultura também é uma atividade com o propósito de considerar os


agroecossistemas aptos a combinar produtividade e sustentabilidade, pois tem como objetivo
manter a integridade do meio ambiente, junto à incorporação de processos naturais voltados
para responder às necessidades atuais das comunidades agrícolas, e também, do mercado.
Dessa forma, o cultivo de cogumelos torna-se um componente importantíssimo para a nossa
economia, já que esse tipo de atividade contribui substancialmente para reforçar as interações
físicas e biológicas nos agrossistemas, mantendo o meio ambiente em equilíbrio.
O cultivo de cogumelos pode ser importante aliado ao combate a problemas
enfrentados pela população moderna, como a poluição do ambiente, a escassez de alimentos
pela má distribuição de renda e de meios de produção e a diminuição da qualidade de vida.
Normalmente, é cultivado em pequenas áreas e seu cultivo está na transformação de resíduos
orgânicos e florestais em proteínas. O Agaricus blazei, também conhecido como cogumelo do
sol, vem sendo comercializado como um produto natural, já que o seu cultivo é livre de
aplicação de agrotóxicos e de resíduos tóxicos.
A utilização de estimativas de custos de produção na administração de empresas
agropecuárias tem se apresentado com relevância na análise da eficiência da produção de
determinada atividade e também de processos específicos de produção, os quais indicam o
sucesso da empresa no seu esforço de produzir. Assim, a análise de custos de produção é uma
ferramenta fundamental na gestão dos processos produtivos, pois permite identificar os
problemas na obtenção de resultados econômicos auxiliando o produtor a manter-se na
atividade a curto e longo prazos e com este objetivo.
Neste sentido, este estudo tem por objetivo analisar os custos da produção e
lucratividade do cogumelo Agaricus blazei nos padrões da agricultura sustentável.
12

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL
Sistematizar os custos de produção e analisar a rentabilidade do cogumelo Agaricus
blazei nos padrões da agricultura sustentável.

2.2 ESPECÍFICOS
Apresentar os indicadores de custos e os indicadores de rentabilidade econômica
como:
 Margem Bruta
 Ponto de Nivelamento
 Preço de Equilíbrio
 Lucro Operacional ou receita líquida
 Índice de Lucratividade
 Relação Benefício/Custo
13

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

Segundo Rezende (2005), em 1920 apareceram os primeiros modos alternativos de


produção agrícola com base em quatro pilares: primeiramente, a Agricultura Biodinâmica,
instituída em 1924 na Alemanha por Rudolph Steiner, considerada como uma “ciência
espiritual”, que instituía a interação entre a produção animal e vegetal, como adubação verde
e rotatividade de culturas. Em segundo lugar, surgiu a Agricultura Biológica, em meados de
1930, na Suíça, inspirada por Hans Peter Müller, que estimulou o desenvolvimento de
sistemas de produção que protegessem o meio ambiente e se preocupassem com a qualidade
biológica dos alimentos e com o desenvolvimento de fontes de energia renováveis e
sustentáveis. Num terceiro momento, no Japão, em 1935, a Agricultura Natural foi
desenvolvida por Mokiti Okada, tendo em vista os preceitos de uma religião baseada no
princípio da purificação da alma por meio da alimentação saudável, hoje chamada de Igreja
Messiânica. E, por último, o aparecimento da Agricultura Orgânica entre os anos de 1925 a
1930 na Inglaterra, com Albert Howard e nos EUA na década de 1940, baseado em Jerome
Irving Rodale, os quais defendiam o não uso de adubos artificiais, consistindo em um sistema
de produção preocupado com a relação solo-planta-ambiente e um maior respeito à natureza e
aos consumidores.
A "Revolução Verde", ocorrida na agricultura após o término da Segunda Guerra
Mundial, teve como principal característica o uso em larga escala de insumos químicos com
intenção de elevar a produtividade agrícola. Embora essa mudança de paradigma na
agricultura tenha nascido em países desenvolvidos, houve interesse em espalhar
mundialmente com a alegação de que iria acabar com a fome. Todo um pacote tecnológico
(sementes melhoradas, fertilizantes químicos e agrotóxicos) foi vendido para os países em
desenvolvimento e subdesenvolvidos. Decorridos 50 anos, observam-se problemas como:
pragas resistentes a agrotóxicos; contaminação da água, do solo e dos alimentos; eliminação
de inimigos naturais; erosão, compactação e salinização do solo; e êxodo rural, devido à
mecanização da produção (ROSSET, 1995; WATANABE, 2000).
O modelo agrícola implantado com a "Revolução Verde", embora tivesse contribuído
para os incríveis recordes de produtividade não se traduziu num modelo sustentável
(PRIMAVESI, 2001).
14

A sustentabilidade de um sistema agrícola requer o uso racional dos recursos naturais,


tendo em vista a perpetuidade produtiva deste bem. O modelo convencional de agricultura
requer um aporte elevado e contínuo de insumos industriais (fertilizantes, defensivos
químicos etc.) para a manutenção do sistema, apresentando baixa eficiência no uso de energia
(GLIESSMAN, 2000).
Contrapondo-se a esse modelo, surgiu um novo pensamento intitulado "agricultura
alternativa", em que a filosofia da produção baseia-se na sustentabilidade do sistema.
Agriculturas biodinâmicas, ecológicas e orgânicas, propõem um paradigma agrícola dentro
dos princípios ecológicos. O uso eficiente da energia no sistema e a reduzida dependência de
recursos externos para produção atraem vários adeptos interessados no cultivo sustentável,
cujos produtos visam atender ao mercado de consumidores com esse pensamento ecológico
(GLIESSMAN, 2000).
Os agroecossistemas alternativos buscam atingir a sustentabilidade por meio da
conservação dos recursos renováveis, adaptando a agricultura ao ambiente, com a manutenção
de um nível alto e sustentável de produtividade. Nesse contexto, a sustentabilidade só é
alcançada por meio da adoção de práticas agrícolas fundamentadas pelo conhecimento dos
processos ecológicos que acontecem nas áreas produtivas e, em dimensão mais ampla, no
meio ambiente em que ela se insere (GLIESSMAN, 2000).
As consequências negativas ocasionadas pelos métodos agrários mais agressivos,
como desmatamento, queimadas e a utilização de agrotóxicos, que contaminam o solo, o
lençol freático e os rios levaram ao desenvolvimento de uma agricultura direcionada à
sustentabilidade. A insatisfação com a atual situação da agricultura encaminhou à um novo
segmento de produção que não fosse prejudicial ao ambiente, contribuindo para a
disseminação do termo “agricultura sustentável” (COSTA, 2010).
Conforme a Agenda 21 Brasileira (2000), a agricultura sustentável é definida como
um sistema de produção de alimentos e fibras que apresente as seguintes características:
1. Mínimo de impactos adversos ao meio ambiente;
2. Garantia da manutenção dos recursos naturais e da produtividade a longo
prazo;
3. Melhoria da produção com uso mínimo de insumos externos;
4. Retornos apropriados aos produtores;
5. Atender as necessidades sociais das famílias e comunidades rurais;
6. Satisfazer as necessidades humanas de alimentos e renda.
15

As práticas agrícolas sustentáveis são muito importantes para o meio ambiente e para a
economia, podem aumentar a produção de alimentos, pois adota o sistema de plantio que
preserva a capacidade produtiva do solo; o uso da agroenergia, que são fontes de energia
geradas no campo como, por exemplo, biocombustíveis; a Gestão Ambiental e Territorial, em
que são feitos estudos para que cada prática agrícola seja executada em áreas e climas onde a
cultura vai alcançar maior rendimento com menor desgaste do solo; diminuição de adubos
químicos; o uso de técnicas em que não ocorra a poluição do ar, do solo e da água; a criação e
uso de sistemas de captação de águas das chuvas para ser utilizada na irrigação; o uso racional
ou, quando possível, eliminação dos pesticidas. Sendo assim, precisam ser incentivadas para
que se tornem competitivas em relação à agricultura habitual menos sustentável (IPAM,
2017).
No que diz respeito ao cultivo de cogumelos, há um perfeito encaixe com a agricultura
sustentável, uma vez que são usados produtos residuais agrícolas, é possível a obtenção de
altos níveis de produção por área cultivada e, após a colheita, o substrato residual ainda serve
adequadamente, pois são extremamente ricas contendo altos teores de Fósforo disponível, alto
teor de Cálcio e gesso na composição. Além de conter Potássio, Nitrogênio e muita matéria
orgânica. O produtor pode utilizar o composto residual pós-cultivo de cogumelos
Agaricus blazei para adubação orgânica na propriedade (produção de hortaliças, frutíferas,
etc.) ou vender o composto residual como adubo orgânico (OEI, 2006).

3.2 HISTÓRIA DO CULTIVO DOS COGUMELOS

Os cogumelos, pertencentes ao reino dos fungos, são cultivados e consumidos desde a


antiguidade pelos asiáticos e europeus. Normalmente, são encontrados em locais inóspitos,
como locais de clima temperado. Existem cerca de 2 mil espécies de cogumelos considerados
comestíveis, porém apenas 25 são realmente aceitos como alimento (MATOS et al., 2015).
Os chineses formam os primeiros a introduzir o cultivo de cogumelos (anos 50),
seguidos pelo italiano Oscar Molena, em Mogi das Cruzes e Atibaia, respectivamente. Após
isso, o cultivo foi tomando maiores proporções, tendo sido intensificado em 1990. O
Champignon de Paris (Agaricus bisporus), o Shimeji (Pleurotus ostreatus) e o Shiitake
(Lentinula edodes) estão entre as espécies mais cultivadas para fins comerciais. O cogumelo
do sol (Agaricus blazei) e o Reish (Ganoderma lucidum) são cultivados com objetivos
medicinais, pelas suas propriedades imunoterapêuticas (PERONDI, 2011).
16

No Brasil, a produção de cogumelo teve seu início por volta da década de 1950,
conforme se vê em HERRERA, 2001:

No Brasil, não existe uma documentação segura que permita localizar,


cronologicamente, o início do cultivo de cogumelos. Entretanto, tem-se
conhecimento de que a primeira espécie cultivada no país foi o Agaricus
bisporus ou Champignon de Paris, cuja produção em escala comercial teve
seu início na década de 1950, e cuja popularização no hábito alimentar dos
brasileiros se deu na região centro-sul há aproximadamente 40 anos. Outras
espécies comercialmente cultivadas no Brasil são o Pleurotus sp. (Shimeji e
Hiratake) e o Lentinula edodes (Shiitake).

Perondi (2011) afirma que, além de serem nutritivos, os cogumelos são muito
conhecidos pelas suas propriedades terapêuticas desde os anos 70, principalmente, na China,
Japão, Estados Unidos e França. Contudo, o Brasil, com uma das maiores áreas de cultivo do
mundo e um cenário crescente de cultivo de cogumelos, o consumo tem se mostrado baixo
(130g/habitante) comparativamente a outros países como a Itália (1,3Kg/habitante), a França
(2Kg/habitante) e a Alemanha (4Kg/habitante). Um dos motivos pelo baixo consumo é o
elevado preço de venda.
Os cogumelos são também considerados importantes no combate a problemas da
sociedade moderna, como a má distribuição de renda e dos meios de produção que acarreta
em escassez de alimentos e a poluição do ambiente, o que leva a uma diminuição da qualidade
de vida. O cultivo dos cogumelos é normalmente realizado em áreas pequenas, onde
promovem transformação de resíduos orgânicos e florestais em proteínas (HERRERA, 2001).
A Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (2016)
afirma que, no Brasil, a produção média anual de cogumelos in natura constitui 12 mil
toneladas e que São Paulo e Paraná são os estados com o maior número de produtores.
Embora o cultivo de cogumelos tenha evoluído no Brasil, ainda há obstáculos como o
clima muito quente e seco em grande parte do ano, na maioria do país, além do número
reduzido de produtores (SILVA, 2011).
No Brasil, a primeira espécie de cogumelo comestível a ser cultivada foi o Agaricus
bisporus ou Champignon de Paris. Contudo, o cultivo foi aumentando, sendo hoje produzidas
em solo nacional espécies variadas, como o Shimeji (Pleurotus ostreatus) e o Shiitake
(Lentinula edodes) (MOURA, 2009).
17

3.3 Agaricus blazei

O A. blazei é de ocorrência natural no Brasil (IWADE; MIZUNO, 1997) (Figura 1).


Pesquisas foram iniciadas em meados dos anos 60, no Japão, levando ao cultivo comercial em
larga escala, e espalhando-o por outros países, como os Estados Unidos. No Brasil, o cultivo
deste cogumelo iniciou-se em 1990. Os estudos sobre o A. blazei levados a cabo têm
demonstrado as suas propriedades medicinais, o que contribuiu para a popularização do seu
cultivo (LISIECKA et al., 2013).

Figura 1 - Cogumelo Agaricus blazei em


ponto de colheita.

Fonte: Elaborado pela autora.

Este cogumelo tem importante valor nutricional e medicinal, sendo produzido


extensivamente com essas duas principais finalidades. É usado no tratamento de doenças
como o câncer, arteriosclerose e hepatite crônica e muito conhecido pelas suas propriedades
estimulantes sobre o sistema imunológico (SINGI et al., 2006).

3.3.1 O cultivo do Agaricus blazei

O cultivo do cogumelo A. blazei no Brasil acontece desde 1990, com caráter


comercial. Este cogumelo pode ser encontrado naturalmente no Brasil, tendo sido encontrado
pela primeira vez no estado de São Paulo. Não há tecnologia específica para o cultivo do A.
blazei, porém, processos como os de compostagem, semeadura, controle de pragas e
18

contaminantes têm sido adaptados a partir dos processos utilizados da cultura de A. bisporus
(ZIED et al., 2010).
Sendo uma espécie saprófita, o A. blazei cresce bem em substratos ricos em resíduos
de lignocelulose, tendo como habitats naturais as florestas mistas, localidades altas e
montanhas no Peru e no Brasil. Contudo, essa espécie é considerada saprófita secundária,
desenvolvendo-se em substrato parcialmente processado. Além disso, o seu cultivo requer
altas temperaturas, elevada umidade e acesso à luz para que haja a formação dos corpos
frutíferos, condição essa encontrada em grande parte do Brasil, o que favorece o seu cultivo
(LISIECKA et al., 2013).
O A. blazei e o A. bisporus compartilham as seguintes etapas de cultivo (Figura 2)
(SIQUEIRA, 2006):
1. Preparo do substrato de cultivo, ou compostagem, constituído por:
Fase I da compostagem (outdoor – as leiras ou amontoados de substrato ficam no
galpão para reviragem);
Fase II da compostagem (pasteurização e condicionamento “indoor” – ficam
acondicionados em “tuneis” onde são pasteurizados);
2. Inoculação;
3. Incubação do substrato inoculado;
4. Cobertura do substrato (“Casing layer”);
5. Indução de primórdios e produção de cogumelos;
6. Colheita e processamento.
19

Figura 2 - Etapas do processo produtivo do cogumelo Agaricus blazei.

Fonte: Cultivo do “Cogumelo do sol” – Dossiê Técnico – Serviço Brasileiro de Respostas


Técnicas.

3.3.2 Compostagem

O substrato ideal para o cultivo do A. blazei podem ser os chamados compostos


clássicos (com presença de esterco de equino, de aves, entre outros). A composição e
concentração dos constituintes neste tipo de composto poder variar de acordo com o tipo e
quantidade de esterco, número e dieta dos animais, bem como o tempo de permanência nas
baias ou forma de armazenamento. Já os compostos sintéticos possuem fontes de nitrogênio
mais estáveis, como, por exemplo, farelos, possibilitando maior reprodutibilidade entre os
ciclos de produção. Entretanto, os compostos sintéticos são mais caros que os clássicos. Os
compostos clássicos são utilizados com mais frequência devido ao seu baixo custo e fácil
aquisição. (SIQUEIRA, 2006).
Também podem ser utilizados resíduos agrônomos ricos em complexos de
lignocelulose (palha, algodão, serradura, farelo de trigo ou arroz, cálcio, entre outros).
Estudos demonstram que para o cultivo de A. blazei, durante a fermentação de 23 a 25 dias, é
recomendável que a temperatura não ultrapasse os 60ºC e que substratos não compostados
também podem ser utilizados no cultivo do cogumelo em questão (LISIECKA et al., 2013).
20

O método de compostagem mais utilizado para o A. blazei é o de compostagem curta


que consiste em “uma decomposição aeróbia de substratos orgânicos em condições que
permitam atingir temperaturas suficientemente elevadas para o crescimento de
microrganismos termófilos (BALDISSERA, 2007).
Segundo Baldissera (2007), este método compreende a fase I, quando é feita a mistura
de materiais, amontoados e umedecidos, formando leiras, ou amontoados, que são reviradas
com frequência, por um período de 7-14 dias; e a fase II que diz respeito aos estágios de
pasteurização (6 - 8 horas a 60 oC) e condicionamento (6 - 9 dias, 45 a 50oC e aeração de 20
m3 h-1 ton-1 de composto), que devem ser feitos em instalações fechadas, denominadas
“túneis”. Existem novos métodos que combinam as duas fases em um sistema único, de modo
a minimizar o impacto ambiental da compostagem. Este sistema recebe o nome de sistema
“Indoor”.

3.3.3 Inoculação ou semeadura

Existem diversas formas de se realizar a inoculação ou semeadura é o processo de


colocação das sementes no substrato para o desenvolvimento/crescimento do A. blazei (Figura
3). Baldissera (2007) afirma que podem ser utilizados sacos plásticos, em “camas”
(diretamente nas prateleiras) ou no solo. Depois de plantados, os canteiros devem ser cobertos
com terra ou outro material para que haja a mudança fisiológica no comportamento do
micélio, passando do estado vegetativo para o estado reprodutivo.
Figura 3 - Máquina desenvolvida para
inoculação ou semeadura
do composto do Sítio Santo
Antônio, Bariri, SP.

Fonte: Elabora pela autora.


21

Dentro dos sacos de plástico são colocados o composto e o inóculo ou “semente”


numa proporção de 1 a 2 % do peso do composto. Os sacos devem ser constituídos por
polietileno de 30 a 35 cm de altura e devem comportar 10 a 15 kg de composto (Figura 4) e
devem ser fechados para permitir o desenvolvimento dos micélios a uma temperatura
ambiente de 28oC e sem luz. A incubação deve durar cerca de 25 a 35 dias (BALDISSERA,
2007).

Figura 4 - Cultivo de Agaricus blazei


em sacos plásticos.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.3.4 Colheita

Inicia-se, em média, de 21 a 30 dias após o plantio. A produção pode se estender por


até 6 meses, mas é economicamente viável até o quarto mês. Uma vez que o desenvolvimento
dos cogumelos não é uniforme, deve-se ter atenção diária, após iniciada a colheita (Figura 5).
Depois de serem colhidos, os cogumelos devem ser lavados com um jato de água e o auxílio
de uma escova ou faca (BALDISSERA, 2007).
22

Figura 5 - Cogumelo Agaricus blazei em


ponto de colheita.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.3.5 Desidratação

Após a colheita é efetuada a desidratação, onde os cogumelos devem ser cortados ao


meio, de forma longitudinal e devem ser colocados em bandejas, cuidadosamente. Após isso,
devem ser colocados no desidratador, à temperatura constante de 45 oC a 55 oC, por período de
8 a 14 horas, até peso constante (Figura 6) (BALDISSERA, 2007).
O processo de secagem requer cuidados para que seja rápido e evite a proliferação de
microrganismos durante o período de desidratação (LUZ, 2006).

Figura 6 - Aspecto do cogumelo Agaricus


blazei após desidratação.

Fonte: Elaborado pela autora.


23

3.3.6 Embalagem e comercialização

A embalagem deve ser escolhida de forma que o produto não seja alterado pelas
condições físicas e químicas do ambiente. Embalagens de polipropileno metalizado duplo
proporcionam menores variações de reabsorção de umidade e de atividade de água, não
ocasionando o escurecimento dos cogumelos. A comercialização do cogumelo A. blazei deve
ser feita após a desidratação e acondicionamento em embalagens plásticas de polipropileno
(Figura 7) ou na forma de cápsulas (LUZ, 2006).

Figura 7 - Embalagens utilizadas para


comercialização do
Agaricus blazei no sítio
Santo Antônio, Bariri, SP.

Fonte: Elaborado pela autora.

3.4 POTENCIAL MEDICINAL DO Agaricus blazei

As neoplasias, que são uma proliferação descontrolada de células benignas ou


malignas, são responsáveis por altas taxas de mortalidade em humanos e animais. Os
tratamentos utilizados nas neoplasias, tais como, quimioterapia e radioterapia, têm
demasiados efeitos colaterais indesejáveis e nem sempre eficazes. Portanto há uma incessante
busca de fármacos eficientes que tenham baixa toxicidade e que tragam o menor efeito
colateral possível (SUFFREDINI, 2002). Sobre isso, foi demonstrado in vitro que o extrato
total e os polissacarídeos do cogumelo A. blazei possui ação antitumoral direta sobre o
sarcoma e diminuem sua implantação (LEE et al., 2003).
Os cogumelos são fontes de substâncias com propriedades medicinais únicas, sendo
denominados, por isso, de nutracêuticos e considerados como alimentos funcionais ou
24

suplementos alimentares. O A. blazei contém quantidades consideráveis de proteínas,


carboidratos, minerais e baixo teor de gordura. Além disso, foram extraídos deste cogumelo
compostos com ação anticancerígena, além de substâncias bioativas, como polissacarídeos
contendo β-glunacas, esteroides e lectinas. Várias pesquisas confirmaram a atividade
anticancerígena dos polissacarídeos presentes nos corpos frutíferos do cogumelo, que
promovem a produção de intereferon e interleucinas (LISIECKA et al., 2013).
Ainda segundo Lisiecka et al. (2013), também foi descoberta a presença do Ergosterol,
composto responsável pela inibição do desenvolvimento de células cancerígenas, e de
piruvato de sódio, que previne o processo de metástase e o desenvolvimento de sarcoma-180.
Outros estudos demonstraram que o extrato dos corpos frutíferos de A. blazei contém
propriedades antivirais, antibacterianas e antialérgicas, assim como a funcionalidade de
reduzir os níveis séricos de colesterol, de estimular o sistema imunológico e de ajudar no
tratamento da AIDS, da diabetes, da pressão arterial e hepatite viral.

3.5 VALOR AGREGADO E DIFERENCIAL DO ALIMENTO NUTRACÊUTICO

A indústria de alimentos se caracteriza por ser uma indústria intensiva em tecnologia,


mas as inovações nessa área são, frequentemente, incrementais, cuja dinâmica é baseada em
novas combinações do conhecimento existente ou por relações tecnológicas com outras
indústrias (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DA ALIMENTAÇÃO,
2010). Essas organizações têm realizado crescentes investimentos em novos insumos e
ingredientes que geram atributos diferenciados nos produtos, como é o caso do mercado de
alimentos funcionais. Estes produtos, também conhecidos como nutracêuticos, podem ser
definidos como alimentos, ou parte de alimentos, que oferecem benefícios medicinais,
incluindo a prevenção e/ou tratamento de doenças (DEFELICE, 1996).
O Agaricus blazei é considerado um alimento nutracêutico, pois é um suplemento
alimentar nutritivo e natural. Os alimentos funcionais e nutracêuticos englobam nutrientes
isolados, suplementos nutricionais e produtos dietéticos, além de alimentos desenhados por
meio da genética, passando por fitoquímicos, bebidas, sopas e cereais. Pelo fato de
contemplar todas essas características, estes produtos se tornaram fenômeno de mercado em
todo o mundo, tendo assim, um alto valor agregado (BASU et al., 2007). De fato, os
alimentos funcionais ganharam espaço não somente nas gôndolas, como também em estudos
que preveem uma nova era (ZADIK, 2010) e o ingresso de indústrias farmacêuticas no ramo
25

alimentício (WILKINSON, 2002). Essa estratégia, por sua vez, está vinculada à vantagem
competitiva de uma empresa em relação aos seus concorrentes (PORTER, 1990).
A diferenciação de produto depende do número de dimensões nas quais ele pode se
diferenciar (embalagem, marca e principalmente preço); do avanço tecnológico capaz de
modificar suas características (linha de alimentos funcionais); da publicidade persuasiva que
pode induzir percepções subjetivas de diferença ou de mudanças na renda, demografia ou
gosto dos consumidores (PORTER, 1990), já o Agaricus blazei se diferencia após estudos
científicos e tecnológicos que o relataram com propriedades medicinais potenciais

3.6 ANÁLISE DE CUSTOS E RENTABILIDADE

Atualmente, existe alta competitividade de mercado no que diz respeito ao cultivo e


comercialização de cogumelos. O foco é a maximização dos resultados, através do aumento
das receitas e da diminuição dos custos e despesas de produção. Assim sendo, o conhecimento
da contabilidade dos custos de produção é essencial para uma gestão eficiente. A
contabilidade dos custos implica na identificação dos gastos relacionados com a produção e
no auxílio aos processos de controle e de tomada de decisão, envolvendo as definições de
gastos, custos e despesas. Existe, por outro lado, a contabilidade rural que, embora pouco
utilizada, refere-se à análise da produção rural, a fim de gerar informações que sejam úteis
para os produtores. (ARAÚJO et al., 2016).
A análise dos custos envolvidos em uma produção e os preços de vendas são fatores
importantes na administração (BRUNI; FAMÁ, 2010). Os custos são fatores essenciais para
que uma propriedade rural seja bem administrada, seguindo sempre padrões de qualidade para
a obtenção de lucro e de modo a auxiliar o produtor rural na tomada de decisão nas atividades
desenvolvidas na sua propriedade rural (RICHETTI, 2010).
Para uma melhor compreensão sobre as temáticas de análise de resultados na tomada
de decisão, serão descritos conceitos envolvidos na realização de uma análise de resultados,
tais como a receita bruta e os custos de produção:

3.6.1 Receita Bruta

Pelo artigo 12 da Lei nº 12.973/2014, entende-se que receita bruta corresponde aos
produtos de venda de bens, aos preços cobrados pelas prestações de serviço, ao resultado das
vendas e às receitas da atividade ou do objeto principal da venda.
26

Flores et al. (2006) abordam que a receita bruta é igual a todos os créditos (entradas de
dinheiro ou direitos a receber) referente à venda de uma determinada atividade produtiva.

3.6.2 Custos

São definidos como gastos referentes à aquisição de bens e serviços consumidos com a
finalidade de produzir outros bens e serviços (PEREZ JÚNIOR et al., 2010).
Por custos entendem-se todos os componentes utilizados num sistema produtivo. São
essenciais para que a produção de um bem ou prestação de um serviço aconteça e envolvem
todos os custos do processo produtivo (FREIRE, 2008).
Martins (2010) cita custo como gasto, que deve ser denominado como custo apenas na
hora da produção de um produto ou então na realização/execução de um serviço, ou seja, os
custos são todas as ferramentas utilizadas na cadeia produtiva e são necessários para que
aconteça a realização desse bem ou serviço.
Os custos de produção de uma atividade são determinados como a soma de valores e
serviços produtivos dos processos aplicados na produção de um bem, visto que este valor é
igual ao comprometimento monetário total da empresa que a produz (MATSUNAGA et al.,
1976).
Matsunaga et al. (1976) citam que, conforme a grande dificuldade encontrada para
esclarecer os custos da produção rural, foi sugerido em 1972, por especialistas do IEA
(Instituto de Economia Agrícola), uma forma alternativa. Essa metodologia desenhada pelos
especialistas foi batizada de custo operacional, abrangendo os gastos desembolsados pelo
agricultor e mais uma taxa de depreciação de máquinas e benfeitorias além do custo estimado
da mão de obra.

3.7 ANÁLISE DE CUSTOS E RENTABILIDADE DE COGUMELOS

Há grande dificuldade para obtenção de dados para análise de custos, produtividade e


rentabilidade referente ao cultivo de cogumelos. A ausência de estimativas precisas sobre o
setor dificulta a quantificação exata do número de produtores em atividade no Brasil. Não
existem dados oficiais sobre a produção de cogumelos no Brasil e, em relação à produção de
A. blazei, uma estimativa de sua produção é mais complexa ainda, em função da
informalidade da comercialização e da instabilidade de sua produção (produtividade e época
de cultivo) por grande parte dos cultivadores (PAULA et al., 1999).
27

O estado de São Paulo é, atualmente, o que mais produz e consome cogumelos no


país. Possui em torno de 505 produtores de cogumelos em aproximadamente 44 municípios,
sendo a maior parte da produção de Champignon de Paris (Agaricus bisporus), com a
comercialização basicamente de cogumelos frescos, a fim de manter a atividade de produção.
São produzidas cerca de 1.062.008 toneladas de cogumelos por mês no estado (GOMES et al.,
2016).
Ao comparar a viabilidade econômica no cultivo de shiitake em diferentes escalas de
produção, a metodologia utilizada para o cálculo do custo de produção foi baseada no Custo
Operacional Total (COT) e no Custo Total de Produção (CTP), desenvolvida pelo Instituto de
Economia Agrícola (IEA). Para estimar a lucratividade da cultura do shiitake, calculou-se a
renda bruta, multiplicando a produção de cogumelos pelo preço de venda; o lucro operacional,
pela diferença entre a renda bruta e o CTP; e o índice de lucratividade, sendo a proporção da
renda bruta que se constitui em recursos disponíveis (PAULA et al., 2001).
Para Paula et al. (1999), a estrutura de custo operacional para a produção de
cogumelos shiitake adotada é constituída dos seguintes componentes: Despesas com material
consumido; Despesas com operações manuais; Despesas com irrigação; Outras despesas
operacionais; Juros de custeio; Encargos sociais; Depreciação dos equipamentos;
Contribuição à seguridade social. O Custo Operacional Efetivo (COE) é composto das
despesas com material consumido, operações manuais, irrigação e outras despesas
operacionais. O COT é composto do COE, mais juros de custeio, encargos sociais,
depreciação e contribuição à seguridade social. Acrescentando-se ao COT outros custos fixos
e a remuneração ao capital fixo, obtém-se o custo total de produção, que permite avaliar a
atividade a médio prazo.
Conforme Araújo et al. (2016), na análise econômica do cogumelo Champignon, o A.
bisporus, a contabilidade de custos é a área da contabilidade voltada para identificar os gastos
relacionados com a produção e por meio disso, auxiliar nos processos de controle e de tomada
de decisão. Ela envolve conceitos e definições próprias que são imprescindíveis para sua
utilização, tais como as definições de gastos, custos e despesas. Já a contabilidade rural é o
ramo da contabilidade voltado para os estudos das empresas rurais, para analisar a produção
rural por diversos enfoques e gerar informações úteis para os produtores, sendo a principal
ferramenta administrativa para a empresa rural, todavia ainda pouco utilizada no Brasil.
Paula et al. (1999) e Araújo et al. (2016) demonstraram que o cogumelo Shiitake e
Champignon, respectivamente analisados, gera rentabilidade ao produtor. Nos dois casos o
lucro superou o custo de produção.
28

Após revisão bibliográfica, fica claro a lacuna sobre trabalhos voltados a rentabilidade
do cogumelo Agaricus blazei, motivo este pelo qual, este estudo foi realizado.
29

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 ÁREA DE ESTUDO

A condução deste estudo foi realizada no Sítio Santo Antônio em Bariri-SP.


Localização geográfica: Latitude 22º 5’ 11.05’’S e Longitude 48º 42’ 50.84’’ W. A
propriedade tem 42.000 m2 e onde está localizada a produção do A. blazei.

Figura 8 - Vista aérea da disposição da planta de produção do Agaricus


blazei do Sítio Santo Antônio, Bariri, SP.

Fonte: Elaborado pela autora.

1
Galpão utilizado para o preparo e pasteurização do composto.
2
Estufa de cultivo.
3
Área destinada para a desidratação dos cogumelos.
4
Estufa de cultivo.
5
Estufa de cultivo.
6
Estufa de cultivo.
7
Estufa de cultivo.

A área destinada a produção de A. blazei conta com 01 galpão com pé direito em


concreto, com estrutura de madeira e cobertura galvanizada de 840m2 para armazenamento de
palhas (Figura 9) e compostagem (Figura 10), 07 estufas de aproximadamente 200m2, das
quais, 05 são efetivamente utilizadas para o cultivo do cogumelo Agaricus blazei (Figura 11),
com estrutura em alvenaria, piso de concreto, telha cerâmica e envolta de filme transparente
30

para a retenção de umidade. Também há um galpão fechado de 300m2 para a limpeza e


desidratação dos cogumelos, com estrutura em alvenaria, piso de concreto e telha cerâmica.

Figura 9 - Pátio de armazenamento de palhas


do sítio Santo Antônio, Bariri, SP.

Fonte: Elabora pela autora.

Figura 10 - Pátio de compostagem do sítio


Santo Antônio, Bariri, SP.

Fonte: Elabora pela autora.


31

Figura 11 - Aspecto interno de uma das


estufas de produção de
Agaricus blazei do sítio
Santo Antônio, Bariri-SP.

Fonte: Elabora pela autora.

A produção de A. blazei do Sítio Santo Antônio tem grande representatividade no setor


com produção média anual de 12.500 Kg de cogumelos A. blazei in natura, sendo por isso
esta propriedade escolhida para o estudo de caso, objeto desta pesquisa.

4.2 METODOLOGIA

4.2.1 Estudo de Caso

O método de pesquisa selecionado para compor este estudo foi o estudo de caso. O
estudo de caso é um método fundamentado, essencialmente, no paradigma das ciências
tradicionais, sendo que os objetivos centrais das pesquisas realizadas sob esse paradigma são:
explorar, descrever, explicar e, se possível, predizer acerca de fenômenos ou sistemas
existentes (VAN AKEN, 2004).

Essa metodologia também pode ser descrita por Freitas e Prondanov (2013):

O estudo de caso consiste em coletar e analisar informações sobre


determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade, a fim de
estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa.
É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma
categoria de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de
forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de
32

pessoas, de uma comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos


para sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e
coerência.

Gil (2002) afirma que o estudo de caso é caracterizado pela análise profunda de um ou
mais fenômenos, de forma compreendê-lo diante de outros casos similares.
Um dos problemas com que os pesquisadores deparam é relativo à seleção da
abordagem metodológica da pesquisa. Existem premissas e restrições para a escolha de cada
método adotado e elas devem ser levadas em consideração. Depois de identificadas as lacunas
de pesquisa, a partir da literatura, e desenvolvida a questão da pesquisa, o pesquisador analisa
as possíveis abordagens a serem utilizadas, selecionando aquela que for mais apropriada, útil
e eficaz para endereçar essa questão ou, em outras palavras, que deverá atender a
problemática estudada no sentido da proposição/encaminhamento de soluções. A adoção de
uma abordagem como o estudo de caso deve atender a questão de pesquisa no sentido de
aumentar as chances de endereçar a questão proposta. Para atender então aos objetivos da
pesquisa, o trabalho deve ser conduzido com o rigor metodológico necessário. Uma proposta
de conteúdo e sequência para a condução de um estudo de caso pode ser vista na figura 12
(MIGUEL, 2007).

Figura 12 - Condução do Estudo de Caso.

Fonte: “Estudo de Caso na Engenharia de Produção: Estruturação e


Recomendações para sua Condução”, de P. A. C. Miguel, 2007.
33

4.2.2 Custos de produção

Podemos definir os custos fixos como os custos que não tem alterações influenciadas
pelo volume de produção. Independente de produzir uma unidade do produto ou cem mil
unidades, esse custo não oscila. Apesar do nome, não se pode afirmar que estes custos, que
podem também ser classificados como “custos de estrutura”, de forma alguma estarão sujeitos
a qualquer alteração. Um exemplo muito relevante é o aluguel, que pode normalmente sofre
reajustes de tempos em tempos, normalmente estabelecidos em contrato, mas ainda assim
continuam sendo parte daquilo que chamamos de custos fixos, já que tais reajustes não estarão
ligados às oscilações na produção da empresa (MARTINS, 2010).
Além do aluguel, denominamos como custos fixos segurança, folha de pagamento,
limpeza, manutenção, telefone, juros sobre capital empregado, e depreciação de máquinas,
equipamentos e instalações.
Para o levantamento dos dados, foram necessárias duas visitas ao local da produção e
algumas ligações telefônicas que ocorreram dentro do ano de 2016, para o correto
preenchimento da tabela com todos os itens para os cálculos dos custos.

4.2.3 Estimativa de Custos Operacionais Efetivos e Custos Operacionais Totais

Martin et al. (1998) dizem que os custos variáveis, por sua vez, estão diretamente
ligados a quantidade de produção da empresa. A melhor forma de descrição desse tipo vem
das matérias-primas: quanto mais volume se tem de produção, mais material deverá ser usado
e, portanto, maior é o gasto.
A metodologia utilizada para o cálculo do custo foi baseada no Custo Operacional
Total (COT) e no Custo Total de Produção (CTP), desenvolvida pelo Instituto de Economia
Agrícola (IEA) (MATSUNAGA et al., 1976).

Essa metodologia criada pelo IEA foi descrita por Martin et al. (1998) como sendo:

A) Despesas com operações: são os custos com operações agrícolas, isto é, a


quantidade dos fatores de produção. Isto é, a quantidade dos fatores de
produção utilizados por hectare multiplicada por seus respectivos preços. No
caso da mão de obra, considerasse o preço horário sem encargos, que pode
ser estimado dividindo-se o salário mensal por 24 dias úteis, e o resultado
dividido por 8 horas diárias. No caso dos diaristas (boia-fria), pode-se
simplesmente dividir a diária por 8 horas. Para trator e equipamentos, é
34

considerado o custo operacional por hora de uso, envolvendo, combustíveis,


reparos, filtros e os demais itens de manutenção necessários para dispor a
máquina ou equipamento em condições de operação, estimado pelo sistema.
B) Despesas com operações realizadas por empreitas, efetuadas por hectares
ou por unidade do produto.
C) Despesas com material consumido: quantidade de cada material
consumido por hectare multiplicada pelo preço da aquisição.
D) Custo Operacional Efetivo (COE): constitui a somatória dos resultados
das despesas por hectares obtidos em A, B e C, e que é o dispêndio efetivo
(desembolso) por hectare realizado pelo produtor para produzir determinada
quantidade de um dado produto.
E) Outros custos operacionais: têm a finalidade de alocar na atividade
produtiva, em análise, parte das despesas gerais da empresa agrícola, a fim
de se avaliar com maior precisão os custos e retornos dessa atividade. São
considerados os seguintes itens: - Depreciação de máquinas: é a soma do
custo de depreciação mais os custos com garagem e seguro por hora de cada
máquina, multiplicada pelas respectivas horas utilizadas em um hectare da
atividade, estimado pelas culturas perenes e animais. - Encargos diretos: é a
taxa de encargos diretos sobre os custos com horas gastas de mão de obra
por hectare, podendo ser adotado: 8% para FGTS; 11,11% para férias e
prêmio obrigatório; 8,33% para o 13 salário; 3,33% de o prêmio do FGTS;
2,50% de salário família; 2,50% de salário educação e 0,20% de INCRA,
envolvendo até aqui cerca de 35,97% da folha de pagamento, no caso de
pessoa física, e podendo incluir outros custos de acordo com os
procedimentos adotados por produtores e empresas agropecuárias; - CESSR
(antigo FUNRURAL): é a contribuição especial da seguridade social rural
que, em 1997, era de 2,70% (2,50% para o INSS, 0,1% Seguro e 0,1%
SENAR) sobre a produção comercializada por hectare, para pessoa física, e
de 2,7% para empresa agropecuária; - Seguro: taxa de seguro que incide
sobre os dispêndios efetivos realizados na produção (COE); - Encargos
financeiros: estimado como sendo uma taxa anual de juros que incide sobre a
metade do COE (desembolso) no ciclo de produção (meses); - Outras
despesas: estimativas de despesas com administração, assistência técnica e
outras taxas a serem pagas pela atividade. É estimada como uma taxa
percentual sobre o COE (desembolso);
F) Custo operacional total (COT): é a somatória do COE (D) e dos outros
custos operacionais (E). Do ponto de vista teórico, o COT seria aquele custo
que o produtor incorre no curto prazo para produzir e para repor a sua
maquinaria e continuar produzindo.
G) Outros custos fixos: constituem outros custos imputados à atividade,
visando a remuneração do capital fixo, no caso a terra, instalações e
maquinaria, podendo incluir também o capital investido na formação de uma
cultura perene e/ou de um plantel animal. O total desses custos fixos é
composto por dois itens: - Arrendamento da terra, em valor por hectare
(R$/ha), como custo de uso da terra; - Estimativa dos demais custos fixos
como uma percentagem sobre o COE, por hectare, tal como a depreciação de
culturas perenes e de animais de produção e a remuneração ao capital fixo
em instalações, maquinarias, culturas perenes e animais.
H) Custo total de produção (CTP): é a somatória do custo operacional total
por hectare (F) e de outros custos fixos (G). Do ponto de vista conceitual, o
CTP constitui o custo total da atividade que, adicionado à remuneração da
capacidade empresarial, que permitirá avaliar qual a taxa de rentabilidade da
atividade em análise.
35

Os custos variáveis podem ser determinados com uma aproximação do Custo


Operacional Efetivo (COE), que será a base para os indicadores econômicos. E nesse caso,
calculou-se também o Custo Operacional Total (COT) que é a soma do COE com os Outros
Custos Operacionais (OCO).
O Custo Operacional Efetivo (COE) é composto das despesas com material
consumido, operações manuais, irrigação e outras despesas operacionais.
O COT é composto do COE, mais juros de custeio, encargos sociais, depreciação e
contribuição à seguridade social. Acrescentando-se ao COT outros custos fixos e a
remuneração ao capital fixo, obtém-se o custo total de produção, que permite avaliar a
atividade a médio prazo.

4.2.4 Custos Totais de Produção

É a soma do Custo Operacional Total (COT) com os custos fixos, como depreciação,
Juros e Conservação e manutenção:

COT=CF+COE
Onde:
CT= Custo Operacional Total
CF= Custos fixos
COE= Custo Operacional Efetivo

4.2.5 Análise Econômica de Resultados

Martin et al. (1998) falam que os indicadores técnicos, econômicos e financeiros são,
ferramentas indispensáveis para a tomada de decisão do empresário rural.
A avaliação econômica da produção do Agaricus blazei foi efetuada por meio da
análise dos custos de produção e rentabilidade.
Os retornos econômicos descritos abaixo são os considerados por MARTIN et al.
(1998):
Receita Bruta (RB): igual ao produto do preço de venda na região (em R$) pela
quantidade produzida (em kg):

RB = Pr x Pu
36

Onde:
Pr = produção da atividade por quilo
Pu = preço unitário do produto da atividade

Margem Bruta (MB): é a margem em relação ao custo operacional efetivo (COE), ou


seja, é o resultado que sobra depois que o produtor paga todo o custo operacional efetivo e em
relação a esse mesmo custo (em porcentagem) considerando determinado preço unitário de
venda e rendimento do sistema de produção para a atividade:

MB (COE) = ((RB - COE) / COE) x 100


Onde:
RB = Receita Bruta
COE = Custo Operacional Efetivo

Margem Bruta (COT): é a margem em relação ao custo operacional total (COT). É


o resultado que sobra após o produtor pagar todo o custo operacional total e em relação a esse
mesmo custo (em porcentagem) considerando determinado preço unitário de venda e
rendimento do sistema de produção para a atividade, ou seja:

MB (COT) = ((RB - COT) / COT) x 100


Onde:
COT = Custo Operacional Total

Ponto de Nivelamento (COE): É o indicador de custo em relação à unidade


produzida. Determina qual é a produção mínima necessária para cobrir o custo operacional
efetivo, dado o preço de venda unitário:

PN (COE) = COE / Pu

Onde:
Pu = preço do quilo de venda do produto da atividade
37

Ponto de Nivelamento (COT): É o indicador de custo em relação à unidade


produzida. Determina qual é a produção mínima necessária para cobrir o custo operacional
total, dado o preço de venda unitário, ou seja:

PN (COT) = COT / Pu
Onde:
Pu = preço de do quilo venda do produto da atividade

Preço de equilíbrio (PE): É definido pelo mínimo necessário para pagar o custo
operacional efetivo (COE) e o custo operacional total (COT):

PE (COE) = COE/Pr
PE (COT) = COT/Pr
Onde:
Pr = Produção da atividade por quilo
COE = Custo Operacional Efetivo
COT = Custo Operacional Total

O indicador do preço de equilíbrio mostra, dada uma produtividade, qual o preço de


venda necessário para ressarcir o COE e o COT.

Lucro Operacional (LO) ou receita líquida: É a diferença entre a receita bruta e o


custo operacional total (COT) por unidade produzida. O indicador do resultado do lucro
operacional mede a lucratividade da atividade no curto prazo, desenhando as condições
financeiras e operacionais da atividade:

LO = RB - COT

Onde:
RB = Receita Bruta
COT = Custo Operacional Total
38

Índice de Lucratividade (IL): É a relação entre o lucro operacional (LO) e a receita


bruta, em porcentagem. É uma medida importante de rentabilidade da atividade agropecuária,
uma vez que mostra a taxa disponível de receita da atividade, após o pagamento de todos os
custos operacionais:

IL = (LO / RB) x 100


Onde:
LO = Lucro Operacional
RB = Receita Bruta

Relação Benefício/Custo: Este método consiste em demonstrar a relação entre o valor


presente dos benefícios e o valor presente dos custos, para uma determinada taxa de juros ou
descontos. Um projeto é considerado viável economicamente se B/C > 1. O indicador de
rentabilidade benefício/custo é alcançado pela razão entre o valor real da receita bruta e o
valor real dos custos, conforme a expressão:

RBC = RB/CTP
Onde:
RB = Receita Bruta
COT = Custo Operacional Total
39

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CUSTOS OPERACIONAIS DA PRODUÇÃO

Foi efetuada uma análise de consistência para efeito de maior aproximação com a
realidade da produção e para isso todos os custos foram baseados no estudo feito pela Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento), Custos de Produção Agrícola: a metodologia da
Conab (2010), que é uma empresa pública que gera e distribui informação e conhecimento
especialmente para o setor agrícola e de abastecimento.
Para a análise dos custos de produção primeiramente houve a separação dos custos
fixos dos custos operacionais efetivos.
Os custos operacionais de produção foram estimados de acordo com a realidade dos
coeficientes técnicos dos fatores e elaborados com os dados da pesquisa (As planilhas
detalhadas com os cálculos estão em anexo).
Os dados apresentados nas Tabelas 1 e 2 referem-se apenas ao produtor com produção
própria de composto que é o caso do produtor em questão.

Tabela 1 - Custos fixos de produção do cogumelo Agaricus blazei no interior do Estado de


São Paulo em R$ no ano de 2016.

Conservação/
Item Depreciação Juros Total
Manutenção

Instalação para revolvimento do


100,00 256,25 50,00 406,25
composto

Máquina para revolvimento do


630,00 394,63 70,00 1.094,63
composto

Câmara de pasteurização 108,00 338,25 60,00 506,25

Equipamento câmara de pasteurização 1.512,00 947,10 168,00 2.627,10

Caldeira 2.250,00 1.409,38 250,00 3.909,38

Instalação para cultivo 420,00 1.076,25 210,00 1.706,25

Máquina de lavagem do cogumelo 1.080,00 676,50 120,00 1.876,50

Máquina para desidratar tipo 1 30kg 1.080,00 676,50 120,00 1.876,50


40

Máquina para desidratar tipo 2 70kg 1.296,00 811,80 144,00 2.251,80

Inoculadora 2.880,00 2.706,00 480,00 6.066,00

Bob Cat 960,00 902,00 160,00 2.022,00

Total 12.316,00 10.194,65 1.832,00 24.342,65


Fonte: Elaborado pela autora.

Tabela 2 - Custos variáveis da produção do cogumelo Agaricus blazei no interior do Estado


de São Paulo em R$ no ano de 2016.

Item Total

1. A Material para produção de composto 32.020,40

1. B Material para colheita e processamento 314,00

1. C Outros 4.162,20

Total Insumo para todas as etapas 36.496,60

2. A Mão de obra Produção de composto 4.280,00

2. B Mão de obra para manejo do barracão 2.320,00

2. C Mão de obra para colheita e processamento 14.400,00

Total Mão de obra 23.896,80

3. Operações mecanizadas na produção de composto 2.896,80

Total 63.290,20
Fonte: Elabora pela autora.

A Tabela 1 apresenta os resultados do levantamento de dados, ou seja, o fluxo de caixa


coletado junto ao produtor de cogumelo selecionado.
Os custos foram calculados sobre 2 ciclos, já que esse é o número de
cultivos/produção anual. Observa-se que no sistema de cultivo do cogumelo Agaricus blazei
as despesas fixas anuais somam R$ 24.342,65, o que representou a 27,77% do custo
operacional total (COT). Os custos variáveis, com insumos e mão de obra, somam R$
63.290,20, o que representou a 72,22% do custo operacional total, o COT.
41

5.2 INDICADORES DE RENTABILIDADE

Foram analisados os indicadores econômicos denominados: Receita Bruta (RB); Custo


Operacional Efetivo (COE); Custo Operacional Total (COT); Margem Bruta (MB); Ponto de
Nivelamento (PN); Preço de Equilíbrio (PE); Lucro Operacional (LO), Índice de
Lucratividade (IL) e Relação Beneficio/Custo (B/C) (Tabela 3).

Tabela 3 - Indicadores econômicos do sistema de produção do cogumelo Agaricus blazei no


interior do Estado de São Paulo em R$ no ano de 2016.

Item Total

Custo Fixo 24.342,65

Custo Operacional Efetivo 63.290,20

Custo Total da Produção 87.632,85

Preço de venda do quilo do cogumelo no ano 290,00

Quilos produzidos 2.512

Receita Bruta 728.480,00

Outros Custos Operacionais 27.409,93

COT 90.700,13

CT 115.042,78

MB (COE) 1.051,02

MB (COT) 703,17

MB CTP (%) 731

Ponto de Nivelamento (kg) 302,18

Preço de Equilíbrio (R$) 34,89

Lucro Operacional 637.779,87

Índice de Lucratividade (%) 87,54

Relação Benefício/Custo 8,03174


42

Fonte: Elabora pela autora.

Os resultados obtidos por meio dos diferentes métodos de análise financeira estão
apresentados na Tabela 3.
Verifica-se que a margem bruta sobre o custo operacional efetivo do sistema de
produção do cogumelo Agaricus blazei, foi de 1051,02 % e a MB/ (COT) foi de 703,17 %.
Isto indica que após quitar o custo operacional total resta uma margem de 731% para
remunerar o produtor (Tabela 3).
O ponto de nivelamento em quilos produzidos no sistema de produção do A. blazei foi
de 302,18, que representa uma quantidade substancialmente baixa em comparação ao que é
produzido atualmente pelo produtor. Ele teria que produzir, teoricamente, 302 quilos para
cobrir os custos operacionais totais, mas como ele produz 2512 quilos, isto indica que após
pagar o COT, ainda restaram aproximadamente 2.210 quilos do produto desidratado para
remunerar o produtor (Tabela 3).
O preço de venda do quilo desidratado do cogumelo A. blazei é de R$ 290,00 e
estipulado anualmente em contrato entre pelo produtor e comprador. Portanto, foi superior ao
Preço de Equilíbrio sobre o COT em 255,11 por quilo, indicando que após pagar o COE e
COT, sobraram 87,97% do preço de venda por quilo para pagar os demais custos e remunerar
o produtor (Tabela 3).
A receita bruta do sistema de produção do cogumelo A. blazei soja RR1 foi superior ao
COT, com lucro operacional de R$ 637.779,87 (Tabela 3).
O Índice de Lucratividade em percentagem foi positivo para o sistema de produção do
cogumelo A. blazei em 87,54%, sendo essa a taxa disponível de receita da atividade após
pagamento de todos os custos (Tabela 3).
Observa-se que após pagar o COT, houve um saldo de 87,55% da receita bruta para
pagar os demais custos e remunerar o produtor (Tabela 3).
O lucro operacional do sistema de produção do cogumelo A. blazei foi de R$
637.779,86 (Tabela 3).
Referente à relação Benefício/Custo, quando B=C, isso significa que o produtor não
teve lucro nem prejuízo, quando B é menor que C, indica que o produtor teve prejuízo e
quando B é Maior que C, demonstra que houve lucro. No caso do estudo, a razão B/C foi
maior que 1, indicando que a produção do cogumelo A. blazei é viável e vantajosa
economicamente. A análise obteve que a Relação Receita bruta é de 8 vezes maior que o COT
43

(Tabela 3). Esta relação é alterada de acordo com as flutuações dos preços dos insumos e do
preço de mercado do cogumelo desidratado A. blazei.
O cultivo de cogumelos combinado com a produção do substrato tem um excelente
desempenho econômico para o produtor do estudo.
Quanto maior a produção, maior o aproveitamento das instalações físicas e, por
consequência, maior diluição dos custos com construções, secadoras, consultoria, entre
outros. A produtividade é extremamente dependente das condições de manejo e de tecnologia.
O cultivo do A. blazei implica na utilização de critérios de qualidade e cuidados
especiais em todas as suas etapas de produção.
O elevado preço da venda do cogumelo é o fator principal pelo qual essa cultura tem
ótima viabilidade econômica, já que os cogumelos são fontes de substâncias com
propriedades medicinais. O A. blazei, é vendido seco para ser transformado em forma de
macerados e chás. No caso do estudo, o produtor tem um comprador fixo com preço de venda
pré-estabelecido.
44

6 CONCLUSÕES

 O sistema de produção do cogumelo A. blazei apresenta ótima viabilidade


econômica de acordo com os métodos utilizados, uma vez que a renda liquida é
significantemente positiva, sendo o índice de lucratividade de 87,54%, com lucro operacional
de R$ 637.779,87/ano.
 As variáveis que afetam o Índice de Lucratividade, na sua ordem de
importância, foram: preço de venda do cogumelo e produtividade.
 Os itens calculados neste trabalho para análise econômica da produção do A.
blazei foram baseados em dados da região considerada, que não representam todos os tipos de
cultivos de cogumelos da espécie existentes. Cabe a cada produtor encontrar o melhor sistema
tecnológico de produção adequando-o à realidade econômica de sua propriedade.
45

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49

APÊNDICE A – Receita Bruta

Receita Bruta

Produção Anual do cogumelo Agaricus blazei em 2016 Kg 2512


Preço de Venda do cogumelo Agaricus blazei em 2016 R$ 290,00
Total R$ 72.8480,00
50

APÊNDICE B – Custos Fixos em R$ no ano de 2016.

Valor
Valor Vida Valor Conservação
Item final Depreciação Juros
inicial útil Total R$ Manutenção
10%
Instalação para
5.000,00 0,00 50 406,25 100,00 256,25 50,00
revolvimento do composto

Máquina para
7.000,00 700,00 10 1.094,63 630,00 394,63 70,00
revolvimento do composto

Câmara de Pasteurização 6.000,00 600,00 50 506,25 108,00 338,25 60,00

Equipamento Câmara de
16.800,00 1.680,00 10 2.627,10 1.512,00 947,10 168,00
pasteurização

Caldeira 25.000,00 2.500,00 10 3.909,38 2.250,00 1.409,38 250,00

Instalação para cultivo 21.000,00 0,00 50 1.706,25 420,00 1.076,25 210,00

Máquina de lavagem de
12.000,00 1.200,00 10 1.876,50 1.080,00 676,50 120,00
cogumelo

Máquina para desidratar -


12.000,00 1.200,00 10 1.876,50 1.080,00 676,50 120,00
tipo 1 - 30 kg

Máquina para desidratar -


14.400,00 1.440,00 10 2.251,80 1.296,00 811,80 144,00
tipo 2 - 70 kg

Inoculadora 48.000,00 4.800,00 15 6.066,00 2.880,00 2.706,00 480,00

Bob Cat 16.000,00 1.600,00 15 2.022,00 960,00 902,00 160,00

Total Custo Fixo 24.342,65 12.316,00 10.194,65 1832,00


51

APÊNDICE C – Custos Operacionais em R$ no ano de 2016.

Material para produção de composto Unidade Quantidade R$/unidade Total R$

Água - poço - valor considerado na Energia


Litros 108.000 0,00 0,00
Elétrica
Bagaço de cana Toneladas 16,80 205,00 3.444,00

Calcário cítrico kg 112,80 0,35 39,48

Capim (fardo 10 kg) kg 10.500 0,46 4.830,00

Cama de galinha kg 8.460 0,14 1.184,40

Carbonato de Cálcio kg 600 0,50 300,00

Farelo de soja kg 405 1,60 648,00

Gesso agrícola kg 978 0,15 146,70

Terra de cobertura kg 15.960 0,01 140,40

Ureia kg 90,50 1,96 177,38

Sementes kg 500 7,00 3.500,00

Sacos plásticos para cultivo Unidade 4.400 0,36 1.599,84

Material para colheita e processamento

Embalagens para venda Unidade 314 0,5 157,00

Outros

Combustível Litros 20 2,80 56,00

Energia Elétrica Kw/h 7000 0,2893 2.025,10

Mão de obra Produção de composto Horas/ciclo Quantidade R$/hora Total R$

Montagem de pilha 6 1 10 60,00

Revolvimento do composto 2 5 10 100,00


52

Limpeza do túnel 32 1 10 320,00

Carregamento da estufa de pasteurização 3 2 10 60,00

Retirada do Composto e Semeadura 20 8 10 1.600,00

Mão de obra para manejo do barracão

Limpeza da sala de produção 20 1 10 200,00

Colocação de terra de cobertura 16 6 10 960,00

Mão de obra para colheita e processamento

Colheita 180 1 10 1.800,00

Seleção 270 1 10 2.700,00

Lavagem 90 1 10 900,00

Desidratação 90 1 10 900,00

Classificação 90 1 10 900,00
Operações mecanizadas na produção de
Hora/máquina Quantidade R$/hora Total R$
composto
Bob Cat 20 1 43,62 872,40

Inoculadora 20 1 28,8 576,00

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