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BARRA DO GARÇAS/MT
Março/2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE AGRONOMIA
Trabalho de Curso
(TC) apresentado ao Curso de
Agronomia do ICET/CUA/UFMT,
como parte das exigências para a
obtenção do Grau de Bacharel em
Agronomia.
BARRA DO GARÇAS/MT
Março/2022
i
ii
______________________
Profa. Dra. Suzana Pereira de Melo
Orientadora
Agradecimentos
Sumário
1 Introdução............................................................................................................3
2 Referencial teórico..............................................................................................5
2.7 pH ......................................................................................................................8
4 Resultados e discussão...................................................................................17
5 Conclusão ........................................................................................................23
6 Referências Bibliográficas..............................................................................23
vi
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Umidade (%), Carbono (%), nitrogênio (%) e relação C/N de diversos
materiais para o substrato de cultivo ..................................................................9
Lista de Figuras
1
ABSTRACT
2
1. Introdução
O mercado de cogumelos movimenta 35 bilhões de dólares em todo o
mundo, o maior consumo de cogumelos comestíveis se concentra
principalmente em países europeus e regiões asiáticas como China e Japão com
consumo médio de aproximadamente oito quilos anuais por habitante (GOMES,
2018). A cadeia produtiva de cogumelos Shimeji branco tem se popularizado no
Brasil com o aumento de restaurantes japoneses no país, advindos com
inúmeros benefícios nutricionais, os cogumelos são ricos em proteínas,
vitaminas B, C, fibras, sais minerais além de serem muitos saborosos. Devido a
fatores como a globalização e a troca de informações culturais, a preocupação
com a saúde alimentar e a busca por alternativas para melhorar a qualidade de
vida por meio de consumo de alimentos mais nutritivos, possibilitaram o aumento
do mercado consumidor para cogumelos comestíveis no Brasil, desse modo,
pesquisas apontam um crescimento de 9% a 12% de volume comercializado no
ano de 2021 no país (EIRA, 2020).
Segundo a FAO, as agroindústrias brasileiras produzem toneladas de
resíduos agroindustriais anualmente, parte desses resíduos são utilizados na
ração animal, outra parte é descartada ao solo, ao qual necessita de certo tempo
para que ocorra a mineralização desses compostos. Dado esse contexto, novas
utilizações podem ser dadas a esses resíduos orgânicos, agregando assim valor
comercial além de ser alternativa para resolver problemas ambientais
relacionados ao descarte e acúmulo de resíduos diretamente ao solo.
O Mato Grosso é o terceiro maior estado do Brasil, com pilares
econômicos principalmente na agricultura e pecuária, com aproximadamente
140 mil agricultores familiares (EMBRAPA, 2014). Esses números revelam o
potencial mercado para a produção já que a matéria prima para produção de
substrato de cogumelos Shimeji são provenientes de resíduos agrícolas.
Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Cogumelos (ABPC, 2020), o
Brasil importa cogumelos de alguns países como China, Itália e Holanda, esses
dados revelam um importante mercado promissor em crescimento no Brasil, que
ainda pode diversificar as atividades no campo gerando mais renda
principalmente para a agricultura familiar.
Visto que se trata de uma atividade econômica é importante apresentar
valores referentes a custo de produção, produtividade e retorno de investimento
3
que são esperados para o cultivo de Shimeji no estado de Mato Grosso. A
produtividade do cogumelo fresco é feita com base no substrato úmido, sendo
que a maioria dos substratos apontam produção de 20% do resíduo úmido, ou
seja, para cada lote produzido de 1 kg de substrato, 200 gramas de cogumelos
serão produzidos durante todo o ciclo de desenvolvimento. Sendo assim,
considerando uma produção em área de 12 metros quadrados, com capacidade
de produção de 600 kg de substrato úmido, ao final do ciclo de desenvolvimento
do cogumelo (60 dias) serão produzidos aproximadamente 120 kg de Shimeji
fresco. Realizando bom manejo de produção e colheitas escalonadas, em 8
semanas o produtor terá produção de 15 kg semanais. Caso o produtor
comercialize a produção por R$ 50,00 o quilograma fresco de cogumelo, sua
renda bruta semanal será de R$ 750,00, considerando que os custos de
produção sejam aproximadamente 40%, o produtor terá uma renda liquida
mensal de R$ 1.800,00.
Objetivou-se avaliar a produtividade do Pleurotus ostreatus cultivado em
quatro tipos de substratos: silagem de milho, capim Mombaça, bagaço de cana
e casca de arroz, todos utilizados sem suplementação e de forma pura.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
5
Os fungos se propagam por meio de estruturas chamadas esporos, que
por sua vez ao adaptar-se em um ambiente ele se ramificará e formará uma
espécie de teia de coloração esbranquiçada e passará a se chamar micélio, o
qual dará origem aos corpos de frutificação (RAJARATHNAM; SHASHIREKA;
BANO, 1997). No cultivo de cogumelos utiliza-se o micélio como parte
vegetativa, e assim dar procedência a perpetuação de uma determinada
linhagem; os esporos não são utilizados pois são estruturas minúsculas e de
difícil manuseio. Segundo Oei (2006), para ocorrer o processo de colonização
micelial, o micélio deve ser colocado em material estéreo (geralmente sementes,
grãos ou gramíneas) ao qual irá se nutrir até esgotar as reservas energéticas
disponíveis, a partir de então se iniciará outra fase, a reprodução. A quantidade
e a qualidade dos corpos de frutificação vão depender do ambiente em que foram
inseridos, alguns fatores como umidade, temperatura, quantidade de luz
incidente e concentração de CO2 no ar são essenciais para determinar a
qualidade dos corpos de frutificação (DIAS et al., 1999).
2.3 Temperatura
2.4 Umidade
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fungos e bactérias nos substratos, por outro lado, a falta de umidade dificulta o
transporte de nutrientes nas hifas.
2.5 Luminosidade
7
flora microbiana e fermentação do material (RAJARATHNAN & BANO, 1987). A
presença do O2 e CO2 são de extrema importância para o desenvolvimento dos
cogumelos comestíveis, o requerimento por O2 é maior durante a fase de
frutificação, pois nesse período há aumento na intensidade do metabolismo para
a produção dos corpos de frutificação. Algumas espécies de cogumelos Shimeji
exigem concentrações maiores de CO2 (cerca de 22%) para bom
desenvolvimento metabólico, isso torna-se uma vantagem em relação a fungos
competidores que precisam de maiores concentrações de oxigênio para se
desenvolverem (RAJARATHNAN et al., 1992).
2.7 pH
8
substrato preparado, sendo de 7% a 10% ao volume do substrato
(PETER OEI, 2006);
9
2.9 Substratos
10
2.9.3 Bagaço de cana-de-açúcar
Segundo a Agência paulista de promoção de investimentos e
competitividade (2016), o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar,
disponibilizando assim resíduos que podem ser utilizados tanto para geração de
energia, como podem ser utilizados como substrato para produção de
cogumelos. O bagaço de cana é um resíduo pobre nutricionalmente, geralmente
possui relação C/N de 90:1, alto teor de celulose, responsável por disponibilizar
glicose para o crescimento do fungo (REGINA, 2001). A desvantagem é que
pode ser utilizado com fonte de energia para outros fungos competidores
contribuindo para possíveis contaminações.
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Segundo Gomez (1990) o cultivo através da fermentação submersa é
um dos meios utilizados para esterilização a frio de compostos para Pleurotus,
obtendo ao final do processo um material rico em proteína e carboidratos de alta
digestibilidade, com baixos teores finais de lignina. Soluções como hidróxido de
cálcio podem ser utilizadas como método alternativo de pasteurização de
substrato, promovendo a inativação de fungos e bactérias por meio da variação
brusca no pH, além da eliminação de organismos aeróbicos.
3. MATERIAL E MÉTODOS
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adquiridos em uma propriedade rural da cidade de Barra do Garças e; 5 kg de
casca de arroz, doados por uma propriedade rural em Aragarças GO.
Inicialmente o local de preparo foi devidamente higienizado com álcool
70%, assim como os tambores de 200 L onde foi realizado a pasteurização. Para
a esterilização dos substratos utilizou-se o método de pasteurização a frio: foram
diluídos 500 gramas de óxido de cálcio (CaO) em 100 litros de água, os
substratos foram submersos nessa solução por 12 horas. Posteriormente o
substrato foi escorrido com o auxílio de uma peneira por um período de 12 horas
(Figura 2). Esse método de pasteurização permitiu que os substratos
mantivessem a umidade ideal além de eliminar a maior parte das bactérias
aeróbicas e anaeróbicas, diminuindo assim a presença de microrganismos
competidores.
13
Figura 3: Embalagens perfuradas para realização de trocas gasosas.
Fonte: Foto arquivo da autora.
14
químicas de carbono e nitrogênio dos materiais utilizados para os experimentos
(Tabela 2) (EMBRAPA, 2017).
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os distintos substratos apresentava diferentes colonização pelo fungo. Como
descrito por Montini (1997) o processo de frutificação do Shimeji é bastante
irregular, sendo assim, o critério avaliado para padronizar período de cada lote
ocorreu da seguinte maneira: O tempo gasto pelo primeiro cogumelo a ter
abertura do chapéu de 3 a 6 cm, demarcou o ponto de colheita para o restante
da parcela, dessa forma o tempo de desenvolvimento a partir da sala de
frutificação foi padrão para todos os tratamentos.
Para quantificar os cogumelos frescos, após o tempo de desenvolvimento
dos primórdios, os cogumelos foram colhidos e pesados.
A eficiência biológica é um parâmetro quantitativo utilizado para avaliar
a produção de cogumelos (TISDALE et al., 2006; Das & MUKHERJEE, 2006) e
pode ser calculada por meio da formula:
𝐌𝐅𝐂
𝐄𝐁 = 𝐱 𝟏𝟎𝟎
𝐌𝐒𝐒
Onde:
EB: Eficiência biológica (%)
MFC: Massa fresca de cogumelo (g)
MSS: Massa seca de substrato (g)
16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
17
apreciada por fungicultores, pois não apresenta bom desenvolvimento dos
cogumelos, o que influencia diretamente na baixa eficiência biológica se utilizada
de forma pura.
18
Figura 7: Desenvolvimento de micélio em resíduo de bagaço de cana.
Fonte: Foto arquivo da autora.
19
Figura 9: Desenvolvimento dos cogumelos shimeji a partir dos primórdios até formação
do chapéu de 3-6 cm.
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Primerio fluxo de cogumelso 0,18
a
0,16
0,14
ab
frescos (kg)
0,12 ab
0,10
0,08
0,06 b
0,04
0,02
0,00
Casca de Campim Bagaço de Silagem de
arroz mombaça cana milho
21
18
16 a
14
Eficiência biológica (%)
12 ab ab
10
8
6 b
4
2
0
Casca de arroz Campim Bagaço de Silagem de
mombaça cana milho
Figura 11: Eficiência biológica (%) dos cogumelos shimeji de acordo com cada
substrato.
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cogumelo possuem melhor desempenho em substratos aerados, as trocas
gasosas são importantes para que o micélio se desenvolva de forma adequada
à medida que absorva os nutrientes presentes no composto.
Apesar do resíduo a base de casca de arroz não apresentar bom
desempenho, sendo utilizado de forma pura devido à alta relação C/N, é
recomendado a suplementação com farelos de cereais ao composto, visto que
irão atuar como fonte de nitrogênio, buscando dessa maneira diminuir a relação
C/N e aumentar a eficiência biológica e produtividade (MODA et al., 2005).
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
23
BERNARDI, Eduardo; Pastorini Donini, Lorena; Minotto, Elisandra; Soares do
Nascimento, José Utilização de diferentes substratos para a produção de
inóculo de Pleurotus ostreatoroseus Sing Revista Ciência Agronômica, vol.
38, núm. 1, 2007, pp. 84-89.
24
EVANGELISTA, A.R.; LIMA, J.A. Silagem: do cultivo ao silo. Lavras: UFLA,
2002. 212 p.2 ed.
MODA, E.M.; HORII, J.; SPOTO, M.H.F. Edible mushroom Pleurotus sajor-caju
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v.62, p.127-132, 2005.
25
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no primeiro choque de indução, em função de características das toras do
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26
SECRETARIA DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DESENVOLVIMENTO
RURAL (Rio Grande do Sul). DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO E
PESQUISA AGROPECUÁRIA et al. PRODUÇÃO DE COGUMELOS
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YAMAUCHI, M., SAKAMOTO, M., YAMADA, M., HARA, H., TAIB, S. M.,
REZANIA, S. HANAFI, F. H. M. Cultivation of oyster mushroom (Pleurotus
ostrreatus) on fermented moso bamboo sawdust. Journal of King Saud
University-Science. 2018.
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