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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

CONSUMO, DEGRADABILIDADE IN SITU E CINÉTICA RUMINAL EM


BOVINOS SUPLEMENTADOS COM PROTEINADOS

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Zootecnia
Área: Nutrição Animal
Orientadora: Profa. Dra. Eloísa de Oliveira
Simões Saliba

PAULA DE ALMEIDA BARBOSA MIRANDA

BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA – UFMG
2007

1
M672c Miranda, Paula de Almeida Barbosa, 1981-
Consumo, degradabilidade in situ e cinética ruminal em bovinos suplementados com
proteinados / Paula de Almeida Barbosa Miranda. – 2007.
55 p. : il.

Orientadora: Eloísa de Oliveira Simões Saliba


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária
Inclui bibliografia

1. Bovino de corte – Alimentação e rações – Teses. 2. Feno como ração – Teses.


3. Digestibilidade – Teses. 4. Dieta em veterinária – Teses. I. Saliba, Eloísa de
Oliveira Simões. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária.
III. Título.

CDD – 636.213 085

2
3
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, em especial à minha mãe, por todo amor, carinho, dedicação e respaldo finaceiro que me
concederam durante todos esses anos de estudo.

À CAPES pelo apoio financeiro durante estes dois anos de Mestrado.

À Escola de Veterinária da UFMG por oferecer as condições para a realização do curso de Mestrado.

À prof.ª Eloísa Saliba pela oportunidade de trabalharmos juntas na UFMG.

Ao Luiz Orcírio por todo o apoio como orientador, pela ajuda no planejamento e execução do
experimento, pelo transporte de todo material coletado e, principalmente, pelo chopp gelado no
Albanu’s...

Aos membros da banca Prof.a Eloísa, Prof. Norberto e Luiz Orcírio por terem aceitado o convite e pela
imensa contribuição na finalização deste trabalho.

A todo pessoal da Fazenda Rancho Alegre, em especial ao Sr. Rubens Figueiró e à Dona Cléa, pela
oportunidade de realização do experimento e ao Sr. Oswaldo, Dona Cida, Sílvio e Rominho por toda
ajuda durante o período experimental.

Ao Mourinho, Garboso, Prateado, Shimith e Brinquedo. “Animal experimental: sob o nosso controle, ele
cresce, depende e confia. Respeito haja, enquanto vivo, pois não será em vão seu sacrifício” I. B. M.
Sampaio.

À Maria Paula, por ter me aturado nestes dois anos de república e por toda ajuda e companheirismo nas
disciplinas, no experimento, nas análises laboratoriais, e claro, nas chopadas da pós graduação.

Um especial agradecimento à Iara. Muito obrigada por tudo o que fez por nós, mas, principalmente pelo
carinho e amizade.

Aos meus amigos: Yuri, Sassá, Jana, Paty, Gui, Leo, Jorge, Silas, Luciano e Natália por terem tornado a
vida longe de casa mais fácil e tão divertida. Onde quer que eu esteja sempre terei um carinho muito
grande por todos vocês, meus queridos amigos. Quando quiserem ir ao Mato Grosso do Sul, minha casa
estará de portas abertas para recebê-los.

Aos colegas: Mariana Vieira, Wilson, Ju Colodo, Ju Cordeiro, Mariana Magalhães, Verinha e Andreza
pelo companheirismo durante o tempo que morei em BH.

Ao Dr. Fernando César Lopes e Prof. Iran Borges pela ajuda essencial na estatística e ao Sabará pela
ajuda nos cálculos da degradabilidade.

Ao Vando, Jana e Sassá. A ajuda de vocês nas análises de laboratório foi essencial.

A todos que nos ajudaram quando tínhamos recém chegado a BH: Tio Cirênio, Paola, Dani, Cris, Denise,
Fabiana Varago e Fred. Espero um dia poder retribuir tudo o que vocês fizeram por nós.

Às minhas amigas: Ynara, Sá, Viviane Ribeiro, Sheigrid, Dani e Michele pela amizade devotada durante
todos esses anos.

À Dani e à Laís, por mostrarem quantas mulheres são necessárias para trocar uma lâmpada. Nunca
esquecerei daquele dia fatídico... E também por todas as risadas durante o pouco tempo que moraram na
nossa república, pela amizade e hospitalidade nesta etapa final.

5
Ao Leandro por tornar a minha vida em BH mais fácil e pelo carinho e companheirismo concedido neste
ano que passou.

Aos meus irmãos Fernanda e Márcio por fazerem parte da minha vida. Vocês são mais que especiais para
mim.

Aos meus avós Cirênio e Iracema (in memorian) pelo exemplo de vida e pelo incentivo na lida com o
campo.

Ao Carlos (Tchê) e à Dra. Sheila que despertaram meu interesse pela pesquisa durante o tempo de
orientação na Embrapa e, principalmente pela amizade e confiança no meu trabalho.

6
Aos meus pais, em especial à minha mãe Tânia, pelo incentivo e apoio incondicional na busca pelos meus
sonhos e objetivos de vida.

Ao meu avô Cirênio.


Exemplo de vida e trabalho que levarei até o fim dos meus dias.

Ao meu padrinho Cirênio.


Exemplo de perseverança, dedicação e amor à vida profissional.

7
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................... 10
RESUMO......................................................................................................................... 12
ABSTRACT.................................................................................................................... 12
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 13
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 14
2.1. SUPLEMENTAÇÃO COM PROTEINADOS................................................................ 14
2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DE GRAMÍNEAS DO GÊNERO
Brachiaria spp.................................................................................................................. 16
2.3. SINCRONIZAÇÃO DE CARBOIDRATOS E PROTEÍNAS EM DIETAS DE
RUMINANTES................................................................................................................ 16
2.3.1. Fontes de carboidratos...................................................................................................... 18
2.3.2. Fontes de nitrogênio não protéico (NNP)......................................................................... 19
2.4. CONSUMO...................................................................................................................... 21
2.4.1. Mecanismos de regulação do consumo............................................................................ 21
2.4.2. Principais fatores que influenciam a regulação do consumo a pasto............................... 22
2.5. DEGRADABILIDADE IN SITU..................................................................................... 23
2.6. CINÉTICA RUMINAL DAS FASES SÓLIDA E LÍQUIDA......................................... 24
2.6.1. Taxa de passagem de sólidos............................................................................................ 24
2.6.2. Taxa de passagem de líquidos.......................................................................................... 26
2.6.3. Métodos de estimativa da cinética ruminal...................................................................... 26
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 27
3.1. LOCAL E PERÍODO....................................................................................................... 27
3.2. ANIMAIS E ALIMENTAÇÃO....................................................................................... 27
3.3. MANEJO E COLETA DE AMOSTRAS......................................................................... 29
3.4. ANÁLISES DE LABORATÓRIO................................................................................... 29
3.5. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISES ESTATÍSTICAS....................... 30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 31
4.1. CONSUMO...................................................................................................................... 31
4.2. DIGESTIBILIDADE IN SITU......................................................................................... 35
4.3. CINÉTICA RUMINAL DA FASE LÍQUIDA................................................................. 40
5. CONCLUSÃO................................................................................................................. 41
6. ANEXOS......................................................................................................................... 42
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha (Hochst) Stapf., em base
da MS................................................................................................................................ 16
Tabela 2. Classificação dos carboidratos e das proteínas de acordo com a sua disponibilidade
ruminal.............................................................................................................................. 17
Tabela 3. Composição dos proteinados utilizados no experimento................................................. 28

Tabela 4. Composição dos suplementos proteinados, em base da MS............................................ 28

Tabela 5. Composição bromatológica do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu, em base da


MS.................................................................................................................................... 29
Tabela 6. Análise de variância para a variável consumo.................................................................. 30

8
Tabela 7. Análise de variância para degradabilidade in situ e cinética ruminal............................... 30

Tabela 8. Sorteio dos tratamentos por animal e por período............................................................ 30

Tabela 9 Médias do consumo diário de matéria seca de suplemento, níveis de PB e NDT na


dieta e coeficientes de variação (CV), segundo o tratamento........................................... 32
Tabela 10. Médias do consumo diário de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nutrientes
digestíveis totais (NDT) e fibra em detergente neutro (FDN), segundo o
tratamento......................................................................................................................... 33
Tabela 11. Peso inicial (PI), peso final (PF) e variação de peso dos animais durante o período
experimental..................................................................................................................... 35
Tabela 12. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP)
e efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da matéria
seca (MS), matéria orgânica (MOrg) e proteína bruta (PB) da Brachiaria brizantha cv.
Marandu............................................................................................................................ 36
Tabela 13. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP)
e efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e
celulose (CEL) da Brachiaria brizantha cv. Marandu..................................................... 37
Tabela 14. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP)
e efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da proteína
insolúvel em detergente neutro (PIDN) e proteína insolúvel em detergente ácido
(PIDA) da Brachiaria brizantha cv. Marandu................................................................. 38
Tabela 15. Valores de volume ruminal (V), taxa de passagem (K), tempo de reciclagem (TR),
taxa de reciclagem (TxRec) e taxa de fluxo (TxF) e coeficiente de determinação (R2)
da fase líquida da digesta pelo trato gastrointestinal de bovinos alimentados com
Brachiaria brizantha cv. Marandu1.................................................................................. 41
LISTA DE ANEXOS
Anexo I. Desaparecimento da matéria seca (MS) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento............................ 42
Anexo II. Desaparecimento da matéria orgânica (MOrg) do feno de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento............ 42
Anexo III. Desaparecimento da proteína bruta (PB) do feno de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento............ 43
Anexo IV. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (FDN) do feno de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o
tratamento......................................................................................................................... 43
Anexo V. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (FDA) do feno de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o
tratamento......................................................................................................................... 44
Anexo VI. Desaparecimento das hemiceluloses (HCEL) do feno de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento............ 44
Anexo VII. Desaparecimento da celulose (CEL) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento............................ 45
Anexo VIII. Desaparecimento da proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) do feno de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo
com o tratamento.............................................................................................................. 45

9
Anexo IX. Desaparecimento da proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) do feno de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo
com o tratamento.............................................................................................................. 46

LISTA DE ABREVIATURAS

AGV Ácidos graxos voláteis


ATP Adenosina tri-fosfato
CEL Celulose
CFDN Consumo de fibra em detergente neutro
CHO Carboidrato
CGS Casca do grão de soja
CMS Consumo de matéria seca
CNCPS Cornell Net Carbohydrate and Protein System
Co-EDTA Cobalto EDTA
CPB Consumo de proteína bruta
CSO Casca de soja + Optigen®
CSU Casca de soja + uréia
CV Coeficiente de variação
DE Degradabilidade efetiva
DP Degradabilidade potencial
EAA Espectrofotometria de absorção atômica
EE Extrato etéreo
FDA Fibra em detergente ácido
FDN Fibra em detergente neutro
FB Fibra Bruta
GEF Gravidade específica funcional
ha Hectare
HCEL Hemiceluloses
K Taxa de passagem de líquidos
LIG Lignina
MA Milho + amiréia
MM Matéria mineral
MO Milho + Optigen®
MOrg Matéria orgânica
MS Matéria seca
MU Milho + uréia
MVS Matéria verde seca
N Nitrogênio
NDT Nutrientes digestíveis totais

10
NIDA Nitrogênio insolúvel em detergente ácido
NIDN Nitrogênio insolúvel em detergente neutro
NH3 Amônia
N-NH3 Nitrogênio amoniacal
NNP Nitrogênio não protéico
NRC Nutritional Research Council
ORO Orifício retículo-omasal
PB Proteína bruta
PDR Proteína degradável no rúmen
PIDA Proteína insolúvel em detergente ácido
PIDN Proteína insolúvel em detergente neutro
PNDR Proteína não degradável no rúmen
PV Peso vivo
R2 Coeficiente de determinação
SIL Sílica
TGI Trato gastrointestinal
TR Tempo de reciclagem
TxF Taxa de fluxo
TxRec Taxa de reciclagem
V Volume, em litros
Vol Volume, em % do PV

11
RESUMO
Miranda, P.A.B.

Consumo, degradabilidade in situ e cinética ruminal em bovinos suplementados com proteinados

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito das combinações de diferentes fontes de carboidrato (CHO -
milho e casca de soja) e nitrogênio não protéico (NNP - uréia, amiréia 150S e uréia encapsulada
(Optigen)) em suplementos proteinados sobre o consumo, degradabilidade in situ e cinética ruminal em
bovinos de corte alimentados com feno de Brachiaria brizantha. Foram utilizados cinco bovinos machos
adultos canulados no rúmen, em um quadrado latino 5x5, alojados em baias individuais. Foi fornecido
feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu permitindo 10% de sobras e 600 g/animal/dia de suplementos
proteinados isoprotéicos (35% de PB), isoenergéticos (35% de NDT) e com níveis adequados de
minerais. Os tratamentos foram T1: casca de soja + Optigen® (CSO), T2: casca de soja + uréia (CSU),
T3: milho triturado + amiréia (MA), T4: milho triturado + Optigen® (MO), T5: milho triturado + uréia
(MU). Foi feita pesagem diária do fornecido e das sobras de volumoso e dos suplementos para avaliação
do consumo. A degradabilidade do feno de B. brizantha foi avaliada através da técnica de digestibilidade
in situ, segundo ∅rskov et al. (1980). Foi fornecida uma solução de Co-EDTA para avaliação da taxa de
passagem de líquidos. A coleta de líquido ruminal foi feita às 0, 2, 4, 6, 9, 12, 18 e 24 h após o
fornecimento do indicador de fase líquida. O consumo de proteinado, bem como nível de proteína bruta
da dieta foram superiores (P<0,05) e o teor de nutrientes digestíveis totais na dieta foi inferior (P<0,05)
para o tratamento MU. Não foram observadas diferenças (P>0,05) no consumo de matéria seca total, de
matéria orgânica e de nutrientes digestíveis totais, em g/dia, % do PV e g/kg0,75, entre os tratamentos. O
consumo de proteína bruta, em g/kg0,75, foi superior (P<0,05) para o tratamento CSO e inferior (P<0,05)
para MO. O consumo de carboidratos fibrosos foi maior (P<0,05) para CSU e menor para MU. Os
parâmetros de degradabilidade in situ, bem como a degradabilidade efetiva dos nutrientes não diferiram
(P>0,05) entre os tratamentos. A taxa de passagem da fase líquida foi numericamente inferior para os
tratamentos MO e CSO e superior para CSU. Diante dos resultados obtidos, as combinações entre
diferentes fontes de CHO e NNP nos suplementos protéicos não modificaram o consumo e a
degradabilidade da forragem.

Palavras-Chave: digestibilidade in situ, taxa de passagem, suplementação protéica

ABSTRACT
Effects of protein supplementation on intake, in situ degradability and ruminal kinetics of steers

The aim of this study was to evaluate the effect of different carbohydrate (corn and soyhulls) and
nonprotein nitrogen (urea, starea and slow release urea (Optigen)) sources in protein supplements on
intake, in situ degradability and ruminal kinetics of beef cattle fed with Brachiaria brizantha hay. Five
steers fitted with ruminal cannulas, were allotted to five treatments in individual pens in a 5x5 Latin
Square design. The animals were supplied with Brachiaria brizantha cv. Marandu hay, with 10% of orts
plus 600 g/animal/day of supplements which had the same level of protein, energy and adequate mineral
levels. The treatments were T1: soyhulls + Optigen (CSO), T2: soyhulls + urea (CSU), T3: cracked
corn + starea (MA), T4: cracked corn + Optigen (MO), T5: cracked corn + urea (MU). The hay which
was fed and the orts were weighed once a day to the evaluation of intake. In situ degradability was
evaluated according ∅rskov et al. (1980) methodology. Fluid passage was determined using Co-EDTA
solution. The ruminal liquid was collected at 0, 2, 4, 6, 9, 12, 18 e 24 hours after the supplying of the Co-
EDTA. The supplement intake either the level of CP in the diet were greater (P<0,05) and TDN level in
the diet was less (P<0,05) for MU. Supplementation did not affect (P>0,05) the dry matter (DM) intake.
Neither (P>0,05) organic matter (OM) intake nor total digestible nutrients intake (TDN) (P>0,05), in
g/day, % of BW and g/kg0,75, were affected by supplementation. The crude protein intake (CP), in g/kg0,75,
were greater (P<0,05) for CSO and less (P<0,05) for MO. The fiber carbohydrates intake were greater

12
(P<0,05) for CSU e less for MU. Degradability parameters either effective degradability of nutrients were
not affected (P>0,05) by treatments. The ruminal liquid passage were numerically less for MO and CSO
than for CSU. In summary, different combinations of carbohydrate and nonprotein nitrogen in
supplements did not affect intake and ruminal degradability of Brachiaria brizantha cv. Marandu hay.

Keywords: in situ digestibility, rate of passage, protein supplementation

1. INTRODUÇÃO custos de produção da carne bovina, e a proteína


constitui a fração das rações que possui custo
O Brasil possui o maior rebanho bovino relativo mais elevado que os demais nutrientes
comercial do mundo com 204,5 milhões de (Velloso, 1984). Segundo Thiago e Silva
cabeças em 2004 (PPM – IBGE, 2004) e 207,2 (1981), a utilização da uréia como fonte de
milhões de cabeças em 2005 (PPM – IBGE, nitrogênio (N) em rações para ruminantes
2005). Além disso, detém uma participação de apresenta vantagens, principalmente pelo baixo
31% do mercado internacional, com 2,2 milhões custo unitário de N. Entretanto, seu uso
de toneladas embarcadas e, o posto de maior apresenta limitações devido à baixa
exportador de carne bovina no mundo. No 2º palatabilidade, segregação quando misturada
trimestre de 2006, o abate de bovinos teve com farelos (Chalupa, 1968) e elevada
aumento de 6,32% com relação ao 1º trimestre solubilidade no rúmen, o que pode levar a
de 2006 e de 2,74% com relação ao 2º trimestre intoxicações (Owens e Zinn, 1988).
de 2005. O abate total ficou em torno de 7,529
milhões de cabeças (PESQUISA – IBGE, Além disso, o fornecimento isolado de
2006). nutrientes a bovinos, tais como proteína, energia
ou minerais não evita a perda de peso no
O sistema de produção da pecuária brasileira período da seca, havendo necessidade de
caracteriza-se por regimes extensivos, onde associá-los. Desta forma, a utilização de
grande parte ocorre em pastagens de médio a suplementos proteinados ou misturas múltiplas
baixo valor nutricional que estão sujeitas a pode promover significativos aumentos no
variações climáticas características das regiões consumo voluntário, melhorando o desempenho
tropicais. Nestas condições, observa-se uma animal e a produtividade do rebanho (Oliveira,
estação úmida (primavera e verão) onde as 2005).
pastagens apresentam melhor valor nutricional,
o que propicia ganho de peso. Entretanto, na De acordo com Thiago (1998), no Brasil as
estação seca (outono e inverno), a baixa vendas de proteinados durante a seca
precipitação pluviométrica resulta em queda na ultrapassam as de sal mineral, demonstrando a
qualidade da forragem e, como conseqüência, importância tanto do ponto de vista nutricional
não são fornecidas quantidades adequadas de como também dos aspectos econômicos do
nutrientes para suprir as exigências nutricionais sistema de produção a pasto.
do rebanho.
Porém, segundo Oliveira (2001), os
O valor nutricional das pastagens durante a seca suplementos proteinados de baixo consumo,
tem sido apontado como um dos motivos mais cerca de 300 g/animal/dia, em geral apresentam
importantes da baixa produtividade dos altos níveis de minerais e nitrogênio não
rebanhos bovinos na região dos Cerrados, uma protéico (NNP), com menores teores de
vez que a perda de peso na época seca acarreta carboidratos solúveis e de proteína verdadeira, o
em aumento da idade de abate dos bovinos que pode comprometer a sincronia de oferta
(Valadares Filho, 1995). Bovinos mantidos em entre fontes de N e carbono para os
pastagens de baixa qualidade, principalmente na microrganismos ruminais.
época seca, estão sujeitos a deficiência de
proteína e energia, sendo aquela considerada o Ademais, a utilização da proteína degradável no
fator mais limitante. rúmen só será adequada se a degradação de
proteína e carboidrato (CHO) estiver ocorrendo
A alimentação responde pela maior parcela dos simultaneamente (NRC, 1996). Como

13
conseqüência, o nitrogênio amoniacal (N-NH3) pode influenciar o consumo, a digestibilidade, o
não incorporado à massa microbiana será tempo disponível para fermentação ruminal, a
absorvido, convertido à uréia e excretado na eficiência de crescimento dos microrganismos
urina. Esse processo metabólico é indesejável, da fase líquida, bem como a taxa de passagem
pois requer o uso de energia que poderia ser de sólidos. Desta forma, as estimativas de
utilizada para a produção (Thiago, 1998). ingestão de alimentos, da digestibilidade in situ
e da cinética ruminal da fase líquida são de
Algumas fontes de NNP, como a amiréia e a grande valia para a nutrição de bovinos.
uréia encapsulada, possuem uma taxa de
liberação do N mais lenta, diferentemente da O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da
uréia, que por possuir alta solubilidade, tem a combinação entre diferentes fontes de CHO
taxa de degradação à amônia mais rápida do que (milho e casca de soja) e NNP (uréia, amiréia
a utilização do N pelas bactérias ruminais 150S e Optigen1) em suplementos proteinados
(Tedeschi et al., 2002). Isto sugere que a sobre o consumo, degradabilidade in situ e
incorporação destas fontes protéicas em cinética do trato gastrointetinal em bovinos de
suplementos para ruminantes, associado à corte alimentados com feno de Brachiaria
disponibilidade adequada de carboidratos, brizantha cv. Marandu.
aumentaria a eficiência de utilização do N-NH3
pelos microrganismos e, conseqüentemente, a 2. REVISÃO DE LITERATURA
síntese de proteína microbiana.
2.1. Suplementação com proteinados
Os grãos, principalmente o milho, são a
principal fonte de carboidratos em suplementos Algumas práticas de manejo têm sido adotadas
para bovinos e, segundo Coutinho Filho et al. para minimizar as perdas ocorridas durante o
(1987), constituem a fração que mais onera a período de baixa produção forrageira, como a
dieta, uma vez que no Brasil, a relação preço do suplementação protéica ou energética,
grão/preço da carne bovina é desvantajosa. suplementação com volumosos ou a utilização
de forrageira de inverno (Moreira et al., 2003).
Ademais, segundo Silva et al. (2002), outras Dentre estas, a suplementação em pastagem
fontes de carboidratos, como os resíduos com minerais e concentrados protéicos e
originários na produção agrícola e na energéticos tem resultado em melhor
agroindústria, necessitam de estudos para serem desempenho animal quando comparada apenas
mais bem aproveitados na alimentação dos à suplementação mineral.
animais domésticos. Esta justificativa se
fundamenta na necessidade de fornecer Entretanto, o fornecimento isolado de nutrientes
alimentos alternativos e viáveis a bovinos, tais como proteína e minerais, bem
economicamente, sem concorrer com a como de energia, não evita perda de peso na
alimentação humana. Vários subprodutos seca, havendo necessidade de associá-los. Desta
originados de processamento nas indústrias, forma, a utilização de misturas múltiplas
como a casca de soja, têm potencial de uso, determina uma melhoria na utilização de
principalmente para ruminantes e, na maioria forragem de baixa qualidade no período seco,
dos casos, com menores custos de produção. otimizando a digestão ruminal, através da
suplementação com subprodutos agroindustriais
A determinação do consumo voluntário objetiva (farelos ricos em proteína bruta e energia), uréia
a melhoria da produção e produtividade de e minerais, visando suprir parte das deficiências
bovinos a pasto e, segundo Saliba et al. (2002), nutricionais das pastagens (Lopes et al., 2002).
é um dos parâmetros mais importantes na
determinação do valor nutricional das forragens. É esperado que não haja deficiência de proteína
Além disso, conhecimento do grau de bruta na época chuvosa. Desta maneira,
disponibilidade de nutrientes específicos para os considera-se que valores superiores a 7-8% de
microrganismos ruminais, assim como a proteína suprem as necessidades dos
quantidade que escapa à fermentação ruminal microrganismos ruminais (Goes et al 2003).
levam à otimização da performance animal Segundo Minson (1990), para as gramíneas
(Nocek, 1988). A taxa de passagem de líquidos

14
tropicais, valores de proteína bruta (PB) não foi suficiente para compensar os custos
inferiores a 7% limitam o crescimento dos adicionais da suplementação.
microrganismos ruminais. De acordo com
Oliveira (2001), o fornecimento da mistura Desta forma, a suplementação com proteinado
múltipla objetiva aumentar a eficiência ruminal, na base de 1g/kg PV permite reduzir as perdas
através do fornecimento de N degradável no de peso, manter peso ou, até mesmo, alcançar
rúmen para atender a exigência mínima de 7% ganhos moderados de cerca de 200g/animal/dia.
de PB no rúmen, ocasionando melhoria da Além disso, a suplementação com sal mineral
digestibilidade das forragens de baixa qualidade proteinado, em níveis de até 0,2% do PV é uma
nutricional na época seca, promovendo um alternativa de menor custo, devido ao consumo
incremento no consumo de matéria seca da reduzido do suplemento (Moreira et al., 2001),
forragem. sem que ocorra substituição desse pela
forragem. Golding (1985) apontou a categoria
A PB apresenta correlações com a amônia no animal, a natureza da suplementação, o nível de
rúmen. Segundo o NRC (1984), concentrações produção animal desejado e os fatores
acima de 5,0 mg/dL de N-NH3, não tem efeito econômicos, como decisivos na adoção da
no aumento da síntese de proteína microbiana. suplementação protéica.
Satter e Slyter (1974) relataram que a
concentração deve estar na faixa de 5,0 mg/dL Um desafio constante é predizer com eficiência
de fluido ruminal, enquanto Hoover (1986) o impacto que a suplementação terá no
encontrou uma variação de 1,0 a 6,0 mg/dL de desempenho animal (Reis et al, 1997). Thiago
N para ocorrer o máximo de atividade (1998) afirma que a suplementação com
microbiana. Entretanto, Leng (1990) concluiu concentrados, em geral, é onerosa e seu uso em
que, em condições tropicais, são necessárias ruminantes não é tão eficiente em termos
concentrações acima de 10 a 20 mg/dL de N, metabólicos como no caso dos suínos e aves,
para maximizar a digestibilidade ruminal e o porém considerando-se que as pastagens são
consumo. mal aproveitadas pela falta de suplementos,
esses passam a ser utilizados com mais
Conforme Egan e Doyle (1985), bovinos em eficiência pelos ruminantes.
pastagem com teor de PB inferior a 7% foram
incapazes de manter o nível mínimo de 8mg/dl Na maioria das vezes o consumo do suplemento
de N-NH3 necessário para manter o crescimento resulta em diminuição na ingestão de forragem,
das bactérias celulolíticas, o que determinou uma vez que ocorre substituição da forragem
uma redução da atividade digestiva e do pelo alimento alternativo fornecido. Esta relação
consumo. Desta forma, as misturas múltiplas pode ser definida pelo coeficiente de
vendidas comercialmente apresentam níveis substituição (CS):
altos de PB e de proteína degradável no rúmen
(PDR), principalmente de nitrogênio não CS = redução consumo de MS de forragem,
protéico (NNP), que pode ser na forma de uréia. MS de suplemento consumido
onde MS= matéria seca
Segundo Hamilton e Dickie (1988) a
suplementação e a melhoria das taxas de ganho Segundo Sousa et al. (1983), o consumo de
de peso podem ocorrer durante todo o ano, mas matéria seca (CMS) de até 0,3% do PV é
é no período da seca quando se alcança a totalmente adicionado ao da pastagem. De 0,3%
melhor eficiência alimentar. Uma vez que o a 1% do PV, para cada 500 g fornecida do
baixo teor de proteína é o fator limitante das suplemento, ocorre uma redução no consumo da
pastagens nessa época do ano, sua correção pastagem de aproximadamente 300 g. Thiago
normalmente resulta em aumento no consumo e (1998) afirma que um suplemento deixa de ser
digestibilidade da pastagem. Euclides et al. aditivo quando ultrapassa 30% do consumo total
(2001) observaram melhor desempenho de de matéria seca, pois a partir desse ponto, inicia-
bovinos mantidos em pastagens suplementadas se o processo de substituição da forragem pelo
com 0,8% do peso vivo (PV) com concentrado concentrado, uma situação na maioria das vezes
protéico energético em comparação ao sal indesejável.
mineral. No entanto, esse melhor desempenho

15
2.2. Considerações sobre a utilização de As braquiárias em geral apresentam alto
gramíneas do gênero Brachiaria spp. potencial de produção de matéria seca (MS), no
entanto a quantidade de forragem produzida
As gramíneas do gênero Brachiaria spp. pode variar muito, dependendo das condições
adaptam-se as mais variadas condições de clima de solo, clima e manejo da espécie utilizada.
e solo, ocupando espaço cada vez maior na Valle (1985) encontrou uma produção média de
região de cerrados, onde encontrou condições 9,7 toneladas de MS/ha/ano, para a B. brizantha
propícias ao seu desenvolvimento. Da área de em latossolo vermelho escuro distrófico ácido,
pastagens cultivadas no Brasil, 80 a 90%, cerca com baixa fertilidade e sem adubação.
de 40 milhões de hectares, são constituídos por
capins do gênero Brachiaria spp., que formam Apesar de produtivas e adaptadas às condições
extensos monocultivos, especialmente na região tropicais, as Brachiaria spp. possuem restrições
central e na Amazônia. Atualmente, ocupam do ponto de vista nutricional, o que se agrava
mais de 50% dos quase 100 milhões de durante o período seco do ano (Oliveira, 2005).
pastagens cultivadas (Aguiar, 2006), além da Na tabela 1 são apresentadas as composições
expansão na área cultivada com B. brizantha cv. bromatológicas médias da B. brizantha,
Marandu (Macedo 1995). conforme o grau de maturação, segundo
Valadares Filho et al. (2006).

Tabela 1. Composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha (Hochst) Stapf., em base da MS


Dias
Nutriente1 (%) Feno
0 a 30 31 a 45 46 a 60 61 a 90 91 a 120 121 a 150
MS 14,46 21,47 21,49 25,99 27,83 27,02 84,90
MOrg 89,32 - 89,72 91,07 92,07 92,39 79,10
PB 11,04 10,65 10,61 7,90 9,18 8,17 4,95
NIDA/N 21,73 - 26,51 30,99 34,72 39,01 -
NIDN/N 25,45 - 31,22 36,80 42,21 52,02 -
EE 4,55 - 4,04 4,13 3,94 3,62 0,77
MM 10,68 - 10,28 8,93 7,93 7,61 5,80
FDN 67,89 63,06 83,75 67,75 84,41 76,37 77,91
FDA 33,29 31,19 43,55 35,55 47,05 48,15 43,86
HCEL 32,37 30,46 40,20 29,79 37,36 28,22 34,05
CEL 28,30 27,13 - 28,91 - - -
LIG 3,65 3,51 5,60 4,30 6,64 6,98 -
NDT - - - - - - 40,30
1
MS = matéria seca, MOrg = matéria orgânica, PB = proteína bruta, NIDA = nitrogênio insolúvel em detergente
ácido, NIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro, EE = extrato etéreo, MM = matéria mineral, FDN = fibra
em detergente neutro, FDA = fibra em detergente ácido, HCEL = hemiceluloses, CEL = celulose, LIG = lignina,
NDT = nutrientes digestíveis totais
Adaptado de: Valadares Filho et al. (2006)

As maiores mudanças que ocorrem na Moraes et al. (2006) relataram que os


composição química das forrageiras são aquelas carboidratos estruturais são responsáveis pelo
que acompanham sua maturação, onde se alto teor de carboidratos totais presentes na
observa redução dos componentes Brachiaria brizantha no período da seca,
potencialmente digestíveis como os carboidratos correspondendo a aproximadamente 80% de sua
e as proteínas solúveis e aumento nos teores de composição.
fibra. Segundo Leite e Euclides (1994),
mudanças morfológicas como acréscimo na 2.3. Sincronização de carboidratos e
proporção de caule em relação à folha e proteínas em dietas de ruminantes
acúmulo de material morto, também estão
relacionados a senescência natural da forrageira.

16
O uso de dietas com liberação sincronizada de foram realizados com o objetivo de determinar a
energia e N tem sido proposto como uma exigência de PDR. Segundo o NRC (1996), a
alternativa para melhorar a produção e a eficiência de síntese microbiana, deve ser de
eficiência de síntese de proteína microbiana, a 13g de proteína microbiana para cada 100g de
dinâmica ruminal e o desempenho do animal. NDT, entretanto esses valores podem ser
Quando as dietas disponibilizam fontes de PB e elevados com o incremento no consumo de
carboidratos fermentáveis no rúmen com NDT.
adequadas taxas de digestão, o aporte de
proteína não degradável no rúmen (PNDR) não Ótima utilização da PDR, incluindo NNP, deve
seria necessário, sendo importante considerar o logicamente ocorrer se a degradação de proteína
maior custo por unidade de proteína das fontes e CHO no rúmen for simultânea. Este não é o
que fornecem PNDR em relação a fontes de caso da maioria das dietas de bovinos de corte.
PDR (Vásquez, 2002). A degradação da proteína da maior parte das
forragens é rápida, e a degradação dos
Segundo o NRC (1996), para ingredientes componentes produtores de energia da fibra em
usados na alimentação de gado de corte, poucos detergente neutro (FDN) é lenta. Para os grãos
dados são disponíveis em relação à taxa de ocorre o contrário, lenta degradação da proteína
digestão e de passagem de diferentes e rápida degradação do amido (NRC, 1996). A
carboidratos potencialmente digestíveis no classificação dos carboidratos e proteínas,
rúmen. Valores mais acurados são disponíveis segundo as frações dos alimentos, de acordo
para os nutrientes digestíveis totais (NDT), com a disponibilidade ruminal, pode ser
sendo esses utilizados para estimar a síntese de visualizada na tabela 2.
proteína microbiana.

A exigência de PDR é considerada igual à


síntese de proteína microbiana. Poucos estudos

Tabela 2. Classificação dos carboidratos e das proteínas de acordo com a sua disponibilidade ruminal

Fração Proteínas Carboidratos Disponibilidade

N-NH3, aminoácidos, proteínas Açúcares, algum amido, Solúvel.


A
solúveis frutanas De 4% a 2%/min
Amido rapidamente
Oligopeptídeos de rápida Insolúvel, potencialmente digestível.
B1 degradável, pectinas,
degradação De 20 a 30%/hora
oligossacarídeos
Insolúvel, potencialmente digestível.
B2 Proteína de rápida degradação Amido lentamente degradável
De 10 a 20%/hora

Insolúvel, potencialmente digestível.


B3 Proteína de média degradação Fibra rapidamente degradável
De 1 a 5%/hora

Proteína de lenta degradação e Insolúvel, potencialmente digestível.


B4 Fibra lentamente degradável
parte da proteína ligada a FDA < 1%/hora

C Proteínas ligadas a FDA Lignina Não digestível

Fonte: Sniffen et al. (1992), Van Soest (1994)

17
2.3.1. Fontes de carboidratos estruturais (ATP) e pela falta de esqueletos de
carbono, usado na formação de células
2.3.1.1. Milho microbianas (Mello Jr., 1991). Além disso,
ocorre maior retenção do N pelos animais
A capacidade de utilização de diferentes fontes devido ao aumento da incorporação de amônia
de N para a síntese de proteína microbiana é (NH3) ruminal pelos microrganismos. A
dependente de vários fatores, dentre eles, da proteína microbiana sintetizada no rúmen pode
disponibilidade de energia fermentável no responder por até 70% das exigências protéicas
rúmen. diárias dos ruminantes e supre 50% a 90% dos
aminoácidos que passam para o duodeno (NRC,
Os grãos de cereais são a principal fonte de 1996).
energia nas rações de ruminantes e dentre esses
se destaca o milho que contém uma grande No rúmen, o amido é fácil e rapidamente
quantidade de amido em sua composição. fermentado pelos microrganismos amilolíticos,
embora o grau com que isto ocorre depende,
De acordo com o sexto levantamento da safra principalmente, das propriedades físicas e
2006/07, a área cultivada com milho (safra de químicas dos grânulos de amido, tendo em vista
verão e safrinha) totalizou 13,4 milhões de ha. que os grãos que sofrem intenso processamento
Dessa área, 9,5 milhões de ha (71%) foram físico (triturado ou esmagado) e/ou químico
cultivados na safra verão e o restante, 3,9 (gelatinização) apresentam maior digestão
milhões (29%), com milho safrinha ruminal. Outros fatores também influenciam na
(PESQUISA – CEPEA/ESALQ, 2007). taxa de fermentação do amido no rúmen, como
a relação volumoso: concentrado da dieta total
Segundo o NRC (1996), grãos e sementes (Mello Jr., 1991).
possuem ao redor 90% de amido. O amido é um
polissacarídeo de reserva dos vegetais, Oliveira et al. (2003) observaram que o grão de
constituído basicamente de amilose e milho apresentou elevada degradação de MS no
amilopectina, que são polímeros depositados no rúmen. A PB do grão de milho apresentou
interior das células do endosperma. A menor fração a e maior fração b, o que indica
amilopectina constitui uma fração cristalina de que esse alimento é altamente degradável no
alto grau de organização, enquanto a amilose rúmen. Resultados semelhantes foram descritos
apresenta uma fração amorfa de menor por Valadares Filho (1995) para a PB do fubá
organização. A maioria dos amidos contém de milho.
cerca de 20 a 30% de amilose e 70 a 80% de
amilopectina, sendo que algumas variedades A PB do grão de milho apresentou elevado
cerosas apresentam menos de 1% de amilose aproveitamento no intestino, em média com
(Gomide, 1999). Segundo Van Soest (1994), o 98% de digestibilidade, possivelmente devido à
amido é classificado como carboidrato solúvel alta degradabilidade ruminal, associada à
devido à sua gelatinização e solubilidade parcial pequena quantidade de alimento que chegou e
em água. Porém, pode ser considerado mais foi digerida no intestino. Esse alimento também
adequadamente como CHO de reserva. apresentou elevada digestibilidade total da PB,
em média de 99% (Oliveira et al., 2003).
Segundo Mello Jr. (1991) os carboidratos nas
dietas dos ruminantes podem ser digeridos Goes et al. (2004) relataram que o milho
enzimaticamente no rúmen e intestino grosso apresentou 23,2% de fração a, 75,5% de fração
pelas enzimas microbianas e, no intestino b e 4,7% para a taxa de degradação da fração b.
delgado, pelas enzimas pancreáticas e A fração a da PB do milho apresentou baixo
intestinais. Todavia, o rúmen é o local principal valor (3,4%). Esse alimento apresentou lenta
de digestão do amido, com produção de ácidos degradação ruminal da PB, uma vez que o valor
graxos voláteis e proteína microbiana (Theurer, da taxa de degradação da fração b foi de 2,9%.
1986). A energia fornecida pela digestão do Para a taxa de degradabilidade da MS a 5%/h, o
amido no rúmen é muito importante, visto que a valor obtido foi próximo ao valor médio
síntese protéica microbiana pode ser limitada apresentado pelo NRC (1996), de 55%.O NRC
pela baixa disponibilidade de carboidratos não

18
(1996) classificou a degradação protéica do confinados, propiciando vantagens no custo da
milho como de médio escape ruminal. arroba ganha. Silva et al. (2002) concluíram que
a casca de soja pode substituir tanto o milho,
2.3.1.2. Casca do grão de soja (CGS) como, parcialmente, a fração volumosa nas
rações de ruminantes, sem efeitos negativos
A CGS é um alimento obtido no processamento sobre a digestibilidade dos nutrientes da dieta.
da extração do óleo do grão dessa oleaginosa.
Quando o teor de proteína do grão de soja é Restle et al. (2004) observaram que o
baixo, há necessidade de retirar a casca de soja fornecimento de CGS em substituição ao grão
do farelo para elevar o teor de PB do mesmo de sorgo na dieta de novilhos em confinamento
(Zambom et al., 2001). Devido ao padrão de proporcionou melhores ganho de peso e
fermentação ruminal, a CGS pode ser conversão alimentar. O nível de inclusão deve
classificada como fibra altamente fermentável. estar em função do fator econômico atual.
Trata-se de um resíduo de alto valor nutricional,
com cerca de 12% de PB, 80% de NDT e apesar 2.3.2. Fontes de nitrogênio não protéico
de apresentar, em média, 66% de FDN, esta é de (NNP)
alta digestibilidade, podendo chegar a 90%
(Zambom et al., 2001). Na maioria das vezes a quantidade de proteína
microbiana produzida é suficiente para atender
Van Soest (1985) relata que esse subproduto, as necessidades de bovinos, sendo que apenas
apesar de rico em parede celular, apresenta em algumas situações como a de animais jovens
pouca lignina e teor considerável de pectina. ou de vacas de alta produção de leite, há
Enquanto açúcares e amidos de rápida necessidade de um aporte maior de proteína. A
degradação inibem a digestão da celulose, a exigência em PDR representa a exigência
pectina parece não interferir (Van Soest, 1994). protéica dos microrganismos do rúmen, sendo
Segundo Valadares Filho (2002), a CGS possui que a utilização do N prontamente disponível,
cerca de 20% de pectina. ou seja, na forma de nitrogênio amoniacal
depende da energia fornecida pela fermentação
Zambom et al. (2001) encontraram que a da matéria orgânica (Cardoso, 1997).
degradabilidade efetiva da MS da CGS moída
em peneira de 5mm, com incubação de até 48 Paulino et al. (1996) demonstraram que a
horas, para uma taxa de 5%/h, foi de 43,92%. inclusão de fontes protéicas nos suplementos
Esse valor foi inferior ao encontrado por Silva para novilhos a pasto resultou em melhorias no
(1999), de 53,5%, porém neste estudo, a desempenho dos animais. Segundo Goes et al.
moagem do material foi feita em peneira de (2003), a suplementação com proteína
2mm e a incubação foi até 72 horas, o que verdadeira ou NNP tem sido recomendada para
possibilitou maior degradação. A melhorar o aproveitamento e a utilização da
degradabilidade efetiva da matéria orgânica da forragem pastejada.
CGS moída, para uma taxa de passagem de
5%/h foi de 42,8%, também inferior ao obtido 2.3.2.1. Uréia
por Silva (1999) de 51,1%.
A uréia possui 282,02% de equivalente protéico,
Em razão de ser um subproduto industrial o que corresponde a 45,12% de N (Valadares
largamente produzido no Brasil, pode ser obtido Filho et al., 2006). Segundo Valadares Filho et
praticamente durante todo o ano, não estando al. (2002), a uréia é uma das fontes mais
sujeito a grandes alterações de preço sazonais. utilizadas para suprir parcialmente as
Segundo Kunkle e Hopkins (1999), por possuir deficiências protéicas das pastagens, podendo
baixo teor de amido, a CGS proporciona baixa substituir totalmente os farelos protéicos em
taxa de fermentação e reduz os problemas de dietas para bovinos alimentados com níveis
acidose. moderados de concentrado e com potencial de
ganho de aproximadamente 1 kg/dia. O baixo
De acordo com Thiago et al. (2000), a custo por unidade de proteína e a facilidade de
substituição total do milho por CGS reduziu em fornecimento são vantagens do uso da uréia.
44% o custo com alimentação de animais

19
Porém, o uso da uréia pelos ruminantes é obtidos pelo grupo que recebeu proteinado com
limitado em virtude da sua baixa aceitabilidade, uréia.
sua segregação quando misturada com farelos e
sua toxicidade (Chalupa, 1968), agravada pela 2.3.2.2. Amiréia
sua elevada solubilidade no rúmen, o que a
transforma muito rapidamente em amônia, Segundo Valadares Filho et al. (2006), a amiréia
devido à ação da enzima urease produzida pelos possui 48,25% de PB. É o produto obtido pela
microrganismos ruminais (Owens e Zinn, 1988; extrusão de uma mistura de amido proveniente
Reynolds, 1992). Além disso, Bloomfield et al. de grãos e/ou tubérculos e uréia pecuária, sob
(1960) estimaram que a taxa de degradação da condições de alta temperatura e pressão,
uréia em amônia é cerca de quatro vezes maior levando a gelatinização do amido (Rezende,
que a utilização de amônia pelos 2005). Nesse tipo de processamento, a uréia é
microrganismos e que a degradação da uréia em modificada de uma estrutura cristalina para uma
amônia ocorre numa velocidade maior que a forma não cristalina, sendo a maior parte das
digestão dos carboidratos estruturais necessários estruturas não cristalinas encontradas dentro da
para a síntese de proteína microbiana. porção gelatinizada, tornando-a mais palatável
que misturas de grãos e uréia, melhorando a
A taxa de degradação ruminal da fonte aceitabilidade do concentrado (Vilela, 2003).
energética é o principal fator limitante para a Porém, a amiréia produzida no Brasil possui
utilização de NNP e a rápida degradação da como desvantagem a falta de padronização,
uréia no rúmen pode acarretar um aumento nas sendo que normalmente são encontrados
concentrações de N-NH3 e uma alta absorção de produtos com níveis variados de N.
amônia pela parede ruminal, caso não haja
carboidratos fermentáveis suficientes no rúmen. Segundo Carmo et al. (2001), a solubilidade do
Isto irá acarretar uma sobrecarga de N-NH3 no N do produto extrusado reduziu 20% em estudo
fígado e um gasto maior de energia para a de degradabilidade. Deste modo, a amiréia
excreção da uréia, além de risco de intoxicação funciona como um complexo de liberação
(Gabarra, 2001). Esse processo metabólico é gradual de amônia, o que pode permitir uma
indesejável, pois requer o uso de energia que síntese contínua de proteína microbiana.
poderia ser utilizada para a produção (Thiago,
1998), uma vez que a síntese de uma molécula De acordo com Gonçalves (2003), a amiréia
de uréia apresenta balanço negativo de 1 ATP pode reduzir a toxicidade potencial e melhorar a
(Brody, 1993). aceitabilidade e utilização de concentrados a
base de uréia, através da relação entre energia
Silva et al. (2005) estudaram a influência de disponível e amônia liberada, determinando em
diferentes níveis de uréia no desempenho de incremento no uso do NNP. Além disso, a
novilhos da raça Nelore, mantidos em pastagem inclusão da amiréia pode trazer benefícios à
Brachiaria brizantha cv. Marandu, durante a alimentação de ruminantes em razão de seu
seca. Foram fornecidos suplementos múltiplos baixo custo e alto valor protéico, uma vez que a
com 4, 8 e 12% de uréia, em substituição ao uréia presente em sua composição tem como
farelo de soja, oferecidos na proporção de 0,2% vantagem o menor custo por unidade de N em
do PV. O incremento de uréia no suplemento relação aos demais concentrados protéicos. Esse
promoveu efeito quadrático no ganho médio produto também apresenta melhores
diário. Esses autores recomendaram a adição de características de manuseio, pois o processo de
até 8% de uréia em substituição ao farelo de extrusão reduz o alto teor de higroscopicidade
soja, em suplementos múltiplos, no período da da uréia (Rezende, 2005).
seca, sem que haja prejuízo ao desempenho
animal. Rezende (2005) suplementou novilhos mestiços
sob pastejo, com sal mineral, e suplementos
Zanetti et al. (2000) forneceram diferentes protéicos contendo uréia, amiréia ou bloco
suplementos para bovinos mestiços, com peso mineral protéico-vitamínico energético, nos
médio de 207 kg no período da seca. Neste períodos de 0 a 45 e de 46 a 90 dias. O autor
estudo, melhores desempenho e consumo foram não observou diferenças no desempenho dos
animais no período de 0 a 45 dias, entretanto, no

20
período subseqüente foi observado desempenho Tedeschi et al. (2002) avaliaram a performance
inferior para os animais que receberam bloco de novilhos cruzados alimentados com
multinutricional. Nestas condições, a diferentes níveis e combinações de uréia e
suplementação apenas com sal mineral mostrou- Optigen®, cujas dietas foram formuladas para
se mais vantajosa economicamente. Resultados ter níveis adequados ou inferiores em N
semelhantes foram observados por Oliveira ruminal, segundo o Cornell Net Carbohydrate
(2001) que não observou vantagens no uso de and Protein System (CNCPS). Neste estudo, não
amiréia em relação à uréia e ao sal mineral em foi observado incremento na performance
misturas múltiplas para animais a pasto, o que animal em dietas a base de Optigen® ou uréia,
foi atribuído à alta qualidade da pastagem com deficiência de N ruminal. Galo et al. (2003)
consumida. relataram que a uréia encapsulada não foi
eficiente em reduzir a excreção de N por vacas
Entretanto, Gonçalves (2003) observou melhor lactantes.
desempenho para bezerros a pasto
suplementados com misturas múltiplas a base de Harrison et al. (2006a) relataram que dietas com
amiréia 150S do que pra os que receberam inclusão de Optigen tiveram maior produção
uréia, no período da seca. Esse autor também de N bacteriano, com incremento de 42% na
encontrou maior consumo de matéria seca para produção e de 27% na eficiência microbiana,
animais confinados suplementados com em comparação a dietas a base de uréia, em
misturas múltiplas a base de amiréia 150S, o estudos de fermentação ruminal simulada.
que foi atribuído a melhor palatabilidade Harrison et al. (2006b) observaram que a
promovida pela extrusão da mistura produção bacteriana foi, em média, 9,7% maior
amido/uréia. para dietas formuladas com Optigen, em
relação a dietas contendo uréia encapsulada com
Silva et al. (2002) concluíram que a amiréia gordura.
pode substituir parcial ou totalmente o farelo de
soja nas rações de ruminantes, sem efeitos 2.4. Consumo
negativos sobre a digestibilidade dos nutrientes
da dieta. O consumo voluntário expressa a quantidade de
alimento ingerido por um animal quando esse é
Vilela (2003) trabalhou com níveis crescentes oferecido ad libitum (Van Soest, 1994). A
de inclusão de amiréia 150S (0, 33, 66 e 100%) determinação do consumo voluntário objetiva a
em substituição ao farelo de soja para vacas em melhoria da produção e produtividade de
lactação. Neste estudo não foi observada bovinos a pasto e, segundo Saliba et al. (2002),
diferença na relação receita: despesa no que é um dos parâmetros mais importantes na
condiz aos níveis de amiréia utilizados, embora determinação do valor nutricional das forragens.
tenha ocorrido queda na produção de leite, esta De acordo com Euclides et al. (2000) qualquer
foi compensada pelo melhor custo/benefício da decréscimo no consumo voluntário tem efeito
inclusão de amiréia. significativo sobre a eficiência de produção.
Assim, é de grande importância o entendimento
2.3.2.3. Uréia encapsulada dos mecanismos e fatores que influenciam o
consumo de forragem com o intuito de
A uréia encapsulada com polímero(Optigen®) direcionar o manejo para que as limitações
possui 40,96% de N, o que equivale a sejam superadas e desta maneira, a utilização
aproximadamente 256% de equivalente das pastagens seja adequada.
protéico, o que permite aumento no espaço da
dieta, que pode ser usado para preencher 2.4.1. Mecanismos de regulação do consumo
requisitos de outros nutrientes ou para reduzir
os custos com alimentação (Tikofsky e Muitos fatores influenciam o animal sob
Harrison, 2006). É constituído por uréia pastejo, bem como o consumo de forragem.
encapsulada com polímero, que possui taxa de Segundo Conrad (1966), as funções fisiológicas
liberação da amônia no rúmen mais lenta que a relacionadas à ingestão de alimentos envolvem
uréia (Galo et al. 2003). mecanismos quimiostáticos, físicos e integrados
ao sistema nervoso central. Além disso, em

21
ruminantes existe uma estreita relação entre o A modulação psicogênica está relacionada a
conteúdo de resíduos indigestíveis de planta no respostas no comportamento animal de elevação
trato digestivo e o total de alimento consumido. ou redução no consumo, diante de fatores
Também há influência do gasto energético, inibitórios ou estimuladores do consumo
temperatura ambiente, características da dieta e associados ao alimento e/ou ambiente (cheiro,
efeitos físicos do alimento no trato intestinal palatabilidade, cor, textura, forma física) que
sobre o nível diário de consumo em ruminantes. não são relacionados à energia ou enchimento
De acordo com Mertens (1994), o consumo do trato digestivo (Mertens, 1994).
envolve mecanismos de regulação fisiológica,
limitação física e modulação psicogênica. 2.4.2. Principais fatores que influenciam a
regulação do consumo a pasto
2.4.1.1. Regulação Fisiológica
2.4.2.2. Composição química e digestibilidade
Segundo Mertens (1994), a ingestão de da planta
alimentos é proporcional à demanda energética
para produção e quanto maior o valor nutritivo Segundo Van Soest (1994) quanto mais alta for
da forragem, maior é o consumo até que seja a digestibilidade, menos alimento será
atingida a demanda nutricional e fisiológica. necessário para que as exigências do animal
sejam atendidas.
Quando os animais são alimentados com rações
palatáveis, com baixa capacidade de enchimento Com a maturação da forragem ocorre o
e prontamente digestíveis, o consumo é acréscimo de caule em relação às folhas
regulado a partir da demanda energética do (Euclides et al., 1999) e segundo Saliba et al.
animal (Mertens, 1994). (2002), o aumento na proporção de caule eleva
a proporção de lignina da planta, tornando a
2.4.1.2. Limitação Física pastagem menos digestível.

A ingestão pode ser limitada pelo enchimento O teor protéico de 7% na forragem é suficiente
do trato digestivo em animais com dietas ricas para mantença e certo nível de produção
em fibra e com baixos níveis energéticos. Desta (Milford e Minson, 1966). Forrageiras com
forma, o desempenho animal será restrito uma níveis de PB abaixo de 7% prejudicam a
vez que a dieta pode não ser suficiente para atividade microbiana no rúmen, diminuindo
atender a demanda por energia (Forbes, 1988). assim a digestibilidade e o consumo (Egan e
Doyle, 1985). A baixa digestibilidade e
De acordo com Mertens (1994), o aumento do consumo de gramíneas tropicais, principalmente
teor de FDN em forrageira de baixa qualidade no período seco do ano quando a planta se
ocasiona decréscimo no consumo voluntário. encontra em avançado estágio vegetativo, são
Campling (1970) observou que vacas pararam devidos basicamente ao alto teor de fibra e à
de se alimentar com quantidades similares de baixa percentagem de proteína (Lima, 1989).
matéria seca no retículo-rúmen sendo que,
nestas condições, o consumo dependia Blaxter et al. (1961) relataram que o consumo
diretamente da taxa de escoamento nesses de matéria seca foi maior em feno de boa
órgãos. qualidade em ovinos. Neste estudo, é provável
que o baixo teor de N em fenos de baixa
De acordo com Faria e Mattos (1995) a ingestão qualidade (menor que 7,5% de proteína bruta)
máxima de matéria seca ocorre quando a associado ao maior teor de lignina tenha
digestibilidade da dieta está entre 66 a 68%. limitado o consumo (Lima, 1976). Não
Forrageiras tropicais dificilmente apresentam obstante, Van Soest (1994) relatou que o
digestibilidade superior a 60% o que constata consumo é mais limitado pelos constituintes da
que o consumo a pasto geralmente é limitado parede celular quando esses estão presentes em
pelo enchimento. mais de 55 a 60% da MS da dieta.

2.4.1.3. Modulação Psicogênica 2.4.2.2. Disponibilidade

22
Quando a disponibilidade da pastagem é baixa
(menor que 2.000 kg de MS/ha) o animal tem 2.5. Degradabilidade in situ
dificuldade em apreender bocados de tamanho
suficiente para alcançar a ingestão máxima de A alimentação de ruminantes baseada apenas na
forragem (Stobbs, 1973). Caso haja alta quantidade de nutrientes fornecidos já é
disponibilidade de forragem em avançado reconhecidamente inadequada. Desta forma, o
estágio de maturação, o animal também tem conhecimento do grau de disponibilidade de
dificuldade em consumir alimento suficiente nutrientes específicos para os microrganismos
para satisfazer seus requerimentos de nutrientes ruminais, assim como a quantidade que escapa à
porque o tempo de pastejo é aumentado, o que fermentação ruminal levaram à otimização da
determina maior gasto de energia. performance animal (Nocek, 1988).

Euclides et al. (1993) observaram maior A técnica in situ consiste em colocar certa
consumo de matéria seca (CMS) durante o quantidade de amostra dentro de uma bolsa e,
período das águas em relação ao período seco após assegurar-se que a mesma foi bem fechada,
do ano em bovinos pastejando espécies de colocá-la no rúmen de animais fistulados por
Panicum spp. e Brachiaria spp.. Neste estudo certo período de tempo. Esta técnica permite
também foi observado maior CMS para os determinar simultaneamente a quantidade de
animais pastejando Panicum spp. (Colonião e amostra que é digerida e a taxa a qual esta
Tanzânia) em relação as Brachiaria decumbens digestão se realiza.
e B. brizantha.
Esta metodologia é utilizada principalmente
Porém, Euclides et al. (1998) não observaram quando são requeridas informações sobre o
correlação entre consumo e disponibilidade total efeito das condições ruminais sobre a digestão
de forragem. Esses autores encontraram de um número determinado de amostras. Além
correlação entre o consumo e a disponibilidade disso, permite a manutenção das condições
de matéria verde seca (MVS) e relataram que os ruminais constantes, com variação dos
ganhos diários máximos foram obtidos quando a substratos incubados, ou variar as condições
disponibilidade de MVS foi de 1.000 kg/ha para ruminais, com incubação de materiais
o Colonião, Tobiatã e Tanzânia e de 900 kg/ha conhecidos para determinar o efeito da mudança
para Brachiaria decumbens e B. brizantha. sobre a taxa e potencial de degradação dos
alimentos.
No período seco, Euclides et al. (1999)
observaram que a redução da disponibilidade A degradabilidade de materiais no rúmen pode
estava associada à diminuição no consumo de ser estimada pelas técnicas in vivo e in situ. No
matéria seca e ganho de peso diário e aumento método in vivo, são utilizados animais fistulados
no tempo de pastejo provavelmente na tentativa no rúmen e intestino delgado, onde são retiradas
de compensar a baixa disponibilidade. amostras de digesta por longos períodos de
tempo. Deve-se assegurar, porém, que as
2.4.2.3. Seletividade proteínas microbiana e proveniente da dieta
sejam devidamente separadas. Outro
Animais mantidos a pasto selecionam tanto inconveniente do método é que não permite
diferentes espécies de planta quanto maior estimar a taxa de degradação dos diferentes
percentagem de folhas (Stobbs, 1973). É materiais no rúmen.
provável que a preferência por folhas em
relação a frações de caule seja devido a maior Segundo Romero (1990), uma das maiores
digestibilidade daquelas associado ao maior teor desvantagens do método in situ é a falta de
de PB, menor teor de fibra bruta (FB) e menor uniformidade com que é realizado, o que leva à
tempo de retenção no rúmen-retículo (Laredo e grande variação nas estimativas de
Minson, 1975). Quando introduzido na digestibilidade. Porém, se a técnica for utilizada
pastagem, o animal consome primeiramente as cuidadosamente, é possível obter resultados
folhas do extrato superior e posteriormente do com erros aceitáveis.
extrato inferior e dificilmente consome o caule Segundo Nocek (1985) as maiores fontes de
antes das folhas (Forbes, 1998). variação na estimativa da digestibilidade da MS

23
e da PB, quando se utiliza o método in situ são
relacionados ao tamanho do poro da bolsa, Onde P é a degradação no tempo t, a e b são
tamanho de partícula da amostra, relação entre a constantes e c é a taxa constante de b. Para
quantidade de amostra e o tamanho da bolsa, proteínas, o intercepto a é similar à fração
seqüência de introdução e posição da bolsa no solúvel (perdas por lavagem) e b representa o
rúmen, tempo de incubação, uso de repetições, potencial de degradabilidade.
variações devidas a períodos e animais e à dieta
dos animais. Sampaio (1997) propôs um ajuste do modelo,
considerando que as frações a e b não têm
De acordo com ∅rskov (2000), devem ser sentido prático:
utilizadas amostras de alimento seco e moído a
3 mm, dentro de sacos de náilon, de P = A – B * e-ct;
aproximadamente 10x17 cm. Devem ser
pesadas cerca de 2 a 5 gramas de amostra em Onde P é a degradação no tempo t, A = (a + b),
cada bolsa, dependendo da densidade. As bolsas ou seja, a fração potencialmente degradável, B =
devidamente fechadas são então incubadas no b e c é a taxa de degradação da fração
rúmen de ovinos ou bovinos com dieta potencialmente degradável pela ação dos
adequada. Posteriormente, são retiradas após microrganismos ruminais.
vários intervalos de tempo, lavadas e secas.
Desta maneira, a degradabilidade dos nutrientes Apesar dos cuidados realizados para aumentar a
pode ser mensurada em função do tempo. Com precisão da técnica, a contaminação do resíduo
a utilização de bolsas com tamanho de poro de por microrganismos ruminais durante a
40 a 60 µm, poucas partículas podem escapar, incubação ainda é um dos maiores
além de permitir que os microrganismos tenham inconvenientes, sendo maior nas forragens que
acesso à amostra. Assim, a taxa de fermentação nos alimentos concentrados em função do maior
é similar à ruminal. A quantidade de material tempo de incubação dos volumosos (Wanderley
solúvel na amostra é medida após a lavagem e et al., 1993).
pesagem de uma bolsa não incubada. ∅rskov et
al. (1980) recomendam uma extensão de corda Segundo ∅rskov (1982), a mensuração da
de 40 a 60 cm para bovinos, o que permite que degradabilidade no rúmen, sem considerar a
os sacos sejam exprimidos pela parede ruminal, taxa de passagem, superestima a extensão da
facilitando assim a troca de fluidos. degradação em determinado horário, pois, em
condições normais, partículas do alimento estão
Segundo Nocek (1988), a relação entre o sujeitas à passagem para o compartimento
tamanho da amostra e a área de superfície do seguinte antes de serem completamente
saco tem grande impacto nos dados. Relações degradadas. Desta forma para calcular a
de 10 a 20 mg/cm2 entre o tamanho da amostra degradabilidade efetiva (DE) utiliza-se o
e a área de superfície do saco podem ser usadas modelo de ∅rskov e McDonald (1979):
para a maioria das forragens e concentrados.
DE = S + ((B1 x c)/(c+kp));
O tempo necessário para a degradação completa
varia de acordo com o material incubado. Onde S é a fração solúvel, B1 a fração
∅rskov et al (1980), recomendam de 12 a 36 potencialmente degradável pela ação dos
horas para concentrados, de 24 a 60 horas para microrganismos e kp a taxa de passagem das
forragens de alta qualidade e de 48 a 72 horas partículas pelo rúmen.
para forragens de baixa qualidade.

A técnica in situ foi desenvolvida com o intuito 2.6. Cinética ruminal das fases sólida e
de fornecer a dinâmica da degradação d proteína líquida
(∅rskov e McDonald, 1979). A curva de
degradação é descrita pela equação: 2.6.1. Taxa de passagem de sólidos

P = a + b (1 – e-ct); Para alcançar digestão efetiva da fração fibrosa


da dieta, os ruminantes, durante seu processo

24
evolutivo, desenvolveram a capacidade para o fluxo preferencial desse tipo de partícula
reter partículas do alimento, potencialmente (Sutherland, 1988).
digestíveis e indigestíveis, para sofrerem o
processo de redução de tamanho e digestão, Segundo Van Soest (1994) a restrição do fluxo é
tornando-as aptas a passar pelos devida a um efeito filtrante exercido pela
compartimentos do estômago. Assim, a redução camada de digesta ruminal (manta flutuante).
do tamanho das partículas, pela mastigação Quando o consumo é baixo, o rúmen é formado
inicial, libera os nutrientes solúveis para por três camadas, sendo uma gasosa sobre a
fermentação, mediante remoção da cutícula, manta flutuante e um pool de líquidos na
separação dos tecidos da forragem e exposição camada mais inferior. Porém, quando o
da estrutura interna da forragem para invasão consumo de volumoso é alto, o conteúdo
efetiva dos microrganismos do rúmen-retículo ruminal é constituído basicamente pela manta.
(Ulyatt et al., 1986). Além disso, há evidências de que a passagem da
digesta para o abomaso aumenta
O conhecimento do fluxo dos componentes das proporcionalmente com o consumo de
forragens, principalmente no compartimento do componentes da parede celular, bem como com
rúmen-retículo é fundamental nos ajustes dos a maturidade da forragem (Offer e Dixon,
suplementos a serem ofertados aos bovinos a 2000).
pasto (Offer e Dixon, 2000). O tamanho das
partículas no rúmen diminuem com o tempo A mastigação durante a ruminação promove a
após a alimentação e, como conseqüência, a exposição da estrutura interna da planta para o
taxa de passagem é proporcional a esta ataque microbiano e reduz o tamanho das
velocidade de redução (Prigge et al., 1990). A partículas (Dulphy et al., 1980), sendo de
passagem da digesta do rúmen para o abomaso é grande importância para a redução do tamanho
controlada pelo orifício retículo-omasal (ORO) das partículas (Ulyatt et al., 1986). Portanto,
e os movimentos de contração do rúmen essa ruptura das partículas do alimento até um
determinam o volume de digesta que sai do tamanho limite que lhes permita atravessar o
ambiente ruminal (Ulyatt et al., 1984). ORO, estabelecido em 1,18 mm no caso de
ovelhas (Poppi et al., 1980), e 1,5-2,0 mm para
O ORO é muito sensível a estímulos mecânicos bovinos (Ulyatt et al., 1986), está em função de
e sua distensão estimula a ruminação e secreção quatro mecanismos: a mastigação durante o
salivar pela parótida via nervo vago. Dietas processo de preensão dos alimentos; a
ricas em volumosos provocam contrações mais mastigação posterior, durante a ruminação; a
fortes do ORO em relação a dietas moídas e digestão microbiana; e a ruptura devido à
peletizadas (Offer e Dixon, 2000). fricção provocada pelas paredes do rúmen,
sendo os dois primeiros os principais
Estimativas de passagem das partículas responsáveis (Faichney, 1986).
sugeriram que aumentos na taxa de passagem da
digesta resultam de maiores quantidades de Segundo Van Soest (1994), a ruminação é
material passando por contração, uma vez que proporcional ao conteúdo de parede celular da
não ocorrem alterações na freqüência de dieta, sendo que a trituração é responsável pela
contrações. Para bovinos, cerca de 1,8 a 3,6g de redução da partícula em tamanho e volume.
matéria orgânica passam pelo ORO por cada Desta forma, a trituração da estrutura da parede
contração ruminal (Offer e Dixon, 2000). celular através da ruminação tem grande
influência sobre a passagem ruminal. A
O fato de as partículas poderem ou não passar mastigação é provavelmente a principal
para o omaso depende principalmente da responsável em reduzir o tamanho de partícula
probabilidade de estarem presentes na região de materiais lignificados, embora a digestão
ventral do retículo durante a abertura do ORO microbiana tenha contribuição na quebra de
(Reid, 1984). A maior concentração de tecidos não lignificados.
partículas pequenas e de maior densidade,
presentes na região ventral do retículo, em De acordo com Ulyatt et al. (1986), a atividade
relação ao rúmen ventral e dorsal, é a razão para microbiana pouco contribui para degradação
física das partículas fibrosas. Entretanto,

25
indiretamente, a fermentação microbiana tem crescimento dos microrganismos da fase
contribuição substancial na redução do tamanho líquida, bem como a taxa de passagem de
da partícula pelo aumento na fragilidade das sólidos.
partículas fibrosas, aumentando, assim, a
eficiência da quebra durante a ruminação A quantidade de proteína microbiana sintetizada
(McLeod e Minson, 1988). por unidade de CHO fermentado pelos
microrganismos ruminais aumenta com
A densidade das partículas no retículo-rúmen elevações na taxa de remoção da fase líquida.
tem grande importância dobre o seu fluxo. A Como conseqüência, a eficiência de síntese de
gravidade específica funcional (GEF) é uma proteína microbiana é aumentada, pois ocorre
medida de densidade das partículas nas redução das necessidades de energia das
condições encontradas no ambiente ruminal. bactérias, com maiores taxas de reciclagem da
Segundo DesBordes e Welch (1984), partículas fase líquida (Berchielli et al., 1996).
com densidade inferior a 1 g/mL foram
intensamente ruminadas e tiveram lenta taxa de Segundo Colucci et al. (1990), a taxa de
passagem pelo rúmen, enquanto aquelas com passagem de líquidos diminui linearmente
densidades intermediárias (1,17 a 1,42 g/mL) quando aumenta a proporção de concentrado na
tiveram maior taxa de passagem e as partículas dieta, em ruminantes com baixa ingestão de
mais densas (1,42 a 1,77 g/mL) passaram muito MS. Além disso, aumentos no consumo de MS
lentamente e sem evidências de ruminação. estão relacionados a maiores osmolalidade e
taxa de passagem, independentemente do nível
Estudos de densidade das partículas de concentrado da dieta, principalmente devido
demonstraram que o feno inteiro ou picado, tem a um aumento na salivação, no consumo de
densidade entre 0,6 e 0,7 g/mL, enquanto os água e possivelmente na difusão de água pela
concentrados normalmente têm densidade entre parede ruminal.
1,3 e 1,6 g/mL. A GEF dos tecidos das plantas
aumenta conforme esses são hidratados pelo 2.6.3. Métodos de estimativa da cinética
fluido ruminal, dependendo do fluxo salivar. ruminal
Além disso, parece haver uma relação inversa
entre GEF e tamanho de partícula, sendo que as O grau de enchimento do retículo-rúmen é um
de menor tamanho possuem maior densidade, dos principais fatores que limitam o consumo
uma vez que possuem pequeno volume de gases voluntário de dietas baseadas em forragens de
e maior relação área de superfície: volume baixa qualidade, uma vez que estas dietas
(Offer e Dixon, 2000). apresentam maior tempo de retenção ruminal.
Porém, a redução do tempo de retenção por
2.6.2. Taxa de passagem de líquidos aumento na taxa de passagem, tende a diminuir
a extensão da digestão da fibra no rúmen e,
A taxa de passagem de líquidos está mais conseqüentemente, a digestibilidade in vivo da
relacionada aos fatores da dieta que tendem a dieta. Um método alternativo para avaliar a taxa
aumentar a osmolalidade ruminal do que ao de remoção da fibra do rúmen é esvaziá-lo e
consumo de água (Faichney, 1986). Segundo amostrar o conteúdo ruminal em tempos
Colucci et al. (1990), a osmolalidade do fluido específicos após a alimentação. A separação da
ruminal aumenta após a ingestão de alimentos, fibra em frações digestíveis e indigestíveis
com pico entre 1 a 2 horas após a alimentação possibilita a estimativa das taxas de digestão e
em bovinos. de passagem (Aitchison et al., 1986).

De acordo com Lira et al. (2000), as estimativas As taxas de passagem das fases sólida e líquida
do volume de líquidos e da taxa de diluição no dos alimentos pelo retículo-rúmen podem ser
rúmen são necessárias para determinar a estimadas por meio de indicadores e de suas
produção de metabólitos no rúmen. Ademais, o concentrações. A fibra mordentada com cromo
volume ruminal e a taxa de passagem de (Cr-mordente) é utilizada na estimativa da taxa
líquidos podem influenciar o consumo, a de passagem da fase sólida, enquanto o EDTA
digestibilidade, o tempo disponível para marcado com cobalto (CoEDTA) é utilizada na
fermentação ruminal, a eficiência de

26
estimativa da passagem do líquido ruminal relataram que o Co-EDTA apresentou
(Pond et al., 1989, Berchielli et al., 1996). resultados mais próximos do biológico do que o
polietilenoglicol, uma vez que esse estimou um
Para estimar as taxa de passagem das partículas volume ruminal de 33,28% do PV.
e de líquido são requeridos indicadores que
sejam recuperados e que não se separem das 3. MATERIAL E MÉTODOS
respectivas frações. Além disso, o indicador
deve estar em equilíbrio com o pool da 3.1. Local e período
determinada fração. No entanto, não há um
marcador que satisfaça estas condições. Outro O experimento foi conduzido na Fazenda
aspecto está relacionado aos os indicadores de Rancho Alegre, localizada a 25 km de Campo
fase sólida, que geralmente são menos Grande (Mato Grosso do Sul), no período de
satisfatórios que os de fase líquida, fato esse janeiro a abril de 2006. Os animais foram
devido à migração daquele para partículas que confinados em cinco baias individuais de 4x4m,
não foram marcadas originalmente (Udén et al., com instalações adequadas de bebedouro e
1980). cocho de alimentação.

Segundo Udén et al. (1980), íons metálicos são 3.2. Animais e alimentação
mais facilmente identificados e quantificados
que compostos orgânicos. Assim sendo, a Foram utilizados cinco bovinos machos adultos,
preparação de complexos de metais e fibra da com peso vivo médio de aproximadamente 721
planta pode ser vantajoso, uma vez que a kg, canulados no rúmen para avaliação do
ligação é resistente às condições do trato consumo, degradabilidade in situ e cinética
digestivo. Os elementos que possuem as ruminal.
características necessárias são aquele tri e
tetravalentes, que formam ligações fortes com Os animais receberam feno de B. brizantha
as estruturas da parede celular. Porém, muitos colhido no mês de dezembro de 2005, como
desses elementos são hidróxidos insolúveis no alimento volumoso, permitindo sobra de 10%.
pH ruminal, o que dificulta a determinação da O período de adaptação pré-experimental dos
origem do elemento. Os íons metálicos animais ao feno foi de 20 dias. O volumoso foi
mordentados são recuperados através da matriz armazenado em galpão, sendo que o
fibrosa a qual estão ligados. Os elementos mais fornecimento foi feito diariamente às 10:00 e às
utilizados são o cromo trivalente e o cerium 17:00.
tetravalente.
Foram fornecidos 600 g/animal/dia dos
Com o fornecimento de uma dose pulso de fibra suplementos proteinados, às 6:00, conforme os
mordentada com cromo é possível obter tratamentos abaixo:
estimativas da taxa de passagem, tempo médio
de retenção e enchimento do trato T1: casca de soja + Optigen® (CSO)
gastrointestinal. Porém, para montar a curva de T2: casca de soja + uréia (CSU)
excreção do indicador são necessárias várias T3: milho triturado + amiréia (MA)
amostragens, o que pode interferir no T4: milho triturado + Optigen® (MO)
comportamento do animal (Pond et al., 1989). T5: milho triturado + uréia (MU)

O Co-EDTA é totalmente solubilizado e tem A formulação dos suplementos encontra-se na


sido utilizado para estimativas de volume tabela 3, enquanto a composição bromatológica
ruminal e taxa de diluição, uma vez que sua dos proteinados e do feno de B. brizantha cv.
análise é simples e muito precisa (Berchielli et Marandu são apresentadas nas tabelas 4 e 5.
al., 1996). Segundo Owens e Goetsch (1988), o
volume ruminal de bovinos corresponde de 15 a
21% do peso vivo (PV). Berchielli et al. (1996)

27
Tabela 3. Composição percentual dos proteinados utilizados no experimento
Ingrediente (%) CSO CSU MA MO MU
Milho triturado - - 26,7 40,0 36,5
CGS 47,5 47,5 - - -
Farelo Soja 5,0 5,0 11,8 6,4 10,0
Uréia - 9,5 - - 9,5
Amiréia - - 20,0 - -
Optigen® 9,5 - - 10,0 -
Fosfato Bicálcico 18% 10,5 10,5 10,5 10,5 10,5
Carbonato de Cálcio 35% 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Premipac Mult1 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0
Sal Branco 19,0 19,0 22,5 24,6 25,0
1
Premipac Mult: Níveis de garantia por kg do produto: S=165g; Mg=120g; Zn=28000mg; Mn=9600mg;
Fe=11000mg; Co=1000mg; I=800mg; Cu=12500mg; Se=125mg

Tabela 4. Composição dos suplementos proteinados, em base da MS


Suplementos proteinados
Nutriente1 (%)
CSO CSU MA MO MU
MS 88,05 91,20 90,29 91,90 89,01
MOrg 61,14 37,73 51,17 39,72 44,88
MM 38,86 62,27 48,83 60,28 55,12
PB 35,45 35,84 35,31 35,25 35,52
PDR 31,35 31,72 30,52 30,96 30,90
NDT 35,71 35,71 35,66 35,76 35,77
FDN 44,85 36,92 18,75 15,28 17,38
FDA 15,05 10,50 1,82 1,17 1,42
HCEL 29,80 26,42 16,93 14,11 15,96
CEL 31,98 26,11 6,22 4,80 6,69
CHOS 2,71 2,49 4,22 3,39 3,20
EE 2,75 1,90 4,42 4,16 4,07
Ca 3,85 3,85 3,71 3,66 3,66
P 2,10 2,10 2,09 2,04 2,06
1
MS = matéria seca, MOrg = matéria orgânica, MM = matéria mineral, PB = proteína bruta, PDR = proteína
degradável no rúmen, NDT = nutrientes digestíveis totais, FDN = fibra em detergente neutro, FDA = fibra em
detergente ácido, HCEL = hemiceluloses, CEL = celulose, CHOS = carboidratos solúveis em álcool, EE = extrato
etéreo, Ca = cálcio, P = fósforo

28
Tabela 5. Composição bromatológica do feno
de Brachiaria brizantha cv. Marandu, em base Foram utilizadas repetições para cada tempo de
da MS coleta, sendo um saco para o tempo 0 horas,
Nutriente1 % dois sacos para os tempos 6 e 24 horas e três
MS 89,89 para os tempos 48 e 96 horas. Antes de serem
MOrg 96,93 mergulhados em um balde com água, os sacos
MM 3,41 referentes ao tempo 0 horas foram inseridos no
PB 5,05 rúmen. Em seguida, os conjuntos foram
FDN 77,07
colocados no rúmen ao mesmo tempo. A
FDA 49,83
HCEL 27,24 retirada dos saquinhos foi realizada nos tempos
CEL 27,07 6, 24, 48 e 96 horas após a colocação dos
LIG 4,90 mesmos, segundo o modelo de ∅rskov et al.
SIL 1,29 (1980), ajustado conforme Sampaio (1997).
EE 1,26 Após a retirada, foram imersos em um balde
Ca 0,39 com água antes de serem armazenados em sacos
P 0,10 plásticos, identificados e congelados.
1
MS= matéria seca, MOrg= matéria orgânica,
MM= matéria mineral, PB= proteína bruta, FDN=
Para a estimativa da taxa de passagem de
fibra em detergente neutro, FDA= fibra em
detergente ácido, HCEL= hemiceluloses, C= líquidos foi utilizado o Co-EDTA. Vinte gramas
celulose, LIG= lignina, SIL= sílica, EE= extrato de Co-EDTA foram dissolvidos em 100 mL de
etéreo, Ca= cálcio, P= fósforo água destilada e colocados no rúmen de cada
animal no mesmo horário da fibra mordente. A
coleta de líquido ruminal foi realizada antes (0
3.3. Manejo e coleta de amostras horas) e às 2, 4, 6, 9, 12, 18 e 24 horas após o
fornecimento do Co-EDTA. O líquido ruminal
Foram utilizados 5 períodos de 14 dias cada, foi filtrado em camadas duplas de gaze e,
sendo 7 dias de adaptação ao suplemento e 7 posteriormente, foi congelado em embalagens
dias de coleta de amostras. plásticas de 100 mL devidamente identificadas.

Pesou-se diariamente o feno e os suplementos 3.4. Análises de laboratório


ofertados, além das sobras de cada animal. A
determinação do consumo de volumoso e de As análises laboratoriais foram realizadas no
suplemento foi feita pela diferença de peso entre Laboratório de Nutrição Animal da Escola de
fornecido e sobras, corrigidos pela MS. Foram Veterinária da UFMG.
feitas amostras compostas semanalmente por
tratamento em cada período para posteriores As amostras originais de forragem e dos
análises. suplementos foram moídas a 1 mm em moinho
tipo Willey e colocadas em estufa a 105° C até
A degradabilidade do feno de B. brizantha foi peso constante para se determinar a MS.
avaliada através da técnica de digestibilidade in Posteriormente foram analisados: matéria
situ, segundo ∅rskov et al. (1980). Os sacos de mineral (MM), PB, extrato etéreo (EE), cálcio
náilon foram previamente secos em estufa a (Ca) e fósforo (P), segundo AOAC International
65°C por 72 horas, pesados e numerados. As (Cuniff, 1995). As determinações da FDN e
amostras de feno foram previamente FDA foram feitas conforme o método descrito
processadas em moinho tipo Willey, em peneira por Robertson e Van Soest (1981), por
de 5 mm. Posteriormente foram colocados 6 intermédio do equipamento ANKOM, conforme
gramas de amostra em saco de náilon com metodologia descrita por Berchielli et al.
porosidade de 50 µm, com 20 cm de (2001). A análise de lignina Klason, bem como
comprimento por 10 cm de largura. Em seguida as estimativas de celulose (CEL), hemiceluloses
os sacos foram fechados com abraçadeiras (HCEL) e sílica (SIL) das amostras de
plásticas e amarrados em grupos em uma corda volumoso seguiram as recomendações de Cuniff
de náilon com 10 âncoras de ferro, com cerca de (1995). Para determinação dos carboidratos
100 gramas cada uma. solúveis em álcool dos suplementos foi utilizada

29
a metodologia de Bailey (1967), modificado por Tabela 7. Análise de variância para
Valadares Filho (1981). degradabilidade in situ e cinética ruminal
Fontes de variação Graus de liberdade
Os sacos de náilon foram descongelados, Total 24
lavados em máquina de lavar até que ficassem Dietas 04
limpos e secos em estufa a 65° C por 72 horas. Animais 04
Períodos 04
Posteriormente, foram feitos pools das amostras
Erroa 12
para cada tratamento por período e tempo. Os Tempo T-1
resíduos foram então processadas em moinho Dieta x Tempo (D-1) X (T-1)
tipo Willey em peneira de 2mm. Em seguida, Errob
foi feita a determinação da MS a 105° C e
posteriormente, MM, PB, FDN, FDA, HCEL, Tabela 8. Sorteio dos tratamentos por animal
CEL e lignina (LIG). As determinações da e por período
proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) Animal
e da proteína insolúvel em detergente ácido Período
1 2 3 4 5
(PIDA) foram feitas segundo Licitra et al. 1 CSO MA CSU MO MU
(1996). 2 MU CSU CSO MA MO
3 MO CSO MU CSU MA
As amostras de líquido ruminal foram 4 MA MU MO CSO CSU
descongeladas e centrifugadas a 5.000 rpm por 5 CSU MO MA MU CSO
10 minutos em centrífuga Sorvall RC-5B
Refrigerated Superspeed Centrifuge, Du Pont Foi utilizado o seguinte modelo para a análise
Instruments®. A leitura do nível de cobalto foi do consumo:
feita no sobrenadante em espectrofotômetro de
absorção atômica com chama de acetileno, do Yijkl = µ + di + aj + pk + eijk
aparelho VARIAN® Spectr AA 220FS / Fast
Sequential, segundo Cunnif (1995). Onde:
Yijkl = valor observado relativo ao suplemento i,
3.5. Delineamento experimental e análises ao animal j, ao período k e ao tempo l;
estatísticas µ = média geral;
di = efeito da dieta i, sendo i = 1, 2, 3, 4,5;
O delineamento experimental foi o quadrado aj = efeito do animal j, sendo j = 1, 2, 3, 4, 5;
latino 5x5, (animais x suplementos), sendo que pk = efeito do período k, sendo k = 1, 2, 3, 4, 5;
para o estudo da degradabilidade in situ os eijk = erro atribuído às parcelas
animais foram considerados parcela e os tempos
de coleta as subparcelas. As análises de Foi utilizado o seguinte modelo para a análise
variância pra o consumo e a degradabilidade são da degradabilidade in situ e cinética ruminal:
apresentados nas tabelas 6 e 7, respectivamente
e o sorteio dos tratamentos é mostrado na tabela Yijkl = µ + di + aj + pk + eijk + tl + dtil + αijkl
8.
Onde:
Tabela 6. Análise de variância para a variável Yijkl = valor observado relativo ao suplemento i,
consumo ao animal j, ao período k e ao tempo l;
Fontes de variação Graus de liberdade µ = média geral;
Total 24 di = efeito da dieta i, sendo i = 1, 2, 3, 4,5;
Tratamentos 04 aj = efeito do animal j, sendo j = 1, 2, 3, 4, 5;
Animais 04 pk = efeito do período k, sendo k = 1, 2, 3, 4, 5;
Períodos 04 eijk = erro atribuído às parcelas
Erro 12 tl = efeito do tempo l;
dtil = efeito da interação do i-ésimo nível do dieta
i, com o l-ésimo nível do tempo l;
αijkl = erro aleatório atribuído às sub-parcelas.

30
A taxa de degradação foi calculada pelo modelo Onde: “Y” e “A” (ppm) referem-se às
de ∅rskov et al. (1980) e ajustado conforme concentrações do indicador nos tempos “t” e
Sampaio (1997): zero, respectivamente; e k (/h) corresponde à
taxa constante de diluição ou taxa de passagem
P = A – B * e-ct; da fase líquida no rúmen.

Onde P é a degradação no tempo t, A = (a + b), O volume de fluido ruminal (V, litros) foi
ou seja, a fração potencialmente degradável, B = estimado a partir da relação entre a quantidade
b e c é a taxa de degradação da fração de cobalto administrada (mg) e o valor de “A”
potencialmente degradável pela ação dos estimado pelo modelo. O tempo de reciclagem
microrganismos ruminais. (TR, h) foi calculado como a recíproca da taxa
de passagem da fase líquida no rúmen (“k”). A
Para calcular a degradabilidade efetiva (DE) foi taxa de reciclagem (TxRec, número de ciclos
utilizado o modelo de ∅rskov e McDonald durante 24 horas) foi calculada como 24/TR. A
(1979): taxa de fluxo (TxF, litros/h) foi calculada como
o produto do volume de fluido ruminal (V) pela
DE = S + ((B1 x c)/(c+kp)); taxa de passagem da fase líquida no rúmen (k).
A estimativa de volume ruminal em % do PV
Onde S é a fração solúvel, B1 a fração foi feita utilizando-se o peso médio dos animais,
potencialmente degradável pela ação dos para cada tratamento.
microrganismos e kp a taxa de passagem das
partículas pelo rúmen. Foram utilizadas taxas de Os resultados de consumo foram analisados
passagem de 0,02 e 0,05/h para o cálculo da DE. através de análise de variância em um modelo
linear do PROC GLM do SAS... (1985). A
Os parâmetros da cinética da fase líquida no comparação de médias foi feita pelo teste SNK
rúmen foram estimados pelo processo iterativo ao nível de 5% de probabilidade.
do algoritmo Marquardt, com auxílio do Os coeficientes de degradabilidade in situ foram
procedimento para modelos não-lineares (PROC analisados pelo processo iterativo do algoritmo
NLIN) do SAS... (1985) para cada um dos Marquadt do PROC NLIN do SAS... (1985). As
tratamentos avaliados, a partir da utilização diferenças entre os tratamentos foram
conjunta dos dados das cinco repetições comparadas pelo teste SNK ao nível de 5% de
disponíveis (animais), obtendo, portanto, probabilidade.
valores médios para caracterizar as referidas
condições estudadas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para ajuste aos dados das concentrações de 4.1. Consumo


cobalto nas amostras de líquido ruminal foi
utilizado o modelo exponencial Na tabela 9 são apresentados as médias de CMS
unicompartimental relatado por Colucci (1984), de suplemento, níveis de PB e NDT na dieta e
cuja expressão é: coeficientes de variação (CV), em função dos
tratamentos.
Y= A*e-k*t

31
Tabela 9. Médias do consumo diário de matéria seca de suplemento, níveis de PB e NDT na dieta e
coeficientes de variação (CV), segundo o tratamento
Tratamentos
CV (%)
CSO CSU MA MO MU
Consumo de MS de suplemento
g/dia 509,86b 528,50ab 510,79b 513,98b 555,21a 11,94
% na MS da dieta total
PB 6,94b 6,95b 6,89b 6,90b 7,11a 3,74
1 a a a a
NDT 40,01 40,01 40,02 40,02 39,99b 0,09
1
Valores calculados considerando-se o teor de NDT de 40,30% para o feno de B. brizantha, constante nas tabelas
brasileiras de composição de alimentos para bovinos (Valadares Filho et al., 2006)
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05)

tratamentos, o que sugere que a inclusão de


O teor de PB na MS da dieta foi maior (P<0,05) uréia não reduziu a aceitabilidade dos
e o de NDT foi menor (P<0,05) para o proteinados.
tratamento MU, sendo que os demais não
diferiram entre si (P>0,05). Porém, os valores Todos os tratamentos mantiveram teores de PB
numéricos foram muito próximos entre os superiores a 6,2% da MS da dieta, que
tratamentos, desta forma, as diferenças corresponde a 1% de compostos nitrogenados
significativas podem ser atribuídas aos baixos na dieta, níveis esses que, segundo Silva e Leão
CV’s obtidos para essas variáveis. (1979), são considerados mínimos para que haja
adequada digestão pelos microrganismos do
Segundo Chalupa (1968), o uso da uréia pelos rúmen.
ruminantes é limitado em virtude da sua baixa
aceitabilidade. Gonçalves (2003) observou Na tabela 10 são apresentadas as médias de
maior consumo de mistura múltipla a base de consumo de nutrientes. Não foram observadas
amiréia em relação à formulada com uréia para diferenças (P>0,05) no CMS total, consumo de
bovinos de corte a pasto alimentados com feno matéria orgânica (CMOrg) e consumo de
de B. brizantha cv. Marandu, o que foi atribuído nutrientes digestíveis totais (CNDT), em g/dia,
à melhoria na palatabilidade da mistura amido e % do PV e g/kg0,75 entre os tratamentos.
uréia provocada pelo processo de extrusão. Não Oliveira et al. (2002) também não encontraram
obstante, Patino et al. (2004) e Tolentino et al. diferenças no CMS de novilhos recebendo
(2004) não observaram diferença no consumo suplementos múltiplos a base de uréia ou
de suplementos a base de uréia ou amiréia amiréia.
fornecidos para bovinos de corte. Neste estudo,
foi observado maior consumo dos suplementos
formulados com uréia em relação aos demais

32
Tabela 10. Médias do consumo diário de matéria seca (MS), matéria orgânica (MOrg), proteína bruta
(PB), nutrientes digestíveis totais (NDT), fibra em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA),
hemiceluloses (HCEL), celulose (CEL) e coeficientes de variação (CV), segundo o tratamento
Tratamentos
CV (%)
CSO CSU MA MO MU
Consumo de MS total
kg/dia 8,23 8,53 8,36 8,47 8,25 3,96
% do Peso Vivo 1,14 1,18 1,15 1,17 1,14 4,04
g/kg0,75 59,12 61,38 59,98 60,82 59,36 4,02
Consumo de MOrg
kg/dia 7,79 7,96 7,87 7,92 7,71 7,21
% do Peso Vivo 1,08 1,10 1,08 1,09 1,07 7,21
g/kg0,75 55,99 57,25 56,44 56,84 55,45 7,21
Consumo de PB
g/dia 570,63 593,86 576,79 583,06 585,98 6,76
% do Peso Vivo 0,079 0,082 0,079 0,080 0,081 6,75
g/kg0,75 4,16a 3,65c 3,89b 3,35d 3,76c 6,94
Consumo de NDT
kg/dia 3,29 3,41 3,34 3,39 3,30 7,09
% do Peso Vivo 0,456 0,474 0,462 0,469 0,458 7,10
g/kg0,75 23,65 24,56 23,99 24,34 23,74 7,09
Consumo de FDN
kg/dia 6,18ab 6,37a 6,14ab 6,21ab 6,04b 7,28
ab a ab ab b
% do Peso Vivo 0,856 0,884 0,850 0,860 0,838 7,24
g/kg0,75 44,38ab 45,79a 44,07ab 44,59ab 43,42b 7,24
Consumo de HCEL
kg/dia1 2,25 2,30 2,23 2,25 2,18 8,44
ab a ab ab b
% do Peso Vivo 0,312 0,320 0,308 0,313 0,302 8,31
g/g0,75 16,20ab 16,57a 15,98ab 16,20ab 15,64b 8,28
Consumo de FDA
kg/dia 3,92ab 4,04a 3,92ab 3,97ab 3,84b 7,31
ab a ab ab b
% do Peso Vivo 0,543 0,561 0,542 0,550 0,533 7,31
g/kg0,75 28,18ab 29,09a 28,11ab 28,51ab 27,64b 7,31
Consumo de CEL
kg/dia 2,25ab 2,28a 2,16bc 2,19abc 2,12c 8,50
ab a bc abc c
% do Peso Vivo 0,312 0,318 0,298 0,304 0,293 8,39
g/kg0,75 16,18ab 16,45a 15,49bc 15,75abc 15,18c 8,34
As médias não diferiram pelo teste SNK (P>0,05) entre os tratamentos
1
As médias não diferiram pelo teste SNK (P=0,08) entre os tratamentos
a
Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05)

consumo médio de MS em torno de 2% do PV


O consumo médio de MS total foi de 1,15% do para bovinos de corte alimentados com B.
PV, valor esse que está abaixo do esperado. brizantha. Porém, em condições de pastejo a
Oliveira (2005), Gonçalves (2003), Oliveira et oportunidade de seleção das frações mais
al. (2002) e Euclides et al (2000) observaram digestíveis da forragem é maior. Neste estudo,

33
os animais receberam o volumoso no cocho e, indicativo de deficiência de PB em relação à
apesar de ter-se permitido um mínimo de 10% energia disponível. Nesse caso, normalmente a
de sobras, a seleção de frações mais digestíveis suplementação determina aumento no consumo
provavelmente foi mais limitada se comparada a de forragem. O efeito da suplementação
estudos de avaliação do consumo a pasto. protéica no incremento do consumo em relação
Gomes et al. (2006) relataram consumo médio a animais mantidos exclusivamente a pasto, já
de 1,37% do PV de feno de Brachiaria foi comprovado por vários autores (Caton et al.,
decumbens, que foi elevado para 2,49 e 2,72% 1988; DelCurto et al., 1990; Hannah et al.,
do PV, quando foi suplementado com 1991; Oliveira, 2005). Utilizando-se o valor de
concentrado na base de 0,5 e 1% do PV, 40,30% de NDT para o feno de B. brizantha
respectivamente. Resultados semelhantes aos (Valadares Filho et al., 2006) e o teor de 5,05%
desse estudo foram observados por Fernandes et de PB obtido para o feno fornecido (tabela 5), a
al. (2005) que relataram CMS de 1,02% do PV relação NDT: PB foi de 7,98. Contudo, neste
para bovinos alimentados com feno de B. trabalho, foram observados baixos valores de
brizantha cv. Marandu e suplementados com CMS.
mistura múltipla.
O CPB, em % do PV, não diferiu entre os
Hannah et al. (1991) e DelCurto et al. (1990) tratamentos (P>0,05) e foi em média de 0,08%.
encontraram CMS de 0,74 e 0,87% do PV para Oliveira (2005) observaram CPB variando de
novilhos alimentados com feno de gramínea, 0,11 a 0,14% do PV para novilhos em pastagem
com teor protéico médio de 2,5%. Porém, de B. brizantha. Resultados semelhantes aos
nesses estudos, o fornecimento de deste estudo foram relatados por Fernandes et
suplementação protéica, nos níveis de 0,05% al. (2005) que observaram CPB de 0,09% do PV
0,1% do PV de PB incrementou o CMS total em para novilhos.
aproximadamente 40% e 100%,
respectivamente. Segundo Campling (1970), o O CPB, em g/kg0,75, foi maior (P<0,05) para
grau de eficiência da suplementação protéica CSO e inferior (P<0,05) para MO. Tal fato
depende da digestibilidade da forragem, porém, constituiu um achado não esperado, uma vez
normalmente são observadas respostas quando o que o teor de PB na dieta foi superior apenas
teor protéico da forragem está entre 6 e 8%. para o tratamento MU.

O baixo CMS obtido neste estudo pode ser O consumo de hemiceluloses não diferiu entre
atribuído à baixa qualidade do feno utilizado. os tratamentos (P=0,08). No entanto, o consumo
De acordo com Mertens (1994), o aumento do dos demais componentes da parede celular foi
teor de fibra detergente neutro (FDN) em maior (P<0,05) para o tratamento CSU e menor
forrageira de baixa qualidade ocasiona (P<0,05) para MU. Este fato ocorreu
decréscimo no consumo voluntário. É provável provavelmente em função do alto teor de fibra
que o alto teor de FDN (77,07% na MS) da casca de soja. No entanto, o consumo de
determinou uma limitação física do consumo, o fibra do tratamento CSO, também composto por
que explica os baixos valores de CMS casca de soja, não diferiu (P>0,05) dos
observados. tratamentos MA e MO, formulados a base de
milho, alimento esse que possui baixo teor de
Da mesma maneira, o CMS de 59,12 a 61,38 carboidratos fibrosos.
g/kg0,75 manteve-se abaixo do esperado. Santos
et al. (2004) e Minson (1990) relataram O consumo de FDN seguiu a mesma tendência
consumo médio de MS de 50 e 57,68 g/kg0,75, do CMS total e, conseqüentemente, foi inferior
respectivamente, para animais em pastagens ao esperado. De acordo com Mertens (1994), o
tropicais, sem suplementação. Esses valores consumo é limitado quando a ingestão de FDN
foram próximos aos encontrados neste trabalho, é maior que 1,2% do PV. Gonçalves (2003)
onde, porém, os animais receberam encontrou consumo médio de FDN de 1,5% do
suplementação na base de 0,07% do PV. PV, enquanto Oliveira (2005) observou CFDN
variando de 1,4 a 1,6% do PV, para a B.
Segundo Moore et al. (1999) quando a relação brizantha cv. Marandu. Gomes et al. (2006)
NDT: PB da forragem é superior a 7, é relataram CFDN de 1,15% do PV para novilhos

34
alimentados apenas com feno de B. decumbens, Como os animais experimentais já tinham
com elevação para 1,7% do PV quando foi atingido a idade adulta é provável que o
fornecida suplementação com concentrado, na consumo tenha sido mantido em nível de
base de 0,5% do PV. Esses valores foram mantença, o que pode ter contribuído para o
superiores ao obtido neste estudo, que foi de baixo CMS observado. Uma vez que esses
0,89% do PV, em média. Esse fato pode ser animais não possuíam exigências nutricionais
atribuído à repleção ruminal decorrente da baixa para crescimento, foi adotado um nível de
qualidade da forragem consumida. Resultados suplementação inferior a 0,1% do PV, que
semelhantes foram observados por Santos et al. normalmente é utilizado em trabalhos com
(2004), que relataram CFDN em torno de 1% do novilhos em crescimento. Contudo, as
PV para animais em pastagem de B. decumbens exigências de proteína e energia dos animais
no período da seca, suplementados ou não com não foram supridas, pois foi observada perda de
concentrado. peso durante o período experimental (tabela 11).

Tabela 11. Peso inicial (PI), peso final (PF) e variação de peso dos
animais durante o período experimental
Animal PI (kg) PF (kg) Variação (kg) Variação (@)
1 756 705 51 1,70
2 680 640 40 1,30
3 739 682 57 1,90
4 765 742 23 0,76
5 765 745 20 0,66
Média 741 702,8 -38,2 -1,26

Os valores médios obtidos no ensaio de


Ademais, segundo Paranhos (2000) os bovinos degradabilidade in situ são apresentados nas
são animais de comportamento gregário, ou tabelas 12, 13 e 14. Em geral, não foram
seja, que vivem em grupos. Desta forma, observadas diferenças (P>0,05) entre os
indivíduos que são mantidos isolados do tratamentos nos parâmetros de degradabilidade
rebanho tornam-se estressados, o que pode ter da MS, matéria orgânica (MOrg), PB, FDN,
determinado redução no CMS pelos animais FDA, HCEL, CEL, PIDN e PIDA. Oliveira et
experimentais. al. (2004) e Oliveira (2005) também não
encontraram diferenças na DP da MS, PB, FDN
4.2. Digestibilidade in situ e FDA em novilhos de corte em pastagem de
Brachiaria spp. e Panicum maximum,
suplementados ou não com misturas múltiplas.

35
Tabela 12. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP) e
efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da matéria seca (MS), matéria
orgânica (MOrg) e proteína bruta (PB) da Brachiaria brizantha cv. Marandu
Parâmetros de degradabilidade in situ
MS
Tratamento
DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 14,25 62,09 76,35 0,030 99,9 51,51 37,54
CSU 14,32 62,49 76,00 0,032 99,9 52,77 38,70
MA 15,07 59,32 74,39 0,032 99,9 52,00 38,65
MO 14,88 62,79 77,67 0,030 99,9 62,79 39,38
MU 15,85 61,77 77,62 0,028 99,1 61,77 38,02
MOrg
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 3,83 71,13 74,95 0,030 99,6 46,50 30,50
CSU 2,85 71,01 73,35 0,032 99,9 47,06 31,08
MA 5,32 67,17 72,50 0,032 99,8 46,66 31,54
MO 5,02 71,19 76,22 0,030 99,7 48,30 32,27
MU 6,34 69,43 75,78 0,028 99,8 46,84 31,27
PB
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 30,57 35,30 65,88 0,041 97,9 52,30 44,35
CSU 32,63 40,28 71,11 0,039 98,5 56,13 47,09
MA 32,25 41,57 64,49 0,050 98,6 57,84 48,48
MO 30,57 43,32 73,90 0,043 99,1 58,43 48,71
MU 34,60 44,95 67,87 0,033 98,3 58,15 48,34
As médias não diferiram pelo teste SNK (P>0,05) entre os tratamentos

36
Tabela 13. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP) e
efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HCEL) e celulose (CEL) da Brachiaria
brizantha cv. Marandu
Parâmetros de degradabilidade in situ
FDN
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 14,25 64,37 78,91 0,030 99,9 53,16 38,67
CSU 15,68 54,78 71,72 0,046 97,7 53,60 41,63
MA 14,55 62,74 77,28 0,034 99,8 54,05 39,94
MO 14,97 65,96 80,93 0,030 99,8 55,06 40,21
MU 14,42 66,48 80,91 0,028 99,8 53,77 38,83
FDA
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 14,46 67,96 66,04 0,029 94,1 46,65 28,11
CSU 15,88 58,53 68,34 0,045 94,2 43,60 29,36
MA 14,91 67,05 68,30 0,031 97,3 46,67 29,05
MO 14,39 74,37 66,25 0,025 96,8 49,62 28,12
MU 13,67 72,54 66,45 0,027 97,0 48,03 27,64
HCEL
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 14,71 58,14 72,86 0,034 99,8 50,91 37,83
CSU 15,35 47,88 64,22 0,035 97,7 50,11 39,98
MA 13,93 56,10 70,03 0,040 99,7 50,69 38,15
MO 16,05 58,55 74,62 0,034 99,7 43,52 43,28
MU 15,83 57,25 73,08 0,033 99,5 40,78 40,90
CEL
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h1
CSO 17,17 50,20ab 67,27 0,031 97,2 47,19 35,90
CSU 16,39 53,35a 69,69 0,048 93,1 48,35 36,34
MA 17,06 48,34ab 65,41 0,032 94,7 46,07 35,19
MO 21,39 52,76a 67,87 0,031 97,2 46,76 34,89
MU 27,91 44,65b 68,71 0,026 95,0 50,85 40,80
As médias não diferiram pelo teste SNK (P>0,05) entre os tratamentos
1
As médias não diferiram pelo teste SNK (P=0,051) entre os tratamentos
a
Médias com letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente pelo teste SNK (P>0,05)

37
Tabela 14. Fração solúvel (S) e potencialmente degradável (B1), degradabilidade potencial (DP) e
efetiva (DE), taxa de degradação (c) e coeficiente de determinação (R2) da proteína insolúvel em
detergente neutro (PIDN) e proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) da Brachiaria brizantha cv.
Marandu
Parâmetros de degradabilidade in situ
PIDN
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 7,13 40,54 47,67 0,028 87,2 26,88 18,29
CSU 2,71 83,11 58,73 0,022 82,2 39,65 22,85
MA 7,39 39,38 59,61 0,018 66,4 26,58 18,24
MO 11,01 52,69 62,58 0,017 79,0 30,94 14,72
MU 9,89 54,26 55,98 0,017 82,8 34,29 15,47
PIDA
Tratamento DE (%)
S (%) B1 (%) DP (%) c (/h) R2 (%)
0,02/h 0,05/h
CSO 17,02 48,14 65,16 0,025 98,8 36,85 27,55
CSU 17,21 43,08 56,58 0,045 95,8 34,95 26,63
MA 15,26 47,98 63,50 0039 98,9 35,27 26,02
MO 13,53 42,99 63,63 0,037 98,0 37,14 27,17
MU 11,35 48,11 64,70 0,031 79,3 34,42 26,18
As médias não diferiram pelo teste SNK (P>0,05) entre os tratamentos

para contaminação microbiana, que segundo


O valor médio de DP da MS de 76,40 (tabela Wanderley et al. (1993), acarreta em
11) foi semelhante ao encontrado por Oliveira subestimativa da degradação protéica, o que
(2005) e por Oliveira et al. (2004), de 75,15 e também foi confirmado pela alta proporção de
73,14% para MS, apesar desses autores fração solúvel, de 32%, em média.
relatarem melhor qualidade da forragem
fornecida. Os valores médios da fração solúvel (S),
potencialmente degradável (B1) e DP média da
Paciullo et al. (2003) observaram valor nutritivo FDN, de cerca de 14,77, 62,86 e 78% (tabela
inferior e, conseqüentemente, menor 13), respectivamente foram relativamente
degradabilidade para a B. decumbens no mês de próximos aos 21,11, 52,67 e 73,78%
janeiro, em comparação ao mês de maio. encontrados por Oliveira et al. (2004). No
Segundo esses autores, o valor nutritivo dessa entanto, a DP média da FDA (67%) foi muito
gramínea foi maior no outono em relação ao superior à observada por Oliveira (2005), de
verão, pois foram observados menores teores de 35,02%. É provável que esse fato tenha ocorrido
FDN e FDA e maiores teores de PB. O feno em função de erros acumulados na
fornecido neste estudo foi colhido no mês de determinação dos compostos fibrosos.
dezembro e apresentou altos teores de fibra e
baixo de PB (tabela 5). Desta forma, apesar de Segundo Campos et al. (2003), a
não ser observada diferença entre os degradabilidade das hemiceluloses está
tratamentos, provavelmente houve efeito diretamente relacionada com a concentração de
positivo da suplementação sobre a celulose e inversamente relacionada com a taxa
degradabilidade do feno. Esta afirmativa pode de lignificação, uma vez que as hemiceluloses
ser fundamentada no fato de que os valores estão mais associadas à lignina do que a
observados para a degradabilidade do feno qualquer outro polissacarídeo. Neste trabalho,
foram semelhantes aos relatados em estudos os valores médios de degradabilidade das HCEL
com B. brizantha valor nutricional superior. e CEL, de 70,96 e 67,79%, respectivamente,
foram muito próximos, assim como os teores
A DP média da PB (68,65%) foi inferior à desses compostos no feno, de 27,24% para
relatada em outros trabalhos (Oliveira, 2005; HCEL e 27,04% para CEL. Além disso, a alta
Oliveira et al., 2004). É provável que este fato degradabilidade obtida para as HCEL pode ser
tenha ocorrido em função da falta de correção atribuída, em parte, ao baixo teor de lignina

38
obtido para o feno de B. brizantha, de 4,9%
(tabela 5). As curvas de degradabilidade são mostradas em
anexo. As curvas de desaparecimento da MS e
Os valores de taxa de degradação da B. MOrg (anexos 1 e 2, respectivamente)
brizantha obtidos neste estudo (tabelas 11, 12 e apresentaram resposta similar. O
13) foram semelhantes aos encontrados na desaparecimento da PB (anexo 3) mostrou
literatura para gramíneas de baixa qualidade maior diferença no gráfico, no intervalo de 0 a
(Gomes et al., 2006; Oliveira, 2005; Oliveira et 48 horas. A metodologia de degradabilidade in
al., 2004 e Freeman et al., 1992). situ permite que os tecidos mais lignificados e
de difícil acesso, como xilema e bainhas
DelCurto et al. (1990) observaram redução na esclerenquimáticas, sofram ação contínua dos
digestibilidade da FDN na medida em que movimentos ruminais e do ataque microbiano,
aumentou o nível de inclusão de milho nos em função da permanência prolongada no
suplementos. De acordo com Judkins et al. rúmen. Esse processo permite que a
(1991), os carboidratos prontamente degradabilidade dos tratamentos se aproximem
fermentáveis fornecem uma fonte alternativa de ao final do período de incubação. Resultados
energia para as bactérias celulolíticas, o que semelhantes foram relatados por Oliveira
pode reduzir a digestão da fibra em função da (2005).
competição entre as bactérias ruminais por N-
NH3. Para A FDN e HCEL (anexos 4 e 6,
respectivamente), as curvas apresentaram
Horn e McCollum (1987) observaram que os comportamento semelhante, sendo que o
CHO’s prontamente fermentáveis podem ser tratamento CSU demonstrou menor
fornecidos em até 30 g/kg0,75/dia, sem que degradabilidade ao final do período de
ocorram alterações significativas no consumo. incubação.
Neste estudo, não foi observado efeito negativo
da inclusão de milho sobre a digestibilidade, As curvas de DP da FDA e CEL (anexos 5 e 7,
provavelmente em função do baixo nível de respectivamente) apresentaram-se de forma
suplementação fornecido, o que determinou um similar, também com maior variação no
consumo de cerca de 1,5 g/kg0,75/dia de milho intervalo de 0 a 40 horas. Para estas frações, o
para os suplementos formulados com esse grão. tratamento CSU novamente mostrou
degradabilidade inferior no gráfico, ao final do
Faulkner et al. (1994) não observaram período de incubação.
diferenças na digestibilidade da MS no trato
total de novilhos suplementados com milho ou Para as frações de proteína insolúvel (anexos 8 e
casca de soja. O amido de milho e a pectina da 9), as curvas de desaparecimento mostraram
casca de soja são fontes de carboidratos que uma variação entre os tratamentos. A média de
possuem disponibilidade ruminal semelhantes DE observada neste estudo foi superior para a
(Sniffen et al, 1992). Neste estudo não foram PIDA (28,01%) em relação à PIDN (21,93%)
observadas diferenças na digestibilidade da (tabela 13). Além disso, a DP negativa
forragem entre os suplementos a base de milho observada para a PIDN no gráfico mostra que
ou casca de soja. Desta forma, a substituição do esta fração começou a desaparecer somente
milho pela CGS em proteinados mostrou-se após as 24 horas de incubação, o que não
uma alternativa viável. ocorreu para a PIDA. É provável que esse fato
tenha ocorrido em função da falta de correção
Rihani et al. (1993) não observaram diferenças para contaminação microbiana. Segundo
na digestibilidade da MO e da fibra entre Wanderley et al. (1993), a colonização
cordeiros que receberam uréia misturada ao microbiana em alimentos incubados in situ afeta
concentrado e aqueles que receberam infusão a estimativa da degradação do N,
ruminal contínua de uréia. Neste estudo também principalmente para forragens de baixo teor
não foram observadas diferenças na protéico. Neste caso, a degradabilidade do N
digestibilidade da forragem entre os pode ser subestimada, em função do aumento de
suplementos formulados a base de uréia ou com N de origem microbiana no resíduo da
fontes de liberação lenta de NNP. incubação. É provável que neste estudo, tal fato

39
tenha determinado uma subestimativa de Os valores de taxa de fluxo (TxF), de 7,91 a 9,5
degradabilidade da PIDN. L/h, foram diferentes dos relatados em outros
trabalhos. Oliveira (2005) e Vásquez (2002)
4.3. Cinética ruminal da fase líquida encontraram valores de 5,16 e 6,14 L/h,
respectivamente. Hannah et al. (1991) e Del
Os parâmetros encontrados para cinética da fase Curto et al. (1990) relataram valores de 2,76 e
líquida são apresentados na tabela 15. O volume 2,06 L/h para bovinos consumindo gramíneas
ruminal foi de 134,0 para MO a 106,3 L para de baixa qualidade, recebendo suplementação
CSU. Segundo Owens e Goetsch (1988), o protéica.
volume ruminal corresponde de 15 a 21% do
PV. Neste estudo, o volume de 14,74 a 18,58% Apesar de a casca de soja apresentar alta
do PV se manteve próximo aos valores digestibilidade, esta possui alta taxa de
relatados por esses autores, o que indica que o passagem, devido ao tamanho de partícula
CoEDTA estimou valores próximos à biologia reduzido e à alta gravidade específica (Firkins,
do animal. Resultados semelhantes foram 1997). Mendes et al. (2006) observaram valores
relados por Berchielli et al. (1996). de taxa de passagem 5,4% maiores para dietas a
base de CGS em relação a dietas formuladas
A taxa de passagem de líquidos (K) manteve-se com milho. Martin e Hibberd (1990) relataram
entre 5,90 e 8,21%/h. Oliveira (2005) relatou que maiores quantidades de CGS no suplemento
valores médios de 9,46%/h para novilhos em determinaram aumento na taxa de passagem de
pastagem de B. brizantha recebendo proteinados líquidos. Porém, Grigsby et al. (1993) não
com uréia. Neste trabalho, os suplementos observaram efeito da substituição de milho por
formulados com uréia apresentaram os maiores CGS sobre a cinética da fase líquida. Neste
valores numéricos de taxa de passagem da fase trabalho, foram observados valores de taxa de
líquida. passagem 6,3% maiores, em média, para os
suplementos a base de casca soja em relação aos
O tempo de retenção (TR) variou de 12,18 a formulados com milho.
16,95 h, e a taxa de reciclagem (TxRec) foi de
1,42 a 1,97 ciclos/dia. Esses resultados diferem Segundo Colucci et al. (1990) aumentos no
dos obtidos por Oliveira (2005) e Vásquez CMS estão relacionados a maiores osmolalidade
(2002) para gramíneas tropicais. Esses autores, e taxa de passagem, independentemente do
porém, relataram qualidade da pastagem nível de concentrado da dieta, principalmente
superior à utilizada neste trabalho. devido a um aumento na salivação, no consumo
de água e possivelmente na difusão de água pela
Os dados obtidos neste estudo mostraram uma parede ruminal. Neste trabalho apesar de não ser
tendência dos suplementos a base de uréia observada diferença no CMS, a taxa de
apresentarem maiores valores de taxa de passagem da fase líquida foi numericamente
passagem. O proteinado formulado com casca superior para os tratamentos CSU e MU. Desta
de soja e uréia apresentou taxa de passagem forma, a fonte de NNP demonstrou maior
29% superior em relação ao tratamento a base influência sobre K em relação à fonte de CHO.
de casca de soja e uréia encapsulada. De forma
semelhante, o suplemento a base de milho e De acordo com Owens e Goetsch (1988), existe
uréia apresentou taxa de passagem 32% maior relação positiva entre a taxa de passagem e a
que o tratamento à base de milho e uréia eficiência de síntese de proteína microbiana no
encapsulada. As fontes de liberação lenta de rúmen. Maiores taxas de passagem favorecem o
NNP apresentaram valores de K semelhantes a desenvolvimento de microrganismos que se
estudos de suplementação com fontes de dividem mais rapidamente, o que aumenta a
proteína verdadeira para bovinos consumindo eficiência de utilização de ATP. No entanto, os
volumosos de baixa qualidade (Caton et al., maiores valores de K obtidos para CSU e MU
1988; DelCurto et al., 1990; Hannah et al., não foram suficientes para aumentar a eficiência
1991; Freeman et al., 1992; Beaty et al., 1994). de síntese de proteína microbiana, como foi
observado no trabalho de Fialho (2007).

40
Tabela 15. Valores de volume ruminal (V), taxa de passagem (K), tempo de reciclagem (TR), taxa de
reciclagem (TxRec), taxa de fluxo (TxF) e coeficiente de determinação (R2) da fase líquida da digesta
pelo trato gastrointestinal de bovinos alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu1
Tratamento V (L) Vol (%PV) K (%/h) TR (h) TxRec (ciclos/dia) TxF (L/h) R2 (%)
CSO 125,5 17,40 6,35 15,74 1,53 7,98 87,0
CSU 106,3 14,74 8,21 12,18 1,97 8,73 91,0
MA 118,8 16,47 6,71 14,90 1,61 7,97 91,0
MO 134,0 18,58 5,90 16,95 1,42 7,91 91,0
MU 121,5 16,85 7,82 12,79 1,88 9,50 83,0
1
Valores calculados pelo modelo de Colucci et al. (1990)

O Co-EDTA estimou de forma adequada os


5. CONCLUSÕES parâmetros de cinética ruminal da fase líquida.

As combinações entre diferentes fontes de CHO Os suplementos a base de uréia mostraram uma
e NNP nos suplementos protéicos não tendência em apresentar maiores taxas de
modificaram o consumo e a degradabilidade da passagem da fase líquida ruminal quando
forragem. comparados àqueles com outras fontes de NNP.

41
6. ANEXOS

80

70

60
DP MS(%)

50

40

30

20

10
0 6 24 48 96
tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo I. Desaparecimento da matéria seca (MS) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu, segundo
os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

80

60
DP MOrg(%)

40

20

0
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo II. Desaparecimento da matéria orgânica (MOrg) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

42
70

60

50
DP PB (%)

40

30

20
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo III. Desaparecimento da proteína bruta (PB) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

80

70

60
DP FDN(%)

50

40

30

20

10
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo IV. Desaparecimento da fibra em detergente neutro (FDN) do feno de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

43
85

70
DP FDA(%)

55

40

25

10
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo V. Desaparecimento da fibra em detergente ácido (FDA) do feno de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

80

70

60
DP HCEL(%)

50

40

30

20

10
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo VI. Desaparecimento das hemiceluloses (HCEL) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

44
80

70

60
DP CEL(%)

50

40

30

20

10
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo VII. Desaparecimento da celulose (CEL) do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu, segundo
os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

50

40

30
DP PIDN(%)

20

10

0
0 6 24 48 96
-10

-20
tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo VIII. Desaparecimento da proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) do feno de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

45
70

60

50
DP PIDA(%)

40

30

20

10
0 6 24 48 96

tempo (h)

CSO CSU MA MO MU

Anexo IX. Desaparecimento da proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) do feno de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, segundo os tempos de incubação in situ, de acordo com o tratamento

46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, E.G. Nutrição de bovinos.
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