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FACULDADE DE VETERINÁRIA
MESTRADO EM PRODUÇÃO ANIMAL
Módulo: Alimentação Animal
Março de 2022
Maputo
1
Índice
Resumo ..................................................................................................................................................... 2
1. Introdução ......................................................................................................................................... 3
1.1. Metodologia .................................................................................................................................. 4
2. Marco Teórico....................................................................................................................................... 4
2.1. Características da Leucaena ............................................................................................................... 4
2.1.1. Produção de Pastos associados a Leocaena .................................................................................... 5
2.2. Suplementação proteica com Leucaena ............................................................................................. 6
2.3. Gado Caprino (Capra hircus L) .......................................................................................................... 7
2.4. Desempenho da gado caprino alimentado com Leucaena leucocephala ........................................... 9
3. Considerações finais ........................................................................................................................... 13
4. Referencia Bibliograficas .................................................................................................................... 14
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Resumo
A alimentação animal constitui o factor responsável por parte significativa dos custos de criação do gado caprino.
Neste contexto, há necessidade de utilizar fontes alimentares alternativas, com a finalidade de reduzir custos e
melhorar a dieta, desde que não afecte os índices de ganho de peso ou produção de leite nos caprinos. Os criadores
de gado conseguem garantir alimentos nos períodos chuvosos, diferente dos períodos secos, que compreende a
maior parte do ano, há perdas substanciais na qualidade e disponibilidade de forragem no pasto nativo, com efeitos
imediatos sobre a produtividade dos rebanhos. Objectivou-se com esta revisão, avaliar a utilização da Leucaena
leucocephala na alimentação do gado caprino. Para tal revisão bibliográfica foram consultados vários artigos
publicados em diferentes datas e em diferentes revistas que discutem aspectos inerentes ao tema. Os resultados da
pesquisa mostram como a utilização da Leucaena leucocephala na alimentação do gado caprino, com a finalidade de
suprir as necessidades proteicas, principalmente em períodos de escassez ou os custos de alimentos clássicos, é uma
alternativa viável do ponto de vista nutricional. Ainda nesta pesquisa mostra evidências de pesquisas realizadas por
vários pesquisadores em diferentes regiões e períodos que a Leucaena leucocephala apresenta bom potencial
proteico e que pode ser usado suprir as necessidades nutricionais dos caprinos, apesar de possuir reduzir mimosina,
uma substância que não é indicado para o consumo em grandes quantidades. Mas pode-se reduzir o consumo desta
substância associando a Leucaena leucocephala e outras forrageiras durante a alimentação.
Abstrat
Animal feed is the factor responsible for a significant part of the costs of raising goats. In this context, there is a
need to use alternative food sources, in order to reduce costs and improve the diet, as long as it does not affect the
rates of weight gain or milk production in goats. Livestock farmers are able to guarantee food in the rainy season,
unlike the dry season, which comprises most of the year, there are substantial losses in the quality and availability of
forage in native pastures, with immediate effects on the productivity of the herds. The objective of this review was
to evaluate the use of Leucaena leucocephala in feeding goats. For this bibliographic review, several articles
published on different dates and in different journals that discuss aspects inherent to the topic were consulted. The
research results show how the use of Leucaena leucocephala in the feeding of goats, in order to meet the protein
needs, especially in periods of scarcity or the costs of classic foods, is a viable alternative from a nutritional point of
view. This research also shows evidence from research carried out by several researchers in different regions and
periods that Leucaena leucocephala has good protein potential and that it can be used to meet the nutritional needs
of goats, despite having reduced mimosin, a substance that is not indicated for consumption in large quantities. But
consumption of this substance can be reduced by associating Leucaena leucocephala and other forages during
feeding.
1. Introdução
Moçambique possui hoje um rebanho de caprinos consideráveis, sendo assim necessário
encontrar soluções práticas económica de produzir e disponibilizar alimentos para o consumo
dos animais (ATANASIO A. 2012). A criação desta espécie em várias regiões é praticada em
sistemas extensivos, sendo em propriedades privadas ou em pastos comunitários. Dentre os
vários géneros existentes no ecossistema Moçambicano, destacam-se a: Panicum, Cynodo,
Brachiaria, Leucaena e Pennisetum (MACIEL S. 2004).
A actividade pecuária constitui meio de subsistência das famílias rurais em Moçambique, apesar
da vulnerabilidade ao fenómeno das secas e chuvas irregulares. A pecuária é uma actividade
importante para a satisfação das necessidades e expectativas humanas como fonte sustentável de
recursos em médio prazo. Moçambique esta localizada na região tropical de África onde a
precipitação cai com abundancia nos meses de Dezembro a Abril, caracterizados por pasto
abundante; e nos restantes meses verifica-se a ausência da precipitação, consequentemente a
escassez do pasto. Em consequência disto há mais pasto em qualidade e quantidade na época
chuvosa, factor que satisfaz aos criadores. Ao contrário do que acontece no período seco onde a
quantidade e a qualidade reduz, resultando na redução do peso animal.
O consumo de gramíneas de baixo teor nutricional pode causar osteomalácia (inchaço na cara),
problemas nos cascos, problemas urinários, raquitismo, ataxia enzoótica, deficiência de cobre,
toxemia da gestação, timpanismo etc., como também a redução do peso da massa corporal será
baixo (BRÂNCIO et all., 2003). Enquanto o fornecimento de forrageira com bom potencial
nutricional para o gado caprino é fundamental para a promoção de maior desempenho produtivo
e reprodutivo aos animais, e sendo estes ruminantes a sua dieta esta concentrada em alimentos
volumoso, onde a quantidade de alimento ingerido deve ser de boa qualidade. Portanto, sendo o
caprino uma espécie muito versátil em termos da procura das forrageiras, mas este tem
preferência pelas partes mais tenra da planta. O processo de selecção de forragens dos caprinos
difere do processo de selecção dos ovinos e dos bovinos, dado que a sua preferência é pela
espécie mais alta facilitando sua deglutição (RIBEIRO et all. 2012).
estas características são indicadores suficientes para a utilização desta forrageira na alimentação
do gado caprino. Diante das adversidades ambientais e económicas do encarecimento da
alimentação animal, o uso da leucaena como alternativas de fonte proteica de qualidade, pode
contribuir na reduzir os custos de produção, considerando que ela pode ser produzida na área de
pasto, reduzindo a dependência de insumos comerciais. Nessa monografia de compilação
pretende-se discorrer sobre a utilização da Leucaena na alimentação do gado caprino, com enfâse
no peso do animal.
1.1. Metodologia
2. Marco Teórico
seca varia de 2 a 8 ton/ha/ano e têm excelente aceitação pelos caprinos. A proteína bruta da
Leucaena ronda a 20% e devido a mimosina não é recomendado alimentar os caprinos apenas
com Leucaena. A mimosina é um aminoácido ant-nutricional que pode provocar queda de pêlos
e salivação excessiva (RIET-CORREA et al, 2004)
A composição química da Leucaena mostra que nas folhas possui: total de cinzas 11%, Total de
N 4.2%, 25.9 % de Proteína bruta, 20.4 % Fibra, 2. 36 g/kg de Cálcio, 0.23 % Fósforo, 536
mg/Kg de β-Caroteno, 20.1 kJ/g de energia bruta e 10,15 mg/g de taninos (MANELLA et al,
2003). A alta capacidade de rebrotação, mesmo em períodos secos faz com que a Leucaena
apresenta-se quase sempre verde. O teor de proteína bruta nas folhas verdes e nas vagens são
entre 21% e 23% respectivamente.
Com base na composição mineral da Leucaena pode-se dizer que a capacidade de conversão
nutricional nos animais não haverá deficiência, esta conclusão baseia-se nos resultados que
RAMOS et al. (2009) encontrou nos teores de macronutrientes da fracção comestível 1.25 % de
fósforo, 4.38 % de nitrogénio, 1.57 % de potássio, 1.22 % cálcio e 0.46 %, apesar dos factores
ant-nutricionais existentes esta forragem.
Os factores ant-nutricionais afectam a qualidade e quantidade a ser digerida pelo animal, se por
acaso uma determinada população de caprinos se alimentar apenas de Leucaena afectaria o
desempenho do animal. A Leucaena é uma espécie extremamente nutritiva, palatável e de boa
digestibilidade, mas é mimosina que é um ant-nutricional. O consumo excessivo desta substância
pode causar alopecia, catarata, atrofia de gengiva, ulcerações da língua e esófago, bócio,
infertilidade e menores ganho de peso para ruminantes. Apesar disso não se pretende dizer que
não se pode usar para a alimentação mas se deve ter o cuidado de se acompanhar com outras
forrageiras. ALMEIDA et al. (2006) em seu estudo mostrou que a Leucaena pode ser tóxica para
ovinos de 4-5 meses de idade quando consome permanentemente esta forragem.
Uma das formas mais conhecidas do plantio da leucaena é estabelecer em faixas dentro das áreas
de pastagem. Esta forma de produção reduz os impactos do pastoreio pesado, a consorciação de
gramíneas e Leucaena faz com que nem uma nem a outra seja a dominante no consumo do gado.
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Em regiões onde as necessidades proteicas dos rebanhos é insuficiente para alcançar bons índices
produtivos, a conservação de alimentos e reservas estratégicas tem mostrado benefícios
significativos, bem como, o uso de forrageiras exóticas bem adaptadas (BARRETO et al., 2010).
A suplementação de gado caprino com concentrados comerciais em alguns casos são usados para
complementar as pastagens, mas os custos de aquisição destes concentrados são bastante
elevados para pequenos criadores. Contudo, a Leucaena contêm grandes quantidades de proteína
bruta e quando misturada com outras forrageiras há múltiplos efeitos benéficos, esta afirmação é
sustentada por JINGURA et al., (2001) ao afirmar que a associação de gramíneas e leguminosas
reduz a dependência de suplementação proteica. E a vantagem da utilização de Leucaena esta
relacionado com a variação do valor nutritivo menor que as gramíneas. A leucaena é uma das
espécies forrageiras com alta capacidade de rebrotação e adapta-se a diversas condições de solo,
alto grão de aceitação pelos ruminantes, boa produtividade.
LIMA et al., (2006) diz que esta espécie produz cerca de 2 a 8 ton/ha de matéria seca, que pode
ser utilizada na alimentação de Caprinos directamente nos pastos, em consórcio com gramíneas,
ou ainda como feno ou silagem. Mas VELOSO et al., (2006) afirma que a Leucaena apresenta
variações na degradação da matéria seca e proteína bruta. Portanto, os folíolos de Leucaena são
uma fonte de proteína adequados à alimentação dos ruminantes. Em países com alto
investimento na área pecuária já foram produzidos e fomentados variedades denominadas por
estilosantes de alta qualidade nutricional e palatabilidade. De acordo com GARCIA et al., (2008)
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e MOURA et al., (2011), a estilosantes campo grande tem sido referenciada como uma variedade
com bom desempenho produtivo.
Portanto, o consumo de matéria seca é o factor mais importante para o desempenho do peso vivo
do animal. O desempenho do peso vivo do animal vai ser influenciado pelas características do
animal, do alimento e das condições do maneio alimentar, reprodutivo e alimentar. No caso da
densidade energética da dieta for superior em relação às exigências nutricionais do animal ou se
for apresentar baixa densidade energética, haverá um efeito directo sobre o peso vivo do animal
(MERTENS, 1992).
Durante a produção de feno há que considerar os teores de fibra e o animal, por exemplo em
fêmeas da raça Alpina em lactação recomenda-se teor de FDN igual a 35,4%. De acordo com
CARVALHO et al., (2006) alimentar estas fêmeas com elevados teores de fibra estimula a
diminuição da produção de leite. Mas, GUPTA et al., (1999) afirma que a inclusão de
leguminosas na dieta de fêmeas em lactação estimula a produção de leite e não interfere na
qualidade, nem nos custo de produção de leite. Estudo realizado por FERREIRA et al., (2009)
mostram que a utilização até 75% de Leucaena na dieta de cabras leiteiras não alterou a produção
e nem qualidade do leite, dai que o mesmo autor conclui que esta espécie de forrageira pode
constituir um forte ingrediente na dieta dos animais.
Em estudos similares realizados por EUCLIDES et all. (1999), pretendia avaliar o desempenho
de caprino de corte alimentadas com forrageiras nativas e suplementadas com Leucaena com
20% de proteína apresentou alto padrão de produção de carne. Ainda o mesmo autor faz
referência da dieta de cabras anãs africanas, com Leucaena e C. calothyrus resultou em maior
produção semanal de leite ao longo do ano, portanto mostrou ser o dobro em relação ao controle
no período seco e 32% maior no período chuvoso.
O gado caprino pertence à família Bovidae, subfamília caprinae, pertencente ao género capra e
espécie hircus. Estes animais são de pequeno porte, cabeça pequena com boca e lábios móveis e
ágeis que melhoram a capacidade de escolha de partes mais ricas dos vegetais como folhas e
brotos. Estes animais desenvolveram características adaptativas importantes ao clima, as
condições de alimentos e água de Moçambique (PARENTE et al., 2007).
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Os hábitos de pasteio dos caprinos e de suas preferências em relação à forragem podem resultar
em maior produtividade de massa corporal (BRATTI et al., 2009). Os factores que influenciam o
comportamento ingestivo de alimentos no pasto estão relacionados com próprio animal, às
plantas, ao meio ambiente e ao maneio. O estudo do comportamento permite avaliar a dieta, pois
permitem conhecer os factores que atuam na ingestão de alimentos que proporcionem o melhor
desempenho produtivo (CAVALCANTI et al., 2008).
De acordo com PALHANO et al., (2007) o aspecto de maior importância para compreender o
comportamento animal durante a pastagem diária é influenciado por factores relacionados à
planta forrageira e ao animal. Em outras palavras, a selecção da forragem consumida pelos
animais depende da composição de espécies forrageiras disponíveis.
Vários foram os estudos, como é o caso de MANELLA et al., (2003), diz que a maior
dificuldade para a produção de carne no pasto, em condições tropicais e subtropicais, é a
ocorrência da sazonalidade de produção das plantas forrageiras, em outras palavras há épocas de
alta produção (Chuvoso) e de Baixa produção (Seco) e isto tem efeito sobre o peso e a produção
de leite. Como consequência Moçambique deveria usar estratégias de produção de caprinos de
corte, como por exemplo suplementação alimentar com concentrados energéticos proteicos, ou
através da associação de pastagens com leguminosas.
Estas tecnologias podem ajudar a reduzir os efeitos negativos resultantes da sazonalidade das
forragens, reduzindo a idade de abate e os custos fixos. Para PERUCHENA, (1999) o uso de
suplementos proteicos em caprinos em pastagem natural é uma estratégia eficiente para reduzir
os desequilíbrios nutricionais, estimulando a conversão alimentar e proporcionando ganhos de
peso vivo.
A Leucaena é eficiente no aumento da produção de caprinos de corte nos trópicos, pois são
óptimas fontes de proteína e minerais. Esta afirmação é sustentada por ATANASIO A. (2012) ao
afirmar que para acrescentar 300 g no ganho de peso diário de animais com 200 kg de peso vivo
no verão, seria necessário de cerca de 150 g de proteína. De acordo com o mesmo autor esta
proteína pode ser absorvida do consumo de leguminosa (Leucaena, Mucuna e feijoeiros).
SILVA (2001), diz que gramíneas forrageiras mais frequentemente utilizadas na formação de
pastagens nas regiões tropicais para a alimentação dos caprinos são espécies como Brachiaria
spp., Cynodon spp., Paspalum spp., Pennisetum spp., Chloris gayana, Cenchrus ciliaris,
Digitaria decumbens e Panicum maximum, mas podem ser associados a diversos arbustos e
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Esta convergência do desempenho nos pastos dominados por Panicum maximum com pastos
dominados por Paspalum notatum deve-se a vários factores deste a qualidade nutricional,
quantidade disponível época de consumo e principalmente as proteínas fornecidas pela Leucaena
leucocephala.
O consumo de Leucaena na forma de banco de proteína pode contribuir para melhorar ganhos
diários por animal e por unidade de área. Para, VITTI et al. (2005), o consumo de Leucaena à
dieta do gado caprino aumenta a ingestão da matéria orgânica e activa o crescimento microbiano
(bactérias, fungos, protozoários etc). PÁDUA et al. (2006), concluíram que o consumo de 2
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De acordo com PAMO al. (2006) observa-se maiores ganhos de peso em cordeiros e caprinos
quando a disponibilidade de forragem é maior. Mas, BARRETO et all, (2010) em um estudo
realizado em pastagem dominada por P. maximum associado a Leucaena leucocephala
observaram que a taxa de bocado e o tempo de pastagem compensam a mudanças na massa do
bocado, mesmo quando as mudanças nas características da pastagem desfavorecem o consumo.
Contudo, o animal nem sempre consegue permanecer com os mesmos níveis de consumo e nem
com o valor nutritivo da forragem, podem resultar em decréscimo no peso do animal. Isso pode
ser demostrado ao se observar o desempenho animal a ser limitado pela disponibilidade de
forragem quanto a quantidade e qualidade da matéria verde seca (MVS), principalmente quando
é inferior a 900 kg/ha.
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Os ganhos médios diários por animal situam-se entre 500 e 820 g e os ganhos de peso vivo por
hectare entre 300 e 600 kg em pastos dominados por Panicum maximum e Leucaena
leucocephala (EUCLIDES, 1998; e COSTA et al., 2009). De ressaltar que estudos semelhantes
realizados pela EMPRAPA - CNPGC, (2001) em pastagens dominadas por B. decumbens e B.
brizantha associado a Leucaena leucocephala apresentaram maiores ganhos de peso, em torno de
575 gramas/caprino/dia.
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3. Considerações finais
4. Referencia Bibliograficas
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