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SEMI-CONFINAMENTO DE BOVINOS

DE CORTE

Elaboração
Felippe Augusto Reis
Giovanna Brandini Quessa
Helena Azevedo Perini
Marcela Altimari Filippin
Roberta Fornazari Marin

Orientação:
Prof. Carlos E. C. Belluzo

Araçatuba – SP
2023
SUMÁRIO
1 FASES DE CRIAÇÃO ....................................................................................................5

1.1 Fase de cria ........................................................................................................................5

1.2 Fase de recria .....................................................................................................................5

1.3 Fase de terminação ............................................................................................................5

2 TIPOS DE SUPLEMENTAÇÃO PARA BOVINOS EM


SEMICONFINAMENTO........................................................................................................6

2.1 Estratégias de suplementação .............................................................................................6

2.2 Principais ingredientes dos suplementos ...........................................................................6

2.3 Subprodutos para suplementação ......................................................................................7

3 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO .................................................................................8

3.1 Diferimento de pastagem ...................................................................................................8

3.2 Espécies de forragens ........................................................................................................9

3.3 Cálculo de consumo diário por ciclo .................................................................................9

4 ESTRUTURA DOS COCHOS ........................................................................................10

4.1 Local dos cochos ...............................................................................................................10

4.2 Tipos de cocho ...................................................................................................................10

5 INGREDIENTES NECESSÁRIOS PARA SUPLEMENTAÇÃO ..............................11

5.1 Armazenamento dos suplementos .....................................................................................12

6 MANEJO DOS ANIMAIS ...............................................................................................12

6.1 Recepção e destino dos animais .........................................................................................12

6.2 Identificar os animais .........................................................................................................12

6.3 Pesagem dos animais .........................................................................................................13

6.4 Vermifugação e vacinação .................................................................................................13

6.5 Fornecimento de suplementação ........................................................................................13

6.6 Leitura de cocho .................................................................................................................14


6.7 Condição dos bebedouros ..................................................................................................14

REFERÊNCIAS ...............................................................................................................17
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INTRODUÇÃO
Com o aumento da produção e intensificação da pecuária para atender as necessidades
mundiais, os produtores necessitavam de novos meios de produção, com novas técnicas para
intensificar a produção com técnicas rentáveis e acessíveis, portanto, as técnicas de
suplementação foram introduzidas e associadas ao uso e intensificação das pastagens a fim de
utilizar a principal vantagem fisiológica e anatômica, que os bovinos, por serem ruminantes
detém. Portanto, o estudo sobre a implementação do semiconfinamento no cenário brasileiro é
de suma importância, visando as necessidades e aproximando as condições em que as
propriedades se encontram.
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1. FASES DE CRIAÇÃO DOS BOVINOS

1.1 - Fase de cria

Está fase corresponde a criação de bezerros e bezerras criados na propriedade, as


matrizes e reprodutores.

1.2 - Fase de recria

Está fase compreende o fim do desmame até a terminação. Neste período o peso é
em torno de 360 – 400 kg, normalmente as fêmeas são destinadas a reprodução e
os machos á terminação. Nesta fase há boa conversão alimentar, permitindo
ganhos com baixos custos, sendo a principal fonte alimentar as pastagens, que
serão intensificadas.

1.3 - Fase de terminação

Este é o momento de ganho de peso para atingir o peso ideal para o acabamento da
carcaça, assim agregando valor ao produto. Nesta fase o ganho de peso e
conversão alimentar diminuem. Está fase pode ser feita em confinamento, a pasto
ou em semi – confinamento, como é o objetivo deste estudo.

Neste quesito, deve-se levar em consideração os tipos de instalações, visto que, em


confinamento exige maior investimento, instalações e maquinários, entretanto o
controle da alimentação dos animais é melhor controlada.
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2. TIPO DE SUPLEMENTAÇÃO PARA OS BOVINOS EM


SEMICONFINAMENTO.

2.1 - Estratégia de suplementação

O semiconfinamento ocorre no período da seca, em um período que abrange entre 75 e 90


dias, onde é fornecido suplemento de alto consumo para os animais. Além de suplementos, os
animais ainda precisam de forragem, que é obtida através da alimentação a pasto.

Ao analisar que 100 animais abatido com 24 meses recebendo uma alimentação proteica de
1% a 4% do peso vivo no primeiro período seco, percebe-se que os ganhos foram de 150 a
400 g/dia. Ao chegar no período das águas os ganhos foram de 500 g/dia e com isso a
terminação ocorrerá no segundo período seco, em semiconfinamento com 1% do peso vivo de
suplementação + pasto.

Nesse método os animais entrarão no semiconfinamento com 400 kg e serão terminados com
500 kg, onde obtiveram um ganho médio de 1 kg ao dia.

Bois em semiconfinamento – CRS/UFMG.

2.2 - Principais ingredientes dos suplementos.

• Milho: alimento de alta concentração energética, que pode ser utilizado na forma de silagem
de milho ou em forma de grãos (inteiro ou moído).

• Soja: alimento de alta concentração proteica e energética, é utilizado na forma de farelo de


soja, porém também pode ser fornecido em forma de silagem ou em grãos.

•Sorgo: Semelhante ao milho, porém apresenta um pouco menos de energia e um pouco mais
de proteína e deve ser fornecido triturado ou moído, devido a sua má digestibilidade.
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Silagem de milho/ GestAgro. Farelo de milho/ MF Rural.

Grão de sorgo/ BRSEEDS.

2.3 – Subprodutos para suplementação

•Polpa Citríca: é segundo subproduto da indústria da laranja mais utilizado, é composta de


cascas, sementes e bagaço. Apresenta alto teor de fibras, podendo atuar auxiliando na
motilidade ruminal e estimulo a ruminação.

•Casquinha de Soja: obtida após a extração do óleo da soja, sendo considerado um alimento
intermediário entre volumoso e concentrado, permitindo a substituição do milho na dieta.

•Caroço de Algodão: é um subproduto de industrias de tecido, sendo um alimento rico em


fibras, energia e proteínas, podendo substituir alimentos volumosos.

•Resíduo de Cervejaria: é um subproduto úmido ou seco, com alto teor de proteína bruta
entre 25 a 28 % e pode substituir até 100% do milho sem causar prejuízo no ganho de peso
dos animais.

• Bagaço Hidrolisado de Cana-de-Açúcar: é um alimento de médio valor nutritivo que


estimula a mastigação e o funcionamento ruminal embora apresente limitações na
alimentação, onde foram desenvolvidos tratamentos que melhoram a qualidade e
digestibilidade deste subproduto.
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Polpa citrica/ MF Rural. Bagaço de cana hidrolisado/ Agroceres.

3. ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO
3.1 Diferimento de pastagem

O diferimento ou vedação das pastagens é o processo no qual se reserva uma determinada


área da propriedade, no final do verão. O diferimento da pastagem deve ser feito de 40 a 90
dias antes da seca. O ideal é realizar um pastejo intensivo.

3.2 Espécies de forrageiras indicadas

- Brachiaria: Indicada para vedação de pastagens, pois irão sofrer um lento processo de
redução do valor nutritivo e apresentam alto índice de folhas em relação ao caule.

Brachiaria / Rehago

- Cynodon: Também conhecido como tifton 85, apresentam uma lenta redução de valor
nutrivo e ótima relação entre caule-folha, favorecendo a manutenção da qualidade das
forragens.
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Cynodon/ Barenbrug

3.3 Cálculo de consumo diário e consumo por ciclo

O consumo diário será calculado para 100 animais, com peso de entrada de 400 kg e de saída
de 500 kg, bem como suplemento de alto consumo (1% do peso. Para isso precisamos
entender o consumo do pasto: para um animal com cerca de 450 kg, o consumo é de,
aproximadamente: CMS = Peso do animal x Porcentagem do peso vivo.

Definir a área do pasto a ser diferida: considerando-se o semiconfinamento na época seca, o


diferimento começa 90 dias antes do seu início. Nesse período, 1 ha de pasto produz cerca de
7.000 kg de massa de forragem, porém, tendo em vista uma perda de 50% devido à época da
seca, a produção será de, aproximadamente, 3.500 kg de massa de forragem por hectare.

Massa de forragem total = área de pastagem x massa de forragem por hectare.

Entender também o consumo de suplemento: para saber quantas toneladas de suplemento


serão necessárias para 100 animais, em período de terminação de 100 dias, faça o seguinte
cálculo: TS = 100 animais x 100 dias x 5 kg de peso vivo – PV.

Tabela 1 – Composição da dieta dos animais com forragem.

SUPLEMENTAÇÃO CONSUMO FORRAGEM

Nível ( % PV) Período seca Período das águas

0 1.74 2.23

0.2 1.62 2.09


10

0.4 1.53 1.94

0.6 1.44 1.80

0.8 1.34 1.66

1 1.25 1.52

4. ESTRUTURA DE COCHOS
Os cochos devem comportar, pelo menos, 40 cm de linha por animal, tendo acesso por todos
os lados e 70 cm elevados do chão.

4.1 – Local dos cochos

A localização deve ser primordial de fácil tanto para os responsáveis pelo manejo, quanto para
os animais. Sendo o ideal na parte mais elevada do pasto, a fim de evitar lama, sendo indicado
também um declive para o lado de fora do piquete de 0,3 a 3%, facilitando o escoamento de
água vinda da chuva. Os comedouros devem sempre estar perto dos bebedouros e a parte de
descanso, pois são locais de permanência e frequência dos animais.

4.2 – Tipos de cocho

Podem ser feitos de madeira ou concentro, possuindo de 40 a 60 cm de diâmetro ou um


tambor de 200 litros de plástico cortado da vertical. Não há necessidade que sejam cobertos,
pois normalmente o semiconfinamento ocorre nas épocas de seca.
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5. INGREDIENTES NECESSÁRIOS PARA SUPLEMENTAÇÃO


Para que haja um retorno financeiro, deve avaliar o alimento de alta qualidade, porém com
valor acessível para assim produzir uma dieta com baixo custo da arroba produzida. Em
alguns casos quando o valor dos volumosos estiver baixo e o concentrados com o valor alto, a
quantidade de do volumoso deverá ser maior na dieta, já em situações ao contrário onde o
valor do volumoso está maior, poderá reduzir a quantidade do volumoso até uma certa
quantidade, garantindo ainda o bom funcionamento do rúmen.

O primeiro passo da suplementação deve ser verificar a quantidade necessária dos


ingredientes para a dieta dos animais em semiconfinamento, tendo como base que na época da
seca deve conter entre 2 e 8% de mistura mineral, 15 e 25% de proteína verdadeira e 70 e
80% de energia, podendo definir o suplemente através das tabelas 2 e 3.

Tabela 2 – Composição do suplemento fornecido aos animais

Tabela 3 – Quantia de suplemento fornecido para 100 animais


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5.1 – Armazenamento dos suplementos

O armazenamento correto dos suplementos é muito importante para garantir a qualidade e


duração. Os ingredientes como o farelo de soja, milho e núcleo mineral devem ser
armazenados no galpão da propriedade. O galpão deve ter a capacidade de armazenar todo o
suplemento, caso isso não ocorra deve ser conversado com o fornecedor a possibilidade de
dividir a entrega, evitando assim a perda desses suplementos.

O preparo dos suplementos deve ser feito aos poucos, conforme a utilização (a cada 2
semanas ou 30 dias). Caso for fazer a cada 30 dias é necessário fazer na seguinte proporção:
9,8 t de milho moído, 420 kg de núcleo mineral e 5,04 t de farelo de soja, sempre seguindo a
tabela 3.

Para continuar o preparo, deve ser adicionado no misturador o farelo de soja, o milho moído,
o núcleo mineral e a silagem do milho, sendo misturados por pelo menos 3 minutos e depois
retirados e ensacados para o armazenamento. O armazenamento deve ser feito em sacos e
mantidos em local fresco e ventilado, sem contato com a luz solar e colocados em cima de
estrados longe da parede. Podem também ser armazenados próximos aos cochos, sobre os
estrados e cobertos com lona para que os animais não tenham acesso, essa maneira é útil no
dia – a - dia do semiconfinamento devido ao alto consumo.

6. MANEJAR OS ANIMAIS
O manejo no confinamento demanda uma abordagem tranquila e meticulosa, abrangendo
atividades como vacinações, pesagens, embarque e desembarque, a fim de prevenir estresse e
lesões nos animais, fatores que poderiam comprometer a qualidade da carne.

6.1 Recepção e destino dos animais

Ao chegarem à propriedade, os animais são descarregados no curral de manejo e conduzidos


ao curral de espera, onde geralmente pernoitam com acesso à água, visando um manejo
eficiente no dia seguinte.

6.2 Identificação dos animais

É crucial identificar os animais por meio de brincos ou marcação a ferro quente, atribuindo
números correspondentes ao curral de destino.
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Bovino identificado com botton/ DMS.

6.3 Pesagem dos animais

Assim que chegam à propriedade, os animais devem ser pesados, e a distribuição em lotes
ocorre com base no peso, segregando os mais leves dos mais pesados. É essencial realizar
pesagens periódicas para avaliar o desempenho e ajustar o consumo de acordo com o peso
corporal.

6.4 Vermifugação e vacinação

Cada animal passa por vermifugação com antiparasitário interno e é vacinado contra três tipos
de doenças, incluindo carbúnculo sintomático, gangrena gasosa, enterotoxemia, botulismo,
diarreia viral bovina, rinotraqueíte infecciosa e parainfluenza bovina.

Bovino sendo vacinado/ Canal Rural.

6.5 Fornecimento da suplementação

A suplementação pode ser diária ou ocorrer de três a quatro vezes por semana,
preferencialmente no meio do dia, considerando os picos de pastejo no início da manhã e no
final da tarde. A quantidade necessária de suplemento é determinada pelo manejo da
propriedade.
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6.6 Leitura de cocho

A leitura de cocho é empregada para controlar a oferta de ração, minimizando desperdícios,


acúmulo de sobras e problemas digestivos. A avaliação deve ser realizada na primeira hora do
dia, mantendo registros e ajustando a dieta conforme necessário. A seguir, a tabela de
interpretação da leitura do cocho:

Exemplos score de leitura de cocho: 4,3,2,1.0,5 e 0, respectivamente/ Zootecnica Brasil.

6.7 - Verificar condições dos cochos

Os bebedouros devem ser limpos a cada 15 dias, utilizando uma vassoura para remover lodo e
garantir água limpa. A condição dos bebedouros deve ser avaliada para evitar a redução no
consumo dos animais, uma vez que a falta de água afeta diretamente a ingestão de alimentos.

Observações

• Fazer a leitura de cocho e comparar com os registros de 3 a 5 dias anteriores

• A leitura deve ser feita sempre na primeira hora do dia

• As notas dessa leitura de cocho variam de 1 a 5, sendo a nota 3 a ideal


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• Para chegar a nota 3 deve-se alterar a dieta com um concentrado e volumoso

• O consumo para 1 lote que contêm 100 animais será: quantidade fornecida = CMS por
animal x o número de animais.
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CONCLUSÃO
Por fim, com a implementação do semiconfinamento o produtor obtém maiores ganhos de
produção com seu rebanho, associando as técnicas de manejo da pastagem associado com a
suplementação estratégica. Vale ressaltar, que a implementação deste sistema inclui gastos
com manejo de pastagens, suplementação e instalações, entretanto esse investimento quando
bem feito e com acompanhamento técnico terá retorno.
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REFERÊNCIAS
Coleção SENAR 233 – Bovinocultura: manejo e alimentação de bovinos de corte em
semiconfinamento.

REIS, R.A; OLIVEIRA, A.A; SIQUEIRA, G.R; GATTO, E. Semioconfinamento para


produção de bovinos de corte, Cuiabá, 2011.

SANTOS, F.A.P.;DOREA, J.R.R.;AGOSTINHO NETO,L. Suplementação estratégica de


bovinos de corte em pastagens, CBNA, 2011.

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