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1- BOVINO DE LEITE

O Brasil possui, atualmente, cerca de 170 milhões de cabeças bovinas e produz, em


média, 1000 litros de leite por vaca por ano, o que o coloca como 23o produtor mundial de
leite, depois da Argentina (3.122 litros/vaca/ano) e México (1.535 litros/vaca/ano). Os
Estados Unidos da América são o maior produtor mundial, com produtividade média de
7.000 litros por vaca por ano (OLSON, 1993). Nos últimos 20 anos, a produtividade média
brasileira aumentou apenas 272 litros/vaca/ano em comparação aos EUA que aumentaram
2.321 litros/vaca/ano. No estado do Rio Grande do Norte, a produção média é menor que
700 litros/vaca/ano (IBGE, 1994 e FAERN, 1998). Em condições mais contrastantes
encontram-se os produtores de leite de assentamentos de reforma agrária, pois devido a um
amplo espectro de problemas estão com grandes dificuldades de consolidar um lote com
eficiência zootécnica nesta e noutras atividade produtivas.
O sucesso da atividade leiteira em países desenvolvidos foi atribuído,
principalmente, a dois fatores fundamentais, o processo de educação formal dos envolvidos
no processo de produção de leite: pesquisadores, produtores, técnicos e estudantes e o uso
de sistema informatizado no gerenciamento dos rebanhos (TOMAZSEWSKI, 1993). Esses
procedimentos produziram e tem produzido informações fidedignas e verossímeis
controlando de forma eficiente o fluxo das informações zootécnicas e o processo de
educação formal dos envolvidos na produção leiteira. À medida que os rebanhos são
identificados, monitorados e os sistemas passam a fornecer informações aos produtores,
que refletem os vários aspectos compõem os sistemas de produção de leite. As informações
fornecidas devem ser discutidas entre seus usuários e em seguida auxiliá-los na tomada de
decisões de manejo, minimizando os riscos dessas decisões e favorecendo a otimização da
produção.
2-MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERRO
Ao nascer, o bezerro é um monogástrico, com o estômago apresentando
características diferentes do ruminante adulto, não sendo capaz de utilizar alimentos
sólidos; tem reflexo para mamar e todas as condições fisiológicas e bioquímicas para
utilizar o leite. Sob condições normais de alimentação e manejo, em sessenta a noventa dias
este bezerro se transforma em ruminante com habilidade para sobreviver com alimentos
volumosos e concentrados, com o rúmen-retículo apresentando atividade microbiana
relevante, desenvolvimento de papilas em suas paredes e capacidade de absorção de
nutrientes pelas paredes do rúmen-retículo.
2.1- Aleitamentos de Bezerro
A fase de aleitamento pode ser natural ou artificial. No aleitamento natural, o
bezerro obtém o leite mamando diretamente no úbere da vaca. Este sistema deve ser
adotado em propriedades cujo plantel é formado por rebanhos puros ou de alto grau de
sangue das raças zebuínas, onde é comum as vacas "esconderem o leite" na ausência do
bezerro, quando ordenhadas. Outras condições são a produtividade média diária de leite por
vaca inferior a 8 kg e mão-de-obra ineficiente quanto à higiene necessária para se aleitar
bezerros artificialmente.
O aleitamento artificial consiste em fornecer a dieta líquida em balde, mamadeira ou
similar. Este sistema permite racionalizar o manejo dos animais, ordenhar com mais higiene
e controlar a quantidade de leite ingerida pelo bezerro.
Em ambos os tipos de aleitamento, o importante é fornecer colostro o mais rápido
possível, pois esta é a forma de garantir a sobrevivência do bezerro nas primeiras semanas
após o nascimento, fornecendo os anticorpos. A maneira mais eficiente é fazer o bezerro
mamar o colostro na vaca logo após o nascimento.
• Quando fornecido no balde, usar o colostro integral, permitindo a ingestão
de 5 a 6 kg de colostro;
• Na fase de aleitamento, o alimento natural do bezerro é o leite integral que,
por seu valor comercial, pode ser substituído pelo colostro excedente ou
utilizar um sucedâneo comercial do leite, normalmente vendido na forma de
pó;
• Fornecer 4 l/animal/dia qualquer que seja a dieta líquida utilizada, que
deverá ser fornecida em duas refeições diárias durante a primeira semana de
vida do animal. A partir daí, uma vez ao dia, de manhã ou à tarde, conforme
mais conveniente para o produtor;
• Quantidade fornecida, regularidade no horário e na temperatura da dieta
líquida são muito importantes para evitar distúrbios gastrointestinais.
2.2- Fornecimento de concentrado
O concentrado inicial a ser fornecido aos bezerros, do nascimento até os 60 ou 70
dias de idade, independente do sistema de aleitamento utilizado, deve ter na sua
composição alimentos considerados de excelente qualidade, como grãos de milho, raspa de
mandioca, farelo de soja, farelo de algodão e misturas minerais e vitamínicas.
Concentrados contendo grãos que sofreram tratamento térmico e/ou vapor, e aqueles
na forma de pellets, aumentam a digestibilidade e estimulam seu consumo precoce.
A partir dos 70 dias, pode-se utilizar concentrados de menor custo. Muito embora
alguns estudos demonstrem ser viável a utilização de uréia nos concentrados iniciais para
bezerros, recomenda-se o seu uso somente após os três meses de idade, quando o rúmen
estará desenvolvido o suficiente para utilizar o nitrogênio não protéico da dieta.
Após o desaleitamento, o consumo de concentrado aumentará rapidamente,
devendo-se limitar a quantidade fornecida para estimular o consumo de volumoso. Tem-se
sugerido o fornecimento de 1 a 2 kg de concentrado com 12% de proteína bruta e 66% de
nutrientes digestíveis totais - NDT, dependendo da qualidade do alimento volumoso
utilizado.É importante verificar a condição do concentrado que sobrou: se molhado ou
mofado, remova-o; se seco e em boas condições, deixe-o.
2.3- Fornecimento de volumoso
Os alimentos volumosos são muito importantes para o desenvolvimento fisiológico,
do tamanho e da musculatura do rúmen, principalmente para os dois últimos. Um bom
volumoso, feno ou verde picado, deve ser fornecido desde a segunda semana de idade. Em
escala de importância, para bezerros, antes dos três meses de idade, bons fenos são
melhores que bons alimentos verdes picados, que, por sua vez, são melhores que boas
silagens. Esta é uma recomendação de ordem geral, já que a qualidade do alimento é
extremamente importante na determinação do consumo.
Antes dos três meses de idade, o uso de alimentos fermentados, como silagens, não
é recomendado, uma vez que o consumo será insuficiente para promover o
desenvolvimento do rúmen e o crescimento do animal.
2.4- Fornecimento de água
A água disponível deve estar limpa e fresca. Se forem usados baldes para dar de
beber aos animais, a água deve ser renovada diariamente. Recomenda-se que os bezerros
tenham, à sua disposição, desde a primeira semana de idade, água fresca e limpa, porque há
evidências de maior consumo de concentrado pelos animais assim manejados.
2.5-Desaleitamento ou desmame dos bezerros
Desmama ou desaleitamento precoce - Destina-se a transformar o bezerro de
monogástrico em ruminante o mais cedo possível.
As maiores vantagens da desmama ou do desaleitamento precoce são as reduções no
custo da alimentação, da mão-de-obra e a não ocorrência de distúrbios gastrointestinais.
Quando o bezerro estiver consumindo 600 a 800 g de concentrado por dia, de maneira
consistente, ele estará pronto para ser desaleitado ou desmamado, independentemente de
sua idade, tamanho ou peso.
Independentemente do sistema de criação adotado, não há razão, do ponto de vista
do bezerro, do fornecimento da dieta líquida ser superior a oito semanas. Recomenda-se o
desaleitamento abrupto, não sendo necessária a redução gradativa da quantidade de leite
oferecida para os bezerros, prática trabalhosa, principalmente à medida que aumenta o
número de bezerros.
Os bezerros devem permanecer na sua instalação por mais duas semanas após o
corte da dieta líquida, recebendo água e alimentos sólidos. Assim, eles perderão o hábito da
dieta líquida com menor estresse, e será possível observar como eles reagiram à desmama
ou ao desaleitamento. Outro fator de importância é a não-ocorrência de estresse por
competição, se mudados imediatamente após a desmama para instalações coletivas (baias
ou pasto).
Importante: observe o bezerro, cuidadosamente, todos os dias e verifique:
• O olhar do bezerro:
 olhar vivo significa saúde;
• A existência de corrimento nasal:
 o desejável é não haver corrimento nasal;

• A consistência das fezes:


 as fezes devem estar sólidas;
• O apetite dos bezerros.
2.6- ALIMENTAÇÃO E MANEJO

Sem dúvida, o leite é o melhor alimento para o bezerro. No entanto, na maioria


dos propriedades brasileiras as condições alimentares oferecidas são insuficientes. Em
virtude disso, a necessidade de se oferecer rações concentradas no momento em que o
consumo de leite é interrompido se torna extremamente importante. Os bezerros não
conseguem retirar da pastagem os nutrientes necessários para manter o mesmo ritmo de
ganho de peso que mantinham ao pé da vaca. "Um dos principais cuidados, no período pós-
desmame, é fornecer ração concentrada que apresente composição e qualidade do leite
materno, para que se possa manter a taxa de crescimento", ressalta Antônio Carlos Silveira,
professor do Departamento de Zootecnia da Unesp, de Botucatu (SP).Entre dois e três
meses de idade, os bezerros apresentam variação no desenvolvimento ruminal, em função
do indivíduo e da produção de leite da mãe. "O importante é saber que esse animal não
apresenta ainda condições de rúmen para ganhar peso satisfatoriamente somente com o
pasto", lembra João Restle. Desde o início do processo, o bezerro deve ter acesso, via creep
feeding (sistema de alimentação com acesso exclusivo para os bezerros), a suplementação
rica ern proteína, energia, vitamina e minerais e forragens de boa qualidade para estimular o
desenvolvimento do rúmen.Em geral, segundo Restle, quando as condições de pastagem
são adequadas, uma quantidade diária de ração suplementada equivalente a 1% do peso
vivo do animal permite ganhos de peso similares aos que se obteria ao pé da vaca. Estudos
mostram que em fazendas onde existem satisfatórias condições quantitativas e qualitativas
de_ pastagem, com bezerros bem manejados e suplementados com ração na quantidade de
1% do peso vivo, tem-e atingido ganhos de peso entre 800g e 1.200g/dia.

3-MANEJO DE NOVILHA
3.1- Introdução
A fase de recria, que se estende da desmama ou desaleitamento até a primeira
cobrição, é menos complexa que a fase de cria, mas nem por isso exige menor atenção dos
produtores de leite. A composição do corpo da bezerra modifica-se com o tempo. De início,
há crescimento ósseo e altas taxas de formação de proteína, seguida por uma fase de maior
formação de tecido adiposo (gordura). Os fatores que influenciam a composição do ganho
de peso são o peso do animal, estágio do crescimento, consumo de energia acima daquela
necessária para manter os processos fisiológicos normais, como circulação, digestão,
respiração, etc. (mantença), "status" protéico e o tamanho que o animal terá na idade adulta.
Sob o ponto de vista prático é importante haver coerência entre as fases de cria e recria.
De nada adianta estabelecer um sistema de cria sofisticado e caro, resultando em animais
pesados e de excelente aspecto à desmama ou desaleitamento, se eles serão recriados em
pastos de má qualidade, sem suplementação. Os ganhos de peso obtidos com alto custo na
fase de cria serão perdidos durante a fase de recria. E vice-versa: não há sentido procurar
superar problemas de alta morbidade e mortalidade de bezerras jovens por meio de sistemas
excelentes de recria.
No passado, adotavam-se padrões de crescimento baseados em animais alimentados
com quantidades liberais de leite e concentrados, durante os primeiros 15 a 18 meses de
idade. Eram chamadas de "curvas normais de crescimento". Hoje, isto não faz sentido,
exceto para atender exigências de registro de animais em algumas Associações de
Criadores. Na prática, existem diferentes combinações de volumosos e concentrados que
podem ser empregadas na alimentação dos animais após a desmama ou desaleitamento,
resultando em diferentes taxas de ganho. Em conseqüência, a idade ao primeiro parto pode
variar de 24 até 33-34 meses, ou mais.
Uma vez que todos estes sistemas podem resultar em novilhas produzindo
quantidades satisfatórias de leite, todos eles devem ser considerados "normais".
Pensando na propriedade como um todo, é importante minimizar os custos de criação das
novilhas de reposição. Um caminho efetivo para isto é reduzir a idade à primeira parição.
Está bem definido que a idade do primeiro cio (puberdade) é reflexo do tamanho ou peso
(idade fisiológica) e não da idade cronológica da novilha (DACCARETT et al., 1993).
Portanto, o plano de alimentação a ser adotado para as novilhas será aquele que, de forma
econômica, permita que elas atinjam o peso à puberdade e para cobrição o mais cedo
possível.
3.1- Manejo da novilha apta à reprodução
As novilhas consideradas aptas à reprodução devem ser colocadas junto às vacas
em lactação, para facilitar a detecção de cio. A alimentação neste período é muito
importante, pois se as novilhas perderem peso (baixarem a condição corporal), elas podem
parar de apresentar cio.
Nesta fase, os animais devem estar ganhando peso entre 400 a 600 g/dia. Atenção
especial deve ser dada para evitar os efeitos da dominância das vacas sobre as novilhas, o
que poderá prejudicar o consumo de alimentos pelas últimas. Deve-se propiciar área de
cocho suficiente para que todas possam comer com tranqüilidade.
3.2- Manejo da novilha gestante
As novilhas diagnosticadas gestantes devem ser manejadas junto às vacas secas ou
com as outras novilhas, recebendo a mesma alimentação. Durante os três últimos meses de
gestação, quando ocorre o maior crescimento do feto, as novilhas gestantes podem
necessitar de um suprimento extra de nutrientes para manter a condição corporal adequada
e garantir o crescimento do feto e o seu próprio.
Admitindo que as novilhas de raças grandes sejam cobertas com 340 kg, e que o
peso ao parto deva ser de 500 a 550 kg, conclui-se que elas terão de ganhar entre 700 e 800
g de peso por dia. Para as novilhas mestiças, o peso vivo ao primeiro parto deverá ser de
450 a 500 kg. Para tanto, elas deverão ganhar 450 a 600 g por dia, durante a gestação.
Portanto, pode-se adotar as mesmas estratégias de alimentação mencionadas anteriormente.
Vale ressaltar que nesta fase são toleráveis planos de alimentação que permitam ganhos de
peso superiores a 1 kg por dia, necessários para a recuperação de animais que, por algum
motivo, encontram-se com peso abaixo do ideal. A quantidade de concentrado oferecida
dependerá, basicamente, da qualidade do volumoso disponível. Animais recebendo
volumoso de excelente qualidade (acima de 60% de NDT, na MS) podem receber de 0,9 a
1,8 kg/an/dia de concentrado. Se o volumoso for de baixa qualidade (inferior a 60% de
NDT, na MS), a quantidade de concentrado oferecida deverá ser maior, de 1,8 a 2,7
kg/animal/dia (HEINRICHS, 1996).
3.3- Manejo da novilha antes do parto
A novilha deve ser levada para a rotina de manejo, alimentação e instalação das
vacas em lactação, três a quatro semanas antes do parto previsto. Isto permitirá que ela se
ambiente com o tipo e quantidade da nova dieta, antes do estresse do parto. É importante
treinar a novilha para sua primeira lactação, com atenção e paciência. Uma vez em
lactação, deve-se massagear o úbere para facilitar a "descida" do leite e, no caso de ordenha
mecânica, remover as teteiras assim que o leite parar de fluir.
As novilhas devem parir em boas condições corporais. Segundo HOFFMAN
(1997), o escore de 3,5 a 4,0 seria o ideal. Aquelas parindo abaixo do peso ideal
apresentam, normalmente, dificuldades ao parto, nascimento de bezerros leves e/ou com
defeitos físicos, menor quantidade e pior qualidade do colostro, período de serviço mais
longo e menor produção de leite na lactação.
Aquelas que parem obesas, além do aspecto econômico, apresentam maiores
dificuldades no momento do parto. É importante evitar, nesta fase, altos consumos de
silagem de milho. Se as vacas em lactação estiverem recebendo nitrogênio não protéico em
sua dieta, as novilhas também deverão passar a recebê-lo neste período, permitindo que se
adaptem a esta fonte de nitrogênio.
Após o parto, as novilhas vão exigir nutrientes para a produção de leite, para
mantença e crescimento, e para voltarem à atividade reprodutiva. Vacas de primeira
lactação mal alimentadas, principalmente nos dois primeiros meses pós-parto, têm sua
produção de leite reduzida, o que pode acarretar em erro ao se fazer descartes, além de
apresentarem período de serviço maior.
Importante lembrar que as vacas mais velhas e as novilhas mais pesadas podem competir
com as mais jovens e mais leves no consumo de alimentos. Portanto, há de se propiciar área
suficiente de cocho ou manter o alimento à disposição dos animais durante as 24 horas,
para minimizar os efeitos desta competição.
3.4- Considerações sobre Novilha
Na fase de recria, há uma relação estreita entre nível de alimentação prepubertal,
idade ao início da puberdade, crescimento da glândula mamária e futura produção de leite.
A adoção de um sistema de alimentação que resulte em taxas elevadas de ganho de peso
reduzirá a idade ao início da puberdade, mas poderá prejudicar o desenvolvimento da
glândula mamária e a produção de leite nas primeiras lactações. Este efeito parece ser
independente da composição da dieta, e está presente em todas as raças. Entretanto, ainda
não se conhece claramente os processos fisiológicos relacionados com a nutrição e
desenvolvimento da glândula mamária. Estudos devem ser conduzidos neste sentido para,
no futuro, permitir que se adotem taxas de ganhos mais elevadas, antecipando a idade a
primeira lactação, sem prejudicar o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de
leite.
4-MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACA EM LACTAÇÃO
4.1-INTRODUÇÃO
A atual situação econômica da cadeia produtiva do leite exige que os produtores
realizem todas as atividades no sistema de produção com máxima eficiência, para manter a
rentabilidade e permanecer na atividade.
Os técnicos e produtores sabem que as vacas leiteiras produzem mais e melhor se
submetidas a dietas balanceadas corretamente. O ponto crucial é não deixar de existir a
preocupação de se fornecer alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para todo o
rebanho o ano todo. Por outro lado, se houver produtores que admitem com naturalidade
que, na época seca do ano, o animal perde peso, consumindo suas reservas corporais para se
manter vivo, emagrecendo rapidamente, não há como se falar em rentabilidade na atividade
leiteira.
O produtor que explora a atividade leiteira sempre deve estar muito atento. Mesmo
uma vaca estando bem nutrida, livre de enfermidades e com infestações de parasitos
controladas, poderá não ocorrer à expressão de todo seu potencial de produção, caso o
ambiente não lhe ofereça conforto. Por conforto entende-se um local seco e limpo para
repousar, sombreado e arejado, com ponto de água de qualidade o mais próximo possível e
de fácil acesso. No entanto, na maioria das propriedades no Brasil Central, a pecuária
leiteira permanece com baixa produção de leite por animal.
Existem diversos fatores que justificam este resultado, tais como: a falta de genética
adequada para produção de leite, ou seja, em grande parte das propriedades situadas no
Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil ainda é freqüente a ordenha de animais com fração
genética zebuína superior a 50%; o intervalo de partos próximo de 19 meses e em
conseqüência a alta proporção de vacas não lactantes, quase sempre entre 30 e 50% do
rebanho adulto, o que parecem indicar que a subnutrição e o maior problema. Neste
sentido, a alimentação em quantidade e qualidade no rebanho explorado nestas regiões na
maioria das vezes não é suficiente para suprir a demanda nutricional das vacas, que são
submetidas à estacionalidade da produção forrageira e seguem a mesma rotina: no período
das águas produzem mais leite e no período das secas quando não suplementadas
corretamente atingem índices produtivos e reprodutivosinsatisfatórios.
A maior produção de leite no período das águas ocorre, muito provavelmente, em
virtude do maior aporte de nutrientes aos animais. Esta constatação é bastante curiosa
considerando-se que o maior custo alimentar por vaca por dia ocorre na época da seca, visto
que acima de 80% dos produtores, qualquer que seja o volume diário de produção de leite,
utiliza alimentos concentrados. Outro fato interessante é que menos de 30% dos pequenos
produtores suplementam as vacas com concentrados na época das águas. Por outro lado,
mais de 70% dos produtores com volume diário de produção acima de 250 litros/dia
mantêm o uso de grãos e subprodutos agroindustriais no período das águas.
Na maioria dos sistemas de produção, os fatos mencionados acima parecem indicar
que o recurso forrageiro disponível na seca suplementada com concentrados é pior
nutricionalmente que a pastagem de período das águas manejada extensivamente.
Vale ressaltar que o maior limitante nutricional da produtividade ainda ocorre na
seca e os técnicos e produtores devem ficar atentos e buscar a eficiência máxima na
conservação e utilização destes recursos forrageiros, proporcionando a melhoria da
eficiência na atividade leiteira.
Mesmo com as deficiências levantadas anteriormente cerca de 90% dos produtores
de leite adotam alguma suplementação com forrageiras na seca. A maioria dos produtores
parece estar ciente da estacionalidade na produção de forragens. A baixa produção no
período seco do ano parece ser resultado da baixa oferta e qualidade de suplementação
forrageira, em muitos casos, suplementada de maneira tecnicamente incorreta com
concentrados. Vale ressaltar que somente 30% dos pequenos produtores têm fornecido
concentrados proporcionalmente à produção do animal. Nosso produtor optou pela
estratégia de baixo risco financeiro e de necessidade mínima de tempo de trabalho na
produção de forragens acoplada à compra de concentrados na seca, quando o leite é mais
bem remunerado ao invés de investir em fertilidade e manejo de solo para obter forrageiras
de qualidade e com alta produtividade. A conseqüência desta mentalidade foi à
disseminação do uso de algumas espécies forrageiras colhidas uma vez por ano durante a
seca, péssima nutricionalmente, mas de risco baixo.
Outro fator importante, mesmo aqueles que utilizam concentrados nas dietas das
vacas leiteiras realizam de forma errada, principalmente na composição e
consequentemente no custo. Para isso é preciso investir. Tanto melhor é a ração quanto
maior o número de ingredientes e maior a capacidade de adquirir componentes certificados
e baratos. A homogeneidade dos subprodutos é outra questão delicada, pois seus teores
variam muito. O caroço de algodão, por exemplo, se estiver muito úmido, apresenta
problemas de armazenagem. Com tudo isso, o proprietário rural tem de pensar que quando
opta por formular rações na fazenda aumenta sua responsabilidade.

As vacas que entram no período de transição – três semanas antes até três semanas
depois do parto, estão numa fase crítica. As mudanças que ocorrem durante este período as
impõem enormes demandas fisiológicas. As práticas de alimentação e manejo usadas nas
últimas semanas de gestação afetam profundamente a incidência de doenças no início do
período de lactação (Olson, 2002).

Um sistema de alimentação para vacas em lactação, para ser implementado, é


necessário considerar o nível de produção, o estágio da lactação, a idade da vaca, o
consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, tipos e valor nutritivo dos
alimentos a serem utilizados. O estágio da lactação afeta a produção e a composição
do leite, o consumo de alimentos e mudanças no peso vivo do animal.

Nas duas primeiras lactações da vida de uma vaca leiteira, deve-se fornecer
alimentos em quantidades superiores àquelas que deveriam estar recebendo em função da
produção de leite, pois estes animais ainda continuam em crescimento, com necessidades
nutricionais muito elevadas. Assim, recomenda-se que aos requerimentos de mantença
sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira cria e 10% para vacas de segunda
cria.

Recomenda-se alimentar as vacas primíparas separadas das vacas mais velhas. Este
procedimento evita a dominância, aumentando o consumo de matéria seca.

As vacas não devem parir nem excessivamente magras nem gordas. Vacas que
ganham muito peso antes do parto apresentam apetite reduzido, menores produções de leite
e distúrbios metabólicos como cetose, fígado gorduroso e deslocamento do abomaso, além
de baixa resistência aos agentes de doenças.
Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da
curva de lactação, pois as exigências nutricionais dos animais, são distintas para cada um
deles.

As vacas, nas primeiras semanas após o parto, não conseguem consumir alimentos
em quantidades suficientes para sustentar a produção crescente de leite neste período, até
atingir o pico, o que ocorre em torno de cinco a sete semanas após o parto. O pico de
consumo de alimentos só será atingido posteriormente, em torno de nove a dez semanas
pós-parto. Por isso, é importante que recebam uma dieta que possa permitir a maior
ingestão de nutrientes possível, evitando que percam muito peso e tenham sua vida
reprodutiva comprometida.

Devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade e em quantidade


suficiente para permitir alta ingestão de matéria seca. Para isto, o manejo dos pastos em
rotação é prática recomendada.

Deve-se fornecer volumoso de boa qualidade com suplementação com concentrados


e mistura mineral adequada. Vacas de alto potencial de produção devem apresentar um
consumo de matéria seca equivalente a pelo menos 4% do seu peso vivo, no pico de
consumo. Vacas que são ordenhadas três vezes ao dia consomem 5 a 6% mais matéria seca
do que se ordenhadas duas vezes ao dia.

Para vacas mantidas em pastagens, durante o período de menor crescimento das


forrageiras, há necessidade de suplementação com volumosos: capim-elefante verde
picado, cana-de-açúcar adicionada de 1% de uréia, silagem, feno ou forrageiras de inverno.
Para vacas de alta produção leiteira ou animais confinados, forneça silagem de milho ou
sorgo, à vontade. Um regra prática para determinar a quantidade de volumoso a ser
fornecida é monitorar a sobra ou o excesso que fica no cocho. Caso não haja sobras ou se
sobrar menos do que 10% da quantidade total fornecida no dia anterior, aumente a
quantidade de volumoso a ser fornecida. Caso haja muita sobra, reduza a quantidade.

Para cada dois quilogramas de leite produzidos, a vaca deve consumir pelo menos
um quilograma de matéria seca. De outra forma, ela pode perder peso em excesso e ficar
mais sujeita a problemas metabólicos.
O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta
(PB) e acima de 70% de nutrientes digestíveis totais (NDT), na base de 1 kg para cada 2,5
kg de leite produzidos. Pode-se utilizar uma mistura simples à base de milho moído e farelo
de soja ou de algodão, calcário e sal mineral ou dependendo da disponibilidade, soja em
grão moída ou caroço de algodão. Algumas opções para formulação de concentrado são
apresentadas na Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº
40. Opções de concentrados para vacas em lactação.

Vacas de alta produção de leite, manejadas em pastagens ou em confinamento,


precisam ter ajustes em seu manejo e plano alimentar. Para vacas com produções diárias
acima de 28-30 kg de leite, deve-se fornecer concentrados com fontes de proteína de baixa
degradabilidade no rúmen, como farinha de peixe, farelo de algodão, soja em grão moída,
tostada etc.

Vacas com produções acima de 40 kg de leite por dia, além de uma fonte de
gordura, como caroço de algodão, soja em grão moída ou sebo, devem receber gordura
protegida (fonte comercial) para elevar o teor de gordura da dieta total para 7-8%. Essas
vacas devem receber uma quantidade diária de gordura na dieta equivalente à quantidade de
gordura produzida no leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de
Alimentação nº 47. Alimentação e manejo de vacas de alto potencial genético.

Dieta completa é uma mistura de volumosos (silagem, feno, capim verde picado)
com concentrados (energéticos e protéicos), minerais e vitaminas. A mistura dos
ingredientes é feita em vagão misturador próprio, o qual contém balança eletrônica para
pesar os ingredientes. Muito usada em confinamento total, tem a vantagem de evitar que as
vacas possam consumir uma quantidade muito grande de concentrado de uma única vez, o
que pode causar problemas de acidose nos animais. Além disso, recomenda-se a inclusão de
0,8 a 1% de bicarbonato de sódio e 0,5% de óxido de magnésio na dieta total, para evitar
problemas com acidose.

O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações mais secas
ou mais úmidas podem limitar o consumo. Por isso, o teor de umidade da silagem deve ser
monitorado semanalmente, se possível.
Normalmente, as vacas se alimentam após as ordenhas. Mantendo a dieta completa
à disposição dos animais nesses períodos, pode-se conseguir aumento do consumo
voluntário.

Para reduzir mão-de-obra na mistura de diferentes formulações para os grupos de


vacas com diferentes produções médias, a tendência é de se formular uma dieta completa
com alto teor energético e com nível de proteína não-degradável que atenda ao grupo de
maior produção de leite. Os demais grupos, vacas no terço médio e vacas em final de
lactação, naturalmente já controlariam o consumo, ingerindo menos matéria seca.

Para assegurar consumo máximo de forragem, principalmente na época mais quente


do ano, deve-se garantir disponibilidade de alimentos ao longo do dia. Deve-se encher o
cocho no final da tarde, para que os animais possam ter alimento fresco disponível durante
a noite. Dessa forma, as vacas podem consumir o alimento num horário de temperatura
mais amena.

4.2- Cuidados com as vacas

Para que uma vaca possa externar todo seu potencial leiteiro é necessário que
inicie a lactação em boas condições físicas e bem nutrida e, para tanto, deve-se
proporcionar, principalmente nos 2 últimos meses de prenhês, um arraçoamento especial. É
conveniente que as vacas nesse estágio de prenhês fiquem separadas em um piquete onde
receberão uma suplementação de volumosos e concentrados. Durante o 8o. mês de gestação
deverá ser efetuada a vacinação contra o paratifo dos bezerros. Após o parto, que deverá ser
realizado em local próximo ao estábulo, a vaca e o bezerro e este mame o colostro.No dia
seguinte a vaca deverá ser levada ao estábulo onde se encontrará duas vezes ao dia com a
cria para que a mesma possa mamar e seja feito o esgotamento do excesso de colostro que o
bezerro não conseguir mamar. Após 6 a 7 dias o leite já deverá estar em condições de ser
aproveitado para o consumo humano. As ordenhas a mão ou à máquina serão precedidas da
lavagem do úbere e seu enxugamento com pano limpo ou papel toalha. Deverá ser deixada
uma quantidade conveniente de leite para o bezerro e temos observado que o fato do
bezerro mamar, retirando todo o leite que resta após a ordenha, diminui a incidência de
mamites, as quais, muitas vezes, são muito frequentes em estábulos onde as crias não têm
contato com as mães e não são tomados cuidados enérgicos de prevenção das mamites.As
vacas devem ser observadas diariamente quanto à sua vida reprodutora, recomendando-se
que, 60 dias após o parto, sejam cobertas ou inseminadas quando em cio. O não
aparecimento de cios deve ser motivo para exame veterinário. Nos rebanhos onde o touro
não acompanha as vacas no pasto, deve ser providenciada a presença de um rufião para
indicar as fêmeas em cio. As vacas que atingirem 305 dias de lactação deverá ter a lactação
interrompida pela secagem, pois deverão estar prestes a parir novamente, desde que tenham
sido fecundadas no 3o. mês de lactação.

Como medidas higiênico-sanitárias não devem ser esquecidas a vacinação contra


o paratifo dos bezerros, a vacina contra a aftosa de 6 em 6 meses e os teste periódicos para
brucelose e tuberculose.

É conveniente que para cada animal seja feita uma ficha ou folha de caderno onde
serão anotados todos os dados dos animais, tais como data do nascimento, raça, filiação,
coberturas, doenças e as produções leiteiras no caso de fêmeas. As produções leiteiras serão
conhecidas através do controle leiteiro que deverá ser feito mensalmente. O controle
leiteiro, além de permitir a avaliação correta da vaca, possibilita que o arraçoamento seja
feito baseando-se na produção leiteira.

4.3- Alimentação das vacas leiteiras


Como foi dito anteriormente, estamos tratando de um sistema onde a produção
leiteira das águas é obtida principalmente através das pastagens e a produção da seca é feita
mediante a suplementação das pastagens pelo fornecimento de volumosos e concentrados.
A utilização de concentrados nas águas dependerá do potencial das pastagens e do potencial
de produção das vacas, devendo ser assinalado que nossas pastagens, principalmente de
colonião ou napier, quando bem manejadas, podem fornecer, nas águas, nutrientes para a
manutenção e para os primeiros 8 a 10 kg diários de leite. No caso de pastagens de
gramíneas de qualidade inferior ou de gramíneas nobres, porém mal manejadas, mesmo nas
águas há necessidade de suplementação com volumosos e concentrados para se obter uma
produção leiteira razoável. Durante a seca a suplementação com volumosos e concentrados
é obrigatória pois nossas pastagens contribuem com poucos nutrientes nessa época do ano.
Como volumosos principais podemos considerar a silagem de milho, de sorgo, as
capineiras e a cana-de-açúcar. A melhor silagem é a de milho e se constitui no melhor
volumoso para vacas leiteiras e, quando se espera produções diárias médias acima de 15 kg
de leite por cabeça o uso da silagem de milho se torna praticamente obrigatório, na seca.
As capineiras e a cana-de-açúcar são também meios valiosos que o criador
dispões para oferecer volumosos ao gado. Para que as capineiras forneçam alimentos de
boa qualidade na seca, é necessário que sejam muito bem manejadas. a cana-deaçúcar
quando se corrige sua deficiência protéica através da correta adição de farelo de soja ou de
algodão, torna-se um volumoso de boa qualidade. No que diz respeito aos concentrados,
vamos nos referir principalmente à ração de produção ou seja, uma quantidade de
concentrado que é fornecida diariamente e destinada a completar a quantidade total de
nutrientes necessários para propiciar uma determinada produção de leite.
4.4- Manejo da alimentação
A ração concentrada destinada às vacas em lactação deve ser balanceada
qualitativamente e quantitativamente, de acordo com a produção da vaca e fornecida no
momento da ordenha, individualmente ou em cochos separados. Esta prática irá favorecer o
controle quantitativo da ração e, se a mesma está compatível com a produção da vaca.
Apesar de ser considerado errado , têm-se como prática usual entre os criadores e, até
técnicos, o fornecimento de quantidades de 1 Kg de ração concentrada para cada 3 Kg de
leite produzido. Para as vacas altas produtoras, a quantidade de 1 Kg de ração concentrada
para 2-3 Kg de leite produzido, acima de 5 Kg. Esta prática poderá trazer prejuízos
consideráveis à exploração leiteira, se a ação fornecida estiver aquém das necessidades de
produção do rebanho considerado, sendo o inverso verdadeiro.
Logo após a ordenha deve ser fornecido o volumoso. Na época da estação
seca,onde os pastos já estão ruins, faz-se-á um manejo alimentar intensivo, isto é, o
volumoso isponível na fazenda, será fornecido no cocho. A base para seu fornecimento, em
geral, será de 2,5-3,0% do peso vivo do animal, tomando como base a matéria seca. No
período da estação chuvosa, se as pastagens estiverem em boas condições, as vacas terão
acesso a elas, onde permanecerão até o horário da ordenha seguinte.
A água está correlacionada positivamente com a produção de leite. A vaca toma de
4 a 6 litros de água por Kg de matéria seca da ração, ou seja, de 40-60 litros de água. Esta
quantidade é influenciada pela temperatura do ambiente, regime alimentar e produção das
vacas.
Experimentos demonstraram que vacas com acesso à água o dia todo, produzem
de 4 a 5% de leite a mais do que aquelas com acesso somente duas vezes, e 6 a 11% do que
aquelas com acesso à água uma só vez ao dia. Nos dias quentes as vacas de alta produção
de leite, podem tomar 90 ou mais litros de água por dia. O seu fornecimento deve ser
artificial, se as aguadas nas pastagens impuserem às vacas longas caminhadas, pois o
dispêndio de energia em movimentação deve ser evitado em vacas leiteiras.
O aleitamento artificial é uma prática que deve ser levado a termo. É fácil de ser
adotada e de grande valia aos controles sanitários e econômicos. A sua adoção favorece um
manejo de mais fácil e a forma eficiente. A prática quase generalizada, principalmente, nas
fazendas de rebanho zebu ou seus mestiços, da ordenha com a presença do bezerro ao pé da
vaca, justificando a sua ausência não há “descida de leite”, podemos contestar a sua
validade e, mesmo afirmar a inverdade suposição. Na prática, temos comprovado que os
zebuínos e seus mestiços aceitam, até com facilidade, a ordenha sem a presença do bezerro,
tanto na ordenha normal como na mecânica. O controle leiteiro, da reprodução e sanitário,
deve ser feito rotineiramente e analisado sistematicamente. Através dos dados de análise
que o técnico e o criador irão ter base para tomada de decisões posteriores. A baixa
eficiência reprodutiva é um dos problemas que mais interferem na produção e
produtividade da pecuária leiteira e, há uma relação direta com o intervalo entre partos, que
compreende o período de serviço e o período de gestação. Sendo o período de gestação de
pouca variação, o intervalo entre partos está na dependência direta do período de serviço. É
necessário, pois, que o manejo dispensado a vaca pós-parto seja eficiente e adequado para
que a mesma esteja apta à nova fecundação ao aparecimento do 1o cio, dentro de um prazo
ideal, que permitirá, ter um período de serviço dentro da norma zootécnica preconizada.
Este manejo deverá estar relacionado aos fatores higiênicos, sanitários e alimentares. A
identificação do cio é de extrema importância ao manejo reprodutivo.
A identificação do cio, o controle alimentar e o exame ginecológico de rotina no
rebanho, fará com que haja maior eficiência reprodutiva, consequentemente, maior
eficiência produtiva. As condições higiênicas para vaca no pós-parto devem ser observadas.
Dois a três dias antes da data provável do parto, deve ser levada a uma baia (maternidade)
limpa e desinfetada. Após o parto a vaca deve permanecer em observação até o final da fase
colostral.
4.5- Manejo das vacas secas
Quando se dá um manejo adequado às vacas secas, indubitavelmente, irá refletir
positivamente na futura produção de leite. É no período seco ou período de descanso que o
feto do bezerro tem um crescimento maior, sendo de 1/3 até aos sete primeiros meses de
gestação e, 2/3 do seu crescimento, nos últimos dois meses.
Durante a fase inicial a circulação materna tem como prioridade a mantença da
produção de leite, indo a corrente sanguínea principal do coração ao úbere, levando-o os
nutrientes essenciais para a síntese do leite. Na fase final, com o ritmo de desenvolvimento
do feto e a circulação materna, sob influência de fatores hormonais, direciona-se
gradativamente para o útero, onde há o desenvolvimento embrionário.
Nesse período a vaca requer nutrientes em quantidades adequadas, não só para o
desenvolvimento normal do feto, como para a recuperação de suas reservas orgânicas, que
irão servir como base para produção de leite na próxima lactação. Nesta fase deve-se secar
a vaca interrompendo o processo de ordenha. Pesquisas demonstram que a vaca seca deverá
ganhar de 50 a 120 Kg de peso, para que haja em desenvolvimento fetal adequado e, para
que a vaca adquira boas condições físicas, necessário à produção de leite para a próxima
lactação. Um aumento de 50 Kg de peso na vaca, significa uma produção de 500 Kg de
leite a mais durante o período de lactação. Foi observado que as vacas secas que
permanecem durante 6 a 8 semanas produzirão maiores quantidades de leite na lactação,
subsequente àquelas submetidas à ordenha contínua. Sugere dividir em grupos as vacas
quanto a sua alimentação no período seco. Primeiro grupo, vacas de alta produção,
necessitam ganhos em peso 67 a 90 Kg no período seco, para que possam exteriorizar o seu
potencial genético para a produção de leite à próxima lactação, necessitando de 2,7 a 3,6
Kg de ração concentrada ou apenas 1,8 a 2,7 Kg, quando se dispõem de pastagem de alta
qualidade.
Segundo grupo, vacas de média produção de leite, devem ganhar de 22 a 45 Kg de
peso corporal e requer 1,8 a 2,7 Kg de ração concentrada ou 0,9 a 1,8, quando se dispõem
de pastagens de alta qualidade. O terceiro grupo, vacas más produtoras, que ganham peso
durante a segunda metade de lactação. Se dispuserem de boas forragens, necessitarão de
pouca ou nenhuma ração concentrada. É recomendado um período seco ou de descanso de
60 dias antes do parto, ressaltando que esta prática poderá representar uma perda na
produção de leite corrente, mas na subseqüente obtém-se maiores ganhos. Intervalos
menores, a glândula mamária não se refaz satisfatoriamente da lactação precedente, sendo a
produção de leite da subseqüente prejudicada. Intervalos maiores torna-se um período
demasiadamente longo sem que haja produção de leite. Pesquisa demonstraram que as
vacas com intervalos maiores produzem mais leite por hectare, em relação aquelas de
intervalos menores. Todavia, a produção diária para cada lactação é maior par estas últimas,
alcançando uma produção animal maior. Pesquisas na Universidade de Pundue, USA, com
gêmeos idênticos da raça holandesa, observaram que o período seco influencia em aumento
substancial do leite, produzindo uma das vacas 2,6% a mais na lactação subsequente. A
vaca com ordenha ininterrupta resultou em ganhos de peso com conseqüente diminuição
em sua produção de leite. De um animal não se explica pela mesma reserva de nutriente,
mas sim, com o descanso da glândula mamária e sua recuperação. Constataram que em
vacas de alta produção e no início da lactação há uma maior prioridade a síntese do leite do
que a reserva corporal; nas vacas de baixa produção e no final da lactação sucede ao
contarário. É sugerido que as vacas de meia condução corporal, alteram o mecanismo de
distrubuição de nutriente no início da lactação, dando premazia a revitalização das reservas
corporais, do que a produção de leite potencial.
Para que se seque as vacas com o intuito de atingir o período de descanso
desejável, é necessário que se baseie nos registros de restrições através da fichas de
acompanhamento reprodutivo, além da checagem com exame ginecológico “palpação retal
ou toque”.
5- Referências Bibliográficas
 DACCARETT,M.G.; BORTONE, E.J.; ISABELL, D.E.; MORRILL, J.L.;
FEYERHEM, A.M.Performance of Holstein heifers fed 100% or more of National
Research Councilrequirements. J. Dairy Sci., Champaign, v.76, p.606, 1993.
 Disponível no site www.embrapa.com.br acessado no dia 16/11/2008
 HEINRICHS, A.J. Nutrition and management of replacement cattle. Anim. Feed
Sci. Techn. ,Amsterdam, v.59, ns. 1-3, p.155-166, 1996.
 HOFFMAN, P.C. A new look at our old heifer-rasing rules. Hoard’s Dairyman,
Wisconsin, v.142,n.9, p.814-827, 1997.
 OLSON, J. Estratégias de nutrición para vacas en transición. Hoard’s Dairyman, no.
88, abril, p. 288, 2002.
Universidade Federal do Piauí
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Zootecnia
Disciplina: Zootecnia Especial I
Segmento da Bovinocultura de Corte e Leite
Professor: Tomaz Aquino

Manejo e Alimentação de Bezerros de Raças Leiteiras, Novilhas


e Vacas em lactação

Ramon Rego Merval

Teresina / PI
Novembro de 2008

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