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Apostila 1ª Fase

PDPL-RV

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NOTA: Essa apostila reúne vários temas dentro da pecuária leiteira e tem por
finalidade auxiliar na preparação e treinamento dos estagiários do PDPL-RV.
Lembrando que todo o conteúdo aqui encontrado serve como base de consulta
e a maioria das informações, com o decorrer do tempo, precisam ser
analisadas ou revistas, já que a área onde atuamos necessita sempre de
atualizações e adaptações a cada situação específica.

Autores (Monitores): Douglas Miranda, Ingryd Lanna, Isabela Veloso, João


Alvim, Marcelo Carvalho, Marcelo Grossi, Paulo Jacques, Thaylon Moreira,
Walter Rocha.

Índice
Conteúdo Página

1.Cria e Recria de Fêmeas Leiteiras 03


2.Manejo Geral de Vacas Leiteiras 06
3.Qualidade de Leite 08
4.Principais Doenças em Bovinos de Leite 12
5.Detecção de Cio 23
6.Interpretação de Catálogos de Touros 26
7.Avaliação Morfológica de Vacas Leiteiras 28
8.Opções Genéticas e Cruzamentos 32
9.Produção e Manejo de Pastagens 34
10.Amostragem, Análise de Solo e Adubação 41
11.Manejo de Canavial 43
12.Produção de Silagem de Milho 47
13.Regulagem de Máquinas 53
14.Controle de Plantas Daninhas 56
15.Conceitos Gerais em Nutrição 58
16.Cadeia Produtiva do Leite 62
17.Referências Bibliográficas 71

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1. Cria e Recria de Fêmeas Leiteiras
Manejo da Cria
1. Primeiros cuidados:
Corte e Cura do Umbigo: O umbigo é o conjunto de estruturas responsáveis
pela nutrição do feto antes do seu nascimento. Após o nascimento, é
recomendado o corte e cura do umbigo, sendo o
corte realizado com tesoura, de preferência com
pouco corte, na altura de 02 a 03 cm da sua inserção.
A cura do umbigo consiste na imersão da estrutura
em solução desinfetante e desidratante, podendo ser
utilizada solução de álcool iodado de 5 a 10% em
recipiente de boca larga, deixando agir por
aproximadamente 01 minuto. A cura deverá ser
Fonte: Rehagro
realizada por três a quatro dias, até que o coto
umbilical esteja completamente seco. A cura de umbigo realizada de maneira
incorreta ou tardia predispõe o animal a infecções umbilicais que podem evoluir
para quadros de diarréia, pneumonia, infecções urinárias e septicemia,
podendo levar o animal ao óbito.
Fornecimento de colostro: Deve ser fornecido em torno de 10% do peso vivo
do animal (4 litros) até as 06 horas após o nascimento. Após esse tempo há
uma diminuição na capacidade de absorção de imunoglobulinas pelo intestino
do animal, cessando após 24 horas. Caso haja pouca disponibilidade de
colostro na propriedade, pode-se fazer a seguinte diluição: 01 litro de colostro
para 02 litros de leite ou 02 litros de colostro para 01 litro de água.

Fonte: Babcock Institute

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Identificação dos animais: Deve ser realizada no primeiro mês de vida do
animal.
Descorna: Pode ser realizada com o auxílio de ferro quente, elétrico ou ainda
produtos químicos, a base de hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio.
Atentar para a limpeza diária do local, evitando a presença de miíases.
2. Manejo nutricional:
Aleitamento: pode ser natural ou artificial.
 Natural: o bezerro obtém o leite diretamente do teto da vaca, sendo
mais freqüente em rebanhos com maior grau de sangue zebuíno.
Normalmente ocorre após a ordenha sendo de um dos tetos não
ordenhados, durante o protocolo de ordenha deve-se utilizar o pré-
dipping mas não o pós-dipping. Como não se sabe a quantidade exata
de leite mamado, pode haver comprometimento tanto da colostragem
quanto do ganho de peso durante o aleitamento, devendo ser realizada
a pesagem constante do animal para averiguar o ganho de peso.
 Artificial: o bezerro obtém a dieta líquida da mamadeira ou balde. Pode
ser o leite integral fornecido diariamente ou pode ser utilizado
suscedâneos comerciais na forma de leite em pó.
Fornecimento de leite: Fornecer 3 litros após a ordenha da manhã e 3 litros
após a ordenha da tarde, até o 30° dia. A partir dos 30 dias fornecer o leite em
uma única refeição de 4 litros até que o mesmo atinja o dobro do peso ao
nascimento e esteja consumindo em torno de 700 a 800 gramas de
concentrado por dia.
Fornecimento de suscedâneos: O uso de suscedâneos se justifica por
diminuir os gastos com o aleitamento, havendo vantagem econômica quando o
preço do suscedâneo estiver em torno de 20% menor que o do leite integral.
Em relação a qualidade do suscedâneo deve-se avaliar a solubilidade do
produto em água e os teores de proteína (18 a 22%) de preferência de origem
láctea, gordura (10 a 25%) e o teor de fibra (0,2%).
Fornecimento de água: Deve ser de qualidade e fornecida diariamente.
Atentar para o fornecimento de água após 30 minutos do fornecimento do leite.
Fornecimento de concentrado: Deve ser utilizado alimento de qualidade, com
aproximadamente 18% de PB e 78% de NDT. O concentrado deve estar moído
grosseiramente, evitando assim a inalação de partículas.

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Desaleitamento: Deve ser realizado de forma abrupta, deixando de fornecer o
leite, desde que o animal esteja ingerindo em torno de 700 a 800 g/dia de
concentrado por no mínimo 03 dias.
Acompanhamento do ganho de peso: pesagem mensal com ganho de peso
ideal estimado em torno de 0,700 Kg/dia.
3. Manejo sanitário:
Vermifugação: Deve ser realizada mensalmente com vermífugo oral.
Albendazol (10 a 15 mg/kg).
Vacinações:

Fonte: Próprio autor

Manejo da Recria
A fase de recria compreende o período do desmame até a primeira
cobrição ou inseminação. A duração desse período está diretamente
relacionada com o ganho de peso alcançado nessa fase. Embora a recria seja
uma fase menos complexa que a da cria, os cuidados devem ser os mesmos
em relação as principais doenças que atingem essa fase.
Importância da divisão de lotes: A uniformidade dos lotes, divididos
com base no peso, permite uma menor competição por alimentos, otimizando a
dieta e facilitando a observação de animais doentes, garantindo assim ganhos
de peso satisfatórios.
Planejar o ganho
de peso na recria de uma
propriedade permite-se
controlar a idade do
primeiro parto (IPP),
reduzindo dessa maneira
o custo da recria, tornando Fonte: Próprio autor

o animal produtivo.
Comparando-se um animal com IPP de 36 meses com outro de IPP de 25

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meses a diferença entre as duas parições consiste em uma lactação, portanto
a redução da IPP com as devidas adequações na dieta permite um ganho ao
produtor.
Manejo sanitário: Assim como a cria, as principais doenças que acometem os
animais nessa fase são a pneumonia, a diarréia e a tristeza parasitária, sendo
seus cuidados semelhantes ao da cria.
O controle de endoparasitas pode ser realizado através do controle estratégico
nos meses de janeiro, maio, julho, setembro e dezembro. Com aplicação de
medicamentos a base de Ivermectina (0,2 mg/kg). No controle de ectoparasitos
pode ser utilizado também o controle estratégico, realizado nos meses mais
quentes do ano, com cinco banhos carrapaticidas a cada 21 dias ou três
tratamento com produto pour on a cada 30 dias.
Criar ou comprar as novilhas?
As principais vantagens do produtor criar suas bezerras seriam:
1. Possibilidade de escolha do touro/sêmen a fim de melhorar a genética
da propriedade;
2. Com a menor introdução de animais de fora na propriedade, há menor
probabilidade de entrada de novas doenças no rebanho;
3. Aumentar a eficiência da mão de obra, terras e alimentos;
4. Possibilidade de renda com vendas de novilhas.
As principais vantagens na compra de novilhas seriam:
1. Especialização da propriedade na produção de leite;
2. Aumento do rebanho em um tempo mais curto;
3. Melhora da genética em menor tempo.
A decisão entre criar ou comprar os animais é principalmente de ordem
econômica e vai depender da habilidade do produtor em criar bem as novilhas
e do desempenho delas no rebanho.

2. Manejo Geral de Vacas Leiteiras

Para o manejo de vacas em produção, é necessário sempre considerar


o estágio de lactação em que se encontra:

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Fonte: Rehagro

Início da lactação:
 O animal apresenta maior exigência nutricional e baixo consumo de
matéria seca, resultando em uma situação conhecida como balanço
energético negativo, ocasionado queda no escore de condição corporal
e exigindo dietas com maior densidade energética e com alimentos de
alta qualidade.
Meio da Lactação:
 Balanço energético começa a ficar positivo;
 Inicia-se a recuperação do ECC;
 Período propício à concepção da vaca.
Final de lactação:
 Balanço energético francamente positivo;
 Recuperação completa do ECC (cuidado com os excessos, a vaca
deveria secar com ECC de 3,25-3,50);
 Período de menor retorno econômico, pelo decréscimo na produção;
 Maximizar o uso de ingredientes de menor custo;
 Preparar a vaca para a secagem, que deve ocorrer 60 dias antes da
data prevista para o próximo parto.

Divisão de lotes: A divisão de animais em lotes é realizada na intenção de


reduzir a variação existente dentro de um grupo de animais permitindo um
sistema mais racional e econômico da alimentação, melhor manejo da
reprodução, redução de estresse entre outros.

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Critérios de agrupamento:
 Produção;
 Nº de lactações;
 Fase de lactação (dias em lacação ou dias pós-parto);
 Situação reprodutiva;
 Escore de condição corporal.
Lote de primíparas:
 Necessário devido às diferenças das exigências nutricionais entre vacas
de 1ª cria e multíparas (primíparas possuem exigência de crescimento
além da exigência de produção);
 Hierarquia das multíparas dentro dos lotes em relação às primíparas,
 Pico de consumo de matéria seca mais prolongado das primíparas em
relação às multíparas.
Vacas Secas: Sessenta dias antes do parto torna-se necessário a secagem
dos animais, objetivando-se a renovação do tecido da glândula mamária,
acompanhado de uma aplicação de antibiótico intramamário buscando-se
combater patógenos causadores de doenças como a mastite.
Pré-parto: Com essa prática tem- se como objetivo adaptar o animal para a
dieta a ser fornecida no pós-parto e manter o escore de condição corporal, não
sendo recomendado ganhos de peso nessa fase a fim de se evitar possíveis
distúrbios metabólicos.

3. Qualidade do Leite

De acordo com a Instrução Normativa 62, publicada em 29 de Dezembro


de 2011, define-se como leite “o produto oriundo da ordenha completa,
ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e
descansadas”.

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Requisitos físicos e químicos do leite conforme a IN 62:

Requisitos Limites
Gordura Mínimo 3,0/100g
Proteínas Mínimo 2,9/100g
Densidade relativa 1,028 a 1,034
Ácidez titulável 14 a 18° D
Extrato seco desengordurado Mínimo 8,4/100g
Índice crioscópico Máximo -0,512°C
Fonte: Adaptado da Instrução Normativa 62, de 2011

Mastite: É a inflamação da glândula mamária, podendo ser clínica ou


subclínica. A mastite clínica é aquela detectada pela presença de grumos no
leite ao ser realizado o teste da caneca, podendo ser observada também a
presença de pus ou sangue. A vaca reduz a produção de leite, e o úbere torna-
se inchado. Além disso, o animal pode apresentar outros sintomas, como a
queda no consumo de alimentos, depressão e febre. Já a mastite subclínica é
aquela que não desencadeia alterações no leite, podendo ser identificada a
partir da realização de testes como o CMT. Neste caso ocorre também queda
na produção de leite. A mastite ainda pode ser subdividida em ambiental e
contagiosa. O perfil de mastite contagiosa é caracterizado pela transmissão de
vaca para vaca, sendo que os microrganismos mais comumente associados
são Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Já a mastite ambiental
caracteriza-se pela infecção da vaca por bactérias de origem do ambiente.
Neste caso, Escherichia coli, Streptococcus uberis e Streptococcus
dysgalactiae são aqueles microrganismos mais associados.
CCS (Contagem de Células Somáticas): As células somáticas do leite são o
conjunto de células de origem do sangue (linfócitos, macrófagos e neutrófilos) e
células epiteliais de descamação da própria glândula mamária. Essas células
são um indicativo da ocorrência de inflamação intramamária, e podem ser
usadas para distinguir uma glândula mamária infectada de uma não-infectada.
Na glândula mamária sadia a contagem total de células do leite é menor que
200.000 células/mL. Porém, quando um quarto mamário é infectado, ocorre
grande aumento das células somáticas. Em vacas sadias, de 65 a 80% do total
de células somáticas são de origem epitelial. Nos animais com mastite, ocorre

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inversão e a maioria das células somáticas é composta de leucócitos de origem
sanguínea. Dentre as consequências da CCS alta, podem ser citados:

 Perda na produção de leite, sendo o maior impacto;


 Gasto com medicamentos e mão-de-obra;
 PRODUTOR
 Penalidade quando o pagamento for de qualidade;
 Descarte prematuro de vacas.

 Baixo rendimento industrial;


 INDÚSTRIA
 Menor tempo de prateleira;
 lnterações na qualidade organoléptica dos alimentos.

Teste CMT (California Mastitis Test): O teste CMT é um método de


diagnóstico de mastite subclínica, tratando-se de um teste rápido e simples. É
feita a mistura de 2,0 mL do CMT com 2,0 mL do leite, e o reagente dissolve a
membrana das células de defesa do leite, sendo o material genético da célula
liberado. O DNA formará um gel, e quanto maior a quantidade de células
presentes no leite, maior será a “turbidez” do gel.
A quantidade do número real de tetos do rebanho é calculada conforme a
fórmula: NRT=NTS + 0,86(+) +0,75(++) + 0,53(+++)
*NRT=número real de tetos;
**NTS=número de tetos sadios.
Escore do CMT (cel/ml) Intervalo de CCS Interpretação
N (Negativo) 0 - 200.000 Quarto sadio
T (Traço) 200.000 - 400.000 Mastite subclínica
1 400.000 - 1.200.000 Mastite subclínica
2 1.200.000 - 5.000.000 Mastite subclínica
3 Acima de 5.000.000 Mastite clínica

Fonte: Adaptado de Rehagro, 2005

CBT (Contagem Bacteriana Total): É a contagem do número de unidades


formadoras de colônia em uma amostra de leite, estando relacionada com:

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 Higiene da ordenha;
 Equipamentos, sala de ordenha, tanque, mãos do ordenhador, teteiras,
baldes, e demais utensílios;
 Resfriamento do leite (tempo, temperatura e período de
armazenamento), que deve estar a uma temperatura de 4°C dentro de
no máximo 3 horas após a ordenha, e deve permanecer armazenado
por um tempo máximo de 48 horas;
 Produtos utilizados na higienização e desinfecção de utensílios,
observando a diluição, temperatura e frequência da utilização dos
detergentes;
 Qualidade da água.

Fonte: Rehagro

PROTOCOLO DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO DOS EQUIPAMENTOS


1. Sanitização: Com solução desinfetante, todos os dias antes de iniciar a
ordenha. Possui a função de eliminar microrganismos.
2. Pré-enxágue: Sem detergente, após o término de todas as ordenhas,
possuindo a função de remover a maioria da carga orgânica dos
equipamentos.
3. Limpeza alcalina clorada: Com detergente alcalino clorado, diariamente,
após todas as ordenhas. Possui a função de remover gordura e
proteína.
4. Limpeza ácida: Com detergente ácido, diário, duas vezes por semana ou
semanal. Possui a função de remover os resíduos do cloro do
detergente alcalino clorado, remover os minerais e inibir o crescimento
bacteriano.

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MANEJO DA ORDENHA
1. Condução dos animais até a sala de ordenha;
2. Lavagem das mãos antes da ordenha, com uso opcional de luvas;
3. Quando necessário, fazer a lavagem dos tetos dos animais, não do
úbere, com água de baixa pressão;
4. Realização do teste da caneca de fundo preto,retirando-se os três
primeiros jatos mais contaminados;
5. Imersão dos tetos em solução pré-dipping;
6. Colocação dos conjuntos de ordenha, evitando-se vazamento de vácuo;
7. Remoção correta dos conjuntos de ordenha, fechando-se o vácuo;
8. Imersão dos tetos em solução pós-dipping.
MANEJO DE ORDENHA COM BEZERRO AO PÉ
1. Amarrar a vaca;
2. Lavar as mãos;
3. Fazer o teste da caneca;
4. Colocar o bezerro para apojar;
5. Amarrar o bezerro;
6. Realizar a imersão dos tetos com pré-dipping;
7. Secar os tetos com papel toalha;
8. Retirar o leite;
9. Coar o leite.

4. Principais Doenças em Bovinos Leiteiros

1. Hipocalcemia:
 O que é?
É uma doença metabólica que geralmente acomete bovinos de alta produção
leiteira e está associada à queda rápida dos níveis séricos de cálcio no
periparto, ocorrendo geralmente nas primeiras 48 horas após o parto. A sua
etiologia é multifatorial, e envolve fatores ambientais (manejo nutricional e
composição da dieta alimentar no pré-parto) e individuais (produção leiteira,
idade e raça).

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 Identificação:
No período inicial da doença, o animal encontra-se em pé com tremores
musculares, ranger de dentes, mugidos frequentes, anorexia e dispneia. No
segundo estágio, há queda do animal e rigidez de membros, além de decúbito
esternal prolongado com a cabeça voltada
para o flanco, diminuição do nível de
consciência, fim da tetania, flacidez de
membros, frieza das extremidades,
diminuição da temperatura retal, aumento
da frequência cardíaca, dilatação das
pupilas, diminuição ou ausência do reflexo
pupilar e alterações digestivas. No terceiro Fonte: Rehagro

estágio, há decúbito lateral, estado semi-comatoso e completa flacidez


muscular, com os sinais cardiovasculares mais graves, perda da consciência e
coma.
 Prevenção:
Para prevenção da hipocalcemia, recomenda-se o manejo nutricional
adequado a partir de 30 a 40 dias antes do parto, com dietas com baixos níveis
de cálcio no pré-parto, altos níveis de fósforo durante a prenhes e
administração de vitamina D na última semana de gestação.
 Tratamento:
O tratamento é realizado através da administração intravenosa de 500 ml de
solução de gluconato de cálcio a 20%.
2. Papilomatose:
 O que é?
A papilomatose é uma doença viral contagiosa,
também conhecida como figueira, caracterizada por
lesões tumorais na pele, mucosas e em alguns
órgãos. Pode ser transmitida por contato direto
através de abrasões da pele, vetores mecânicos
(moscas e carrapatos) e fômites contaminados.
 Identificação:
Caracteriza-se pela presença de nódulos de Fonte: Milkpoint

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tamanho variado com aspecto de couve-flor, principalmente na região da
cabeça, abdome, pescoço e úbere, podendo acometer todo o corpo.
 Prevenção:
Os animais afetados devem ser separados dos demais, e os equipamentos de
uso comum devem ser esterilizados e desinfetados após a utilização.
 Tratamento:
O tratamento com auto-hemoterapia se mostra eficaz, além de pastas e
pomadas comerciais.
3. Dermatofilose:
 O que é?
É um processo infeccioso da pele causado pela bactéria Dermatophilus
congolensis, caracterizado por dermatite exsudativa com erupções cutâneas
crostosas e escamosas em qualquer parte do corpo, que ocorre quando há
redução ou alteração das barreiras naturais da pele, relacionada a fatores
ambientais, como umidade e altas temperaturas, e fatores estressantes, como
desmama, carência alimentar e traumatismos. A doença ocorre na forma de
surtos, principalmente na época chuvosa e associada a pastagens Brachiaria
decumbens ou Brachiaria brizantha, que provocam microlesões na pele dos
animais através de suas folhas ásperas.
 Identificação:
No estágio inicial o animal apresenta áreas com lesões crostosas muito
aderentes que ao retirar encontra-se pus e o animal apresenta dor. No estágio
adiantado as crostas se soltam da pele em tufos de pelos sem demonstração
de dor.
 Prevenção:
Deve-se realizar o isolamento e o tratamento imediato dos animais afetados,
assim como a desinfecção do local e dos utensílios utilizados no manejo destes
animais.
 Tratamento:
O tratamento é feito a base de oxitetraciclina (1ml/10kg repetir após 48h) e na
utilização de tintura de iodo diluído em água nas lesões.

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4. Dermatofitose:
 O que é?
É uma dermatite localizada
crônica, infectocontagiosa,
causada por fungos
dermatófitos, que levam à
descamação e perda de
pelos. Também é conhecida
Fonte: Agromundo

por tinha, e o modo de transmissão mais comum é o contato direto entre os


animais. Devido ao prurido, os animais ficam inquietos, podendo resultar em
diminuição nas taxas de ganho de peso e crescimento.
 Identificação:
As lesões são circulares e ocorrem na cabeça, pescoço e períneo, podendo
envolver grandes áreas do corpo do animal.
 Prevenção:
Para controlar a doença, devem-se isolar os animais doentes e desinfetar os
materiais e as instalações. Uma medida auxiliar consiste em uma dieta correta,
com suplementação adequada, principalmente de vitamina A, para animais
jovens em confinamento, pois a suscetibilidade à infecção é maior nos animais
subnutridos.
 Tratamento:
O tratamento é feito com a lavagem da lesão com iodo.
5. Ceratoconjuntivite Infecciosa:
 O que é?
É uma doença ocular causada pela bactéria
Moraxella bovis, que pode afetar um ou ambos
os olhos, causando conjuntivite,
lacrimejamento e ceratite. Não é uma doença
fatal, mas tem grande impacto econômico, pois
Fonte: Farmpoint
a perda da visão leva à perda de peso,
redução na produção de leite, dificuldades de manejo e custo de tratamentos.

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 Identificação:
Os sinais incluem corrimento de líquido pela goteira lacrimal e fotofobia,
seguidos de opacidade no centro da córnea, que pode evoluir até ulceração,
ocasionando cegueira temporária ou permanente e ruptura de córnea.
 Prevenção:
O controle da doença deve ser realizado através de vacinas e/ou pelo
impedimento da ação dos vetores (moscas). A vacina deve ser aplicada antes
do aparecimento dos casos clínicos, em todos os animais do rebanho a partir
de 4 meses de idade.
 Tratamento:
O tratamento pode ser feito com antibiótico tópico.
6. Pneumonia:
 O que é?
É uma doença que afeta os bezerras e vacas, causada por bactérias e vírus,
como consequência da interação de três fatores: agentes patogênicos,
condição geral do animal (nutrição) e condições ambientais (estresse,
ventilação), geralmente acompanhando outras doenças. A transmissão se dá
por contato direto, e a sua eliminação completa é muito difícil.
 Identificação:
Os sinais são variáveis, mas incluem febre,
perda de apetite, apatia, tosse, secreção
purulenta e dispnéia.
 Prevenção:
Algumas medidas importantes para
prevenir a doença são: higiene do
ambiente, ingestão adequada de colostro,
Fonte: Rehagro

tratamento correto do umbigo de recém-


nascidos, alojamento seco e individual, boa ventilação natural, ausência de
estresses nutricionais e manipulações desnecessárias, vacinação e combate a
parasitos.
 Tratamento:
O tratamento é baseado na antibioticoterapia à base de penicilina (20 a 30 mil
UI/kg durante 5 a 7 dias), enrofloxacina (1 ml/40kg durante 3 dias), florfenicol
(1ml/15kg a cada 48h) ou ceftiofur (1ml/50kg durante 3 dias).

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7. Acidose:
 O que é?
É uma doença metabólica aguda, causada pela ingestão súbita de grande
quantidade de dietas com excesso de carboidratos, e caracterizada por perda
de apetite, depressão e morte. A quantidade de alimentos necessária para
causar um quadro agudo depende do tipo de grão, de contato anterior com o
alimento, do estado nutricional e do tipo de microbiota ruminal do animal.
 Identificação:
Os animais apresentam diminuição drástica no consumo de alimento, queda no
teor de gordura do leite e laminite. Em casos subclinicos, as vacas apresentam
alta variabilidade na produção de leite, fezes inconsistentes e pouca
ruminação.
 Prevenção:
As medidas de prevenção consistem em evitar o acesso acidental de animais a
grandes quantidades de grãos e na adoção de esquema adequado de
adaptação, com mudança lenta e gradual ao concentrado. Além disso, pode-se
considerar a adição de produtos tamponantes na ração, como o bicarbonato de
sódio, e o uso de ionóforos, como a monensina sódica.
8. Carbúnculo sintomático:
 O que é?
Também conhecida como
“manqueira” ou “mal de ano”, esta
doença aguda e fatal acomete
principalmente animais jovens (6
meses a 2 anos) e é causada pela
bactéria Clostridium chauvoei.
Fonte: Ouro Fino

 Identificação:
É caracterizada por claudicação e tumefação crepitante à palpação de grupos
musculares, depressão, apatia e febre.
 Prevenção:
Deve-se vacinar todos os bezerros de 4 a 6 meses de idade anualmente. Os
cadáveres de animais acometidos devem ser retirados do pasto, cremados e
os restos mortais devem ser enterrados profundamente para evitar a
contaminação dos pastos e a disseminação da bactéria.

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9. Diarréias:
 O que é?
As diarréias são doenças complexas e
multifatoriais, que envolvem o animal, o
ambiente, a nutrição e os agentes
infecciosos, como bactérias (Escherichia
coli, Salmonella spp.), vírus (Rotavirus,
Coronavirus), protozoários (Eimeria spp.,
Fonte: Rehagro
Cryptosporidium sp.) e helmintos, sendo
mais comuns as infecções mistas. Geram prejuízos econômicos devido à perda
de animais por morte ou descarte precoce, redução do ganho de peso e custo
do tratamento. Alguns fatores contribuem para o aumento da incidência de
diarréias, como a intensificação dos sistemas de produção e as falhas no
fornecimento do colostro.
 Identificação:
Os animais apresentam fezes inconsistentes podendo ter a cor alterada, rabo
sujo, apático e em casos mais graves apresentam desidratação.
 Prevenção:
Para prevenir, deve-se fornecer colostro de alta qualidade em quantidade
adequada e em tempo hábil; reduzir o estresse e o desafio, através de
instalações secas e higienizadas; fornecer dietas balanceadas para suprir os
requisitos nutricionais e observar frequentemente os animais para o tratamento
rápido.
 Tratamento:
O tratamento é baseado na hidratação do animal e no uso de antibiótico à base
de sulfadoxina e trimetoprima (1ml/15kg durante 3 dias) ou enrofloxacina
(1ml/40kg durante 3 dias).
10. Brucelose:
 O que é?
É uma zoonose crônica causada pela
bactéria Brucella abortus, que afeta o
sistema reprodutivo dos animais. A bactéria
é transmitida principalmente através de Fonte: TV Gazeta

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alimentos contaminados por líquidos e tecidos fetais de abortamentos.
 Identificação:
Os sinais consistem em abortamentos no terço final da gestação, nascimento
de bezerros fracos ou mortos, retenção de placenta, repetição de cio, metrite,
infertilidade, queda na produção de leite e aumento de volume nas
articulações. Nos machos, há inflamação de um ou dois testículos, causando
infertilidade e diminuição da libido.
 Prevenção:
Para prevenção, deve-se obrigatoriamente vacinar as fêmeas entre 3 e 8
meses com a vacina viva atenuada B19, e realizar testes sorológicos. Outras
medidas incluem a aquisição de animais livres da doença e o descarte de filhas
de mães infectadas.
 Tratamento:
O animal não pode ser tratado. A doença deve ser notificada e o animal
abatido.
11. Febre Aftosa:
 O que é?
É uma doença viral contagiosa que acomete animais biungulados, transmitida
por contato direto e fômites contaminados.
 Identificação:
O animal doente tem apatia, febre, pelos
arrepiados e feridas na língua, gengiva, úbere
e entre as unhas, além de sialorréia e disfagia.
 Prevenção:
A prevenção é realizada através de
vacinação, com diferentes esquemas nos
estados brasileiros. Em Minas Gerais, todos
os animais são vacinados
no mês de maio e, em novembro, apenas os
animais com até 24 meses.
Fonte: Rehagro
 Tratamento:
Não pode ser tratada. A doença deve ser notificada e os animais abatidos.

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12. Leptospirose:
 O que é?
É uma zoonose causada pela bactéria Leptospira interrogans, com uma grande
variedade de sorovares capazes de provocar a doença em mamíferos.
Diversos animais domésticos e silvestres podem ser portadores da bactéria,
sendo que os ratos domésticos são os principais transmissores do sorovar
icterohaemorrhagiae. Os animais doentes e/ou portadores são os grandes
disseminadores da bactéria no rebanho. A transmissão ocorre através da
penetração da bactéria na pele, lesada ou não, e pelas mucosas em contato
com urina, líquidos fetais, água, alimentos e sêmen contaminados.
 Identificação:
Os sinais são abortamentos no final da gestação, retenção de placenta,
nascimento de bezerros fracos que morrem nos primeiros dias de vida e
mastite. Os bezerros apresentam depressão, febre, anemia, urina escura,
icterícia e morte em algumas horas.
 Prevenção:
Como forma de controle, recomenda-se a realização de exames sorológicos
periodicamente e o tratamento dos animais acometidos. Além disso, a
vacinação é recomendada em animais a partir de 4 meses.
 Tratamento:
O tratamento é feito através de administração de uma única dose de 25mg/Kg
de estreptomicina.
13. Neosporose:
 O que é?
É uma enfermidade causada pelo parasita Neospora caninum, transmitido pela
água e alimentos contaminados com fezes de cães. As vacas infectadas são,
geralmente, portadoras assintomáticas.
 Identificação:
Pode haver abortamento, mumificação e natimortos. Os bezerros que nascem
vivos podem apresentar paralisia, baixo crescimento e disseminação crônica do
agente no rebanho.
 Prevenção:
Para evitar e controlar a doença, deve-se utilizar apenas receptoras
soronegativas, reduzir o contato de cães com tecidos infectados, retirar os fetos

20
e placentas das pastagens e reduzir o número de cães em contato com o
rebanho.
 Tratamento:
Não há tratamento para bovinos.
14. Onfalites:
 O que é?
São infecções do umbigo, que podem ocorrer na veia umbilical (onfaloflebite),
na artéria umbilical (onfaloarterite) e no úraco (uraquite), causadas
principalmente por Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Arcanobacterium
pyogenes, Escherichia coli, entre outros. Pode haver infecções secundárias
nas articulações e abscessos hepáticos.
 Identificação:
Os sinais incluem aumento de volume do umbigo, dor à palpação e secreção
purulenta, sendo mais comum a dilatação e o espessamento do cordão
umbilical.
 Prevenção:
Para prevenir, deve-se realizar a cura correta do umbigo logo após o
nascimento do animal, com limpeza e corte do cordão umbilical, seguido da
aplicação de uma substância cáustica e de solução de iodo.
 Tratamento:
O tratamento se baseia no uso de Penicilinas (20000 a 30000 UI/kg durante 7
dias).
15. Raiva:
 O que é?
É uma zoonose causada por um vírus que invade as células do sistema
nervoso através da inervação periférica, atingindo o sistema nervoso central e
os demais órgãos. O principal transmissor da raiva para os herbívoros é o
morcego hematófago Desmodus rotundus.
 Identificação:
O sinal inicial é o afastamento do animal do rebanho, com certa apatia e perda
de apetite. Há aumento de sensibilidade, mugido constante, salivação
abundante, disfagia, tremores musculares, ranger de dentes, incoordenação
motora, andar cambaleante, até o animal entrar em decúbito e apresentar
movimentos de pedalagem, dispneia, asfixia e morte.

21
 Prevenção:
Para o adequado controle da doença, todos os animais devem ser vacinados
uma vez por ano em regiões não endêmicas e duas vezes por ano em regiões
endêmicas.
 Tratamento:
Não há tratamento.
16. Tuberculose:
 O que é?
É uma zoonose crônica, causada pela bactéria Mycobacterium bovis, que é
transmitida através do ar, leite, alimentos e água contaminados.
 Identificação:
A maioria dos bovinos não apresenta sinais clínicos, mas pode haver perda de
peso, debilidade, febre, perda de apetite, dispnéia, tosse, corrimento nasal
seroso ou purulento e linfonodos periféricos aumentados.
 Prevenção:
Como formas de prevenção e/ou controle, deve-se realizar periodicamente
exames de tuberculinização e eutanásia dos animais positivos.
 Tratamento:
Não pode tratar. A doença deve ser notificada.
17. Retenção de Placenta:
 O que é?
É a retenção patológica das membranas fetais após 12h do parto ou
abortamento. A retenção ocorre devido a ausência das contrações uterinas,
estresse, doenças metabólicas (hipocalcemia e cetose), distensão excessiva
do útero, distúrbios hormonais, brucelose, leptospirose ou IBR.
 Identificação:
As membranas ficam expostas através da vulva e
apresenta um odor fétido.
 Prevenção:
Pode ser evitado reduzindo no estresse no pré-parto,
evitando superlotação de lote, partos distócico,
adequando o espaço de cocho e realizando manejo
nutricional adequado. Fonte: Beefpoint

22
 Tratamento:
O tratamento é feito com antibióticos à base de oxitetraciclina (1ml/10Kg, se
necessário aplicar novamente após 48h) ou ceftiofur (1ml/50Kg, 1X/dia, por 3
dias ) e com o uso do hormônio: ECP (3ml, dose única; IM).
18. Metrite:
 O que é?
É a inflamação do útero resultante da contaminação bacteriana antes, durante
e/ou após o parto geralmente associada a retenção de placenta, distocia ou
uso de materiais contaminados durante a inseminação artificial.
 Identificação:
O animal apresenta descarga
purulenta e fétida pela vulva, queda
na produção de leite e anorexia.
 Prevenção:
Como forma de prevenção é de
extrema importância a redução do
estresse no pré-parto, evitar
Fonte: Rehagro

distocias e utilizar de forma higiênica os materiais da inseminação artificial.


 Tratamento:
O tratamento é feito através de infusão uterina (Gentrin 50 ml, Florfenicol 30
ml) ou antibioticoterapia parenteral (Ceftiofur 1ml/50kg por 3 dias, Sulfa +
Trimetropin 1ml/15kg por 3 dias, Oxitetraciclina 1ml/10kg em intervalos de 48h).

5. Detecção de Cio

Cio é o período em que a vaca ou novilha aceita a monta, ocorrendo


geralmente em animais não prenhes. A duração deste período pode variar de 6
a 30 horas, com duração média de 10 a 18 horas, dependendo de vários
fatores, como raça, nível de produção, presença de doenças, ambiente de
exposição e tipo de manejo, entre outros.
A relação entre produção de leite e duração do cio encontra-se abaixo.
Na próxima tabela é demonstrada a menor duração do cio de vacas em relação
a novilhas devido ao menor nível de estradiol circulante nos animais adultos.

23
Fonte: Lopez et al., 2004

Fonte: Nebel et al., 2002

O período do cio pode ocorrer a cada 18 a 24 dias, porém o intervalo


mais comum é de 21 dias.
A detecção de cio é importante para a maximização da vida produtiva do
rebanho, pois, feita de forma correta, diminui diretamente o período de serviço,
o intervalo entre partos e a idade ao primeiro parto e, conseqüentemente, altera
os valores de número de vacas em lactação por total de vacas, vacas em
lactação por total do rebanho, entre outros.
O principal sinal de apresentação de cio é a aceitação da monta. No
entanto, outros sinais podem ser observados como:
 Redução do apetite;
 Redução da produção de leite;
 Liberação de muco;

24
 Excesso de urina;
 Vulva inchada e brilhante;
 Ato de farejar e lamber animais e pessoas próximas;
 Repetidas tentativas de saltar sobre membros do rebanho;
 Agrupamento em torno do rufião ou touro;
 Mugido constante.

Fonte: Babcock Institute

Reflexo de Fleming Aceitação de Monta

Para maximizar a taxa de detecção de cio, a observação deve ser feita


no mínimo 2 vezes ao dia, nos momentos mais frescos (manhã e tarde),
durante 30 minutos.
Em sistemas onde há falha de detecção de cio, a utilização de
mecanismos, tecnologias e ferramentas são imprescindíveis. Em sistemas mais

25
intensificados e com alta tecnologia pode-se utilizar o pedômetro, que registra o
movimento da vaca baseando-se na inquietação demostrada no estro. Outra
alternativa é a utilização de giz, adesivos ou buçal marcador, que são
ferramentas que marcam a anca da vaca que apresentou cio. Além disso, o
uso de rufiões também é viável.
Outra tecnologia é a utilização de Inseminação Artificial em Tempo Fixo
(IATF), onde vários animais são sincronizados para serem inseminados no
mesmo momento, não sendo necessária a observação do cio.

Pedômetro Automático Material IATF

6. Interpretação de Catálogos de Touros

A interpretação e avaliação de catálogos de touros é importante para a


escolha de reprodutores que irão transmitir para o rebanho que se deseja
formar características que melhorem a produção e a longevidade dos animais.
Nesta avaliação produtores e técnicos normalmente buscam por preços,
leite e também avaliam a cor do animal, porém uma avaliação bem feita vai
muito além destes três itens citados. Deve-se avaliar a herdabilidade da
característica que se deseja assim como a avaliação do pedigree para se tentar
aumentar ao máximo a endogamia em um rebanho. Parâmetros a serem
avaliados em um catálogo:
 PTA (Herdabilidade Prevista de Transmissão): É uma medida de
comparação do mérito genético e que é modificado com o aumento do número
de filhas do touro analisadas.

26
Exemplo: Touro com PTA leite = 1000 Kg - significa que suas filhas produziram
1.000 kg a mais que a média das filhas dos outros touros analisados na mesma
base genética.
 Confiabilidade ou Acurácia: Mede a exatidão da PTA.
 Composto de Úbere: Características de ligamento central, profundidade
do úbere, altura do úbere posterior, largura do úbere posterior, inserção do
úbere anterior e colocação de tetos anteriores.
 Composto de Pernas e Pés: Ângulo de pernas e pés, vista lateral e
posterior/escore de pés e pernas.
 Características Lineares: São informações sobre características de
conformação e manejo. Neste item avalia-se: garupa, estrutura e capacidade,
pernas e patas, sistema mamário e caracterização leiteira.
 Características Auxiliares: Características que passaram a ser
avaliadas mais recentemente, entre elas estão: vida produtiva, período em
aberto, taxa de prenhes, natimorto (capacidade do touro e suas filhas
produzirem bezerros viáveis nas primeiras 48 horas de vida), dificuldade de
parto (pode ser mensurada a dificuldade de um filho do touro nascer e também
a dificuldade de uma filha do touro em parir) e células somáticas (indica se o
touro é capaz de reduzir as células somáticas em suas filhas).

27
7. Avaliação Fenotípica de Vacas Leiteiras

Deve-se realizar a avaliação fenotípica das vacas com a finalidade de se


realizar um acasalamento dirigido buscando melhor as características leiteiras
deste animal. Na avaliação devemos analisar:

Garupa - Largura Garupa - Ângulo

Profundidade Corporal Força Leiteira

Vista Lateral de Pernas Ângulo de Casco

Altura de Úbere Posterior Colocação dos Tetos e Ligamento Central

Profundidade do Úbere Comprimento de Teto

Fonte: Angeline DesnaTitanic

28
Avaliação Morfológica do Girolando:

½ Sangue:

Cabeça: vista frontal e lateral Calda

Garupa Vulva

Umbigo Barbela

29
¾ de grau de sangue:

Cabeça: vista frontal e lateral

Barbela Garupa

Vulva Calda Umbigo

30
5/8 de grau de sangue:

Cabeça Há uma simetria entre a borda superior e a inferior da orelha

Barbela Garupa

Calda Umbigo Vulva

Fonte: Girolando

31
8. Opções Genéticas em Bovinos Leiteiros

Nos dias atuais tem-se usado raças zebuínas e taurinas


para a produção de leite e cada uma das raças possuem características que
justificam a sua utilização de acordo com o sistema de produção que se deseja
ou ao sistema que a região permite ter um melhor desempenho.
Raças Zebuínas:
Gir Leiteiro:
Pontos fortes:
- Rusticidade;
- Maior produção entre as raças zebuínas;
- Bom para cruzamentos com o Holandês.
Pontos fracos:
- Baixa produção, quando utilizado como raça pura;
- Baixa persistência de lactação;
- Necessidade de bezerro ao pé.
Raças Taurinas:
Holandês:
Pontos fortes:
- Alta produção de leite;
- Produz sem bezerro ao pé;
- Bons úberes.
Pontos fracos:
- Baixa rusticidade;
- Baixo teor de sólidos;
- Bezerros machos com baixo valor comercial.
Jersey:
Pontos fortes:
- Muito precoce;
- Elevado teor de sólidos;
- Facilidade no parto;
- Alta fertilidade.
Pontos fracos:

32
- Alta consangüinidade;
- Produção de leite mediana;
- Bezerros machos com baixo valor comercial.
Pardo Suíço:
Pontos fortes:
- Boa produção de sólidos;
- Rusticidade;
- Fertilidade;
- Boa adaptabilidade.
Pontos fracos:
- Aprumos;
- Produção não muito elevada.

Cruzamentos: Os cruzamentos na bovinocultura de leite são realizados


buscando principalmente a complementaridade de características raciais e a
superioridade da progênie através da heterose. Eles passaram a ser realizados
devido a grande diversificação dos sistemas de produção e a necessidade de
animais mais adaptados a cada um destes sistemas. Europeu com zebuíno e
europeu com europeu são os cruzamentos mais utilizados e a escolha por um
ou outro irá depender muito do nível tecnológico de produção adotado.
Alternativas de cruzamentos:
 Absorção por uma raça: Cruza-se dois animais puros de
raças diferentes e nas gerações futuras vai colocando um animal puro de uma
das duas raças parentais, aumentando cada vez mais a proporção de uma raça
em relação a outra. Indicado para sistemas que estão melhorando o manejo.
 Alternado: inicia-se cruzando dois animais puros de raças
diferentes e posteriormente vai se alternando entre as raças parentais que
serão utilizados para o cruzamento com os animais da geração anterior.
 Tríplice ou Tricross: consiste na utilização de três raças
diferentes. Normalmente para a bovinocultura de leite são usadas duas raças
européias e uma zebuína. Este tipo de cruzamento exige um maior controle
zootécnico do rebanho.

33
9. Produção e Manejo de Pastagens

A utilização de pastagens para alimentação de bovinos é considerada a


forma mais econômica e mais prática, com isso no momento de implantação e
manejo da pastagem, o produtor não deve medir esforços no investimento para
que a formação seja bem feita e procurar seguir as técnicas de manejo para
atingir a produção esperada e prolongar a vida útil do pasto. Com isso a
formação de pastagens, como qualquer outra cultura, deve ter um
planejamento para que o sucesso seja alcançado. Como parte de
planejamento, temos:
 Definição da área;
 Correção e adubação na formação;
 Escolha da forrageira;
 Introdução da cultura;
 Manejo da cultura;
 Controle de pragas e doenças.
1.Definição da área: No momento da escolha da área vários fatores
devem ser avaliados, como:

34
 Topografia da área, que vai definir diretamente nos tratos culturais a
serem realizados uma vez que áreas planas ou com pequeno declive
apresentam vantagens em relação às áreas de maior declive, pois facilitam a
mecanização, reduzem a perda de insumos e são, em regra, áreas onde o solo
é menos susceptível à erosão;
 A localização e a distância dessas áreas em relação à estrutura de apoio
irão influenciar na facilidade do acompanhamento do sistema e no manejo dos
tratos culturais;
 A fertilidade do solo da área a ser escolhida é fator que deve ser
considerado. Quanto maior for à fertilidade, tanto menor será a quantidade de
insumos (calcário e adubo) necessária para a intensificação, com retorno mais
rápido do capital investido e mais rápido vai ser a implantação.
2.Correção e adubação na formação: Para se obter alta produtividade
de forragem, assim como qualquer outra cultura, é necessário considerar a boa
fertilidade do solo, com isso, a correção e adubação estão entre os fatores
mais importantes a determinar o nível de produção das forrageiras. No
momento da análise do solo, a profundidade é de 0-20 cm.
2.1. Calagem: A calagem deve ser a primeira prática de correção no
processo produtivo, reduzindo a acidez, fornecendo Ca e Mg, aumentando a
eficiência das adubações e a capacidade de troca catiônica (CTC). Ela tem o
objetivo de elevar o pH do solo > 5,5, para, efetivamente ativar a formação de
cargas negativas da fração orgânica do solo, aumentar a CTC e reduzir o
potencial de perdas de cátions por lixiviação. A calagem na formação das
pastagens é realizada 30 a 90 dias antes do plantio, de acordo com o PRNT
(Poder de reação e neutralização total) do calcário e, parceladamente ou não,
antes e após a aração, de acordo com a quantidade a ser utilizada. A fonte
indicada é o calcário dolomítico e/ou magnesiano, de acordo com a análise de
solo, que fornece Ca e Mg.
2.2. Adubação: A adubação de instalação deverá propiciar a rápida formação
da pastagem. Ela deve atender a demanda da forrageira durante a fase de
utilização. Durante o estabelecimento, principalmente nos primeiros 30 a 40
dias, a demanda por fósforo é alta e a de nitrogênio e potássio são menores. A
medida que a forrageira se desenvolve, a demanda externa de fósforo diminui
e a de nitrogênio e potássio aumentam. As doses são definidas com base na

35
análise e solo, levando em consideração o nível tecnológico ou intensidade de
uso do sistema. Nesse caso, as forrageiras foram agrupadas quanto a sua
adaptabilidade, mostrado no quadro abaixo.

Fonte: 5ª Aproximação

A primeira adubação de cobertura é indica quando a forrageira chega a


cobrir cerca de 60-70% do solo. A adubação nitrogenada é recomendada de
acordo com nível de intensificação da utilização, variando de 50 kg de N/ha a
100-150 kg de N/ha, com sistemas de médio a alto nível tecnológico. A
aplicação de nitrogênio utilizando uréia deve ser feito em dias não muito
quentes e quando o solo tiver uma adequada umidade, geralmente no início da
estação chuvosa.
3.Escolha da Forrageira: No momento da escolha da forrageira devem
levar em conta as seguintes características: adaptabilidade ao solo, tolerância
a encharcamento se existir, adaptabilidade ao clima, tolerância a pragas e
doenças, potencial e distribuição de produção de forragem ao longo do ano e
boa palatabilidade.

36
Fonte: Notas da aula de ZOO 453/UFV

4.Introdução da Cultura: A melhor época de plantio é quando as chuvas


passam a ocorrer com maior frequência. Seja qual for o método escolhido o
plantio, sempre se busca a distribuição uniforme das sementes por toda área a
ser formada. A distribuição das sementes pode ser feita das seguintes formas:
 Por semeadoras em linha;
 Matraca;
 Covas;
 A lanço.

Fonte: Semeato; UFRPE e Foto própria

37
As sementes devem ficar numa profundidade de 2,5 a 5 cm, e quando
o plantio for feito a lanço, pode-se misturar a semente em algum veiculo que
sirva para marcar onde foi realizado o plantio, por exemplo, calcário.
5.Manejo da Cultura:
O manejo empegado é realizado de acordo com cada espécie e o
manejo empregado (intensivo e extensivo). Em manejo extensivo, a perda por
pisoteio é maior, porém a exigência em tratos culturais é menor. Já em
sistemas intensivos, como por exemplo, piquete racionado se deve tomar muito
cuidado principalmente com a “entrada e saída” dos animais e período de
descanso. Na tabela abaixo temos alguns valores das principais forrageiras
usadas.

Fonte: Aspectos práticos em Gado de Leite

6.Controle de Pragas e Doenças: As principais pragas das forragens são a


cigarrinha-das-pastagens e as formigas. As cigarrinhas atacam principalmente
as forragens do gênero Brachiaria, ocorrendo geralmente no período das águas
(outubro/março).
Controle:
 Cigarrinhas: Utilizar forragens
que tenha uma resistência maior ao ataque,
adubação balanceada, controle na altura de
entrada e saída dos animais nos piquetes e/ou
pastos. Quando o ataque existir, pode-se usar um
inseticida indicado para cultura.
Exemplo: Engeo Pleno.
 Formigas: O controle é feito
basicamente a fase de inseticida (formicida)
Fonte: Jornal da Produção de Leite/Ano XXI-Número
quando houver o ataque dos insetos. 279 Julho 2012

38
Esquema de aplicação: Aplicar 10 a 15g de formicida/m² de formigueiro.
Exemplo: Mirex-S, Grão Verde e Citromax.
 Plantas daninhas: O aparecimento das plantas daninhas se
deve pelo elevado banco de sementes existente no local e também por
mudanças no ambiente que favorecem seu aparecimento, como degração do
solo. O controle pode ser feito de forma mecânica (roçadas, capinas) ou
utilização de herbicidas indicados para pastagens.
Exemplo: Tordon, Togar, Padron, Garlon, Truper e Dominun.
7.Amostragem e Análise de Solos: Uma boa recomendação de adubação se
inicia com a correta amostragem de solos. Esta deve ser representativa da
área em questão levando-se em consideração os diversos fatores de variação
existentes dentro de uma mesma gleba. A amostragem é a etapa mais crítica,
ou seja, que pode mais facilmente causar erros na análise do solo e que por
melhor que seja a qualidade do serviço prestado pelos laboratórios, se a
amostra não estiver refletindo a realidade da área, a analise poderá levar a
recomendações errôneas. Por isso, é muito importante que a realização da
amostragem seja baseada em dois princípios a serem seguidos rigidamente:
1º) Cada área a ser amostrada deve ser a mais homogênea possível;
2º) Um grande número de pontos de amostragem deve ser feito dentro da área
(sub-amostras, também chamadas de amostras simples), sendo depois
misturados para formar uma única amostra representativa (amostra composta).
Na teoria preconiza-se coletar pelo menos 20 pontos para se fazer uma
amostra simples, por menor que seja a área. Na verdade, quanto maior for o
número de amostras simples coletadas para se fazer uma amostra composta,
mais confiável será a amostra. Entretanto, a retirada de um número maior que
20 pontos não muda tanto a precisão, talvez não justificando o esforço extra.
Uma boa amostragem de solos deve, antes de tudo, contar com o bom
senso de quem realiza a coleta, posto que esta deva representar o solo em
questão.
Cuidados para uma amostragem correta:
- Dividir a área total em glebas com características semelhantes;
- Evitar coletar amostras em pontos atípicos (formigueiros, em baixo de fezes
de animais, etc.);
- Percorrer a área em zigue-zague procurando cobrir toda sua extensão;

39
- Limpeza do ponto de amostragem (retirar a palhada da superfície do solo);
- A profundidade de retirada da amostra variando com a cultura;
- Para áreas novas, para culturas perenes é sempre indicada a amostragem
nas camadas de 0-20, 20-40, 40-60 cm, para culturas anuais de 0-20 e 20-40
cm e pastagens de 0-20 e 20-40 . Para áreas onde já ocorreu o plantio, para
culturas anuais fazer somente de 0-20 cm, pastagens já estabelecidas de 0-20
cm e cuturas perenes já estabelecidas de 0-20 e 20-40 cm;
- Utilizar embalagens limpas e secas para colocar as amostras e homogeneizá-
las e para enviar ao laboratório;
- A amostragem pode ser feita em qualquer época do ano, no entanto ela deve
ser feita com certa antecedência do plantio e adubação, para dar tempo da
análise dos resultados e compra dos insumos. Recomenda-se que no momento
da coleta do solo, exista certa umidade para facilitar a coleta e
homogeneização das amostras;
- É recomendada a amostragem anualmente para lavouras onde se cultiva
culturas anuais durante um pequeno período de tempo e no restante a área fica
em pousio. Onde ocorre plantio de outras culturas após a retirada de outra
cultura, é sempre indicado fazer a amostragem antes da implantação de cada
cultura (Ex.: Milho, feijão, Milho; ou Milho, Milho safrinha, Milho).

Fonte: 5ª Aproximação

40
10. Análises de Solos e Adubação

Tendo em mãos o resultado da análise de solos cabe ao profissional


qualificado interpretá-la. A interpretação é tão importante quanto à correta
coleta das amostras, pois é a partir dela que se fará a recomendação de
adubação.
Cada cultura tem uma capacidade diferente a fatores do solo, como:
sensibilidade à acidez trocável, saturação por bases, saturação por alumínio e
disponibilidade de nutrientes. Dessa forma, as doses de nutrientes vão ser
calculadas a partir das exigências específicas de cada cultura.
Os itens a serem analisados são:
RESULTADO DE ANÁLISE DE SOLOS

pH P K Na Ca+2 MG+2 Al+3 H+Al

IDENTIFICAÇÃO- ÁREAS H2O mg/dm3 cmolc/dm3

Amostra 01(00-20 cm) 5,2 13,1 41 2,1 0,8 0,1 2,81

SB CTC(t) CTC (T) MO P-REM V m

cmolc/dm3 dag/ KG mg/ L %

3,00 3,10 5,81 38,4 52 3

Análise fictícia

pH do solo: Para avaliar a acidez do solo, são considerados a acidez


ativa e a trocável, a saturação por alumínio e por bases, capacidade tampão,
estimada por meio da acidez potencial, e o teor de matéria orgânica. O pH do
solo também esta
diretamente relacionada
com a disponibilidade de
cálcio, magnésio,
manganês e outros
micronutrientes.

Fonte: 5ª Aproximação

41
Interpretação dos teores de Fósforo, Potássio e P-Rem
Fósforo
Faixa % Argila (P-rem) Potássio
de Argiloso Médio Arenoso “Disponível”
Resina
Disponib. >35 15-35 <15 (Trocável)
(<15) (35-15) (>35)
--------------------------------------mg/dm3--------------------------------------
Baixo 0-6 0-10 0-20 0-20 0-30
Médio 6-10 11-20 21-40 21-40 31-60
Alto >10 >20 >40 >40 >60

Fonte: 5ª Aproximação

A interpretação dos teores de fósforo depende da textura do solo. Essa


textura é medida indiretamente pelo P-rem, quanto menor seu valor mais
argiloso é o solo e quanto maior seu valor mais arenoso. A classificação para
potássio é feita independente da textura do solo, é classificado de acordo com
o teor contido de potássio no solo. Feito essa classificação, vamos até a
exigência da cultura e lá estão as doses necessárias de acordo com teor.
Cálcio, Magnésio e Alumínio trocáveis:
 Cálcio: acima de 4,0 cmolc/dm3.
 Magnésio: acima de 0,8 cmolc/dm3.
 Alumínio: 0,0 (zero) cmolc/dm3.
Soma de Bases (SB): SB=Ca2++Mg2++K+
CTC efetiva (t): Corresponde à soma da SB e acidez trocável.
t = SB + Al
CTC a pH 7,0 (T): Corresponde à soma da SB e acidez potencial.
T= SB + (H+Al)
Saturação por Bases (V%): Corresponde à porcentagem referente às bases
dentro da CTC Total do solo.
V% = SB/T * 100
Saturação por Alumínio (m%): Corresponde à porcentagem referente ao Al
dentro da CTC efetiva do solo.
m% = Al/t*100

42
11. Implantação e Manejo de Canavial
Introdução:
A cana-de-açúcar tem sido um volumoso muito utilizado para a
alimentação de bovinos tanto de leite como de corte. Os principais fatores que
contribuem para o interesse dos produtores em utilizar a cana como alimento
para os animais são:
 Grande produção de forragem por unidade de área;
 Baixo custo por unidade de matéria seca produzida;
 Facilidade do gerenciamento da atividade;
 Flexibilidade de épocas de plantio e corte.
Em contrapartida a essas vantagens a cana apresenta limitações
nutricionais, como o baixo teor proteico, alto teor de fibra de difícil degradação
ruminal, baixos teores de amido, fósforo e enxofre, havendo a necessidade de
complementação com proteína e minerais para que a produtividade animal seja
satisfatória e economicamente viável o uso do volumoso.
As produtividades médias de cana-de-açúcar oscilam em torno de 90
toneladas de matéria natural por hectare, mas plantando-se variedades
melhoradas, corrigindo-se o solo e mantendo a fertilidade do solo podem-se
alcançar produtividades em torno de 150 toneladas por hectare. A seguir
veremos práticas a se adotar nos nossos canaviais para obtermos resultados
satisfatórios na cultura.
Escolha da Variedade:
A escolha da variedade a ser implantada é uma tecnologia muito
importante para obter bons resultados. Atualmente existe cultivares de cana
com boas características agronômicas e zootécnicas, tais como: alta resposta a
melhoria da fertilidade do solo, crescimento ereto e resistência ao tombamento
para facilitar a colheita, alta produtividade de colmos e sacarose, vigor das
rebrotas, resistência a pragas e doenças, ausência de florescimento e sem a
presença de joçal. Na tabela abaixo seguem os principais cultivares utilizados e
suas principais características.

43
Principais cultivares e suas características:

Fonte: Martins, J; Pereira, M. G; Silveira, L. C. I

Variedades RB: RB = República Brasileira, o primeiro número significa o ano


do primeiro cruzamento realizado entre as variedades, os demais são os
talhões são parcelas em que se localizavam no primeiro cruzamento. Todas as
variedades RB são do programa de melhoramento RIDESA Brasil, que é o
consorcio de várias universidades federais em prol do melhoramento de cana-
de-açúcar. A UFV faz parte e lidera o consorcio entre as universidades.
Variedades SP: SP = São Paulo. Programa de melhoramento particular da
empresa Coopersúcar ao qual sua sede é no Estado de São Paulo.
Escolha da área do canavial:
A área a se implantar o canavial deve ser próxima a área de
fornecimento de volumoso dos animais para redução dos custos de transporte,
relevo plano a levemente ondulado e de fácil acesso. Deve-se ponderar na
escolha da área a se implantar o canavial em regiões onde a topografia é
acidentada, pois áreas mais planas devem ser destinadas a culturas onde
demandam maior trabalho mecanizado.
Amostragem de solo para análise:
Para a cultura da cana-de-açúcar deve ser feito a amostragem de dois
perfis de solo, 0-20 cm de profundidade, onde basearemos para fazer a
recomendação de calagem e 20-40 cm, perfil que basearemos para fazer a
recomendação de gessagem. Deve-se dividir a área em talhões de solo
homogêneo e realizar o caminhamento em zigue-zague.
Preparo e correção do solo:
Para o plantio convencional da cana-de-açúcar a recomendação é que
se faça uma aração (40 cm de profundidade) e duas gradagens em solos
compactados. Como correção do solo deve-se corrigir o pH para 5,5 a 6,0 e

44
elevar a Saturação por Bases para 60% com calcário. A fórmula de
necessidade de calagem (NC) e quantidade de calagem (QC) segue abaixo:

Métodos de Cálculo de NC:

 Método 1:  Método 2:
3+ 2+ 2+
NC= (Ve-Va)xT NC= 2 Al + 2 – (Ca + Mg )
100 Quantidade de calcário (QC)
Ve= Saturação por bases esperada QC =NC x SC x PF
Va= Saturação por bases atual PRNT 100 20
T= CTC a pH=7 SC = porcentagem da superfície a ser coberta
OBS.:Para a cultura da Cana utilizamos o Ve=60% PF = Profundidade de incorporação
PRNT= Poder de Reação e Neutralização Total

Para utilizar o gesso agrícolaa saturação por alumínio deve ser superior
a 25% na camada de 20-40 cm. Para cálculo de gessagem utiliza-se a mesma
fórmula da NC, porém a aplicação na área deve ser apenas de 25% da NC
calculada.
Plantio:
A sulcagem da área deve ser feita o mais profundo possível (40 cm) e o
mais próximo possível da distribuição das mudas e do plantio, para conservar a
umidade do solo. O espaçamento entre os sulcos oscila de 0,90 a 1,40 m,
variando em função da capacidade de perfilhamento do cultivar. Deve-se
utilizar para plantio mudas de canaviais vigorosos, de boa sanidade foliar e de
preferência de primeiro corte, com 8 a 12 meses de idade. Recomenda-se
densidade de gemas de 16 a 18 por metro de sulco, gastando-se em média de
14 a 16 toneladas de mudas por hectare. A disposição dos colmos dentro do
sulco deve ser orientada no sentido pé com ponta com um colmo ao lado do
outro e em seguida picam-se os colmos em toletes de 2 a 3 gemas, os quais
em seguida são cobertos com uma camada de solo em torno de 10 cm.
A adubação de plantio é recomendada mediante a análise de solo, de
acordo com a tabela abaixo:

45
Recomendação de adubação de plantio:

Épocas de plantio:
 Setembro a Novembro (plantio de ano): colheita na próxima seca.
 Janeiro a Março (plantio de ano e meio): colheita na seca do ano
seguinte.
Plantio de cana:

Fonte: Próprio autor

Tratos culturais:
Adubação de cobertura: A adubação de cobertura deve ser feita quando as
plantas apresentarem um tamanho de aproximadamente 0,5 a 0,8 metros de
altura. Esta adubação é a base de nitrogênio e potássio para atender as
necessidades da cultura, otimizando assim o crescimento e perfilhamento.
Nesta fase a recomendação é de 60 a 100 Kg de N/ha. Já o potássio é
baseado em análise de solo. Controle de daninhas: o período crítico da cultura
da cana vai dos 30 aos 90 dias após plantio. Nesta fase a presença de plantas
daninhas na área afeta drasticamente a produção. Para controle destas
obtemos vários herbicidas. São os mais usados:
 Velpar K (Hexazinona + Diuron) pré e pós emergente  3 Kg/há;
 Volcane + DMA (MSMA + 2,4-D) pós emergente 3 L/ha + 1 L/há;
 Combine (Tebutiuron) pré e pós emergente  2 L/há.

46
Colheita:
Geralmente a colheita inicia-se em maio e termina em novembro,
período em que a cana apresenta melhor valor nutritivo. A maturação da cana
ocorre da base para o ápice. Devido esse comportamento é feito a mensuração
da porcentagem de sólidos solúveis (Brix), que pode ser feito com o
sacarímetro.
IM = Brix da ponta do colmo IM Estádio de Maturação
Brix da base do colmo < 0,6 Cana verde
0,60 – 0,85 Cana em maturação
0,85 – 1,00 Cana madura
>1,0 Declínio de maturação
Manejo da Soqueira:
A cana deve ser cortada rente ao solo durante a colheita, assim
estaremos preservando a longevidade do canavial e evitando imprevistos com
os toletes lignificados que ficam no solo.
Cana soca também é adubada, sendo assim a recomendação é pelo
método de extração:
 Fósforo: 0,4 Kg/ton. de MN de cana retirada da área;
 Potássio: 1,5 Kg/ton. de MN de cana retirada da área;
 Nitrogênio: 1,2 Kg/ton. de MN de cana retirada da área.
Também é de extrema importância o controle de plantas daninhas para
o bom desenvolvimento da rebrota da cana soca.

12. Produção de Silagem de Milho

Introdução:
A cultura do milho é a mais utilizada no Brasil para a produção de
silagem por produzir grandes quantidades de energia digestível por hectare,
que pode ser transformada em leite. A lavoura de milho gera alta produção de
MS por área plantada, atingindo o ponto de ensilagem em 100/130 dias, o que
possibilita mais de um plantio por ano para essa finalidade quando bem
planejado os plantios. A seguir discutiremos técnicas para obtermos bons
resultados de silagem de milho.

47
Condições Ideais:
Para seu melhor desempenho, a cultura do milho exige algumas
condições:
 Temperatura: 25 a 30 graus Celsius durante o dia e 16 a 19 graus
Celsius durante a noite.
 Altitude:

Fonte: Facelli, 1998

 Água: necessita de 400 a 600 mm para completar seu ciclo. Consumo


diário de 4 a 6 mm/dia. Fase mais crítica vai do
emborrachamento/pendoamento até a fase de grãos leitosos.
Escolha do Material Genético:
Para produção de silagem devemos escolher o material genético que
tenha as seguintes características:
 Grande potencial produtivo de grãos;
 Alta digestibilidade de fibra;
 Alta produção de MS total;
 Boa janela de ensilagem;
 Boa sanidade foliar;
 Porte alto (> 2m);
 Grão dentado;
 Staygreen.

Apostila 3ª fase

48
Possuímos também híbridos com a tecnologia da transgenia, onde para
o milho as tecnologias que possuímos atualmente conferem certa resistência a
pragas como a Spodoptera frugiperda (Lagarta do cartucho) e a Helicoverpa
zea (Lagarta da espiga). Também há tecnologias que transmitem resistência a
herbicidas como o Glyphosate e Glufosinato de Amônio. Para uso dessa
tecnologia é sempre importante fazer a área de refúgio (10% da ára plantada).
Correção e adubação do solo:
Para a cultura do milho deve ser feito a amostragem de apenas um perfil
de solo, 0-20 cm de profundidade, profundidade esta que 80% das raízes do
milho se encontram. Baseada na análise deste solo coletado faremos então a
recomendação de calagem e adubação.

Métodos de Cálculo de NC:


 Método 1:  Método 2:
3+ 2+ 2+
NC= (Ve-Va)xT NC= 2 Al + 2 – (Ca + Mg )
100 Quantidade de calcário (QC)
Ve= Saturação por bases esperada QC =NC x SC x PF
Va= Saturação por bases atual PRNT 100 20
T= CTC a pH=7 SC = porcentagem da superfície a ser coberta
OBS.: Para a cultura do Milho utilizamos o Ve=70% PF = Profundidade de incorporação
PRNT= Poder de Reação e Neutralização
Total

Recomendação de Adubação de Milho Silagem:

Fonte: 5ª Aproximação

49
Preparo do solo:
Preparo convencional: no preparo convencional é utilizado a aração e
gradagem do solo. É recomendado apenas quando solo estiver em um nível de
alta compactação ou para incorporação da calagem. Além da descompactação
do solo o preparo também proporciona um controle inicial das daninhas no
campo e também no controle de certas pragas de solo. Porém o preparo de
solo favorece a erosão, acontece perdas de MO, além de aumentar os custos.
Plantio Direto: sistema em que o preparo de solo é mínimo e localizado. O
plantio direto tem a capacidade de conservar a umidade do solo, aumenta a
atividade microbiana, proporciona ganhos em MO e melhor estruturação do
solo, evita a erosão e possui menor custo, apesar de aumentar o gasto com
agroquímicos.
Plantio:
O plantio pode variar como:
 Antecipado: Setembro;
 Safra normal: Outubro-Novembro;
 Tardio: Dezembro;
 Safrinha: Fevereiro-Março.
Recomenda-se uma profundidade de plantio de 3 cm. Espaçamento
entre linhas pode variar entre 0,5 a 0,9 m, fator este que deve ser bem
observado para não se ter problemas na colheita. O stand oscila conforme as
características do híbrido a se utilizar (55 a 72 mil plantas/ha).
Para o plantio também recomenda-se o tratamento das sementes com
inseticida. Com esta prática estaremos protegendo a lavoura de pragas iniciais,
mantendo assim o stand e a uniformidade da lavoura e consequentemente
assegurando a produtividade.
Estádios de desenvolvimento:
Conhecer os estádios fenológicos da planta de milho é importantíssimo,
uma vez que os tratos culturais são em função da fase de desenvolvimento em
que a planta se encontra.

50
Fonte: Fancelli, 1986

O controle de daninhas deve ser feito antes da adubação de cobertura.


Seguem os princípios ativos mais utilizados para controle de daninhas na
cultura do milho:
 Dessecação (plantio direto): Glifosato (3 a 5 l/ha)
 Pós-emergente: Nicossulfuron (0,5 l/ha) ou Tembotriona (0,180 l/ha) +
Atrazina (3 l/ha).
A adubação de cobertura deve ser feita entre a quarta e oitava folha
plenamente expandida. Durante todos os estádios fenológicos, a lavoura de
milho deve ser monitorada para se tomar medidas no caso de infestação de
pragas e doenças.
Colheita:
O ponto de colheita ideal é quando toda a planta apresentar de 32 a
35% de MS, grãos no ponto de farináceo a farináceo duro. Essa fase ocorre em
torno de 100 a 130 dias após a emergência. A nível de campo esta fase ocorre
quando os grão apresentam a linha de leite de ½ a 2/3 do grão.

Fonte: CAPEBE

51
Ensilagem:
A ensilagem é um processo de extrema importância para a conservação
da silagem, uma vez que o volumoso mal compactado pode ocorrer perdas de
MS e influir no valor nutricional final do volumoso. Sendo assim a distribuição
do material deve ser uniforme, em camadas finas para que o trator possa
compactar de forma eficiente a silagem. O fechamento do silo deve ocorrer de
3 a 5 dias do início da ensilagem.
Retirada da silagem:
De 15 a 20 dias após o fechamento do silo a fermentação terá finalizado
e assim a silagem estará estabilizada. Após esse período o silo já pode ser
aberto e consumido pelos animais. Deve-se retirar uma camada de 20 cm ou
mais do silo, de cima até em baixo. Para isto o buraco de silo deve ser
planejado para uso mais eficiente e de melhor qualidade da silagem
armazenada.

Fonte: Apostila da 3ª fase

Qualidade da silagem:
Uma boa silagem deve apresentar:
 Coloração verde amarelada;
 Alta proporção de grãos na silagem (>30%)
 Grãos “machucados”;
 Partículas uniformes (0,5 a 1,0 cm);
 Cheiro agradável;
 32 a 35% MS;

52
 Não possuir impurezas;
 Sem presença de mofo e reações indesejáveis;
 Compactação boa.

13. Regulagem de Máquinas

Introdução:
Máquinas e implementos agrícolas requerem regulagens adequadas
para desempenharem suas funções de forma adequada, seguindo as
recomendações agronômicas com êxito e qualidade, mesmo que as máquinas
possam estar em condições não tão favoráveis. A regulagem das máquinas,
representa um etapa de extrema importância na condução de uma lavoura,
uma vez que, mal feita, pode comprometer com toda a produção.
Objetivos:
A regulagem de máquinas agrícolas tem por objetivo por em prática no
campo as recomendações agronômicas, usando de forma eficiente e correta os
insumos e defensivos agrícolas. Com a regulagem de máquinas também
buscamos a homogeneidade da lavoura, stand correto, aplicação homogênea
de defensivos evitando perdas e fito toxidez a lavoura, além de conservação do
maquinário, que estará operando de forma correta.
Entraves:
As principais dificuldades na regulagem de máquinas são: o tempo, pois
para se realizar uma boa regulagem gasta-se muito tempo e muitas vezes o
produtor não tem planejamento para a realização da atividade. Outra
dificuldade é o sucateamento das máquinas, pois a maioria dos produtores não
possuem locais adequados para guardarem seu maquinário, ficando a
mercêdos intempéries, sol e chuva, e também não realizam devida limpeza
após cada operação realizada.
Regulagem de Semeadoras:
Ao se regular uma semeadora para plantio de milho, por exemplo,
devemos observar, antes de fazer qualquer regulagem, a lubrificação do
implemento. Sem estar devidamente lubrificado o implemento pode não
expressar a regulagem feita. Devemos observar também, no caso de

53
semeadoras de plantio direto, o corte dos discos de palhada. Outro detalhe a
se observar são as roscas sem fim no interior das caixas de adubo, pois podem
estar enferrujadas e a distribuição do adubo nas linhas de plantio podem ficar
heterogêneas. Após estas checagens básicas podemos partir então para a
regulagem propriamente dita. Segue abaixo os passos para a regulagem:
1) Regulagem do espaçamento: a regulagem do espaçamento varia
de cada cultura, sendo assim os carrinhos de plantio devem se
aproximar ou distanciar um dos outros. É recomendado que não se
mova o carrinho de plantio central, ficando este exatamente ao centro da
semeadora. Deve-se mover apenas os carrinhos mais laterais.
2) Seleção de peneiras (discos e anéis): já vem junto a mala de
sementes uma indicação de disco e anel. Esta sugestão pode variar de
lote para lote de sementes. Cabe na regulagem seguir a indicação e
verificar se a sementes é distribuída com homogeneidade. Ex.:

Fonte: Pioneer Sementes

3) Checagem do “Coração”: o coração é uma das peças mais


importantes para uma distribuição homogênea e eficiente das sementes.
Sendo assim deve ser checada de forma cuidadosa. Caso não esteja
operando de forma adequada deve ser trocada.
4) Regulagem do número de sementes a cair por metro: a
regulagem do número de sementes é feita trocando engrenagens da
semeadeira, ou seja, de forma que faça com que o sistema de
distribuição de sementes gire mais rápido ou mais devagar. Deve-se
prestar atenção no campo se não está havendo falhas ou sementes
duplas.
5) Regulagem da quantidade de adubo a ser distribuído por metro: a
regulagem do adubo a ser distribuído segue o mesmo princípio da
regulagem de sementes. Algumas máquinas apresentam a regulagem

54
com uma alavanca, sendo assim mais fácil a regulagem, pois controla
apenas o tamanho do orifício da caixa de adubo. Sendo assim, abrindo
mais cairá mais adubo, fechando cairá menor quantidade.
6) Depois de regulada as sementes, a adubação e devidamente
lubrificada a semeadora já pode ir ao campo. Deve ser acompanhado o
inicio do plantio para verificar a profundidade que está sendo distribuídas
as sementes e o fertilizante. Neste momento deve ser feita a regulagem
da profundidade de plantio.
Regulagem de Pulverizadores:
Para a regulagem de pulverizadores costais devemos seguir os
seguintes protocolos:
1) Demarcar uma área conhecida: deve-se demarcar uma área
conhecida para se fazer uma aplicação teste. É recomendado que se
demarque uma área de 10x10 m (100 m²).
2) Em seguida deve-se colocar no pulverizador um volume de água
conhecido. Recomenda-se que se adicione ao pulverizador um volume
de 5 litros de água.
3) Logo em seguida devemos aplicar na área demarcada. Deve-se
aplicar o volume utilizando todos os equipamentos de proteção
individuais (EPI) devidos, pressão de aplicação constante e velocidade
de aplicação condizente com o ritmo de trabalho que o operador consiga
exercer durante todo o dia.
4) Após aplicado da forma como citado acima, devemos medir o
volume de sobra do pulverizador. Devemos sempre lembrar de realizar a
“sangria”, que é a sobra da mangueira do pulverizador.
5) Calibração:
Volume de Calda

55
14. Controle de Daninhas

Introdução:
O agronegócio brasileiro movimenta cerca de 500 bilhões de Dólares
anualmente. A agricultura brasileira é um grande mercado de agroquímicos, já
que em 2008 se tornou o maior consumidor de agroquímicos do mundo, com
cerca de 7,2 bilhões de Dólares somente nesse nicho de mercado. Destes 7,2
bilhões de Dólares, 45% são herbicidas.
O que é planta daninha?
Uma planta é considerada erva daninha quando nasce
espontaneamente em local e momento indesejado, podendo interferir direta ou
indiretamente na agricultura e nos interesses humanos. Podem ser chamadas
também de mato ou até mesmo plantas espontâneas.
Características:
 Crescem rápido;
 Eficientes no uso de água;
 Adaptadas ao clima;
 Ciclo rápido;
 Alta dormência.
Objetivo do controle de daninhas:
 Melhor produtividade das culturas;
 Melhor qualidade dos produtos;
 Menor custo de produção;
 Reduz a ocorrência de pragas;
 Melhor saúde animal;
 Melhor atividade humana.
Monocotiledônea x Dicotiledônea:
É de extrema importância saber a diferença entre os dois grupos de
plantas, pois a maioria dos herbicidas no mercado são seletivos a um ou outro
grupo de plantas. Sendo assim para se recomendar o controle de daninhas
deve-se listar a campo as daninhas mais frequentes no local para se saber qual
herbicida será mais eficiente.

56
Fonte: Notas de aula de FIT320 Biologia e Controle de Plantas Daninhas/UFV

Métodos de controle:
Controle Mecânico: Controle com enxadas, capinadeiras de tração animal ou
tratorizadas, arranquio. Esta forma de controle demanda muita mão de obra e
possui custo mais elevado.
Controle Químico: Controle com herbicidas de variados princípios ativos. Esta
forma de controle é a mais recomendada atualmente, já que a demanda por
mão de obra é pequena e o custo é menor.
Controle Cultural: São medidas preventivas que se pode tomar para dificultar
o desenvolvimento de daninhas. São formas de controle cultural: espaçamento
entre linhas da cultura, plantio direto, rotação de culturas, preparo de solo.
Época de controle:
Cada cultura tem seu Período Crítico de Interferência (PCI), porém a
campo devemos observar o desenvolvimento das daninhas para que não
atrapalhe o desenvolvimento das culturas. Deve-se controlar as daninhas o
mais cedo possível, para que o herbicida ou outro método de controle seja
mais eficiente.
 Monocotiledôneas: de 1 a 2 perfilhos;
 Dicotiledôneas: 2 a 3 pares de folhas.

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Princípios ativos mais usados nas principais culturas:

Milho
Pnricípio ativo Nome Comercial
Atrazine Gesaprin, Siptran
Nicossulfuron Sanson
Tembotriona Soberan
Glufosinato de Amônia Finale
Glifosato Roundup Ready
Cana-de-açúcar
Hexazinona + Diuron Velpar K
Tebuthiuron Combine
MSMA Volcane
2,4-D DMA
Metribuzin Sencor
Pastagem
Aminopiralide + Fluroxipir Dominum
2,4-D + Picloran Tordon
Peicloran Padron
Sorgo
Atrazine Gesaprin, Siptran
Fonte: Próprio autor

15. Conceitos Gerais em Nutrição de Bovinos de


Leite

Princípios:
Bovinos de leite são animais ruminantes, ou seja, por definição,
possuem o estômago dividido em quatro compartimentos distintos: o primeiro é
conhecido como rúmen ou pança. Nele ocorre a fermentação ou digestão
microbiana de todos os componentes da dieta, em especial a fibra. O segundo
é o retículo, responsável pela retenção das partículas ainda não digeridas
(maiores) e devolução à boca onde haverá ruminação (remastigação) e
novamente deglutição. Em terceiro se encontra o omaso, equivalente ao
estômago de monogástricos, onde haverá a digestão enzimática dos

58
nutrientes. Por último se encontra o abomaso responsável basicamente pela
absorção de água e alguns nutrientes (como vitaminas).
Os ruminantes retiram sua energia da absorção dos AGVs – ácidos
graxos voláteis – acetato, butirato e propionato principalmente, produzidos a
partir da fermentação bacteriana dos componentes vegetais: celulose,
hemicelulose, entre outros. A proteína poderá vir ou do alimento ou da própria
bactéria, que consome os nutrientes do alimento, multiplica-se, morre e será
absorvida a nível de intestino. As gorduras são absorvidas no intestino, mas
antes passam por vários processos no rúmen.
As vitaminas são absorvidas a nível de abomaso e intestino. Com
exceção das vitaminas A, complexo D e E, todas as outras são sintetizadas
pelo organismo animal e/ou bactérias ruminais – diferentemente dos
monogástricos. Minerais devem ser fornecidos na dieta e também são
absorvidos no intestino delgado.
Alimentos e Entidades Nutricionais:
Os animais ruminantes conseguem extrair seus nutrientes de matéria
vegetal (caule, folhas, etc. ex: pasto, silagem de milho, cana de açúcar), mas
para garantir altas produtividades a oferta de concentrado (grãos, raízes etc.
ex: fubá de milho, farelo de algodão) é essencial.
A composição bromatológica de uma alimento é o perfil de qualidade
nutricional avaliada em laboratório. Os principais conceitos usados são:
 MV – matéria verde: é o total do alimento oferecido, incluída a umidade;
 MS – matéria seca: a matéria verde retirada a água. Todos os cálculos
para dietas de ruminantes e nutrientes avaliados são baseados na
matéria seca, pois assim retira-se uma grande variável: a presença de
água dentro do alimento;
 PB – proteína bruta: total de Nitrogênio no alimento. Considera-se que
todo o nitrogênio multiplicado por 6,25 seja igual à proteína do alimento;
 NDT – nutrientes digestíveis totais: toda a parcela potencialmente
contribuidora de energia para o animal. Por definição é igual a
%PB+%FDN+%CNF+(%EE*2,25);
 EE – extrato etéreo: equivalente à gordura presente no alimento;

59
 FDN – fibra em detergente neutro: análise que tenta quantificar o total
de carboidratos fibrosos na dieta (celulose etc).
 CNF – carboidratos não estruturais: a outra parcela dos carboidratos.
Quantifica os carboidratos não estruturais como amido, sacarose etc.
 Ca, P, K, Mg: macrominerais.
 Zn, Mn, Co, Cu, S entre outros: microminerais.
Os alimentos podem ser divididos em: volumosos (com mais de 35% de
FDN na matéria natural) e concentrados (com menos de 35%). PORÉM, na
prática essa diferenciação se dá muito mais por matéria seca, visto que existe
uma séria de exceções. MS > 70% concentrado e < 70% volumoso.
Os principais alimentos volumosos e sua composição básica podem ser
vista a seguir.
Alimentos MS % PB % NDT % Ca % P% FDN%
B. Brizantha 34,06 7,27 61,00 0,38 0,12 76,00
B. decumbens 30,14 6,48 59,75 0,35 0,13 79,00
Cana 29,60 2,65 62,02 0,22 0,07 55,87
Cynodon 32,06 12,50 64,05 0,55 0,28 78,00
Caroço de algodão 90,78 23,00 82,86 0,26 0,87 44,98
C. Cameroon 20,22 8,41 52,81 0,38 0,28 70,14
Feno Cynodon 89,00 8,19 58,67 0,40 0,23 80,01
C. Mombaça 29,21 10,46 54,65 0,57 0,19 75,50
Capim Tanzânia 28,11 9,45 54,65 0,58 0,15 75,53
MDPS 87,80 7,71 65,53 0,04 0,21 56,94
Silagem de milho 31,17 7,27 64,27 0,30 0,19 55,68
Silagem de cana 29,60 3,97 68,74 0,30 0,05 77,00
Silagem de sorgo 29,72 6,46 57,23 0,33 0,30 61,73
Silagem cameroon 24,66 6,52 45,92 0,53 0,20 70,88
Fonte: CQBAL, 2012

Ruminantes possuem seu limite de IMS (ingestão de matéria seca) ou


por antigir o nível de energia metabólica máxima do organismo ou por
enchimento por fibra. Na realidade de volumosos tropicais o enchimento por
fibra é importante em quase 100% dos casos. Para tanto estabelece-se níveis
médios de consumo dos principais volumosos, como segue (valores dados em
% do Peso Vivo em MS ou FDN: Silagem de milho: 2 a 2,5% em MS e 1 a

60
1,4% em FDN; cana de açúcar 1,8 a 2% em MS e 0,4 a 0,8% em FDN; capim
elefante – dependendo da idade/altura de corte: 2 a 2,5% em MS e 0,8 a 1,2%
em FDN e pasto – dependendo da espécie e manejo: 1,5 a 2,5% da MS e 0,8 a
1,5% da FDN. Sendo assim, a título de exemplo, uma vaca de 600Kg de PV vai
comer, (600*0,006) 3,6 Kg de FDN de cana por dia ou (3,6/0,6) 6 Kg de MS de
cana por dia ou (4/0,22) 27 Kg de matéria verde de cana por dia.
Adiciona-se então de 0,5 a 1,5% de do PV em concentrado, em média e
obtem-se consumos que variam de 1,5 até 4% do PV em matéria seca total.
Outras equações, de acordo com semana de lactação, produção de leite,
ganho de peso etc já foram delineadas e possuem altíssima correlação com o
consumo observado à campo.
Os alimentos concentrados ainda são divididos em mais duas
categorias: energéticos e protéicos. Os energéticos possuem menos de 20%
de PB (ex: fubá, farelo de trigo, polpa cítrica) na MS e os protéicos mais de
20% (ex: uréia, farelo de soja, farelo de amendoim).
Ainda existem os minerais (núcleos, sais etc) e a água presentes na
dieta dos animais.
Alguns ingredientes e sua composição podem ser encontradas abaixo:
Ingredientes MS % PB % NDT % Ca % P% EE%
Algodão, farelo 38 89,88 38,88 72,50 0,24 0,97 1,19
Amendoim, farelo 92,00 47,40 77,00 0,20 0,65 0,86
Bicarbonato 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Calcário 100,00 0,00 0,00 38,50 0,00 0,00
Fosfato bicálcio 100,00 0,00 0,00 22,61 17,03 0,00
Milho, fubá 88,00 9,30 84,04 0,03 0,13 4,01
Sal mineral 100,00 0,00 0,00 22,00 17,40 0,00
Soja, farelo 88,50 48,74 85,42 0,33 0,57 1,01
Sorgo, Grão 89,00 9,89 85,67 0,04 0,28 2,98
Trigo, farelo 88,04 17,07 68,43 0,18 0,40 4,61
Uréia pecuária 100,00 252,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: CQBAL, 2012

61
Fontes de Consulta e Observações Finais:
O cálculo de dietas de animais leiteiros são normalmente feitas seguindo
os modelos básicos de nutrição: quadrado de Pearson, método algébrico,
tentativa e erro e softwares de computador.
As exigências podem ser divididas em:
Exigência de mantença: necessidade de nutrientes para manter a vida
(respiração, funcionamento do organismo, troca de calor etc);
Exigência de lactação: necessidade para síntese de leite;
Exigência de gestação: necessidade para formação do feto;
Exigência de ganho: necessidade para ganho de peso (ossos, músculos,
gordura).
Os sistemas de exigências nutricionais para gado de leite mais usados
são NRC 1989 e 2001, CNPCS e ARFC.
As tabelas bromatológicas dos alimentos podem ser facilmente
consultadas na literatura. Uma sugestão é o sistema CQBal que reúne grande
quantidade de dados (disponível em www.ufv.br/cqbal).

16. Cadeia Produtiva do Leite

A atividade leiteira historicamente sempre foi praticada em todo território


brasileiro, em cada município do interior sempre existiu alguém que produziu
leite, seja do menos favorecido até os mais ricos. Talvez não fosse a principal
atividade praticada na fazenda, mas sempre existiam algumas vacas que se
tiravam leite, fosse para consumo próprio, fosse para comercialização. Essa
realidade ainda é e provavelmente sempre será verdadeira, visto que no meio
rural - salvo as raras exceções - é praticamente impossível encontrar alguém
que não produza leite. Historicamente o produtor de leite brasileiro nunca se
sentiu valorizado, talvez por este ser um produto social, talvez pelas políticas
governamentais não darem a atenção devida à atividade, talvez pela rotina de
trabalho cansativa e em algumas vezes pouco lucrativa. Porém, com a
evolução da nossa pecuária leiteira ao decorrer dos anos e a conjuntura atual
do mercado, isso vem mudando aos poucos. E o objetivo dessa parte da

62
apostila é mostrar como vem se comportando esse mercado, tentando ilustrar
por meio de gráficos e dados para uma melhor visualização desse cenário.
Balança Comercial de Lácteos:
Até 2001, o nosso país se deparava em uma situação onde os produtos
lácteos do mercado interno não conseguiam concorrer com os vindos da União
Europeia e Nova Zelândia abastecidos por subsídios provenientes dos
respectivos governos, e assim a nossa balança comercial de lácteos sempre
operava negativamente. A partir de 2001, com a aplicação dos direitos
antidumping sobre tais importações - evitando práticas desleais de comércio
que permitem que produtos subsidiados entrem a preço muito baixo no país - a
balança começou a reagir, entrando em superávit a partir de 2004 alcançando
o auge em 2008. Porém, a partir dessa data, com a introdução de uma nova
política governamental que valoriza nossa moeda em relação ao dólar e os
acordos comerciais moldados com países da MERCOSUL (principalmente
Uruguai e Argentina), voltamos a ter déficit na balança comercial de lácteos,
como evidenciado no seguinte gráfico:

Fonte: MDIC. MHF/fev 13

63
Produção Brasileira de Leite por Unidades da Federação
Participação
(em milhões de litros)
nacional
Regiões 2006 2007 2008 2009 2010 Var%
MG 7.094,1 7.275,0 7.657,3 7.931,1 8.388,0 3,6% 27,3%
RS 2.625,1 2.944,0 3.314,6 3.400,2 3.633,8 2,6% 11,8%
PR 2.703,6 2.701,0 2.827,9 3.339,3 3.595,8 18,1% 11,7%
GO 2.613,6 2.639,0 2.873,5 3.003,2 3.193,7 4,5% 10,4%
SC 1.709,8 1.866,0 2.125,9 2.237,8 2.381,1 5,3% 7,8%
SP 1.744,0 1.627,0 1.579,7 1.583,9 1.605,7 0,3% 5,2%
BA 905,8 966,0 952,4 1.182,0 1.238,5 24,1% 4,0%
PE 630,3 662,0 725,8 788,3 877,4 8,6% 2,9%
RO 637,4 708,0 723,1 746,9 803,0 3,3% 2,6%
MT 583,9 644,0 656,6 680,6 708,5 3,7% 2,3%
PA 691,1 643,0 599,5 596,2 563,8 -0,6% 1,8%
MS 490,3 490,0 496,0 502,5 511,3 1,3% 1,7%
RJ 468,2 463,0 475,6 483,1 488,8 1,6% 1,6%
CE 380,0 416,0 425,2 432,5 444,1 1,7% 1,4%
ES 434,0 438,0 418,9 421,6 437,2 0,6% 1,4%
MA 341,2 336,0 365,6 355,1 375,9 -2,9% 1,2%
SE 242,6 252,0 259,7 286,6 296,7 10,3% 1,0%
TO 217,3 214,0 222,6 233,0 269,5 4,7% 0,9%
AL 228,2 243,0 239,9 238,2 231,4 -0,7% 0,8%
RN 235,5 214,0 219,3 236,0 229,5 7,6% 0,7%
PB 154,7 170,0 193,6 213,9 217,0 10,5% 0,7%
PI 79,8 76,0 77,8 87,2 87,4 12,1% 0,3%
AM 45,4 19,0 39,4 41,7 47,2 6,0% 0,2%
AC 98,1 80,0 70,1 43,4 41,1 38,1% 0,1%
DF 34,1 36,0 29,0 36,0 36,3 24,1% 0,1%
AP 4,4 6,0 5,3 6,7 7,0 27,2% 0,0%
RR 5,8 6,0 5,1 5,1 6,0 0,0% 0,0%
Brasil 25.398,2 26.134,0 27.579,4 29.085,5 30.715,5 5,5% 100,0%
Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal/IBGE

64
Entretanto mesmo operando em déficit na balança comercial, a
produção de leite internamente só cresce, resultado do antidumping em 2001,
que impulsionou a produção interna. Em 10 anos a produção aumentou em
10,5 bilhões de litros produzidos anualmente, como mostrado no seguinte
gráfico:

35,0

32,3
30,7 31,0
Aumento de 10,5 Bilhões
30,0 29,1
27,6
26,1
25,4
Bilhões de litros

25,0 24,6
23,5
22,3
21,6
20,5
19,8
20,0 19,1
18,5 18,7 18,7

16,5
15,8 15,6 15,8
15,1
15,0 14,5

10,0
.

*
90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
Fonte: PPM / IBGE
Elaboração: CNA
*Estimativa .

Principais Produtores de Leite no Mundo

EUA ÍNDIA CHINA BRASIL RÚSSIA


1ªProdução:87bi 2ªProdução:52bi 3ªProdução:37bi 4ªProdução:32bi 5ªProdução:31bi
Produtividade: Produtividade: Produtividade: Produtividade: Produtividade:
9800L/vaca/ano 1190L/vaca/ano 4030L/vaca/ano 1680L/vaca/ano 3800L/vaca/ano
Fonte: Estatísticas MilkPoint

Preços do Leite no Brasil:


O preço do leite no Brasil, sempre enfrentou fortes oscilações,
dependendo é claro das peculiaridades de cada período e hoje é influenciado
fortemente por alguns fatores:
 Oferta e demanda interna e externa, assim como seus respectivos
custos de produção;
 Acordos comerciais enovelados pela política adotada pelo governo;
 Condições climáticas que afetam a produção interna quanto

65
internacional;

Fonte: Estatísticas MilkPoint

Oferta e Demanda:
A dinâmica da atual política governamental favoreceu o crescimento do
poder de compra de uma parte da população que até então tinha pouca
participação no consumo de lácteos, a classe C. Essa classe corresponde a
nada mais que 51% de toda população brasileira e representa 46% do poder
aquisitivo total da população, mais que a classe A e B somadas. Essa situação
porém, não permite que aconteça um consumo desejado de produtos lácteos,
mostrando que nosso mercado consumidor ainda está deprimido
(principalmente comparado a outros países), mesmo mostrando uma pequena
melhora. É o que mostra o gráfico seguinte:

Evolução do consumo aparente de lácteos no Brasil


220,0

Recomendação do Guia Alimentar Brasileiro


200,0

Consumo de Lácteos em 2010:


180,0
Uruguai: 242 litros/hab./ano
168,5
Argentina: 200 litros/hab./ano
160,0 166,0

140,0
litros/hab./ano

120,0
106,3
100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
*

*
.

.
1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Fonte: IBGE, SECEX/MDIC, MAPA Elaboração: CNA, CBCL/OCB, Leite Brasil - *Estimativa

Outro cenário atual no mercado é a recente crise econômica mundial


que pode interferir diretamente no preço do leite. Alguns países já não tem o
mesmo poder de compra, o que pode afetar exportações, oscilar preços, e o

66
desespero de alguns pode ser a alavanca para o crescimento de outras nações
no setor. Não se pode deixar de citar um importante fator que alavancou os
preços internacionais de leite em pó, que foi a queda na produção de leite na
Nova Zelândia, maior player no mercado mundial.
Custos de Produção :
No ano que se passou, os preços das commodities agrícolas mundiais
(principalmente soja) subiram assustadoramente afetando toda a cadeia
produtiva leiteira. As margens ficaram cada vez menores e o equilíbrio dentro
do custo de produção foi fortemente afetado.
Condições Climáticas:
A relação que as mudanças climáticas têm com o preço do leite é
simplesmente direta. Se a condição climática interfere negativamente na
produção, o preço do leite sobe, e o contrário também é verdadeiro. Visto que o
nosso país possui um grande território estamos sujeitos a variações no preço a
todo o momento.
Perspectivas de Mercado:
As perspectivas para o mercado lácteo são animadoras e ao mesmo
tempo desafiadoras. Animadoras no sentido dos altos preços pagos aos
produtores, servindo de incentivo para investimento e persistência na atividade.
E desafiadoras no sentido de que devemos aproveitar esse cenário interno
favorável para crescermos. Elaborando estratégias para organização do setor
lácteo como um todo, tanto para captadores como para produtores; atuando
levando sempre em consideração as variações impostas pelo mercado;
equilibrando custos de produção; trabalhando na melhoria da qualidade do
leite, sempre atento às mudanças da normativa; e com o aumento da demanda
mundial (encabeçada pela China) por produtos lácteos, buscar melhorar a
eficiência em toda a cadeia e aumentar a qualidade dos produtos ofertados
para vencer a concorrência global.

67
CURIOSIDADES:
MAIORES EMPRESAS CAPTADORAS DE LEITE NO BRASIL

A DPA (joint venture entre Nestlé e Fonterra) no topo da lista, mesmo


apresentando uma queda de 7,8% na captação com relação a 2011, ainda foi
responsável por 1,9 bilhão de litros de leite recepcionados no país. O segundo
lugar continuou representado pela LBR – Lácteos Brasil (fusão entre Bom
Gosto e Leitbom) com 1.576.800 bilhões de litros, a qual neste último ano
reduziu suas captações em 6,3%. O terceiro lugar novamente foi ocupado pela
mineira Itambé, captadora com a maior redução registrada - 13,2% -, que foi
responsável pela recepção de 955.000 milhões de litros. Vale destacar que os
maiores aumentos na captação registrados ocorreram em empresas nacionais
como a Confepar (21,6%) e Laticínios Bela Vista (28,4%), seguidos pela
francesa Danone com 19,8% de crescimento. Castrolanda e Batavo, que não
apareceram no ranking anterior, após parceria firmada no ano passado,
somaram volumes de captação e figuraram bem neste novo ranking ocupando
o 7º lugar. A Brasil Foods, dona das marcas Batavo e Elegê, e a Tirol não

68
fornecem dados para o ranking e, caso o fizessem, provavelmente estariam
listadas entre as maiores captadoras de leite, provavelmente entre a 2ª e a 3ª
maior.
No total, as 13 maiores empresas recepcionaram 8.401.926 bilhões de
litros em 2012, 37,6% do total captado segundo dados do IBGE. O volume
recepcionado por essas empresas foi 1,6% superior ao de 2011, provenientes
de 60.979 produtores. Ao passo que o número de fornecedores caiu 4,1%, a
média de litros captados por dia por produtor subiu 3,1%, o que representa um
aumento na produtividade média.
Ministério da Agricultura:
O atual ministro da agricultura assumiu o cargo a partir do dia
16/03/2013. Antônio Andrade é engenheiro civil e produtor rural. Foi prefeito da
cidade mineira de Vazante entre 1989 e 1992. Em seguida, foi deputado
estadual em Minas por três mandatos. Atualmente, está no segundo mandato
como deputado federal. Em 2009, foi eleito presidente da Executiva Estadual
do PMDB de Minas Gerais e, em 2012, exerceu a presidência da Comissão de
Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Em substituição a Mendes
Ribeiro, Antônio Andrade tem como desafio alavancar e desenvolver o setor
que está sempre em crescimento e há muito tempo é o grande responsável
pelo crescimento do PIB brasileiro.
Instituições:
EMBRAPA - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi criada em
26 de abril de 1973. Sua missão é viabilizar soluções de pesquisa,
desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em
benefício da sociedade brasileira. A Embrapa atua por intermédio de Unidades
de Pesquisa e de Serviços e de Unidades Administrativas, estando presente
em quase todos os Estados da Federação, nos mais diferentes biomas
brasileiros.
IMA - O Instituto Mineiro de Agropecuária tem como missão exercer a
defesa sanitária animal e vegetal, a inspeção e fiscalização de produtos
contribuindo para a preservação da saúde e do meio ambiente.

69
FAEMG - A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas
Gerais representa os produtores rurais de todo o estado. A entidade une forças
para defender os interesses políticos, econômicos e sociais da categoria, que
possui 379 sindicatos, e também desenvolve ações juntamente com o SENAR
(Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para capacitar produtores.
EMATER - A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais, foi criada em 1935 atuando como um dos principais
instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de
planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver
ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar. Constitui
área específica de atuação o território mineiro, buscando resultados como a
melhoria da qualidade de vida e condições de produção dos produtores de
agricultura familiar, a inclusão social de grupos e comunidades rurais, por meio
de programas geradores de emprego e renda, e as ações de organização rural
para o desenvolvimento com sustentabilidade e atendimento aos direitos de
cidadania.

70
17. Referências Bibliográficas

Notas Palestra Cadeia Produtiva do Leite PDPL-RV - Christiano Nascif


Notas de aulas ZOO426 – Bovinocultura de Leite
Notas de aulas ZOO484 – Manejo e Administração em Bovinocultura de Leite
Notas Palestras Índices Zootécnicos PDPL-RV – André Navarro e Marcus
Vinícius Moreira
IBGE 2012 – Estatísticas do Agronegócio Brasileiro -
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro
Leite Brasil / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
MilkPoint - http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/estatisticas/estatisticas-
do-leite-milkpoint-80417n.aspx
Boletins do Leite CEPEA - http://cepea.esalq.usp.br/leite/
LOPEZ, H.; SATTER, L.D.;WILTBANK, M.C. Relationship between level of milk
production and estrus behavior of lactating dairy cows. Animal Reproduction
Science, v.81, n.7, p.209- 223, 2004.
NEBEL, R. L.; JOBST, S. M.; DRANSFIELD, M. B. G.; PANDOLFI, S. M.;
BAILEY, T. L. Use of radiofrequency data communication system, Heat
WatchÒ, to describe behavior estrus in dairy cattle.Journal of Dairy Science,
Savoy, 80, supl. 1, p. 151, 1997
NEBEL, R.L.; BAME, J.H.; PEARSON, R.E. Factors affecting the intensity and
duration of estrus of Holstein and Jersey cattle.Journal of Dairy Science, Savoy,
85, supl. 1, p. 266, 2002
RADOSTITS, O.M., GAY, C.C., BLOOD, D.C., HINCHCLIFF, K.W., Um tratado
de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9º edição, 2000
Michel A. Wattiaux, BABCOCK INSTITUTE
Aulas de Clínica de equinos e bovinos UFV
MARCONDES, M.I. ZOO 496: Notas de Aula, UFV: 2012
NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requeriments of dairy
cattle. 6.rev.ed. Washinton, D.C.: 1989. 157p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requeriments of dairy
cattle. 7.rev.ed. Washinton, D.C.: 2001. 381p.

71
Van SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber,
neutral detergent fiber, and nonstarchpolyssacarides in relation to animal
nutrition. Journal Animal Science, v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.
VALADARES FILHO, S.C., ROCHA JÚNIOR, V.R., CAPELLE, E.R., Tabelas
Brasileiras de Composição de Alimentos para Bovinos. CQBAL 2.0. 2. Ed.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. Suprema Gráfica Ltda. 2008. 307p.
QUALIDADE DO LEITE, Manual da Cooperativa. Itambé, 1998;
DOS SANTOS, Marcos Veiga; Estratégias para Controle de Mastite e Melhoria
da Qualidade do Leite, 2007;
III SIMLEITE: III Simpósio Nacional de Bovinocultura Leiteira;
Milkpoint: O ponto de encontro da cadeia produtiva do leite.
http://www.milkpoint.com.br/
Notas de aula da disciplina ZOO 453
Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5ª
aproximação)

72

Você também pode gostar