Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PDPL-RV
1
NOTA: Essa apostila reúne vários temas dentro da pecuária leiteira e tem por
finalidade auxiliar na preparação e treinamento dos estagiários do PDPL-RV.
Lembrando que todo o conteúdo aqui encontrado serve como base de consulta
e a maioria das informações, com o decorrer do tempo, precisam ser
analisadas ou revistas, já que a área onde atuamos necessita sempre de
atualizações e adaptações a cada situação específica.
Índice
Conteúdo Página
2
1. Cria e Recria de Fêmeas Leiteiras
Manejo da Cria
1. Primeiros cuidados:
Corte e Cura do Umbigo: O umbigo é o conjunto de estruturas responsáveis
pela nutrição do feto antes do seu nascimento. Após o nascimento, é
recomendado o corte e cura do umbigo, sendo o
corte realizado com tesoura, de preferência com
pouco corte, na altura de 02 a 03 cm da sua inserção.
A cura do umbigo consiste na imersão da estrutura
em solução desinfetante e desidratante, podendo ser
utilizada solução de álcool iodado de 5 a 10% em
recipiente de boca larga, deixando agir por
aproximadamente 01 minuto. A cura deverá ser
Fonte: Rehagro
realizada por três a quatro dias, até que o coto
umbilical esteja completamente seco. A cura de umbigo realizada de maneira
incorreta ou tardia predispõe o animal a infecções umbilicais que podem evoluir
para quadros de diarréia, pneumonia, infecções urinárias e septicemia,
podendo levar o animal ao óbito.
Fornecimento de colostro: Deve ser fornecido em torno de 10% do peso vivo
do animal (4 litros) até as 06 horas após o nascimento. Após esse tempo há
uma diminuição na capacidade de absorção de imunoglobulinas pelo intestino
do animal, cessando após 24 horas. Caso haja pouca disponibilidade de
colostro na propriedade, pode-se fazer a seguinte diluição: 01 litro de colostro
para 02 litros de leite ou 02 litros de colostro para 01 litro de água.
3
Identificação dos animais: Deve ser realizada no primeiro mês de vida do
animal.
Descorna: Pode ser realizada com o auxílio de ferro quente, elétrico ou ainda
produtos químicos, a base de hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio.
Atentar para a limpeza diária do local, evitando a presença de miíases.
2. Manejo nutricional:
Aleitamento: pode ser natural ou artificial.
Natural: o bezerro obtém o leite diretamente do teto da vaca, sendo
mais freqüente em rebanhos com maior grau de sangue zebuíno.
Normalmente ocorre após a ordenha sendo de um dos tetos não
ordenhados, durante o protocolo de ordenha deve-se utilizar o pré-
dipping mas não o pós-dipping. Como não se sabe a quantidade exata
de leite mamado, pode haver comprometimento tanto da colostragem
quanto do ganho de peso durante o aleitamento, devendo ser realizada
a pesagem constante do animal para averiguar o ganho de peso.
Artificial: o bezerro obtém a dieta líquida da mamadeira ou balde. Pode
ser o leite integral fornecido diariamente ou pode ser utilizado
suscedâneos comerciais na forma de leite em pó.
Fornecimento de leite: Fornecer 3 litros após a ordenha da manhã e 3 litros
após a ordenha da tarde, até o 30° dia. A partir dos 30 dias fornecer o leite em
uma única refeição de 4 litros até que o mesmo atinja o dobro do peso ao
nascimento e esteja consumindo em torno de 700 a 800 gramas de
concentrado por dia.
Fornecimento de suscedâneos: O uso de suscedâneos se justifica por
diminuir os gastos com o aleitamento, havendo vantagem econômica quando o
preço do suscedâneo estiver em torno de 20% menor que o do leite integral.
Em relação a qualidade do suscedâneo deve-se avaliar a solubilidade do
produto em água e os teores de proteína (18 a 22%) de preferência de origem
láctea, gordura (10 a 25%) e o teor de fibra (0,2%).
Fornecimento de água: Deve ser de qualidade e fornecida diariamente.
Atentar para o fornecimento de água após 30 minutos do fornecimento do leite.
Fornecimento de concentrado: Deve ser utilizado alimento de qualidade, com
aproximadamente 18% de PB e 78% de NDT. O concentrado deve estar moído
grosseiramente, evitando assim a inalação de partículas.
4
Desaleitamento: Deve ser realizado de forma abrupta, deixando de fornecer o
leite, desde que o animal esteja ingerindo em torno de 700 a 800 g/dia de
concentrado por no mínimo 03 dias.
Acompanhamento do ganho de peso: pesagem mensal com ganho de peso
ideal estimado em torno de 0,700 Kg/dia.
3. Manejo sanitário:
Vermifugação: Deve ser realizada mensalmente com vermífugo oral.
Albendazol (10 a 15 mg/kg).
Vacinações:
Manejo da Recria
A fase de recria compreende o período do desmame até a primeira
cobrição ou inseminação. A duração desse período está diretamente
relacionada com o ganho de peso alcançado nessa fase. Embora a recria seja
uma fase menos complexa que a da cria, os cuidados devem ser os mesmos
em relação as principais doenças que atingem essa fase.
Importância da divisão de lotes: A uniformidade dos lotes, divididos
com base no peso, permite uma menor competição por alimentos, otimizando a
dieta e facilitando a observação de animais doentes, garantindo assim ganhos
de peso satisfatórios.
Planejar o ganho
de peso na recria de uma
propriedade permite-se
controlar a idade do
primeiro parto (IPP),
reduzindo dessa maneira
o custo da recria, tornando Fonte: Próprio autor
o animal produtivo.
Comparando-se um animal com IPP de 36 meses com outro de IPP de 25
5
meses a diferença entre as duas parições consiste em uma lactação, portanto
a redução da IPP com as devidas adequações na dieta permite um ganho ao
produtor.
Manejo sanitário: Assim como a cria, as principais doenças que acometem os
animais nessa fase são a pneumonia, a diarréia e a tristeza parasitária, sendo
seus cuidados semelhantes ao da cria.
O controle de endoparasitas pode ser realizado através do controle estratégico
nos meses de janeiro, maio, julho, setembro e dezembro. Com aplicação de
medicamentos a base de Ivermectina (0,2 mg/kg). No controle de ectoparasitos
pode ser utilizado também o controle estratégico, realizado nos meses mais
quentes do ano, com cinco banhos carrapaticidas a cada 21 dias ou três
tratamento com produto pour on a cada 30 dias.
Criar ou comprar as novilhas?
As principais vantagens do produtor criar suas bezerras seriam:
1. Possibilidade de escolha do touro/sêmen a fim de melhorar a genética
da propriedade;
2. Com a menor introdução de animais de fora na propriedade, há menor
probabilidade de entrada de novas doenças no rebanho;
3. Aumentar a eficiência da mão de obra, terras e alimentos;
4. Possibilidade de renda com vendas de novilhas.
As principais vantagens na compra de novilhas seriam:
1. Especialização da propriedade na produção de leite;
2. Aumento do rebanho em um tempo mais curto;
3. Melhora da genética em menor tempo.
A decisão entre criar ou comprar os animais é principalmente de ordem
econômica e vai depender da habilidade do produtor em criar bem as novilhas
e do desempenho delas no rebanho.
6
Fonte: Rehagro
Início da lactação:
O animal apresenta maior exigência nutricional e baixo consumo de
matéria seca, resultando em uma situação conhecida como balanço
energético negativo, ocasionado queda no escore de condição corporal
e exigindo dietas com maior densidade energética e com alimentos de
alta qualidade.
Meio da Lactação:
Balanço energético começa a ficar positivo;
Inicia-se a recuperação do ECC;
Período propício à concepção da vaca.
Final de lactação:
Balanço energético francamente positivo;
Recuperação completa do ECC (cuidado com os excessos, a vaca
deveria secar com ECC de 3,25-3,50);
Período de menor retorno econômico, pelo decréscimo na produção;
Maximizar o uso de ingredientes de menor custo;
Preparar a vaca para a secagem, que deve ocorrer 60 dias antes da
data prevista para o próximo parto.
7
Critérios de agrupamento:
Produção;
Nº de lactações;
Fase de lactação (dias em lacação ou dias pós-parto);
Situação reprodutiva;
Escore de condição corporal.
Lote de primíparas:
Necessário devido às diferenças das exigências nutricionais entre vacas
de 1ª cria e multíparas (primíparas possuem exigência de crescimento
além da exigência de produção);
Hierarquia das multíparas dentro dos lotes em relação às primíparas,
Pico de consumo de matéria seca mais prolongado das primíparas em
relação às multíparas.
Vacas Secas: Sessenta dias antes do parto torna-se necessário a secagem
dos animais, objetivando-se a renovação do tecido da glândula mamária,
acompanhado de uma aplicação de antibiótico intramamário buscando-se
combater patógenos causadores de doenças como a mastite.
Pré-parto: Com essa prática tem- se como objetivo adaptar o animal para a
dieta a ser fornecida no pós-parto e manter o escore de condição corporal, não
sendo recomendado ganhos de peso nessa fase a fim de se evitar possíveis
distúrbios metabólicos.
3. Qualidade do Leite
8
Requisitos físicos e químicos do leite conforme a IN 62:
Requisitos Limites
Gordura Mínimo 3,0/100g
Proteínas Mínimo 2,9/100g
Densidade relativa 1,028 a 1,034
Ácidez titulável 14 a 18° D
Extrato seco desengordurado Mínimo 8,4/100g
Índice crioscópico Máximo -0,512°C
Fonte: Adaptado da Instrução Normativa 62, de 2011
9
inversão e a maioria das células somáticas é composta de leucócitos de origem
sanguínea. Dentre as consequências da CCS alta, podem ser citados:
10
Higiene da ordenha;
Equipamentos, sala de ordenha, tanque, mãos do ordenhador, teteiras,
baldes, e demais utensílios;
Resfriamento do leite (tempo, temperatura e período de
armazenamento), que deve estar a uma temperatura de 4°C dentro de
no máximo 3 horas após a ordenha, e deve permanecer armazenado
por um tempo máximo de 48 horas;
Produtos utilizados na higienização e desinfecção de utensílios,
observando a diluição, temperatura e frequência da utilização dos
detergentes;
Qualidade da água.
Fonte: Rehagro
11
MANEJO DA ORDENHA
1. Condução dos animais até a sala de ordenha;
2. Lavagem das mãos antes da ordenha, com uso opcional de luvas;
3. Quando necessário, fazer a lavagem dos tetos dos animais, não do
úbere, com água de baixa pressão;
4. Realização do teste da caneca de fundo preto,retirando-se os três
primeiros jatos mais contaminados;
5. Imersão dos tetos em solução pré-dipping;
6. Colocação dos conjuntos de ordenha, evitando-se vazamento de vácuo;
7. Remoção correta dos conjuntos de ordenha, fechando-se o vácuo;
8. Imersão dos tetos em solução pós-dipping.
MANEJO DE ORDENHA COM BEZERRO AO PÉ
1. Amarrar a vaca;
2. Lavar as mãos;
3. Fazer o teste da caneca;
4. Colocar o bezerro para apojar;
5. Amarrar o bezerro;
6. Realizar a imersão dos tetos com pré-dipping;
7. Secar os tetos com papel toalha;
8. Retirar o leite;
9. Coar o leite.
1. Hipocalcemia:
O que é?
É uma doença metabólica que geralmente acomete bovinos de alta produção
leiteira e está associada à queda rápida dos níveis séricos de cálcio no
periparto, ocorrendo geralmente nas primeiras 48 horas após o parto. A sua
etiologia é multifatorial, e envolve fatores ambientais (manejo nutricional e
composição da dieta alimentar no pré-parto) e individuais (produção leiteira,
idade e raça).
12
Identificação:
No período inicial da doença, o animal encontra-se em pé com tremores
musculares, ranger de dentes, mugidos frequentes, anorexia e dispneia. No
segundo estágio, há queda do animal e rigidez de membros, além de decúbito
esternal prolongado com a cabeça voltada
para o flanco, diminuição do nível de
consciência, fim da tetania, flacidez de
membros, frieza das extremidades,
diminuição da temperatura retal, aumento
da frequência cardíaca, dilatação das
pupilas, diminuição ou ausência do reflexo
pupilar e alterações digestivas. No terceiro Fonte: Rehagro
13
tamanho variado com aspecto de couve-flor, principalmente na região da
cabeça, abdome, pescoço e úbere, podendo acometer todo o corpo.
Prevenção:
Os animais afetados devem ser separados dos demais, e os equipamentos de
uso comum devem ser esterilizados e desinfetados após a utilização.
Tratamento:
O tratamento com auto-hemoterapia se mostra eficaz, além de pastas e
pomadas comerciais.
3. Dermatofilose:
O que é?
É um processo infeccioso da pele causado pela bactéria Dermatophilus
congolensis, caracterizado por dermatite exsudativa com erupções cutâneas
crostosas e escamosas em qualquer parte do corpo, que ocorre quando há
redução ou alteração das barreiras naturais da pele, relacionada a fatores
ambientais, como umidade e altas temperaturas, e fatores estressantes, como
desmama, carência alimentar e traumatismos. A doença ocorre na forma de
surtos, principalmente na época chuvosa e associada a pastagens Brachiaria
decumbens ou Brachiaria brizantha, que provocam microlesões na pele dos
animais através de suas folhas ásperas.
Identificação:
No estágio inicial o animal apresenta áreas com lesões crostosas muito
aderentes que ao retirar encontra-se pus e o animal apresenta dor. No estágio
adiantado as crostas se soltam da pele em tufos de pelos sem demonstração
de dor.
Prevenção:
Deve-se realizar o isolamento e o tratamento imediato dos animais afetados,
assim como a desinfecção do local e dos utensílios utilizados no manejo destes
animais.
Tratamento:
O tratamento é feito a base de oxitetraciclina (1ml/10kg repetir após 48h) e na
utilização de tintura de iodo diluído em água nas lesões.
14
4. Dermatofitose:
O que é?
É uma dermatite localizada
crônica, infectocontagiosa,
causada por fungos
dermatófitos, que levam à
descamação e perda de
pelos. Também é conhecida
Fonte: Agromundo
15
Identificação:
Os sinais incluem corrimento de líquido pela goteira lacrimal e fotofobia,
seguidos de opacidade no centro da córnea, que pode evoluir até ulceração,
ocasionando cegueira temporária ou permanente e ruptura de córnea.
Prevenção:
O controle da doença deve ser realizado através de vacinas e/ou pelo
impedimento da ação dos vetores (moscas). A vacina deve ser aplicada antes
do aparecimento dos casos clínicos, em todos os animais do rebanho a partir
de 4 meses de idade.
Tratamento:
O tratamento pode ser feito com antibiótico tópico.
6. Pneumonia:
O que é?
É uma doença que afeta os bezerras e vacas, causada por bactérias e vírus,
como consequência da interação de três fatores: agentes patogênicos,
condição geral do animal (nutrição) e condições ambientais (estresse,
ventilação), geralmente acompanhando outras doenças. A transmissão se dá
por contato direto, e a sua eliminação completa é muito difícil.
Identificação:
Os sinais são variáveis, mas incluem febre,
perda de apetite, apatia, tosse, secreção
purulenta e dispnéia.
Prevenção:
Algumas medidas importantes para
prevenir a doença são: higiene do
ambiente, ingestão adequada de colostro,
Fonte: Rehagro
16
7. Acidose:
O que é?
É uma doença metabólica aguda, causada pela ingestão súbita de grande
quantidade de dietas com excesso de carboidratos, e caracterizada por perda
de apetite, depressão e morte. A quantidade de alimentos necessária para
causar um quadro agudo depende do tipo de grão, de contato anterior com o
alimento, do estado nutricional e do tipo de microbiota ruminal do animal.
Identificação:
Os animais apresentam diminuição drástica no consumo de alimento, queda no
teor de gordura do leite e laminite. Em casos subclinicos, as vacas apresentam
alta variabilidade na produção de leite, fezes inconsistentes e pouca
ruminação.
Prevenção:
As medidas de prevenção consistem em evitar o acesso acidental de animais a
grandes quantidades de grãos e na adoção de esquema adequado de
adaptação, com mudança lenta e gradual ao concentrado. Além disso, pode-se
considerar a adição de produtos tamponantes na ração, como o bicarbonato de
sódio, e o uso de ionóforos, como a monensina sódica.
8. Carbúnculo sintomático:
O que é?
Também conhecida como
“manqueira” ou “mal de ano”, esta
doença aguda e fatal acomete
principalmente animais jovens (6
meses a 2 anos) e é causada pela
bactéria Clostridium chauvoei.
Fonte: Ouro Fino
Identificação:
É caracterizada por claudicação e tumefação crepitante à palpação de grupos
musculares, depressão, apatia e febre.
Prevenção:
Deve-se vacinar todos os bezerros de 4 a 6 meses de idade anualmente. Os
cadáveres de animais acometidos devem ser retirados do pasto, cremados e
os restos mortais devem ser enterrados profundamente para evitar a
contaminação dos pastos e a disseminação da bactéria.
17
9. Diarréias:
O que é?
As diarréias são doenças complexas e
multifatoriais, que envolvem o animal, o
ambiente, a nutrição e os agentes
infecciosos, como bactérias (Escherichia
coli, Salmonella spp.), vírus (Rotavirus,
Coronavirus), protozoários (Eimeria spp.,
Fonte: Rehagro
Cryptosporidium sp.) e helmintos, sendo
mais comuns as infecções mistas. Geram prejuízos econômicos devido à perda
de animais por morte ou descarte precoce, redução do ganho de peso e custo
do tratamento. Alguns fatores contribuem para o aumento da incidência de
diarréias, como a intensificação dos sistemas de produção e as falhas no
fornecimento do colostro.
Identificação:
Os animais apresentam fezes inconsistentes podendo ter a cor alterada, rabo
sujo, apático e em casos mais graves apresentam desidratação.
Prevenção:
Para prevenir, deve-se fornecer colostro de alta qualidade em quantidade
adequada e em tempo hábil; reduzir o estresse e o desafio, através de
instalações secas e higienizadas; fornecer dietas balanceadas para suprir os
requisitos nutricionais e observar frequentemente os animais para o tratamento
rápido.
Tratamento:
O tratamento é baseado na hidratação do animal e no uso de antibiótico à base
de sulfadoxina e trimetoprima (1ml/15kg durante 3 dias) ou enrofloxacina
(1ml/40kg durante 3 dias).
10. Brucelose:
O que é?
É uma zoonose crônica causada pela
bactéria Brucella abortus, que afeta o
sistema reprodutivo dos animais. A bactéria
é transmitida principalmente através de Fonte: TV Gazeta
18
alimentos contaminados por líquidos e tecidos fetais de abortamentos.
Identificação:
Os sinais consistem em abortamentos no terço final da gestação, nascimento
de bezerros fracos ou mortos, retenção de placenta, repetição de cio, metrite,
infertilidade, queda na produção de leite e aumento de volume nas
articulações. Nos machos, há inflamação de um ou dois testículos, causando
infertilidade e diminuição da libido.
Prevenção:
Para prevenção, deve-se obrigatoriamente vacinar as fêmeas entre 3 e 8
meses com a vacina viva atenuada B19, e realizar testes sorológicos. Outras
medidas incluem a aquisição de animais livres da doença e o descarte de filhas
de mães infectadas.
Tratamento:
O animal não pode ser tratado. A doença deve ser notificada e o animal
abatido.
11. Febre Aftosa:
O que é?
É uma doença viral contagiosa que acomete animais biungulados, transmitida
por contato direto e fômites contaminados.
Identificação:
O animal doente tem apatia, febre, pelos
arrepiados e feridas na língua, gengiva, úbere
e entre as unhas, além de sialorréia e disfagia.
Prevenção:
A prevenção é realizada através de
vacinação, com diferentes esquemas nos
estados brasileiros. Em Minas Gerais, todos
os animais são vacinados
no mês de maio e, em novembro, apenas os
animais com até 24 meses.
Fonte: Rehagro
Tratamento:
Não pode ser tratada. A doença deve ser notificada e os animais abatidos.
19
12. Leptospirose:
O que é?
É uma zoonose causada pela bactéria Leptospira interrogans, com uma grande
variedade de sorovares capazes de provocar a doença em mamíferos.
Diversos animais domésticos e silvestres podem ser portadores da bactéria,
sendo que os ratos domésticos são os principais transmissores do sorovar
icterohaemorrhagiae. Os animais doentes e/ou portadores são os grandes
disseminadores da bactéria no rebanho. A transmissão ocorre através da
penetração da bactéria na pele, lesada ou não, e pelas mucosas em contato
com urina, líquidos fetais, água, alimentos e sêmen contaminados.
Identificação:
Os sinais são abortamentos no final da gestação, retenção de placenta,
nascimento de bezerros fracos que morrem nos primeiros dias de vida e
mastite. Os bezerros apresentam depressão, febre, anemia, urina escura,
icterícia e morte em algumas horas.
Prevenção:
Como forma de controle, recomenda-se a realização de exames sorológicos
periodicamente e o tratamento dos animais acometidos. Além disso, a
vacinação é recomendada em animais a partir de 4 meses.
Tratamento:
O tratamento é feito através de administração de uma única dose de 25mg/Kg
de estreptomicina.
13. Neosporose:
O que é?
É uma enfermidade causada pelo parasita Neospora caninum, transmitido pela
água e alimentos contaminados com fezes de cães. As vacas infectadas são,
geralmente, portadoras assintomáticas.
Identificação:
Pode haver abortamento, mumificação e natimortos. Os bezerros que nascem
vivos podem apresentar paralisia, baixo crescimento e disseminação crônica do
agente no rebanho.
Prevenção:
Para evitar e controlar a doença, deve-se utilizar apenas receptoras
soronegativas, reduzir o contato de cães com tecidos infectados, retirar os fetos
20
e placentas das pastagens e reduzir o número de cães em contato com o
rebanho.
Tratamento:
Não há tratamento para bovinos.
14. Onfalites:
O que é?
São infecções do umbigo, que podem ocorrer na veia umbilical (onfaloflebite),
na artéria umbilical (onfaloarterite) e no úraco (uraquite), causadas
principalmente por Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Arcanobacterium
pyogenes, Escherichia coli, entre outros. Pode haver infecções secundárias
nas articulações e abscessos hepáticos.
Identificação:
Os sinais incluem aumento de volume do umbigo, dor à palpação e secreção
purulenta, sendo mais comum a dilatação e o espessamento do cordão
umbilical.
Prevenção:
Para prevenir, deve-se realizar a cura correta do umbigo logo após o
nascimento do animal, com limpeza e corte do cordão umbilical, seguido da
aplicação de uma substância cáustica e de solução de iodo.
Tratamento:
O tratamento se baseia no uso de Penicilinas (20000 a 30000 UI/kg durante 7
dias).
15. Raiva:
O que é?
É uma zoonose causada por um vírus que invade as células do sistema
nervoso através da inervação periférica, atingindo o sistema nervoso central e
os demais órgãos. O principal transmissor da raiva para os herbívoros é o
morcego hematófago Desmodus rotundus.
Identificação:
O sinal inicial é o afastamento do animal do rebanho, com certa apatia e perda
de apetite. Há aumento de sensibilidade, mugido constante, salivação
abundante, disfagia, tremores musculares, ranger de dentes, incoordenação
motora, andar cambaleante, até o animal entrar em decúbito e apresentar
movimentos de pedalagem, dispneia, asfixia e morte.
21
Prevenção:
Para o adequado controle da doença, todos os animais devem ser vacinados
uma vez por ano em regiões não endêmicas e duas vezes por ano em regiões
endêmicas.
Tratamento:
Não há tratamento.
16. Tuberculose:
O que é?
É uma zoonose crônica, causada pela bactéria Mycobacterium bovis, que é
transmitida através do ar, leite, alimentos e água contaminados.
Identificação:
A maioria dos bovinos não apresenta sinais clínicos, mas pode haver perda de
peso, debilidade, febre, perda de apetite, dispnéia, tosse, corrimento nasal
seroso ou purulento e linfonodos periféricos aumentados.
Prevenção:
Como formas de prevenção e/ou controle, deve-se realizar periodicamente
exames de tuberculinização e eutanásia dos animais positivos.
Tratamento:
Não pode tratar. A doença deve ser notificada.
17. Retenção de Placenta:
O que é?
É a retenção patológica das membranas fetais após 12h do parto ou
abortamento. A retenção ocorre devido a ausência das contrações uterinas,
estresse, doenças metabólicas (hipocalcemia e cetose), distensão excessiva
do útero, distúrbios hormonais, brucelose, leptospirose ou IBR.
Identificação:
As membranas ficam expostas através da vulva e
apresenta um odor fétido.
Prevenção:
Pode ser evitado reduzindo no estresse no pré-parto,
evitando superlotação de lote, partos distócico,
adequando o espaço de cocho e realizando manejo
nutricional adequado. Fonte: Beefpoint
22
Tratamento:
O tratamento é feito com antibióticos à base de oxitetraciclina (1ml/10Kg, se
necessário aplicar novamente após 48h) ou ceftiofur (1ml/50Kg, 1X/dia, por 3
dias ) e com o uso do hormônio: ECP (3ml, dose única; IM).
18. Metrite:
O que é?
É a inflamação do útero resultante da contaminação bacteriana antes, durante
e/ou após o parto geralmente associada a retenção de placenta, distocia ou
uso de materiais contaminados durante a inseminação artificial.
Identificação:
O animal apresenta descarga
purulenta e fétida pela vulva, queda
na produção de leite e anorexia.
Prevenção:
Como forma de prevenção é de
extrema importância a redução do
estresse no pré-parto, evitar
Fonte: Rehagro
5. Detecção de Cio
23
Fonte: Lopez et al., 2004
24
Excesso de urina;
Vulva inchada e brilhante;
Ato de farejar e lamber animais e pessoas próximas;
Repetidas tentativas de saltar sobre membros do rebanho;
Agrupamento em torno do rufião ou touro;
Mugido constante.
25
intensificados e com alta tecnologia pode-se utilizar o pedômetro, que registra o
movimento da vaca baseando-se na inquietação demostrada no estro. Outra
alternativa é a utilização de giz, adesivos ou buçal marcador, que são
ferramentas que marcam a anca da vaca que apresentou cio. Além disso, o
uso de rufiões também é viável.
Outra tecnologia é a utilização de Inseminação Artificial em Tempo Fixo
(IATF), onde vários animais são sincronizados para serem inseminados no
mesmo momento, não sendo necessária a observação do cio.
26
Exemplo: Touro com PTA leite = 1000 Kg - significa que suas filhas produziram
1.000 kg a mais que a média das filhas dos outros touros analisados na mesma
base genética.
Confiabilidade ou Acurácia: Mede a exatidão da PTA.
Composto de Úbere: Características de ligamento central, profundidade
do úbere, altura do úbere posterior, largura do úbere posterior, inserção do
úbere anterior e colocação de tetos anteriores.
Composto de Pernas e Pés: Ângulo de pernas e pés, vista lateral e
posterior/escore de pés e pernas.
Características Lineares: São informações sobre características de
conformação e manejo. Neste item avalia-se: garupa, estrutura e capacidade,
pernas e patas, sistema mamário e caracterização leiteira.
Características Auxiliares: Características que passaram a ser
avaliadas mais recentemente, entre elas estão: vida produtiva, período em
aberto, taxa de prenhes, natimorto (capacidade do touro e suas filhas
produzirem bezerros viáveis nas primeiras 48 horas de vida), dificuldade de
parto (pode ser mensurada a dificuldade de um filho do touro nascer e também
a dificuldade de uma filha do touro em parir) e células somáticas (indica se o
touro é capaz de reduzir as células somáticas em suas filhas).
27
7. Avaliação Fenotípica de Vacas Leiteiras
28
Avaliação Morfológica do Girolando:
½ Sangue:
Garupa Vulva
Umbigo Barbela
29
¾ de grau de sangue:
Barbela Garupa
30
5/8 de grau de sangue:
Barbela Garupa
Fonte: Girolando
31
8. Opções Genéticas em Bovinos Leiteiros
32
- Alta consangüinidade;
- Produção de leite mediana;
- Bezerros machos com baixo valor comercial.
Pardo Suíço:
Pontos fortes:
- Boa produção de sólidos;
- Rusticidade;
- Fertilidade;
- Boa adaptabilidade.
Pontos fracos:
- Aprumos;
- Produção não muito elevada.
33
9. Produção e Manejo de Pastagens
34
Topografia da área, que vai definir diretamente nos tratos culturais a
serem realizados uma vez que áreas planas ou com pequeno declive
apresentam vantagens em relação às áreas de maior declive, pois facilitam a
mecanização, reduzem a perda de insumos e são, em regra, áreas onde o solo
é menos susceptível à erosão;
A localização e a distância dessas áreas em relação à estrutura de apoio
irão influenciar na facilidade do acompanhamento do sistema e no manejo dos
tratos culturais;
A fertilidade do solo da área a ser escolhida é fator que deve ser
considerado. Quanto maior for à fertilidade, tanto menor será a quantidade de
insumos (calcário e adubo) necessária para a intensificação, com retorno mais
rápido do capital investido e mais rápido vai ser a implantação.
2.Correção e adubação na formação: Para se obter alta produtividade
de forragem, assim como qualquer outra cultura, é necessário considerar a boa
fertilidade do solo, com isso, a correção e adubação estão entre os fatores
mais importantes a determinar o nível de produção das forrageiras. No
momento da análise do solo, a profundidade é de 0-20 cm.
2.1. Calagem: A calagem deve ser a primeira prática de correção no
processo produtivo, reduzindo a acidez, fornecendo Ca e Mg, aumentando a
eficiência das adubações e a capacidade de troca catiônica (CTC). Ela tem o
objetivo de elevar o pH do solo > 5,5, para, efetivamente ativar a formação de
cargas negativas da fração orgânica do solo, aumentar a CTC e reduzir o
potencial de perdas de cátions por lixiviação. A calagem na formação das
pastagens é realizada 30 a 90 dias antes do plantio, de acordo com o PRNT
(Poder de reação e neutralização total) do calcário e, parceladamente ou não,
antes e após a aração, de acordo com a quantidade a ser utilizada. A fonte
indicada é o calcário dolomítico e/ou magnesiano, de acordo com a análise de
solo, que fornece Ca e Mg.
2.2. Adubação: A adubação de instalação deverá propiciar a rápida formação
da pastagem. Ela deve atender a demanda da forrageira durante a fase de
utilização. Durante o estabelecimento, principalmente nos primeiros 30 a 40
dias, a demanda por fósforo é alta e a de nitrogênio e potássio são menores. A
medida que a forrageira se desenvolve, a demanda externa de fósforo diminui
e a de nitrogênio e potássio aumentam. As doses são definidas com base na
35
análise e solo, levando em consideração o nível tecnológico ou intensidade de
uso do sistema. Nesse caso, as forrageiras foram agrupadas quanto a sua
adaptabilidade, mostrado no quadro abaixo.
Fonte: 5ª Aproximação
36
Fonte: Notas da aula de ZOO 453/UFV
37
As sementes devem ficar numa profundidade de 2,5 a 5 cm, e quando
o plantio for feito a lanço, pode-se misturar a semente em algum veiculo que
sirva para marcar onde foi realizado o plantio, por exemplo, calcário.
5.Manejo da Cultura:
O manejo empegado é realizado de acordo com cada espécie e o
manejo empregado (intensivo e extensivo). Em manejo extensivo, a perda por
pisoteio é maior, porém a exigência em tratos culturais é menor. Já em
sistemas intensivos, como por exemplo, piquete racionado se deve tomar muito
cuidado principalmente com a “entrada e saída” dos animais e período de
descanso. Na tabela abaixo temos alguns valores das principais forrageiras
usadas.
38
Esquema de aplicação: Aplicar 10 a 15g de formicida/m² de formigueiro.
Exemplo: Mirex-S, Grão Verde e Citromax.
Plantas daninhas: O aparecimento das plantas daninhas se
deve pelo elevado banco de sementes existente no local e também por
mudanças no ambiente que favorecem seu aparecimento, como degração do
solo. O controle pode ser feito de forma mecânica (roçadas, capinas) ou
utilização de herbicidas indicados para pastagens.
Exemplo: Tordon, Togar, Padron, Garlon, Truper e Dominun.
7.Amostragem e Análise de Solos: Uma boa recomendação de adubação se
inicia com a correta amostragem de solos. Esta deve ser representativa da
área em questão levando-se em consideração os diversos fatores de variação
existentes dentro de uma mesma gleba. A amostragem é a etapa mais crítica,
ou seja, que pode mais facilmente causar erros na análise do solo e que por
melhor que seja a qualidade do serviço prestado pelos laboratórios, se a
amostra não estiver refletindo a realidade da área, a analise poderá levar a
recomendações errôneas. Por isso, é muito importante que a realização da
amostragem seja baseada em dois princípios a serem seguidos rigidamente:
1º) Cada área a ser amostrada deve ser a mais homogênea possível;
2º) Um grande número de pontos de amostragem deve ser feito dentro da área
(sub-amostras, também chamadas de amostras simples), sendo depois
misturados para formar uma única amostra representativa (amostra composta).
Na teoria preconiza-se coletar pelo menos 20 pontos para se fazer uma
amostra simples, por menor que seja a área. Na verdade, quanto maior for o
número de amostras simples coletadas para se fazer uma amostra composta,
mais confiável será a amostra. Entretanto, a retirada de um número maior que
20 pontos não muda tanto a precisão, talvez não justificando o esforço extra.
Uma boa amostragem de solos deve, antes de tudo, contar com o bom
senso de quem realiza a coleta, posto que esta deva representar o solo em
questão.
Cuidados para uma amostragem correta:
- Dividir a área total em glebas com características semelhantes;
- Evitar coletar amostras em pontos atípicos (formigueiros, em baixo de fezes
de animais, etc.);
- Percorrer a área em zigue-zague procurando cobrir toda sua extensão;
39
- Limpeza do ponto de amostragem (retirar a palhada da superfície do solo);
- A profundidade de retirada da amostra variando com a cultura;
- Para áreas novas, para culturas perenes é sempre indicada a amostragem
nas camadas de 0-20, 20-40, 40-60 cm, para culturas anuais de 0-20 e 20-40
cm e pastagens de 0-20 e 20-40 . Para áreas onde já ocorreu o plantio, para
culturas anuais fazer somente de 0-20 cm, pastagens já estabelecidas de 0-20
cm e cuturas perenes já estabelecidas de 0-20 e 20-40 cm;
- Utilizar embalagens limpas e secas para colocar as amostras e homogeneizá-
las e para enviar ao laboratório;
- A amostragem pode ser feita em qualquer época do ano, no entanto ela deve
ser feita com certa antecedência do plantio e adubação, para dar tempo da
análise dos resultados e compra dos insumos. Recomenda-se que no momento
da coleta do solo, exista certa umidade para facilitar a coleta e
homogeneização das amostras;
- É recomendada a amostragem anualmente para lavouras onde se cultiva
culturas anuais durante um pequeno período de tempo e no restante a área fica
em pousio. Onde ocorre plantio de outras culturas após a retirada de outra
cultura, é sempre indicado fazer a amostragem antes da implantação de cada
cultura (Ex.: Milho, feijão, Milho; ou Milho, Milho safrinha, Milho).
Fonte: 5ª Aproximação
40
10. Análises de Solos e Adubação
Análise fictícia
Fonte: 5ª Aproximação
41
Interpretação dos teores de Fósforo, Potássio e P-Rem
Fósforo
Faixa % Argila (P-rem) Potássio
de Argiloso Médio Arenoso “Disponível”
Resina
Disponib. >35 15-35 <15 (Trocável)
(<15) (35-15) (>35)
--------------------------------------mg/dm3--------------------------------------
Baixo 0-6 0-10 0-20 0-20 0-30
Médio 6-10 11-20 21-40 21-40 31-60
Alto >10 >20 >40 >40 >60
Fonte: 5ª Aproximação
42
11. Implantação e Manejo de Canavial
Introdução:
A cana-de-açúcar tem sido um volumoso muito utilizado para a
alimentação de bovinos tanto de leite como de corte. Os principais fatores que
contribuem para o interesse dos produtores em utilizar a cana como alimento
para os animais são:
Grande produção de forragem por unidade de área;
Baixo custo por unidade de matéria seca produzida;
Facilidade do gerenciamento da atividade;
Flexibilidade de épocas de plantio e corte.
Em contrapartida a essas vantagens a cana apresenta limitações
nutricionais, como o baixo teor proteico, alto teor de fibra de difícil degradação
ruminal, baixos teores de amido, fósforo e enxofre, havendo a necessidade de
complementação com proteína e minerais para que a produtividade animal seja
satisfatória e economicamente viável o uso do volumoso.
As produtividades médias de cana-de-açúcar oscilam em torno de 90
toneladas de matéria natural por hectare, mas plantando-se variedades
melhoradas, corrigindo-se o solo e mantendo a fertilidade do solo podem-se
alcançar produtividades em torno de 150 toneladas por hectare. A seguir
veremos práticas a se adotar nos nossos canaviais para obtermos resultados
satisfatórios na cultura.
Escolha da Variedade:
A escolha da variedade a ser implantada é uma tecnologia muito
importante para obter bons resultados. Atualmente existe cultivares de cana
com boas características agronômicas e zootécnicas, tais como: alta resposta a
melhoria da fertilidade do solo, crescimento ereto e resistência ao tombamento
para facilitar a colheita, alta produtividade de colmos e sacarose, vigor das
rebrotas, resistência a pragas e doenças, ausência de florescimento e sem a
presença de joçal. Na tabela abaixo seguem os principais cultivares utilizados e
suas principais características.
43
Principais cultivares e suas características:
44
elevar a Saturação por Bases para 60% com calcário. A fórmula de
necessidade de calagem (NC) e quantidade de calagem (QC) segue abaixo:
Método 1: Método 2:
3+ 2+ 2+
NC= (Ve-Va)xT NC= 2 Al + 2 – (Ca + Mg )
100 Quantidade de calcário (QC)
Ve= Saturação por bases esperada QC =NC x SC x PF
Va= Saturação por bases atual PRNT 100 20
T= CTC a pH=7 SC = porcentagem da superfície a ser coberta
OBS.:Para a cultura da Cana utilizamos o Ve=60% PF = Profundidade de incorporação
PRNT= Poder de Reação e Neutralização Total
Para utilizar o gesso agrícolaa saturação por alumínio deve ser superior
a 25% na camada de 20-40 cm. Para cálculo de gessagem utiliza-se a mesma
fórmula da NC, porém a aplicação na área deve ser apenas de 25% da NC
calculada.
Plantio:
A sulcagem da área deve ser feita o mais profundo possível (40 cm) e o
mais próximo possível da distribuição das mudas e do plantio, para conservar a
umidade do solo. O espaçamento entre os sulcos oscila de 0,90 a 1,40 m,
variando em função da capacidade de perfilhamento do cultivar. Deve-se
utilizar para plantio mudas de canaviais vigorosos, de boa sanidade foliar e de
preferência de primeiro corte, com 8 a 12 meses de idade. Recomenda-se
densidade de gemas de 16 a 18 por metro de sulco, gastando-se em média de
14 a 16 toneladas de mudas por hectare. A disposição dos colmos dentro do
sulco deve ser orientada no sentido pé com ponta com um colmo ao lado do
outro e em seguida picam-se os colmos em toletes de 2 a 3 gemas, os quais
em seguida são cobertos com uma camada de solo em torno de 10 cm.
A adubação de plantio é recomendada mediante a análise de solo, de
acordo com a tabela abaixo:
45
Recomendação de adubação de plantio:
Épocas de plantio:
Setembro a Novembro (plantio de ano): colheita na próxima seca.
Janeiro a Março (plantio de ano e meio): colheita na seca do ano
seguinte.
Plantio de cana:
Tratos culturais:
Adubação de cobertura: A adubação de cobertura deve ser feita quando as
plantas apresentarem um tamanho de aproximadamente 0,5 a 0,8 metros de
altura. Esta adubação é a base de nitrogênio e potássio para atender as
necessidades da cultura, otimizando assim o crescimento e perfilhamento.
Nesta fase a recomendação é de 60 a 100 Kg de N/ha. Já o potássio é
baseado em análise de solo. Controle de daninhas: o período crítico da cultura
da cana vai dos 30 aos 90 dias após plantio. Nesta fase a presença de plantas
daninhas na área afeta drasticamente a produção. Para controle destas
obtemos vários herbicidas. São os mais usados:
Velpar K (Hexazinona + Diuron) pré e pós emergente 3 Kg/há;
Volcane + DMA (MSMA + 2,4-D) pós emergente 3 L/ha + 1 L/há;
Combine (Tebutiuron) pré e pós emergente 2 L/há.
46
Colheita:
Geralmente a colheita inicia-se em maio e termina em novembro,
período em que a cana apresenta melhor valor nutritivo. A maturação da cana
ocorre da base para o ápice. Devido esse comportamento é feito a mensuração
da porcentagem de sólidos solúveis (Brix), que pode ser feito com o
sacarímetro.
IM = Brix da ponta do colmo IM Estádio de Maturação
Brix da base do colmo < 0,6 Cana verde
0,60 – 0,85 Cana em maturação
0,85 – 1,00 Cana madura
>1,0 Declínio de maturação
Manejo da Soqueira:
A cana deve ser cortada rente ao solo durante a colheita, assim
estaremos preservando a longevidade do canavial e evitando imprevistos com
os toletes lignificados que ficam no solo.
Cana soca também é adubada, sendo assim a recomendação é pelo
método de extração:
Fósforo: 0,4 Kg/ton. de MN de cana retirada da área;
Potássio: 1,5 Kg/ton. de MN de cana retirada da área;
Nitrogênio: 1,2 Kg/ton. de MN de cana retirada da área.
Também é de extrema importância o controle de plantas daninhas para
o bom desenvolvimento da rebrota da cana soca.
Introdução:
A cultura do milho é a mais utilizada no Brasil para a produção de
silagem por produzir grandes quantidades de energia digestível por hectare,
que pode ser transformada em leite. A lavoura de milho gera alta produção de
MS por área plantada, atingindo o ponto de ensilagem em 100/130 dias, o que
possibilita mais de um plantio por ano para essa finalidade quando bem
planejado os plantios. A seguir discutiremos técnicas para obtermos bons
resultados de silagem de milho.
47
Condições Ideais:
Para seu melhor desempenho, a cultura do milho exige algumas
condições:
Temperatura: 25 a 30 graus Celsius durante o dia e 16 a 19 graus
Celsius durante a noite.
Altitude:
Apostila 3ª fase
48
Possuímos também híbridos com a tecnologia da transgenia, onde para
o milho as tecnologias que possuímos atualmente conferem certa resistência a
pragas como a Spodoptera frugiperda (Lagarta do cartucho) e a Helicoverpa
zea (Lagarta da espiga). Também há tecnologias que transmitem resistência a
herbicidas como o Glyphosate e Glufosinato de Amônio. Para uso dessa
tecnologia é sempre importante fazer a área de refúgio (10% da ára plantada).
Correção e adubação do solo:
Para a cultura do milho deve ser feito a amostragem de apenas um perfil
de solo, 0-20 cm de profundidade, profundidade esta que 80% das raízes do
milho se encontram. Baseada na análise deste solo coletado faremos então a
recomendação de calagem e adubação.
Fonte: 5ª Aproximação
49
Preparo do solo:
Preparo convencional: no preparo convencional é utilizado a aração e
gradagem do solo. É recomendado apenas quando solo estiver em um nível de
alta compactação ou para incorporação da calagem. Além da descompactação
do solo o preparo também proporciona um controle inicial das daninhas no
campo e também no controle de certas pragas de solo. Porém o preparo de
solo favorece a erosão, acontece perdas de MO, além de aumentar os custos.
Plantio Direto: sistema em que o preparo de solo é mínimo e localizado. O
plantio direto tem a capacidade de conservar a umidade do solo, aumenta a
atividade microbiana, proporciona ganhos em MO e melhor estruturação do
solo, evita a erosão e possui menor custo, apesar de aumentar o gasto com
agroquímicos.
Plantio:
O plantio pode variar como:
Antecipado: Setembro;
Safra normal: Outubro-Novembro;
Tardio: Dezembro;
Safrinha: Fevereiro-Março.
Recomenda-se uma profundidade de plantio de 3 cm. Espaçamento
entre linhas pode variar entre 0,5 a 0,9 m, fator este que deve ser bem
observado para não se ter problemas na colheita. O stand oscila conforme as
características do híbrido a se utilizar (55 a 72 mil plantas/ha).
Para o plantio também recomenda-se o tratamento das sementes com
inseticida. Com esta prática estaremos protegendo a lavoura de pragas iniciais,
mantendo assim o stand e a uniformidade da lavoura e consequentemente
assegurando a produtividade.
Estádios de desenvolvimento:
Conhecer os estádios fenológicos da planta de milho é importantíssimo,
uma vez que os tratos culturais são em função da fase de desenvolvimento em
que a planta se encontra.
50
Fonte: Fancelli, 1986
Fonte: CAPEBE
51
Ensilagem:
A ensilagem é um processo de extrema importância para a conservação
da silagem, uma vez que o volumoso mal compactado pode ocorrer perdas de
MS e influir no valor nutricional final do volumoso. Sendo assim a distribuição
do material deve ser uniforme, em camadas finas para que o trator possa
compactar de forma eficiente a silagem. O fechamento do silo deve ocorrer de
3 a 5 dias do início da ensilagem.
Retirada da silagem:
De 15 a 20 dias após o fechamento do silo a fermentação terá finalizado
e assim a silagem estará estabilizada. Após esse período o silo já pode ser
aberto e consumido pelos animais. Deve-se retirar uma camada de 20 cm ou
mais do silo, de cima até em baixo. Para isto o buraco de silo deve ser
planejado para uso mais eficiente e de melhor qualidade da silagem
armazenada.
Qualidade da silagem:
Uma boa silagem deve apresentar:
Coloração verde amarelada;
Alta proporção de grãos na silagem (>30%)
Grãos “machucados”;
Partículas uniformes (0,5 a 1,0 cm);
Cheiro agradável;
32 a 35% MS;
52
Não possuir impurezas;
Sem presença de mofo e reações indesejáveis;
Compactação boa.
Introdução:
Máquinas e implementos agrícolas requerem regulagens adequadas
para desempenharem suas funções de forma adequada, seguindo as
recomendações agronômicas com êxito e qualidade, mesmo que as máquinas
possam estar em condições não tão favoráveis. A regulagem das máquinas,
representa um etapa de extrema importância na condução de uma lavoura,
uma vez que, mal feita, pode comprometer com toda a produção.
Objetivos:
A regulagem de máquinas agrícolas tem por objetivo por em prática no
campo as recomendações agronômicas, usando de forma eficiente e correta os
insumos e defensivos agrícolas. Com a regulagem de máquinas também
buscamos a homogeneidade da lavoura, stand correto, aplicação homogênea
de defensivos evitando perdas e fito toxidez a lavoura, além de conservação do
maquinário, que estará operando de forma correta.
Entraves:
As principais dificuldades na regulagem de máquinas são: o tempo, pois
para se realizar uma boa regulagem gasta-se muito tempo e muitas vezes o
produtor não tem planejamento para a realização da atividade. Outra
dificuldade é o sucateamento das máquinas, pois a maioria dos produtores não
possuem locais adequados para guardarem seu maquinário, ficando a
mercêdos intempéries, sol e chuva, e também não realizam devida limpeza
após cada operação realizada.
Regulagem de Semeadoras:
Ao se regular uma semeadora para plantio de milho, por exemplo,
devemos observar, antes de fazer qualquer regulagem, a lubrificação do
implemento. Sem estar devidamente lubrificado o implemento pode não
expressar a regulagem feita. Devemos observar também, no caso de
53
semeadoras de plantio direto, o corte dos discos de palhada. Outro detalhe a
se observar são as roscas sem fim no interior das caixas de adubo, pois podem
estar enferrujadas e a distribuição do adubo nas linhas de plantio podem ficar
heterogêneas. Após estas checagens básicas podemos partir então para a
regulagem propriamente dita. Segue abaixo os passos para a regulagem:
1) Regulagem do espaçamento: a regulagem do espaçamento varia
de cada cultura, sendo assim os carrinhos de plantio devem se
aproximar ou distanciar um dos outros. É recomendado que não se
mova o carrinho de plantio central, ficando este exatamente ao centro da
semeadora. Deve-se mover apenas os carrinhos mais laterais.
2) Seleção de peneiras (discos e anéis): já vem junto a mala de
sementes uma indicação de disco e anel. Esta sugestão pode variar de
lote para lote de sementes. Cabe na regulagem seguir a indicação e
verificar se a sementes é distribuída com homogeneidade. Ex.:
54
com uma alavanca, sendo assim mais fácil a regulagem, pois controla
apenas o tamanho do orifício da caixa de adubo. Sendo assim, abrindo
mais cairá mais adubo, fechando cairá menor quantidade.
6) Depois de regulada as sementes, a adubação e devidamente
lubrificada a semeadora já pode ir ao campo. Deve ser acompanhado o
inicio do plantio para verificar a profundidade que está sendo distribuídas
as sementes e o fertilizante. Neste momento deve ser feita a regulagem
da profundidade de plantio.
Regulagem de Pulverizadores:
Para a regulagem de pulverizadores costais devemos seguir os
seguintes protocolos:
1) Demarcar uma área conhecida: deve-se demarcar uma área
conhecida para se fazer uma aplicação teste. É recomendado que se
demarque uma área de 10x10 m (100 m²).
2) Em seguida deve-se colocar no pulverizador um volume de água
conhecido. Recomenda-se que se adicione ao pulverizador um volume
de 5 litros de água.
3) Logo em seguida devemos aplicar na área demarcada. Deve-se
aplicar o volume utilizando todos os equipamentos de proteção
individuais (EPI) devidos, pressão de aplicação constante e velocidade
de aplicação condizente com o ritmo de trabalho que o operador consiga
exercer durante todo o dia.
4) Após aplicado da forma como citado acima, devemos medir o
volume de sobra do pulverizador. Devemos sempre lembrar de realizar a
“sangria”, que é a sobra da mangueira do pulverizador.
5) Calibração:
Volume de Calda
55
14. Controle de Daninhas
Introdução:
O agronegócio brasileiro movimenta cerca de 500 bilhões de Dólares
anualmente. A agricultura brasileira é um grande mercado de agroquímicos, já
que em 2008 se tornou o maior consumidor de agroquímicos do mundo, com
cerca de 7,2 bilhões de Dólares somente nesse nicho de mercado. Destes 7,2
bilhões de Dólares, 45% são herbicidas.
O que é planta daninha?
Uma planta é considerada erva daninha quando nasce
espontaneamente em local e momento indesejado, podendo interferir direta ou
indiretamente na agricultura e nos interesses humanos. Podem ser chamadas
também de mato ou até mesmo plantas espontâneas.
Características:
Crescem rápido;
Eficientes no uso de água;
Adaptadas ao clima;
Ciclo rápido;
Alta dormência.
Objetivo do controle de daninhas:
Melhor produtividade das culturas;
Melhor qualidade dos produtos;
Menor custo de produção;
Reduz a ocorrência de pragas;
Melhor saúde animal;
Melhor atividade humana.
Monocotiledônea x Dicotiledônea:
É de extrema importância saber a diferença entre os dois grupos de
plantas, pois a maioria dos herbicidas no mercado são seletivos a um ou outro
grupo de plantas. Sendo assim para se recomendar o controle de daninhas
deve-se listar a campo as daninhas mais frequentes no local para se saber qual
herbicida será mais eficiente.
56
Fonte: Notas de aula de FIT320 Biologia e Controle de Plantas Daninhas/UFV
Métodos de controle:
Controle Mecânico: Controle com enxadas, capinadeiras de tração animal ou
tratorizadas, arranquio. Esta forma de controle demanda muita mão de obra e
possui custo mais elevado.
Controle Químico: Controle com herbicidas de variados princípios ativos. Esta
forma de controle é a mais recomendada atualmente, já que a demanda por
mão de obra é pequena e o custo é menor.
Controle Cultural: São medidas preventivas que se pode tomar para dificultar
o desenvolvimento de daninhas. São formas de controle cultural: espaçamento
entre linhas da cultura, plantio direto, rotação de culturas, preparo de solo.
Época de controle:
Cada cultura tem seu Período Crítico de Interferência (PCI), porém a
campo devemos observar o desenvolvimento das daninhas para que não
atrapalhe o desenvolvimento das culturas. Deve-se controlar as daninhas o
mais cedo possível, para que o herbicida ou outro método de controle seja
mais eficiente.
Monocotiledôneas: de 1 a 2 perfilhos;
Dicotiledôneas: 2 a 3 pares de folhas.
57
Princípios ativos mais usados nas principais culturas:
Milho
Pnricípio ativo Nome Comercial
Atrazine Gesaprin, Siptran
Nicossulfuron Sanson
Tembotriona Soberan
Glufosinato de Amônia Finale
Glifosato Roundup Ready
Cana-de-açúcar
Hexazinona + Diuron Velpar K
Tebuthiuron Combine
MSMA Volcane
2,4-D DMA
Metribuzin Sencor
Pastagem
Aminopiralide + Fluroxipir Dominum
2,4-D + Picloran Tordon
Peicloran Padron
Sorgo
Atrazine Gesaprin, Siptran
Fonte: Próprio autor
Princípios:
Bovinos de leite são animais ruminantes, ou seja, por definição,
possuem o estômago dividido em quatro compartimentos distintos: o primeiro é
conhecido como rúmen ou pança. Nele ocorre a fermentação ou digestão
microbiana de todos os componentes da dieta, em especial a fibra. O segundo
é o retículo, responsável pela retenção das partículas ainda não digeridas
(maiores) e devolução à boca onde haverá ruminação (remastigação) e
novamente deglutição. Em terceiro se encontra o omaso, equivalente ao
estômago de monogástricos, onde haverá a digestão enzimática dos
58
nutrientes. Por último se encontra o abomaso responsável basicamente pela
absorção de água e alguns nutrientes (como vitaminas).
Os ruminantes retiram sua energia da absorção dos AGVs – ácidos
graxos voláteis – acetato, butirato e propionato principalmente, produzidos a
partir da fermentação bacteriana dos componentes vegetais: celulose,
hemicelulose, entre outros. A proteína poderá vir ou do alimento ou da própria
bactéria, que consome os nutrientes do alimento, multiplica-se, morre e será
absorvida a nível de intestino. As gorduras são absorvidas no intestino, mas
antes passam por vários processos no rúmen.
As vitaminas são absorvidas a nível de abomaso e intestino. Com
exceção das vitaminas A, complexo D e E, todas as outras são sintetizadas
pelo organismo animal e/ou bactérias ruminais – diferentemente dos
monogástricos. Minerais devem ser fornecidos na dieta e também são
absorvidos no intestino delgado.
Alimentos e Entidades Nutricionais:
Os animais ruminantes conseguem extrair seus nutrientes de matéria
vegetal (caule, folhas, etc. ex: pasto, silagem de milho, cana de açúcar), mas
para garantir altas produtividades a oferta de concentrado (grãos, raízes etc.
ex: fubá de milho, farelo de algodão) é essencial.
A composição bromatológica de uma alimento é o perfil de qualidade
nutricional avaliada em laboratório. Os principais conceitos usados são:
MV – matéria verde: é o total do alimento oferecido, incluída a umidade;
MS – matéria seca: a matéria verde retirada a água. Todos os cálculos
para dietas de ruminantes e nutrientes avaliados são baseados na
matéria seca, pois assim retira-se uma grande variável: a presença de
água dentro do alimento;
PB – proteína bruta: total de Nitrogênio no alimento. Considera-se que
todo o nitrogênio multiplicado por 6,25 seja igual à proteína do alimento;
NDT – nutrientes digestíveis totais: toda a parcela potencialmente
contribuidora de energia para o animal. Por definição é igual a
%PB+%FDN+%CNF+(%EE*2,25);
EE – extrato etéreo: equivalente à gordura presente no alimento;
59
FDN – fibra em detergente neutro: análise que tenta quantificar o total
de carboidratos fibrosos na dieta (celulose etc).
CNF – carboidratos não estruturais: a outra parcela dos carboidratos.
Quantifica os carboidratos não estruturais como amido, sacarose etc.
Ca, P, K, Mg: macrominerais.
Zn, Mn, Co, Cu, S entre outros: microminerais.
Os alimentos podem ser divididos em: volumosos (com mais de 35% de
FDN na matéria natural) e concentrados (com menos de 35%). PORÉM, na
prática essa diferenciação se dá muito mais por matéria seca, visto que existe
uma séria de exceções. MS > 70% concentrado e < 70% volumoso.
Os principais alimentos volumosos e sua composição básica podem ser
vista a seguir.
Alimentos MS % PB % NDT % Ca % P% FDN%
B. Brizantha 34,06 7,27 61,00 0,38 0,12 76,00
B. decumbens 30,14 6,48 59,75 0,35 0,13 79,00
Cana 29,60 2,65 62,02 0,22 0,07 55,87
Cynodon 32,06 12,50 64,05 0,55 0,28 78,00
Caroço de algodão 90,78 23,00 82,86 0,26 0,87 44,98
C. Cameroon 20,22 8,41 52,81 0,38 0,28 70,14
Feno Cynodon 89,00 8,19 58,67 0,40 0,23 80,01
C. Mombaça 29,21 10,46 54,65 0,57 0,19 75,50
Capim Tanzânia 28,11 9,45 54,65 0,58 0,15 75,53
MDPS 87,80 7,71 65,53 0,04 0,21 56,94
Silagem de milho 31,17 7,27 64,27 0,30 0,19 55,68
Silagem de cana 29,60 3,97 68,74 0,30 0,05 77,00
Silagem de sorgo 29,72 6,46 57,23 0,33 0,30 61,73
Silagem cameroon 24,66 6,52 45,92 0,53 0,20 70,88
Fonte: CQBAL, 2012
60
1,4% em FDN; cana de açúcar 1,8 a 2% em MS e 0,4 a 0,8% em FDN; capim
elefante – dependendo da idade/altura de corte: 2 a 2,5% em MS e 0,8 a 1,2%
em FDN e pasto – dependendo da espécie e manejo: 1,5 a 2,5% da MS e 0,8 a
1,5% da FDN. Sendo assim, a título de exemplo, uma vaca de 600Kg de PV vai
comer, (600*0,006) 3,6 Kg de FDN de cana por dia ou (3,6/0,6) 6 Kg de MS de
cana por dia ou (4/0,22) 27 Kg de matéria verde de cana por dia.
Adiciona-se então de 0,5 a 1,5% de do PV em concentrado, em média e
obtem-se consumos que variam de 1,5 até 4% do PV em matéria seca total.
Outras equações, de acordo com semana de lactação, produção de leite,
ganho de peso etc já foram delineadas e possuem altíssima correlação com o
consumo observado à campo.
Os alimentos concentrados ainda são divididos em mais duas
categorias: energéticos e protéicos. Os energéticos possuem menos de 20%
de PB (ex: fubá, farelo de trigo, polpa cítrica) na MS e os protéicos mais de
20% (ex: uréia, farelo de soja, farelo de amendoim).
Ainda existem os minerais (núcleos, sais etc) e a água presentes na
dieta dos animais.
Alguns ingredientes e sua composição podem ser encontradas abaixo:
Ingredientes MS % PB % NDT % Ca % P% EE%
Algodão, farelo 38 89,88 38,88 72,50 0,24 0,97 1,19
Amendoim, farelo 92,00 47,40 77,00 0,20 0,65 0,86
Bicarbonato 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Calcário 100,00 0,00 0,00 38,50 0,00 0,00
Fosfato bicálcio 100,00 0,00 0,00 22,61 17,03 0,00
Milho, fubá 88,00 9,30 84,04 0,03 0,13 4,01
Sal mineral 100,00 0,00 0,00 22,00 17,40 0,00
Soja, farelo 88,50 48,74 85,42 0,33 0,57 1,01
Sorgo, Grão 89,00 9,89 85,67 0,04 0,28 2,98
Trigo, farelo 88,04 17,07 68,43 0,18 0,40 4,61
Uréia pecuária 100,00 252,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: CQBAL, 2012
61
Fontes de Consulta e Observações Finais:
O cálculo de dietas de animais leiteiros são normalmente feitas seguindo
os modelos básicos de nutrição: quadrado de Pearson, método algébrico,
tentativa e erro e softwares de computador.
As exigências podem ser divididas em:
Exigência de mantença: necessidade de nutrientes para manter a vida
(respiração, funcionamento do organismo, troca de calor etc);
Exigência de lactação: necessidade para síntese de leite;
Exigência de gestação: necessidade para formação do feto;
Exigência de ganho: necessidade para ganho de peso (ossos, músculos,
gordura).
Os sistemas de exigências nutricionais para gado de leite mais usados
são NRC 1989 e 2001, CNPCS e ARFC.
As tabelas bromatológicas dos alimentos podem ser facilmente
consultadas na literatura. Uma sugestão é o sistema CQBal que reúne grande
quantidade de dados (disponível em www.ufv.br/cqbal).
62
apostila é mostrar como vem se comportando esse mercado, tentando ilustrar
por meio de gráficos e dados para uma melhor visualização desse cenário.
Balança Comercial de Lácteos:
Até 2001, o nosso país se deparava em uma situação onde os produtos
lácteos do mercado interno não conseguiam concorrer com os vindos da União
Europeia e Nova Zelândia abastecidos por subsídios provenientes dos
respectivos governos, e assim a nossa balança comercial de lácteos sempre
operava negativamente. A partir de 2001, com a aplicação dos direitos
antidumping sobre tais importações - evitando práticas desleais de comércio
que permitem que produtos subsidiados entrem a preço muito baixo no país - a
balança começou a reagir, entrando em superávit a partir de 2004 alcançando
o auge em 2008. Porém, a partir dessa data, com a introdução de uma nova
política governamental que valoriza nossa moeda em relação ao dólar e os
acordos comerciais moldados com países da MERCOSUL (principalmente
Uruguai e Argentina), voltamos a ter déficit na balança comercial de lácteos,
como evidenciado no seguinte gráfico:
63
Produção Brasileira de Leite por Unidades da Federação
Participação
(em milhões de litros)
nacional
Regiões 2006 2007 2008 2009 2010 Var%
MG 7.094,1 7.275,0 7.657,3 7.931,1 8.388,0 3,6% 27,3%
RS 2.625,1 2.944,0 3.314,6 3.400,2 3.633,8 2,6% 11,8%
PR 2.703,6 2.701,0 2.827,9 3.339,3 3.595,8 18,1% 11,7%
GO 2.613,6 2.639,0 2.873,5 3.003,2 3.193,7 4,5% 10,4%
SC 1.709,8 1.866,0 2.125,9 2.237,8 2.381,1 5,3% 7,8%
SP 1.744,0 1.627,0 1.579,7 1.583,9 1.605,7 0,3% 5,2%
BA 905,8 966,0 952,4 1.182,0 1.238,5 24,1% 4,0%
PE 630,3 662,0 725,8 788,3 877,4 8,6% 2,9%
RO 637,4 708,0 723,1 746,9 803,0 3,3% 2,6%
MT 583,9 644,0 656,6 680,6 708,5 3,7% 2,3%
PA 691,1 643,0 599,5 596,2 563,8 -0,6% 1,8%
MS 490,3 490,0 496,0 502,5 511,3 1,3% 1,7%
RJ 468,2 463,0 475,6 483,1 488,8 1,6% 1,6%
CE 380,0 416,0 425,2 432,5 444,1 1,7% 1,4%
ES 434,0 438,0 418,9 421,6 437,2 0,6% 1,4%
MA 341,2 336,0 365,6 355,1 375,9 -2,9% 1,2%
SE 242,6 252,0 259,7 286,6 296,7 10,3% 1,0%
TO 217,3 214,0 222,6 233,0 269,5 4,7% 0,9%
AL 228,2 243,0 239,9 238,2 231,4 -0,7% 0,8%
RN 235,5 214,0 219,3 236,0 229,5 7,6% 0,7%
PB 154,7 170,0 193,6 213,9 217,0 10,5% 0,7%
PI 79,8 76,0 77,8 87,2 87,4 12,1% 0,3%
AM 45,4 19,0 39,4 41,7 47,2 6,0% 0,2%
AC 98,1 80,0 70,1 43,4 41,1 38,1% 0,1%
DF 34,1 36,0 29,0 36,0 36,3 24,1% 0,1%
AP 4,4 6,0 5,3 6,7 7,0 27,2% 0,0%
RR 5,8 6,0 5,1 5,1 6,0 0,0% 0,0%
Brasil 25.398,2 26.134,0 27.579,4 29.085,5 30.715,5 5,5% 100,0%
Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal/IBGE
64
Entretanto mesmo operando em déficit na balança comercial, a
produção de leite internamente só cresce, resultado do antidumping em 2001,
que impulsionou a produção interna. Em 10 anos a produção aumentou em
10,5 bilhões de litros produzidos anualmente, como mostrado no seguinte
gráfico:
35,0
32,3
30,7 31,0
Aumento de 10,5 Bilhões
30,0 29,1
27,6
26,1
25,4
Bilhões de litros
25,0 24,6
23,5
22,3
21,6
20,5
19,8
20,0 19,1
18,5 18,7 18,7
16,5
15,8 15,6 15,8
15,1
15,0 14,5
10,0
.
*
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Fonte: PPM / IBGE
Elaboração: CNA
*Estimativa .
65
internacional;
Oferta e Demanda:
A dinâmica da atual política governamental favoreceu o crescimento do
poder de compra de uma parte da população que até então tinha pouca
participação no consumo de lácteos, a classe C. Essa classe corresponde a
nada mais que 51% de toda população brasileira e representa 46% do poder
aquisitivo total da população, mais que a classe A e B somadas. Essa situação
porém, não permite que aconteça um consumo desejado de produtos lácteos,
mostrando que nosso mercado consumidor ainda está deprimido
(principalmente comparado a outros países), mesmo mostrando uma pequena
melhora. É o que mostra o gráfico seguinte:
140,0
litros/hab./ano
120,0
106,3
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
*
*
.
.
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: IBGE, SECEX/MDIC, MAPA Elaboração: CNA, CBCL/OCB, Leite Brasil - *Estimativa
66
desespero de alguns pode ser a alavanca para o crescimento de outras nações
no setor. Não se pode deixar de citar um importante fator que alavancou os
preços internacionais de leite em pó, que foi a queda na produção de leite na
Nova Zelândia, maior player no mercado mundial.
Custos de Produção :
No ano que se passou, os preços das commodities agrícolas mundiais
(principalmente soja) subiram assustadoramente afetando toda a cadeia
produtiva leiteira. As margens ficaram cada vez menores e o equilíbrio dentro
do custo de produção foi fortemente afetado.
Condições Climáticas:
A relação que as mudanças climáticas têm com o preço do leite é
simplesmente direta. Se a condição climática interfere negativamente na
produção, o preço do leite sobe, e o contrário também é verdadeiro. Visto que o
nosso país possui um grande território estamos sujeitos a variações no preço a
todo o momento.
Perspectivas de Mercado:
As perspectivas para o mercado lácteo são animadoras e ao mesmo
tempo desafiadoras. Animadoras no sentido dos altos preços pagos aos
produtores, servindo de incentivo para investimento e persistência na atividade.
E desafiadoras no sentido de que devemos aproveitar esse cenário interno
favorável para crescermos. Elaborando estratégias para organização do setor
lácteo como um todo, tanto para captadores como para produtores; atuando
levando sempre em consideração as variações impostas pelo mercado;
equilibrando custos de produção; trabalhando na melhoria da qualidade do
leite, sempre atento às mudanças da normativa; e com o aumento da demanda
mundial (encabeçada pela China) por produtos lácteos, buscar melhorar a
eficiência em toda a cadeia e aumentar a qualidade dos produtos ofertados
para vencer a concorrência global.
67
CURIOSIDADES:
MAIORES EMPRESAS CAPTADORAS DE LEITE NO BRASIL
68
fornecem dados para o ranking e, caso o fizessem, provavelmente estariam
listadas entre as maiores captadoras de leite, provavelmente entre a 2ª e a 3ª
maior.
No total, as 13 maiores empresas recepcionaram 8.401.926 bilhões de
litros em 2012, 37,6% do total captado segundo dados do IBGE. O volume
recepcionado por essas empresas foi 1,6% superior ao de 2011, provenientes
de 60.979 produtores. Ao passo que o número de fornecedores caiu 4,1%, a
média de litros captados por dia por produtor subiu 3,1%, o que representa um
aumento na produtividade média.
Ministério da Agricultura:
O atual ministro da agricultura assumiu o cargo a partir do dia
16/03/2013. Antônio Andrade é engenheiro civil e produtor rural. Foi prefeito da
cidade mineira de Vazante entre 1989 e 1992. Em seguida, foi deputado
estadual em Minas por três mandatos. Atualmente, está no segundo mandato
como deputado federal. Em 2009, foi eleito presidente da Executiva Estadual
do PMDB de Minas Gerais e, em 2012, exerceu a presidência da Comissão de
Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Em substituição a Mendes
Ribeiro, Antônio Andrade tem como desafio alavancar e desenvolver o setor
que está sempre em crescimento e há muito tempo é o grande responsável
pelo crescimento do PIB brasileiro.
Instituições:
EMBRAPA - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi criada em
26 de abril de 1973. Sua missão é viabilizar soluções de pesquisa,
desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em
benefício da sociedade brasileira. A Embrapa atua por intermédio de Unidades
de Pesquisa e de Serviços e de Unidades Administrativas, estando presente
em quase todos os Estados da Federação, nos mais diferentes biomas
brasileiros.
IMA - O Instituto Mineiro de Agropecuária tem como missão exercer a
defesa sanitária animal e vegetal, a inspeção e fiscalização de produtos
contribuindo para a preservação da saúde e do meio ambiente.
69
FAEMG - A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas
Gerais representa os produtores rurais de todo o estado. A entidade une forças
para defender os interesses políticos, econômicos e sociais da categoria, que
possui 379 sindicatos, e também desenvolve ações juntamente com o SENAR
(Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para capacitar produtores.
EMATER - A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais, foi criada em 1935 atuando como um dos principais
instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de
planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver
ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar. Constitui
área específica de atuação o território mineiro, buscando resultados como a
melhoria da qualidade de vida e condições de produção dos produtores de
agricultura familiar, a inclusão social de grupos e comunidades rurais, por meio
de programas geradores de emprego e renda, e as ações de organização rural
para o desenvolvimento com sustentabilidade e atendimento aos direitos de
cidadania.
70
17. Referências Bibliográficas
71
Van SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber,
neutral detergent fiber, and nonstarchpolyssacarides in relation to animal
nutrition. Journal Animal Science, v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.
VALADARES FILHO, S.C., ROCHA JÚNIOR, V.R., CAPELLE, E.R., Tabelas
Brasileiras de Composição de Alimentos para Bovinos. CQBAL 2.0. 2. Ed.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. Suprema Gráfica Ltda. 2008. 307p.
QUALIDADE DO LEITE, Manual da Cooperativa. Itambé, 1998;
DOS SANTOS, Marcos Veiga; Estratégias para Controle de Mastite e Melhoria
da Qualidade do Leite, 2007;
III SIMLEITE: III Simpósio Nacional de Bovinocultura Leiteira;
Milkpoint: O ponto de encontro da cadeia produtiva do leite.
http://www.milkpoint.com.br/
Notas de aula da disciplina ZOO 453
Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5ª
aproximação)
72