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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS Campus

ARAPIRACA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


ZOOTECNIA

ALEITAMENTO DE BEZERRAS LEITEIRAS


– SISTEMA DE ALEITAMENTO ABRUPTO

Professor: Dr. Vitor Visintin Silva De Almeida

Alunas:
Maria Eloiza Oliveira Ferreira

Arapiraca –
Alagoas 2023.2
MARIA ELOIZA OLIVEIRA
FERREIRA

ALEITAMENTO DE BEZERRAS LEITEIRAS


– SISTEMA DE ALEITAMENTO ABRUTPO

Atividade complementar de aprendizagem e requisito parcial


para da disciplina de Bovinocultura de Leite, do curso
Bacharelado em Zootecnia, sob a orientação do Prof. Dr. Vitor
Visintin Silva De Almeida.

Arapiraca –
Alagoas 2023.2
1. INTRODUÇÃO

Com uma produção estimada em 2020 de 67,98 bilhões de litros de leite (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2020), o Brasil mantém sua
posição entre os cinco principais países produtores de leite no mundo, destacando a
pecuária leiteira brasileira como uma importante contribuinte para a economia
nacional. Diante desse cenário, a busca por sistemas de criação de animais mais
econômicos e eficientes, com a adoção de práticas de manejo e alimentação
adequadas, torna-se fundamental para garantir a reposição e o crescimento do
rebanho nacional com animais de alto potencial produtivo a custos reduzidos.

Contudo, a fase de criação representa um período da vida do animal em que os


produtores enfrentam retornos financeiros limitados. Isso tem impulsionado o
desenvolvimento e a adoção ao longo do tempo de técnicas que visam reduzir os
custos com alimentação sem comprometer o desempenho dos animais. Entre essas
técnicas, destacam-se o desaleitamento precoce, o uso de substitutos do leite e a
incorporação de alimentos alternativos na formulação das dietas líquidas e sólidas
para esses animais, além de práticas de manejo sanitário.

No entanto, como salientado por Quigley (1996b), o sucesso do desaleitamento


depende da maturidade parcial do rúmen do bezerro, que deve ser capaz de digerir
alimentos sólidos para manter um ganho de peso satisfatório. Nesse contexto, o
fornecimento de uma dieta líquida e sólida de qualidade, que atenda às exigências
nutricionais nessa fase, assume uma importância significativa.

Neste estudo, teve como objetivo de calcular os custos relacionados à alimentação


durante a fase de cria. Para isso, foi adotado o método convencial abrupto de
aleitamento, fornecendo 4 litros de leite (divididos em duas vezes ao dia) ao longo de
60 dias. Após esse período, foi reduzido a zero o fornecimento de leite.
Posteriormente, levamos em conta o consumo de concentrado e volumoso até os 180
dias de vida do animal. Os custos dos insumos considerados neste estudo são os
seguintes: Milho - R$ 1,65 por quilograma, Farelo de Soja - R$ 3,20 por quilograma,
Leite - R$ 2,30 por litro e Feno de Tifton - R$ 2,30 por quilograma. O objetivo é que o
animal atinja o peso de 00kg (o dobro do peso ao nascer) aos 60 dias, alcançando um
ganho médio diário (GMD) de 0,00kg/dia durante esse período. Além disso, buscamos
que o animal atinja 00kg aos 180 dias, com um GMD de 0,00kg/dia nos últimos 70
dias, resultando em um GMD médio de 0,00kg/dia ao longo de todo o ciclo.
2. ALEITAMENTO DE BEZERRAS LEITEIRAS

Durante o aleitamento, a recomendação convencional adotada mundialmente, consiste


no fornecimento da dieta líquida de modo restrito (HILL et al., 2006; UYS et al., 2011), em
aproximadamente 10% do peso corporal do animal, de tal modo que um bezerro de 40kg
receberia quatro litros de leite ou de sucedâneo por dia, dividido em duas refeições
(KMICIKEWYCZ et al., 2013). Entretanto, esse sistema vem sendo frequentemente associado a
baixo desempenho e ineficiência alimentar (KHAN et al., 2007), além de comportamentos
sugestivos de fome (JENSEN & HOLM, 2003; VIEIRA et al., 2008) e maiores riscos de
doenças (GODDEN et al., 2005; KHAN et al., 2007), demonstrando que esse método de
alimentação pode reduzir o bem estar dos bezerros (Von KEYSERLINGK et al., 2009). O
sistema de aleitamento fracionado é uma alternativa ao aleitamento convencional (SWEENEY
et al., 2010). Esse sistema consiste no fornecimento da dieta líquida acima de 10% do peso
corporal por bezerro nas semanas inicias de vida, com posteriores reduções antes do
desaleitamento, com o objetivo de estimular o consumo de matéria seca pelos animais. A
adoção de aleitamento fracionado pode permitir que os bezerros recebam quantidade de dieta
líquida mais próxima ao que teriam em sistema com acesso ad libitum nas primeiras semanas de
vida, entretanto, o maior fornecimento dessa dieta pode estar associada com menores consumos
de concentrado (JASPER & WEARY, 2002; PASSILLÉ et al., 2008) e aumento da frequência
de diarreia (BROWN et al., 2005). Análises dos efeitos dessa estratégia de aleitamento no
desempenho dos animais são fundamentais para escolha da melhor opção a ser adotada nas
propriedades, e há necessidade de estudos em face ao alto custo da dieta líquida e a dificuldade
de escolher qual o melhor momento para aumentar a dieta sólida e diminuir a dieta líquida na
criação de bezerros leiteiros. Assim, objetivou-se avaliar o consumo, desenvolvimento e a
frequência de diarreia de bezerros leiteiros Holandeses, bem como realizar análise econômica
dos sistemas de aleitamento fracionado e convencional.
3. MANEJO AO NASCIMENTO

O manejo adequado no primeiro dia de vida não apenas influencia a saúde das bezerras,
mas também tem implicações significativas na mão de obra e nos custos associados à fase
inicial de criação (0 a 60 dias). Logo após o nascimento, é essencial que as bezerras sejam
capazes de se levantar e mamar colostro o mais rápido possível, aproveitando a efetividade da
absorção de imunoglobulinas do leite materno nas primeiras horas pós-parto. A qualidade do
colostro desempenha papel crucial, garantindo a transmissão adequada de imunoglobulinas para
proporcionar proteção eficaz às bezerras. A ingestão oportuna e em quantidade suficiente de
colostro de qualidade reduz significativamente a incidência de doenças nas bezerras,
estabelecendo as bases para um desenvolvimento saudável e impactando positivamente a
produtividade do rebanho a longo prazo.

3.1 Colostragem

Garantir o fornecimento imediato de colostro de alta qualidade aos bezerros,


idealmente nas primeiras 6 horas pós-parto, é essencial para raças grandes (por exemplo,
Holandesa, Pardo Suíço) em uma quantidade de 4 litros, enquanto para raças pequenas (por
exemplo, Jersey) é recomendado 3 litros. Acompanhamento próximo do parto e intervenção
para garantir a rápida ingestão do colostro são práticas cruciais. Além disso, é fundamental
manter a oferta de colostro nos próximos 2 a 3 dias após o nascimento.
A qualidade do colostro deve ser avaliada usando um hidrômetro, conhecido como
colostrômetro, priorizando o uso daquele que se encontra na faixa verde, indicando uma
concentração superior a 50mg/ml de imunoglobulinas. Esta medida assegura uma qualidade
eficaz na transmissão de imunidade às bezerras.
Estabelecer um banco de colostro de alta qualidade é crucial para situações em que as
matrizes não produzem colostro em quantidade ou qualidade suficientes. Coletar o colostro
após a higienização dos tetos e armazená-lo em recipientes de 500ml para posterior
congelamento é uma prática recomendada, assegurando uma reserva confiável para atender às
necessidades nutricionais dos bezerros.

3.2 Cura de umbigo

O umbigo é uma potencial porta de entrada para diversas doenças em sistemas de criação de
bezerras. No momento do nascimento, as bezerras apresentam a região úmida e exposta, sendo
mais propensas a infecções umbilicais ou onfalites, especialmente se o local de nascimento for
contaminado. Infecções umbilicais não são normais e podem resultar em complicações
crônicas, incluindo problemas respiratórios, artrite, infecções generalizadas e, em casos
extremos, levar à morte.
Para promover a secagem adequada do umbigo, recomenda-se o uso de uma solução de iodo a
10%, aplicada em um recipiente que permita imergir completamente o umbigo duas vezes ao
dia, por no mínimo 3 dias. O corte do umbigo só é necessário quando este ultrapassa os 15 cm
de comprimento, devendo ser realizado com tesoura limpa e tratada com a mesma solução de
iodo a 10%. Nesse cenário, o corte visa deixar o umbigo com comprimento entre 8 cm e 10 cm,
conforme orientações de Paranhos da Costa e Silva (2014).

3.3 Acompanhamento do peso das bezerras

O acompanhamento do peso das bezerras leiteiras é uma prática fundamental no manejo


eficiente desses animais. O monitoramento regular do peso contribui para avaliar o crescimento,
identificar possíveis problemas de saúde, ajustar estratégias alimentares e otimizar o
desempenho do rebanho. O peso das bezerras está diretamente relacionado à sua saúde e ao seu
desenvolvimento, sendo um indicador valioso da eficácia do programa de alimentação e manejo
adotado.

Estabelecer um protocolo consistente de pesagem, desde o nascimento até a fase pós-desmame,


permite detectar variações significativas no ganho de peso, possibilitando a intervenção precoce
em casos de desafios nutricionais, doenças ou outras condições que possam impactar o
crescimento saudável. Além disso, o acompanhamento do peso ao longo do tempo fornece dados
essenciais para a tomada de decisões estratégicas na gestão do rebanho leiteiro, contribuindo
para o alcance de metas de produção sustentável.

3.4 Ingestão de leite ou sucedâneo

O leite é o alimento ideal para bezerras até os 30 dias de idade, devendo ser oferecido
imediatamente após a ordenha. Em situações em que a entrega imediata não é possível, é
essencial aquecer o leite e manter a temperatura em torno de 37 °C. Caso não seja viável
fornecer leite, é recomendado evitar sucedâneos de leite com alto teor de proteína vegetal, como
a soja, devido às dificuldades de digestão por bezerros jovens, o que aumenta os riscos de
diarreia e empanzinamento. A fase até os 30 dias é crítica para a susceptibilidade à diarreia,
sendo crucial evitar sucedâneos de leite de baixa qualidade nesse período.

O leite pode ser administrado em baldes, preferencialmente com bicos, ou por meio de
mamadeiras. Independentemente do método escolhido, é vital manter rigorosa higiene nos
utensílios utilizados para garantir a saúde das bezerras.
Entre os 30 e 60 dias, considerando aspectos econômicos, é possível fornecer um sucedâneo de
leite de qualidade. Na última semana do período de aleitamento, a quantidade de leite deve ser
reduzida pela metade, acompanhada do aumento gradual da oferta de alimentos sólidos,
preparando as bezerras para a transição alimentar.

3.5 Fornecimento de concentrado

O fornecimento de concentrado desempenha um papel crucial no manejo nutricional de


bezerras leiteiras, representando uma fase essencial para o desenvolvimento saudável e a
transição para uma dieta sólida. Algumas razões destacam a importância desse suplemento:

1. *Desenvolvimento do Rúmen:* O fornecimento de concentrado contribui para o


desenvolvimento adequado do rúmen, o principal compartimento do sistema digestivo
responsável pela fermentação de alimentos fibrosos. Isso é essencial para a transição de uma
dieta líquida para sólida.

2. *Estímulo ao Consumo de Sólidos:* Introduzir concentrado estimula as bezerras a


consumirem alimentos sólidos, preparando-as para a fase pós-desmame e garantindo uma
transição suave para uma dieta mais complexa.

3. *Ganho de Peso:* O concentrado é uma fonte concentrada de energia e nutrientes,


favorecendo o ganho de peso adequado. Isso é crucial para atingir metas de crescimento e
desenvolvimento antes da entrada na fase produtiva.

4. *Suprimento Nutricional Balanceado:* O concentrado complementa nutrientes essenciais,


como proteínas, minerais e vitaminas, que podem não ser totalmente atendidos pela dieta à base
de leite.

5. *Prevenção de Distúrbios Nutricionais:* Uma transição suave para alimentos sólidos ajuda a
prevenir distúrbios nutricionais, como acidose ruminal, garantindo a adaptação progressiva do
sistema digestivo.

6. *Eficiência Produtiva Futura:* O manejo nutricional adequado durante a fase de


fornecimento de concentrado contribui para uma eficiência produtiva futura, impactando
positivamente a produção de leite e o desempenho reprodutivo.

Em resumo, o fornecimento estratégico de concentrado é crucial para promover o crescimento,


a saúde e a eficiência alimentar das bezerras leiteiras, preparando-as para uma vida produtiva e
saudável no rebanho leiteiro.

3.6 Fornecimento de Volumoso

O fornecimento de volumoso para bezerros leiteiros desempenha um papel fundamental no


desenvolvimento saudável e na transição para uma dieta mais fibrosa. Aqui estão algumas
razões que destacam a importância desse componente na alimentação:

1. *Desenvolvimento do Rúmen:* A introdução gradual de volumoso contribui para o


desenvolvimento do rúmen, o principal compartimento do sistema digestivo responsável pela
fermentação de fibras. Esse processo é crucial para a transição bem-sucedida de uma dieta
líquida para alimentos mais fibrosos.

2. *Estímulo à Mastigação:* A inclusão de volumoso estimula a mastigação, promovendo o


desenvolvimento muscular da mandíbula e preparando o sistema digestivo para uma dieta mais
complexa.

3. *Diversificação Nutricional:* O volumoso fornece uma fonte adicional de nutrientes, como


fibras, minerais e vitaminas, que complementam a dieta baseada em leite, proporcionando um
perfil nutricional mais equilibrado.

4. *Prevenção de Distúrbios Ruminais:* A oferta de volumoso ajuda a prevenir distúrbios


ruminais, como acidose, promovendo a saúde do sistema digestivo e reduzindo o risco de
problemas relacionados à ingestão excessiva de concentrado.

5. *Adaptação Gradual:* A introdução gradual de volumoso permite que os bezerros se


adaptem à dieta sólida de forma progressiva, minimizando distúrbios digestivos e facilitando a
transição para uma dieta mais diversificada.

6. *Eficiência Alimentar:* O consumo de volumoso contribui para uma eficiência alimentar


aprimorada, ajudando a otimizar a digestão e absorção de nutrientes essenciais.

É importante oferecer volumoso de qualidade, como feno ou outros forragens, e monitorar o


processo de adaptação dos bezerros. Essa prática nutricional contribui para o desenvolvimento
integral dos animais e prepara-os para uma vida produtiva e saudável no rebanho leiteiro.
3.7 Instalações para bezerras

A escolha do local para o bezerreiro é crucial, exigindo um ambiente bem ventilado e de fácil
acesso para otimizar os cuidados com os animais. A instalação deve permitir a limpeza ou
desinfecção diária, especialmente após a saída ou óbito dos animais (Azevedo et al., 2008).
Diversas opções de instalações para bezerras em aleitamento estão disponíveis, desde
bezerreiros fechados e coletivos até abrigos individuais, confeccionados com diversos
materiais. É fundamental destacar a delicadeza dessa fase, tornando as bezerras mais
susceptíveis a doenças infectocontagiosas devido à imunidade reduzida em comparação com
outras fases da vida. A seguir, são apresentadas algumas alternativas de instalações para a
criação de bezerras leiteiras.

3.7.1 Bezerreiro Tropical

Na região de Alagoas, a recomendação é a adoção do Bezerreiro tropical individual


adaptado, conforme ilustrado na figura 1. A prevalência de doenças transmitidas pelo contato
direto é o principal motivo para optar pela criação individualizada de bezerras durante o
aleitamento. Doenças como a diarreia, bastante comuns nessa fase, representam a principal
causa de óbito de bezerros, sendo sua transmissão oral-fecal agravada quando os animais estão
agrupados. Abrigos individuais móveis, conhecidos como "casinhas", surgem como uma opção
prática e econômica para a criação de bezerras. Entre as vantagens desse sistema, destacam-se a
redução dos riscos de propagação de doenças, resultando em menor morbidade e mortalidade
(Santos; Lopes, 2014), além do controle mais efetivo do consumo individual, contribuindo para
um melhor ganho de peso e desempenho dos animais
Recomendações:

1. É aconselhável destinar um piquete para liberar os bezerros por algumas horas diárias,
permitindo que corram, brinquem e interajam socialmente. O piquete deve oferecer no mínimo
10 m² por animal (Paranhos da Costa; Silva, 2014).

2. A localização das casinhas demanda atenção especial. Deve estar próxima a áreas de
movimentação humana para facilitar o manejo dos animais e permitir a observação e
identificação de eventuais sinais de doenças.

3. A área deve ser protegida dos ventos dominantes e livre de riscos de alagamento.

4. As casinhas podem ser instaladas em uma área com capim de altura média (aproximadamente
10 cm–15 cm) e bom valor nutricional, preferencialmente do gênero Cynodon, por serem
macios e apresentarem altura mais baixa.

5. Sempre que a área começar a ficar úmida ou acumular lama, é crucial realocar as casinhas
(daí a importância da escolha do material dos abrigos, facilitando sua movimentação).

Figura 1. Bezerreiro tropical individual adaptado

Na Figura, apresenta-se um modelo de casinha individual com dimensões de 1,20 m


(altura) x 1,00 m (largura) x 1,40 m (comprimento). A estrutura é construída com
barras de ferro de ¾ de polegadas, cobertura de forro PVC e manta térmica para
reduzir a temperatura interna nas horas mais quentes do dia. Dentro do abrigo,
suportes laterais são fixados para a colocação de baldes destinados ao fornecimento
de água e ração. Os animais possuem coleiras largas de couro, nas quais se fixa
uma corrente de 1,80 m de comprimento, conectada a um destorcedor preso a um
gancho de metal firmemente fixado ao solo. Para minimizar o impacto no solo, tanto
dentro quanto ao redor das casinhas, a corrente está ligada a um fio de arame liso,
fixo ao solo, com cerca de 4 m de comprimento, permitindo a movimentação dos
animais.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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