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Semestre 1/4
Disciplina:
Referência Bibliográfica
Fichamento
● Sobre o autor
Base teórica marxista que cria modelos em forma de binômios e essas teorias se
enfrentam. Criam teorias que se enfrentam, como por exemplo capital e trabalho e a partir
da explicação oposicionista.
● Principais referenciais
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● Metodologia
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● Anotações
Fichamento
As transformações culturais geradas por este modo de exploração foram sepultando uma
enorme quantidade de conhecimentos práticos elaborados durante séculos de
experiência produtiva pelas comunidades autóctones destas regiões (Leff, 2009 p.33)
Esse uso indiscriminado dos recursos naturais por pessoas sem conhecimento da região gerou o
que o autor chama de “irracionalidade produtiva”, onde se explora sem medida e isso gera
crescentes custos ambientais.
A má gestão e o mau uso dos recursos naturais alimentaram uma máquina que atendia apenas a
uns enquanto deixava outros à míngua. O abuso desses recursos foi prejudicial aos povos que já
viviam naquelas áreas e ainda provocou o efeito que podemos chamar de “deseconomia”.
Devemos pensar nesse termo no contexto em que tiramos de um país subdesenvolvido seu
recurso, sua capacidade de desenvolver-se por conta própria para alimentar países que já estão
em desenvolvimento, esgotaram seus próprios recursos e buscam em outros locais os meios para
continuar crescendo.
A aceitação passiva destes padrões tecnológicos (por falta de uma política eficaz de
assimilação e produção autônoma de tecnologias) levou os países "subdesenvolvidos" a
adotar estratégias de desenvolvimento subordinadas à inércia geral do desenvolvimento
capitalista, gerando uma crescente polarização entre nações e grupos sociais. (Leff, 2009
p.38)
Cria-se um ciclo vicioso onde não importa quantos se qualifiquem, sempre haverá zonas de baixo
desenvolvimento e locais a serem explorados para fomentar o crescimento de outros. Quem mais
sofre são os que estão do lado fraco, muitas vezes que possuem conhecimentos diferentes do que
o mercado espera e costumes que não se encaixam no mundo dito “globalizado”. Fato é que
muitos tomaram para si o modelo exploratório feito pelos colonizadores e deixaram de buscar por
soluções sustentáveis e tecnologias que servissem para garantir um futuro melhor para os seus,
hoje, muitos pagam o preço por essas escolhas.
A destruição ecológica dos países tropicais não consiste só na perda de recursos naturais
e espécies biológicas, mas também na alteração de funções ecológicas reguladoras, das
quais depende o “suporte vital” dos ecossistemas e que são fundamentais para a
produtividade sustentada dos processos silvoagropecuários com valor econômico. (Leff,
2009 p.46)
O saber técnico e científico é um recurso raro, que deve criar-se e administrar-se para
impulsionar o desenvolvimento da produção sustentável dos recursos tropicais. (Leff,
2009 p.49)
O homem precisa aprender a gerenciar os saberes técnicos e científicos sem esquecer-se dos
saberes tradicionais. É preciso levar em conta a contribuição desses povos, valoriza-los para
incluir esses saberes e promover uma troca de experiência, um diálogo que consiga hibridizar os
saberes científico e local.
O processo capitalista de produção, fundado na propriedade privada dos meios de
produção e na tendência para a maximização dos lucros privados no curto prazo levou a
reverter os custos de produção da empresa para a sociedade, contaminando o meio
ambiente e deteriorando as bases de sustentabilidade do processo econômico. (Leff,
2009 p.51-52)
Moramos em uma zona tropical que adotou o sistema de exploração de bens de zonas
temperadas. Nosso modelo econômico é importado, não foi feito para condizer com a realidade da
América Latina. Foi assim no início da colonização e segue assim, na grande maioria dos casos,
até hoje. Apesar dos investimentos em pesquisa e tecnologias que valorizam os saberes
tradicionais e a contribuição de quem vive nessa área, pouco se falou em interromper ou diminuir a
exploração predatória. Muito pelo contrário, os índices de poluição, desmatamento e degradação
aumentam a cada dia mais, fruto de uma ganancia desmedida que não vê os prejuízos que vai
acarretar.
Esta degradação ambiental, crítica para a reprodução do próprio sistema capitalista, não
pode ser controladas nos países do Norte, os quais transferem seus efeitos mais
negativos para os países do Sul, gerando um processo progressivo de aquecimento e
mudanças climáticas globais que põem em risco o equilíbrio ecológico do planeta. (Leff,
2009 p.54)
Leff aponta que esse aproveitamento dos recursos naturais se dará quando houver articulação dos
níveis produtivos complementares: natural e tecnológico. Neste ponto, mais uma vez o autor
mostra que a tecnologia tem que trabalhar a favor de cada região, respeitando suas
particularidades.
Na atualidade não existe nenhum ecossistema que não seja afetado pela acumulação
capitalista, seja por servir-lhe diretamente de substrato material, seja por sua articulação
com outras formações sociais e pelas interconexões entre sistemas ecológicos. (Leff,
2009 p.64)
A história econômica moderna não nos legou um conhecimento suficiente para implantar
estar estratégias de aproveitamento dos recursos naturais. (Leff, 2009 p.73)
Os colonizadores que chegaram as terras tropicais não estavam em busca de aprender sobre os
meios utilizados pelos povos que já estavam aqui. Os povos originários da América Latina foram
tratados como populações inferiores de forma geral, sua principal serventia era como mão de obra
escrava, além disso, seu conhecimento sobre o terreno e os locais onde se podiam encontrar
minerais preciosos também foi útil aos exploradores, ademais, o colonizador importou tudo o que
conhecia sobre exploração de recursos naturais de um modelo que já caminhava para o abuso
desses recursos.
A ocupação do território nas florestas tropicais deve se assentar num processo de
reconhecimento, revalorização e assimilação do meio. (Leff, 2009 p.74)
A apropriação real da riqueza gerada nas zonas rurais pelas próprias comunidades
dependerá, fundamentalmente, da participação que tenham os produtores diretos na
organização dos processos produtivos. (Leff, 2009 p.84)
Apesar de haver essa necessidade de tomada de posse dos produtores dos processos produtivos,
a caminhada até alcançar esse patamar é longa, principalmente pela falta de interesse em produzir
meios científicos/tecnológicos para se alcançar essa realidade. Com um modelo produtivo que
prioriza a tecnologia aplicada a meios intensivos em capital, a ecotecnologia acaba sendo deixada
à margem.
Mais uma vez Leff aponta a importância da valorização dos saberes tradicionais, neste ponto,
porém, ele vai além e afirma que esse conjunto de saberes de cada povo em regiões diferentes faz
parte de uma “cultura ecológica” que está integrada às relações sociais e às forças produtivas das
comunidades rurais.
O tempo é diferente dentro de cada cultura, em um contexto exploratório de larga escala seria
impossível que comunidades tradicionais conseguissem acompanhar. Porém, gerar resultado mais
rápido está longe de significar resultados duradouros. Leff mostrou com vários exemplos que a
exploração em larga escala beneficia apenas uns enquanto que outros além de perder os recursos
ainda precisam lidar com as consequências da exploração.
Quando todos passaram a colaborar e trocar experiências sobre suas formas de manejo, a
integração entre os conhecimentos promoveu o intercâmbio de saberes e fez com que os
territórios e as possibilidades fossem ampliadas. Aqui não há imposições, como percebe-se no
modelo implementado a força para geração de lucro, neste formato a troca de saberes coletivas é
em prol do coletivo.
A organização cultural de cada formação social regula a utilização dos recursos para
satisfazer as necessidades dos seus membros. (Leff, 2009 p.123)
É a organização cultural que faz derivar as normas jurídicas, propriedades de recursos e divisões
de trabalho. Esse intercâmbio de saberes faz com que a roda que move a sociedade gire não
apenas para fazer funcionar as estruturas metafísicas e não palpáveis (como os conjuntos de leis
e moral), mas também faz com que o palpável (a divisão de trabalhos e posse de terras) seja
executado dentro de um determinado grupo.
A natureza converte-se, assim, num recurso econômico e num patrimônio cultural. (Leff,
2009 p.124)
A cultura ecológica, em seu sentido atual, pode definir-se como um sistema de valores
ambientais que reorienta os comportamentos individuais e coletivos, relativamente às
práticas de uso dos recursos naturais e energéticos. (Leff, 2009 p.124)
Nesse ponto o autor é incisivo ao salientar que a cultura está excluída dos paradigmas da
economia. Ele considera cultura, nesse contexto, não apenas como o conceito geral da palavra,
mas também como os saberes de manejo de recursos, valores e práticas tradicionais passados
pelos povos de geração em geração. Para a economia, nada disso importa, o que ela visa é o
lucro, a produção em larga escala e a exploração desmedida desses recursos.
A preservação das identidades étnicas, dos valores culturais e das práticas tradicionais de
uso dos recursos aparece como condição de uma gestão ambiental e do manejo
sustentável dos recursos naturais em escala local. (Leff, 2009 p.127)
O homem não está preocupado em investir nas tecnologias que possam mudar o formato de
exploração baseado na racionalidade econômica. Mesmo com a ampliação da capacidade
tecnológica vinculada à questão ambiental, o intuito é sempre fazer com que os recursos
explorados durem mais e não mudar a forma de exploração para algo mais sustentável.
Esta racionalidade ambiental encontra o seu suporte material não só nos novos valores e
direitos do ambiente, mas também na articulação de processos ecológicos, tecnológicos e
culturais que constituem um paradigma de produtividade ecotecnológica. (Leff, 2009 p.
149)
Segundo o autor, para construir uma racionalidade ambiental que supra a necessidade social dos
insumos ambientais é necessário o desdobramento em três processos: O primeiro trata sobre uma
questão mais cultural e aborda os conhecimentos étnicos para realizar o manejo dos recursos
naturais, segundo Leff “a preservação de sua identidade étnica e sua autonomia cultural contribui
para a conservação e desenvolvimento do potencial produtivo de seu ambiente.” (p.159) O
segundo aborda a produtividade tecnológica como forma de tornar as adaptações ecológicas mais
eficientes para assim aproveitar ainda mais as propriedades de certos recursos, por último, a
produtividade tecnológica cujo objetivo, defende Leff, é promover uma racionalidade ambiental.
Leff reforça, a todo momento, a importância dos saberes tradicionais enquanto patrimônio e mais
ainda, como um caminho para a construção de uma nova realidade de aproveitamento dos
recursos, segundo ele “a valorização do patrimônio natural e cultural conduz a construção de uma
nova racionalidade produtiva, que incorpora os processos culturais e ecológicos ao processo
produtivo, como condição para alcançar um desenvolvimento sustentável. (Leff, 2009 p.166)
O autor ainda defende que a nova realidade do pensamento de aproveitamento dos recursos
naturais fundamenta-se “no conceito do ambiente com um potencial produtivo, mais que como um
custo do desenvolvimento e como lugar de depósito de resíduos.” (Leff, 2009 p.171)
Pela falta de uso desses avanços metodológicos no sentido de repensar a exploração dos
recursos naturais é que a forma de retirar esses insumos permanece a mesma. Ainda pior é ver
que a dependência econômica dos países subdesenvolvidos/ em desenvolvimento persiste, isso
leva a um endividamento externo, o que gera ainda mais pressão sobre os ritmos de exploração
dos recursos nesses locais, pensemos no contexto brasileiro, mas também não podemos esquecer
de outras realidades como por exemplo a Índia, que quase não suporta mais o contingente de
população que possui, além de ser um dos países com maior disparidade social, mas que continua
avançando tecnologicamente.
Apesar dos esforços para construir um conceito de capital natural que internalize as
externalidades socioambientais no cálculo ambiental, a economia de mercado é incapaz
de dar critérios racionais para o investimento de recursos limitados, num horizonte de
tempo maior. (Leff, 2009 p.179)
O autor ainda aponta que os custos ambientais gerados pelo processo de desenvolvimento
irracional e não sustentável não são internalizados, ou seja, não são levados em consideração
pela perspectiva da racionalidade econômica ou por um sistema de planificação centralizada. (Leff,
2009 p.185)
Como solução para esse problema, Leff propõe uma política de fortalecimento das comunidades
para assim fomentar o surgimento de uma globalidade e modernidade alternativas, portanto, o
desenvolvimento sustentável necessitaria de um “novo campo de concertação entre o Estado e os
agentes econômicos e os grupos sociais. (Leff, 2009 p.187)