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________________Notas de Aula ERU-451 professor Marcelo Romarco – UFV-DER

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


DEPART AMENT O DE ECONOMIA RURAL
ERU- 380 Dese nv olv ime nt o Soc ioec onômic o
Pr ofe sso r: Marc elo L ele s Ro ma rco de Olive ira

Marcelo Leles Romarco de Oliveira1

“O maior problema da desigualdade social é fingir que ela não existe e dizer que as pessoas não ascendem
porque não querem” (Autoria 42 frases)

Tex t o De bat e 0 3 - Situando a modernização da agricultura e a Revolução Verde: O


Desenvolvimento no mundo rural brasileiro

Introdução

Ao falar da modernização da agricultura brasileira, numa perspectiva de desenvolvimento2, é importante


abordar seus impactos e consequências para a formação do Estado brasileiro, bem como para os
desafios que esse desenvolvimento traz atualmente (2022) no que diz respeito, por exemplo, à produção
de alimentos. Também, é necessário situar como os serviços de Ater se inseriram nesse processo
(passado, presente e futuro) e qual seria o papel do/a extensionista contemporâneo diante dos desafios
entre conciliar a produção de alimentos e a manutenção dos recursos naturais. Assim, o objetivo desta
nota de aula é trazer uma breve reflexão desse processo transformador do mundo rural brasileiro.

A adjetivação do Desenvolvimento a outras áreas (meio ambiente, sustentável, rural, entre outros) tem
impulso a partir da década de 1970. No caso do rural, sobretudo no Brasil, esse conceito passa a ganhar
contorno a partir da década de 1990, no qual adjetivos como rurais ou rurais sustentáveis vão fazer coro
na pauta sobre Desenvolvimento e na discussão do rural brasileiro.

Mas antes de entrar no debate propriamente dito, algumas reflexões iniciais são importantes, ou seja, é
possível pensar em um espaço rural descolado do urbano ou vice-versa? Podemos falar em um modelo
de Desenvolvimento para o Brasil separando rural do urbano? Afinal, o que é o espaço rural?

É possível encontrar na literatura, algumas definições que buscam descolar o rural do urbano ou vice-
versa. Amiúde o rural é associado a áreas menos povoadas, um espaço com grande dispersão
populacional, os modos de vida dos moradores seriam diferenciados, considera a ocupação e natureza
das atividades econômicas praticadas pelos indivíduos e por aí vai. Numa visão político-administrativa
sobre o que seria o espaço rural, o IBGE no Censo de 2020 traz a seguinte definição: “Caracteriza-se

1Doutor em Ciências Sociais com ênfase em Desenvolvimento e Sociedade e Agricultura (CPDA-UFRRJ). Professor do
Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa.
2Sobre o conceito de Desenvolvimento que traz uma série de variáveis que em muitas situações não são consensuais
dentro das diversas áreas do conhecimento (Economia, Sociologia, Ciência Política, entre outras), portanto, passível de
múltiplas interpretações e um conceito interdisciplinar. Que vai além da dimensão econômica que usualmente se utiliza
para referir a esse conceito.

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pelo caráter aglomerado de domicílios, normalmente distantes entre si, não mais que 50m, e separados
da franja das cidades e vilas por mais de 1km, (...) Áreas de uso rural caracterizadas pela dispersão de
domicílios e pela presença usual de estabelecimentos agropecuários” (IBGE, 2020, p. 16).

Entretanto, o que percebemos é a dificuldade de se pensar essas divisões dos espaços ou essa
dicotomia entre rural e/ou urbano e, portanto, esse entendimento nos ajuda a compreender que as
transformações de um determinado espaço impactariam no outro. Dessa forma, discutir o
Desenvolvimento do mundo rural, nos traz à baila a importância de pensar esses fatores.

Nesse sentido, o objetivo desse texto é trazer alguns apontamentos gerais sobre esse debate, tendo no
centro da discussão aquilo que está ligado ao chamado mundo rural, um espaço importante para
produção de riquezas, intimamente ligado a extração dos recursos naturais, uso da terra e também,
como espaço de relações sociais, culturais e econômicas. Para tanto, serão trazidos conceitos e olhares
de autores clássicos desse debate no Brasil, entre estes, Schneider, Abramovay, Caporal & Costabeber,
entre outros.

Uma breve Contextualização Histórica de Desenvolvimento e Agricultura no caso brasileiro

Pensar no debate de Desenvolvimento e agricultura brasileira e consequentemente do espaço “rural”,


nos leva a refletir que o processo de transformação da agricultura no Brasil ganha contornos acelerados
a partir de meados do século XX, com a adesão à chamada Revolução Verde3 ou modernização da
agricultura, que consistia, basicamente, na mudança da base produtiva por meio de pacotes tecnológicos
importados principalmente dos EUA.

Este modelo de desenvolvimento induziu a aquisição de máquinas, insumos químicos e biológicos,


mediante a disponibilidade de crédito com taxa de juros reais negativos, financiados pelo Estado
brasileiro. Fundado numa racionalidade econômica dirigida pela maximização do lucro e do excedente
econômico no curto prazo, e pelo direito privado da terra, sobretudo, a concentração do poder econômico
e político.

Com efeito, o modelo de desenvolvimento teve como objetivo alterar a estrutura produtiva da agricultura
através do aumento da tecnificação do campo, por meio da utilização de máquinas e insumos modernos,
aumentando a produção por unidade de área e produto a ser colhido. Favoreceu principalmente as
indústrias de máquinas agrícolas, e insumos.

Esse modelo foi caracterizado pelo processo de expansão das fronteiras agrícolas e com poucas
mudanças no padrão de distribuição da posse da terra e com um padrão tecnológico fixo. Além de
privilegiar grandes produtores, determinadas regiões e produtos da pauta de exportação. As mudanças
ocorridas nesse modelo de desenvolvimento do campo potencializaram diversos problemas no campo,
entre estes estão o aprofundamento das desigualdades sociais, exclusão de setores sociais pobres na

3 Convencionou-se chamar de Revolução Verde esse processo que esteve associado a batuta norte americana em
contrapartida as revoluções vermelhas que estavam acontecendo em países comunistas como URSS, China, entre
outros. Lembre-se do discurso do Truman em 1949 que sinalizava para a necessidade dessa transformação global em
combate a fome e etc. capitaneada por eles (EUA), e a agricultura foi um dos instrumentos utilizados para tal proposição.

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tomada de decisões, migrações do campo-cidade, aumento da contaminação ambiental, a manutenção


de grandes extensões de terras e a falta de uma política de Reforma Agrária (OLIVEIRA, 2002).

A mecanização rural foi mais fácil nas etapas de preparo de solo, plantio e tratos culturais, criando
descompassos sazonais na absorção de mão de obra (SILVA, 1981). Mas o uso dos chamados insumos
modernos tendeu a aumentar a produtividade, elevando a produção por unidade de área e o produto a
ser colhido. Esta etapa foi completamente mecanizada em alguns produtos - soja, trigo, milho - mas não
em todos. Produtos como cana, café, laranja continuaram a depender do trabalho humano direto em
momentos-chave do processo produtivo, de modo que a incorporação de tecnologia serviu para
aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, o emprego por safra e desemprego na entressafra. Então,
a demanda por mão de obra no campo - cuja produção depende fortemente da ação dos agentes
naturais: chuva, sol, calor, frio - apresenta forte sazonalidade.

As culturas de exportação foram priorizadas, acelerando o avanço da relação de trabalho definida pelo
assalariamento. Essa modernização não foi homogênea por áreas ou produtos e reproduziu no seu
desenvolvimento formas diferenciadas de relações assalariadas e não assalariadas, sendo as culturas
temporárias preferencialmente escolhidas porque a rotação de capital é mais rápida.

Esse processo de modernização cria grupos de trabalhadores distintos, como o trabalhador temporário
que são na maioria das vezes pequenos proprietários, parceiros e arrendatários que se assalariam
temporariamente para complementar suas rendas e os trabalhadores volantes que tipificam um
proletário, ou seja, trabalhador desprovido dos meios de produção, obrigado a vender a sua força de
trabalho para garantir sua condição de existência.

Como vimos, em notas anteriores, um marco temporal aceito para delimitar o início dessa transformação
agrícola é o ano de 1965, pois data daí o nascimento das políticas agrícolas com a criação do Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR). Assim, nesse período foram visíveis os investimentos públicos no
setor agrícola que se tornou o grande fomentador da expansão agrícola “moderna”, estabelecendo a
criação de diversos programas de desenvolvimento regional, como o Programa de Desenvolvimento dos
Cerrados (POLOCENTRO), Programa de Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), Programa de
Desenvolvimento da Amazônia (POLOAMAZÔNIA), entre outros (DELGADO, 1985).

Para Masselli (1998), esse projeto de desenvolvimento brasileiro, vai promover um conjunto de
mudanças no campo brasileiro. Um dos protagonistas dessa transformação foram os serviços de
Extensão Rural, que tiveram um papel fundamental de veicular, no universo rural, a ideia de que como
se produzia e vivia no campo era atrasada e a solução seria, portanto, substituí-la por outros mecanismos
e por técnicas modernas, utilizando o crédito para consumir produtos industrializados e, com isso,
produzir mais e, desse modo, viver melhor. Por isso, era necessária que se fosse realizada assim uma
intervenção para mudar a realidade do campo brasileiro.

Nessa visão simplista, as identidades desses produtores são desconsideradas em prol de um modelo
homogêneo de desenvolvimento, que tinha o objetivo de transformar o campo, provocando profundas
mudanças na organização da produção e nas relações de trabalho no meio rural. Essa foi uma tônica
não só no Brasil, mas como em diversos países mundo afora. Nesse sentido, Altieri (1997), coloca que
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a maioria dos programas de Desenvolvimento constituíram o que se denomina “crescimento com


miséria”. Um exemplo, dessa situação, são países da América Latina, como o caso brasileiro.

Assim, o sistema capitalista implantado no campo alterou a estrutura produtiva da agricultura através do
aumento da tecnificação do campo, por meio da utilização de máquinas e insumos modernos,
aumentando a produção por unidade de área e o produto a ser colhido, favorecendo principalmente as
indústrias de máquinas agrícolas e insumos.

Consequências dessa opção modernizadora

O modelo de transformação do campo brasileiro, foi orientado pela lógica do Desenvolvimento associado
às transformações das bases produtivas do campo a partir dessa modernização e industrialização e pela
manutenção da concentração da terra e da não realização de Reforma Agrária. É importante destacar
que o Brasil é considerado o segundo pior país do mundo no quesito concentração de terras. Em 2019,
segundo dados do IBGE divulgados pela Oxfam Brasil, cerca de 1% das propriedades brasileiras
ocupariam cerca de 45% da área rural.

Essa realidade da concentração da terra, vai contribuir para ocorrer após a redemocratização do país
(1985), uma série de conflitos4 no campo relacionados, principalmente pela luta por Reforma Agrária e
reconhecimento dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras do campo. Esses conflitos aglutinam uma
série de atores tais como latifundiários5, organizações não governamentais, comunidade acadêmica, a
Igreja (Católica), agricultores/as familiares, populações tradicionais, movimentos sociais e o Ministério
Público e trazem à baila uma série de mazelas que maculam a nossa história. É justamente nesse
momento que uma série de movimentos sociais vão surgir trazendo a pauta de Reforma Agrária e o
reconhecimento dessas populações, entre estes grupos é possível citar como principais expoentes o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG) e o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB).

Dessa forma, o padrão de Desenvolvimento da agricultura brasileira seguiu um modelo de produção


seletivo que procurava atender, principalmente, os interesses, de conglomerados agrícolas e dos
grandes proprietários de terras. Nessa linha de pensamento, os/as agricultores/as e trabalhadores/as
rurais menos favorecidos eram considerados atrasados e seus valores tinham que ser alterados, para
poderem se “encaixar” nos novos tempos e se tornar produtores6 “de verdade”.

4Sobre a categoria Conflito sociais no campo é preciso refletir que sua compreensão vai além de ações de enfrentamento
e de manifestações públicas, é preciso considerar também o conflito como possibilidade de tensões sociais acerca de
alguns temas e recursos (como, por exemplo, o uso ou apropriação da terra, água, degradação ambiental, entre outros).
5Na antiguidade, Latifúndio era a denominação de grande domínio privado de terras da aristocracia. Na modernidade, a
palavra Latifúndio dá um sentido de extensas propriedades, geralmente monoculturas, com pouco ou nenhum
aproveitamento de terras.
6 Normalmente as pessoas que produzem na Agricultura, são tratados de forma genérica como Produtores, que neste
caso envolvem uma série de atores sociais, que podem ser divididos em duas grandes categorias: 1) Agricultores
Patronais: são aqueles que exploram a agricultura a partir do trabalho assalariado, tais como exemplo: cita-se empresas,
grandes proprietários de terra, voltados, principalmente para a monocultura e especialização agrícola; também,
conhecidos como produtores do agronegócio. A outra categoria seria a Agricultura Familiar pode ser caracterizado como
um termo genérico que abarca uma série de grupos de produtores rurais que possuem pequenas unidades produtiva. A
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Essa visão reducionista provocou profundas mudanças na organização da produção e nas relações de
trabalho no meio rural e impactou para sempre a realidade brasileira. Um dos impactos dessa
transformação, além da manutenção da concentração de terra, foi a expulsão de milhares de pessoas
do campo, que vão engrossar o grande êxodo rural brasileiro. Ou seja, com a migração de
aproximadamente 14 milhões de pessoas, na década de 60 e 15 milhões de pessoas, na década de 70.

Na Tabela 01, a seguir, pode-se observar a variação entre população rural e urbana no Brasil durante o
Século XX e início deste século. Nessa Tabela é possível observar a crescente concentração de
população na cidade. Nos dados do último Censo em 2010 é possível observar que mais de 84% dos
brasileiros residem em algum centro urbano.

Tabela 01. População residente por situação de domicílio no período de 1940-2010*


Anos Total Rural Total Urbana Total Geral (%) Rural (%) Urbana
1940 (1) 28.356.133 12.880.182 41.236.315 68,76 31,24
1950 (1) 33.161.506 18.782.891 51.944.397 63,84 36,16
1960 38.767.423 31.303.034 70.070.457 55,33 44,67
1970 41.054.053 52.084.984 93.139.037 44,08 55,92
1980 38.566.297 80.436.409 119.002.706 32,41 67,59
1991 35.834.485 110.990.990 146.825.475 24,41 75,59
1996 (2) 33.993.332 123.076.831 157.070.163 21,64 78,36
2000 31.835.143 137.755.550 169.590.693 18,77 81,23
2010 29.521.372 160.925.792 190.755.799 15.64 84,36
2015** 15,28 84,72
Fonte: IBGE, dados históricos dos Censos, (1) população presente, (2) contagem da população. * No ano de 2020 era para ter ocorrido
o Censo Demográfico, no entanto, até agosto de 2022 esse Censo não foi realizado. **PNAD 2015.

Segundo Albuquerque (1990), a concentração fundiária é um fator importante que favoreceu a migração
rural/urbana, pois em regiões como o Nordeste, com uma alta concentração de terras, somada às
relações de poder exercidas pelos latifundiários, fazem com que a migração para as cidades seja uma
alternativa à exploração e à dominação que os trabalhadores rurais enfrentam.

Assim sendo, esse processo de migração acabou transformando a própria estrutura da sociedade
brasileira, assim como os aspectos demográficos, econômicos e sociais. Essa migração foi associada a
fatores como à sedução das cidades, que no período de crescimento econômico acelerado atraía a
população rural, oferecendo empregos, elevação de renda, e, ao mesmo tempo, demandando
trabalhadores de pouca qualificação, que ingressavam no mercado de trabalho pelo setor de construção
civil ou serviços domésticos.

De outro lado, a população saía do campo expulsa: em alguns lugares pela modernização agrícola, em
outras pelas mudanças das atividades agrícolas ou como, por exemplo, em áreas em que a lavoura é
substituída pelos pastos.

título de informação existem todo um debate político sobre essa discussão, que é importante conhecer para entender
essa diversidade produtiva que existe no rural brasileiro. No entanto, tal debate não será foco de discussão nessa nota.

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Nesse sentido, vários trabalhos acadêmicos, desde o final dos anos de 1970, desenvolveram uma série
de críticas aos modelos de desenvolvimento agrícola, tendo como ponto de partida os resultados
negativos desses modelos, tais como o aprofundamento das desigualdades sociais, exclusão de setores
sociais pobres na tomada de decisões, aumento da contaminação ambiental, a manutenção de grandes
extensões de terras e a falta de uma política de Reforma Agrária.

Para Altieri (1997), a maioria dos programas de Desenvolvimento nos países periféricos voltados para o
mundo rural constituíram no que se denomina “crescimento com miséria”. No caso brasileiro, como já
apontado em parágrafos anteriores, o modelo de Desenvolvimento adotado ocorreu com a ausência de
uma efetiva distribuição de terras, ou seja, com a ausência de uma política de Reforma Agrária.

Essa constatação me faz refletir que a muito tempo o Brasil é taxado como o celeiro do mundo, haja
vista ser um dos principais responsáveis pela produção de alimentos no planeta. Indiscutivelmente, o
Agro brasileiro é importante para as divisas do país, gerando riquezas, trabalho e “Desenvolvimento”,
todos os anos batemos recordes de exportação de commodities agrícolas, algo que deixa os entusiastas
do setor empolgados com essa pungência do Agro. Essa constatação nos permite refletir, portanto, que
este modelo de Desenvolvimento do mundo rural brasileiro teria dado certo? E, que essa realidade da
pungência do Agro seria uma resposta aos críticos do setor?

No entanto, infelizmente, esse entusiasmo não explicaria por que milhares de brasileiros ainda passam
por insegurança alimentar e até mesmo fome, mesmo diante dessa pungência e quebra de recordes de
exportação de alimentos. Corroborando com essa observação, uma matéria produzida pela agência BBC
Brasil do dia 25 de setembro de 2020, traz a seguinte indagação: “Como o mesmo Brasil que alimenta
1 bilhão ultrapassou 10 milhões de famintos 'dentro de casa'?7” Essa pergunta poderia ser
respondida com a seguinte reflexão: a realidade brasileira de exclusão de vários setores, inclusive do
direito de comer, seria um efeito repique do modelo de Desenvolvimento adotado pelo Brasil? Ou seja,
independente de qual espaço (rural ou urbano) tenha sido a nossa escolha?

Percebe-se que esses dados recentes (2020), mostram uma piora nos índices relacionados a pobreza,
fome e miséria, ou seja, se compararmos com os dados elaborados por Valadares et al. (2011) a pouco
mais de 10 anos, nos mostra que em 2009 essa conta era menos amarga, pois naquela ocasião havia
no país 8,7 milhões de pessoas extremamente pobres, cerca de 5% da população brasileira. No total,
42% dos extremamente pobres do país viviam em zonas rurais. E, na área rural, 80% das pessoas
começam a trabalhar antes dos 14 anos. Inclusive em alguns lugares do país é possível encontrar
pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão (trabalho escravo contemporâneo), muitos
desses locais são empresas rurais que submetem seus trabalhadores a condições degradantes.

Tentando coibir essa situação análoga ao trabalho escravo, o governo brasileiro entre os anos de 2003-
2004 criou a “Lista Suja” do trabalho escravo, que consiste num cadastro de empresas dos mais variados
ramos, organizações, fazendas, etc., que possuem trabalhadores em condições degradantes. Essa lista
serve para que investidores, autoridades e sociedade conheçam quem pratica essas irregularidades. Em

7 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54288952

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um levantamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra em janeiro de 20198 existiam cerca de 204
nomes empregadores nesta lista, que ao todo somavam aproximadamente 2.500 pessoas trabalhando
em condições análogas à escravidão (CPT, 2019).

Além desse “Desenvolvimento” desigual no rural brasileiro, as pesquisas têm nos mostrado que nas
últimas décadas as mudanças nas relações de trabalho e a depreciação das condições de vida das
populações, principalmente, as que vivem nas periferias das cidades, me permitem afirmar que a aposta
na urbanização, conforme foi feita no Brasil perde sentido. E, essa realidade me leva a uma reflexão
sobre essa opção brasileira sobre a urbanização, ou seja, qual a relação que podemos fazer entre
violência urbana, pobreza e a ausência de Reforma Agrária no Brasil? Considerando que o Brasil é
um dos países mais desiguais do mundo, inclusive ao falar no acesso e posse da terra e no nosso
processo de Desenvolvimento que foi orientado, principalmente, no foco central da urbanização,
podemos trazer suposições que esta relação teria tudo a ver.

Contextualização do debate mais recente sobre Desenvolvimento Rural brasileiro

É importante, compreender que os serviços de Extensão Rural, como uma política pública,9 são
fundamentais para o desenvolvimento rural, tanto, que no inciso primeiro do artigo terceiro da Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Lei de ATER 12.188, 11/01/2010.), consta a
seguinte informação: são princípios dessa política o “desenvolvimento rural sustentável, compatível
com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente” (BRASIL,
2022, p?). Diante desse cenário é importante que o/a extensionista esteja antenado a esse debate.

Dito de outra forma, ao contextualizar o debate sobre Desenvolvimento e mundo rural brasileiro, Sérgio
Schneider (2010) nos apresenta que a partir da década de 1990 vem sendo construída, no Brasil, uma
agenda que procura colocar no centro do debate as demandas dos/as agricultores/as e/ou produtores/as
rurais com forte influência dos mediadores políticos e dos/as acadêmicos/as. Essas demandas tinham
forte relação com os anseios, principalmente, dos/as agricultores/as familiares10 que passam a ser
reconhecidos como categoria política. Entre as pautas postas nesse momento, estavam a luta por crédito
(vai dar origem ao Pronaf em meados da década de 1990), a criação de novos mercados de
comercialização, melhores preços, regulação da previdência rural, entre outras.

Para o autor, outro avanço nesse debate do Desenvolvimento com olhar no rural e o reconhecimento da
amplitude dos atores no campo, vai proporcionar novas formas de classificação dos estabelecimentos
rurais, passando a reconhecer, por exemplo, uma agricultura familiar e uma agricultura patronal. Um

8Cabe destacar que em 2017 o governo federal vinha travando uma batalha jurídica para que não divulgasse os nomes
nessa lista. Em setembro de 2020 o Superior Tribunal Federal julgou constitucional a divulgação da lista.
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De forma simples, podemos entender as políticas públicas como ações institucionalizadas focadas para orientar
transformações através de programas ou projetos, que buscam modificar situações que afetam uma nação.
10Para entender ‘quem’ é o/a agricultor/a familiar é preciso compreender que agricultura familiar pode ser caracterizada
como um termo genérico que abarca uma série de grupos de produtores rurais. Nesse contexto, Wanderley (2003) aponta
que o/a agricultor/a familiar é aquele que é proprietário dos meios de produção e que utiliza a força de trabalho familiar
em seu próprio estabelecimento. Além de possuir grande diversidade em suas formas sociais.
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marco nesse contexto foi o Censo Agropecuário de 1995/1996, que serviu de desdobramentos para a
criação de políticas públicas para o setor. Dentre essas políticas públicas, é possível citar a própria Lei
n.º 11.326 de 2006, que vai definir o/a agricultor/a familiar nas seguintes categorias: assentados da
reforma agrária; pescadores Artesanais; Quilombolas; Indígenas; Seringueiros, Ribeirinhos,
Extrativistas, Atingidos por barragens e Agricultores. Que possuem até 4 módulos fiscais, limite máximo
para um empreendimento familiar; A mão de obra familiar é superior à contratada e a propriedade dos
meios de produção é da família. A direção da unidade produtiva é exercida pela família e tenha renda
familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento
ou empreendimento (BRASIL, 2006). Esses grupos em muitas situações tem uma relação com o
agrossistema que perpassa as questões produtivas, econômicas e culturais.

Reforçando esse olhar da agricultura familiar no debate sobre Desenvolvimento rural brasileiro, autores
como Fernandes; Garcia, (2001) e Costabeber & Caporal, (2002), trazem contribuições que procuram
apontar o papel da agricultura familiar como o segmento que pode contribuir para uma nova forma de
produção de alimentos e que mitigue os impactos junto ao meio ambiente, pois esse tipo de agricultura
seguiria alguns parâmetros importantes, que vão contribuir para olhar e debater sobre o
Desenvolvimento rural brasileiro.

Nesse período histórico é importante, também, contextualizar que a sociedade está debatendo suas
preocupações sobre questões ambientais e de valorização da alimentação e segurança alimentar e
esses elementos, vão influenciar o debate do Desenvolvimento no âmbito do rural (SCHNEIDER, 2010).

Desta forma, a agenda do Estado voltada para o Desenvolvimento rural no Brasil teria sido construída a
partir de um misto relacionado as pressões dos/as agricultores/as, movimentos e as inspirações dos
mediadores e acadêmicos. Para isso o autor aponta para a necessidade de se conhecer quem são esses
influenciadores na política de desenvolvimento rural, nesse contexto o autor cita alguns pesquisadores,
entre estes, José Eli da Veiga e Ricardo Abramovay, pesquisadores da USP, com seu mote de
orientação na economia, ecologia e sociologia econômica, desta forma trazendo uma passagem do
texto, Schneider (2010) chama atenção que:

Para ambos, a valorização da agricultura familiar e o reconhecimento de seu


potencial dinamizador das economias locais talvez seja o principal ponto de
consenso. Em maior ou menor medida, sustentam o argumento de que a
capacidade de inovação dos agricultores familiares e sua interação com as
instituições locais são fundamentais para poderem ampliar a geração e agregação
de valor, assim como reduzir custos de transação e estimular economias de escopo”
(SCHNEIDER, 2010, pg 519).

Segundo Schneider (2010), José Eli da Veiga teria seus estudos influenciados pelos debates europeus,
principalmente o francês, para eles tratam da questão dos territórios e da inovação nesses espaços,
para o que ele “problematizou enfaticamente a natureza territorial do próprio espaço rural, sustentando
que “o rural brasileiro é muito maior” do que indicam as análises setoriais derivadas do serviço censitário
oficial (Veiga, 2002)” (SCHNEIDER, 2010, p. 520).

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Já o Abramovay numa perspectiva mais sociológica recorre a uma literatura sociológica de capital social,
com inspiração em Putnam. Outro autor apontado nas análises de Schneider (2010), é José Graziano a
partir dos trabalhos do grupo de pesquisa da Unicamp denominado Rurbano, este grupo tem seus
trabalhos numa reflexão que procura demonstrar que o campo teria passado por importantes
transformações e o rural vem “produzindo” novas formas de exploração das atividades como
principalmente, a prestação de serviços, ou seja, a exploração do turismo rural e ecoturismo, espaços
de dormitório entre outros. Para Schneider (2010), essas transformações seria fruto “do próprio processo
de modernização conservadora da base tecnológica da agropecuária” (Schneider, 2010, p. 521).

Ainda nas suas reflexões, Schneider (2010) contextualiza a importância que autores como José de
Souza Martins e Zander Navarro, teriam para interpretar os espaços rurais do Brasil, descrevendo as
principais mudanças prioritárias que não passariam apenas pela promoção do acesso aos ativos ou a
recursos materiais e financeiros, tais como a terra, água, obras de infraestrutura ou crédito para financiar
plantio e comercialização, mas também, da possibilidade de espaços que permitissem a organização e
ampliação de capacidades e/ou liberdades desses grupos, principalmente dos menos favorecidos no
campo.

Outro debate abordado nos últimos anos, que Schneider (2010) faz questão de sinalizar, está
amplamente associado as questões agroalimentares, a segurança alimentar e nutricional que, também,
estão em consonância com o debate promovido pelos ODS. Neste contexto, o autor chama atenção para
a importância no debate da segurança dos alimentos, das formas sustentáveis de produção e as
questões socialmente justa na produção. Esses elementos vão fazer refletir da importância de se pensar
não em cadeias produtivas mais em redes de produção.

Mas a final o que podemos entender por Desenvolvimento Rural?

Conforme apontado na seção anterior, um marco aceitável para trazer o debate sobre Desenvolvimento
adjetivando, seja ele rural ou rural sustentável seria, reconhecer essas transformações no rural e os
desdobramentos políticos e sociais voltados nesse espaço. Também, é importante apontar que existe
um debate voltado para identificar tanto as forças externas de um determinado território como as ações
implementadas pelo Estado, por exemplo, ou o olhar das forças internas e locais (endógeno11) que
procura valorizar o local como impulsionador desse Desenvolvimento.

Diante desse contexto, entendemos que pensar o Desenvolvimento independente do espaço geográfico
nos leva a refletir na magnitude de atores, elementos e ações que estariam em volta desse debate.
Desta forma, com intuito de sintetizar elementos que nos permita visualizar esse debate, considerando
principalmente uma configuração voltada para o mundo rural, a Figura 01, a seguir, nos mostra um olhar
condensado desse emaranhado que estamos debatendo.

11Segundo Kageyama (2004), a ideia de se pensar em Desenvolvimento endógeno do universo rural, estaria associado
em valorizar as características específicas de cada espaço considerando suas particularidades e potencializar esses
espaços.
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Figura 01. Olhares e atores no Desenvolvimento Rural e/ou Rural Sustentável

Fonte: Elaborado pelo Prof. Marcelo Romarco. Material para a disciplina ERU 451-DER- UFV, 2022

No que tange aos sujeitos sociais desse debate do Desenvolvimento e mundo rural, pesquisadores têm
apontado a necessidade de valorização dos sujeitos e o reconhecimento da sua diversidade, tanto social,
como econômica e produtiva nas propostas de Desenvolvimento. Neste caso, com o reconhecimento e
crescimento da agricultora familiar, o debate sobre Desenvolvimento e mundo rural vem sendo
desenhado no país.

Considerações não conclusivas

Podemos observar nessa breve nota que a proposta de modernização da agricultura brasileira, ao
mesmo tempo, em que permitiu um forte crescimento da produção, implicou a exclusão social, altos
custos ambientais, manutenção da estrutura fundiária, mudanças na organização produtiva e nas
relações de trabalho, entre outros impactos.

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________________Notas de Aula ERU-451 professor Marcelo Romarco – UFV-DER

Além disso, nessa breve consideração trago aqui mais questionamentos do que respostas, procurando
deixar claro que esse é um debate inacabado, em movimento, em disputa e que carece de um olhar
ampliado das coisas.

Podemos entender que o Desenvolvimento pensado para o espaço rural, assim como todo o debate que
estamos discutindo ao longo da disciplina é uma meta a ser buscada? É possível sinalizar que
independente dessa dicotomia entre espaços (rural e/ou urbano), os caminhos do Desenvolvimento,
precisariam seguir seria considerar processos de mudanças que contribuam para uma maior
dinamização social, econômica, política, cultural e ambiental?

Questões a serem respondidas:

Diante das discussões empreendidas ao longo da presente nota de aula e orientando-se pelo quadro
01, a seguir, responda às perguntas.

Quadro 01. Produção no Brasil- Censo Agro, 2017

Produto Quantidade de estabelecimentos Produção em toneladas


produtores
Café 264 mil estabelecimentos 1,9 milhão de toneladas de café arábica
476 mil toneladas de café canephora
Milho 1,7 milhão de estabelecimentos produtores 88 milhões de toneladas (milho em grão)
de milho em grão
Pecuária 173 milhões de cabeças de bovinos
30 bilhões de litros de leite de vaca
1,36 bilhão de cabeças de aves (galinhas, galos,
frangos e frangas)
4,7 bilhões de dúzias de ovos
Fonte: IBGE- Censo Agropecuário, 2017.

(a) Na sua opinião, a disseminação dos pacotes tecnológicos no contexto da Revolução Verde
propiciou de fato melhorias no espaço rural? Em sua resposta considere elementos como mão
de obra, acesso ao crédito, tecnificação da agricultura, sobretudo a familiar, acesso à educação,
a produção de alimentos versus o aumento dos índices de pobreza e fome no país.

(b) Na sua visão, qual será o maior desafio de produzir alimentos para saciar a fome de mais de 8
bilhões de pessoas no mundo e ainda conciliar com a preservação dos recursos naturais? E,
qual o seu papel, enquanto extensionista rural, nessas mudanças?

Referências

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________________Notas de Aula ERU-451 professor Marcelo Romarco – UFV-DER

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