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Geografia

Formação do espaço e a Revolução Industrial

Objetivo
Entender a importância da indústria para a produção da realidade tal qual conhecemos, perceber a
importância dos fatores locacionais para a geopolítica e para a viabilidade produtiva, além de
pensar as modificações nas relações de trabalho a partir dos modelos produtivos e contextos
históricos.

Curiosidade
É com o desenvolvimento da indústria e dos modelos de produção que podemos ter hoje, no mundo,
uma diversidade tão grande de produtos e objetos de modo geral. Já parou para pensar que
praticamente tudo que está ao redor de você, na sua casa, nesse momento, já foi matéria-prima e foi
produzido por uma indústria? Nas primeiras revoluções industriais, a produção em série era também
padronizada. Foi necessário um desenvolvimento da técnica produtiva para obtermos a quantidade
e diversidade de produtos que temos hoje.

Teoria
A geografia é uma ciência que tem como objeto de estudo o espaço geográfico, isto é, o espaço
natural modificado permanentemente pelo homem por meio do seu trabalho e das técnicas por ele
utilizadas. Nesse contexto, existem outros três conceitos que precisam ser diferenciados. São eles:

Meio natural

Corresponde ao momento em que o ganho era determinado pela natureza, isto é, a produção
dependia do tempo da natureza. Chamamos de meio natural, ou espaço natural, o período da
história no qual a produtividade humana dependia dos fatores naturais. As atividades humanas que
garantiam a sobrevivência se baseavam, basicamente, em coleta, extração e caça. A humanidade
utilizava um determinado espaço até que as intempéries naturais ocasionassem a necessidade de
deslocamento, conhecido como nomadismo. Nesse período, o nível de intervenção negativa da
humanidade sobre o meio era reduzido, de modo que a separação da humanidade para com a
natureza ainda não ocorria de maneira acentuada. A humanidade buscava se adaptar aos fatores
naturais em busca da sobrevivência.

Com o tempo, a humanidade passou a desenvolver técnicas de controle do ambiente, como o


plantio, a agricultura, o armazenamento de alimentos (com destaque para a invenção dos potes), a
domesticação e cruzamento de espécies e técnicas de irrigação. Com isso, o homem se
sedentariza, formando as primeiras aldeias fixas, que originariam as primeiras aldeias, vilas e
cidades. À essa mudança histórica damos o nome de Revolução Neolítica. Essa alteração na
relação da humanidade com o meio possibilitou não apenas um enorme crescimento populacional,
mas marcou a passagem do meio natural para o dito espaço geográfico, uma vez que, a partir desse
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momento, a escala de interferência e domínio da humanidade sobre os processos ambientais passa


a crescer vertiginosamente.

Meio técnico

A partir da Revolução Industrial (mudança abrupta na forma de produzir), o ganho passou a ser
determinado pela capacidade de produzir. É nesse sentido que os países pioneiros no processo de
industrialização conseguiram uma grande acumulação de capital; por isso, até pouco tempo, esses
países eram sinônimos de países ricos.

Com o advento industrial, o nível de interferência da humanidade nos ambientes naturais passa a
crescer aceleradamente. Quando a produção deixa de ser doméstica/familiar, e passa a ser feita
numa fábrica – visando atender muitas pessoas – a quantidade de produtos aumenta; e se a
produção é em larga escala, a extração de matéria prima e o descarte de lixo também passam a
ocorrer de maneira ampliada. Somado a isso, os locais de moradia começam a concentrar cada
vez menos espaços verdes, e estes, por sua vez, passam a ser destinados à produção industrial e à
exploração ambiental. A poluição e o nível de degradação e transformação quase que completa de
ambientes que antes eram naturais, comprometendo ciclos ambientais vitais à nossa
sobrevivência, se torna um problema grave.

Esse período se caracteriza, portanto, pela passagem do trabalho artesanal para o manufatureiro.
É sabido que a repetição do trabalho permite o desenvolvimento de técnicas e de máquinas que
auxiliam na produção. Com a Revolução Industrial, a produtividade aumenta em ritmo e volume.
Nesse período, as transformações espaciais ambientais se tornam mais intensas, sobretudo em
relação à mineração e ao desenvolvimento urbano.
• Trabalho Artesanal: feito majoritariamente pela força manual ou física de um ser humano, sem
auxílio de máquinas ou tecnologias mais complexas.
• Trabalho em Manufatura: quando o produto final contou com o trabalho da força humana
(manual), e com o auxílio de máquinas mais simples em seu processo de produção.
• Trabalho de Maquinofaturas: quando o produto final foi feito sobretudo por máquinas, ao longo
do seu processo de produção.

Outra mudança importante nesse período se refere à divisão das classes sociais. Fazendo um
paralelo com o que é estudado por vocês na História e na Sociologia, é nesse momento que temos
uma mudança nas definições das classes sociais. As revoluções industriais, que nos
aprofundaremos nas próximas aulas, são guiadas pela burguesia. Se a divisão da sociedade de
classes, antes da Primeira Revolução Industrial, era estabelecida numa “pirâmide social”, com
pouca mobilidade entre as classes e títulos, os mesmos termos utilizados passam a ganhar um
novo sentido na sociedade de classes no Meio Industrial.

A pirâmide de classes sociais era dividida, da base da sociedade para o topo, em: Camponeses,
Burgueses, Nobreza, Clero e Monarquia. Porém, a partir da 1ª Revolução Industrial, isso se altera.
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A burguesia foi a classe social que começou a lutar por maior liberdade financeira e individual, e
guiou o processo industrial em sua primeira etapa, desbancando por meio de diversas revoluções
burguesas, o absolutismo monárquico na Europa. Com a burguesia enriquecendo com a
colonização, grandes navegações e advento industrial, a partir da era das indústrias, divide-se,
sobretudo na Sociologia, a sociedade de classes entre burgueses, como os detentores dos meios
de produção, e proletários, como os empregados assalariados dos burgueses. Os burgueses
extraem seu lucro a partir da força de trabalho dos operários, passando a estabelecer uma diferença
econômica significativa na sociedade entre os detentores da propriedade privada e os servidores
e trabalhadores que fabricam os produtos por meio delas.

Meio técnico-científico-informacional (MTCI)

A constante evolução das formas de produzir levou a novas fases da Revolução Industrial e à
expansão dessa atividade. Atualmente, no contexto do MTCI, é a capacidade de produzir tecnologia
(informação) o fator mais importante. Para alguns estudiosos, esse período começou após a
Segunda Guerra Mundial e se estende até os dias atuais. Durante esse tempo, o espaço geográfico
tornou-se ainda mais alterado, com a incorporação de diversos recursos tecnológicos que integram
os fluxos mundiais de informação e conhecimento. A produção desses saberes é, em grande parte,
realizada nos tecnopolos; eles se tornaram importantíssimos, pois são os principais centros de
produção de tecnologia no cenário da Terceira Revolução Industrial.

O desenvolvimento tecnológico propiciou profundas alterações nas relações de produção e


trabalho. O espaço se reorganiza, com a nova divisão internacional do trabalho, acentuando a
diferença entre países produtores e exportadores de tecnologia, produtores e exportadores de
commodities. A informação ganha valor geopolítico e empresarial nesse contexto. É a organização
espacial do mundo globalizado.

Revolução Industrial – Uma Introdução

A Revolução Industrial consiste em uma mudança radical no modo de transformar a matéria. A


constante evolução técnica e diversas outras características permitem dividir esse processo em
três ou quatro fases. Antes de estudar as características de cada uma dessas fases, é importante
destacar que a economia pode ser dividida em três setores. São eles:
● Setor primário: corresponde à agricultura, à pecuária e ao extrativismo, ou seja, atividades
relacionadas à obtenção/produção de matéria-prima;
● Setor secundário: corresponde à indústria, isto é, a transformação da matéria-prima.
● Setor terciário: corresponde ao comércio, bancos e serviços.

Sobre a evolução da relação “sociedade x natureza” e as transformações espaciais que esses


diferentes elementos implicam, uma importante contribuição é de um geógrafo que ficou conhecido
como o precursor da geografia humana. Ratzel foi um pensador alemão que ganhou destaque por
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sua obra Antropogeografia. Ele via o ser humano sob uma perspectiva biológica, inserido nas
relações de causa e efeito que condicionam a vida no ambiente. De acordo com essa visão, o
homem seria produto do meio, como se as condições naturais determinassem a vida em sociedade.
Essas ideias ficaram conhecidas na ciência geográfica por seu caráter determinista, por enunciar
que o espaço e as condições do ambiente determinam as características sociais.

Ele viveu ao longo do período da unificação alemã, sendo um intelectual engajado no projeto estatal,
legitimando o expansionismo com suas ideias. O objeto geográfico, para Ratzel, seria o estudo da
influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade. Para ele, o meio define o
homem em suas posses, cultura, caráter — o que se reflete na sociedade, que é definida pela
natureza. O homem deveria, portanto, utilizar os recursos da natureza para expandir a sociedade.
Se os recursos são escassos, a sociedade não se desenvolve. Para ele, quando a sociedade se
organiza para defender seu território, se transforma em Estado. Nesse sentido, ele desenvolve o
conceito de espaço vital, que seriam as condições espaciais e naturais para a manutenção e
consolidação do poder do organismo social sobre seu território.

Apesar de ser considerado determinista, sua contribuição para a geografia foi ímpar, por romper
com uma tendência meramente descritiva à época, ampliando os horizontes acerca da concepção
espacial com seus conceitos tanto do ponto de vista biogeográfico — uma vez que a captação de
recursos é o espaço que o homem domina por meio do trabalho, para sua sobrevivência — como
do político, das relações de poder e conquista de territórios.

Em oposição à geografia alemã de Ratzel, a França também elegeu seu geógrafo. Paul Vidal de La
Blache foi um geógrafo francês e grande expoente no que se refere à história do pensamento
geográfico. Suas ideias se opunham ao determinismo de Ratzel e traziam para a geografia a
importância do tempo e da história. Para ele, o espaço geográfico era resultado da interação entre
a sociedade e a natureza ao longo do tempo; sendo a natureza uma possibilidade de realização do
homem, e não apenas seu determinante. Las Blache inaugurou o possibilismo geográfico e afastou
a ideia do homem determinado pelo meio.
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Exercícios de fixação

1. A partir do aprimoramento da técnica material para produção de uma mercadoria,


enxergamos um claro reflexo no mundo do trabalho que se constitui enquanto uma ruptura.
A mudança do meio ______ para o meio _____ ocorre nesse momento, uma vez que a produção
passa a depender cada vez menos do tempo da _______, o que impacta o tempo de resiliência
dos espaços em sua recuperação, e passa a imperar o uso da(s) ______ para produção.
(A) Técnico – Natural – Natureza – Máquinas.
(B) Natural – Técnico – Natureza – Máquinas.
(C) Científico – Técnico – Máquinas – Natureza.
(D) Técnico – Científico – Máquina – Natureza.

2. Descreva brevemente como pode ser definido o espaço geográfico.

3. Ambos são muito confundidos, mas o que difere os dois processos é que, se antes a evolução
no processo de transformação da matéria-prima contava com primeiras descobertas
técnicas; nessa virada, a informação e tecnologia passam a ser fundamentais no processo de
produção industrial.
O texto refere-se à mudança do
(A) Meio natural para o meio técnico.
(B) Meio técnico para o meio técnico-científico-informacional.
(C) Meio informacional para o meio científico.

4. Acerca da afirmativa: “O homem é o produto do meio”, que resume as ideias de Ratzel de certo
modo, explique por que essa ideia foi considerada determinista.

5. Uma revolução industrial pode ser entendida como


(A) Um movimento popular organizado que estabelece modificações na forma de produzir.
(B) O período de produção em larga escala propiciado pela nobreza e seus modelos
produtivos.
(C) Uma mudança abrupta nas formas de produzir, no geral associada a aprimoramentos da
técnica.
(D) Manifestações políticas que impõem mudanças na estrutura e organização produtiva por
meio de atos.
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Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2009) Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades
rudimentares e de baixa produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com
o advento da revolução tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor
agropecuário. São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais e ambientais
inter-relacionadas no período posterior à Revolução Industrial, as quais incluem
(A) a erradicação da fome no mundo.
(B) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.
(C) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos energéticos.
(D) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na agricultura.
(E) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da economia, em face da
mecanização.

2. (Enem, 2014)

NEVES, E. Engraxate. Disponível em: www.grafar.blogspot.com. Acesso em: 15 fev. 2013.

Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização do trabalho, a representação


contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à
(A) ideia de progresso.
(B) concentração do capital.
(C) noção de sustentabilidade.
(D) organização dos sindicatos.
(E) obsolescência dos equipamentos.
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3. (Enem, 2016) A linhagem dos primeiros críticos ambientais brasileiros não praticou o elogio
laudatório da beleza e da grandeza do meio natural brasileiro. O meio natural foi elogiado por
sua riqueza e potencial econômico, sendo sua destruição interpretada como um signo de
atraso, ignorância e falta de cuidado.
PADUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-1888). Rio de
Janeiro:Zahar, 2002.

Descrevendo a posição dos críticos ambientais brasileiros dos séculos XVIII e XIX, o autor
demonstra que, via de regra, eles viam o meio natural como
(A) ferramenta essencial para o avanço da nação.
(B) dádiva divina para o desenvolvimento industrial.
(C) paisagem privilegiada para a valorização fundiária.
(D) limitação topográfica para a promoção da urbanização.
(E) obstáculo climático para o estabelecimento da civilização.

4. (UFRN) Com o desenvolvimento do meio técnico-científico-informacional, o espaço


geográfico tomou-se mais denso em objetos artificiais que apresentam um conteúdo cada
vez mais elevado em ciência, técnica e informação.
Nesse contexto, destacam-se os tecnopolos, que constituem espaços de
(A) atividades industriais de alta tecnologia que não dispõem de uma moderna rede de
infraestrutura que permita a aceleração do fluxo da economia informacional,
contribuindo, assim, para a repulsão populacional.
(B) intenso desenvolvimento e concentração espacial dos setores de alta tecnologia, em
função dos investimentos públicos e privados e da absorção de mão de obra migrante
proveniente dos países do Sul.
(C) interconexão dos fluxos mundiais de informação e conhecimento, voltados para o
desenvolvimento tecnológico, produzindo, assim, um novo meio geográfico adaptado às
exigências da economia globalizada.
(D) inovações tecnológicas que estão localizadas principalmente nas antigas zonas
industriais dos países asiáticos, com destaque para o Japão e a China, que são as
maiores economias do mundo capitalista na atualidade.
(E) intenso desenvolvimento e fluxo de capital responsável pela absorção de todo o tipo de
mão de obra, criando grandes zonas industriais com forte ação sindical em função dos
investimentos privados.
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5. (Enem PPL, 2013) Ninguém vive sem ocupar espaço, sem respirar, sem alimentar-se, sem ter
um teto para abrigar-se e, na Modernidade, sem o que se incorporou na vida cotidiana: luz,
telefone, televisão, rádio, refrigeração dos alimentos etc. A humanidade não vive sem ocupar
espaço, sem utilizar-se cada vez mais intensamente das riquezas naturais que são
apropriadas privadamente.
RODRIGUES, A. M. Desenvolvimento sustentável: dos conflitos de classes para os conflitos de gerações. In: SILVA. J. B. et al.
(Orgs.). Panorama da geografia brasileira. São Paulo: Annablume, 2006 (fragmento).

O texto defende que duas mudanças provocadas pela ação humana na Modernidade são o(a)
(A) alteração no modo de vida das comunidades e a delimitação dos problemas ambientais
em escala local.
(B) surgimento de novas formas de apropriação dos territórios e a utilização pública dos
recursos naturais.
(C) incorporação de novas tecnologias no processo produtivo e a aceleração dos problemas
ambientais.
(D) aumento do consumo de bens e mercadorias e a utilização de mão de obra nas unidades
produtivas.
(E) esgotamento das reservas naturais e a desaceleração da produção de bens de consumo
humano.

6. (UFRN, 2005) A história da incorporação das técnicas no espaço geográfico passou por três
etapas distintas: o meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional. Este
é um meio geográfico onde o território inclui necessariamente ciência, tecnologia e
informação.
Ainda sobre o meio técnico-científico-informacional, pode-se afirmar:
(A) inicia-se antes da Segunda Guerra Mundial e apresenta uma divisão técnica e social do
trabalho baseada na utilização intensiva de energia e de matéria-prima.
(B) começa após a Segunda Guerra Mundial e organiza o espaço sob a estruturação de redes,
integradas virtualmente por meio das tecnologias da informação.
(C) surge no início do século XX e apresenta uma produção de objetos técnicos e culturais
por meio de uma interação no espaço da ciência e da técnica.
(D) emerge nas últimas décadas do século XX e considera o espaço como produto exclusivo
de reprodução da técnica e do uso de tecnologias de bases virtuais e digitais.
(E) surge no início do século XVIII a partir da Revolução Industrial e corresponde à
capacidade do homem alterar o meio natural a partir da técnica.
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7. (Enem, 2010) “A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já
eram largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a
própria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista,
protagonizada pelos diversos ludismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era,
então, o combate social contra os miasmas urbanos.”
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado).

O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe modificações na paisagem e nos


objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais
movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio
(A) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio urbano.
(B) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e culturais.
(C) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e natureza.
(D) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes.
(E) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da natureza.

8. “O espaço geográfico é fruto de um processo que ocorre ao longo da história das diversas
sociedades humanas; dessa forma, representa interesses, técnicas e valores dessas mesmas
sociedades, que o constroem segundo suas necessidades. Então, é possível dizer que ele
reflete o estágio de desenvolvimento dos meios técnicos de cada sociedade”.
SILVA, A. C. et. al. Geografia contextos e redes 01. 1º ed. São Paulo: Moderna, 2013. p.19.

No trecho acima, observa-se a noção de espaço geográfico vinculada:


(A) ao emprego aleatório de ferramentas desprovidas de seus contextos.
(B) à ideia de que a sociedade é o reflexo do meio onde vive e que nele se reproduz.
(C) à história da humanidade, limitando esse conceito às justaposições do passado.
(D) aos interesses da sociedade, em uma perspectiva totalitária e sem subjetividades.
(E) à utilização das técnicas para a produção da sociedade e suas espacialidades.
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9. Ecossistema e meio geográfico são a mesma coisa? Não, e devemos ser enfáticos nisso a
fim de delimitar os diferentes campos de trabalho. A diferença substancial está no fato de
que o homem, vivendo em sociedade, não é um ser vivo a mais, nem se adapta à natureza de
forma direta como os animais. Sua relação com a natureza é demorada: primeiro, produz-se
a adaptação com o meio social e, através deste, ele se relaciona com o meio natural.
Adaptado de Wettstein, citado por Oliva e Giansanti

A leitura do texto nos permite afirmar que:


(A) tanto as comunidades humanas como os animais relacionam-se do mesmo modo com a
natureza.
(B) os homens, individualmente, participam dos processos de adaptação e de transformação
da natureza.
(C) os homens vivem independentemente da natureza.
(D) os homens relacionam-se coletivamente com a natureza.
(E) os homens não devem preocupar-se com a natureza, pois vivem independentemente
dela.

10. O espaço geográfico é resultado da interação entre os sistemas de ações e os sistemas de


objetos, que expressam diferentes práticas sociais dos grupos que nele vivem. É nesse
sentido, possibilidade de realização do homem e não apenas seu determinante.
Tomando como base o conhecimento geográfico e suas preocupações com o homem e o
planeta é correto afirmar que:
(A) Uma das preocupações exclusivas da ciência geográfica é a busca de soluções para os
problemas sociais e o desenvolvimento econômico.
(B) A Geografia é uma ciência que se preocupa com a complexa relação homem-natureza,
contudo, esta preocupação está restrita à dimensão regional e global.
(C) O possibilismo geográfico é uma corrente da Geografia que defende a possibilidade de a
ação humana modificar o meio natural.
(D) A Geopolítica é um ramo da Geografia Cultural que busca explicar a ação do Estado e seu
papel como agente modificador de padrões culturais.
(E) A Geografia Política estuda a relação entre os Estados sendo a categoria de lugar o
principal conceito que explica as relações de poder.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. B
O aprimoramento da técnica para a produção propiciou a mudança do meio natural para o meio
técnico, em que o ritmo da produção passa a depender mais de máquinas do que do tempo da
natureza para a produção.

2. É o objeto de estudo da geografia, e pode ser entendido enquanto o espaço que é alterado pela
humanidade, representando a relação das sociedades com o meio. O espaço geográfico é o
conceito base que dará origem a outros conceitos caros da geografia, como lugar, território,
região e paisagem, que são perspectivas e aspectos desse mesmo espaço.

3. B
O texto expõe dois momentos. No primeiro já havia a consolidação de um processo no qual a
descoberta de técnicas mais simples que as atuais transformaram as formas de produzir;
chamamos esse período de meio técnico. Quando a informação e tecnologia começaram a
imperar, veio o império do meio técnico-científico-informacional, que ocorre da Terceira
Revolução Industrial em diante.

4. Para acertar a questão, é importante mostrar domínio sobre os dois conceitos: a frase dada e
a ideia de determinismo. A frase dada na questão fala sobre a ideia de um autor, segundo o
qual o meio influenciaria a produção da individualidade humana. As limitações acerca dessa
teoria passam justamente pela ideia de determinismo, como se o meio pudesse por si só definir
os indivíduos dele. Isso contribui para criar estereótipos sobre determinados povos, culturas e
comportamentos.

5. C
As Revoluções Industriais se distinguem uma da outra justamente por marcos no
desenvolvimento técnico, que inauguram uma nova fase na forma de produzir, o que impacta
fenômenos em diversas escalas. Apesar do nome “revolução”, não significa que houve um
movimento organizado social — seja popular, como afirma a alternativa A, seja de políticos,
como afirma a alternativa D. A revolução é um rompimento com as formas anteriores, uma
mudança em estruturas prévias, que pode acontecer motivada por múltiplas causas. Não é que
não houve movimentos sociais relevantes ao longo da história das Revoluções Industriais, mas
não são eles os marcos que definem a mudança de uma Revolução Industrial para outra.

Exercícios de vestibulares

1. C
As Revoluções Industriais intensificaram o uso dos recursos naturais e alteraram as formas de
trabalhar. O trabalhador não foi apenas substituído pela máquina, esta demanda um outro perfil
de profissional e de função. Mesmo com a excessiva produção de alimentos, a fome no mundo
parece ser consequência do sistema que se baseia em exploração e desigualdades aquisitivas.
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2. A
A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra e posteriormente expandida para o mundo sofreu
diversas críticas, principalmente quanto a questão do trabalho. Era senso comum, naquele
período, pensar que a tecnologia substituiria completamente a mão de obra humana,
prejudicando os vínculos empregatícios. A charge revela exatamente isso: uma visão
pessimista que o homem se tornaria um servo das máquinas, e elas dominariam o mundo. Uma
vez que o desenvolvimento industrial era fundamentado na ideologia do progresso, esse
pessimismo acabava se tornando mais recorrente.

3. A
No texto é referenciado que o meio natural foi elogiado por sua riqueza e potencial econômico,
o que demonstra que esse meio era visto como uma ferramenta essencial para o avanço da
nação.

4. C
Os tecnopolos no atual contexto do meio técnico-científico-informacional consistem em pontos
de troca e desenvolvimento de informação e conhecimento. Um novo tipo de meio geográfico
adaptado as exigências da globalização.

5. C
O texto faz referência a como as novas tecnologias (luz, telefone, televisão, rádio, refrigeração
etc.) e formas de produção geram impactos ambientais a partir da apropriação dos recursos
naturais.

6. B
O meio técnico-científico-informacional representa a atual etapa do sistema capitalista de
produção e transformação do espaço geográfico, estando relacionado sobretudo à Terceira
Revolução Industrial. Surge após a Segunda Guerra Mundial e permite a organização do espaço
e da produção a partir de uma rede integrada pela tecnologia da informação.

7. E
As transformações nas formas de se produzir causam verdadeiros impactos nas paisagens e
nos espaços sociais, alterando dinâmicas e ressignificando funções. Esses impactos vêm
justificados na modernidade, no desenvolvimento e no progresso, a troco da qualidade de vida
e dos recursos naturais da população.

8. E
No texto o autor comenta que o espaço geográfico é resultado de um processo histórico em
diversas sociedades e representa seus interesses, técnicas e valores. Assim, o espaço
geográfico é resultado das diferentes técnicas produtivas desenvolvidas pelas sociedades, que
modificaram a realidade e construíram sua própria espacialidade.

9. D
A capacidade do homem de alterar o meio natural se dá pela técnica, porém isso só ocorre a
partir da sua organização social, isto é, vivendo em sociedade. Nesse sentido, a sociedade
produz o espaço e ao mesmo tempo é reflexo dele.

10. C
A oposição entre os pensamentos determinista e possibilista marcou a história do pensamento
geográfico. O possibilismo é uma corrente que defende a capacidade da ação humana de
modificar o meio e que o homem não é apenas determinado por esse meio, mas é também um
agente.

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