A Revolução Industrial mudou de forma significativa a relação da sociedade
com o meio ambiente. A partir desse momento, a questão dos impactos ambientais passou a ser mais debatida.
Teoria
Introdução
A geografia se centra no estudo dos fenômenos espaciais. Enquanto a
história, por exemplo, se foca no tempo, o espaço geográfico, ou seja, o meio no qual acontece a interação da sociedade com a natureza, é o objeto de estudo máximo da geografia. Ao longo do tempo, a forma de produzir que a humanidade adotou mudou muito, até chegarmos no modelo globalizado atual de produção. Todos esses acontecimentos marcaram novas formas de produzir o espaço, causando grandes transformações de ordem social, econômica e ambiental. Antes de existirem as indústrias, o trabalho era feito de forma artesanal e majoritariamente familiar. Na Inglaterra e no contexto europeu do Iluminismo, a burguesia que ascendia financeiramente com a exploração colonial passou a lutar pelo fim do absolutismo monárquico e passou a desenvolver a economia de forma separada do Estado. Vamos estudar hoje os impactos da instalação industrial na forma de trabalhar e produzir e quais impactos sociais, espaciais e ambientais temos disso. As revoluções industriais são momentos da história em que a forma de produzir se altera significativamente. Vamos estudar três revoluções industriais, as principais. Vamos estudar ainda a quarta revolução industrial, que é uma promessa futura se desenvolvendo atualmente. Cada revolução industrial é marcada por um modelo de produção, que vamos estudar na próxima aula. São eles o Fordismo e o Toyotismo, que vão ajudar demais a entender quais foram esses períodos da indústria no mundo, sendo respectivamente os modelos produtivos da segunda e terceira revolução industrial. Vamos agora estudar o contexto e as revoluções industriais. A Revolução Industrial consiste em uma mudança radical no modo de transformar a matéria. A constante evolução técnica e diversas outras características permitem dividir esse processo em três ou quatro fases. Antes de estudar as características de cada uma dessas fases, é importante destacar que a economia pode ser dividida em três setores. São eles:
Setor primário: corresponde à agricultura, à pecuária e ao extrativismo,
atividades relacionada à obtenção/produção de matéria - prima. Setor secundário: corresponde à indústria, isto é, a transformação da matéria - prima. Setor terciário: corresponde ao comércio, bancos e serviços. A 1ª Revolução Industrial
A Revolução Industrial consiste em uma mudança radical no modo de
transformar a matéria. Ela ocorre a partir da invenção de ferramentas que otimizaram a produção de certos gêneros. Posteriormente, essas ferramentas se tornam máquinas, ou seja, objetos dos quais o homem comanda a ação e que fazem as mesmas funções que ele, só que de maneira mais rápida e constante. As revoluções industriais indicam, portante, novas formas de produzir, alterando a organização espacial, o mundo do trabalho e as dinâmicas locais dadas até então. A constante evolução técnica e diversas outras características permitem dividir esse processo em três ou quatro fases, as quais começaremos estudando agora. A Primeira Revolução Industrial (século XVIII - 1789) deriva de um momento caracterizado pela mudança dos processos artesanais (produção manual sem uso de máquinas) para as maquinofaturas (intenso uso de máquinas no processo de fabricação). Ela aconteceu na Inglaterra, sendo esse o país que saiu à frente do processo industrial. A Inglaterra passava por um período de estabilidade política graças às Revoluções Gloriosas, além de um grande capital acumulado e, consecutivamente, maior influência da burguesia no Estado. É importante destacar que esse é um momento de consolidação do Capitalismo Industrial e do Liberalismo. A burguesia é a que detém os meios de produção, enquanto o proletariado precisa vender sua força de trabalho. Nesse contexto, a Inglaterra se tornou uma grande exportadora de tecidos, o que permitiu o desenvolvimento de pequenas e médias fábricas para otimizar a produção de lã. Além disso, ela tinha o controle de diversos portos e navios, que permitiram escoar a produção e ampliar o mercado consumidor de seus produtos. Ela contava com a matéria - prima de seu território e também de suas colônias. O carvão mineral, substituindo a queima de madeira, serviu como o combustível principal para as máquinas a vapor desenvolvidas. Essas máquinas permitiram aumentar a produtividade, diminuindo o custo de produção, causando uma crise no sistema artesanal. Os trabalhadores que anteriormente contavam com maior autonomia e maior domínio de todos os processos produtivos passaram a ser contratados e assalariados nessas pequenas e médias fábricas têxteis que estavam surgindo. Porém, não havia direitos trabalhistas, e o trabalhador era visto apenas como uma parte do sistema de produção. Assim, eram submetidos a exaustivas jornadas de trabalho, além das péssimas condições. Os fatores de localização da indústria eram muito regulados pela disponibilidade de matéria - prima, dada a dificuldade do desenvolvimento dos transportes naquele período. Diz - se que o modelo produtivo da Primeira Revolução Industrial, ou seja, o modo, a forma de se produzir e organizar a produção, ficou conhecido como padrão mancesteriano. Sobre isso, é importante destacar que não é propriamente um modelo produtivo, mas uma característica das fábricas na cidade de Manchester, Reino Unido. A 2ª Revolução Industrial
A Segunda Revolução Industrial (século XIX - 1850) é a evolução produtiva
dessa primeira fase, com a incorporação de um modelo produtivo. Ela ocorreu no final do século XIX e contou com países como Japão, EUA, Alemanha, Inglaterra e França, dada as transformações vividas na geopolítica mundial ao longo dos anos. Podemos diferenciá - la da primeira pelo uso do petróleo como principal combustível. Sobre isso, é importante frisar que, embora o petróleo e a eletricidade sejam símbolos da Segunda Revolução Industrial, o carvão mineral nunca deixou de ser usado. Ainda hoje, o petróleo e o carvão mineral são os combustíveis fósseis mais utilizados no mundo. De qualquer forma, o motor a combustão, e não mais a vapor, possibilitou o surgimento de novos produtos. Além disso, as fábricas e indústrias começaram a se tornar mais complexas, com destaque para as indústrias de base, que produzem e fornecem matéria - prima para outras indústrias, como as automobilísticas. A indústria automobilística é um exemplo de indústria de bens de consumo. Essas sim vão produzir bens que serão vendidos diretamente para os consumidores. Sobre os fatores locacionais, é importante frisar que as indústrias naquele período eram enormes, pois possuíam em si todas as etapas do processo de produção. Contavam também com as vilas operárias, onde moravam os trabalhadores, muito próximas das fábricas, o que, somado aos níveis de exploração de trabalho, facilitava a formação de sindicatos e movimentos trabalhistas. O modelo produtivo, ou seja, a forma de se produzir e organizar a produção, ficou conhecido como Fordismo - Taylorismo. Esse modelo contava com uma alta fragmentação das tarefas, em que cada trabalhador era especializado em uma única função repetitiva, num regime de trabalho rígido. Chama - se nesse período a mão de obra de alienada, por conta do trabalhador não conseguir enxergar no produto final a etapa do seu trabalho. É um modelo de produção em massa que conta com linhas ou esteiras de montagem para aumentar a produtividade. A padronização é uma característica fundamental desse modelo. O empregador ditava o ritmo da produção do empregado por meio delas. Além disso, o trabalho era bem simples, o que possibilitou contratação de muitas pessoas, havendo diversas denúncias de trabalho infantil dentro dessas fábricas. Até hoje, existem indústrias mais simples que se organizam dessa forma.
De modo geral, vamos ver nesta tabela as principais características e
diferenças das duas Revoluções Industriais estudadas:
A 3ª Revolução Industrial
A Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução
Técnico - Científico - Informacional, tem início em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Surge no Vale do Silício, Califórnia, Estados Unidos. Esse é um importante tecnopolo americano, que abriga grandes empresas do setor de informática e telecomunicações. Essa fase corresponde ao processo de inovações tecnológicas e informacionais na produção e é responsável pela integração entre a ciência, a tecnologia e a informação. Nesse aspecto, a pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias possibilita às empresas desenvolverem novos produtos, obtendo maior lucratividade. Essas empresas reinvestem parte dos lucros em P&D, gerando um ciclo que os países não desenvolvidos e outras empresas não conseguem superar com facilidade. Na atualidade, possuir indústria não é mais sinônimo de riqueza, e sim capacidade de desenvolver tecnologia. É importante destacar que esta fase está vinculada à evolução do modelo produtivo para uma lógica mais flexível. É fundamental associar a terceira fase da Revolução Industrial ao Toyotismo. Além disso, a revolução nos transportes e comunicações, possibilita pelas novas tecnologias desenvolvidas nesse contexto, expandiu o fluxo de pessoas, capitais e informações, inaugurando um processo denominado globalização. A evolução industrial não parou por aí.
A 4ª Revolução Industrial
A Quarta Revolução Industrial tem início nos anos 2010, caracterizada
principalmente pelo uso da Internet das Coisas (IOT), impressão 3D e inteligência artificial. É importante destacar que ainda não é consenso entre os estudiosos a existência dessa quarta fase. No Fórum Econômico Mundial, realizado em 2016, na cidade de Davos, Suíça, a Quarta Revolução Industrial foi muito debatida, especialmente o fato de que, após a crise de 2008, muitos países adotaram políticas protecionistas bem fortes, o que dificulta a expansão dessa fase. Ela também é conhecida como Indústria 4.0. Outras características que podem ser destacadas são:
Rastreabilidade dos produtos, o que permite que o consumidor tenha
informações sobre o ciclo de vida do produto; Visão artificial, utilizada no controle de qualidade da produção ou na assistência para a fabricação; Cloud computing, conhecido como armazenamento em nuvem (exemplo: Google Drive), que permite o armazenamento de informações; Cyber security, medidas de segurança usadas para proteger a infraestrutura cibernética de ameaças, como os hackers; Realidade aumentada, que possibilita o fornecimento de informações adaptadas ao contexto, mescladas ao campo de visão; Manufatura aditiva, que recria cópias tridimensionais de peças e protótipos; Robô colaborativo, utilizado na produção no mesmo espaço que os operadores.
Acredita - se que essas e outras inovações trarão ganhos de produtividade,
manufatura enxuta e personalização da produção em escala sem precedentes, além da redução de custos e maior economia de energia. É importante destacar que essa revolução é marcada pela evolução dos sistemas digitais e tecnologias da revolução anterior, e ocasionará mudanças profundas, sendo a mais perceptível a automatização total das fábricas, que é considerada uma nova revolução industrial. Parece existir um consenso de que as repercussões dessa revolução impactarão as mais diversas esferas. Ela chegará até os lugares mais distantes do planeta, afetará o mercado de trabalho, o futuro do trabalho, a segurança geopolítica, além de carregar consigo novas questões e debates éticos. Futuro do trabalho
Com a modernização da produção e uma exigência cada vez maior da
qualificação da mão de obra, é possível observar diferentes mudanças na questão do trabalho. Imagine uma fábrica que funciona de forma totalmente automática, os trabalhadores manuais substituídos pela robótica inteligente e poucos trabalhadores muito bem qualificados por trás disso tudo. Claro que, do ponto de vista econômico, um robô pode ser mais rentável que um trabalhador humano, mas a crise do desemprego pode ter graves consequências. Essa revolução industrial promete mudanças significativas nas relações de trabalho, gerando desemprego e novas formas de contratação.