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Sociologia da
Comunicação
Prof. Me. Cidclei Guimarães
Introdução
Porque a sociedade é como a conhecemos? Porque é tão diferente de como era poucos
séculos atrás? As novas tecnologias têm promovido mudanças significativas na sociedade?
Essas são algumas das questões que podem animar o debate dessa disciplina.
Essas modificações foram, em um primeiro momento, restritas aos países que, hoje,
denominamos de desenvolvidos – diversos da Europa, como: Alemanha, França, Bélgica e
Holanda, entre outros, além da própria Inglaterra, EUA e Japão.
Do ponto de vista financeiro, o capital investido mantinha uma estreita relação com os
processos industriais utilizados, e com os resultados obtidos na distribuição dos produtos.
É importante ter claro que a informação tornou-se um elemento central a todo o processo,
informação que significa tanto o hardware (equipamentos) quanto (ou, principalmente) o
software (sistemas de informação); tanto o processo produtivo quanto a potencialidade de
mudança, e a comunicação sobre ele.
A formação da sociedade de massa e de consumo
Podemos descrevê-la como uma sociedade em que a grande maioria da população está
envolvida na produção, na distribuição, e no consumo de bens e serviços, além de seguirem
um modelo de comportamento generalizado, participando do meio político e da vida cultural
por meio do uso dos meios de comunicação de massa.
O termo “sociedade de massa” é usado, justamente, para descrever a nova ordem social que
vivemos, que se formou no início do século XX após a Primeira Guerra Mundial.
A formação da sociedade de massa e de consumo
Uma das características do fordismo era o formato em que o veículo era produzido.
Cada profissional era responsável por uma área específica da montagem, feita em uma
esteira rolante.
Com isso, não era necessário haver uma qualificação específica para atuar na produção;
bastava dominar o serviço.
O grande problema dessa ausência de qualificação era que os funcionários acabavam sendo
submetidos a um trabalho desgastante e com baixa remuneração.
O fordismo trouxe inúmeras vantagens para os donos das
grandes empresas. No entanto, para os que realizavam a
produção a perspectiva era negativa, pois era um trabalho
repetitivo, maçante e desgastante.
A formação da sociedade de massa e de consumo
Outro exemplo é o modelo keynesiano, segundo o qual o trabalho intensivo, com o apoio e a
participação do Estado, resultava no chamado “pleno emprego”.
O keynesianismo é uma teoria econômica formulada pelo economista John Maynard Keynes
(1883-1946), que defende que deve haver a plena ação do Estado nas políticas econômicas
de um país para atingir o pleno emprego e o equilíbrio econômico.
Essencialmente, a Teoria Keynesiana foi criada com a intenção de ser uma teoria oposta
ao liberalismo, que defende que o Estado não deve intervir em nenhum processo, ou deve
intervir o mínimo possível. Além disso, o keynesianismo também foi criado como uma
resposta à Crise de 29.
A formação da sociedade de massa e de consumo
A quebra da Bolsa aconteceu de forma devastadora e afetou, não só, os EUA, como,
também, vários outros países do mundo.
A questão central da crise foi o baixo poder de consumo das pessoas. Muitos trabalhadores
foram demitidos ou tiveram os seus salários diminuídos, o que afetou o poder de compra
dessas pessoas, fazendo com que a economia entrasse em colapso, uma vez que a
produção continuava a mesma, mas o consumo caiu drasticamente.
Foi, então, que Keynes começou a refletir sobre os desdobramentos da Crise de 29, e
concluiu que o liberalismo e o livre-mercado, não seriam capazes de resolver o problema e
reerguer a economia norte-americana.
A formação da sociedade de massa e de consumo
Depois de alguns estudos, Keynes passou a defender a ideia de que os Estados Unidos só
conseguiria reestruturar a sua economia quando criasse novas despesas do governo, com o
intuito de gerar novos empregos, ativando, assim, o consumo e expandindo a economia.
Essa ação faria com que o governo passasse a ter um papel mais ativo na academia, já que
a geração de emprego estaria ligada à intervenção do Estado e ao aumento dos gastos do
governo. A ação também tiraria os EUA da crise e diminuiria os riscos de uma recessão.
A formação da sociedade de massa e de consumo
Esses modelos (trabalho intensivo, emprego, renda média), supostamente, conduziriam a certa
uniformidade de expectativas no consumo de mercadorias e bens, certa “uniformização” pela
média, e para alguns especialistas, uma sociedade de ampla classe média urbana, ou uma
sociedade de massa, alimentada em suas expectativas por meios de comunicação que
atingem a todos com o mesmo conteúdo:
Os mesmos filmes;
Programas de rádio ou de televisão (na verdade, os meios de comunicação são, realmente,
de massa, uma vez que o sinal que atinge a todos é exatamente igual).
A formação da sociedade de massa e de consumo
Nesses termos, a cultura de massa seria aquela cujo alcance ampliado implicaria em
descaracterização da dimensão propriamente cultural, uma vez que “as massas” não teriam
condições intelectuais e de repertório para incorporar a cultura na sua constituição original.
Evidentemente que esse processo teria, nos meios de comunicação de massa, um
fator condicionante.
Por outro lado, a divisão da cultura em dois grandes universos, cultura de massa (inferior) e
a não de massa (superior), implicaria, também, em uma reserva de poder acessível àqueles
que manipulariam a cultura para torná-la acessível, reservando-se as implicações
mais profundas.
A formação da cultura de massa e os meios de comunicação
Nesses exemplos que acabamos de citar, a imagem é o recurso principal utilizado para a
comunicação de poder (implicando em obediência ou em aplauso), mas a comunicação social
com um grande público não foi feita, apenas, pela imagem, ao longo da história:
A comunicação pelo texto: o aparecimento da imprensa deu início ao processo de
comunicação ampliada;
No século XIX, os jornais (mais acessíveis e rápidos na circulação dos conteúdos) ampliavam
a circulação da comunicação em uma sociedade que se urbanizava, industrializava e,
evidentemente, era alfabetizada;
Nesse mesmo marco social, apareceram as revistas, essas com maior profundidade no
tratamento de assuntos e “perfil” editorial.
A formação da cultura de massa e os meios de comunicação
A cultura popular fornece os elementos para aquela considerada “de massa”, assim como a
cultura erudita. Exemplos podem ser apontados aos milhares: a música popular é um deles
(divulgada pelos meios de comunicação), os fascículos de arte e pôster outro. O tema será
retomado em outros momentos do curso.
Um aspecto importante das primeiras revistas foi a crítica política, com largo emprego de
caricaturas e charges, no Brasil a revista O Malho foi um exemplo.
A formação da cultura de massa e os meios de comunicação
A formação das agências de notícias data do final do século XIX (Reuters), e outras foram se
formando ao longo do século XX como a France Press, UPI dando origem aos monumentais
arquivos de fotos e acontecimentos sempre disponíveis em um mercado especial.
As fotos constituíram um elemento central das revistas e, com esse perfil, são exemplos: a
Life Magazine, nos USA; a Paris Match, na França; no Brasil, O Cruzeiro; e, posteriormente,
Manchete, Fatos e Fotos e Realidade. Interessante notar a concorrência entre Life, Paris
Match e O Cruzeiro, as três seguindo o mesmo modelo.
A formação da cultura de massa e os meios de comunicação
Outra modalidade de revistas apareceu nos anos 1930: o “gibi” ou as revistas em quadrinhos
(HQ). Nelas, a imagem (desenho) tinha uma predominância sobre o texto; inicialmente, os
quadrinhos eram dirigidos a um público de crianças e adolescentes. No mesmo período, a
revista Edições Maravilhosas quadrinizou as obras clássicas da literatura ocidental, além de
várias da literatura brasileira; por exemplo, as obras de Shakespeare e Machado de Assis
para a juventude.
A formação da cultura de massa e os meios de comunicação
Nas imagens em movimento (TV, cinema) a tomada de perto e o close permitem acentuar os
traços fisionômicos, mostrar as emoções, mostrar ao público o suor na pele do ator,
especialmente, se a pele é negra, e, às vezes, os atores são besuntados de óleo para que
brilhem sob a luz dos refletores.
O corpo do ator produzido, desse modo, remete à personagem que ele encarna para
determinado “lugar”, demarcado socialmente e, como tal, reconhecido na cultura (e pelo
espectador, é claro).
A Segunda Revolução Industrial provocou profundas mudanças na sociedade, entre elas a(o):
A Segunda Revolução Industrial provocou profundas mudanças na sociedade, entre elas a(o):
CORRETA: alternativa “e”. A expansão das indústrias, ocorrida durante a Segunda Revolução
Industrial gerou grande atração de população para os centros urbanos. Portanto, esse
processo culminou no aumento da urbanização, mediante a saída da população das áreas
rurais para as cidades (êxodo rural).
Nesse aspecto é que se faz presente a necessidade de uma análise mais fundamentada e
crítica, em relação ao papel da propaganda, do marketing e da própria divulgação
jornalística. A análise mais crítica sobre as marcas é um pouco mais aprofundada na parte
sobre as contribuições da teoria de Jean Baudrillard (e outros autores).
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Indiretamente, essa noção de fetiche dos produtos, dos locais e das marcas possui certa
relação com o próprio conceito de “fetichismo da mercadoria”, criado por K. Marx.
O conceito de fetichismo da mercadoria foi criado por K. Marx (na primeira parte da obra O
Capital – crítica da economia política) e refere-se a um caráter assumido pelas mercadorias
na realidade capitalista, basicamente, no processo de sua produção.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Segundo Marx, os produtos, originalmente, estão relacionados ao seu significado de valor de
uso (destinam-se a satisfazer às necessidades básicas e marcadas por concretas
características, decorrentes do trabalho humano), mas, no capitalismo, quando se tornam
mercadorias, relacionadas ao valor de troca, acabam assumindo outro significado, que
ultrapassa as suas reais características materiais e apresentam um aspecto de significado
misterioso, ou seja, torna-se um verdadeiro fetiche, já que passa a conter características,
um poder simbólico abstrato e um valor que vão além de suas concretas especificações,
independente das vontades individuais.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
No processo de produção capitalista, os trabalhadores acabam ficando desvinculados dos
reais motivos e das características de sua produção (relação com o trabalho alienado) e as
mercadorias acabam adquirindo sentidos e significados, que se sobrepõem às necessidades
sociais básicas, além do que, há sentidos não claramente percebidos.
Esse novo aspecto confere à mercadoria um poder “mágico”, intimamente relacionado a uma
específica simbologia. Como isso se processa? Marx, explica que “a mercadoria é
misteriosa, simplesmente, por encobrir as características sociais do próprio trabalho dos
homens [...], por ocultar, portanto, a relação entre os trabalhos individuais dos produtores e o
trabalho total, ao refleti-la como relação existente, à margem deles, entre os produtos do seu
próprio trabalho”.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
As mercadorias tornam-se coisas em si mesmas, mas marcadas por esse caráter mágico,
e adquirem um valor independente das relações sociais (e de produção/trabalho) que as
tornaram possíveis, e de seus produtores com o próprio produto. Passam a ter uma vida
própria que movimenta a necessidade de ser adquirida, enquanto algo que confere status,
prazer e felicidade a quem a possui.
Marx, ainda, explica que: “Uma relação social definida, estabelecida entre os homens,
assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas”; isto é, a relação não se dá
mais diretamente entre os homens diversos, mas, nesse processo social, passa a valer a
relação entre as coisas e o seu valor de troca.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Em função do fetichismo da mercadoria, os bens materiais, os serviços, os locais e as
marcas adquirem uma simbologia que confere status elevado e prestígio. Processo de
transferência das propriedades simbólicas para quem consome determinados bens e
mercadorias (P. Bourdieu). Relacionar esses últimos aspectos às formas atuais de consumo
e posse de bens materiais, como: aparelhos eletrônicos, de informática e os celulares.
Criam-se estereótipos através dos quais o possuidor ou o usuário desses bens, serviços e
locais é visto e avaliado. Identifica e fornece identidade (“o totem” – fator que fornece a
identificação grupal, da “nossa tribo”).
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
A origem histórica da sociedade de consumo, passou a ser o tema de estudo mais intenso, a
partir da década de 1980; há, principalmente, uma corrente teórica que apresenta a
sociedade de consumo como um fenômeno da sociedade capitalista contemporânea.
A maioria dos intelectuais coloca-a após o início da Primeira Revolução Industrial, apesar de
que há outra postura que a posiciona em um momento, imediatamente, anterior à Revolução
Industrial, ou seja, na primeira metade do séc. XVIII.
Desde meados do século XIX, havia uma maior democratização do consumo, relacionadas
ao surgimento de diferentes modalidades de comercialização, associadas às técnicas de
marketing e de propaganda, como ocorreu na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Nesses países, desde meados do séc. XIX, foram implantadas novas formas de
financiamento e crédito, o autosserviço e a grande circularidade das mercadorias, como
ocorreu nas famosas lojas de departamentos, com as suas vitrines voltadas para a rua,
com os seus manequins de papelão.
Isso tudo influenciou os primeiros supermercados nos Estados Unidos, logo no
início do séc. XX.
No século XX, as características básicas da sociedade de consumo misturam-se com as da
sociedade de massas e estão, claramente, consolidadas, mesmo que de tempos em tempos
apresentam novas formas de expressão, intimamente, relacionadas aos modismos.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
A mais completa e precisa noção de sociedade e cultura do consumo não se refere, apenas,
ou, exclusivamente, à questão do consumo material, ou seja, de mercadorias. Há um tipo de
consumo específico que aparece relacionado, minimamente, a diversos aspectos:
Possui uma lógica própria, caracterizada pelo consumo de signos, como as mercadorias
(teoria de Jean Baudrillard);
Onipresença da mercadoria: tudo é transformado em mercadoria, inclusive, a cultura
(Teoria da Indústria Cultural) (ADORNO; HORKHEIMER, 1985);
Relacionada a uma cultura do consumo, bem característica da sociedade pós-moderna;
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
A diversas formas de modismos, com grupos, “tribos” urbanas e indivíduos que procuram
criar as suas próprias modas, e atendem a uma permanente ansiedade de satisfazer
as novas necessidades;
Relação com uma insaciabilidade de consumo, ou seja, ao consumismo;
A um consumo de massas, com uma produção também voltada para as massas, mas que se
manifesta de diferentes maneiras e sentidos;
À busca de uma identidade específica e, intimamente, associada à posse material, mas
marcada por uma perda da autenticidade nas relações sociais, já que possuem uma
significativa superficialidade.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Há um paradoxo entre a busca dessa individualidade, com uma clara homogeneidade nas
posses e na utilização de serviços, pois as aparentes escolhas dão-se dentro de determinado
leque de “escolhas”, que se tornam meios constantes. Questão que se levanta: o poder de
escolha é real ou é resultado de uma manipulação?
Na cultura do consumo e do consumidor há uma verdadeira “fantasia do consumo”, que
valoriza o ter, o possuir e não o ser, na medida em que os bens e o acesso a determinadas
formas de lazer e serviços classificam as pessoas. Há específicos modos de se consumir,
inclusive, relacionados ao consumo de sonhos, imagens e prazeres. Há uma “psicose e
euforia do consumo”, segundo Michel Schneider.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Relacionada a esta específica cultura há uma correspondente produção do consumo
(consequência do capitalismo monopolista e do impulso tecnológico, decorrentes da
implantação dos métodos taylorista e fordista), que procura criar novos mercados e
“educar” as pessoas a serem consumidores.
Estimativas apontam que seriam necessários quatro planetas e meio para garantir os
recursos naturais para a humanidade, caso todos os países mantivessem o mesmo nível
de consumo dos EUA.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Com isso, há a devastação das florestas e o esgotamento, até mesmo, dos recursos
renováveis, tais como a água própria para o consumo, as florestas e o solo.
Além disso, os recursos não renováveis vão contando os dias para a escassez completa,
tais como as reservas de petróleo e de diversos minérios utilizados para a fabricação dos
mais diferentes produtos utilizados pela sociedade.
Características básicas da sociedade de consumo no capitalismo
contemporâneo
Um dos aspectos mais criticados no que se refere à sociedade de consumo é a
obsolescência programada – ou obsolescência planejada –, que consiste na produção de
mercadorias previamente elaboradas para serem rapidamente descartadas, fazendo com
que o consumidor compre um novo produto em breve.
Assim, aumenta-se o consumo, mas, também, aumenta a demanda por recursos naturais e
maximiza a produção de lixo, elevando, ainda mais, a problemática ambiental decorrente
desse processo.
d) A lógica social do consumo não afeta o consumo simbólico, mas obedece aos
critérios da moda.
e) Os estilos de vida não decorrem da lógica social do consumo, mas do poder aquisitivo e
das características de personalidade; portanto, é a lógica de consumo que decorre deles
e não o contrário.
Resposta
d) A lógica social do consumo não afeta o consumo simbólico, mas obedece aos
critérios da moda.
e) Os estilos de vida não decorrem da lógica social do consumo, mas do poder aquisitivo e
das características de personalidade; portanto, é a lógica de consumo que decorre deles
e não o contrário.
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