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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS
Curso de Graduação em Geografia – Licenciatura

TEXTO APOIO: Industrialização e seus efeitos.

O processo de industrialização é um dos principais fatores de transformação do


espaço. Por isso, a compreensão de seus aspectos, tipos e características é de grande
relevância.
Um dos principais agentes de produção e transformação do espaço geográfico na
sociedade atual, sem dúvidas, é a atividade industrial, pois ela provoca efeitos sobre os
movimentos populacionais e o crescimento das cidades; interfere nos tipos de produção
no meio urbano e também no meio rural, entre outros.
Entende-se por industrialização o processo de transformação de matérias-primas
em mercadorias ou bens de produção (estes últimos podendo ser novamente
transformados) por meio do trabalho, do emprego de equipamentos e do investimento
de capital. Obviamente, o crescimento da atividade industrial aumentou a demanda por
matérias-primas e mais recursos naturais, por isso o ser humano passou a explorar ainda
mais a natureza e, sobre ela e o espaço em geral, realizar cada vez mais intervenções e
impactos.
Na visão de muitos autores no campo das Ciências Humanas, o processo de
industrialização é sinônimo da era da modernidade, ou seja, a industrialização das
sociedades marca, assim, a inserção delas no mundo moderno.
Evolução da atividade industrial – breve histórico 
Ao longo do tempo, as sociedades pré-industriais e industriais passaram por
sucessivos estágios de transformação, o que gerou diretas consequências sobre os tipos
de produção de mercadorias e a forma de inserção destas no mercado.
Fase pré-industrial (artesanal): a fase da atividade artesanal – isto é, quando
essa prática era o modo de produção predominante – estendeu-se desde a Antiguidade
até o século XVII. A produção era individual e centrada na figura do artesão, que atuava
desde o início do processo produtivo até, por vezes, a comercialização de seus produtos.
Fase manufatureira: as primeiras indústrias pautavam-se na manufatura, ou
seja, no trabalho manual. Essa fase estendeu-se durante o século XVII até meados do
século XVIII, quando se iniciou, na Inglaterra, o processo da Revolução Industrial.
Utilizava-se o trabalho manual e máquinas simples com a inauguração do processo de
divisão de tarefas e a formação das classes trabalhadoras (os assalariados) e as patronais
(os patrões).
Fase maquinofatureira ou industrial: podemos dizer que a fase industrial
propriamente dita ocorreu após o início da I Revolução Industrial com a invenção de
maquinários capazes de intensificar a produção e empregar um maior número de
trabalhadores, além de produzirem novos e variados tipos de mercadorias. Com o
tempo, essa atividade aperfeiçoou-se com a Segunda e Terceira Revoluções Industriais.
Fase pós-industrial: embora não haja consenso sobre esse termo, a fase pós-
industrial seria aquela em que as indústrias, embora ainda muito importantes, deixam de
desempenhar um papel central no cerne das sociedades em uma etapa recente. A
principal característica, nesse caso, é o deslocamento do emprego para o setor terciário
(comércio e serviços), em um fenômeno que os economistas chamam de terceirização
da economia.
É válido ressaltar que as etapas acima mencionadas não se sucederam de forma
linear em todas as sociedades e nem de modo igualitário. Alguns países ou regiões do
mundo somente conheceram o processo de industrialização em sua fase mais avançada
ou moderna; outras regiões, em alguns países subdesenvolvidos, sequer podem ser
consideradas como sociedades industriais.
Tipos de indústrias
Podemos dizer que existem três principais tipos de indústrias, classificadas com
base nos tipos de mercadorias, havendo, porém, inúmeras outras formas de divisão da
atividade industrial. Com base nesse critério, os tipos de indústrias são: de base, de bens
de consumo duráveis e de bens de consumo não duráveis.
Indústrias de base: são aqueles tipos de indústrias que fabricam os chamados
bens de produção, isto é, aqueles produtos que não são consumidos pelas pessoas, mas
empregados por outras indústrias para a fabricação de mercadorias. Podem ser máquinas
industriais ou matérias-primas transformadas, tais como o alumínio, o ferro, entre
outras. Inclui-se aí, portanto, as chamadas “indústrias extrativas”, ou seja, aquelas que
atuam no processo de refinamento ou transformação de matérias-primas recém-
extraídas, tais como o petróleo e todos os minerais.
Indústrias de bens duráveis: são as indústrias que atuam na fabricação de
produtos não perecíveis, isto é, que possuem uma grande vida útil, como os automóveis,
os eletroeletrônicos, entre outros.
Indústrias de bens não duráveis: são as que produzem mercadorias perecíveis,
ou seja, que são rapidamente consumidas, a exemplo dos alimentos, do vestuário e
outros.
 Fatores locacionais
Os fatores locacionais referem-se aos elementos socioeconômicos que orientam
a distribuição de uma determinada indústria sobre o espaço geográfico. Dentre os
inúmeros fatores, podemos destacar:
- Presença imediata de matérias-primas e recursos naturais;
- Disponibilidade de mão de obra abundante e barata;
- Incentivos fiscais oferecidos pelo governo local (isenção de impostos, etc.);
- Rede de transporte prática e eficiente que permite o fácil escoamento da
produção;
- Mercado consumidor amplo e acessível;
- Fontes de energia que garantam a produção;
- Presença de indústrias complementares ou de apoio;
- Em alguns tipos de indústria, é importante a proximidade com centros de
pesquisas, tais como as universidades.
Todos esses elementos (ou pelo menos a maioria deles) são avaliados por uma
indústria quando ela escolhe o local para a sua instalação. Muitos governos municipais,
estaduais e até federais atuam no sentido de garantir essas condições (sobretudo os
incentivos fiscais) para que as fábricas se instalem em seus territórios e, assim, gerem
mais empregos diretos e indiretos, dinamizando mais a economia.
Nesse contexto, é válido ressaltar a importância crescente das empresas
multinacionais ou globais, que muitas vezes se deslocam de uma área para outra a fim
de obter tais benefícios. Muitas delas migram para países subdesenvolvidos, onde a mão
de obra é mais barata, ou seja, com menor salários aos trabalhadores. Além disso,
muitas delas fragmentam a produção em muitas regiões, a exemplo das indústrias
automobilísticas, em que as várias partes de um carro são produzidas em diferentes
lugares do mundo para a obtenção de maiores vantagens e a máxima geração de lucro.
Os efeitos da industrialização sobre o espaço geográfico
Como já mencionamos, a indústria é um dos principais agentes de transformação
do espaço. Quando uma área antes não industrializada recebe um relativo número de
fábricas, a tendência é receber mais migrantes para a sua área, acelerando a sua
urbanização.
Com mais pessoas residindo em um mesmo local, gera-se mais procura pela
atividade comercial e também no setor de serviços, que se expandem e produzem mais
empregos. Entre outros aspectos positivos, menciona-se a maior arrecadação por meio
de impostos (embora, quase sempre, as grandes empresas não contribuam tanto com
esse aspecto).
Dentre os efeitos negativos da industrialização, podemos citar os impactos
gerados sobre o meio ambiente, haja vista que, a depender do tipo de fábrica e das
infraestruturas para ela oferecidas, são gerados mais poluentes na atmosfera e também
nos solos e cursos d'água. Além disso, os incentivos fiscais oferecidos pelo poder
público são criticados por fazer com que a população arque mais com os impostos do
que as grandes empresas.
O poder de intervenção da indústria nas sociedades é tão elevado que até as
suas modalidades de produção, ou seja, a forma predominante com que suas linhas de
produção atuam, interferem na organização do espaço, gerando mais ou menos produtos
e empregos, entre outros elementos. Na era do fordismo, a produção era em massa, com
mais empregos situados no setor secundário (indústrias); posteriormente no Taylorismo,
o objetivo era fragmentar o máximo possível o trabalho, o que se transformou
radicalmente na era do toyotismo (empregos majoritariamente situados no comércio).
Para entender as diferenças entre Fordismo, Taylorismo e Toyotismo, é
importante compreender em que contexto eles surgiram. Foi no final do século XVIII e
início do século XIX que o desenvolvimento da indústria teve seu pico de crescimento,
fazendo com que fosse necessário encontrar novos meios de organizar a produção
industrial. A intenção era aprender a controlar melhor as despesas, os lucros e, claro, a
produtividade.
A partir dessa necessidade, começaram a aparecer novos modos de produção
industrial, tanto no setor organizacional quanto naqueles ligados ao lucro, assim
o Fordismo, Taylorismo e o Toyotismo, foram criados para atender às necessidades
industriais da época. 
A seguir, vamos falar de cada um para você entenda a diferença entre eles. 
Taylorismo
Desenvolvimento por Frederick Winslow Taylor, esse modo de organização da
produção industrial tinha o objetivo de racionalizar o trabalho. A intenção era aumentar
os lucros fragmentando o máximo possível o trabalho.
No modelo de Taylor, o objetivo era fragmentar o máximo possível o trabalho,
minimizando as tarefas supérfluas e, dentre elas, estava o tempo com o aprendizado.
Para isso, utilizava-se um controle do tempo para o que era essencial. Isso significa que
enquanto os funcionários trabalhavam o tempo era cronometrado e a produção era
estabelecida conforme a produtividade de cada um. 
Algumas características do Taylorismo são:
 Aumento da produtividade, dos salários e dos lucros;
 Divisão do trabalho em tarefas menores; 
 Funcionário ganhava de acordo com o produzia;
 Grande nível de subordinação;
 O trabalho era cronometrado.
Fordismo
Desenvolvimento por Henry Ford, o Fordismo foi criado com o objetivo de
aprimorar o modelo de Taylor, ou seja, o Taylorismo. Tratava-se de um princípio
organizador do trabalho que estava baseado na produção em massa. Além disso, visava
alcançar também maiores índices de produtividade por meio da padronização da
produção.
Outra característica do Fordismo era a divisão do trabalho, que era feito em
tarefas menores tendo um funcionário responsável por cada tarefa. Embora no Fordismo
a gerência tenha ficado com as mesmas funções de antes, ou seja, do Taylorismo, um
novo elemento mereceu destaque: a esteira rolante. Esse equipamento proporcionou
um ritmo de trabalho mais dinâmico e estável para a produção.
As principais características do Fordismo são:
 Produção em grande escala;
 Padronização da fabricação;
 Uso de linhas de montagem;
 Ritmo de trabalho mais dinâmico;
 Divisão do trabalho em pequenas tarefas;
 Redução dos custos.
Toyotismo
No Toyotismo, criado por Taiichi Ohno, na empresa Toyota, o trabalho é
definido pelo modelo just in time, ou seja, a produção de acordo com a demanda. Neste
modelo, não havia saturação dos estoques e a empresa possuía cinco zeros, que eram:
 Zero de atraso;
 Zero panes;
 Zero defeitos;
 Zero papéis; e
 Zero de estoque.
Esse modelo de produção rompeu com o modelo ocidental de produção que até
então predominava. Ele era caracterizado por uma alta lucratividade, redução de custos
e produção diversificada. Outras características do Toyotismo são:
 Prioridade para o trabalho em grupo;
 Redução de desperdícios;
 Produção diversificada;
 Autonomia;
 Funcionários com várias tarefas diferentes;
 Organização de trabalho horizontal.
Outra característica do Toyotismo era o trabalho em equipe, que era considerado
fator de grande importância. Com a formação de grupos, eles mesmos se organizavam e
controlavam seu próprio trabalho, levando a um aperfeiçoamento contínuo da
produção. 
Diferenças entre Fordismo, Taylorismo e Toyotismo
Entre o Fordismo e o Taylorismo, a maior diferença é que no Fordismo o que
influencia a produção do operário não é a bonificação pelo alto rendimento ou a
repreensão pelo baixo rendimento. O que move seu esforço é o ritmo da máquina. 
Enquanto no Taylorismo havia um longo treinamento no trabalho, no Fordismo
havia pouco ou nenhum. O Taylorismo adotava níveis mínimos de produtividade e o
Fordismo focava na linha de montagem. Por fim, o Taylorismo adotava o controle do
tempo, enquanto no modelo de Ford imperava a rígida padronização da produção. 
Enquanto o Fordismo e o Taylorismo produziam em massa e produtos iguais,
fazendo com que os estoques ficassem cheios, o Toyotismo produzia pequenos lotes de
produtos escolhidos pela demanda. Isso reduzia os prejuízos e não sobrecarregava os
estoques.
Enquanto no Fordismo a eficiência dependia do ritmo e no Taylorismo dependia
do tempo que o produto ficava pronto, no Toyotismo a demanda é que definia quanto
esforço e tempo o produto precisava. 

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/industrializacao-seus-efeitos.htm Acesso em: 27 de out de


2020.

Texto 2

Relação entre industrialização e urbanização

No processo de constituição e transformação do espaço geográfico ao longo da


história, um dos fatores que exerceram uma maior influência foi a industrialização, que
se manifestou em diferentes ritmos e períodos entre os diversos países. Nesse sentido,
podemos dizer que um desses efeitos foram as transformações relacionadas com o
processo de urbanização das sociedades.
A relação entre industrialização e urbanização encontra-se no fato de que é o
processo industrial que dinamiza as sociedades e atua no sentido de modernizá-las,
embora esse não seja o único fator responsável por isso. Assim, ampliam-se os
chamados fatores atrativos das cidades, ou seja, o conjunto de características do meio
urbano que atrai os migrantes advindos do campo.
Além disso, entre os efeitos da industrialização na urbanização, temos a
transformação do meio rural e, por extensão, dos fatores repulsivos do campo, ou seja,
os elementos do meio rural responsáveis por enviar de maneira relativamente forçada a
população rural para as cidades. Nesse caso, podemos citar a mecanização das
atividades agrícolas, que geram a substituição de uma grande quantidade de
trabalhadores por maquinários e do tipo de agrossistema adotado. Essa mecanização é
intensificada pelas inovações técnicas produzidas pela industrialização. Portanto, a
industrialização intensifica a urbanização das sociedades no sentido de propiciar a
formação do êxodo rural, que é a migração em massa da população do campo para as
cidades, além de atrair essa migração justamente para as áreas mais industrializadas,
onde há mais empregos direta e indiretamente produzidos pelas indústrias.
Vale lembrar que não é só a atividade industrial em si que gera uma maior
atratividade demográfica para as cidades, mas a dinâmica econômica por ela produzida,
que provoca o surgimento de maiores oportunidades em outros ramos da economia,
principalmente no setor terciário (comércio e serviços). Não por coincidência, os países
que mais avançaram no processo de industrialização e modernização das sociedades são
aqueles que mais apresentam um setor terciário como composição predominante na
produção de riquezas em suas respectivas economias.
No caso da industrialização e urbanização do Brasil, podemos perceber que as
áreas que historicamente mais se industrializaram são aquelas que mais concentram um
grande contingente populacional e, assim, encontram-se mais urbanizadas. As regiões
Sudeste e Sul, principalmente as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro,
formam as maiores aglomerações urbanas do país, uma vez que essas áreas detêm a
maior porção do parque industrial, mesmo com a tendência atual de dispersão de boa
parte da produção fabril para o interior do território brasileiro.
Além de atrair um maior volume demográfico e intensificar a urbanização, os
efeitos da industrialização nas cidades também podem ser sentidos na composição
hierárquica da divisão territorial do espaço geográfico. Em sociedades
predominantemente agrárias, o campo exerce uma relação preponderante sobre as
cidades, uma vez que elas dependem do meio rural para a geração de alimentos,
matérias-primas e movimentação de capital. Com a industrialização, as cidades
modernizam-se e passam a subordinar o campo, que se torna dependente do meio
urbano para o recebimento de máquinas, aparatos tecnológicos, mão de obra
qualificada, conhecimentos científicos aplicados à produção, entre outros elementos.
Portanto, em resumo, podemos dizer que os efeitos da industrialização na
urbanização são: intensificação do crescimento das cidades; concentração populacional;
crescimento do setor terciário e a inversão da relação de subordinação entre campo e
cidade. Esses aspectos são indicativos gerais e precisam ser devidamente adaptados para
o entendimento de cada ocorrência ao longo do espaço geográfico mundial.

Por Me. Rodolfo Alves Pena

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