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Universidade Aberta Isced (UnISCED)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura em Administração Publica

Disciplina: Planeamento na Administração Publica

Título do Trabalho:

A Implementação da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Rumo ao


Desenvolvimento Urbano: Desafios e Soluções

Nome do Aluno: Julião Marcos

Código de Estudante: 96160258

Lichinga, Março 2023


Introdução

O presente trabalho apresenta a implementação de da politica de ordenamento territorial


rumo ao desenvolvendo urbano, em que são apresentados desafios e soluções para
melhoria.
Níveis de intervenção (art.º 8 lei nº 19/2007) Em Moçambique o sistema de gestão
territorial é definido em 4 âmbitos (artigo 8 e 9, Lei nº19/2007): Nacional, Provincial,
Distrital e Autárquico.
O ordenamento do território é um instrumento de aplicação administrativa que consiste
na estruturação, no arranjo e na gestão do território, contribuindo, por conseguinte, na
melhor planificação e uso da terra.
O desenvolvimento pressupõe uma base física sobre a qual actuam grupos
Humanos, desempenhando actividades essenciais para sua sobrevivência e
para a sobrevivência dos seus membros.
A política de ordenamento do território estabelece que as actividades de ordenamento
territorial sejam sempre executadas no quadro das políticas sectoriais numa base
consensual e por coordenação das acções e estratégias visando o desenvolvimento
socio-economico através do uso sustentável da terra e dos recursos naturais da terra,
considerando as formas existentes de povoamento e ocupação de espaço, devendo
observar os princípios; de Igualdade de direito, da precaução a elaboração, do
reconhecimento da ordem existente, de participação, da concertação, descentralização,
de acesso informação, do carácter vinculativo, da responsabilidade, e da continuidade da
revisão.
De um conjunto de habilidades sociais e individuais diferenciadas e de uma
Base física heterogénea, sobre a qual os diversos grupos humanos actuam
colectiva e individualmente, para assegurar a sua sobrevivência, decorrem
Formas de acção social multivariadas, que terminam por se cristalizarem ao longo
do tempo, na forma de padrões de uso e ocupação do território.
I Principais Conceitos

Ordenamento Territorial é o conjunto de princípios, directivas e regras que visam


garantir a organização do espaço nacional através de um processo contínuo, flexível e
participativo na busca do equilíbrio entre o homem, o meio físico e os recursos naturais,
com vista a promoção do desenvolvimento sustentável. (artigo 1 lei nº 19/2007)
O ordenamento do território visa assegurar a organização do espaço nacional e a
utilização sustentável dós seus recursos naturais, observando as condições legais,
administrativas, culturais e materiais favoráveis ao desenvolvimento social e económico
do país, à promoção da qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do
meio ambiente (artigo 5 lei nº 19/2007)
O Ordenamento do Território é um processo integrado de organização do territorio,
tendo como finalidade ordenar o espaço físico de acordo com os seus condicionantes
naturais e patrimoniais ou culturais, através da criação de modelos de desenvolvimento
para a ocupação humana e para as actividades produtivas, (ARAÚJO, J. 2014).
O objectivo do Ordenamento do Território é melhorar a qualidade de vida das
populações dos territórios, preservar os recursos naturais e gerir os usos do solo de
modo a potenciar o equilíbrio utilizando de forma eficiente os recursos naturais, sociais
e económicos.

II .Estagio Actual do Ordenamento Territorial em Moçambique

Segundo Ivo Florêncio Alberto Chissano 4, em Moçambique, com a independência a


terra passou a pertencer ao Estado. O direito de uso e aproveitamento de terra (DUAT)
constitui-se sobre a superfície do terreno delimitado e o espaço aéreo correspondente. A
Lei de Terra de 2007 reafirmou os direitos dos residentes, concedendo a qualquer
cidadão que tenha ocupado um pedaço próprio de terra durante dez anos o direito de
continuar a ocupá-lo.
Em Moçambique é o conselho de ministros no programa quinquenal do governo quem
estabelece a política de ordenamento do território (Lei de ordenamento do território, lei
n° 19/2007 de 18 de Julho). A Política de Ordenamento do Território (resolução
nº18/2007 de 30 de Maio) conduz o ordenamento territorial através de:
“… Um conjunto de directivas que permitem ao governo por processo de concertação,
integração e participação a todos os níveis, definir os objectivos gerais a que devem
obedecer os instrumentos de ordenamento territorial, para alcançar uma melhor
distribuição das actividades humanas no território, a preservação de zonas de reservas
naturais e de estatuto especial e assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento
humano e o cumprimento dos tratados e acordos internacionais, no âmbito territorial. A
política de ordenamento do território, considera o conhecimento da realidade física,
geográfica, social, económica e cultural do país, em todos os seus aspectos, como base
segura e objectiva, para definir as linhas mestras da actividade do ordenamento do
território…”.
Sistemas de gestão territorial (art.º 1 lei nº 19/2007) Quadro geral do âmbito das
intervenções no território, operacionalizado através dos instrumentos de gestão
territorial, hierarquizado aos níveis nacional, provincial, distrital e municipal.
Níveis de intervenção (art.º 8 lei nº 19/2007) Em Moçambique o sistema de gestão
territorial é definido em 4 âmbitos (artigo 8 e 9, Lei nº19/2007):
Nível nacional: definem-se as regras gerais da estratégia do ordenamento do território,
as normas e as directrizes para as acções de ordenamento provincial, distrital e
autárquico e compatibilizam-se as políticas sectoriais de desenvolvimento do território.
(artigo 9/1º, Lei nº19/2007):
Nível provincial: definem-se as estratégias de ordenamento do território da província,
integrando-as com as estratégias nacionais de desenvolvimento económico e social e
estabelecem-se as directrizes para o ordenamento distrital e autárquico. (artigo 9/2º, Lei
nº19/2007).
Nível distrital: elaboram-se os planos de ordenamento do território da área do distrito e
os projectos para a sua implementação, reflectindo as necessidades e aspirações das
comunidades locais, integrando-os com as políticas nacionais e de acordo com as
directrizes de âmbito nacional e provincial. (artigo 9/3º, Lei nº19/2007).
Nível autárquico: estabelecem-se os programas, planos, projectos de desenvolvimento
e o regime de uso do solo urbano, de acordo com as leis vigentes (artigo 9/4º, Lei
nº19/2007)

III Desafios da politica de Ordenamento Territorial em Moçambique


A política de ordenamento do território estabelece que as actividades de ordenamento
territorial sejam sempre executadas no quadro das políticas sectoriais numa base
consensual e por coordenação das acções e estratégias visando o desenvolvimento
socio-economico através do uso sustentável da terra e dos recursos naturais da terra,
considerando as formas existentes de povoamento e ocupação de espaço. Devendo
observar os princípios:
a) Da igualdade de direito todos cidadãos gozam mesma oportunidade no acesso a
terra e aos recursos naturais as infra-estruturas, aos equipamentos socias e serviços
públicos que nas zonas rurais quer nas zonas rurais.
b) Da precaução - a elaboração, execução e alteração dos instrumentos de
ordenamento territorial deve priorizar o estabelecimento de sistema de prevenção de
actos nocivos ao meio ambiente de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais
negativos significativos ou irreversíveis, independentemente da existência científica da
certeza ocorrência de tais impactos.
c) Do reconhecimento da ordem existente os direitos de uso e aproveitamento da terra
são para grande maioria da população, direitos consuetudinários ou costumeiros. A
política de ordenamento do território e toma em consideração esses direitos tal como
estabelecido a legislação, vigente para alcançar os fins específicos do ordenamento do
território. No âmbito de ordenamento rural as estratégias e os planos bem como a
distribuição geográfica das infra-estruturas dos equipamentos sociais e dos serviços,
deverão ter em conta as formas de povoamento existentes no território moçambicano.
d) De participação as dinâmicas das transformações sócio económicas e culturais das
comunidades locais e qualquer intervenção das suas formas e povoamento deverão ser
compreendidas e respeitadas, assegurando a participação das comunidades em todas as
fases do processo de elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial. No
processo de ordenamento do território deverão ser consultadas também no que diz
respeito ao estabelecimento da reserva de áreas para a construção das necessárias infra-
estruturas e serviços que assegurem o crescimento sustentável da sua base económica
e) Da concertação e através da concertação dos diversos interesses sectoriais que se
definem as estratégias, comuns e se concretizam os planos de ordenamento do território
de modo a promover o desenvolvimento socioeconómico do país de uma forma
sustentável.
Essa concertação será referenciada aos interesses directos dos habitantes de cada área ou
região a ordenar ou planificar tendo em conta a atenção a integração regional, nacional e
mesmo internacional dos interesses locais.
f) Descentralização as acções de ordenamento do território deverão ser executadas de
forma descentralizadas para garantir o desenvolvimento das comunidades na gestão do
seu território.
g) Do acesso a informação toda população tem direito a de acesso a i informação sobre
o território e esta devera estar aberta a análise, e que estudo por parte de todos os
interessados.
h) Do carácter vinculativo dos instrumentos de ordenamento territorial os instrumentos
de ordenamento territorial uma vez aprovados e ratificados são de cumprimento
obrigatório e tomam-se inalteráveis dentro do seu perímetro de validade. Quaisquer
alterações a esses instrumentos deverão ser processadas segundo as normas que rege a
sua elaboração aprovação e ratificação.
i) Principio da responsabilização qualquer entidade publica ou privada com
competência para intervir sobre o território e responsável pelos danos que possam
afectar a qualidade de vida ao cidadão a sustentabilidade ambiental estando obrigado a
proceder a reparação desses mesmos danos e a compensar os prejuízos causados.
j) Da continuidade revisão reconhecido o carácter permanente do ordenamento do
território a avaliação e revisão e a actualização dos planos devera acompanhar as
mutações que se operam no ambiente, na população e no território (Ivo Chissano,
Ordenamento territorial em Moçambique e suas Leis aplicáveis).
Na sequência dos desafios das sociedades contemporâneas, os Estados estão com menor
capacidade para intervir e responder às crescentes necessidades económicas e sociais
das populações (afectadas pelo desemprego, envelhecimento e perda de rendimento),
sendo necessário em cada intervenção explicitar os critérios de selecção que tenham em
consideração os territórios, as populações e a adopção de regras claras para conduzir
intervenções públicas com credibilidade.
Constituem instrumentos de carácter geral (artigo 8, Lei 19/2007):
a) A Qualificação dos Solos, instrumento informativo e indicativo da utilização
preferencial dos terrenos, em função da sua aptidão' natural ou dá actividade dominante
que ne1es se exerça, ou possa ser exercida para o seu mais correcto uso e
aproveitamento e garantia da sustentabilidade ambiental;
b) A Classificação dos Solos, instrumento que determina o regime político
administrativo de cada parcela do território em duas categorias fundamentais, a de solo
urbano e a de solo rural, tal como definidas no artigo I da presente Lei;
c) O Cadastro Nacional de Terras, instrumento vinculativo e indicativo dos titulares dos
direitos de uso e aproveitamento da terra, a 'localização geográfica, a forma, as regras e
os prazos para a sua utilização, os' usos ou a vocação preferencial para a utilização,
protecção e conservação dos solos;
d) Os Inventários Ambientais, Sociais e 'Económicos, instrumentos informativos. a
elaborar pelos vários órgãos sectoriais, através da recolha e tratamento de dados
ambientais, sociais e económicos;
e) O Zoneamento, instrumento de carácter informativo e indicativo elaborado com base
na qualificação dos solos, existência de recursos naturais e na ocupação
Humana, que qualifica e divide o território em áreas vocacionadas preferencialmente
para determinadas actividades de carácter económico, social e ambiental

IV Soluções para Melhoria do ordenamento Territorial em Moçambique rumo


ao Desenvolvimento Urbano
As formas de obtenção da terra em Moçambique, ligadas às tradições, muitas
comunidades rurais encaram com indiferença, e, em algumas ocasiões, com suspeitas a
introdução de novos métodos de promoção a produção e ao desenvolvimento; as crenças
em suas práticas culturais, as populações, acreditam que o seu modo de vida é o melhor
fazendo transpasses ilegais, facto que concorre para uma ocupação desordenada da
terra.
O ordenamento territorial, sendo um conjunto de instrumentos que diz respeito a uma
visão macro do espaço, enfocando grandes conjuntos espaciais e espaços de interesses
estratégicos ou usos especiais, que trata de uma escala de planeamento que aborda o
território nacional em sua integridade e em uma visão de contiguidade, que se sobrepõe
a qualquer manifestação pontual do território, visa estabelecer um diagnóstico
geográfico do território, indicando tendências e aferindo demandas e potencialidades de
modo a alcançar sua meta.
O ordenamento territorial que é a compatibilização de políticas públicas em seus
rebatimentos no espaço, evitando-se conflitos de objectivos e contraposição de
directrizes no uso de lugares e dos recursos, deve ser encarado pelos actores políticos
como um instrumento a ser aplicado no processo de ocupação e uso da terra em
Moçambique.
A necessidade de se aplicar os instrumentos legais do ordenamento do território em
Moçambique visa, essencialmente, corrigir os visíveis erros de ocupação sem
seguimento da lei e, desta forma, evitar os impactos socio-ambientais derivados da
ocupação desordenada da terra, fruto da grande procura da terra resultado da expansão
das áreas peri-urbanas.
Para correcção dos actuais problemas que resultam da ocupação desordenada dos solos,
em Moçambique, e prevenção dos futuros problemas, é necessário que as instituição que
tutelam a matéria ligada ao uso e ocupação da terra, façam réplica dos instrumentos que
regulam a matéria a todos níveis (provincial, distrital, municipal, localidades e até
comunitário), e desta vez evitar os atropelos à legislação sobre ocupação e uso da terra
em Moçambique.
De acordo com THÉRY e MELLO (2009), apud JEMUCE (2016), as dinâmicas
demográficas, urbanas e rurais, agrícolas, industriais e as dinâmicas de fluxos e redes
têm efeitos múltiplos e cruzados sobre o território, e são consideradas – ou deveriam sê-
lo – pelo ordenamento territorial.

Conclusão ou Considerações finais

O Ordenamento Territorial, é uma área que nos últimos dias tem chamado muita
atenção no caso Moçambicano, isto pelo facto de ocupação de solos constituir uma
fonte de riqueza.

Assim, ao longo desta unidade temática foi abordado o conceito de ordenamento


territorial, os níveis de ordenamento territorial, os instrumentos de ordenamento
territorial não se esquecendo de fazer um pequeno reparo a legislação que rege o
ordenamento territorial moçambicano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRO, Bernardo João: Módulo de Planeamento na Administração Publica

Lei nº19/2007+Ordenamento+territorial I SÉRIE - Número 29 ,Quarta-feira, 18 de


Julho de 2007

ALFREDO, Manuel. Alguns aspectos do regime jurídico do passe do direito de uso e


aproveitamento de terra e os conflitos emergentes em Moçambique. Maputo. 2009.

BAIA, Alexandre Monteiro. Os Conteúdos da urbanização em Moçambique.


Considerações a partir da expansão da cidade de Nampula. Tese de doutorado
(apresentado ao programa de Pós-graduação em Geografia Humana no departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo). 2009

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