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Amélia Francelino Meque

Exploração dos Recursos Florestais e seus Impactos Ambientais - Estudo de


caso do Posto Administrativo de Mazua: 2014 - 2019

Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário

Universidade Rovuma
Nacala-Porto
2020
i

Amélia Francelino Meque

Exploração dos Recursos Florestais e seus Impactos Ambientais: Estudo de caso


do Posto Administrativo de Mazua: 2014 – 2019

Monografia apresentada ao Departamento


de Ciências de Terra e Ambiente,
Universidade Rovuma, Campus de Nacala-
Porto, para a obtenção do grau académico
de Licenciatura em Gestão Ambiental e
Desenvolvimento Comunitário.

Supervisor:
Msc. Valdemiro Condelaque Aboo

Universidade Rovuma
Nacala-Porto
2020
ii

Índice

Lista de tabelas .......................................................................................................... iv


Lista de figuras ............................................................................................................ v
Lista de gráficos ......................................................................................................... vi
Lista de siglas e abreviaturas .................................................................................... vii
Declaração ................................................................................................................ viii
Dedicatória ................................................................................................................. ix
Agradecimentos .......................................................................................................... x
Resumo ...................................................................................................................... xi
Abstract ..................................................................................................................... xii
Introdução ................................................................................................................. 13
CAPÍTULO I: METODOLOGIA .................................................................................. 16
1.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................. 16
1.2 Métodos............................................................................................................... 17
1.2.1 Métodos de abordagem.................................................................................... 17
1.2.2 Métodos de procedimento ................................................................................ 18
1.3 Universo e amostra ............................................................................................. 19
1.4 Técnica de colecta de dados ............................................................................... 20
CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO POSTO ADMINISTRATIVO
DE MAZUA ................................................................................................................ 23
2.1 Aspectos físicos naturais ..................................................................................... 23
2.1.1 Localização geográfica ..................................................................................... 23
2.1.2 Geologia, geomorfologia e pedologia ............................................................... 24
2.1.3 Clima e hidrografia ........................................................................................... 26
2.1.4 Flora e fauna .................................................................................................... 27
2.2 Aspectos sócio-económicos ................................................................................ 29
2.2.1 População ........................................................................................................ 29
2.2.2 Actividades económicas ................................................................................... 30
2.2.3 Educação e saúde ............................................................................................ 31
CAPÍTULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................... 32
3.1 Conceitos básicos ............................................................................................... 32
3.2 As savanas tropicais ........................................................................................... 33
3.3 Importância da vegetação ................................................................................... 34
iii

3.4 O desflorestamento no Mundo ............................................................................ 35


3.4.1 Causas do desflorestamento ............................................................................ 36
3.4.2 Consequências do desflorestamento ............................................................... 38
3.4.2.1 A degradação dos solos ................................................................................ 38
3.4.2.2 Alterações climáticas ..................................................................................... 39
3.4.2.3 Redução dos recursos hídricos subterrâneos ............................................... 39
3.4.2.4 A desertificação ............................................................................................. 40
3.4.2.5 As alterações na fauna .................................................................................. 40
3.5 O desflorestamento em Moçambique .................................................................. 40
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSÃO DE DADOS .................................. 43
4.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................ 43
4.2 Características dos sujeitos................................................................................. 43
4.3 Problemas ambientais do posto administrativo de Mazua .................................. 45
4.4 Causas dos problemas ambientais do posto administrativo de Mazua ............... 46
4.5 Consequências dos problemas ambientais ......................................................... 48
4.6 Papel dos moradores do posto administrativo de Mazua na gestão dos recursos
florestais .................................................................................................................... 49
4.7 Proposta dos moradores do posto administrativo de Mazua para gestão
sustentável dos recursos florestais ........................................................................... 49
Conclusão ................................................................................................................. 51
Sugestões ................................................................................................................. 52
Bibliografia................................................................................................................. 53
Apêndices.................................................................................................................. 56
Apêndice I: Inquérito dirigido aos moradores do Posto Administrativo de Mazua. .... 57
Apêndice II: Ficha de entrevista dirigida aos Funcionários do Posto Administrativo de
Mazua, Líderes Comunitários e Chefes da Localidade de Mazua. ........................... 59
iv

Lista de tabelas

Tabela 1 - Características dos sujeitos .............................................................................. 44


v

Lista de figuras

Figura 1 - Localização do posto administrativo de Mazua ........................................... 23


Figura 2 - Perfil topográfico do posto adminstrativo de Mazua .................................... 24
Figura 3 - Tipos de solos do posto administrativo de Mazua ....................................... 25
Figura 4 - Hidrografia do distrito de Memba ................................................................. 27
Figura 5 - Vegetação do posto administrativo de Mazua ............................................. 28
vi

Lista de gráficos

Gráfico 1 - Evolução da população do distrito de Memba ......................................... 30


Gráfico 2 - Problemas ambientais do posto administrativo de Mazua ....................... 45
Gráfico 3 - Período de manifestação dos problemas ambientais .............................. 47
Gráfico 4 - Consequências dos problemas ambientais ............................................. 48
vii

Lista de siglas e abreviaturas

E Entrevistado
Ha. Hectare
INE Instituto Nacional de Estatística
Km2 Quilómetros quadrados
M Metro
MAE Ministério da Administração Estatal
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
MINED Ministério da Educação
MITADER Ministério da Terra, Ambiental e Desenvolvimento Rural
Mm Milímetro
MSc. Mestre em ciências
OMR Observatório do Meio Rural
R Resposta
Séc. Século
viii

Declaração

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e


das orientações dadas pelo meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as
fontes consultadas estão devidamente mencionadas ao longo do texto e na
bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição
para obtenção de qualquer grau académico.

Nacala-Porto, aos de Março de 2020

____________________________________
(Amélia Francelino Meque)
ix

Dedicatória

Aos meus pais Francelino António e Suzana Azarias Muhave


x

Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus por ter-me dado saúde, conhecimento e
oportunidades financeiras para que eu chegasse ao fim do curso.

Aos meus pais Francelino António e Suzana Azarias Muhave que sempre estiveram
do meu lado, me apoiando financeiramente e por me terem trazido ao mundo, e pelo
imenso amor e boa educação para o caminho certo da aprendizagem em conquista do
conhecimento científico.

Aos meus colegas, em especial o Alcides Nunes por ter tornado essa jornada mais
agradável.

Quero também agradecer de uma maneira geral a todos os meus Docentes que
dedicaram o seu tempo durante a formação e em especial quero agradecer ao
orientador deste trabalho, o MSc. Valdemiro Condelaque Aboo, pelo encorajamento e
atenção. Por fim a todos, meu muitíssimo obrigado de coração.

Enfim, a todos, muito obrigado!


xi

Resumo

Embora a agricultura de subsistência constitua actividade predominante do meio rural, as florestas,


assim como as savanas fornecem, à população rural, variados produtos e matéria-prima, dos quais, a
lenha, o carvão vegetal, materiais de construção, plantas medicinais, entre outros. A presente
monografia tem como tema: Exploração dos Recursos Florestais e seus Impactos Ambientais - Estudo
de caso do Posto Administrativo de Mazua: 2014 - 2019”. Ele tinha como objectivo geral a analisar os
impactos ambientais causados pela exploração dos recursos florestais no posto administrativo de
Mazua e, objectivos específicos a identificar os factores intervenientes no processo de exploração dos
recursos florestais; descrever os problemas ambientais causados pela exploração dos recursos
florestais e, sugerir medidas que visam no uso racional dos recursos florestais. Quanto à abordagem o
tipo de pesquisa usada é qualitativo e quanto aos objectivos é explicativa. Como amostra, a pesquisa
englobou 40 elementos da localidade de Mazua descriminados da seguinte maneira: 5 funcionários da
localidade de Mazua, 5 líderes comunitários e 30 membros da sociedade civil, dentre os quais
camponeses, agentes informais, e carvoeiros. Como técnicas de colecta de dados, para a pesquisa,
usou-se a observação directa e indirecta, a entrevista, inquérito e a consulta bibliográfica. De acordo a
pesquisa conclui-se que os principais problemas ambientais relacionados com a exploração florestal
são: desflorestamento, erosão do solo, redução do efectivo dos animais. Entre as causas destes
problemas destacam-se: a prática agrícola; o uso da lenha como fonte de energia básica, a falta de
condições básicas para a sobrevivência da maioria da população, a deficiente fiscalização dos recursos
florestais e a não participação activa da população na gestão dos seus recursos florestais. As
consequências desses problemas ambientais são: a escassez de lenha e barrotes para a construção e
desaparecimento de alguns animais do mato.

Palavras-chave: Exploração, recursos florestais, impacto ambiental, Mazua.


xii

Abstract

Although subsistence agriculture is a predominant activity in rural areas, such as forests, just as
savannas provide the rural population with a variety of products and raw materials, including firewood,
charcoal, building materials, medicinal plants, among others. others. This monograph has as its theme:
Explotation of Forest Resources and their Environmental Impacts - Case Study of the Administrative
Post of Mazua: 2014 - 2019 ”. It had as its general objective an analysis of the impacts caused by the
exploitation of forest resources in the administrative post of Mazua and, specific objectives to identify the
intervening factors in the process of exploitation of forest resources; description the problems caused by
the exploitation of forest resources and, suggest measures that aim at the rational use of forest
resources. Regarding the approach, the type of research used is qualitative and the objectives are
explanatory. As a sample, the survey included 40 elements from the Mazua locality broken down as
follows: 5 officials from the Mazua locality, 5 competent leaders and 30 members of civil society,
including peasants, informal agents, and coal producers. As data collection techniques, for research,
direct and indirect observation, interview, research and bibliographic consultation are researched.
According to the research, it can be concluded that the main environmental problems related to forest
exploitation are: deforestation, soil erosion, reduction of the number of animals. Among the causes of
these problems, the most notable are: agricultural practice; the use of firewood as a source of basic
energy, the lack of basic conditions for the majority of the population, the deficient inspection of forest
resources and the non-participation of the population of the population in the management of their forest
resources. The consequences caused by environmental problems are: the scarcity of firewood and bars
for the construction and disappearance of some wild animals.

Keywords: Explotation, forest resources, environmental impact, Mazua.


13

Introdução

A maior parte da população moçambicana é pobre e vive na zona rural, tendo como
actividade básica a agricultura de subsistência ou tradicional, que constitui a base da
sua sobrevivência.

Embora a agricultura de subsistência constitua actividade predominante do meio rural,


as florestas, assim como as savanas fornecem, à população rural, variados produtos e
matéria-prima, dos quais, a lenha, o carvão vegetal, materiais de construção, plantas
medicinais, entre outros.

As plantas desempenham um papel fundamental no bem-estar das diferentes


comunidades, e a maioria da população não apenas depende das plantas, mas,
sobretudo confia no uso de remédios tradicionais, bem como nos serviços prestados
pelos praticantes de medicina tradicional, cujo conhecimento sobre plantas e sua
ecologia é inestimável.

Apesar do papel que as florestas desempenham, nos últimos anos constatou uma
redução significativa destas, devido ao corte selectivo de madeira de valor tradicional
para satisfazer as necessidades básicas das comunidades em energia e materiais de
construção e, de valor comercial para alimentar o mercado nacional e estrangeiro,
ambos em franco crescimento, contudo, em ambos os casos, factores sociais e
económicos estão por detrás da mudança da composição e da cobertura florestal. É
de realçar que também as práticas agrícolas impróprias (agricultura tradicional)
praticada pelas comunidades no meio rural agrava essa situação, devidas as técnicas
utilizadas.

Constitui um desafio do país, a percepção das causas e procura de soluções para


uma utilização racional e sustentável dos recursos florestas. É neste contexto que
“Exploração dos recursos florestais e seus Impactos Ambientais: Estudo de caso do
Posto Administrativo de Mazua: 2014 - 2019” constitui tema da presente pesquisa.
14

Devido à importante função sócio-económica e ambiental que as florestas


desempenham para as comunidades, urge a necessidade para o seu uso racional, de
modo que as futuras gerações possam desfrutar do mesmo recurso.

Tem-se como questão de partida para a presente pesquisa a seguinte: Quais são os
impactos ambientais da exploração dos recursos florestais no Posto Administrativo de
Mazua?

Como respostas provisórias ao problema levantado tem-se:


- O desflorestamento em virtude exploração da lenha, madeira e produção de carvão,
- A destruição do habitat das espécies faunísticas do Distrito de Memba.

O trabalho tem como objectivo geral:


 Analisar os impactos ambientais causados pela exploração dos recursos
florestais no Posto Administrativo de Mazua.

Para o alcance do objectivo geral, foram traçados os seguintes objectivos específicos:


 Identificar os factores intervenientes no processo de exploração dos recursos
florestais;

 Descrever os problemas ambientais causados pela exploração dos recursos


florestais e,
 Sugerir medidas que visam no uso racional dos recursos florestais.

No que se refere à justificativa, a efectivação deste trabalho de pesquisa deve-se ao


facto da autora frequentar o Posto Administrativo de Mazua várias vezes em visita às
machambas pertencentes aos seus parentes, tendo observado “inloco” a exploração
de madeireira bem como o desflorestamento sem ter em conta os princípios de
sustentabilidade dos recursos florestais.

O estudo teve como principal constrangimento a dificuldade no acesso na recolha dos


dados; alguns moradores demonstraram resistência e medo, como se alguém os
quisesse castiga-los pelos seus actos.
15

Para além da introdução, conclusão, sugestões e apêndices, este trabalho é


composto por quatros capítulos a mencionar:

CAPÍTULO I: Faz-se a descrição dos procedimentos metodológicos usados para a


concretização do trabalho de pesquisa;
CAPÍTULO II: Faz-se a caracterização geográfica do Posto Administrativo de Mazua;
CAPÍTULO III: Aborda a fundamentação teórica e,
CAPÍTULO IV: Faz a e discussão de dados colhidos no campo.
16

CAPÍTULO I: METODOLOGIA

Na concepção de BELLO (2005, p. 21) “Metodologia é a explicação minuciosa,


detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida no método de trabalho de
pesquisa”.

1.1 Tipo de pesquisa


As pesquisas científicas são classificadas de acordo com três critérios a destacar:
quanto à abordagem, quanto aos objectivos e quanto aos procedimentos técnicos.

Quanto à abordagem, as pesquisas classificam-se em qualitativas e quantitativas. A


pesquisa enquadra-se na qualitativa.

Para SEVERINO (1999, p. 94) “pesquisa qualitativa permite mergulhar na


complexidade dos acontecimentos reais e indaga não apenas o evidente, mas
também as contradições, os conflitos e as resistências a partir da interpretação dos
dados no contexto da sua produção”.

Neste âmbito, a pesquisa proporcionou respostas do ponto de vista qualitativo ao


problema levantado, isto é, permitiu a busca de respostas no campo relacionadas ao
papel da comunidade na gestão dos recursos florestais. Para além disso a
pesquisadora examinou as diversas ideias dos pesquisados de modo a permitir uma
melhor compreensão do objecto de estudo.

No que se referem aos objectivos, a pesquisa classificam-se em exploratória,


descritiva e explicativa.

A pesquisa enquadra-se na descritiva que, segundo IVALA at. al. (2007, p. 28), “tem
como objectivo primordial a descrição das características de determinadas populações
ou fenómenos”. Uma das suas características está na utilização de técnicas
padronizadas, tais como questionário e observação sistemática.

Com efeito, foi feita a descrição das actividades realizadas pela comunidade
enfatizando principalmente o desflorestamento.
17

No que se refere aos procedimentos técnicos, as pesquisas classificam-se em


documentais, experimentais, levantamento, estudo de campo, estudo de caso,
pesquisa acção e pesquisa bibliográfica. A pesquisa desenvolvida neste trabalho
enquadra-se na bibliográfica que, segundo GIL (1995, p. 71), “a pesquisa bibliográfica
é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos”. Esta tem como principal vantagem permitir ao investigador a
cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia
pesquisar directamente.

Sendo assim, a pesquisa desenvolvida baseou-se em alguns manuais para além do


uso de diversas técnicas de colectas de dados.

1.2 Métodos
Na concepção de LIBÂNEO (1994, p. 150), “Os métodos são caminhos usados para
atingir um determinado objectivo”.

Para esta pesquisa, foram usados dois grandes grupos de métodos, que são:
métodos de abordagem e de procedimento.

1.2.1 Métodos de abordagem


Segundo MARCONI e LAKATOS (2003, p. 221), este método se caracteriza por uma
abordagem mais ampla, em nível de abstracção mais elevado, de fenómeno da
natureza e da sociedade.

Portanto, este método engloba o indutivo, o dedutivo, o hipotético dedutivo e


dialéctico. Assim, para a pesquisa, foi usado o método indutivo.

Fundamentando ainda sobre este assunto, ibdem (2003, p. 106) afirmam que: “pelo
uso deste método, a aproximação dos fenómenos caminha geralmente para planos
cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias”.

Assim sendo, o estudo foi feito por um grupo de pessoas que constituem amostra, e,
com base nelas, as suas conclusões foram generalizadas.
18

1.2.2 Métodos de procedimento


Segundo GIL (2002, p. 46), “Significa caminho para algo, uma acção encaminhada a
um fim, um meio para conseguir um objectivo determinado, o valor do método sempre
estará condicionado à meta a que nos propomos”.

Os métodos de procedimento são etapas mais concretas da investigação, com


finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos, e menos
abstractos. Portanto, para a pesquisa, foram usados os métodos comparativo,
estatístico, cartográfico e, análise e síntese.

 Método comparativo
Na concepção de ANDRADE (1997, p. 12) “Este método procura identificar
semelhanças e explicar diferenças entre grupos, pessoas, sociedades, culturas,
sistemas e organizações políticas, padrões de comportamento familiar ou religioso
etc. Neste caso, foram feitas comparações das diversas respostas dadas pelos
indivíduos que constituem amostra com propósito de explicar as diversas respostas
contraditórias.

Para, além disso, foram também feitas as comparações das causas do fenómeno em
estudo com base nos parâmetros temporais estabelecidos para a pesquisa.

 Método estatístico
Segundo ANDRADE (1997, p. 16) “Este método permite a transformação dos dados
qualitativos em resultados quantitativos, através de representações que demonstram a
constatação de relações entre os fenómenos, objectivando generalizações sobre sua
natureza, ocorrência e significado”.

Fundamentou-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constituiu um


importante auxílio para as investigações sociais.

Portanto, com este método, fez-se a quantificação dos indivíduos que foram
abrangidos directamente na pesquisa, cujas conclusões foram generalizadas. Além
disso, pelo uso deste método, foi necessário submeter as cifras codificadas ao mais
rigoroso esforço da análise e interpretação feita manualmente com o auxílio de
19

máquina calculadora “para o cálculo das percentagens” e do computador (na


construção de gráficos).

A manipulação estatística permitiu comprovar as relações dos fenómenos entre si, e


obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.

Método cartográfico
No que se refere ao método cartográfico, NANJOLO (2002, p. 14) salienta que “… é a
forma de representar os resultados da investigação geográfica mediante mapas,
esquemas, diagrama, modelos, desenhos”.

Trata-se de um método muito importante no estudo de um fenómeno no espaço, com


efeito, este método permitiu a localização, da área em estudo, delimitando os seus
respectivos limites e a comportamento das zonas florestais a partir de imagens
satélites.
 Método de análise e síntese
Quanto ao método de análise e síntese, segundo CHIZZOTTI (2003, p. 93), “É um
método de tratamento e análise de informações colhidas por meio de técnicas de
colecta de dados consubstanciadas em um documento”.

Neste contexto, as informações colhidas foram reduzidas quanto ao seu volume. Este
método também serviu para a sintetização dos conteúdos extraídos em fontes
bibliográficas.

1.3 Universo e amostra


Universo ou população é o conjunto de seres que apresentam pelo menos uma
característica comum (MARCONI e LAKATOS, 1999, p. 43).

Neste contexto o universo desta pesquisa é a população residente no posto


administrativo de Mazua, localidade de Mazua, do Distrito de Memba.

Como amostra, a pesquisa englobou um total de 40 elementos da localidade de


Mazua descriminados da seguinte maneira: 5 funcionários da localidade de Mazua, 5
20

líderes comunitários e 30 membros da sociedade civil, dentre os quais camponeses,


agentes informais, e carvoeiros.

A razão da opção destes elementos é pelo facto de serem os principais intervenientes


do processo de exploração dos recursos florestais do Posto Administrativo de Mazua.

O envolvimento de um número restrito dos sujeitos a investigar, pressupôs, contudo,


que estes fossem representativos dos grupos a que pertencem e possuíssem domínio
das questões que preocupavam a pesquisadora.

1.4 Técnica de colecta de dados


Constituem técnicas de colecta de dados, para a pesquisa, a observação directa e
indirecta, a entrevista, inquérito e a consulta bibliográfica.

 Observação
“A observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir obter informações.
Este, para além de consistir em ver e ouvir examina factos que se desejam estudar”
MARCONI e LAKATOS (1999, p. 90). É, portanto, uma percepção atenta, racional,
planificada e sistemática dos fenómenos relacionados com objectivos de investigação
das suas condições naturais, habituais, sem os provocar, para oferecer uma
explicação científica da natureza deles.

Segundo GIL (1995, p. 105), “Esta apresenta como principal vantagem, em relação às
outras técnicas, porque os factos são percebidos directamente, sem qualquer
intermediação”.

Desse modo, a subjectividade, que permeia todo processo de investigação social,


tende a reduzir a observação pode ser directa ou indirecta.

A observação directa foi usada para visitar a área em estudo, observando in loco os
fenómenos físicos naturais como o solo, o relevo e a vegetação, e os fenómenos
socio-económicos como a agricultura, a pecuária, o desflorestamento, a habitação, as
infra-estruturas entre outros.
21

A observação indirecta consistiu na leitura de mapas de diversas escalas e fotografias


vias satélite da área em estudo e do distrito.

 Entrevista
De acordo com GIL (1994, p. 114), “A Entrevista é uma outra técnica de colecta de
dados, através do diálogo face à face”.

A necessidade de utilização da entrevista na pesquisa deve-se a uma série de


vantagens, entre as quais se destacam: possibilita a obtenção de dados referentes
aos mais diversos aspectos da vida social; é uma técnica muito eficiente para
obtenção de dados profundos do comportamento dos homens; os dados obtidos são
susceptíveis à classificação e à quantificação e não exige que a pessoa entrevistada
saiba ler e escrever.

Esta técnica foi usada apenas para 10 elementos do Posto Administrativo de Mazua,
sendo: 5 funcionários da localidade de Mazua e 5 líderes comunitários. Para cada um
dos entrevistados foi atribuído um código E, obtendo de E1 a E10, e as suas
respostam foram codificadas com R, obtendo de R1 a R6.

 Inquérito
Também o inquérito constitui uma técnica de colecta de dados caracterizado por uma
série ordenada de perguntas a serem respondidas por escrito sem a presença do
inquiridor. Esta se apresenta sob forma de questionário.

Segundo GIL (1994, p. 114), questionário é a técnica de investigação composta por


um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas
tendo por objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, situações
vivenciadas.

Tem como vantagem recolher muita informação em pouco tempo; garante o


anonimato das respostas; permite que as pessoas o respondam no momento em que
estiverem disponíveis; implica menores gastos com pessoal.
22

Assim, usou-se o inquérito misto (perguntas abertas e fechadas) para à recolha de


dados de 30 membros da sociedade civil, dentre os quais camponeses, agentes
informais, e carvoeiros.
 Consulta bibliográfica
Nesta técnica foram usadas diversas fontes de modo a obter pressupostos teóricos
para a realização do trabalho.

Em suma, as obras relacionadas ao tema mereceram uma especial atenção, visando


o aproveitamento das oportunidades que estas oferecem para a compreensão do
tema, assim como o aprofundamento do aspecto teórico relacionado com o
desflorestamento. Por isso, os manuais usados são apresentados nas referências
bibliográficas da monografia.
23

CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO POSTO ADMINISTRATIVO


DE MAZUA

Neste ponto, abordam-se os aspectos físicos naturais; localização geográfica,


geologia, geomorfologia, pedologia, clima, hidrografia e vegetação e, aspectos sócio-
ecónomicos: população, actividades económicas, educação, saúde e infra-estruturas.

2.1 Aspectos físicos naturais


2.1.1 Localização geográfica
O posto administrativo de Mazua, localiza-se no centro do distrito de Memba,
limitando-se ao norte pelos postos administrativos de Chipene e Lúrio, Sul o posto
administrativo de Memba, Este o oceano Indico e Oeste o posto administrativo de
Alua, do distrito de Eráti, como se pode observar na figura que se segue:

Figura 1 - Localização do posto administrativo de Mazua

Fonte: Elaborada pela autora a partir de ArcGIS 10.2


24

2.1.2 Geologia, geomorfologia e pedologia


O substrato geológico da planície setentrional é constituído por sedimentos recentes
do Cretácico ao Holocénio de origem marinha e continental, sobretudo do Terciário
indiferenciado. Estas rochas apresentam graus diferentes de consolidação, frequentes
vezes, discordantes das formações do Karroo. Constituem excepções alguns retalhos
que ocorrem em Memba e Nacala, onde afloram formações granito-gneissicos
(Muchangos, 1999, p. 116)

Distinguem-se no Distrito de Memba as rochas do Pré-câmbrico formadas há mais de


500 milhões de anos na maior parte do território, que comporta rochas metamórficas e
magnéticas, as do Fanerozoico que se encontram numa pequena faixa ao longo da
costa, formadas entre 300 a 700 milhões de anos, compreendendo, essencialmente,
rochas sedimentares. As rochas mais representativas no Distrito de Memba são as de
características ácidas, havendo, no entanto, regiões de rochas básicas (Ministério de
Administração Estatal - MAE, 2014, p. 4).

O Distrito de Memba situa-se na zona das grandes planícies costeiras do País, com a
altitude a aumentar suavemente da costa para o interior do distrito. O relevo de
Memba está exposto em forma de escadaria, como outras zonas do litoral do país,
descendo do interior para a costa. Em todo o distrito as altitudes máximas não
ultrapassam os 500 metros (m), com a excepção de alguns cumes montanhosos na
zona Este, que podem ultrapassar este valor, mas sem expressão em termos de área
superficial.

Figura 2 - Perfil topográfico do posto administrativo de Mazua

Fonte: Global Mapper 18


25

Os pontos mais altos do distrito localizam-se a Oeste dos Postos Administrativos de


Mazua e Chipene, nomeadamente:
 Montes Nicalaia situados no Posto Administrativo de Chipene com 765 m e
altitude, que formam uma pequena cordilheira.
 Montes Metupula situados na zona limítrofe entre os Distritos de Memba e
Eráti, com características típicas de cordilheira, com cerca de 638 m de altitude
(MAE, 2014, p. 2 ; Ministério da Educação (MINED), 1986, p.14; Ministério para
Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), 2012, p. 4).

O distrito de Memba caracteriza-se pelos seus solos arenosos, lavados a


moderadamente lavados, predominantemente amarelos a castanho-acinzentados e,
pelos solos da faixa do grés costeiro, de textura arenosa a franco argilo arenosa de
cor alaranjada. Os solos arenosos hidromórficos de depressões e baixas ocorrem
alternados com as partes de terreno mais elevadas (MAE, 2014, p. 2). Os solos mais
predominante no Posto Administrativo de Mazua são os franco-arenoso castanho,
seguido por argiloso castanho.

Figura 3 - Tipos de solos do posto administrativo de Mazua

Fonte: Elaborada pela autora a partir de ArcGIS 10.2


26

2.1.3 Clima e hidrografia


O Posto Administrativo de Mazua possui um clima tropical húmido apresentando duas
estações. A primeira é caracterizada por um período chuvoso e quente, com
aguaceiros e trovoadas constantes que começam no mês de Outubro e terminam em
Abril, outro seco e menos quente que se estende de Maio a Setembro, onde
normalmente ocorrem situações de mau tempo e situações de riscos atmosféricos
(MAE, 2014, p. 1; MICOA, 2012, p. 3).

A precipitação média anual é de 1.000 mm havendo uma variação inter-anual


significativa. Esta baixa pluviosidade, associada a temperaturas elevadas resulta
numa deficiência na disponibilidade de água, colocando o distrito de Memba numa
situação vulnerável em termos de produção agrícola, através da ocorrência de secas
frequentes que normalmente registam-se entre os meses de Outubro a Dezembro.

Segundo o MAE (2005, p. 9), a temperatura média anual é de 25,5° C, sendo Janeiro
o mês mais quente com cerca de 27,9° C e esta verifica-se no período de crescimento
das culturas, em que também a evapotranspiração potencial é da ordem dos 1400 a
1600 mm, colocando desta forma o distrito numa situação de risco de fome.

No sistema de ventos distinguem-se três períodos com características distintas:


 entre Janeiro a Março são registados ventos dominantes de Este;
 nos meses de Abril a Agosto os ventos são predominantemente de Sul;
 entre Setembro e Dezembro os ventos apresentam uma direcção
predominantemente de Este e Sudeste (MICOA, 2012, p. 3).

O Distrito é rico em recursos hídricos superficiais, alguns rios os quais, na sua


maioria, são de regime periódico e pertencem às bacias hidrográficas dos rios
Mecubúri e Lúrio. Os principais rios do Distrito de Memba são: Lúrio, Mecubúri,
Mussangage, Muculumba, Muendaze e rio Nihequehi.
27

Figura 4 - Hidrografia do distrito de Memba

Fonte: Elaborada pela autora a partir de ArcGIS 10.2

2.1.4 Flora e fauna


A localização do país na região florística sudano-Zambezíaca, condiciona, em
conjugação com as condições climáticas o desenvolvimento de infinitas variedades de
associações vegetais hidrófilas, mesófilas e xerófilas de floresta e de savana arbóreas
e arbustivas (Muchangos, 1999, p. 80).

Portanto, as diferenças na distribuição, composição, densidade e variedade de


espécies resulta de factores tais como a latitude, a alternância entre as terras altas e
as depressões, a continentalidade, a natureza pedológica, as condições de água do
solo, e o grau de intervenção humana.

Os tipos de vegetação predominantes no Posto Administrativo de Mazua são a


savana herbácea e arbórea, a savana arbórea-arbustiva, floresta de galeria e, em
28

pequenas áreas a vegetação do litoral e a floresta aberta do Miombo, como ilustra a


figura que se segue (Muchangos, 1999; MINED, 1986, p. 19):

Figura 5 - Vegetação do posto administrativo de Mazua

Fonte: Elaborada pela autora a partir de ArcGIS 10.2

Entre Quissanga e Memba, por detrás de mangal, a savana arbórea-arbustiva


apresenta mosaicos e brenhas e possui exemplares de Adansónia, Acácia, Albizia,
Boscia, Combretum e Salvadora (Muchangos, 1999, p. 116).

O Distrito de Memba possui vastas zonas florestais, com várias espécies de árvores,
sendo as mais predominantes: Umbila, Pau-preto, Metil, Jambire, Sândalo, entre
outras. As maiores concentrações encontram-se nos postos administrativos de Lúrio,
Chipene e uma parte de Mazua, concretamente nas regiões de Cavá e Simuco (MAE,
2014, p. 3)
29

A exploração da madeira segue moldes tradicionais, não se fazendo comercialização


em grande escala. A madeira explorada nestas condições serve, essencialmente,
para consumo local (a lenha é fonte de energia mais utilizada na confecção de
alimentos, no fabrico de mobiliário, barrotes para construção civil e artigos diversos de
carpintaria).

A fauna bravia do Distrito é constituída por macacos, leões, crocodilos, porcos-bravo,


antílopes, pala-palas, coelhos, leopardos, elefantes e diversos tipos de aves. Pratica-
se a caça de pequena dimensão para a subsistência familiar e para a troca com
produtos entre as comunidades de dentro e fora do Distrito, com maior destaque no
Posto Administrativo de Chipene.

A falta de conhecimento em relação ao perigo da acção humana sobre o ambiente,


especificamente no uso irracional do combustível lenhoso, corte indiscriminado de
estacas para construção, caça e queimadas descontroladas, afecta negativamente a
gestão sustentável do meio ambiente no Distrito.

2.2 Aspectos sócio-económicos


2.2.1 População
O crescimento da população moçambicana de 1997 para 2007, foi mais rápido no sul
e nas áreas costeiras. Em geral, o crescimento da população foi mais acelerado nas
áreas rurais (INE, 2012, p. 5).

Em 1997, o distrito de Memba tinha 188,992 habitantes (hab.), no ano de 2007, esse
número passou para 229,824 hab. e, no 313,507 hab. no último censo realizado no
país, como se pode ver no gráfico que se segue.
30

Gráfico 1 - Evolução da população do distrito de Memba

350000 310507
Nº da População em
centena de milhares
300000
250000 229824
188992
200000
150000 y = 27943x + 61434
100000
50000
0
Censo 97 Censo 2007 Censo 2017
Homens 92320 111432 148205
Mulheres 96672 118392 165302
Popolação total 188992 229824 310507

Fonte: Adaptada pela autora a partir de dados dos INE, 2008, 2014 e 2019

A população do distrito de Memba tem vindo a crescer acima dos 20 por centos a
cada dez anos; a taxa de crescimento da população do distrito foi de 22%, entre 1997
a 2007 e de 36% entre 2007 e 2017.

A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de 1:1,


isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 10 pessoas em idade activa. Com
uma população jovem (47%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de
94% e uma matriz rural acentuada (MAE, 2014, p. 1; Observatório do Meio Rural -
OMR, 2014).

A população do Posto Administrativo de Mazua, não foge em regra a situação do


Distrito de Memba, ela tende a crescer bastante; em 1997 era de 38,586 hab., passou
para 46,373 hab. em 2005 e, 83,853 hab. em 2012 (MAE, 2005-2014, INE, 2014).

2.2.2 Actividades económicas


A distribuição da população activa segundo o ramo de actividade reflecte a
predominância do sector agrário, que ocupa 92% da mão-de-obra do distrito. Os
sectores secundário e terciário ocupam, respectivamente, 5% e 3% dos trabalhadores,
sendo dominados pela actividade de comércio formal e informal, que ocupa
aproximadamente 3% do total de trabalhadores do distrito.
31

A agricultura, fundamentalmente, familiar ou de subsistência. Na zona costeira,


destacam-se para as culturas de mandioca, gergelim, mapira, feijão nhemba e
amendoim. Nas planícies dos principais rios é cultivado o arroz (OMR, 2014).

O distrito de Memba apresenta problemas de fraca produtividade agrícola, devido aos


métodos agrícolas rudimentares, o que gera baixíssimos rendimentos das culturas
desencadeado pela fraca colheita que, por sua vez, gera insuficiência na cobertura
das necessidades alimentares básicas. Esta situação obriga a maior parte das
famílias a recorrer à segunda colheita, que muitas vezes nem chega a se concretizar,
ou a socorrer-se da ajuda alimentar, ou ainda de rendimentos não agrícolas.

É de referenciar a exploração da vegetação para obtenção da madeira e lenha, carvão


e paus para construção por eles usados e que constituem principal fonte de
rendimento da população, já que a agricultura de subsistência não lhes propicia
grandes quantidades de excedentes agrícolas.

2.2.3 Educação e saúde


No distrito de Memba a rede escolar é fraca, os dados disponíveis indicam que parte
significativa da população deste distrito não é alfabetizada (60,3%), encontrando-se
numa situação menos favorável comparativamente ao país (50,3%).

No geral os homens têm facilidade de acesso à educação comparativamente as


mulheres e isto é reflexo geral da situação de escolaridade no Distrito de Memba,
apesar de na actualidade os dados demonstrarem que as tendências de participação
da mulher nos dois subsistemas (educação geral e alfabetização e educação de
adultos) variam na ordem dos 45% em relação ao total dos efectivos.

Da população com 15 anos ou mais de idade 33% é alfabetizada e 42% das pessoas
com 5 anos ou mais de idade, predominantemente homens, declararam no Censo
2007 que frequentavam ou já frequentaram antes o nível primário do ensino (MAE,
2014, p. 28).
32

CAPÍTULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Este capitulo aborda a fundamentação teórica e tem os seguintes pontos: conceitos
básicos, as savanas tropicais, importância da vegetação, o desflorestamento no
mundo em Moçambique.

3.1 Conceitos básicos


Bioma é a associação natural e abrangente de plantas e de animais, delineada por
padrões comuns de clima, à escala continental. O mesmo bioma pode encontrar-se
em várias regiões do globo, onde as condições climáticas sejam semelhantes
(valores e variações anuais de temperatura e precipitação). Constituem exemplos de
biomas: a tundra, floresta de folha caduca, matagais mediterrânicos, pradaria,
deserto.

Segundo GARRIDO e COSTA (1996 p.192) “vegetação é o conjunto de plantas cuja


presença melhor corresponde espontaneamente às condições ecológicas locais”.

Floresta é uma comunidade vegetal, caracterizada pela presença de árvores ou outra


vegetação lenhosa, que ocupa uma grande extensão de terra.

Savana é a pradaria tropical, que contem arbustos e árvores dispersas de vários


tamanhos. Localizam-se entre a floresta tropical e o limite de regiões desérticas de
clima quente. As árvores podem surgir concentradas em bosques ou em florestas-
galeria ao longo dos rios.

Segundo FERREIRA e NETO (2002, p. 62), a exploração madeireira é o ramo da


indústria madeireira voltado ao processamento da madeira, inclui o plantio ou
extracção, o corte, o armazenamento, o tratamento bioquímico, a modelagem e a
finalização.

Desmatamento ou desflorestação é a destruição em grande escala das matas.


Refere à destruição provocada pela acção humana, para explorar a madeira ou
destinar a superfície florestal a fins como cultivos agrícolas, pecuária, plantações de
árvores, explorações minerais ou urbanização de regiões, entre outros.
33

Silvicultura é a arte ou a ciência de manipular um sistema dominado por árvores e


seus produtos, com base no conhecimento das características ecológicas do sítio,
com vista a alcançar o estado desejado, e de forma economicamente rentável (Ribeiro
et. al., 2002, p. 2).

Agricultura é a actividade que associa o Homem com a terra de uma forma


sistemática e metódica com objectivo de produzir alimentos. Pode incluir também a
criação do gado (BATOUXAS e VIEGAS, 1998, p. 9).

Mangais ou florestas costeiras são formações florestais que ocorrem nos estuários de
rios e lagos costeiros sujeitos ao regime de marés. Mangais são um tipo florestal,
característico da zona litoral da costa tropical e subtropical e, marcam uma transição
entre a plataforma continental e a marítima.

Recurso florestal é o recurso que se obtém a partir das florestas e que permite
satisfazer algumas necessidades humanas, seja de forma directa ou indirecta.
Constituem exemplos de recursos florestais as árvores e os animais.

Exploração florestal é a extracção de recursos de uma área florestada. A exploração


dos recursos florestais pode ocorrer de forma controlada ou não, dependendo da
regularização, fiscalização, consciencialização da importância das florestas e
incorporação das comunidades no processo de gestão das mesmas.

3.2 As savanas tropicais


O aparecimento da savana pode decorrer das características do solo, de incêndios
periódicos provocados por raios ou pela acção humana, ou da influência do clima

As savanas tropicais encontram-se nas regiões quentes com precipitações anuais


entre 100 e 400 milímetros, com uma estação seca prolongada, durante a qual os
fogos constituem uma parte importante do ambiente. Elas são mais expressivas na
África, embora também existam savanas ou pradarias tropicais de considerável
extensão na América do Norte e Sul e, Norte da Austrália. Uma vez que tanto as
árvores (acácias, imbondeiros, eufóbias arboscentes, palmeiras e árvores pirotescas),
34

assim como as gramíneas têm de ser resistentes à seca e ao fogo, o número das
espécies que compõem a vegetação não é grande (ODUM, 2004, p. 626 ).

A população dos mamíferos ungulados da savana africana não tem comparação em


número e variedade, em qualquer outra parte do mundo. Os antílopes, o gnu, a zebra
e a girafa pastam em vastas áreas e são caçados por leões, chitas e outros
predadores como a hiena e cães selvagens. Neste bioma também se encontram
hipopótamos e crocodilos nos cursos de água e, mamíferos de grande porte como
elefantes e, de pequeno porte como os macacos. Os insectos são mais abundantes
durante a estação chuvosa, quando maior parte das aves nidifica, ao passo que os
répteis podem ser mais activos durante a estação seca.

3.3 Importância da vegetação


3.3.1 Importância económica
A cobertura florestal que cobre o planeta Terra é fortemente cobiçada, em particular
nas regiões tropicais, já que constituem um dos mais preciosos recursos naturais de
que o homem dispõe, sendo numerosas as suas aplicações de natureza económica
(ANTUNES, 1999, p. 318).

Dentre os seus atributos económicos destacam-se:


 São fonte de matéria-prima de variadas indústrias: mobiliário, construção civil,
fibras sintécticas, celulose para o fabrico de papel, cola, vernizes;
 Delas se extrai uma imensidade de substâncias utilizadas na produção de
medicamentos (mais de um quarto dos quais contêm ingredientes activos
extraídos de plantas);
 Constituem poderosa fonte de energia (aquecimento, confecção de
alimentos), desempenhando ainda, no mundo em desenvolvimento, um papel
de grande relevo (fonte de rendimento familiar nas zonas rurais).

3.3.2 Importância ambiental


Segundo ANTUNES (1999, p. 297), a vegetação constitui um património mundial, na
medida em que desempenha um papel de primeiro plano no equilíbrio ambiental;
através da fotossíntese, absorvem o dióxido de carbono, atenuando deste modo o
35

efeito de estufa. Pela mesma função, constituem autênticas “fábricas de oxigénio”,


que proporcionam purificação constante do ar atmosférico.

Desempenham uma função despoluidora importante, nomeadamente através da


fixação de certos gases, poeira e outras partículas existentes na atmosfera
(diminuindo as doenças respiratórias).

Actuam como regularizadores do clima (amenizam as temperaturas e influenciam a


humidade do ar, especialmente através da evapotranspiração), dificultando o avanço
da desertificação e travando o aquecimento global.

Protegem os solos de erosão hídrica e marinha e, travam o escoamento tumultuoso


das águas, reduzindo a amplitude das cheias. Além disso, assumindo o papel de
“pára-vento”, protege também os solos de erosão eólica e marinha no caso dos
manguais.

Em suma, a vegetação pode assumir uma função turística (ecoturismo) e recreativa. É


o caso das florestas tropicais e das florestas relativamente próximas dos centros
urbanos, que acolhem grande numero de pessoas, particularmente nas férias, fins-de-
semana e nas épocas quentes.

3.4 O desflorestamento no Mundo


As florestas foram um dos primeiros ecossistemas a serem explorados e devastados
pelo Homem. O desflorestamento no mundo, iniciou-se com o surgimento e
desenvolvimento da agricultura e, prolongando-se até aos dias actuais e, é
responsável por uma redução da área florestal global da ordem de 20% a 25%
(SANTOS, 2012, p. 97-98).

A exploração florestal tornou se necessária ao progresso e desenvolvimento


económico e social. O problema não é a exploração desses recursos, mas sim a
pressão que sofrem, visto que muitas vezes, pela ânsia ao lucro fácil e satisfação das
necessidades básicas das populações mais pobres, tem pressionado esses recursos
intensivamente ao ponto de os esgotar em alguns locais ao ponto de por em causa
vários ecossistemas.
36

Calcula-se que a floresta mundial tenha vindo a sofrer nos últimos tempos um recuo
anual da ordem dos 30 milhões de hectares (ha). O desflorestamento é alarmante nos
países da Ásia, África e América do Sul. Segundo investigadores de um laboratório
europeu, 5,8 milhões de ha de floresta tropical húmida foram destruídos entre 1990 e
1997 e 2,3 milhões estão deteriorados.

No mundo tropical, a pressão sobre as florestas é mais acentuada apesar do


desflorestamento ter iniciado a apenas 30 anos, mas já conseguiu reduzir de forma
drástica as áreas intactas de floresta. A desflorestação nos trópicos é especialmente
grave porque as florestas tropicais não se regeneram facilmente e porque são uma
fonte extremamente rica de biodiversidade.

A floresta densa equatorial ocupa uma área de cerca de 9,3 milhões de km2, e tem
sido a mais sacrificada, com especial incidência na América Latina, na África
Ocidental, Sul e Sudeste da Ásia.

O Brasil é o país onde se encontra o maior território ocupado por florestas tropicais e
é simultaneamente o lugar onde a desflorestação causa mais danos. Até aos anos 70,
considerava-se que o desflorestamento de Amazonas era um problema menor, com
um impacto local limitado, no entanto, a situação mudou radicalmente.

O desflorestamento não se limita aos países em vias de desenvolvimento. Grande


parte da Europa tem praticado o reflorestamento. A título de exemplo, tem-se a
França, em que havia 7 milhões de há. de floresta no séc. XVII, enquanto na
actualidade tem aproximadamente 14 milhões de ha.

Noutras zonas do mundo, a floresta tem vindo, igualmente, a ganhar algum terreno,
como por exemplo em Marrocos, no Chile, no Uruguai e na África do Sul. Todavia,
este esforço de reflorestamento ainda continua insignificante quando comparamos
com a destruição.

3.4.1 Causas do desflorestamento


Entre as principais causas do desflorestamento no mundo, destacam-se: as
actividades agro-pecuária, os incêndios, o pastoreio excessivo, a actividade industrial,
37

a expansão urbana e o desenvolvimento das vias de comunicação, poluição e turismo


(ANTUNES, 1999, p. 320).

 Actividade agro-pecuária

O rápido crescimento da população mundial, e a consequente necessidade de


produzir quantidades crescentes de produtos alimentares da terra, obrigou a uma
acelerada expansão da superfície arável, quase sempre a partir da destruição da
vegetação nativa.

As queimadas no sistema de agricultura itinerante têm sido também responsáveis pela


destruição de enormes extensões de floresta e savana, particularmente na África,
América Latina e na Ásia do sul e sudoeste.

 Os incêndios

A mortalidade da maioria das árvores se deve principalmente a fogo e secas. A


influência destes factores, varia de uma espécie para outra. (Ribeiro et. al., 2002, p.
43).

Quer os incêndios acidentais ou originados criminosamente são responsáveis pela


devastação de milhões de hectares de florestas. Flagelos de todos os verões, os
incêndios florestais têm sido implacáveis em muitas regiões do mundo,
nomeadamente nos países mediterrâneos. Portugal não tem escapado a este flagelo:
só entre 1980 e 1995 as chamas devoraram mais de um milhão de hectares da
cobertura de florestas e de mato.

 O sobre pastoreio

Os rebanhos demasiado numerosos para a capacidade das terras de pastagem,


especialmente o gado ovino e caprino, de grande voracidade, constituem também, em
muitas regiões, um autêntico flagelo para a vegetação.

Os efeitos perniciosos do sobre pastoreio manifestam-se pela rarefacção ou mesmo


desaparecimento de muitas espécies, devoradas pelo gado. Por outro lado, comendo
38

os rebentos, os botões e as folhas dos arbustos e das árvores jovens, os animais


impedem o seu normal desenvolvimento, chegando a morrer.

 A actividade industrial e a expansão urbana

O crescente consumo de madeira na construção civil e como matéria-prima do papel,


de variadas fibras artificiais e do mobiliário, entre outros, sacrifica grandes áreas
florestais.

A crescente procura de certas madeiras exóticas, destinadas á construção civil de


qualidade e a produção de mobiliário de luxo leva a sistemáticas e desastrosas
devastações da floresta tropical. Por outro, a exploração mineira, tem efeitos
altamente perniciosos na vegetação, constituindo uma das formas de agressão do
meio ambiente.

Em suma, a expansão das cidades e o desenvolvimento das vias de comunicação


(construção de estradas e vias férreas) não deixaram de ter igualmente impacto
negativo na delapidação da vegetação para vários fins que vão desde a sua aplicação
nas construção de habitações, assim como fonte de energia para satisfazer as
necessidades básicas (ANTUNES, 1999).

3.4.2 Consequências do desflorestamento


O desflorestamento faz com que um solo fértil seja destruído, que mais facilmente
ocorra erosão do solo, aridez, inundações e consequente perda da vida selvagem.

Segundo ANTUNES (1999 p. 321), as consequências da desflorestação irracional são


muito variadas, pelo que se tem a degradação dos solos, alterações climáticas,
impacto nos recursos hídricos, alterações da forma como mais importantes.

3.4.2.1 A degradação dos solos


Quando a vegetação desaparece, os solos desnudados ficam expostos a uma intensa
erosão hídrica e eólica. Com efeito, com a destruição da cobertura florestal, reduz-se
drasticamente a retenção e a absorção da água das chuvas pelos solos, facilitando
assim a recorrência, muitas vezes tumultuosa, que não só arrasta a terra com os sais
39

minerais e substâncias orgânicas indispensáveis ao desenvolvimento das plantas,


como pode escavar ravinas.

Nas regiões de clima quente e seco, em muitas áreas da zona tropical, os solos
desnudados ficam expostos à forte insolação, podendo então originar-se uma
carapaça dura e avermelhada, completamente pobre.

Com efeito, no caso dos incêndios, merece ainda o realce da destruição dos
microrganismos decompositores e mineralizadores, devido às altas temperaturas que
o fogo provoca, o que acentua consideravelmente o empobrecimento dos solos e a
hidrofobicidade, o que faz com que os solos tornam-se repelentes a água, o que
aumenta o risco de erosão.

3.4.2.2 Alterações climáticas


A desflorestação pode provocar modificações climáticas locais e regionais. Ela
influencia no aumento da concentração de dióxido de carbono, o que agravará o
efeito de estufa, já que existem menos árvores a consumir o dióxido de carbono
atmosférico para realizar a fotossíntese.

Através da retenção da água das chuvas e também da sua transpiração, a vegetação


torna o ambiente e os solos mais húmidos. Quando elas desaparecem, o clima torna-
se mais seco, com provável redução das precipitações, o que pode transformar boas
terras aráveis em autênticos desertos.

Pensa-se que também é parcialmente responsável pelas inundações nas terras


baixas, como no Bangladesh, uma vez que as árvores ajudam a retardar o movimento
da água.

3.4.2.3 Redução dos recursos hídricos subterrâneos


Quando o solo está desprotegido, devido a destruição da sua cobertura florestal, a
água das chuvas perde-se rapidamente por escoamento superficial, o que dificulta a
sua infiltração.
40

Nesta circunstância, dá-se o abaixamento da toalha freática, com a consequente


redução dos recursos hídricos subterrâneos.

3.4.2.4 A desertificação
Entendida como processo de degradação dos ecossistemas, com extremo
empobrecimento dos solos, a desertificação atinge essencialmente as regiões áridas e
semi-áridas, incidindo particularmente no mundo em desenvolvimento.

Embora esteja também associada a alterações climáticas naturais, a desertificação


surge na actualidade como resultado da acção humana: destruição do manto florestal
com destaque para a desflorestação, sobre pastoreio, deficiente aproveitamento das
águas (poços e nascentes), deficiente utilização do solo.

3.4.2.5 As alterações na fauna


A devastação das formações florestais origina um empobrecimento da fauna, pelas
graves perturbações que se geram nas cadeias alimentares. Destruindo certas
espécies florestais que lhes servem de alimento, muitos animais herbívoros são
condenados à morte ou à emigração forçada.

Por conseguinte, a falta de herbívoros implica que os seus predadores (carnívoros)


tenham igual destino. Portanto, o solo desprotegido e ressequido deixa de poder
albergar grande número de pequenos animais terrícolas, alguns dos quais são
importantes para a qualidade dos solos, pois, revolvendo a terra, facilitam o seu
arejamento.

3.5 O desflorestamento em Moçambique


As florestas e outras formações florestais nativas distribuem-se por cerca de 80
milhões de hectares, ou seja, 78% da superfície total do território nacional. Dos 80
milhões de hectares, 8,7% correspondem a floresta com alta à média produtividade,
26% de florestas de média à baixa produtividade e a restante percentagem a savanas
pouco densas e de baixo valor comercial, mas com enorme valor social, pelo facto de
ser aqui que a população tem acesso a fonte de combustível lenhoso, material de
construção, pastagens, diversos alimentos e plantas medicinais.
41

A maior parte da população moçambicana vive na zona rural e vive da agricultura de


subsistência, interage e depende, em grande medida, das florestas para a sua
subsistência e bem-estar. A floresta fornece a população rural variados que incluem
materiais de construção, lenha, carvão, plantas medicinais, alimentos diversos, caça e
pasto para o gado (MICOA, 2005, p. 20). Apesar desta importante função sócio-
económica, os recursos agro-florestais enfrentam problemas de desflorestamento.

As causas do desflorestamento são a agricultura itinerante, o sobre pastoreio, o


acesso à posse de terra, a procura de lenha e matéria-prima, a produção de carvão e
a exploração florestal industrial. Podem ser acrescidas como causas, o analfabetismo,
a falta de envolvimento das comunidades, a fraca capacidade institucional, o fraco
envolvimento das comunidades na gestão dos recursos florestais, a falta de
demarcação das áreas florestais e a falta de planos de maneio florestal.

 Procura de lenha e carvão

Cerca de 80% da população moçambicana depende da energia da biomassa,


principalmente a lenha e o carvão vegetal para satisfazer as suas necessidades
energéticas básicas (Ministério de Energia de Moçambique, 2011). Estima-se que
cerca de 18 milhões de m cúbicos são explorados anualmente para o abastecimento
de energia lenhosa.

A procura de lenha e carvão no meio rural e ao redor dos grandes centros urbanos
constitui uma das principais causas que contribuem para o desflorestamento e
degradação florestal.

Por ouro lado, o facto de em algumas zonas a venda de lenha e carvão, constituir
importante negócio e única fonte de rendimento indispensável para a sobrevivência
familiar das populações mais vulneráveis das zonas peri urbanas e rurais concorrem
para a permanência da actividade.

Nas zonas per urbanas, algumas das necessidades energéticas e perfis de consumo
doméstico são bastantes semelhantes aos das zonas rurais. Por um lado, os
combustíveis de biomassa continuam a ser a principal fonte de energia utilizada nas
42

confecção dos alimentos e, por outro lado, os combustíveis de biomassa são


preferidos, não só por serem provedores de melhor sabor aos alimentos, mas também
devido ao baixo custo de aquisição, quando comparados ao gás e a electricidade.

Outro aspecto a destacar tem a ver com o uso de recursos florestais na construção de
habitação tradicional, principalmente no meio rural, facto que que aumenta com o
crescimento populacional, principalmente no meio rural, onde os matérias de
construção convencional são bastantes caros quando comparados com os
provenientes das florestas ou savanas.

 Práticas agrícolas inapropriadas


O facto de a maior parte da população do país viver no limiar da pobreza, não ter
acesso à tecnologia apropriada para a prática da agricultura, a agricultura itinerante é
uma prática generalidade no país e constitui uma das causas que concorrem para o
desflorestamento, devido as técnicas de preparação do campo como as queimadas,
devastação e degradação das florestas no país.

As comunidades usam o fogo para preparação dos campos agrícolas e algumas


pessoas acreditam que contribui para a fertilização do solo.
43

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSÃO DE DADOS

Este capítulo faz a caracterização da pesquisa de campo, apresenta e discute os


dados colectados no campo.

4.1 Caracterização da pesquisa


A pesquisa de campo foi realizada no Posto Administrativo de Mazua, entre Maio a
Outubro de 2019.

A pesquisa teve duas fases: a primeira, foi trabalho de laboratório, onde redigiu-se os
testos, elaboração dos instrumentos de colheita de dados, e a segunda fase foi o
trabalho de campo, onde adquiriu-se os dados através de consulta bibliográfica,
entrevista e inquérito.

4.2 Características dos sujeitos


A primeira parte do inquérito efectuado visava fornecer as características básicas da
população nomeadamente género, faixa etária, nível académico e ocupação.

Dos 30 membros da sociedade civil inquiridos (camponeses, agentes informais, e


carvoeiros) 19 são homens (63%) e 11 são mulheres (37%) da amostra. Esses dados
não constituem a realidade do distrito, uma vez que existem mais mulheres que
homens e, uma parte significativa dos homens acaba migrando para outros distritos e
cidade em busca de melhores condições de vida, emprego e outras oportunidades.

Quanto ao factor idade, os resultados demonstraram que a maior parte dos inquiridos
são adultos, como se pode observar na tabela abaixo. De referenciar que a técnica de
amostragem foi intencional, apesar de alguns momentos se ter recorrido a
amostragem aleatória. Apesar dos dados demostrarem a existência de adultos, não
significa que a percentagem deste é representativa ao nível do distrito; pois que ela
tem mais a população jovem (0-15 anos).

A maioria dos inqueridos tem o nível tem nível académico básico (70%), o que é
comum em no meio rural em várias províncias moçambicanas. Uma pequena parte
tem o nível médio e superior (30%), principalmente os professores das escolas
44

secundárias que são alocados pela Direcção Provincial da Educação em coordenação


com o Governo Distrital.

Quanto ao período de vivência no posto administrativo de Mazua, constatou que a


maior parte dos inquiridos (73%) é residente a mais de 5 anos e, uma minoria (27%),
reside a menos de 5 anos (comerciantes e professores).

Estes dados não contrariam com os do MAE (2014, p. 12) “Das pessoas residentes no
distrito, 97% nasceram no próprio distrito, o que denota fluxos de migração baixos”.

Relativamente à situação ocupacional, verificou-se que a maior parte dos inquiridos se


encontram nos sectores comércio informal, outros serviços (carpintaria, serralharia,
moageira e artesanato), seguida agricultura, função pública e produção de lenha e
carvão. Os dados relativos a situação ocupacional não constituem a realidade do
posto administrativo e Distrito, uma vez que a população se dedica mais a prática
agrícola. A urbanização e desenvolvimento do meio rural tem contribuído bastante no
desenvolvimento de novas actividades, facto este que tem se velicado no posto
administrativo de Mazua e outros do país.

Tabela 1 - Características dos sujeitos

Variável Categoria Frequência Frequência


Absoluta (n) Relativa (%)
Masculino 19 63
Sexo
Feminino 11 37
16-25 07 23
26-35 10 33
Idade
36-45 08 27
(Anos)
46-55 03 10
+ de 55 02 07
Nível Nível Básico 21 70
académic Nível Médio 06 20
o Nível superior 03 10
Agricultura 06 20
Produção de lenha e
03 10
carvão
Comércio informal 08 27
Ocupação
Funcionário público 05 17
Outros (carpintaria,
serralharia, moageira e 08 27
artesanato)
45

Fonte: Inquérito dirigido aos moradores do Posto Administrativo de Mazua


4.3 Problemas ambientais do posto administrativo de Mazua
De modo a perceber sobre os problemas ambientais que afectam os moradores do
posto administrativo de Mazua fez a seguinte questão mista: Quais são os problemas
ambientais do seu posto administrativo? Em que o inquirido tinha a liberdade de
escolher as opções apresentadas e ser livre de comentar os problemas não constantes
do inquérito.

Dos resultados obtidos constatou-se que os principais problemas ambientais são: as


queimadas descontroladas, desmatamento e erosão do solo e, os de menor destaque
são o fraco saneamento do meio e a caça furtiva, conforme o gráfico que se segue:

Gráfico 2 - Problemas ambientais do posto administrativo de Mazua

Queimadas descontroladas
13
28 Desmatamento (corte ou abate
indiscriminado das árvores)
17 Erosão do solo

Seca
21 24
Outros (caça furtiva e fraco
saneamento do meio)

Fonte: Inquérito dirigido aos moradores do posto administrativo de Mazua

Apesar da maioria dos residentes do posto administrativo de Mazua ter baixo nível
académico, eles têm noção dos problemas que afectam o seu posto. Sendo uma
comunidade onde a maioria da população tem escutado o rádio, pode ser que tenham
sido informados dos problemas do distrito a partir de programas e comunicados
transmitidos pela rádio nos programas locais, campanhas de sensibilização levadas a
cabo pelos órgãos do Governo Distrital e os secretários dos bairros.

Governo do Distrito de Memba (2015, p. 12-13), os principais problemas que afectam


o distrito de Memba são desmatamento, queimadas descontroladas, a erosão
costeira, a caça e o fraco saneamento do meio. A meia visão é partilhada pela maioria
dos entrevistados (E1-R1; E2-R1; E3-R1; E4-R1; E5-R1; E6-R1; E7-R1 e E8-R1)
46

4.4 Causas dos problemas ambientais do posto administrativo de Mazua


Como forma de perceber as causas que estão por detrás dos problemas ambientais
que afectam o posto administrativo, foi colocada a seguinte questão: Quais são as
causas dos problemas ambientais identificados por si na linha anterior?

Os inqueridos foram unânimes em afirmar que as causas são dos problemas são
diversas, destacando-se:
 A pratica agrícola;
 O uso da lenha como fonte de energia básica da população
 A falta de condições básicas para a sobrevivência da maioria da população

20%
A prática agrícola
47% Uso da lenha como
fonte de energia
33% A falta de condições
básicas

Fonte: Inquérito dirigido aos moradores do posto administrativo de Mazua

Apesar de parecer redundante a visão dos inquiridos, há uma grande relação entre os
aspectos identificados por eles e a situação que está a ocorrer no distrito de Memba.

Numa sociedade em que a maior parte da população tem baixo nível académico, não
é fácil terem noção dos aspectos ambientais de uma forma mais aprofundada, facto
este que se nota nas respostas dos inqueridos, que para eles o factor principal é a
falta de condições básicas, em vez da actividade que mais se destaca, que é a
agricultura tradicional.

A maior parte da população do distrito pratica a agricultura tradicional, a qual usa


técnicas rudimentares, como por exemplo na preparação da época agrícola, o campo
é limpo usando o fogo, o que muitas das vezes contribui na ocorrência de queimadas
descontroladas. Sendo uma população com poucas posses económicas, a única
47

alternativa que tem para confeccionar os seus alimentos é através do combustível


lenhoso e também as estacas são necessárias para a construção das suas casas.
Para muitos os recursos disponíveis na natureza são a solução dos seus problemas,
que vão desde a alimentação, construção de casa, negocio, assim como a saúde. A
situação tem se agravado com o crescimento populacional, que traz consigo a
pressão sobre os recursos naturais.

Segundo o Governo do Distrito de Memba (2015, p. 12):

“A falta de conhecimentos a respeito dos perigos da acção humana sobre o


ambiente especificamente no uso irracional do combustível lenhoso, corte
indiscriminado de estacas para construção, caça e queimadas
descontroladas, é, entre outros, o factor que afecta negativamente o meio
ambiente no Distrito de Memba.”

Apesar dos aspectos relacionados com a pratica agrícola, uso da lenha como fonte
de energia básica da população e a falta de condições básicas para a sobrevivência
da maioria da população, a falta de conhecimento a respeitos dos perigosos da acção
humana sobre o ambiente tem de se ter conta, uma vez que a maior parte dos
inquiridos tem baixo nível académico. A percepção dos aspectos ambientais não só
depende da educação ambiental forma, como também da informal e mista, só que
isso depende do papel dos órgãos locais na educação das comunidades(E1-R2; E4-
R2; E5-R2; E6-R2 e E7-R2).

Em relação o período em que vem se manifestado os problemas ambientais,


constatou-se que eles já vem ocorrendo a mais de 5 anos, e alguns já estão a reduzir,
como se pode observar no gráfico que se segue:

Gráfico 3 - Período de manifestação dos problemas ambientais

20

10 18
Anos
7 4 1
0
Mais de 5 Anos 4 Anos 3 Anos 2 Anos

Fonte: Inquérito dirigido aos moradores do posto administrativo de Mazua


48

Apesar de ao nível do posto existirem alguns problemas ambientais é de realçar que


há uma redução significativas destes, devido aos esforços dos órgãos locais na
sensibilização das populações sobre os problemas ambientais, assim como o
desenvolvimento sustentável.

4.5 Consequências dos problemas ambientais


Segundo os inquiridos, as consequências dos problemas ambientais são: a escassez
de lenha e barrotes para a construção e desaparecimento de alguns animais do mato.

Gráfico 4 - Consequências dos problemas ambientais

Escassez de produtos florestais


(lenha e barrotes)
18
Desaparecimento de alguns
26
animais do mato

Aumento do preço dos


produtos florestais (lenha e
13
barrotes)

Fonte: Inquérito dirigido aos moradores do posto administrativo de Mazua

Devido a falta de domínio das questões ambientais, os inquiridos não conseguem


perceber que o aumento de preço dos produtos florestais é uma consequência directa
da escassez dos produtos florestais, uma vez na medida em que se torna difícil
adquirir os produtos florestais a tendência é de subir o preço dos produtos derivados
destes.

O desaparecimento de animais do mato é uma indicação da destruição do habitats


destes associado com a prática da caça furtiva, que contribui na redução significativa
dos efectivos populacionais destes.

Mas, devido à interferência humana, com maior destaque ao desflorestamento para


obtenção de madeira e campos agrícolas, lenha e produção de carvão, a Umbila, Pau-
ferro, Mutondo e Messassa encarnada sofrem maior pressão pondo em risco a sua
existência (E2-R4; E5-R4; E6-R4 e E7-R4).
49

4.6 Papel dos moradores do posto administrativo de Mazua na gestão dos


recursos florestais
Como forma de avaliar o papel dos moradores do Posto Administrativo de Mazua na
gestão dos recursos florestais foi colocada a seguinte questão: “O que tem feito para
melhorar a gestão dos recursos florestais do seu posto administrativo”

Segundos os dados colhidos, constatou-se que entre o papel dos moradores se


destacam:
 Uma pequena parte faz a vigilância dos recursos florestais
 Poucos fazem o uso racional dos recursos florestais
 A maior parte não faz nada para gerir os recursos florestais;

Um das maiores preocupações do governo distrital é a participação activa dos


moradores na gestão integrada dos recursos florestais. Muitas das vezes a população
não tem cumprido na integra as directrizes de gestão destes. Este facto deve-se a
falta de condições básicas para a maioria dos moradores, que vive no limiar da
pobreza. Não tendo condições acabe infligindo contra o meio ambiente, de modo a
superar as suas necessidades.

4.7 Proposta dos moradores do posto administrativo de Mazua para gestão


sustentável dos recursos florestais
Como proposta para gestão sustentável dos recursos florestais os inquiridos
salientaram:
 Aumento dos fiscais dos recursos florestais;
 Sensibilização das comunidades locais;
 O Governo deve ajudar as populações mais carenciadas;

Apesar da maior parte da população não ter um nível académico aceitável, eles
percebem que tem de se aumentar o número de fiscais dos recursos florestais assim
como a sensibilização delas. A ajuda das comunidades mais carências é um pedido
que vem sendo colocada a muito tempo. Já que uma parte da população do posto tem
baixo nível e a maioria é analfabeta, urge a necessidade da sensibilização e se
possível a alfabetização das comunidades rurais, como forma de prepará-las para que
50

num futuro próximo elas possam dar um contributo significativo na gestão dos
recursos florestais, quer seja na transmissão da importâncias destes, assim como
vigilantes dos que não respeitam os recursos florestais.

Segundo um dos entrevistados (E3-R6; E5-R6) dos entrevistados, há falta de vontade


de vontade governamental para o plantio das árvores após o abate, os representantes
das administrações não tem meios nem fundos financeiros para avançar com os
planos previstos pela lei vigente.
51

Conclusão

A maior parte da população do posto administrativo de Mazua viva da agricultura


tradicional, a qual é praticada em moldes familiares e, a maior parte desta é pobre e
tem baixo nível de escolaridade.

Os principais problemas ambientais que afectam o posto de Mazua são: as


queimadas descontroladas, desmatamento e erosão do solo e, os de menor destaque
são o fraco saneamento do meio e a caça furtiva.

Apesar da maioria dos residentes do ter baixo nível académico, eles têm noção dos
problemas que afectam o seu posto.

Para os moradores do posto, as causas dos problemas são diversos, destacando-se:


a prática agrícola devido as técnicas adoptadas no processo agrícola, como as
queimadas descontroladas e abertura dos campos; o uso da lenha como fonte de
energia básica da população e a falta de condições básicas para a sobrevivência da
maioria da população. Apesar de parecer redundante a visão dos inquiridos, há uma
grande relação entre os aspectos identificados por eles e a situação que está a
ocorrer no distrito de Memba.

Os principais factores da situação dos recursos florestais são a deficiente fiscalização


dos recursos florestais e a não participação activa da população na gestão dos seus
recursos florestais também são factores que contribuem na situação ambiental que
tem ocorrido no posto administrativo de Mazua.

Apesar da maior parte da população do distrito praticar a agricultura tradicional, o


problema tem a ver com as suas técnicas, que são rudimentares, como o fogo, o que
muitas das vezes contribui na ocorrência de queimadas descontroladas. Sendo uma
população com poucas posses económicas, a única alternativa que tem para
confeccionar os seus alimentos é a lenha.
52

A crescente procura de lenha e estacas para o uso na construção habitacional,


associado a técnicas agrícolas têm contribuído significativamente no desflorestamento
e, consequentemente na destruição do habitat da maioria das espécies faunísticas.

As consequências desses problemas ambientais são: a escassez de lenha e barrotes


para a construção e desaparecimento de alguns animais do mato. Outra
consequência indirecta é a subida dos preços dos produtos florestais, que antes estão
a preços acessíveis as comunidades locais, sendo que nos últimos anos tem se
tornado mais caros.

O desaparecimento de animais do mato é uma indicação da destruição do habitats


destes associado com a prática da caça furtiva, que contribui na redução significativa
dos efectivos populacionais destes.

Muitas das vezes a população não tem cumprido na integra as directrizes de gestão
destes. Este facto deve-se a falta de condições básicas para a maioria dos
moradores, que vive no limiar da pobreza.

Sugestões
De modo a garantir a participação activa das comunidades locais no uso racional dos
recursos florestais deve:
 Aumentar o numero dos fiscais dos recursos florestais;
 O Governo deve subsidiar os insumos agrícolas melhorados;
 Sensibilização das comunidades locais sobre a importância dos recursos florestais través
de campanhas de sensibilização e educação ambiental;
 Investir em inovações que garantem o uso sustentável dos recursos florestais;
 O Governo deve criar um fundo para ajudar as populações mais carenciadas;
 Buscar novas soluções de fontes de energia para a confecção de alimentos;
 Garantir que a população participe activamente na gestão sustentável dos seus recursos
florestais
53

Bibliografia

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___ Moçambique Outrora e Agora: Um Atlas de Estatísticas Socioeconómicas 1997–
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___. Divulgação os Resultados Preliminares IV RGPH 2017. Maputo, 2017

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OMR. O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades


Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula.
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SMALL, John e WITTHERICK, Michael. Dicionário de Geografia. Inglaterra.


Publicações Dom Quixote. 1972.
56

Apêndices
57

Apêndice I: Inquérito dirigido aos moradores do Posto Administrativo de Mazua.

Universidade Rovuma
Campus de Nacala-Porto

Inquérito de diagnóstico preliminar dos problemas ambientais relacionados com


a exploração de recursos florestais
Caro (a) Senhor (a).

O presente inquérito é parte de uma investigação científica que esta sendo realizada
com vista a obtenção de informações referentes aos problemas ambientais
relacionados com a exploração de recursos florestais no Posto Administrativo de
Mazua. Toda via precisasse da sua inteira colaboração no fornecimento dos dados.
Pedimos nossas sinceras desculpas pelos transtornos causados. As informações
oferecidas têm um carácter confidencial.

Marca com X onde tenha um quadradinho e preencha as linhas em branco consoante


a questão apresentada.

1. Perfil do inquirido
Sexo: Masculino Feminino Idade_____ Nível académico: ___________
A quanto tempo vive no Posto Administrativo de Mazua?
a) Menos de 5 anos Mais de 5 anos
O que tem feito para ganhar a vida/Profissão?
a) Agricultura
b) Produção de lenha e carvão
c) Comercio informal (venda de diversos produtos)
d) Funcionário público (trabalha para o Estado)
e) Outras Indique __________________________________________________
2. Quais são os problemas ambientais do seu posto administrativo?
a) Queimadas descontroladas
b) Desmatamento (corte ou abate indiscriminado das árvores)
c) Erosão do solo
d) Seca
e) Caça furtiva
58

f) Outros Indique __________________________________________


3. Quais são as causas dos problemas ambientais identificados por si na linha
anterior?_____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4. A quanto tempo tem se verificado esses problemas?
a) + de 5 anos b) A 4 anos c) A 3 anos d) A 2 anos
5. Quais são as consequências desses problemas ambientais? ______________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

6. O que tem feito para melhorar a gestão dos recursos florestais do seu posto
administrativo?_______________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7. O que acha que deve ser feito para melhorar a gestão dos recurso florestais
do seu posto administrativo?____________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Obrigado pela sua colaboração
59

Apêndice II: Ficha de entrevista dirigida aos Funcionários do Posto Administrativo de


Mazua, Líderes Comunitários e Chefes da Localidade de Mazua.

Universidade Rovuma
Campus de Nacala-Porto

Guião de entrevista dirigida aos Funcionários do Posto Administrativo de


Mazua, Líderes Comunitários e Chefes da Localidade de Mazua

O presente guião faz parte de um trabalho de investigação científica a ser


desenvolvido por Amélia Francelino Meque, estudante do 4ᵒ ano do curso de Gestão
Ambiental e Desenvolvimento Comunitário da Universidade Pedagógica Campus de
Nacala, com objectivo de obter informações dos problemas ambientais relacionados
com a exploração de recursos florestais

Nome ______________________________________________________________
Ocupação___________________________________________________________
1. Quais são os principais problemas ambientais do seu posto administrativo?
2. Quais são as causas desses problemas ambientais?
3. A quanto tempo esses problemas tem-se verificado?
4. Quais são as consequências desses problemas ambientais?
5. O que tem-se feito para minimizar esses problemas ambientais?
6. Na sua opinião, o que acha que deve ser feito para minimizar esses problemas
ambientais?

Obrigado pela sua colaboração

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