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Instrumentos públicos

de gestão ambiental
Cecilia de Almeida Gomes
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189)

Gomes, Cecilia de Almeida


Instrumentos públicos de gestão ambiental / Cecilia de Almeida
Gomes. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2018. (Série
Universitária)

Bibliografia.
e-ISBN 978-85-396-2186-6 (ePub/2018)
e-ISBN 978-85-396-2187-3 (PDF/2018)

1. Gestão ambiental 2. Gestão ambiental : Instrumentos públicos


3. Meio ambiente : Recursos naturais : Administração I. Título. II. Série.

18-710s CDD – 354.3


658.408
BISAC BUS099000
NAT011000

Índice para catálogo sistemático


1. Meio ambiente : Recursos naturais:
Administração : Instrumentos públicos 354.3
2. Gestão ambiental 658.408
INSTRUMENTOS PÚBLICOS
DE GESTÃO AMBIENTAL

Cecilia de Almeida Gomes


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Sumário
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Capítulo 1 Capítulo 5
Gestão ambiental: Gestão ambiental: estado
uma introdução, 7 e administração pública, 47
1 Gestão ambiental: conceitos, 8 1 Estado, governo e administração
2 Gestão ambiental: setor público pública, 48
e privado, 1
4 2 Papel e fundamentos da
3 Interface com políticas e burocracia, 4 9
instrumentos, 1
 6 3 Administração patrimonial,
Considerações finais, 17 burocrática e gerencial, 50
Referências, 18 Considerações finais, 53
Referências, 53
Capítulo 2
Evolução da gestão ambiental na Capítulo 6
agenda pública, 19 Gestão ambiental: papel do
1 Inserção da questão ambiental na Estado no Brasil, 55
agenda pública, 20 1 Estado e poderes, 56
2 Da Conferência de Estocolmo 2 Estado e níveis de governo, 56
(1972) à Rio+20, 21 3 Sisnama, Conama, órgãos
Considerações finais, 27 ambientais e colegiados, 59
Referências, 28 Considerações finais, 61
Capítulo 3 Referências, 61
Gestão ambiental: Capítulo 7
dimensões, 29 Gestão ambiental: papel do
1 Dimensão espacial (do local ao mercado, 63
global), 30 1 Inserção da questão ambiental
2 Dimensão institucional (atores: na agenda empresarial, 64
Estado-mercado-sociedade civil), 3
1 2 Gestão ambiental empresarial:
3 Dimensão temática (as diferentes controle da poluição, prevenção
problemáticas ambientais), 34 da poluição, postura estratégica, 6
7
Considerações finais, 35 3 Casos brasileiros, 70
Referências, 35 Considerações finais, 72
Capítulo 4 Referências, 72
Gestão ambiental: papel do Capítulo 8
Estado, 37 Gestão ambiental: papel
1 Estado: conceitos e papel, 38 da sociedade civil, 75
2 Relação entre público e privado, 40 1 ONGs, terceiro setor e sociedade
3 Evolução do papel do Estado e civil: conceitos, 76
das políticas públicas (do Estado 2 Papel da sociedade civil na gestão
interventor à crise do Estado), 42 ambiental pública, 78
Considerações finais, 44 3 Casos brasileiros, 81
Referências, 44 Considerações finais, 83
Referências, 83
Capítulo 9 Capítulo 13
Políticas e instrumentos da Outros instrumentos, 1
 21
gestão ambiental pública, 85 1 Sistemas de informação e
1 Políticas públicas e políticas cadastros ambientais, 122
ambientais, 86 2 Educação ambiental, 124
2 Instrumentos públicos × 3 Unidades de conservação, 127
instrumentos privados, 87 Considerações finais, 130
3 Tipos de instrumentos públicos: Referências, 1
 31
comando e controle, econômicos
e outros, 89 Capítulo 14
Considerações finais, 91 Evolução da política ambiental
Referências, 92 à luz dos instrumentos, 1
 33
Capítulo 10 1 Abordagem da proteção dos
Instrumentos de comando recursos naturais e instrumentos
ambientais, 1  34
e controle (ICC), 9
3
2 Abordagem do controle da poluição
1 Poder de polícia e fundamentação e instrumentos, 137
burocrática para os instrumentos
de comando e controle (ICC), 94 3 Abordagem do ordenamento
territorial e instrumentos, 138
2 Ordenamento territorial, padrões,
sanções, restrições, 97 4 Abordagem da Política Nacional
do Meio Ambiente e Constituição
3 Licenças, outorgas, Federal/88 e instrumentos, 139
autorizações, 9 9
5 Uma nova abordagem: a
Considerações finais, 102 sustentabilidade, 142
Referências, 102 Considerações finais, 144
Capítulo 11 Referências, 1  44
Instrumentos de comando e Capítulo 15
controle (ICC) e processo de Sustentabilidade, nova gestão
licenciamento, 105 pública e tendências da política
1 Processo de licenciamento, 106 ambiental, 145
2 Licença prévia, de instalação e de 1 Sustentabilidade e desafios, 146
operação, 108
2 Desafios da nova gestão pública:
3 AIA, EIA, Rima e audiências governança, accountability,
públicas, 109 enforcement, 148
Considerações finais, 111 3 Tendências da política
Referências, 112 ambiental, 151
Capítulo 12 Considerações finais, 152
Instrumentos públicos de gestão Referências, 1
 52
ambiental, 113 Capítulo 16
1 Fundamentação econômica para os Estudos de caso da gestão
instrumentos econômicos, 114 ambiental brasileira, 155
2 Instrumentos fiscais, 115 1 O caso da Usina Hidrelétrica
3 Instrumentos de mercado, 118 de Belo Monte, 156
Considerações finais, 119 2 A crise hídrica em São Paulo, 159
Referências, 120 3 ICMS Ecológico e outros
instrumentos, 1 61
Considerações finais, 162
Referências, 1
 63
Sobre a autora, 165
Capítulo 1
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Gestão ambiental:
uma introdução

Neste capítulo, serão apresentados os elementos que caracterizam


a gestão ambiental, com destaque para seu contexto, seus elementos,
seus mecanismos de ação e os resultados esperados pela sociedade.
Também serão discutidos os espaços de atuação dos setores público e
privado na implantação dos instrumentos de gestão ambiental, os quais
serão aprofundados nos próximos capítulos. Por fim, serão tecidas con-
siderações sobre as políticas públicas e seus instrumentos, com enfoque
em seus conceitos e na articulação com a gestão ambiental.

7
1 Gestão ambiental: conceitos

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A gestão ambiental corresponde a um conjunto de definições, dire-
trizes e ações desenvolvidas para promover o equilíbrio entre o meio
ambiente e seu uso pelo ser humano, sob a perspectiva do desenvolvi-
mento sustentável.

Figura 1 – Gestão ambiental

O surgimento da gestão ambiental está relacionado à intensificação do


uso dos recursos naturais e da geração de resíduos decorrentes dos pro-
cessos produtivos e de consumo. Essa intensificação, ocorrida nos últimos
séculos, gerou diversos problemas ambientais e preocupações no que diz
respeito a suas consequências para a vida humana no presente e no futuro.

Tanto o processo produtivo quanto o consumo constituem vetores


de desenvolvimento da sociedade capitalista, e o debate sobre o cresci-
mento econômico que os impulsiona envolve visões críticas no que diz
respeito às suas possibilidades e consequências para a sociedade e o
meio ambiente. Para Barbieri (2016), o aumento da escala de produção
e consumo é o grande fator de geração dos problemas ambientais, sen-
do que as diversas atividades econômicas contribuem para intensificá-
-los, principalmente porque utilizam diversos materiais e substâncias

8 Instrumentos públicos de gestão ambiental


industrializados e adotam sistemas de produção baseados em mate-
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riais e tipos de energia que fazem uso intensivo de recursos e provocam


grande descarte de resíduos. O processo histórico de ampliação da pro-
dução e do consumo não foi acompanhado por medidas voltadas para
a preservação do meio ambiente.

A gestão ambiental consolidou-se como uma agenda relevante no


contexto internacional, à medida que se tornaram necessárias ações
voltadas para a redução dos problemas ambientais ou para a obtenção
de efeitos positivos sobre o meio ambiente. Segundo Barbieri (2016),
medidas de gestão ambiental são observadas desde a antiguidade,
quando o lixo afetava a saúde pública nas cidades. O autor aponta os
movimentos que contribuíram para a consolidação da gestão ambien-
tal: a partir da segunda metade do século XIX, surgem debates cientí-
ficos sobre a delimitação de áreas naturais para a preservação da vida
selvagem; a partir da segunda metade do século XX, há o crescimento
do movimento ambientalista, a sensibilização da população quanto ao
tema em decorrência de catástrofes ambientais, além das descobertas
científicas sobre os problemas ambientais e suas consequências, que
passaram a ser amplamente divulgadas no final daquele século.

Figura 2 – Movimentos para a consolidação da gestão ambiental

Crescimento do
Debates científicos
movimento ambientalista

Movimentos para
a consolidação da
gestão ambiental

Sensibilização da Descobertas científicas


população para o tema sobre os problemas
ambientais

Gestão ambiental: uma introdução 9


No contexto das preocupações com o desenvolvimento, com a

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qualidade de vida e do meio ambiente, há diferentes posicionamentos.
Para Barbieri (2016), há a visão de que o crescimento econômico deve
prevalecer, não importando os impactos ambientais por ele trazidos.
Do outro lado, há a visão ecocêntrica, que defende a proteção integral
ao meio ambiente e a imposição de limites ao crescimento econômi-
co. São posicionamentos opostos, sendo que nas visões mais radicais
de ambos não é considerada a possibilidade de que o desenvolvimento
econômico ocorra com qualidade ambiental.

Nos últimos anos, vem crescendo uma terceira perspectiva, que con-
sidera os aspectos socioeconômicos. Na economia global, as decisões
de crescimento econômico muitas vezes não estão subscritas às deci-
sões dos governos, mas atendem às prioridades de empresas e inves-
tidores que, em inúmeras situações, não consideram as necessidades
atuais e futuras da sociedade em termos de distribuição de riquezas e
de preservação do meio ambiente nem atentam às suas expressões
culturais. A visão socioambiental responde a esse desafio. Segundo
Barbieri (2016), entre os extremos da visão que prioriza o crescimento
econômico e a que é conservacionista, há uma perspectiva que pressu-
põe uma gestão que:

[...] reconhece o valor intrínseco da natureza, mas admite que ela


deve ser usada para atender às necessidades humanas presentes
e futuras. Por isso, procura tornar sustentáveis os sistemas de pro-
dução e consumo, entendidos como aqueles capazes de atender
às necessidades humanas respeitando as limitações do meio am-
biente. Porém, entende que essas limitações que não são estáticas
e que o ser humano pode e deve superá-las constantemente para
atender às necessidades básicas de todos os humanos indefinida-
mente. (BARBIERI, 2016, p. 22)

10 Instrumentos públicos de gestão ambiental


PARA SABER MAIS
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Assista ao vídeo com a entrevista de Luiz Marques, professor de história


da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sobre seu livro Capi-
talismo e colapso ambiental.

A gestão ambiental posiciona-se como alternativa fundamental para a


promoção do desenvolvimento na perspectiva socioambiental. Para me-
lhor compreendê-la, é importante analisar seus aspectos constitutivos.

Para tanto, um primeiro aspecto que requer a atenção é o entendi-


mento do termo “ambiental”, que traz à luz o meio ambiente, ou seja,
tudo que está em nosso entorno. O entorno é composto pelo meio am-
biente natural, que não sofreu intervenção do ser humano, como no
caso das florestas, e, pelo meio ambiente construído, que foi alterado
para atender às necessidades humanas. Esses ambientes, entretanto,
não são independentes: ambos compõem ecossistemas que podem
ser mutuamente afetados por usos inadequados ou pela degradação
de algumas de suas partes.

Ainda no que tange ao entorno, tem-se que a gestão ambiental envol-


ve uma amplitude de questões, cabendo citar:

• o uso dos recursos naturais, como a água, as florestas e os minérios;

• o controle da poluição do ar e da água;

• o ordenamento do território, que permite a adequação de seu uso por


meio de zoneamento e da preservação de mananciais, por exemplo;

• os estudos de impacto ambiental e medidas mitigatórias para


grandes obras;

• as questões globais, como as mudanças climáticas e a


biodiversidade.

Gestão ambiental: uma introdução 11


Barbieri (2016) aponta que a gestão ambiental conta com três di-

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mensões: a relativa ao espaço físico e geográfico, na qual a gestão
ambiental é aplicada; a institucional, que abrange os atores envol-
vidos em sua implantação; e a temática, que se relaciona com as
questões ambientais.

NA PRÁTICA

Os estudos que apontam a relação entre a degradação ambiental resul-


tante do rompimento da barragem da Samarco em 2015 e o surto de
febre amarela em 2016 são um exemplo claro de interação entre o am-
biente natural e o construído, com o envolvimento de diversas questões
ambientais. Para saber mais, leia a reportagem “A lama da Samarco é a
lama do Brasil” elaborada por Antonio Fernando Pinheiro Pedro publica-
da na seção Justiça e Política do site Ambiente Legal.

O segundo aspecto constitutivo da gestão ambiental que deve ser


estudado é a própria gestão. Ela se refere à capacidade de direcionar a
ação organizacional para objetivos definidos, a partir da promoção de
uma interação adequada entre as pessoas, os recursos, a tecnologia, os
processos e os valores.

A gestão, portanto, deve promover ações que contribuam para o al-


cance de objetivos definidos. São partes que lhe constituem: o planeja-
mento, a organização, a coordenação, a execução e o controle. Um as-
pecto que pode ser ressaltado nesse conjunto é a aprendizagem, uma
vez que, como resultado do controle, muitas vezes são identificados er-
ros que influenciaram a capacidade de alcançar determinado objetivo, e
o reconhecimento dessas falhas permite tomar providências para que
elas não se repitam e também promover uma reflexão sobre o que é
possível aprender a partir dos problemas enfrentados.

12 Instrumentos públicos de gestão ambiental


Para Stadler e Maioli (2012), é importante também considerar que as
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organizações são sistemas abertos que sofrem influências do ambiente


externo. Os autores afirmam que a economia, a tecnologia, a cultura, as
condições sociais, naturais e demográficas, entre outros fatores, podem
impactar o planejamento e a gestão. Assim, é também fundamental que
na gestão seja considerado o ambiente social.

IMPORTANTE

Nos tempos atuais, a gestão requer que o planejamento, a organização,


a coordenação, a execução, o controle e a aprendizagem sejam aplica-
dos na condução das ações pelas quais o gestor é responsável e que
o ambiente externo seja considerado em cada um desses elementos
gerenciais. A gestão envolve a capacidade de reconhecer, interagir e
influenciar o contexto em que as ações são implantadas para que os
objetivos possam ser efetivamente alcançados.

A associação da gestão e do meio ambiente possibilita delinear


de forma ampla os resultados esperados da gestão ambiental e seus
mecanismos. A gestão ambiental deve favorecer o enfrentamento dos
problemas ambientais, a preservação dos recursos naturais e o cuida-
do integral das interações entre os ecossistemas nos contextos de de-
senvolvimento das atividades humanas. Isso deve ser feito por meio
de ações planejadas, organizadas, coordenadas, executadas e contro-
ladas, considerando as condições específicas dos envolvidos em sua
implantação, bem como as relações com o ambiente social, com des-
taque para a promoção da qualidade de vida dos diversos segmentos
da sociedade.

Gestão ambiental: uma introdução 13


2 Gestão ambiental: setor público e privado

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A amplitude dos objetivos da gestão ambiental, sua influência no de-
senvolvimento social e sua relação com a qualidade de vida da popu-
lação apontam para a relevância da ação estatal em sua implantação.
Essa, entretanto, não dispensa a participação da sociedade na concep-
ção, execução e avaliação das ações de gestão ambiental.

O poder soberano do Estado preconiza que o interesse público e os


valores democráticos devem ser priorizados em detrimento dos interes-
ses privados, e a capacidade estatal de induzir e obrigar alguns com-
portamentos na sociedade foi, e ainda é, fundamental para o desenvol-
vimento histórico da gestão ambiental.

Por relacionar-se com o interesse público, a efetividade da gestão


ambiental requer, cada vez mais, o envolvimento de múltiplos atores so-
ciais além do Estado, como os grupos sociais organizados, as organiza-
ções da sociedade civil sem fins lucrativos e as organizações privadas.
Esses atores possibilitam o fortalecimento da capacidade de alcançar
resultados da gestão ambiental, uma vez que esta depende de posicio-
namentos e práticas ambientais por parte das organizações e dos cida-
dãos em geral.

As empresas participam da gestão ambiental a partir da adoção de


estratégias e práticas que possibilitam preservar o meio ambiente, ha-
vendo diversos modelos e sistemas ambientais que podem ser aplica-
dos aos processos produtivos mantendo a lucratividade dos negócios.
A inserção de práticas ambientais pelas empresas foi impulsionada por
pressões sociais, econômicas e políticas. Barbieri (2016) afirma que o
governo, a sociedade e o mercado influenciaram as decisões empre-
sariais favoráveis ao meio ambiente. O autor cita como influenciado-
res as leis ambientais, os posicionamentos e denúncias das organiza-
ções da sociedade civil, os requisitos para a competitividade e para a

14 Instrumentos públicos de gestão ambiental


participação no mercado, a exigência de menores riscos por parte dos
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investidores e seguradoras e o crescimento da consciência ambiental


da população e dos consumidores.

Figura 3 – Empresas e meio ambiente

As organizações da sociedade civil atuam na gestão ambiental de di-


versas formas, envolvendo-se diretamente em instâncias participativas,
na formação da opinião pública, no exercício de pressões diretas sobre
os setores público e privado no que diz respeito a questões ambientais
e no desenvolvimento de métodos e práticas ambientais que podem ser
adotados nessas esferas.

Dentre os atores sociais envolvidos na gestão ambiental, cabe des-


tacar as instituições de pesquisa e os cientistas das diversas áreas do
conhecimento, que se ocupam do estudo e da compreensão das ques-
tões ambientais, bem como da identificação de medidas que podem
contribuir para a preservação do meio ambiente ou para dirimir os pro-
blemas existentes.

Gestão ambiental: uma introdução 15


Por fim, também os cidadãos devem ser partícipes relevantes da ges-

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tão ambiental, seja por meio de suas posturas em relação ao consumo,
seja por meio de seus posicionamentos individuais, sociais ou coletivos.

PARA PENSAR

Em seu cotidiano, você busca adotar práticas que contribuem para a


preservação do meio ambiente? Busque identificar cinco ações que fre-
quentemente você adota e que são favoráveis à gestão ambiental.

3 Interface com políticas e instrumentos


As ações relativas ao meio ambiente desenvolvidas na sociedade
refletem entendimentos específicos sobre os problemas ambientais e
os mecanismos para sua superação, os quais são resultantes de deba-
tes envolvendo diversos atores e interesses em torno dessas questões.
O conjunto de entendimentos sobre as ações que o governo deve pro-
mover no campo ambiental e sobre as necessidades de novos rumos
aparece expresso nas políticas públicas.

Em geral, as políticas públicas são expressas em leis, mas também


podem constar em documentos que reúnam diretrizes sobre como de-
vem ser tratados e compreendidos seus aspectos (SOUZA, 2006). No
caso do meio ambiente e assuntos relacionados – recursos hídricos,
educação ambiental, desenvolvimento urbano, saneamento ambiental,
mudança climática, resíduos sólidos, entre outros –, as políticas públi-
cas influenciam os atores sociais em torno de seus temas e estabele-
cem meios para que a gestão ambiental seja implementada.

As políticas públicas definem instrumentos que orientam as ações


do setor público, das empresas, da sociedade e dos cidadãos no contex-
to da gestão ambiental. Os instrumentos definidos delineiam os papéis

16 Instrumentos públicos de gestão ambiental


do Estado na política pública, que pode envolver a regulação do sistema
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econômico, com o estabelecimento de regras a serem atendidas pela


sociedade; o financiamento do processo de desenvolvimento a partir da
alocação de recursos; e a produção de bens ou serviços pelas organiza-
ções governamentais.

Dessa forma, há instrumentos tipicamente estatais que regulam as


relações do mercado e dos cidadãos à medida que impõem regras
e definem parâmetros para o uso dos recursos ambientais, como o
estabelecimento de normas e padrões de emissão de poluentes. Há
instrumentos voltados para a alocação dos recursos estatais ou o
estabelecimento de tributos que influenciam o crescimento de de-
terminados processos produtivos ou de consumo, como nos casos
de estabelecimento de compras governamentais sustentáveis ou de
incentivos tributários para produtos que utilizam menos energia. Na
gestão ambiental há também instrumentos relacionados ao conhe-
cimento das questões ambientais, seus problemas e soluções, entre
outros objetivos, a exemplo do Sistema Nacional de Informação sobre
o Meio Ambiente.

São os instrumentos estabelecidos nas políticas públicas, portanto,


que configuram os mecanismos a serem adotados na gestão ambien-
tal, influenciando tanto as ações estatais como as da sociedade.

Considerações finais
Após a leitura do primeiro capítulo, é possível compreender melhor
o surgimento da gestão ambiental e conhecer os debates existentes
sobre a relação entre desenvolvimento e meio ambiente. A gestão am-
biental possibilita que os processos produtivos e o consumo ocorram
de forma a preservar o meio ambiente e promover a qualidade de vida.

Gestão ambiental: uma introdução 17


Para tanto, o governo e outros atores sociais devem adotar os ele-

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mentos gerenciais e assumir o papel de gerentes, direcionando suas
ações para alcançar a melhor relação possível entre o uso dos recursos
naturais e as necessidades humanas.

Referências
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e
instrumentos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro. A lama da Samarco é a lama do Brasil.


Ambiente Legal – Justiça e Política [s.d.]. Disponível em: <http://www.ambiente
legal.com.br/lama-da-samarco-e-o-surto-de-febre-amarela/>. Acesso em: 2 jan.
2018.

SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto


Alegre, ano 8, n. 16, p. 20-45, jul./dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/soc/n16/a03n16>. Acesso em: 23 jan. 2016.

STADLER, Adriano; MAIOLI, Marcos Rogério. Organizações e desenvolvimento


sustentável. Curitiba: InterSaberes, 2012. (Coleção Gestão Empresarial, v. 1).

UNIVESP. Livros 128: Capitalismo e Colapso Ambiental – Luiz Marques. 2015.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_tuBDRmrqTs>. Acesso
em: 2 jan. 2018.

18 Instrumentos públicos de gestão ambiental

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