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Educação Superior

Fundamentos da
Cecilia Gaeta
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Jeane Passos de Souza — CBR 8a/6189)

Gaeta, Cecilia
Fundamentos da educação superior / Cecilia Gaeta. – São Paulo :
Editora Senac São Paulo, 2016. (Série Universitária)

Bibliografia.
e-ISBN 978-85-396-1099-0

1. Educação superior I. Título. II. Série.

16-418s CDD-378
BISAC EDU015000

Índice para catálogo sistemático


1. Educação superior 378
EDUCAÇÃO SUPERIOR
FUNDAMENTOS DA

Cecilia Gaeta
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
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Sumário
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Capítulo 1 Capítulo 4
Paradigmas da educação Novos paradigmas curriculares
superior, 7 para o ensino superior, 47
1 Princípios e propostas da educação 1 Currículo e inovação curricular, 48
superior, 8 2 Diretrizes curriculares, 55
2 Metas do Plano Nacional de Considerações finais, 59
Educação (2014-2024): as
perspectivas para a educação Referências, 59
superior no Brasil, 17
Considerações finais, 20
Capítulo 5
O processo de aprendizagem no
Referências, 21
ensino superior, 61
Capítulo 2 1 O aluno atual: características e
Políticas públicas e a necessidades, 62
organização do ensino 2 Processo de aprendizagem do
superior, 23 jovem adulto, 65
Considerações finais, 68
1 Contexto histórico e
organizacional, 24 Referências, 69
2 Políticas públicas para o ensino
superior, 29
Capítulo 6
Considerações finais, 32
Docência no ensino superior:
desafios e perspectivas, 71
Referências, 33
1 O papel e as competências do
Capítulo 3 professor do ensino superior, 72
Modalidades do ensino superior 2 Saberes e competências do
no Brasil, 35 professor do ensino superior, 77
Considerações finais, 80
1 O ensino superior no contexto da
cultura digital ou cibercultura, 36 Referências, 81
2 Modalidades da educação
superior, 41
Sobre o autor, 83
Considerações finais, 44
Referências, 45
Capítulo 1
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Paradigmas da
educação superior

O ensino superior vem passando por uma série de transformações


para acompanhar as demandas atuais da sociedade, o que afeta direta-
mente a atuação docente. Neste capítulo vamos retomar alguns fatos
da história do ensino superior no Brasil, analisar seu contexto atual a
partir do resgate do papel da universidade e das tendências interna-
cionais e conhecer as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE
2014-2020).

7
1 Princípios e propostas da educação

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superior
Para compreendermos as características atuais do ensino superior
no país, precisamos nos deter um pouco no estudo do contexto educa-
cional, e optamos, neste texto, por iniciar com um resgate histórico de
algumas datas importantes.

1.1 Breve retomada histórica do ensino superior no Brasil

A história do ensino superior no Brasil inicia-se de forma atípica em


relação à América Latina. Os espanhóis fundaram universidades de ca-
ráter religioso em suas colônias, como a Universidade de São Domingos
(1538), a do México e a de Lima (1551), ao passo que Portugal mantinha
suas universidades na metrópole, para onde se dirigiam os filhos da elite
que habitava o Brasil. Esta situação se manteve por trezentos anos e só
se modificou com a chegada da família real na colônia, o que provocou
uma série de transformações e exigiu, entre outras coisas, a abertura de
universidades para atender à formação da classe dominante e cobrir as
necessidades de mão de obra especializada.

Portugal trouxe o padrão de educação europeu tradicional e seu mo-


delo próprio de universidade, com o estilo jesuítico de ensinar. Visava
à abordagem exata e analítica dos temas, à clareza nos conceitos e
definições, à lógica, a argumentações precisas, à expressão rigorosa. O
conhecimento era tomado como algo posto, indiscutível, e a memoriza-
ção era o recurso básico de aprendizagem. Esse modelo perdurou por
muito tempo no Brasil e infelizmente ainda é possível encontrá-lo em
algumas faculdades.

No período da República, intensificaram-se as discussões sobre edu-


cação (especificamente sobre as universidades), que evoluíram até a

8 Fundamentos da educação superior


criação do estatuto das universidades brasileiras e, posteriormente, da
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Lei da Reforma Universitária.

Acompanhe, a seguir, algumas datas importantes para o ensino su-


perior em seu período inicial:

Figura 1 — Linha do tempo da educação superior brasileira

1808 1827 1909


Faculdades de Medicina, Faculdades de Ciências Univ. Manaus
Politécnica e de Direito Jurídicas

Bahia São Paulo e Olinda


1912
Rio de Janeiro
Olinda Univ. Paraná

Fechada 3 anos
depois

1934 1927 1920


Univ. São Paulo Univ. Minas Gerais Univ. Rio de Janeiro

Junção de escolas
isoladas
1961
Univ. Brasília

1968 70/80
Reforma Universitária Expansão do ensino
superior
Departamentos, créditos,
vestibular, profissionalização
docente

Note que o ensino superior iniciou com a criação das Escolas Régias
de Medicina na Bahia, da Politécnica (Engenharia) no Rio de Janeiro e de
Direito em Olinda e Recife. Alguns anos depois foram criados os cursos
de Ciências Jurídicas em São Paulo e em Olinda. A partir de 1889 (com
o início da República), foram criadas 14 escolas superiores.

Paradigmas da educação superior 9


A Universidade de Manaus, criada em 1909, demonstrou a força do

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ciclo da borracha; em 1912, a Universidade do Paraná foi criada no con-
texto do ciclo do café. Posteriormente foram criadas: a Universidade do
Rio de Janeiro, em 1920; a de Minas Gerais, em 1927; a de São Paulo,
em 1934; a de Brasília, em 1961.

É importante ressaltar que, em 1934, a fundação da Universidade


de São Paulo cria um novo parâmetro para as instituições brasileiras,
baseado nos princípios da universidade moderna: a indissociabilidade
das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Podemos afirmar que é
nesse momento que o ensino superior brasileiro inicia sua organização
mais sistemática. Já em 1981 o Brasil contava com 65 universidades e
mais de 800 estabelecimentos isolados de ensino superior. Estes últi-
mos dedicavam-se somente ao ensino (dissociação da pesquisa e ex-
tensão), e as universidades públicas se tornaram o local principal das
atividades de pesquisa.

Atualmente o ensino superior é uma instância privilegiada, pois tem


autonomia para o estabelecimento de propostas pedagógicas, a cria-
ção de cursos e seus respectivos currículos. A Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) Lei no 9.394/1996 introduziu as Diretrizes Curriculares Nacionais,
que são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação para cada
curso. Substituem os currículos mínimos obrigatórios, prevendo maior
flexibilidade e autonomia às Instituições de ensino superior (IES).

Essa mesma lei introduziu o processo regular e sistemático de ava-


liação dos cursos de graduação e das próprias instituições de ensino
superior, condicionando seus respectivos credenciamentos e recreden-
ciamentos ao desempenho mensurado por essa avaliação. Além disso,
foi estabelecido que, para uma instituição ser considerada universidade
e, portanto, gozar de autonomia para abrir ou fechar cursos, estabelecer
número de vagas, planejar atividades etc., ela deve ter, no mínimo, um
terço do seu corpo docente com titulação de mestre ou doutor e um
terço contratado em tempo integral.

10 Fundamentos da educação superior


IMPORTANTE
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A LDB de 1996 define um novo marco em nosso sistema educacio-


nal. A qualificação do corpo docente e a melhoria de suas condições
de trabalho, as avaliações periódicas e o credenciamento condicio-
nal das instituições, aliados à maior autonomia para a elaboração
de currículos e cursos, estabelecem diferenciais de qualidade para o
ensino superior e incentivam as instituições de ensino a repensarem
suas propostas de formação do profissional.

1.2 Educação para o século XXI

Um dos grandes documentos que influenciaram o repensar do ensi-


no nas faculdades foi a Declaração Mundial sobre a Educação Superior
para o Século XXI: Visão e Ação, elaborado pela Unesco (1998), que defi-
ne como missão da educação superior: educar, formar e realizar pesqui-
sa. Observe a figura 2, que detalha a missão apresentada pela Unesco.

Figura 2 – Missão do ensino superior para o século XXI

Entende por “educar” tanto a capacitação


profissional como a preparação para a cidadania,
envolvendo conhecimentos teóricos de alto nível.

Por “formar”, Por “realizar


entende o abrir-se pesquisa”, entende a
para a participação promoção, geração
ativa na sociedade e difusão do
e no mundo. conhecimento

Fonte: adaptado de Unesco (1998).

Paradigmas da educação superior 11


No que diz respeito às funções da educação superior, a autonomia

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é vista como liberdade de pensamento, já que a universidade tem “uma
espécie de autoridade intelectual” em relação à sociedade e, ao mesmo
tempo, autonomia de agir conforme o senso comum (GAETA, 2001).

O relatório de Jacques Delors (1999) deixa claro que a educação


neste século deverá se orientar pelos princípios descritos na figura 3.

Figura 3 — Princípios para a educação no século XXI

1. Ser um caminho para a comunicação.


2. Trabalhar conhecimentos atualizados e práticos.
3. Mostrar a realidade social e saber nela viver.
4. Oferecer condições de adaptação ao mundo em mudança.
5. Descobrir, reanimar e fortalecer o potencial criativo.
6. Organizar-se em torno de quatro aprendizagens:
• Aprender a conhecer – compreender.
• Aprender a fazer – agir.
• Aprender a conviver – participar.
• Aprender a ser – realizar-se.

Fonte: adaptado de Unesco (1998).

O principal conceito que podemos observar neste documento é que


o ensino adquire uma nova e complexa configuração. Transfere-se o
foco do ENSINAR (transmitir conteúdos) para o APRENDER (facilitar a
aprendizagem do aluno). Almeja-se um aluno mais ativo e participativo,
um professor orientador do processo, a construção de um conhecimen-
to partilhado e adequado para a inserção produtiva crítica na sociedade.

12 Fundamentos da educação superior


Segundo o artigo 1, alínea “a”, do documento citado, o objetivo de tantas
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mudanças é

[...] formar pessoas altamente qualificadas, cidadãos responsáveis


capazes de atender às necessidades de todos os aspectos da ati-
vidade humana, incluindo-se capacitações profissionais nas quais
sejam combinados conhecimentos teóricos e práticos de alto nível,
aprendendo a se adaptar constantemente às necessidades pre-
sentes e futuras da sociedade. (Unesco, 1998, artigo 1, alínea “a”)

A partir desses apontamentos, reflita sobre o grande impacto que


isso causou (e ainda causa) na docência.

O professor, há anos acostumado a transmitir informações, terá seu


papel transformado em ”mediador de aprendizagem”.

1.3 Ensino superior: contexto atual e internacionalização

O acesso às informações e às grandes, vertiginosas e abundantes


mudanças do saber aproximou o conhecimento científico de outros
saberes e contestou o conhecimento universitário hegemônico e uni-
versalizador. O intercâmbio de conhecimentos técnicos, científicos,
tecnológicos e culturais é uma prática em franca ascensão no mundo
globalizado e tem repercussão na área educacional.

Reconhece-se a globalização do ensino superior, ou seja, a capacida-


de do saber intelectual de transcender fronteiras. As universidades de
todos os cantos do mundo estão engajadas no processo de internacio-
nalização, com o propósito de enviar e atrair estudantes e professores
estrangeiros para partilhar saberes. A troca de experiências é o mote.

Paradigmas da educação superior 13


NA PRÁTICA

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A construção e implementação de currículos flexíveis que atendam
a essa demanda é a consequência direta da internacionalização. Um
exemplo disso foi a implementação, em 2006, do sistema de educa-
ção superior europeu, protocolado em Bolonha. Respeitando as dife-
renças e as características próprias de cada país e considerando a
mobilidade das pessoas, estabeleceu-se um sistema de acreditação
convergente entre as diversas instituições de ensino que, com graus
e metodologias comparáveis, permitiu harmonia e flexibilidade de
estudos, mas, ao mesmo tempo, garantiu a qualidade e excelência
das formações.

Há críticos ao sistema de internacionalização que apontam o caráter


mercantil e comercial das iniciativas. Santos, por exemplo, aponta que:

A tendência para a transnacionalização é, de longe, um fator domi-


nante. É promovido pelas forças que apostam em converter a edu-
cação universitária num serviço altamente rentável para o investi-
mento de capital. [...] Se o valor do conhecimento continuar a ser
transformado em valor de mercado, ao ritmo atual, suspeito que,
em algumas décadas, a universidade como nós a conhecemos
será coisa do passado. Temos de nos preparar para a refundação
da universidade. (SANTOS, 2015, p. 1).

A partir de 1960, os processos de mobilização e intercâmbio de es-


tudantes e professores se intensificaram por meio de estabelecimentos
de convênios internacionais. Os Estados Unidos são o país mais pro-
curado pelos universitários, pois existem 724.000 estrangeiros, sendo
que a quantidade de brasileiros é bem tímida (9.000) frente aos seus
parceiros do Bric (158.000 chineses e 104.000 indianos) (INSTITUTE
OF INTERNATIONAL EDUCATION, [s.d.]). No Brasil, há uma política de
incentivo à internacionalização a partir da concessão de bolsas de es-
tudos para brasileiros no exterior. No sentido contrário, estrangeiros
no Brasil, com exceção dos latino-americanos, enfrentam dificuldades:

14 Fundamentos da educação superior


a falta de domínio, por parte dos brasileiros, do idioma inglês — que é
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considerado o idioma da internacionalização — e a posição das univer-


sidades no ranking internacional.

1.4 Expansão e massificação

Podemos constatar a expansão do ensino superior no mundo todo.


Zabalza atribui à educação superior em expansão o seguinte objetivo:
“Se a educação superior constitui um bem social, se a formação es-
pecializada constitui um valor econômico necessário, é preciso abrir a
universidade a todas as camadas sociais” (ZABALZA, 2004 p. 26).

São dois os fatores principais que causaram essa expansão no Brasil:

Aumento das conclusões do ensino médio.

Mudanças no mercado profissional, que, por


força dos avanços do conhecimento e das
inovações tecnológicas, passou a exigir maior
capacitação profissional.

Este último fator é intensificado pela pressão vinda de uma clientela


formada por adultos (já integrados ao mercado de trabalho) que busca
melhorar suas oportunidades profissionais por meio da obtenção de
um título acadêmico de nível superior.

Neste sentido, foram multiplicadas as instituições de ensino supe-


rior no mundo todo, incluindo os cursos na modalidade EAD. No Brasil,
adota-se a política de expansão das universidades federais, que busca
alcançar a população de jovens de diferentes (e pouco assistidas) re-
giões do país. Mas a maioria das novas instituições são particulares,

Paradigmas da educação superior 15


focadas apenas no ensino e localizadas junto aos centros urbanos de

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várias capitais do país. O censo da educação superior de 2012 aponta
um crescimento de 81% nas matrículas entre 2003 e 2010. O censo de
2014 aponta 7.305.977 matrículas. As vagas são predominantemente
da rede privada, que representa 73% do total de instituições de ensino
superior.

A expansão do ensino superior traz consigo a questão da heteroge-


neidade de alunos nas salas de aula: diferentes níveis de capacidade
intelectual, históricos escolares, expectativas, motivações, etc. Esses
fatores, aliados ao caráter comercial de algumas instituições de ensino
particulares, tiveram como consequências salas de aulas abarrotadas,
o comprometimento da relação professor-aluno, além da dificuldade no
desenvolvimento de processos de aprendizagem que utilizam metodo-
logias ativas e integração com a prática profissional.

Zabalza (2004) aponta ainda outras consequências da expansão do


ensino superior:

•• Aumento significativo do número de mulheres e diversificação de


idade.

•• Necessidade de contratar, de forma massiva, novos professores,


algumas vezes com comprometimento da qualidade.

•• Surgimento de sutis diferenças em relação ao status dos diversos


cursos oferecidos.

Todos os aspectos apontados sobre expansão, massificação e in-


ternacionalização têm repercussões importantes na docência. Freire
(1997) já afirmava que ao professor se fazem necessárias: uma sólida
formação e uma ampla cultura geral, a fim de que possa lidar com da-
dos presentes na cultura do aluno – aqueles conhecimentos que ele
traz de outros lugares e de outras experiências, sua visão de mundo e
as leituras que faz desse mundo.

16 Fundamentos da educação superior


PARA SABER MAIS
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Para conhecer mais sobre a educação no ensino superior no Brasil,


é interessante realizar a leitura do livro A educação superior no Brasil
(SOARES, 2002), elaborado pelo Instituto Internacional para a Educa-
ção Superior na América Latina (Iesalc), publicado pela Unesco.

2 Metas do Plano Nacional de Educação


(2014-2024): as perspectivas para a
educação superior no Brasil
A Conferência Nacional de Educação (Conae) foi a responsável por
desenvolver discussões com a sociedade civil e os setores públicos e
privados com o objetivo de definir e propor diretrizes e metas para o
Sistema Nacional de Educação (SNE) para o período de 2011 a 2020. A
grande preocupação estava em não repetir os mesmos equívocos do
plano anterior, que tinha 296 objetivos e fracassou pela falta de foco e
aporte financeiro. Ao longo do processo de criação do plano, a Conae
reuniu os anseios de 3 milhões de profissionais ligados à área em todo
o país e, a partir da convergência de opiniões das esferas de educação
municipais, estaduais e nacional, pretendeu-se rascunhar um plano
factível para a educação no país e que pudesse ser acompanhado por
toda a sociedade civil.

Posteriormente, um plano foi redigido oficialmente pelo MEC, apro-


vado (com 3 mil emendas) pelo congresso e sancionado pela presiden-
te Dilma Rousseff, sem vetos, em 25 de junho de 2014.

2.1 Plano Nacional de Educação – PNE

Basicamente o plano é um documento legal com as diretrizes para


as políticas públicas nacionais até 2020. Ele possui 20 metas e, apesar

Paradigmas da educação superior 17


da pequena quantidade em comparação com o anterior, tem objetivos

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e estratégias bem definidos para serem alcançados em todos os níveis
(infantil, básico e superior).

Em linhas gerais, o texto aprovado traça diretrizes para que o Brasil


amplie o acesso à educação e melhore a qualidade do ensino até 2024.
Isso inclui, entre outras metas, erradicar o analfabetismo, universalizar o
ensino básico e oferecer escolas em tempo integral em metade das uni-
dades do país. Também faz parte dos objetivos a ampliação do número
de vagas no ensino superior, incluindo pós-graduação, além da garantia
de aprimoramento da formação e do aumento do salário dos professo-
res. As metas referentes à universalização do ensino e à erradicação do
analfabetismo já constavam no PNE anterior (2001-2010) e voltam a ser
reforçadas, pois ainda não foram cumpridas.

A meta mais polêmica é a 20, que trata do percentual de 10% do PIB


que deve ser investido em educação. Acompanhe a posição de Bodião
a respeito desse tema:

Veja o caso da Coreia do Sul, do Japão e de outros países desenvol-


vidos. Em algum momento de suas histórias, delegaram até 20%
do PIB para a educação – a Coreia, se não me engano, chegou a
30%. Há quem defenda 10% do PIB já, o que não quer dizer que
precisamos investir 10% do PIB até o fim dos tempos. (BODIÃO,
2011, [s.p.])

Outro ponto polêmico do PNE foi a substituição do texto original so-


bre "combate à desigualdade de gênero" por "erradicação de todas as
formas de discriminação". Alguns críticos consideraram que a abran-
gência da questão foi maximizada e outros que foi deturpada.

Os pontos a se destacar no novo PNE são:

•• Educação inclusiva: o plano anterior prega a escola de especiais


para especiais – de cegos para cegos, por exemplo. A discussão
da educação inclusiva ganhou corpo nos últimos tempos e está
visível no PNE 2011-2020.

18 Fundamentos da educação superior


•• Educação técnica, profissionalizante. Isso foi banido na gestão
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FHC e agora ganhou novo fôlego.

•• ProUni (Programa Universidade para Todos — que será abordado


no capítulo 2), marca da gestão Lula, não aparece no novo PNE.
Um ponto corajoso do plano, que volta a comprometer os recur-
sos públicos para a escola pública.

Especificamente para o ensino superior, destacamos as metas 12,


13 e 14. Acompanhe a figura 4, a seguir, que trata da proposta para cada
meta.

Figura 4 – Metas 12, 13 e 14 do PNE

Elevar gradualmente o número de matrículas na


pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a
titulação anual de 60.000 mestres e 25.000
doutores.

Elevar a qualidade da educação superior por meio da ampliação


da proporção de mestres e doutores do corpo docente em
efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior
para 75%, sendo, do total, no mínimo 35% de doutores.

Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa


líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, asseguradas a qualidade
da oferta e a expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas no
segmento público.

Fonte: adaptado de MEC (2010).

Em relação à meta 12 (elevar a taxa bruta de matrículas na educa-


ção superior), note que, de 1995 a 2011, a taxa líquida de matrículas no
ensino superior da população entre 18 e 24 anos passou de 5,9% para
14,9%, e a meta proposta era de elevar este número para 30%.

Paradigmas da educação superior 19


Sobre a meta 13 (elevar a qualidade do ensino superior por meio da

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ampliação de docentes com titulação), note que, em 2011, a exigência
era de 50% de titulados no corpo docente, sendo que os outros 50%
deveriam possuir ao menos a pós-graduação lato sensu.

E, em relação à meta 14 (elevar o número de matrículas na pós-gra-


duação stricto sensu), observe que, em 2011, havia no Brasil 39.220
mestres e 11.314 doutores titulados, segundo dados do GeoCapes
(apud Velasco, 2012).

A leitura cuidadosa do plano permite conhecer os detalhes das pro-


posições e está disponível no site do MEC.

Considerações finais
Chegamos ao final deste capítulo tendo discutido algumas das
transformações por que vem passando o ensino superior. Outras delas
serão abordadas no próximo capítulo. Nossa intenção, como dissemos
inicialmente, é que você se sinta em melhores condições de entender e
se integrar ao contexto do ensino superior, contexto este que é dinâmico
e flexível e ao qual devemos estar sempre atentos.

Ressaltamos nosso alerta inicial: a docência, atualmente, é multifa-


cetada e profissional. Do professor do ensino superior espera-se muito
mais do que “dar aulas”. Conhecer os fundamentos do ensino superior
e integrar-se ao contexto inovador que o permeia é o primeiro passo.

20 Fundamentos da educação superior


Referências
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BODIÃO, Idevaldo. Um balanço do Plano Nacional de Educação. In: Carta


Capital, 2011. Entrevista concedida a F. Vives. Disponível em: <http://www.
cartacapital.com.br/educacao/um-balanco-do-plano-nacional-de-educacao>.
Acesso em: 27. abr. 2016.

CENSO do ensino superior. Uol Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.


com.br/noticias/2014/09/09/censo-numero-de-universitarios-que-concluiram-
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22 Fundamentos da educação superior

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