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Anderson Eduardo Salmazzi Palácio

Sistema de gestão,
certificações e auditorias
2a edição
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Simone M. P. Vieira – CBR 8a/4771)

Palácio, Anderson Eduardo Salmazzi


Sistema de gestão, certificações e auditorias / Anderson Eduardo
Salmazzi Palácio. – 2. ed. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2022.
(Série Universitária)

Bibliografia.
e-ISBN 978-65-5536-983-0 (ePub/2022)
e-ISBN 978-65-5536-984-7 (PDF/2022)

1. Gestão ambiental 2. Sistemas de gestão ambiental 3. ISO


14001 I. Título. II. Série.

22-1439t CDD – 658.408


BISAC BUS099000

Índice para catálogo sistemático


1. Gestão ambiental : Administração 658.408
SISTEMA DE GESTÃO,

Anderson Eduardo Salmazzi Palácio


CERTIFICAÇÕES E
AUDITORIAS

2a edição
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo

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Janaina Lira (capítulo 16)
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Sumário
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Capítulo 1 Capítulo 5
Introdução e evolução Liderança, 63
histórica, 7 1 Liderança, 64
1 Evolução dos conceitos de gestão Considerações finais, 71
ambiental ao longo do tempo, 8 Referências, 72
2 Sistemas de gestão – conceito
e tipificações, 12 Capítulo 6
3 Sistema de gestão ambiental, 18 Planejamento, 73
Considerações finais, 19 1 Planejamento, 74
Referências, 20 Considerações finais, 84
Referências, 85
Capítulo 2
Normalização e certificação, 23 Capítulo 7
1 ISO – estrutura e funcionamento, 24 Ações para tratar riscos
2 Processo de certificação, 31 associados a ameaças e
Considerações finais, 35
oportunidades, 87
1 Planejamento, 88
Referências, 35
Considerações finais, 93
Capítulo 3 Referências, 94
NBR ISO 14001, 37
1 Processo de criação da Capítulo 8
ISO 14001, 38 Objetivos ambientais e
2 ISO 14001 – princípios e pilares, 41 planejamento de como
3 O ciclo PDCA, 42 alcançá-los, 95
4 Apresentação da estrutura e 1 Objetivos ambientais e
requisitos da ISO 14001, 44 planejamento de como alcançá-los,
Considerações finais, 47 96
Referências, 47 Considerações finais, 105
Referências, 105
Capítulo 4
Contexto da organização, 49 Capítulo 9
1 Contexto da organização, 50 Apoio, 107
Considerações finais, 61 1 Recursos, 108
Referências, 62 2 Competência, 110
3 Conscientização, 115
4 Comunicação, 117
5 Informação documentada, 121
Considerações finais, 124
Referências, 125
Capítulo 10 Capítulo 14

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Operação, 127 Melhoria contínua, 193
1 Planejamento e controle 1 Melhoria, 194
operacionais, 128 2 Processos de melhoria
2 Preparação e resposta às contínua, 195
emergências, 134 3 Revisão e aprimoramento de
Considerações finais, 138 sistemas de gestão, 203
Referências, 138 Considerações finais, 204
Capítulo 11 Referências, 205
Avaliação do desempenho, 139 Capítulo 15
1 Monitoramento, medição, análise e Qualidade, 207
avaliação, 140 1 Relações entre a gestão ambiental e
2 Análise crítica pela direção, 148 a gestão da qualidade, 208
Considerações finais, 153 2 Estrutura da ISO 9001, 211
Referências, 154 3 Diferenças entre a ISO 9001 e
Capítulo 12 a ISO 14001, 214
Auditoria interna, 155 4 Integração entre os sistemas, 221
1 Auditoria interna, 156 Considerações finais, 222
2 Planejamento, 163 Referências, 223
3 Execução, 172 Capítulo 16
Considerações finais, 179 Sistemas de gestão
Referências, 180 de saúde e segurança
Capítulo 13 ocupacional (SGSSO), 225
Não conformidade e ação 1 Relações entre a gestão ambiental e
a gestão de saúde e segurança, 226
corretiva, 181
2 Estrutura do sistema de gestão de
1 Não conformidade e ação saúde e segurança ocupacional
corretiva, 182 (SGSSO), 230
Considerações finais, 191 3 Especificidades do sistema de
Referências, 191 gestão de saúde e segurança
ocupacional (SGSSO) ISO
45001:2018 e do sistema de
gestão ambiental ISO 14001:2015:
aproximações e diferenças, 245
4 Integração entre os sistemas –
requisitos comuns das normas, 250
Considerações finais, 251
Referências, 252
Sobre o autor, 255

6 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 1
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Introdução
e evolução
histórica

Ao longo de nossa história, utilizamos os recursos naturais sem nos


preocuparmos com os consequentes impactos ambientais. Apenas re-
centemente, a partir da década de 1960, começamos a levar em consi-
deração o esgotamento desses recursos, iniciando os movimentos am-
bientalistas e as regulamentações direcionadas às questões da água e
do ar, até chegarmos no conceito de sustentabilidade que conhecemos
atualmente.

Com a adoção de uma legislação ambiental cada vez mais rigorosa,


o resultado é a conscientização para uma sociedade mais voltada ao
desenvolvimento sustentável, à transparência e à responsabilização.

7
Isso obriga as organizações a adotarem uma sistemática de gestão

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ambiental que visa contribuir para o pilar ambiental da sustentabilidade.

Sendo assim, neste capítulo, vamos abordar a evolução dos concei-


tos de gestão ambiental ao longo do tempo e os conceitos e as tipifica-
ções dos sistemas de gestão, bem como entender o que é um sistema
de gestão ambiental.

1 Evolução dos conceitos de gestão


ambiental ao longo do tempo
Com a urbanização e a evolução da civilização, o meio ambiente e
seus recursos naturais passaram a ser entendidos como algo à mar-
gem da sociedade humana, servindo apenas para exploração e subser-
viência. Para atender às nossas necessidades, praticamos uma equa-
ção desbalanceada dos recursos naturais: retirar, consumir e descartar.

Apenas no século XX, mais precisamente a partir da década de 1960,


começamos a nos preocupar com o esgotamento dos recursos. O livro
Silent spring, de Rachel Carson, de 1962, denunciando o uso excessivo
de DDT (dicloro difenil tricloroetano) na agricultura para combater as
pragas, foi um importante marco para os debates e as denúncias sobre
problemas ambientais. Outro importante marco foi a publicação do rela-
tório Limits to growth, em 1972, por um grupo de cientistas no chamado
Clube de Roma, alertando sobre os limites de exploração do planeta.

A preocupação com o meio ambiente, em função do elevado grau de


degradação ambiental observado em várias partes do mundo, deixou
de ser apenas questão do meio científico e de pequenos grupos de ar-
tistas para tomar uma dimensão que abrange amplos setores da socie-
dade. Contribuíram para isso alguns acidentes ambientais de grandes
proporções:

8 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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1970
Contaminação por resíduos químicos em Love Channel, Estados Unidos.

1973
Contaminação por metais pesados na Baía de Minamata, Japão.

1976
Liberação na atmosfera da dioxina TCDD em Seveso, Itália.

1979
Acidente na usina nuclear de Three Mile Island na Pensilvânia, Estados Unidos.

1984
Vazamento de gases tóxicos em Bophal, Índia.

1986
Acidente na usina nuclear de Chernobyl, União Soviética.

1989
Vazamento de óleo pelo navio petroleiro Exxon Valdez, Alasca.

2010
Explosão e vazamento da plataforma de petróleo no mar do Golfo do México.

E a partir de então, ocorreu uma sequência de eventos voltados para


ações nas quais as questões e preocupações ambientais tornaram-se
tema principal. A seguir, no quadro 1, temos a cronologia dos prinicipais
marcos dessas questões ambientais desde a década de 1960 até 2012.

Introdução e evolução histórica 9


Quadro 1 – Cronologia dos marcos das questões ambientais

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1962 – Livro Primavera silenciosa de Rachel Carson

Denunciou o uso indiscriminado de DDT (dicloro difenil tricloroetano) na agricultura e


seus efeitos para o meio ambiente, contribuindo para a proibição de seu uso e para a criação
da EPA – Environmental Protection Agency (agência de proteção do meio ambiente norte-americana).

1972 – Relatório Limits to growth do Clube de Roma

Alertou sobre os riscos de um crescimento econômico contínuo


baseado na exploração de recursos naturais esgotáveis. Os estudos desse relatório foram
discutidos da Conferência da ONU realizada no mesmo ano.

1972 – 1ª Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano,


em Estocolmo, na Suécia

Primeira manifestação dos governos e de todo o mundo com as consequências da exploração


econômica sobre o meio ambiente. As nações iniciaram a estruturação de seus órgãos ambientais
e estabeleceram suas legislações visando ao controle da poluição ambiental. Nesta conferência
foi criado o PNUMA – Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.

1978 – Programa Anjo Azul, na Alemanha

Identificava com um selo o produto que não ultrapassava os limites de impactos ambientais
estabelecidos pelo programa, nascendo o conceito de rotulagem ambiental.

1982 – Convenção da ONU sobre o Direito do Mar

Os protestos internacionais contra o despejo de rejeitos nucleares e outros resíduos tóxicos nos
oceanos, ainda praticado por alguns países, resultaram em discussões sobre a proteção dos mares
contra a poluição, consolidadas nesta convenção.

1983 – Criação da CNMAD

A ONU formou a CNMAD – Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,


cujo objetivo é examinar as relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento
e apresentar propostas viáveis.

1987 – Relatório Brundtland (“nosso futuro comum”)

Publicado pela CNMAD, indica os problemas mais críticos em relação ao desenvolvimento


do meio ambiente e propõe soluções. Neste relatório foi estabelecido o conceito de
“desenvolvimento sustentável”.

1987 – Convenção da Basileia

Acordo internacional com regras para a movimentação de resíduos perigosos entre os países, sobre o
controle da importação e exportação e proibição do envio desses resíduos aos países que não tivessem
competência técnica, legal e administrativa para tratá-los adequadamente.

(cont.)

10 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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1987 – Protocolo de Montreal

Ratificou a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio (1985). O protocolo estabeleceu
prazos, limites e restrições à produção, comércio e consumo das substâncias que destroem a camada de
ozônio, tendo como a mais conhecida os CFCs (clorofluorcarbonos), estabeleceu ainda um prazo para a
sua substituição.

1988 – IPCC – Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas

Criado pela ONU e pela Organização Meteorológica Mundial, tem o objetivo de avaliar os estudos
científicos do clima e o impacto da atividade humana na alteração das condições climáticas da Terra.
O IPCC publica e divulga a cada cinco anos os relatórios de avaliação sobre as alterações climáticas na
Terra, sendo a maior referência internacional sobre o tema.

1992 – Cúpula da Terra ou Rio 92

Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro. Nessa
conferência, foram produzidos diversos documentos internacionais, tais como: Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Carta do Rio), Agenda 21, Princípios para a Administração
Sustentável das Florestas e Convenção Quadro sobre Mudança do Clima. Foi criada a Comissão de
Desenvolvimento Sustentável da ONU.

1997 – Protocolo de Kyoto

Os países industrializados se comprometeram a reduzir em 5,2% suas emissões de gases que contribuem
para o efeito estufa (GEE) e o aquecimento global, em relação às emissões de 1990.

2002 – Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +10)

Realizada em Johanesburgo, na África do Sul, com o objetivo de examinar o andamento das metas
estabelecidas pela Rio 92 e reforçar o compromisso dos países com os princípios do desenvolvimento
sustentável.

2006 – Lançamento do filme Uma verdade inconveniente

O ex vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, engajado nas questões ambientais, lançou o filme que
mostra dados e fatos sobre os efeitos do aquecimento global e as perspectivas futuras caso ações não
sejam tomadas para diminuir esse fenômeno.

2009 – 15ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP15)

Realizada em Copenhague, na Dinamarca, contou com representantes de quase 200 países e tinha como
principal objetivo a busca de um acordo internacional para a redução de emissões de gases de efeito
estufa (GEE), incluindo a definição de compromissos pós-Protocolo de Kyoto (2012).

2012 – Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20)

Realizada no Rio de Janeiro, reuniu representantes de 193 países. O resultado foi a avaliação dos
compromissos assumidos na Rio 92 e um documento intitulado O futuro que queremos, no qual foi
reafirmada uma série de compromissos.

Introdução e evolução histórica 11


Para enfrentar a questão ambiental é necessário estabelecer polí-

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ticas públicas integradas – sociais, econômicas, institucionais e am-
bientais – que busquem maior eficiência dos sistemas de gestão am-
biental (PHILIPPI JR. et al, 2004).

Scardua (2003) afirma que apesar de os acontecimentos parece-


rem seguir certa ordem cronológica, a gestão ambiental propriamente
dita não obedece tais fatos. Ela é marcada por avanços e retrocessos,
porque sua implementação está diretamente vinculada às agendas dos
governantes locais e às diretrizes da gestão ambiental.

2 Sistemas de gestão – conceito e


tipificações

2.1 Conceitos

CONCEITOS

Sistema de gestão

Sistema de gestão da qualidade

Sistema de gestão (segundo a ISO 14001:2015)

Sistema de gestão ambiental (segundo a ISO 14001:2015)

Sistema de gestão da SSO (saúde e segurança ocupacional) (segundo a ISO 45001:2018)

Risco (segundo a ISO 45001:2018)

Como forma de facilitar o entendimento entre as partes interessa-


das, os vocabulários relacionados às normas de sistemas de gestão
são padronizados conforme as respectivas normas.

A norma ISO 9000 – sistemas de gestão da qualidade – fundamen-


tos e vocabulário padroniza os vocabulários relacionados ao sistema
de gestão da qualidade. Seguem abaixo alguns vocábulos:

12 Sistema de gestão, certificações e auditorias


• Sistema de gestão
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Conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma or-


ganização, para estabelecer políticas, objetivos e processos para alcan-
çar esses objetivos.

• Sistema de gestão da qualidade

Parte de um sistema de gestão no que diz respeito à qualidade.

Os vocabulários referentes aos sistemas de gestão ambiental (ISO


14001) e de saúde e segurança ocupacional (ISO 45001) estão disponí-
veis nas respectivas normas. Observe que o vocabulário referente a “sis-
tema de gestão” definido nas normas ISO 9000:2015 e ISO 14001:2015
é o mesmo, conforme a nova estrutura do Anexo SL da ISO, que será
abordado no item 2.2 Sistemas de Gestão.

• Sistema de gestão (segundo a ISO 14001:2015)

Conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma or-


ganização, para estabelecer políticas, objetivos e processos para alcan-
çar esses objetivos.

• Sistema de gestão ambiental (segundo a ISO 14001:2015)

Parte do sistema de gestão usada para gerenciar aspectos ambien-


tais, cumprir requisitos legais e outros requisitos e abordar riscos e
oportunidades.

• Sistema de gestão da SSO (saúde e segurança ocupacional –


segundo a ISO 45001:2018)

Parte do sistema de gestão de uma organização usada para desen-


volver e implementar sua política de SSO e para gerenciar seus riscos
de SSO.

Introdução e evolução histórica 13


• Risco (segundo a ISO 45001:2018)

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Combinação da probabilidade de ocorrência de um evento ou expo-
sição(ões) perigosa(s) com a gravidade da lesão ou doença que pode
ser ocasionada pelo evento ou exposição(ões).

2.2 Sistemas de gestão

As séries ISO 9000, ISO 14000 e ISO 45001 são formadas por um
conjunto de normas relacionadas com sistemas de gestão da qualida-
de, ambiental e de saúde e segurança ocupacional. São ferramentas
gerenciais em forma de normas, criadas para auxiliar as empresas e
não para aumentar ou alterar as obrigações legais de uma organiza-
ção. Seus requisitos podem ser aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de
organização, bem como acomodam diversas condições geográficas,
culturais e sociais.

Na figura 1, temos uma cronologia das normas relacionadas aos


sistemas de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde e segurança
ocupacional, que serão detalhadas em seus respectivos capítulos.

Vale ressaltar que o termo BS significa British Standard (norma in-


glesa). O termo HS(G) significa Guidance for Health and Safety (Guia
para a saúde e segurança), sendo esta norma publicada pelo órgão do
governo inglês HSE – Health and Safety Executive.

14 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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Figura 1 – Evolução dos sistemas de gestão

Qualidade Meio Ambiente SSO

1979 – BS 5750 1994 – BS 7750 1992 – HS(G)65

1987 – ISO 9001,


1996 – ISO 14001 1996 – BS 8800
9002 e 9003

1994 – ISO 9001, 1999 –


2004 – ISO 14001
9002 e 9003 OHSAS 18001

2007 –
2000 – ISO 9001 2015 – ISO 14001
OHSAS 18001

2008 – ISO 9001 2018 –


ISO 45001

2015 – ISO 9001

O quadro 2 traz a relação entre o sistema de gestão e seus objetivos.

Quadro 2 – Normas e seus objetivos

• Demonstrar sua capacidade


para prover produtos e
serviços que atendam aos
Sistemas de gestão da requisitos do cliente e aos
NBR ISO 9001:2015
qualidade – requisitos requisitos regulamentares
aplicáveis.
• Visa aumentar a satisfação
do cliente.

• Aumento do desempenho
ambiental.
Sistemas de gestão
• Atendimento dos requisitos
NBR ISO 14001:2015 ambiental – requisitos
legais e outros requisitos.
com orientações para uso
• Alcance dos objetivos
ambientais.

(cont.)

Introdução e evolução histórica 15


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• Capacitar uma organização
a controlar seus riscos
Sistemas de gestão
em saúde e segurança
de saúde e segurança
ISO 45001:2018 ocupacional.
ocupacional – requisitos
• Melhorar seu desempenho
com orientação para uso
em saúde e segurança
ocupacional.

A norma de sistema de gestão da qualidade (ISO 9001) é geralmente


utilizada como base para as demais normas relacionadas aos siste-
mas de gestão ambiental (ISO 14001) e de saúde e segurança ocupa-
cional (ISO 45001), quando estas são implementadas numa organiza-
ção. Quando uma organização implementa duas ou mais normas de
sistemas de gestão, chamamos isso de sistema de gestão integrado.

Figura 2 – Elementos de um sistema de gestão integrado

Produtos
Insumos desejáveis
Fornecedor Processo Cliente

Impactos sobre o Produtos/resultados Riscos à saúde


ambiente e a sociedade indesejáveis e à segurança

Qualidade

Meio Saúde e
ambiente segurança

Sistemas de
Responsabilidade gestão integrados
social

Fonte: adaptado de Cerqueira (2006, p. 4).

16 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Em 2015, a ISO (organização responsável por publicar normas inter-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

nacionais) revisou as normas ISO 9001 e ISO 14001. Os comitês decidi-


ram revisar ambas as normas em resposta às necessidades importan-
tes das organizações no mundo dos negócios devido a preocupações
de ordem socioambiental relacionadas com a imagem das empresas.
As normas revisadas devem aumentar a satisfação do cliente e atender
às demandas de todas as partes interessadas. Pensando nisso, a ISO
introduziu uma nova estrutura de alto nível – o Anexo SL – para garantir
que a estrutura de todas as novas e futuras normas seja consistente.
No passado, os sistemas de gestão tinham estruturas muito diferentes,
apesar de compartilhar determinados pontos em comum, e isso, mui-
tas vezes, complicava o processo de integração. Com o Anexo SL, todas
as normas do sistema de gestão terão agora uma estrutura idêntica,
bem como um texto, termos e definições semelhantes, conforme os
tópicos apresentados no quadro 3.

Quadro 3 – Estrutura do Anexo SL das normas ISO

CLÁUSULA ASSUNTO

1 Escopo

2 Referências normativas

3 Termos e definições

4 Contexto da organização

5 Liderança

6 Planejamento

7 Suporte

8 Operação

9 Avaliação de performance

10 Melhoria

Introdução e evolução histórica 17


Essa estrutura comum assegurará uma integração mais uniforme

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com múltiplos sistemas de gestão, economizando tempo e dinheiro.

Em 2018, a ISO publicou a norma ISO 45001 – sistemas de ges-


tão de saúde e segurança ocupacional, que substituiu a norma OHSAS
18001:2007 – sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho.
A ISO 45001 está alinhada ao Anexo SL e consequentemente às nor-
mas ISO 9001:2015 – sistemas de gestão da qualidade: requisitos e
ISO 14001:2015 – sistemas de gestão ambiental: requisitos com orien-
tações para uso.

Nos capítulos 15 e 16, vamos abordar o sistema de gestão da qua-


lidade (ISO 9001) e o sistema de gestão de saúde e segurança ocupa-
cional (ISO 45001), assim como as relações e as diferenças entre esses
sistemas de gestão.

3 Sistema de gestão ambiental


Alcançar um equilíbrio entre o meio ambiente, a sociedade e a eco-
nomia é considerado fundamental para que seja possível satisfazer às
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gera-
ções futuras de satisfazer às suas necessidades. O objetivo do desen-
volvimento sustentável é alcançado com o equilíbrio dos três pilares da
sustentabilidade.

As expectativas da sociedade em relação ao desenvolvimento sus-


tentável, à transparência e à responsabilização por prestar contas têm
evoluído com a legislação cada vez mais rigorosa e as crescentes pres-
sões sobre o meio ambiente – decorrentes de poluição, uso ineficiente
de recursos, gerenciamento impróprio de rejeitos, mudança climática,
degradação dos ecossistemas e perda de biodiversidade.

Com isso, as organizações têm adotado uma abordagem sistemáti-


ca na gestão ambiental, com a implementação de sistemas de gestão

18 Sistema de gestão, certificações e auditorias


ambiental que visam contribuir para o pilar ambiental da sustentabi-
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lidade (ABNT. NBR ISO 14001:2015. Sistemas da gestão ambiental.


Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015, p. viii).

Um sistema de gestão ambiental é uma estrutura desenvolvida


para auxiliar as organizações, de qualquer tipo ou porte, a identificar e
controlar os seus aspectos e impactos ambientais, de forma a geren-
ciar os riscos e melhorar continuamente o desempenho ambiental e a
sua produtividade. Um sistema de gestão ambiental também permite
avaliar e monitorar a conformidade em relação ao atendimento de re-
quisitos legais.

A norma ISO 14001 – sistemas de gestão ambiental: requisitos com


orientações para uso é o modelo de sistema de gestão ambiental pa-
dronizado e reconhecido internacionalmente. Pela implementação dos
requisitos da ISO 14001, a organização pode solicitar uma auditoria
independente de uma certificadora e conquistar a certificação da ISO
14001. Com a certificação, a organização demonstra seu comprome-
timento com práticas sustentáveis e padrões internacionais de gestão
ambiental.

Nos capítulos 2 e 3, vamos abordar a normalização e a certificação


e conhecer os fundamentos e a estrutura da norma ISO 14001 – siste-
mas de gestão ambiental: requisitos com orientações para uso.

Considerações finais
Vimos neste capítulo a evolução dos conceitos de gestão ambiental
ao longo do tempo até chegarmos ao conceito de desenvolvimento sus-
tentável conhecido atualmente. Essa evolução mais significativa iniciou
no século XX por consequência da nossa percepção sobre a degrada-
ção dos recursos naturais e dos grandes acidentes ambientais.

Introdução e evolução histórica 19


Por meio dos marcos evolutivos, tais como o Clube de Roma,

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
a Conferência da ONU em Estocolmo, a criação do IPCC – Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas, Rio 92, assim como
a Rio +10 e a Rio +20, entre outros, chegamos às regulamentações
mais restritivas, com uma população cada vez mais consciente sobre
as questões ambientais, tendo como consequência uma maior cobran-
ça sobre as organizações potencialmente poluidoras, que, por sua vez,
buscam modelos de gestão ambiental capazes de auxiliar no controle e
na mitigação de seus aspectos e impactos ambientais e no monitora-
mento da legislação aplicável.

Referências
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL. Disponível em: http://
ambientalcampoformso.blogspot.com.br/2012/10/evolucao-historica-da-
questao-ambiental.html. Acesso em: 20 abr. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO 45001:


2018 – sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional: requisitos
com orientação para uso. Genebra: ISO, 2018.

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2011.

CARSON, Rachel. Sillent spring. Inglaterra: Houghton Mifflin, 1962.

CERQUEIRA, Jorge Pedreira de. Sistemas de gestão integrados. Rio de Janeiro:


Qualitymark, 2006.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

20 Sistema de gestão, certificações e auditorias


MEADOWS, Donella H. et al. Limits to growth. Inglaterra: Potomac Associates
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PHILIPPI JR., Arlindo et al. Gestão ambiental municipal: subsídios para


estruturação de um sistema municipal de meio ambiente. Salvador: CRA, 2004.

SCARDUA, Fernando Paiva. Governabilidade e descentralização da gestão


ambiental no Brasil. Tese de Doutorado – Universidade de Brasília. Centro de
Desenvolvimento Sustentável. Brasília, 2003.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2006.

Introdução e evolução histórica 21


Capítulo 2

Normalização
e certificação

Neste capítulo vamos abordar a estrutura e o funcionamento da ISO


– International Organization for Standardization, além de conhecer o
processo de desenvolvimento de uma norma internacional ISO até a
sua publicação.

Também abordaremos as etapas de um processo de certificação de


um sistema de gestão, por meio de uma auditoria de 3ª parte,1 por um
organismo certificador acreditado pelo INMETRO, mais conhecido pelo
nome de Certificadora.

1 Auditoria efetuada por uma organização independente para fins de verificação, de controle ou de
certificação.

23
1 ISO – estrutura e funcionamento

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
1.1 Estrutura

A ISO – International Organization for Standardization é uma organi-


zação independente, não governamental e reconhecida mundialmente
por organismos nacionais de normalização de 161 países. Foi consti-
tuída em 1947 e desde então publicou mais de 21 mil normas interna-
cionais que abrangem quase todos os aspectos da tecnologia e dos
negócios.

A história da ISO começou em 1946, quando delegados de 25 países


reuniram-se no Instituto de Engenheiros Civis, em Londres, e decidiram
criar uma nova organização internacional para facilitar a coordenação
internacional e a unificação das normas industriais. Em 23 de fevereiro
de 1947, a nova organização, ISO, iniciou oficialmente suas operações
com sede em Genebra, na Suíça.

Os membros da ISO são as organizações de padrões mais impor-


tante em seus países e há apenas um membro por país (exemplo: no
Brasil é representada pela ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas). Cada membro representa a ISO em seu país. Vale ressaltar
que indivíduos ou empresas não podem se tornar membros da ISO.

Há três categorias de membros, sendo que cada uma tem um nível


diferente de acesso e influência sobre a ISO. As categorias estão des-
critas abaixo:

•• Membros efetivos: esses membros têm pleno direito de partici-


par no desenvolvimento de padrões ISO e de influenciar sua es-
tratégia por meio da participação e da votação nas reuniões técni-
cas e políticas ISO. Os membros efetivos podem vender e adaptar
as normas internacionais ISO nacionalmente.

24 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• Membros correspondentes: esses membros observam o desen-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

volvimento de normas e estratégias ISO participando de reuniões


técnicas e políticas ISO apenas como observadores. Os membros
correspondentes podem vender e adaptar as normas internacio-
nais ISO nacionalmente.

•• Membros assinantes: esses membros mantêm-se atualiza-


dos sobre o trabalho da ISO, mas não podem participar. Eles
não podem vender ou adaptar as normas internacionais ISO
nacionalmente.

No site da instituição há um arquivo que detalha a função de cada


membro da ISO.

Figura 1 – Estrutura de governança da ISO

Consultivo

Relatório de reponsabilidade

Assembleia geral

Comissões permanentes Comitê do


do conselho Conselho ISO
presidente

Conselho de gestão
técnica (TMB)

Comitês de desenvolvimento
de políticas

Comitês técnicos

Fonte: adaptado de International Organization for Standardization (ISO).

Normalização e certificação 25
A ISO está estruturada hierarquicamente da seguinte forma, como

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
demonstra a figura 1. A seguir, será explicada a função de cada
membro.

•• Assembleia geral: é a autoridade final para a organização.

•• Conselho ISO: cuida da maior parte das questões de gover-


nança. É composto de 20 corpos de membros, da diretoria ISO
e dos presidentes da política de desenvolvimento dos comitês
CASCO (avaliação da conformidade), COPOLCO (questões de
consumo) e DEVCO (assuntos relacionados com os países em
desenvolvimento).

•• Comitê do presidente: aconselha e supervisiona a implementa-


ção das decisões tomadas pelo conselho e pela assembleia geral.

•• Comissões permanentes do conselho: aconselha sobre ques-


tões financeiras e estratégicas.

•• Ad hoc comitês consultivos: podem ser estabelecidos para avan-


çar as metas e os objetivos estratégicos da organização. A com-
posição do conselho é aberta a todos os organismos-membros.

•• Conselho de gestão técnica (TMB): responsável pelas comissões


técnicas que levam desenvolvimento-padrão a quaisquer conse-
lhos consultivos estratégicos criados em questões técnicas.

Em 2001, a ISO, a IEC (International Electrotechnical Commission) e a


ITU (International Telecommunication Union) formaram a Cooperação
Mundial da Normalização (WSC), a fim de fortalecer os sistemas de
normalização das três organizações.

26 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A ISO também mantém uma relação estreita com a Organização
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Mundial do Comércio (OMC), na qual contribui com as normas inter-


nacionais para reduzir os obstáculos técnicos ao comércio, e com as
agências especializadas da ONU – Organização das Nações Unidas,
que fazem harmonização técnica ou assistência técnica, incluindo o
Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC).

IMPORTANTE

Nota 1: A IEC – International Electrotechnical Commission (Comissão


Eletrotécnica Internacional em português) é uma organização interna-
cional sem fins lucrativos e não governamental, que tem como objetivo
a padronização de tecnologias elétricas, eletrônicas e relacionadas. Foi
fundada em 1906, sendo localizada em Genebra, na Suíça.

IMPORTANTE

Nota 2: A ITU – International Telecommunication Union (União Inter-


nacional de Telecomunicações em português) é a agência da ONU es-
pecializada em tecnologias de informação e comunicação. Destinada
a padronizar e regular as ondas de rádio e telecomunicações interna-
cionais, a agência é composta por todos os 193 países-membros da
ONU e por mais de 700 entidades do setor privado e do acadêmico. Foi
fundada como International Telegraph Union (União Internacional de Te-
légrafos), em Paris, em 1865, e é hoje a organização internacional mais
antiga do mundo. Suas principais ações incluem estabelecer a alocação
de espectros de ondas de rádio e organizar os arranjos de intercone-
xões entre todos os países, permitindo, assim, ligações de telefone in-
ternacionais. É uma das agências especializadas da Organização das
Nações Unidas (ONU), que tem sede em Genebra, na Suíça.

Normalização e certificação 27
1.2 Funcionamento

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Uma vez que a necessidade de um padrão foi estabelecida, os es-
pecialistas se reúnem para discutir e negociar um projeto de norma.
Assim que o projeto de norma é desenvolvido, ele passa a ser com-
partilhado com os membros da ISO, que são convidados a comentar e
votar nele. Se um consenso for alcançado, o projeto da norma se torna
um padrão ISO, caso contrário, ele volta para a comissão técnica para
mais edições.

Vale ressaltar que a ISO não decide quando vai desenvolver uma
nova norma, mas responde a um pedido da indústria ou outras partes
interessadas, tais como grupos de consumidores. Normalmente, um
setor ou grupo comunica a necessidade de uma norma ao seu membro
nacional, que entra em contato com a ISO.

As normas ISO são desenvolvidas por grupos de peritos, por comis-


sões técnicas constituídas por representantes da indústria, ONGs, go-
vernos e outras partes interessadas, que são apresentadas pelos mem-
bros da ISO. Cada comitê técnico (TC) lida com um assunto diferente,
por exemplo: roscas, tecnologia de transporte, produtos alimentícios e
muitos, muitos mais. A ISO tem mais de 250 comitês técnicos.

Os consumidores também têm voz no desenvolvimento das nor-


mas internacionais ISO através da participação da ONG Consumers
International e através dos representantes dos consumidores de mem-
bros nacionais nos comités técnicos. As etapas de desenvolvimento de
uma nova norma ISO são descritas a seguir pela figura 2.

28 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Figura 2 – Fluxo de desenvolvimento de uma norma ISO
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A nova norma é proposta como sendo relevante ao comitê técnico.


Etapa 1 Se ela for aprovada, passa para a próxima etapa.

Um grupo de especialistas inicia a discussão para preparar o projeto da norma


Etapa 2 (working draft).

O primeiro projeto da norma (working draft) é compartilhado com o comitê


técnico e passa a ser um projeto da comissão (CD – Committee Draft).
Etapa 3 Se houver um consenso, passa-se para a próxima etapa.

O projeto de norma internacional (DIS – Draft International Standard) é enviado a


Etapa 4 todos os membros da ISO, para questionar e comentar.

O projeto final da norma (FDIS – Final Draft International Standard) é enviado a


todos os membros da ISO para nova análise. Se aprovada, passa-se para a
Etapa 5 próxima etapa.

A norma ISO é publicada.


Etapa 6

Fonte: adaptado de International Organization for Standardization (ISO).

•• Etapa 1

A primeira etapa é confirmar se uma nova norma internacional na


área de assunto é realmente necessária e se não trata de revisões e
alterações de normas ISO existentes, sendo submetida à comissão
para votação. Os direitos autorais, patentes ou avaliação da confor-
midade são levantados nesta fase.

•• Etapa 2

Um grupo de trabalho é nomeado pela comissão principal para pre-


parar o projeto da norma (WD – Working Draft), que é exaustivamente
analisado até que os especialistas entendam que a melhor solução
foi desenvolvida. O projeto da norma é então enviado para a comissão

Normalização e certificação 29
principal do grupo técnico, que irá decidir qual será o próximo estágio

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
(fase de comissão ou estágio de inquérito).

•• Etapa 3 (opcional)

Durante esta etapa, o projeto do grupo de trabalho é compartilhado


com os membros da comissão principal. O projeto de comissão (CD
– Committee Draft) é distribuído aos membros da comissão que, em
seguida, comentam e votam usando a votação do portal eletrônico da
ISO. CDs sucessivos podem circular até que se atinja um consenso
sobre o conteúdo técnico.

•• Etapa 4

O Projeto de Norma Internacional (DIS – Draft International Standard)


é enviado ao secretariado central da ISO pelo secretário da comissão
e distribuído a todos os membros da ISO, que têm 3 meses para ana-
lisar, votar e comentar sobre ele. Se o DIS for aprovado o projeto vai
direto para publicação ou pode incluir o estágio FDIS, se necessário.

•• Etapa 5

Caso o DIS seja significativamente revisto e comentado após apro-


vação, as comissões podem decidir realizar o FDIS – Final Draft
International Standard e ele é submetido novamente à ISO. O FDIS é
distribuído a todos os membros da ISO para nova análise e votação
em dois meses.

•• Etapa 6

O secretário envia o documento final para publicação. Somente as


correções editoriais são feitas no texto final, publicado pela secretaria
central da ISO como norma internacional.

Todo o trabalho técnico da ISO, incluindo os comités técnicos, é ad-


ministrado pelo conselho de gestão técnica (TMB).

30 Sistema de gestão, certificações e auditorias


2 Processo de certificação
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Documento emitido pelo organismo de certificação, credenciado


pela coordenação geral de acreditação do Inmetro, de acordo com
as regras de um sistema de certificação e que atesta a qualida-
de de um sistema, processo, produto ou serviço. O documento é
emitido com base em normas elaboradas por entidades reconhe-
cidas ou com base em regulamentos técnicos emitidos por órgãos
regulamentadores oficiais. A certificação de conformidade é um
documento de espectro abrangente que pode certificar qualquer
material, componente, equipamento, interface, protocolo, proce-
dimento, função, método e atividade de organismos ou pessoas.
(INMETRO, 2016)

Adaptando o conceito acima para os sistemas de gestão, uma certi-


ficação é um processo no qual uma entidade de 3ª parte (em geral cha-
mada de certificadora) avalia se determinado sistema de gestão atende
aos requisitos de suas normas (exemplo: ISO 9001 e ISO 14001). Essa
avaliação se baseia em auditorias na documentação e no processo ope-
racional, na coleta de informações e registros buscando evidências de
conformidade com os requisitos da norma a ser certificada. Estando
tudo em conformidade, a empresa recebe o certificado de conformida-
de referente à norma avaliada.

2.1 Tipos de auditorias

Segundo a NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para auditoria de siste-


mas de gestão, a auditoria é um processo sistemático, documentado e
independente para obter evidência de auditoria (registros, apresentação
de fatos ou outras informações, pertinentes aos critérios de auditoria)
e avaliá-la, objetivamente, para determinar a extensão dos critérios de
auditoria (conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos usados
como uma referência na qual a evidência de auditoria é comparada)
atendidos.

Normalização e certificação 31
Antes de abordarmos o processo de certificação, vamos entender

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
quais são os tipos de auditorias e seus objetivos:

•• Auditoria de 1a parte

Auditorias conduzidas pela própria organização, ou em seu nome,


para análise crítica pela direção e outros propósitos internos, que po-
dem formar a base para uma autodeclaração de conformidade da
organização.

•• Auditoria de 2a parte

Auditorias realizadas por partes que têm um interesse na organiza-


ção, tais como clientes, ou por outras pessoas que as realizam em
seu nome.

•• Auditoria de 3a parte

Auditoria efetuada por uma organização independente para fins de


verificação, de controle ou de certificação.

A figura 3 ilustra os tipos de auditorias e suas relações entre cliente,


fornecedor e certificadora. Lembrando que apenas com a auditoria de
3ª parte é possível a obtenção de um certificado reconhecido interna-
cionalmente, tal como a certificação ISO 9001 e a ISO 14001.

Figura 3 – Auditorias de 1ª, 2ª e 3ª partes

Auditoria de Organismo
certificação de 3a parte Certificador Credibilidade

Necessidade

Auditoria
Fornecedor Cliente
de 1a parte
Serviço

Auditoria de credenciamento de 2a parte

32 Sistema de gestão, certificações e auditorias


2.2 Processo de certificação
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O processo de certificação contém as seguintes etapas:

Figura 4 – Etapas do processo de certificação

Implementação Contratação de
do sistema organismo
de gestão certificador acreditado

Pré-auditoria
Fase 2 Fase 1
(opcional)

Acompanhamento
Validade
(manutenção)

•• Implementação do sistema de gestão

O primeiro passo para o processo de certificação é a implementação


do sistema de gestão desejado, podendo ser de qualidade (ISO 9001),
ambiental (ISO 14001), segurança e saúde ocupacional (OHSAS
18001, que será substituída pela ISO 45000 em 2018), entre outros
sistemas de gestão específicos. A organização também pode certifi-
car um ou mais sistemas de gestão, desta forma é considerado um
sistema de gestão integrado.

•• Contratação de organismo certificador acreditado

Ao final ou após a implementação do sistema de gestão, a organi-


zação contrata um organismo certificador acreditado pelo Inmetro
(Brasil), independente, que fará a avaliação da conformidade dos

Normalização e certificação 33
requisitos da organização frente às normas de referência do sistema

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
de gestão.

•• Fase 1

Será realizada em campo pelo auditor do organismo certificador, li-


mitando-se a uma verificação dos documentos do sistema de gestão
estabelecido, legislações aplicáveis, existência de licenças básicas,
etc.

Lembrando que a organização deve estar com a documentação mí-


nima exigida: política e objetivos, manual do sistema de gestão (qua-
lidade), procedimentos obrigatórios (conforme a exigência da norma
do sistema de gestão), legislação identificada e atendida, além de ter
cumprido um ciclo de auditoria interna e um ciclo de análise crítica
pela direção.

•• Pré-auditoria (opcional)

As organizações poderão solicitar essa atividade para verificar a ade-


quação do sistema de gestão. A atividade não faz parte do processo
de certificação, porém é altamente recomendável que a organização
a realize porque será uma prévia da fase 2 e costuma-se estabelecer
um reconhecimento do auditor, já que na maioria dos casos é o mes-
mo auditor quem realiza a fase 1, a pré-auditoria e a fase 2.

•• Fase 2

Após a análise documental, a organização se encontra apta para a


fase 2, que é realizada em campo pelo auditor, na qual, ao final da
atividade, a empresa será recomendada (ou não) para a certificação
com base na norma de referência.

•• Acompanhamento (manutenção)

Será realizado em intervalos anuais ou semestrais de maneira amos-


tral, conforme contrato com o organismo certificador.

34 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• Validade
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A certificação tem validade de 3 anos, devendo – após esse período


– o sistema de gestão ser recertificado. A organização pode manter o
mesmo organismo certificador ou trocá-lo por outro.

Considerações finais
Neste capítulo abordamos a estrutura e o funcionamento da ISO –
International Organization for Standardization e todo o processo de de-
senvolvimento de uma norma internacional ISO até a sua publicação.

Também abordamos as etapas de um processo de certificação


de um sistema de gestão por um organismo certificador acreditado
(certificadora).

Vale ressaltar que as normas referentes aos diversos sistemas de


gestão, tais como a ISO 9001 (qualidade) e a ISO 14001 (ambiental) são
aplicáveis a todos os tipos e tamanhos de organizações. Porém, para
que um sistema de gestão seja efetivo, é necessário o entendimento
sobre os requisitos do sistema de gestão estabelecido e ainda sobre
o negócio da organização de forma que agregue valor a ela. Ou seja, o
sistema de gestão depende dos responsáveis pela sua implementação
e dos gestores da organização.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 19011:2012
– Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: NBR, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2011.

Normalização e certificação 35
HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO, João

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, respon-
sabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Senac, 2008.

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA


(INMETRO). Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br>. Acesso em: 20 maio
de 2016.

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION (IEC). Disponível em:


<http://www.iec.ch>. Acesso em: 27 maio 2016.

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INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION (ITU). Disponível em:


<http://www.itu.int>. Acesso em: 27 maio 2016.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2006.

36 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 3

NBR ISO 14001

Um sistema de gestão ambiental ajuda as organizações a identificar,


gerenciar, monitorar e controlar seus impactos ambientais com uma vi-
são abrangente de seu negócio. Com o objetivo de padronizar um siste-
ma de gestão ambiental que fosse aplicável a todas as organizações, in-
dependentemente de seu porte e capital financeiro, a ISO – International
Standardization for Organization publicou em 2004 a primeira versão da
norma ISO 14001 – sistema de gestão ambiental.

Neste capítulo, vamos estudar o processo de desenvolvimento da


ISO 14001, entender quais são os seus princípios e pilares e o que é o
ciclo PDCA. Também vamos estudar como funcionam a estrutura e os
requisitos dessa norma.

37
1 Processo de criação da ISO 14001

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Em 1993 a ISO – International Standardization for Organization
constituiu o comitê técnico TC-207, responsável por elaborar uma série
de normas internacionais para a padronização das questões ambientais
de qualquer tipo de organização e que pudessem nortear a certificação
por entidades credenciadas.

O comitê técnico TC-207 está orientado por um conjunto de premis-


sas e considerações, incluindo as seguintes concepções:

•• as questões ambientais estão sendo consideradas cada vez mais


importantes por consumidores, governos, empresas e partes in-
teressadas em geral, em todo o mundo;

•• estão cada vez mais claras, mundialmente, as estreitas vincula-


ções entre conservação ambiental, sucesso empresarial e viabili-
dade e vitalidade econômica;

•• a crescente evolução para uma economia globalizada de bens e


serviços determina a necessidade de normalização e harmoniza-
ção das questões ambientais;

•• as normas de gerenciamento ambiental devem ser formuladas


em sintonia com as de gerenciamento da qualidade (TC-176/sé-
rie ISO 9000);

•• a formulação das normas de gerenciamento ambiental deve es-


tar claramente comunicada e permanentemente em discussão
com as partes interessadas.

O comitê técnico TC-207 está estruturado em subcomitês técnicos,


da seguinte forma:

•• SC1 – sistema de gestão ambiental, responsável pelo desenvol-


vimento de padrões internacionais para sistema de gestão am-
biental e outros padrões de apoio (tais como a ISO 14001 e a ISO

38 Sistema de gestão, certificações e auditorias


14004 – sistemas de gestão ambiental – linhas de orientação
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

gerais sobre implementação) que atendam às necessidades do


mercado e de sustentabilidade;

•• SC2 – auditoria ambiental, responsável pelo desenvolvimento


de padrões sobre auditoria ambiental e relatórios de sustentabili-
dade, tal como a ISO 14015 – gestão ambiental e avaliação am-
biental de sítios e organizações;

•• SC3 – rotulagem ambiental, responsável pelo desenvolvimento


de padrões sobre a série de selos e declarações ambientais, tal
como a ISO 14020 – rótulos e declarações ambientais – princí-
pios gerais;

•• SC4 – avaliação de desempenho ambiental, responsável pelo


desenvolvimento de padrões sobre desempenho ambiental, tal
como a ISO 14031 – gestão ambiental – avaliação de desempe-
nho ambiental – linhas de orientação;

•• SC5 – análise do ciclo de vida, responsável pelo desenvolvimento


de padrões sobre a série análise do ciclo de vida, tal como a ISO
14040 – gestão ambiental – avaliação do ciclo de vida – princí-
pios e enquadramento;

•• SC6 – termos e definições, responsável pelo desenvolvimento de


padrões sobre o vocabulário, tal como a ISO 14050 – gestão am-
biental – vocabulário;

•• SC7 – gerenciamento de gases do efeito estufa e atividades rela-


cionadas, responsável pelo desenvolvimento de padrões sobre a
série gases de efeito estufa, tal como a ISO 14064-1 – gases com
efeito de estufa – parte 1: especificações com linhas de orienta-
ção ao nível da organização para a quantificação e comunicação
de emissão e remoção de gases com efeito de estufa;

•• WG – inclusão de aspectos ambientais em normas de produtos,


grupo responsável pelo desenvolvimento de padrões sobre os

NBR ISO 14001 39


aspectos de impactos ambientais de produtos, tal como a ISO TR

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
14062 – gestão ambiental – integração de aspectos ambientais
no design e desenvolvimento de produto.

Esses subcomitês são responsáveis pelo desenvolvimento das nor-


mas em seus respectivos temas. Essa série de normas desenvolvidas
por estes subcomitês foi designada como normas série ISO 14000. A
família de normas ISO 14000 fornece ferramentas práticas para empre-
sas e organizações de todos os tipos que procuram gerir as suas res-
ponsabilidades ambientais.

A área da ISO responsável pela série ISO 14000 é o comitê técnico 207,
chamado TC-207. Seu correspondente na ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas é o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental, chama-
do de CB-38. A ABNT também é a responsável pela tradução e publica-
ção das normas ISO.

Um sistema de gestão ambiental (SGA) – baseado na norma ISO


14001 – é uma estrutura desenvolvida para auxiliar as organizações,
independentemente de seu tipo ou porte, a planejar consistentemen-
te ações, prevenir e controlar impactos significativos sobre o meio
ambiente, gerenciar riscos e melhorar continuamente o desempenho
ambiental e a produtividade. Além desses aspectos, um SGA permite
avaliar e monitorar a conformidade em relação ao atendimento dos re-
quisitos legais.

PARA SABER MAIS

Existem mais de 300 mil certificações ISO 14001 em 171 países ao


redor do mundo. Para saber mais sobre esses dados e até visualizar
o mapa dessas certificações, há informações no site da ISO.

40 Sistema de gestão, certificações e auditorias


2 ISO 14001 – princípios e pilares
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O desenvolvimento sustentável é o equilíbrio entre os aspectos dos


princípios econômicos, sociais e ambientais, que permite satisfazer às
necessidades atuais sem comprometer a capacidade de as gerações
futuras satisfazerem às suas próprias necessidades.

Em outro conceito mais contemporâneo,

desenvolvimento sustentável pode ser entendido como um pro-


cesso de transformação, no qual a exploração dos recursos, a
direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica
e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial
presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações
humanas. (CMMAD, 1991, p. 49)

A norma vem relembrar que as expectativas da sociedade são cres-


centes e abrangem agora todos os aspectos da proteção ambiental,
para além da prevenção da poluição. A 14001 afirma a sua proposta
de valor de contribuir para o princípio ambiental do desenvolvimento
sustentável.

Figura 1 – Tripé da sustentabilidade

Cuidado do planeta Prosperidade


Proteção ambiental, recursos renováveis, Resultado econômico, direito
ecoeficiência, gestão de resíduos, gestão dos acionistas, competitividade,
de riscos, econômica Ambiental Econômico relação entre clientes e fornecedores
S

Social

Dignidade humana
Direitos dos trabalhadores, envolvimento
com a comunidade, transparência, postura ética S = Sustentabilidade

Fonte: adaptado de Lassu, s/d.

NBR ISO 14001 41


Segundo a norma ISO 14001:2015 – sistema de gestão ambiental,

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os pilares necessários para obter sucesso a longo prazo e para criar
alternativas que contribuam para um desenvolvimento sustentável são:

•• proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos im-


pactos ambientais adversos;

•• mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambien-


tais na organização;

•• auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e ou-


tros requisitos;

•• aumento do desempenho ambiental;

•• controle ou influência no modo que os produtos e serviços da or-


ganização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos
e descartados, utilizando uma perspectiva que possa prevenir o
deslocamento involuntário dos impactos ambientais dentro do
ciclo de vida;

•• alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem


resultar da implementação de alternativas ambientais que refor-
çam a posição da organização no mercado;

•• comunicação de informações ambientais para as partes interes-


sadas pertinentes.

3 O ciclo PDCA
A base para a abordagem que sustenta um sistema de gestão am-
biental é fundamentada no conceito Plan-Do-Check-Act (PDCA). O ciclo
PDCA fornece um processo interativo utilizado pelas organizações para
alcançar a melhoria contínua, ajudando a estruturar qualquer ativida-
de e/ou projeto de uma organização segundo as suas quatro etapas
(Plan-Do-Check-Act).

42 Sistema de gestão, certificações e auditorias


O ciclo PDCA pode ser aplicado a um sistema de gestão ambiental
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e a cada um dos seus elementos individuais. Pode ser brevemente des-


crito como a seguir:

•• Planejar (Plan) – estabelecer os objetivos ambientais e os proces-


sos necessários para que esses objetivos sejam atingidos confor-
me a política ambiental estabelecida pela organização;

•• Fazer (Do) – implementar os processos conforme planejados na


fase anterior;

•• Checar (Check) – monitorar e medir os processos em relação à


política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos am-
bientais e critérios operacionais, e reportar os resultados;

•• Agir (Act) – tomar as possíveis ações para a melhoria contínua.

Figura 2 – Relação do ciclo PDCA com os requisitos da norma

Necessidades e
Questões internas expectativas das
e externas Contexto da organização
partes interessadas

Escopo do sistema de gestão ambiental

Planejar

Suporte e
A Melhorar Liderança
operação D

Avaliação de
desempenho

Resultados pretendidos
do sistema de gestão ambiental

Fonte: adaptado de ISO 14001: 2015.

NBR ISO 14001 43


4 Apresentação da estrutura e requisitos da

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ISO 14001
A norma ISO 14001 foi revisada em 2015, passando a adotar uma
nova estrutura de alto nível – o anexo SL (vide tabela 1) – para garantir
que a estrutura de todas as novas e futuras normas seja consistente,
conforme vimos no capítulo 1.

Tabela 1 – Estrutura do anexo SL das normas ISO

CLÁUSULA ASSUNTO

1 Escopo

2 Referências normativas

3 Termos e definições

4 Contexto da organização

5 Liderança

6 Planejamento

7 Suporte

8 Operação

9 Avaliação de performance

10 Melhoria

Esta estrutura comum assegurará uma integração mais uniforme


com múltiplos sistemas de gestão, tais como a ISO 9001:2015 – siste-
ma de gestão da qualidade e a nova ISO 45001 – sistemas de gestão
da segurança e saúde no trabalho – requisitos (publicação prevista para
2018), que substituirá a norma OHSAS 18001:2007 – sistemas de ges-
tão da saúde e segurança no trabalho.

44 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Abaixo, veremos as seções da ISO 14001, versão 2015. Repare que a
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sua estrutura está conforme o definido na tabela 1.

•• Seção 4 – Contexto da organização (fase “Planejar” do ciclo


PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer com que a organização entenda


os seus riscos e oportunidades e as necessidades e expectativas de
suas partes interessadas, assim como definir o escopo e as interações
entre os processos do sistema de gestão ambiental.

•• Seção 5 – Liderança (fase “Planejar” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a alta direção da organização


demonstre liderança e comprometimento com relação ao sistema de ges-
tão ambiental, estabeleça sua política ambiental e assegure que as respon-
sabilidades e autoridades sejam atribuídas e comunicadas à organização.

•• Seção 6 – Planejamento (fase “Planejar” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização estabeleça


ações para abordar seus riscos e oportunidades, seus aspectos e im-
pactos ambientais, requisitos legais relacionados aos seus aspectos
ambientais e o estabelecimento de ações para alcançar os seus objeti-
vos ambientais.

•• Seção 7 – Suporte (fase “Fazer” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização determine e


proveja os recursos necessários para o sistema de gestão ambiental e
os recursos humanos para assegurar a competência com base na edu-
cação, treinamentos ou experiência apropriados.

A organização deve assegurar a conscientização sobre a política am-


biental, aspectos e impactos significativos, o desempenho ambiental
sobre os requisitos legais e os processos para a comunicação interna
e externa.

NBR ISO 14001 45


A seção também determina o estabelecimento, a criação e atualiza-

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ção e o controle da informação documentada.

•• Seção 8 – Operação (fase “Fazer” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização estabeleça,


implemente, controle e mantenha os controles operacionais neces-
sários relativos aos seus riscos e oportunidades, seus aspectos e im-
pactos ambientais, requisitos legais relacionados aos seus aspectos
ambientais e o estabelecimento de ações para alcançar os seus obje-
tivos ambientais. A seção também aborda os processos necessários
para a organização se preparar e responder às potenciais situações de
emergência.

•• Seção 9 – Avaliação de performance (fase “Checar” do ciclo


PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização monitore,


meça, analise e avalie o seu desempenho ambiental e se ela está aten-
dendo aos requisitos ambientais estabelecidos conforme o planejado.
Isso inclui a avaliação do atendimento aos requisitos legais, processo
de auditoria interna e análise crítica por parte da direção.

•• Seção 10 – Melhoria (fase “Agir” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização determine as


oportunidades de melhoria e implemente as ações necessárias para al-
cançar os resultados pretendidos pelo seu sistema de gestão ambiental.

Nos próximos capítulos iremos interpretar esses requisitos e enten-


der como podemos implementá-los numa organização.

46 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Considerações finais
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Vimos neste capítulo o processo de criação da norma ISO 14001 –


sistema de gestão ambiental pela ISO – International Standardization
for Organization e como ela pode ajudar todas as organizações, inde-
pendentemente de seu porte e capital financeiro, a identificar, gerenciar,
monitorar e controlar seus impactos ambientais com uma visão abran-
gente de seu negócio.

Estudamos também os princípios e pilares do sistema de gestão


ambiental, os quais pudemos observar na figura 2.

Estudamos ainda como funcionam a estrutura e os requisitos da


norma ISO 14001, baseada na estrutura de alto nível que é o anexo SL,
desenvolvido para padronizar a estrutura de todas as normas de siste-
mas de gestão publicadas pela ISO.

A partir do próximo capítulo, vamos entender como estes requisitos


da norma podem ser aplicados às organizações.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO
14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e


instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2011.

COMISSÃO MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE (CMMAD). Nosso futuro co-


mum. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1991.

HOFFMANN, S. C.; TAVARES, J. C.; RIBEIRO NETO, J. B. M. Sistemas de gestão


integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e segurança e
saúde no trabalho. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.

NBR ISO 14001 47


INTERNATIONAL STANDARDIZATION FOR ORGANIZATION (ISO). ISO/IEC

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Directives, Part 1 Consolidated ISO Supplement — Procedures specific to ISO.
Suíça: ISO, 2015.

LABORATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE (LASSU). Departamento de engenha-


ria de computação e sistemas digitais. Escola politécnica/USP. Disponível em:
<http://lassu.usp.br/sustentabilidade/pilares-da-sustentabilidade>. Acesso em:
10 jul. 2016.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2006.

48 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 4

Contexto da
organização

O requisito 4 – contexto da organização – foi inserido na versão


2015 da ISO 14001 – sistema de gestão ambiental. O entendimento so-
bre a organização e o contexto em que ela está inserida passa a ser um
passo fundamental na definição de qualquer sistema de gestão, assim
como o ambiente em que ela opera, a competitividade em seu setor, as
necessidades de suas partes interessadas, etc.

Ao implantar esse requisito, a organização deve identificar seus fa-


tores internos (aspectos ambientais, recursos, localização em zonas de
proteção ambiental, capacitação de seus funcionários, etc.) e externos
(legislações ambientais, fatores políticos, requisitos de clientes, merca-
do, etc.), assim como identificar as partes interessadas em seu negócio

49
(clientes, fornecedores, funcionários, governo, ONGs, etc.). Os fatores

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relevantes para a organização devem ser analisados e adotados no sis-
tema de gestão ambiental.

Vale ressaltar que esse requisito também é aplicável na mesma


abordagem, porém com o foco na qualidade, na ISO 9001:2015 – sis-
tema de gestão da qualidade, adotado pela nova estrutura do anexo SL
das normas em sistemas de gestão ISO.

O objetivo do requisito é fazer que as organizações, incluindo as pe-


quenas, adotem estratégias de sustentabilidade para seus negócios, tal
como as grandes organizações já o fazem.

Neste capítulo, vamos estudar o requisito 4 – contexto da organiza-


ção – e vamos aprender a identificar os fatores internos e externos, as
partes interessadas da organização, estabelecer o escopo do sistema
de gestão ambiental e as interações entre seus processos.

1 Contexto da organização

1.1 Entendendo a organização e seu contexto

O objetivo deste requisito é que a organização determine questões


externas e internas que sejam pertinentes ao seu propósito e que afe-
tem sua capacidade de alcançar os resultados pretendidos do seu sis-
tema de gestão ambiental. E a evidência exigida é que sejam definidos
métodos para obter e monitorar essas informações e as considerar no
estabelecimento e manutenção do sistema de gestão ambiental.

O propósito da organização é a razão da sua existência, normalmen-


te definido no seu contrato social, observado naquilo que faz e entrega
aos clientes. Esse propósito pode estar descrito e documentado, sendo
comum fazê-lo na definição da missão.

50 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Compreender o contexto da organização, por meio de observação,
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análise e avaliação do interior e exterior, é importante para determinar


fatores que a influenciam de forma positiva ou negativa. Esses fatores
podem afetar o seu propósito e a sua capacidade para atingir os resulta-
dos pretendidos com o sistema de gestão ambiental, tal qual a melhoria
do desempenho ambiental, o cumprimento dos requisitos legais e o al-
cance dos objetivos ambientais.

Identificar as questões internas é compreender a realidade da orga-


nização: quem somos, o que fazemos, para quem fazemos, com quais
meios, com quais pessoas, as possibilidades existentes para alcançar
os seus objetivos e os resultados esperados do sistema de gestão am-
biental. As características ou condições internas da organização podem
incluir ainda: suas atividades, produtos e serviços, direcionamento es-
tratégico, cultura e capacidades (por exemplo, pessoas, conhecimentos,
processos, sistemas).

Figura 1 – Questões internas

Quem somos?

Cultura e O que
capacidade fazemos?

Questões
internas
Para quem?
Estratégias E de que jeito?

Produtos
e serviços

Contexto da organização 51
Identificar questões externas é compreender o que pode influenciar

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a organização ou por quem ela pode ser afetada. Devemos levar em
consideração os níveis: local, regional, nacional, internacional ou global.
Também devemos considerar: concorrentes, legislações, questões cul-
turais, socioeconômicas, políticas, financeiras e tecnológicas.

Figura 2 – Questões externas

Concorrentes

Local Tecnológicas

Legislações Global

Questões
Culturais Financeiras
externas

Nacional Regional

Socioeconômicas Políticas

O estabelecimento das questões internas e externas pode


incluir as condições ambientais, afetadas pela organização ou que
podem afetá-la.

São exemplos de condições ambientais para as questões externas:

52 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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Figura 3 – Condições ambientais para questões externas

Contaminação do Recursos
solo e descarte naturais:
correto de licenças para uso
resíduos sólidos

Condições
Qualidade ambientais Biodiversidade:
do efluente para questões degradação
externas

Seres humanos e
Qualidade do ar suas inter-relações

•• ar – qualidade do ar;

•• água – qualidade do efluente (questões externas);

•• solo e seu uso, incluindo a sua contaminação e descarte correto


de resíduos sólidos;

•• recursos naturais – outorga/licenças para uso;

•• biodiversidade e degradação de ecossistemas, flora e fauna


– degradação;

•• seres humanos e as suas inter-relações, tais como alterações


climáticas, qualidade do ar, qualidade e disponibilidade da água;
entre outros.

São exemplos de condições ambientais para as questões internas:

Contexto da organização 53
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Figura 4 – Condições ambientais para questões internas

Prevenção
da contaminação Recursos
do solo e naturais: uso de
gerenciamento recursos naturais
de resíduos

Condições Biodiversidade:
Captação e ambientais para política de
reúso da água questões internas preservação

Políticas e Seres humanos e


programas para a suas inter-relações
qualidade do ar

•• ar – políticas e programas para a qualidade do ar;

•• água – captação de água bruta (rios, lagos, etc.) e reúso da água,


após tratamento, para utilização em processos;

•• solo e seu uso, incluindo a sua contaminação – prevenção da


contaminação do solo e gerenciamento de resíduos;

•• recursos naturais – uso de recursos naturais de forma sustentável;

•• biodiversidade e degradação de ecossistemas, flora e fauna –


política de preservação;

•• seres humanos e as suas inter-relações, tais como políticas e


programas sobre alterações climáticas, qualidade do ar, qualida-
de e disponibilidade da água.

A intenção desse requisito é prover uma conceitualização de alto ní-


vel das questões importantes que podem afetar, tanto positiva como

54 Sistema de gestão, certificações e auditorias


negativamente, a maneira pela qual a organização gerencia suas res-
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ponsabilidades ambientais.

No quadro 1, segue um exemplo para determinação de questões in-


ternas e externas, referente a uma indústria química que fabrica produ-
tos para higiene e limpeza em geral.

Quadro 1 – Determinação de questões internas e externas

CARACTERÍSTICA QUESTÕES INTERNAS QUESTÕES EXTERNAS COMO MONITORAR?

Fabricamos
Reuniões semestrais
produtos químicos Não atendemos
Atividades de análise crítica pela
para higiene e clientes no varejo.
direção.
limpeza em geral.

Funcionários do Descrição de cargo.


setor produtivo Não há mão de obra Programas de
Pessoas
têm baixa qualificada na região. treinamentos internos.
escolaridade.

Avaliar alternativas
Abastecimento de
Abastecimento de para o abastecimento
água potável (via
Condições água potável pode de água potável (via
concessionária),
Ambientais sofrer limitações em concessionária) para
para resfriamento
períodos de secas. uso em resfriamento das
das caldeiras.
caldeiras.

Ser reconhecida como


uma organização
Programas de
Estratégico responsável Objetivos ambientais.
sustentabilidade.
nos aspectos
socioambientais.

Programas
Apoio financeiro a
de educação
Sociedade ONG de educação Objetivos ambientais.
ambiental em
ambiental.
parceria com ONG.

Lançamento
de efluentes Poluição do rio.
Requisitos Objetivo ambiental para
industriais na rede Auto de infração e
Legais implantação de ETE.
pública de coleta multas ambientais.
de esgotos.

Contexto da organização 55
1.2 Entendendo as necessidades e as expectativas das

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partes interessadas

O objetivo desse requisito é identificar e determinar as partes interes-


sadas envolvidas no sistema de gestão ambiental e as necessidades e
as expectativas delas, bem como quais dessas necessidades e expec-
tativas se tornam requisitos legais e outros requisitos em seu sistema
de gestão ambiental, relacionados a essas partes interessadas.

A evidência exigida para o requisito é demonstrar quais foram as par-


tes interessadas determinadas como significativas dentro do sistema
de gestão ambiental e as necessidades e as expectativas delas, bem
como quais foram os requisitos legais e outros requisitos determinados
como as necessidades e expectativas das partes interessadas em seu
sistema de gestão ambiental. Convém que essas determinações sejam
documentadas.

Uma parte interessada, ou stakeholder, é “uma pessoa ou organiza-


ção que pode afetar, ser afetada, ou considerar-se afetada por uma de-
cisão ou atividade” da organização. A organização deve identificar as
partes interessadas que considera relevantes no contexto do sistema
de gestão ambiental e determinar quais são as respectivas necessida-
des e expectativas relevantes das partes interessadas.

As partes interessadas diretamente na organização podem ser: tra-


balhadores, acionistas, sindicatos, seguradoras, clientes, fornecedores
de produtos e serviços (provedores externos), associações empresa-
riais e concorrentes. Temos também o governo e seus órgãos (ambien-
tais, Ministério do Trabalho, Ibama) e ainda as comunidades vizinhas,
a sociedade civil e as ONGs. Porém nem todas as partes interessadas
são relevantes no contexto do sistema de gestão ambiental. Para de-
terminar essa relevância é preciso determinar como é que as partes
interessadas afetam ou podem afetar a organização.

56 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Conforme citado no anexo A referente ao requisito 4.2 da ISO 14001:
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Requisitos de partes interessadas não são necessariamente os


requisitos da organização. Alguns requisitos de partes interessa-
das refletem necessidades e expectativas que são obrigatórias,
por terem sido incorporadas em leis, regulamentos, autorizações
e licenças, por decisão governamental ou judicial. A organização
pode decidir voluntariamente aceitar ou adotar outros requisitos
de partes interessadas (por exemplo, por eventual relação contra-
tual, inscrevendo-se em uma iniciativa voluntária). Uma vez ado-
tados pela organização, eles se tornam requisitos organizacionais
(ou seja, requisitos legais e outros requisitos) e são levados em
consideração no planejamento do sistema de gestão ambiental.

As partes interessadas devem ser consideradas no estabelecimento


e manutenção do sistema de gestão ambiental, reforçando a finalidade
de este ser adequado à realidade e aos objetivos da organização.

No quadro 2, segue um exemplo para determinação de necessida-


des e expectativas das partes interessadas, referente a uma indústria
química que fabrica produtos para higiene e limpeza em geral.

Quadro 2 – Determinação de necessidades e expectativas das partes interessadas

REQUISITO
STAKEHOLDER NECESSIDADES EXPECTATIVAS LEGAL/OUTROS
RELACIONADOS

Trabalhar em uma
organização com
Funcionários Manter o emprego. Não aplicável.
responsabilidade
socioambiental.

Ser reconhecida como


uma organização
Ações na bolsa
Acionistas Obter lucro. responsável
de valores.
nos aspectos
socioambientais.

Contexto da organização 57
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REQUISITO
STAKEHOLDER NECESSIDADES EXPECTATIVAS LEGAL/OUTROS
RELACIONADOS

Geração de
empregos e
Que a organização não
Sociedade desenvolvimento Não aplicável.
polua o meio ambiente.
econômico da
região.

Apoio para o Expansão dos


desenvolvimento programas de
ONGs de programas educação ambiental Não aplicável.
de educação na organização e na
ambiental. sociedade.

Desenvolvimento
Atendimento de de programas de Efluentes industriais.
Órgão
100% da legislação recuperação de áreas Resíduos sólidos.
ambiental
ambiental. degradadas e de Poluição atmosférica.
reflorestamento.

1.3 Determinando o escopo do sistema de gestão


ambiental

O objetivo deste requisito é determinar os limites e a aplicabilidade


do sistema de gestão ambiental para estabelecer o seu escopo, consi-
derando: as questões externas e internas, os requisitos legais e outros
requisitos, suas unidades organizacionais (filiais), funções e limites físi-
cos, suas atividades, produtos e serviços e sua autoridade e capacidade
de exercer controle e influência.

A evidência exigida para esse requisito é que todas as atividades,


produtos e serviços da organização dentro desse escopo sejam trata-
dos no sistema de gestão ambiental. O escopo deve ser mantido como
informação documentada e estar disponível para as partes interessadas:

58 Sistema de gestão, certificações e auditorias


O escopo do sistema de gestão ambiental destina-se a esclarecer
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os limites físicos e organizacionais aos quais se aplica o sistema


de gestão ambiental, especialmente se a organização for parte de
uma organização maior. Uma organização possui a liberdade e fle-
xibilidade para definir seus limites. Ela pode optar por implementar
esta norma em toda a organização, ou somente em parte(s) espe-
cífica(s) da organização, contanto que a alta direção dessa(s) par-
te(s) tenha autoridade para estabelecer um sistema de gestão am-
biental. (Comentários do anexo A, requisito 4.3 da ISO 14001:2015)

Atividades, produtos, serviços ou instalações que têm ou podem


ter aspectos ambientais significativos ou com requisitos legais e ou-
tros requisitos não convêm que sejam excluídos do escopo. Caso es-
tejam, os limites do seu sistema de gestão ambiental não serão reais e
representativos.

A determinação do âmbito é a definição dos produtos, serviços, ati-


vidades e locais que a organização vai gerir no seu sistema de gestão
ambiental, o que implica definir limites físicos e organizacionais.

A maioria das organizações aplicam o sistema de gestão ambien-


tal em todos os seus produtos e/ou serviços e em seus limites físicos,
ou seja, em toda a sua planta. Assim, determinar o escopo é relativa-
mente simples.

NA PRÁTICA

Segue um exemplo de escopo do sistema de gestão ambiental de


uma indústria química: a XPTO Química Ltda, localizada na cidade de
São Paulo – SP, desenvolve, produz, envasa, comercializa e transpor-
ta produtos químicos para higiene e limpeza em geral, para o merca-
do atacadista, com abrangência em todo o território nacional.

Contexto da organização 59
1.4 Sistema de gestão ambiental

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O objetivo desse requisito é garantir o estabelecimento, a implemen-
tação, a manutenção e a melhoria contínua de seu sistema de gestão
ambiental, considerando as suas questões internas e externas e as ne-
cessidades e expectativas das partes interessadas.

O sistema de gestão ambiental tem como objeto a gestão dos as-


pectos ambientais significativos das atividades, produtos e serviços de
uma organização, visando a prevenção ou mitigação dos seus impac-
tos ambientais, efeitos adversos sobre o ambiente, e a maximização
de eventuais efeitos benéficos sobre ele. O objetivo é melhorar o de-
sempenho ambiental da organização e cumprir as obrigações de suas
legislações.

A organização deve considerar as seguintes questões:

•• estabelecer um ou mais processos para ter confiança de que


ele(s) esteja(m) controlado(s), executado(s) como planejado e al-
cançando os resultados desejados;

•• integrar os requisitos do sistema de gestão ambiental em seus


vários processos de negócio, como projeto e desenvolvimento,
compras, recursos humanos, vendas e marketing;

•• incorporar questões associadas ao contexto da organização (ver


item 1.1) e requisitos de partes interessadas (ver item 1.2) dentro
do sistema de gestão ambiental.

O requisito resume todos os requisitos do sistema de gestão am-


biental baseado na ISO 14001, enfatizando o alcance dos resultados
pretendidos e o aumento do desempenho ambiental. Também reforça
alguns novos conceitos, tais como: contexto da organização, partes in-
teressadas e ciclo de vida.

60 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Considerações finais
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A seção 4 – contexto da organização aborda as questões internas e


externas da organização, as necessidades e as expectativas das partes
interessadas, assim como o escopo do sistema de gestão ambiental.

As questões internas e externas devem ser conhecidas e a organiza-


ção deve determinar aquelas que podem afetar a sua capacidade de al-
cançar os resultados pretendidos pelo seu sistema de gestão ambiental.

A identificação e a determinação das necessidades e das expecta-


tivas das partes interessadas pela organização ajudam-na a compre-
ender e a tratar aquilo que é significativo dentro do sistema de gestão
ambiental, e a alcançar os resultados desejados.

O escopo do sistema de gestão ambiental determina os limites e a


aplicabilidade deste, de forma a deixar claro quais são as atividades,
processos e produtos que devem ser estabelecidos, implementados,
mantidos e melhorados continuamente.

Nesta seção observamos que o objetivo é entender como funciona


a inter-relação da organização entre as suas partes interessadas, para
analisar as oportunidades e riscos, assim como as suas necessidades
e expectativas. Outro objetivo da seção é definir o escopo da organiza-
ção, ou seja, os limites de aplicação dos requisitos da ISO 14001:2015,
e como estabelecer os critérios para a implementação, manutenção e
melhoria do sistema de gestão ambiental.

Esta seção é parte fundamental da nova ISO 14001 e faz parte do planejamento
do ciclo PDCA.

Contexto da organização 61
Referências

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-
cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 26 ago.
2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO, João


Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, respon-
sabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2008.

62 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 5

Liderança

O requisito 5 – liderança – foi inserido na versão 2015 da ISO 14001


– sistema de gestão ambiental, de modo a enfatizar a liderança e o com-
prometimento pela alta direção, por meio da prestação de contas pela
eficácia do sistema de gestão ambiental, do estabelecimento da política
ambiental e de seus objetivos, da integração do sistema de gestão am-
biental nos negócios da organização, da disponibilização de recursos,
da comunicação eficaz e da promoção da melhoria contínua.

Lembrando que este requisito também é aplicável, na mesma abor-


dagem, porém com o foco na qualidade, na ISO 9001:2015 – siste-
ma de gestão da qualidade, adotado pela nova estrutura do anexo SL

63
das normas em sistemas de gestão ISO – International Organization

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for Standardization.

Neste capítulo, vamos estudar o requisito 5 – liderança e seu com-


prometimento, e vamos falar também sobre a política ambiental e sobre
os papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais dentro de
um sistema de gestão ambiental.

1 Liderança
1.1 Liderança e comprometimento

O objetivo desse requisito é que a alta direção demonstre liderança e


comprometimento com relação ao sistema de gestão ambiental.

Figura 1 – Objetivo da alta direção

Alta direção

Comprometimento Liderança

Sistema
de gestão
ambiental

64 Sistema de gestão, certificações e auditorias


IMPORTANTE
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“Alta direção é uma pessoa ou grupo de pessoas que dirige e con-


trola uma organização no nível mais alto (exemplo: presidência, di-
retoria ou gerência) e tem o poder de delegar autoridade e prover
recursos na organização.” (ISO 14001:2015)

A liderança e o comprometimento da alta direção têm um papel


fundamental na implementação do sistema de gestão ambiental,
fortalecendo a sua integração à estratégia de negócios da organi-
zação, estabelecendo uma relação entre as diretrizes traçadas pela
alta direção e o operacional de forma a produzir valor e melhorar a
eficiência dos processos.

A alta direção deve demonstrar liderança e comprometimento das


seguintes formas:

•• assumindo a responsabilidade pela eficácia do sistema de gestão


ambiental. Tais responsabilidades incluem as consequências dos
impactos ambientais de seus produtos, serviços e atividades;

•• assegurando que a política ambiental e seus objetivos sejam


estabelecidos seguindo as estratégias da organização traçadas
para alcançar os resultados pretendidos e respeitando o contexto
da organização;

•• assegurando que o sistema de gestão ambiental deve estar inte-


grado nos processos do negócio da organização e não ser tratado
como algo separado, de forma a demostrar que seus requisitos
estejam alinhados com a missão da organização;

•• disponibilizando os recursos necessários para o sistema de ges-


tão ambiental para assegurar os resultados pretendidos, ou seja,
melhorar o desempenho ambiental, cumprir com as legislações

Liderança 65
e outras obrigações de conformidade e atingir os seus objetivos

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ambientais;

•• comunicando a importância de uma gestão ambiental eficaz e do


atendimento aos requisitos desse sistema, conscientizando as
pessoas sobre as consequências do não cumprimento de seus
requisitos e de suas responsabilidades, tais como acidentes am-
bientais, multas referentes às legislações ambientais, imagem da
organização na sociedade, perdas financeiras, entre outros;

•• assegurando que o sistema de gestão ambiental alcance os seus


resultados pretendidos conforme traçados na estratégia de negó-
cios da organização, através de monitoramento do desempenho
ambiental e da tomada de ações necessárias para tratar os riscos
e atingir os objetivos ambientais;

•• direcionando e apoiando todos os envolvidos que contribuem


para a eficácia do sistema de gestão ambiental, em todos os
níveis da organização, desde a liderança até o operacional. As
pessoas na organização devem estar conscientes e capacitadas
para assumirem as responsabilidades ao seu nível de atuação,
devendo ter funções, responsabilidades e autoridades definidas
e adequadas;

•• promovendo a melhoria contínua do sistema de gestão ambien-


tal, de forma a melhorar o desempenho ambiental e seus resulta-
dos planejados;

•• apoiando outros papéis da gestão, ou seja, delegando as respon-


sabilidades e autoridades à liderança da organização para auxiliar
no cumprimento de suas responsabilidades e assegurando, as-
sim, a eficácia do sistema de gestão ambiental.

A alta direção pode delegar responsabilidades específicas relaciona-


das ao sistema de gestão ambiental, como a um engenheiro ou a um

66 Sistema de gestão, certificações e auditorias


gestor ambiental, mas ela deve manter a sua responsabilidade por pres-
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tar contas para assegurar que as ações sejam realizadas.

1.2 Política ambiental

O objetivo deste requisito é estabelecer, implementar e manter uma


política ambiental que seja a diretriz da organização para o sistema de
gestão ambiental, pois segundo a ISO 14001:2015, “uma política am-
biental é um conjunto de princípios declarados como compromissos,
em que a alta direção descreve as intenções da organização para apoiar
e aumentar o seu desempenho ambiental”.

A evidência exigida para este requisito é que a organização mante-


nha a política ambiental como informação documentada, que esteja
disponível para as partes interessadas e que todos da organização se-
jam comunicados, ou seja, compreendam essa política.

A política ambiental deve ser apropriada às suas atividades, bens e


serviços, à sua localização e à realidade em que está inserida e aos
seus impactos ambientais, ou seja, a definição da política ambiental
terá como base o entendimento do contexto da organização, com o en-
volvimento da alta direção nesse processo. Ela deve prover, também,
uma estrutura para o estabelecimento de objetivos ambientais. Uma
prática adotada é estratificar o texto da política ambiental e trabalhar os
“trechos retirados da política ambiental” de forma a transformá-los em
seus objetivos ambientais.

A versão 2015 da ISO 14001 estabelece três compromissos básicos


que devem estar explícitos na política ambiental da organização: prote-
ção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos legais e outros requi-
sitos, e comprometimento com a melhoria contínua para fortalecimento
do seu desempenho ambiental.

Liderança 67
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Figura 2 – Política ambiental: compromissos explícitos

Proteção ao
meio ambiente

Sistema de
gestão ambiental
(versão 2015 da
ISO 14001)
Atendimento
Melhoria aos requisitos
contínua legais e outros
requisitos

Esses três compromissos contemplados na política ambiental são


abordados em requisitos específicos ao longo de toda a norma, com a
finalidade de que o sistema de gestão ambiental seja implementado e
mantido de forma eficaz.

O comprometimento com a proteção do meio ambiente é necessá-


rio porque as organizações estão cada vez mais responsáveis pelo am-
biente em que operam, seja em relação à disponibilidade de recursos, à
qualidade do ar, da água, do solo, seja quanto aos impactos associados
às suas atividades. Visa não somente prevenir impactos ambientais
adversos por meio da prevenção da poluição, mas também proteger o
ambiente natural dos danos e degradações resultantes das atividades,
produtos e serviços da organização. Desta forma, o compromisso da

68 Sistema de gestão, certificações e auditorias


organização com a proteção do meio ambiente está relacionado com
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sua própria competitividade e com a sustentabilidade do negócio ao


longo do tempo.

Após o estabelecimento da política ambiental, ela deve ser mantida


como informação documentada, de forma a compor a documentação
exigida pelo sistema de gestão ambiental.

A política ambiental deve ser comunicada na organização, em todos


os níveis e para todas as pessoas que trabalham em seu nome. Essa
comunicação pode ser realizada de várias formas, tais como: banners,
quadros de avisos, site da internet, intranet, entre outros. Essa mesma
forma de comunicação pode ser utilizada para disponibilizar a política
ambiental às partes envolvidas.

No quadro 1, segue um exemplo de política ambiental, referente


a uma indústria química que fabrica produtos para higiene e limpeza
em geral. Uma preocupação dessa organização é o aspecto ambiental
“lançamento de efluentes industriais”, que tem como seu impacto am-
biental (consequência do aspecto ambiental) a “poluição do rio”.

Quadro 1 – Exemplo de política ambiental

POLÍTICA AMBIENTAL

A XPTO Química LTDA., localizada na cidade de São Paulo – SP, com abrangência em todo o território
nacional, desenvolve produtos químicos para higiene e limpeza em geral.
Comprometemo-nos a:
• proteger o meio ambiente;
• prevenir a poluição ambiental, eliminando o lançamento de efluentes industriais;
• atender aos requisitos legais e outros aplicáveis, relacionados aos nossos aspectos ambientais
ligados aos efluentes industriais;
• melhorar continuamente seus processos, para aumentar o desempenho ambiental.

Liderança 69
1.3 Papéis, responsabilidades e autoridades

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organizacionais

O objetivo deste requisito é assegurar que as responsabilidades e


autoridades sejam atribuídas e comunicadas na organização.

A alta direção deve assegurar que os papéis, responsabilidades e


autoridades sejam definidos e comunicados no sistema de gestão am-
biental. As funções descrevem o papel das pessoas nas organizações,
as responsabilidades são atribuídas para clarificar as obrigações exigi-
das pela função que desempenham, e as autoridades estabelecem o
grau de autonomia de decisão que possuem para realizar ou mandar
realizar as tarefas para alcançar os objetivos pretendidos do SGA.

A organização pode adotar organogramas, descrições de cargo e até


mesmo os próprios procedimentos como forma de definir e comunicar
os papéis, responsabilidades e autoridades no sistema de gestão am-
biental. A ISO 14001:2015 – sistema de gestão ambiental não exige es-
sas informações documentadas, mas exige que elas sejam conhecidas
dentro da organização, ou seja, na prática convém que sejam informa-
ções documentadas.

A alta direção pode delegar as responsabilidades, porém deve garan-


tir que as ações necessárias sejam tomadas para que o sistema de ges-
tão ambiental alcance os resultados esperados. Delegar é o processo
pelo qual a alta direção distribui responsabilidades e confere autorida-
des às pessoas, porém ela sempre vai compartilhar a responsabilidade
com quem a recebeu.

O estabelecimento claro das responsabilidades e autoridades asse-


gura o bom funcionamento entre os diversos processos da organização
e contribui para a eficácia do sistema de gestão ambiental, ou seja, as-
segura que a conformidade com os requisitos dessa norma seja alcan-
çada e o relato do desempenho ambiental chegue à alta direção.

70 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Na versão anterior dessa norma (2004), a responsabilidade da alta
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direção era de certa forma dividida com a figura do representante da


administração, que era uma função independente de outras responsabi-
lidades e fazia a interface entre a direção e o sistema de gestão ambien-
tal. Na nova versão (2015), essa figura não existe mais, todavia não sig-
nifica que as organizações deixarão de ter uma função específica para o
sistema de gestão ambiental, tal como um técnico, analista, engenheiro,
coordenador, gestor ou gerente ambiental, entre outros.

Considerações finais
Neste capítulo abordamos o requisito 5 – liderança – e vimos como
a alta direção deve exercer a liderança e demonstrar o seu comprometi-
mento com o sistema de gestão ambiental. Vimos também como a alta
direção estabelece a política ambiental em sintonia com a estratégia da
organização. Por último, vimos sua atuação na definição e delegação
de papéis, responsabilidades e autoridades necessárias para o bom fun-
cionamento dos processos do sistema de gestão ambiental.

Vimos que a liderança e o comprometimento da alta direção têm um


papel fundamental na implementação do sistema de gestão ambien-
tal, fortalecendo a integração do sistema à estratégia de negócios da
organização.

Esta seção visa um melhor alinhamento entre os objetivos gerais do


negócio, os objetivos ambientais e de sustentabilidade, agregando va-
lor e melhorando a eficiência dos processos. Em termos práticos, isso
significa que a alta direção tem a responsabilidade pela eficácia do sis-
tema de gestão ambiental, garantindo que a política ambiental e os ob-
jetivos estabelecidos sejam compatíveis com o contexto e a estratégia
da organização, que os requisitos ambientais estejam integrados aos
processos e que os recursos necessários para alcançar os resultados
desejados estejam disponíveis.

Liderança 71
A Seção é parte fundamental da nova ISO 14001 e parte central do

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ciclo PDCA, de forma a deixar bem claro a importância da liderança para
a eficácia do sistema de gestão ambiental.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO
14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-


cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 9 set.
2016.

72 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 6

Planejamento

O requisito 6 – planejamento foi inserido na versão 2015 da ISO


14001 – gestão ambiental.

Ao implantar esse requisito, a organização deve demonstrar que


identificou os riscos e as oportunidades que podem influenciar a capa-
cidade para alcançar os resultados pretendidos e determinar quais dos
riscos e oportunidades devem ser abordados e implementados.

O planejamento do sistema de gestão ambiental, baseado na deter-


minação de aspectos ambientais, atendimento à legislação ambiental e
outros requisitos e aos riscos e oportunidades, permite à organização
identificar objetivos, formular as estratégias para atingi-los e determinar

73
os meios e os recursos necessários para a sua efetivação, incluindo a

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eficácia e a melhoria contínua de processos.

O planejamento dos processos visa permitir que a organização res-


ponda às seguintes questões:

•• Onde a organização se encontra?

•• Para onde a organização deseja ir?

•• Como a organização vai chegar aonde deseja?

Seu objetivo principal é que a organização possa avaliar e tomar as


devidas ações em relação aos seus fatores internos e externos identifi-
cados no requisito 4 – contexto da organização.

Neste capítulo, vamos estudar o requisito 6 – planejamento – com


foco no item 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades e seus su-
bitens 6.1.1 Generalidades e 6.1.2 Aspectos ambientais.

1 Planejamento

1.1 Ações para abordar riscos e oportunidades

1.1.1 Generalidades

O objetivo desse requisito é assegurar que a organização seja capaz


de alcançar os resultados pretendidos do seu sistema de gestão am-
biental, de prevenir ou reduzir os efeitos indesejados, e de alcançar a
melhoria contínua.

A evidência exigida para o requisito é manter informação documen-


tada dos riscos e oportunidades abordados neste requisito e da garan-
tia de realização desses processos determinados (6.1.1 a 6.1.4) confor-
me o planejado.

74 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Figura 1 – Objetivo e evidência: planejamento
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Objetivo: assegurar que a organização


Evidência: manter a
alcance os resultados pretendidos do
informação documentada.
seu sistema de gestão ambiental.

A organização deve estabelecer, implementar e manter os processos


necessários para atender aos requisitos de planejamento, considerando
todas as questões abordadas na seção 4 – contexto da organização –, ou
seja, o que foi identificado deve ser avaliado e deve ser determinado o que
será tratado como sendo importante para o sistema de gestão ambiental.

Devem ser considerados:

•• as questões internas e externas determinadas no item 4.1 – en-


tendendo a organização e seu contexto;

•• as necessidades e expectativas de suas partes interessadas iden-


tificadas no item 4.2 – entendendo as necessidades e expectati-
vas de partes interessadas, e determinar quais serão tratadas no
sistema de gestão ambiental;

•• o escopo do sistema de gestão ambiental conforme o item 4.3 –


determinando o escopo do sistema de gestão ambiental.

A organização deve determinar os riscos e as oportunidades relacio-


nados aos seus aspectos ambientais e seus requisitos legais e outros
requisitos, que precisam ser abordados para assegurar que o sistema
de gestão ambiental alcance seus resultados pretendidos, prevenir ou
reduzir os efeitos indesejáveis que possam afetar a organização e al-
cançar a melhoria contínua.

Os aspectos ambientais podem criar riscos associados com impac-


tos ambientais adversos e/ou oportunidades associadas aos impactos

Planejamento 75
ambientais benéficos. Esses riscos e oportunidades relacionados aos

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aspectos ambientais podem ser determinados durante o processo de
sua avaliação da significância ou determinados separadamente.

Os requisitos legais e outros requisitos podem gerar riscos e oportu-


nidades, tal como uma falha no atendimento de uma legislação especí-
fica (podendo prejudicar a imagem da organização ou ter como conse-
quência uma ação judicial). Por outro lado, a organização pode ir além
do atendimento aos seus requisitos legais (podendo ser reconhecida
como uma organização correta do ponto de vista socioambiental).

As situações de emergência devem ser tratadas como eventos não


planejados ou inesperados, mas que necessitam de recursos ou pro-
cessos específicos para prevenir ou mitigar suas consequências reais
ou potenciais. As situações de emergência podem resultar em impac-
tos ambientais adversos.

A organização deve identificar as potenciais situações de emergên-


cia (exemplo: incêndio, explosão, derramamento químico, vazamento
de efluentes industriais, condições climáticas severas), considerando:

•• os perigos existentes no local (exemplo: líquidos inflamáveis, tan-


ques de armazenamento e gases comprimidos);

•• o tipo e a escala da situação de emergência;

•• o potencial para situações de emergência em instalações próxi-


mas (exemplo: fábrica, corpos hídricos, áreas de proteção am-
biental, estrada, linha férrea).

PARA SABER MAIS


Os riscos e oportunidades devem ser determinados e abordados, po-
rém não há um requisito específico para uma gestão de risco formal
ou um processo documentado de gestão de risco. Caso a organiza-
ção deseje formalizar sua gestão de risco, ela pode ser conforme a
norma NBR ISO 31000:2009 – gestão de riscos – princípios e dire-
trizes.

76 Sistema de gestão, certificações e auditorias


1.1.2 Aspectos ambientais
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

O objetivo desse requisito é identificar os aspectos ambientais das


atividades, produtos e serviços da organização e determinar aqueles
que são significativos adotando critérios estabelecidos.

A evidência exigida para esse requisito é manter informações docu-


mentadas de seus aspectos e impactos ambientais identificados e os cri-
térios utilizados para determinar os aspectos ambientais significativos.

IMPORTANTE

Segundo a ISO 14001:2015, o impacto ambiental é uma “modifica-


ção no meio ambiente, tanto adversa como benéfica, total ou parcial-
mente resultante dos aspectos ambientais de uma organização” e o
aspecto ambiental é o “elemento das atividades, produtos ou servi-
ços de uma organização, que interage ou pode interagir com o meio
ambiente”. (NBR ISO 14001:2015 – sistema de gestão ambiental)

A organização deve determinar os aspectos ambientais, dentro do


escopo do seu sistema de gestão ambiental, incluindo as suas ativida-
des, produtos e serviços que estão sob o seu controle e também aque-
les que a organização possa influenciar, tal como sua cadeia de supri-
mentos e serviços terceirizados. Deve considerar também os produtos
pretendidos (fabricados) e os não pretendidos (subprodutos, tais como
resíduos sólidos), além das atividades atuais e seus passivos ambien-
tais e o desenvolvimento de novos produtos e processos.

Na determinação de seus aspectos ambientais, a organização


pode considerar:

•• emissões para o ar;

•• lançamentos em água e corpos hídricos;

Planejamento 77
•• lançamentos no solo;

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•• uso de matérias-primas e recursos naturais (exemplo: minérios,
gás natural, etc.);

•• uso de energia;

•• emissão de energia (exemplo: calor, radiação, vibração, ruído e


luz);

•• geração de rejeitos e/ou subprodutos;

•• uso do espaço.

O impacto ambiental pode ocorrer em escalas local, regional e glo-


bal, e também pode ser direto, indireto ou cumulativo por natureza. A
relação entre os aspectos ambientais e impactos ambientais é de causa
(aspecto ambiental) e efeito (impacto ambiental), conforme demonstra-
do no quadro 1.

Quadro 1 – Exemplos de aspectos e impactos ambientais

ASPECTOS AMBIENTAIS (CAUSA) IMPACTOS AMBIENTAIS (EFEITO)

Emissão de poeira. Alteração da qualidade do ar.

Lançamento de efluentes. Alteração da qualidade da água.

Vazamentos de óleos. Alteração da qualidade do solo e da água.

Geração de resíduos sólidos. Alteração da qualidade do solo.

Contribuição para a redução da camada de


Emissão de CFC (clorofluorcarbono).
ozônio.

Contribuição para o esgotamento de recursos


Queima de combustíveis fósseis. naturais.
Contribuição para o efeito estufa.

Emissão de ruído. Incômodo à vizinhança.

78 Sistema de gestão, certificações e auditorias


NA PRÁTICA
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Um aspecto ambiental pode causar um ou mais impactos ambientais.


Exemplo: o aspecto ambiental “queima de combustíveis fósseis” pode
causar dois impactos ambientais: 1) “contribuição para o esgotamen-
to de recursos naturais” e 2) “contribuição para o efeito estufa”.

Os aspectos ambientais significativos são determinados pela or-


ganização, aplicando um ou mais critérios estabelecidos. Em geral a
organização estabelece um método (procedimento) para a identifica-
ção de aspectos ambientais e em seguida aplica alguns critérios para
determinar quais desses aspectos ambientais são significativos. Vale
lembrar que ainda não há uma norma específica ou um método único
para determinar aspectos ambientais significativos, entretanto, convém
que o método e o critério utilizados forneçam os resultados esperados
de acordo com a realidade atual da organização.

Esse método e critério podem estar relacionados com o aspecto


ambiental (exemplos: tipo, tamanho, probabilidade e gravidade) ou com
o impacto ambiental (exemplos: escala, severidade, duração e exposi-
ção). Um critério muito comum é quando o aspecto ambiental está re-
lacionado a uma legislação ambiental ou a outros requisitos de partes
interessadas.

Um aspecto ambiental significativo pode resultar em um ou mais


impactos ambientais significativos e em riscos e oportunidades que
necessitam ser abordados para assegurar que a organização possa al-
cançar os resultados pretendidos por seu sistema de gestão ambiental.

Ao estabelecer um método, a organização pode considerar os as-


pectos ambientais relacionados às atividades, produtos e serviços da
organização, tais como:

•• projeto e desenvolvimento de suas instalações, processos, produ-


tos e serviços;

Planejamento 79
•• aquisição de matérias-primas, incluindo extração;

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•• processos operacionais ou de fabricação, incluindo o
armazenamento;

•• condições normais e anormais de operação;

•• condições de desligamento e inicialização de máquinas e equipa-


mentos, principalmente as máquinas a combustão;

•• operação e manutenção de instalações, recursos organizacio-


nais e infraestrutura;

•• desempenho ambiental e práticas de provedores externos;

•• processos terceirizados;

•• transporte de produtos e prestação de serviços, incluindo a


embalagem;

•• armazenamento, uso e tratamento pós-uso dos produtos;

•• gestão de rejeitos, incluindo a reutilização, recuperação, recicla-


gem e disposição;

•• situações de emergência razoavelmente previsíveis identificadas


em 6.1.1 – generalidades;

•• outras atividades que possam oferecer riscos e oportunidades


relacionados aos seus aspectos ambientais.

Além dos aspectos ambientais que podem ser controlados diretamen-


te, uma organização deve determinar se há aspectos ambientais que ela
pode influenciar, geralmente em processos terceirizados e de provedores
externos. Entretanto, é a organização que determina a extensão do con-
trole que ela é capaz de exercer, os aspectos ambientais que ela pode
influenciar e o alcance de sua influência.

80 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Ao determinar os aspectos ambientais, a organização deve consi-
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derar uma perspectiva de ciclo de vida, com uma avaliação cuidadosa


sobre os estágios do ciclo de vida que podem ser controlados ou in-
fluenciados pela organização sendo suficiente. Os estágios típicos do
ciclo de vida de um produto (ou serviço) incluem aquisição de matéria-
-prima, projeto, produção, transporte/entrega, uso, tratamento pós-uso
e disposição final. Os estágios do ciclo de vida que são aplicáveis irão
variar dependendo da atividade, produto ou serviço.

IMPORTANTE
Segunda a NBR ISO 14044, a ACV – análise do ciclo de vida estu-
da os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo da
vida de um produto (isto é, “do berço ao túmulo”), desde a aquisi-
ção da matéria-prima, passando por produção, uso e disposição.
As categorias gerais de impactos ambientais que necessitam ser
consideradas incluem o uso de recursos, a saúde humana e as con-
sequências ecológicas.

Figura 2 – Perspectiva de ciclo de vida

Recursos Disposição

Perspectiva de
ciclo de vida
Produção Uso

Entrega

Fonte: adaptado de APCER – Guia do utilizador ISO 14001:2015, p. 90.

Planejamento 81
Tipicamente, a perspectiva do ciclo de vida implica a consideração

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das seguintes fases: aquisição, design e desenvolvimento, produção,
transporte, entrega, uso, tratamento de fim de vida e disposição final.

Nestas fases podem ser identificadas questões relacionadas com:

•• matérias-primas, desde a produção, colheita ou extração;

•• cadeia de abastecimento;

•• desempenho ambiental e práticas dos fornecedores e prestado-


res de serviço;

•• design e desenvolvimento de produtos, serviços e processos de


realização destes;

•• projetos de novas instalações ou equipamentos, ou alterações;

•• processos de realização de produtos e serviços, incluindo produ-


ção e embalagem;

•• preservação, armazenamento, transporte, entrega e atividades


pós-entrega;

•• utilização dos bens e serviços durante a sua vida útil até a dispo-
sição final;

•• gestão de resíduos, emissões e efluentes.

PARA SABER MAIS

Para mais informações sobre ciclo de vida, vide a norma NBR ISO
14044, gestão ambiental – avaliação do ciclo de vida – requisitos e
orientações.

82 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Após a determinação de seus aspectos ambientais significativos, a
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organização deve comunicá-los, entre os diversos níveis e funções da


organização, como apropriados. Uma boa prática adotada para a comu-
nicação dos aspectos ambientais significativos é na integração e treina-
mentos dos colaboradores e nos quadros de gestão à vista.

Para finalizar o processo, a organização deve manter informações


documentadas de seus:

•• aspectos e impactos ambientais associados (identificados pela


organização);

•• critérios utilizados para determinar seus aspectos ambientais sig-


nificativos (metodologia/procedimentos);

•• aspectos ambientais significativos (tabelas, relação, planilhas, etc.).

Na tabela 1, segue um exemplo de metodologia (critérios) para a


determinação de aspectos ambientais significativos, referente a uma
indústria química que fabrica produtos para higiene e limpeza em geral.
Nesse caso, o par aspecto e impacto ambiental será significativo se o
resultado (produto) entre gravidade, probabilidade e detecção for maior
ou igual a 8 (G × P × D ≥ 8).

Nota: a coluna “plano de ação/controle operacional” será preenchida


após a definição das respectivas ações a serem definidas na seção 8
– operação.

Planejamento 83
Tabela 1 – Critérios para determinação de aspectos ambientais significativos

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Avaliação da significância
Plano de ação/
Aspecto Impacto

Probabilidade

Significado
Processo controle

Gravidade

Resultado
Detecção
ambiental ambiental
operacional

Geração de
resíduos Contaminação
Fábrica do solo. 3 3 1 9 SIM
perigosos.

Contribuição
Torres de Consumo para a
3 3 1 9 SIM
resfriamento de água. diminuição de
recursos naturais.
Contribuição
Consumo de
para a
Administrativo energia 2 2 1 4 NÃO
diminuição de
elétrica.
recursos naturais.

Consumo de Contaminação do
Caldeiras efluentes solo/rios/ 3 3 2 18 SIM
industriais. lençol freático.

Geração de Poluição
Recebimento fumaça preta atmosférica. 3 2 2 12 SIM
(caminhões).

G: 1 = baixa / 2 = média / 3 = alta; P: 1 = baixa / 2 = média / 3 = alta; D: 3 = difícil / 2 = normal / 1 = fácil; Não significativo =>
Nota < 8; Significativo => Nota >= 8

Considerações finais
Neste capítulo abordamos a seção 6 – planejamento e seu requisito
– e o item 6.1 – ações para abordar riscos e oportunidades (generalida-
des) e os aspectos e impactos da organização, em que esta deve identi-
ficar os aspectos e impactos ambientais e determinar quais desses são
considerados aspectos ambientais significativos utilizando uma meto-
dologia estabelecida pela própria organização. Uma vez determinados

84 Sistema de gestão, certificações e auditorias


os aspectos significativos, estes devem ser levados em consideração
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em todo o sistema de gestão ambiental.

O processo de determinação dos aspectos ambientais significativos


faz parte dos processos de planejamento do sistema de gestão ambien-
tal e permite à organização identificar objetivos, formular as estratégias
e determinar os meios e os recursos necessários para a sua concretiza-
ção, incluindo o monitoramento da eficácia desses processos.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.apcer-
group.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 9 mar. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para
uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

Planejamento 85
Capítulo 7

Ações para tratar


riscos associados
a ameaças e
oportunidades

O capítulo 7 visa o estudo sobre a determinação dos requisitos le-


gais e outros requisitos relacionados aos seus aspectos ambientais e
quais destes devem ser aplicados na organização. Em relação ao pla-
nejamento de ações, visa a tomada de ações para abordar os riscos e
as oportunidades que podem influenciar a capacidade de alcance dos
resultados pretendidos.

Os “requisitos legais” são os requisitos que a organização é obrigada


a cumprir por força de lei e os “outros requisitos” são os requisitos das
partes interessadas os quais a organização identificou e determinou
como sendo importante cumprir por questões comerciais, sociais ou

87
ambientais. Para o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos

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a organização dever ter uma metodologia de modo a:

•• ter acesso a esses requisitos e mantê-los atualizados;

•• determinar como esses requisitos se aplicam à organização;

•• integrar esses requisitos no sistema de gestão ambiental, asse-


gurando o seu cumprimento.

O planejamento de ações considera a abordagem baseada em ris-


cos e antecipa potenciais cenários e consequências, agindo de forma
preventiva para evitar que ocorram situações indesejadas. Também
contribui na identificação de condições favoráveis ou circunstâncias
que podem oferecer uma vantagem ou resultado benéfico, ou seja,
uma oportunidade.

Neste capítulo, vamos estudar o requisito 6 – planejamento com


foco no item 6.1.3 – requisitos legais e outros requisitos e no item 6.1.4
– planejamento de ações.

1 Planejamento

1.1 Requisitos legais e outros requisitos

O objetivo desse requisito é que a organização determine e tenha


acesso aos requisitos legais e outros requisitos relacionados a seus
aspectos ambientais, determine a forma como estes se aplicam na
organização e considere-os no estabelecimento, implementação, ma-
nutenção e melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.

A evidência exigida para esse requisito é manter a informação do-


cumentada de seus requisitos legais e outros requisitos. Convém que

88 Sistema de gestão, certificações e auditorias


a organização também mantenha a informação documentada sobre a
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metodologia de acesso, atualização e determinação dos requisitos.

Figura 1 – Objetivo e evidência: requisitos legais e outros requisitos

Objetivo: a organização deve


Evidência: manter a informação
determinar, ter acesso e
documentada de seus requisitos
implementar os requisitos
legais e outros requisitos.
legais e outros requisitos.

A organização deve determinar quais requisitos legais e outros re-


quisitos são aplicáveis aos seus aspectos ambientais e como eles se
aplicam à organização, considerando também os requisitos identifica-
dos no item 4.2 – entendendo as necessidades e expectativas de partes
interessadas.

Para um melhor entendimento, podemos chamar de requisitos legais


as obrigações ambientais que a organização deve cumprir. Podemos
chamar de outros requisitos aquelas obrigações que a organização
opta por cumprir ou outras que a organização deve cumprir em função
das necessidades e expectativas das partes interessadas.

Figura 2 – Requisitos legais e outros requisitos: diferenças

Requisitos legais: obrigações


ambientais que a organização
Outros requisitos: aquelas
deve cumprir.
obrigações que a organização
opta por cumprir.

Ações para tratar riscos associados a ameaças e oportunidades 89


De forma geral, podemos incluir os seguintes requisitos legais:

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•• requisitos de organizações governamentais ou outras autorida-
des pertinentes;

•• leis e regulamentos internacionais, nacionais e locais;

•• requisitos especificados em permissões, licenças ou outras for-


mas de autorização;

•• ordens, regras ou orientações de agências regulamentadoras;

•• sentenças de tribunais ou órgãos administrativos.

Quando aplicável, a organização pode incluir os “outros requisitos”


que deve cumprir ou opta por cumprir:

•• acordos com grupos comunitários ou organizações não


governamentais;

•• acordos com autoridades públicas ou clientes;

•• requisitos organizacionais;

•• princípios voluntários ou códigos de práticas;

•• rotulagem voluntária ou compromissos ambientais;

•• obrigações decorrentes de acordos contratuais com a organiza-


ção (requisitos de clientes);

•• normas de produtos e/ou de boas práticas de fabricação.

A organização deve determinar como esses requisitos legais e ou-


tros requisitos aplicam-se à organização, relacionando-os com os seus
aspectos ambientais e atividades do sistema de gestão ambiental. Deve
ter a capacidade de identificar os que são aplicáveis aos seus aspectos
ambientais. Não basta somente a organização ter acesso aos requisi-
tos legais.

90 Sistema de gestão, certificações e auditorias


NA PRÁTICA
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As resoluções do Conama são uma fonte de legislação ambiental.


Contudo, o acesso a essa fonte, que é gratuita e está disponível a
todos, não garante a identificação das obrigações de conformidade,
decorrentes dos requisitos legais.

A organização deve selecionar a melhor forma de gerenciamento


dos seus requisitos legais, de acordo com as suas capacidades huma-
nas e financeiras, devendo ser garantida uma determinação detalhada e
completa de todos os requisitos legais aplicáveis, relacionados com os
seus aspectos ambientais.

Os requisitos legais e outros requisitos devem ser levados em consi-


deração ao estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamen-
te seu sistema de gestão ambiental.

Deve ser mantida a informação documentada do processo de levan-


tamento e aplicação dos requisitos legais e outros requisitos.

De forma geral, um bom levantamento dos requisitos legais e outros


requisitos pode resultar em novos riscos e oportunidades para a organi-
zação, devendo ser tratados conforme a sua magnitude.

NA PRÁTICA

A organização deve determinar os seus requisitos legais e outros re-


quisitos relacionados a seus aspectos ambientais. Para isso, a orga-
nização pode contratar uma consultoria jurídica (especializada em
requisitos legais ambientais) convencional ou que se utiliza de uma
plataforma web. Em ambos os casos, a organização recebe atualiza-
ções desses requisitos legais. A organização também pode levantar
estes requisitos por meio de uma pesquisa em fontes confiáveis ou
de outras formas.

Ações para tratar riscos associados a ameaças e oportunidades 91


Após a determinação dos requisitos legais e outros requisitos, a

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organização deve garantir o acesso a eles, seja por uma plataforma
web ou por outras formas.

1.2 Planejamento de ações

O objetivo desse requisito é que a organização planeje as ações para


tratar os seus aspectos ambientais significativos, do atendimento aos
requisitos legais e outros requisitos e de seus riscos e oportunidades,
considerando que este planejamento vise o alcance dos resultados pre-
tendidos do sistema de gestão ambiental.

A evidência exigida para o requisito é que este planejamento seja in-


tegrado e implementado nos processos do sistema de gestão ambien-
tal da organização.

Figura 3 – Planejamento de ações

Objetivo: que a organização Evidência: que esse planejamento


planeje as ações para tratar os seja integrado e implementado
requisitos que foram determinados nos processos do sistema de
no planejamento. gestão ambiental da organização.

A organização deve planejar as ações para abordar seus aspectos


ambientais significativos (conforme determinado em 6.1.2 – aspectos
ambientais), seus requisitos legais e outros requisitos (conforme deter-
minado em 6.1.3 – requisitos legais e outros requisitos) e os riscos e
oportunidades identificados no item 6.1.1 – generalidades, para que al-
cance os resultados pretendidos do seu sistema de gestão ambiental.

O planejamento dessas ações pode incluir o estabelecimento de


objetivos ambientais (vide o item 6.2 – objetivos ambientais e planeja-
mento) para alcançá-los ou pode ser incorporado em outro processo

92 Sistema de gestão, certificações e auditorias


do sistema de gestão ambiental, individualmente ou em conjunto, por
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meio de um procedimento (seção 7 – apoio), controle operacional (se-


ção 8 – operação) ou monitoramento ambiental (seção 9 – avaliação
de desempenho).

A organização deve avaliar a eficácia das ações planejadas, poden-


do-se utilizar da seção 9 – avaliação de desempenho para realizar es-
sas avaliações.

Ao planejar as ações, a organização deve considerar as opções tec-


nológicas disponíveis, considerando o uso da melhor técnica disponível
e economicamente viável ao seu negócio. Em geral, esta consideração
depende do potencial financeiro, do grau de comprometimento ambien-
tal da organização e de sua imagem perante o mercado.

IMPORTANTE

Vale ressaltar que o importante desse requisito é abordar, de forma ge-


nérica, o planejamento das ações em relação aos seu riscos e oportu-
nidades. Na prática o planejamento e a implementação dessas ações
serão realizados e distribuídos nas seções 7 – apoio, 8 – operação e
9 – avaliação de desempenho.

Considerações finais
Neste capítulo abordamos a seção 6 – planejamento – e seus requi-
sitos 6.1.3 – requisitos legais e outros requisitos e 6.1.4 – planejamento
de ações.

Quanto ao item 6.1.3 – requisitos legais e outros requisitos, vimos


que a organização deve determinar, com suficiência de detalhes, os
requisitos legais e outros requisitos identificados em 4.2 – entenden-
do as necessidades e as expectativas de partes interessadas, que são
aplicáveis aos seus aspectos ambientais, e como eles se aplicam à

Ações para tratar riscos associados a ameaças e oportunidades 93


organização. Os requisitos legais e outros requisitos incluem requisitos

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legais que uma organização tem de cumprir e outros requisitos que a
organização tem de cumprir ou opta por cumprir.

Quanto ao item 6.1.4 – planejamento de ações, vimos que a organiza-


ção deve planejar, em alto nível, as ações que têm de ser tomadas dentro
do sistema de gestão ambiental para abordar seus aspectos ambien-
tais significativos, seus requisitos legais e outros requisitos, bem como
riscos e oportunidades identificados que devem ser tratados como prio-
ridades para que a organização alcance os resultados pretendidos pelo
seu sistema de gestão ambiental.

Considerando toda a seção 6 – planejamento, vimos que a determi-


nação dos requisitos legais e outros requisitos, a determinação dos as-
pectos ambientais significativos e a determinação das questões internas
e externas sobre o contexto da organização e das necessidades e expec-
tativas das partes interessadas formam a base para a determinação dos
riscos e oportunidades da organização e para a determinação, implemen-
tação, manutenção e melhoria do sistema de gestão ambiental.

Vale ressaltar que a seção ainda faz parte da fase Planejar (Plan) do
ciclo PDCA.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-
cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 9 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO, João


Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, respon-
sabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2008.

94 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 8

Objetivos
ambientais e
planejamento de
como alcançá-los

O estabelecimento dos objetivos ambientais pela alta direção per-


mite à organização concretizar as orientações definidas na sua política
ambiental, definir um planejamento de ações que visem o seu alcance,
executar e acompanhar a sua realização, bem como monitorar e medir
para avaliar o grau de realização desses objetivos.

Os objetivos ambientais devem ser coerentes com os compromis-


sos estabelecidos na política ambiental e devem considerar os aspec-
tos ambientais significativos, os requisitos legais e outros requisitos
e os riscos e oportunidades da organização identificados na seção
4 – contexto da organização.

95
Neste capítulo, vamos estudar o requisito 6.2 – objetivos ambien-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
tais e planejamento de como alcançá-los e seus subitens 6.2.1 – ob-
jetivos ambientais e 6.2.2 – planejamento de ações para alcançar os
objetivos ambientais.

1 Objetivos ambientais e planejamento de


como alcançá-los

1.1 Objetivos ambientais

Ao estabelecer os objetivos ambientais, a alta direção deve levar em


consideração duas questões importantes que devem ser respondidas:

Figura 1 – Resultado esperado e evidência

Qual é o resultado esperado? Qual é a evidência exigida?

• Resultado esperado: objetivos ambientais estabelecidos, consi-


derando os aspectos ambientais significativos, os requisitos le-
gais e outros requisitos associados e os riscos e oportunidades
da organização.

• Evidência exigida: objetivos ambientais coerentes com a política


ambiental, mensuráveis (se viável), monitorados, comunicados
em toda a organização e atualizados, como apropriado.

A organização deve manter a informação sobre os objetivos ambien-


tais documentada.

96 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A alta direção pode estabelecer objetivos ambientais em 3 níveis hie-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

rárquicos: estratégico, tático e operacional:

Figura 2 – Objetivos ambientais em seus níveis hierárquicos

Objetivos ambientais

Estratégico Tático Operacional

Direção Gerência Operações

•• o nível estratégico envolve a direção e pode ser aplicável a toda a


organização;

•• o nível tático envolve a gerência/coordenação e pode ser aplicá-


vel a um ou mais processos (“setores”) e atividades;

•• o nível operacional envolve o pessoal operacional e pode ser apli-


cável a uma ou mais atividades específicas e/ou funções.

Vale ressaltar que os objetivos ambientais em níveis táticos e ope-


racionais devem ser compatíveis com os objetivos ambientais estra-
tégicos e todos os objetivos ambientais devem ser coerentes com a
política ambiental.

Ao estabelecer os objetivos ambientais, a alta direção deve levar em


consideração os aspectos ambientais significativos determinados pela
organização, pois esses aspectos ambientais podem gerar riscos ou
oportunidades à organização.

Objetivos ambientais e planejamento de como alcançá-los 97


NA PRÁTICA

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Exemplo: se a XPTO Química Ltda tem processos químicos, tem o
lançamento de efluente industrial como um de seus principais as-
pectos ambientais significativos e isso foi considerado como um
risco (vide seção 4 da norma), convém que este aspecto ambiental
faça parte de seus objetivos ambientais. Desta forma esse aspecto
ambiental significativo será tratado e monitorado com prioridade.

Os requisitos legais e outros requisitos, assim como os riscos e opor-


tunidades (todos da seção 4 da norma) também devem ser conside-
rados no estabelecimento dos objetivos ambientais, de forma análoga
aos aspectos ambientais significativos. Considerando o mesmo exem-
plo da organização com processos químicos e tendo o lançamento de
efluente industrial um de seus aspectos ambientais significativos, esta
organização terá alguns requisitos legais relacionados a ele. Portanto
convém que ela o considere em seus objetivos ambientais de forma a
também priorizar esse requisito legal.

Ao estabelecer os objetivos ambientais considerando os aspectos


ambientais significativos, os requisitos legais e outros requisitos e os
riscos e oportunidades da organização (identificados na seção 4 da nor-
ma), a organização pode ou não definir um objetivo ambiental para cada
um desses riscos. Porém, necessariamente, isto não implica a definição
de um objetivo ambiental para cada um deles.

Os objetivos ambientais devem ser mensuráveis (se viável).


“Mensurável” significa que é possível o uso de métodos quantitativos
ou qualitativos em relação a uma escala específica, para determinar se
o objetivo ambiental foi alcançado. Geralmente, as organizações esta-
belecem “indicadores” (também chamados de KPI – Key Performance
Indicator ou indicador-chave de desempenho) para avaliar o alcance
dos objetivos ambientais mensuráveis.

98 Sistema de gestão, certificações e auditorias


NA PRÁTICA
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Exemplo de KPI: se o objetivo ambiental é “reduzir o consumo de


energia elétrica em 10%”, podemos ter KPIs em alguns processos
(departamentos) como “reduzir o consumo de energia elétrica”, sen-
do 6% no processo de caldeiras e 4% nos escritórios. Assim pode-
mos avaliar o alcance, ou seja, como está sendo o “atingimento” da
meta em cada um dos processos da organização.

PARA SABER MAIS

Para informações adicionais sobre indicadores ambientais, ver ABNT


NBR ISO 14031 – Gestão ambiental – avaliação de desempenho am-
biental – diretrizes.


Há situações em que os objetivos ambientais podem não ser mensu-
ráveis, porém é importante que a organização seja capaz de avaliar se
um objetivo ambiental foi alcançado ou não.

A organização deve monitorar os objetivos ambientais estabeleci-


dos para avaliar se eles foram alcançados. A forma e a frequência de
monitoramento dos objetivos ambientais devem ser estabelecidas pela
organização conforme a sua necessidade e complexidade.

Convém que os objetivos ambientais sejam comunicados a todas as


pessoas que realizam trabalhos sob o controle da organização com a
capacidade de influenciar o alcance dos objetivos ambientais. Esta co-
municação pode se dar de diversas formas e vai depender dos recursos
de cada organização. Exemplos: quadros de avisos, internet e intranet,
quadros e banners localizados em locais de grande circulação, na inte-
gração de novos colaboradores e/ou de terceiros, etc.

Objetivos ambientais e planejamento de como alcançá-los 99


IMPORTANTE

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Uma boa prática adotada nas organizações é o envolvimento das
pessoas responsáveis ou que vão contribuir para a concretização do
resultado esperado dos objetivos ambientais. Assim, todos os que
participam na definição desses objetivos ambientais tendem a ficar
mais comprometidos com a sua concretização e é potencializada a
motivação dessas pessoas envolvidas.

Os objetivos ambientais devem ser coerentes com o contexto da or-


ganização, com as expectativas e as necessidades das partes interes-
sadas e com os riscos e oportunidades, incluindo os aspectos ambien-
tais significativos e os requisitos legais e outros requisitos. Assim como
essas características mudam constantemente, consequentemente os
objetivos ambientais de uma organização também devem ser coeren-
tes com elas. Portanto, sempre que essas características forem alte-
radas, os objetivos devem ser reavaliados e se necessário redefinidos
para se manterem atuais.

Enfim, é importante que os objetivos ambientais sejam coerentes


com os recursos da organização e que sejam suportados pela alocação
de recursos adequados para atingir esses objetivos. Portanto, a organi-
zação deve estabelecer objetivos ambientais apropriados, mensuráveis
e realistas.

No quadro 1, será apresentado um exemplo de desdobramento da


política ambiental em objetivos ambientais na XPTO Química Ltda, lo-
calizada na cidade de São Paulo, com abrangência em todo o território
nacional. A empresa desenvolve produtos químicos para higiene e lim-
peza em geral. Notem que o foco está no lançamento de seus efluentes
industriais, pois neste exemplo fictício é uma indústria que ainda não
está 100% adequada e busca a certificação conforme a norma da ISO
14001:2015 – sistema de gestão ambiental.

100 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 1 – Exemplo de objetivos ambientais
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

POLÍTICA AMBIENTAL OBJETIVOS AMBIENTAIS META

• Proteger o meio ambiente. • Eliminar o lançamento de • 100%


• Prevenir a poluição ambiental, efluentes industriais na • Prazo 6 meses
eliminando o lançamento de rede pública de coleta de
• 90%
efluentes industriais. esgotos.
• Prazo 1 ano
• Atender aos requisitos legais e • Reutilizar a água do
processo de resfriamento • 100%
outros aplicáveis, relacionados
aos nossos aspectos ambientais de caldeiras. • Prazo 6 meses
referentes aos efluentes industriais. • Adequar-se aos requisitos • 30% em relação
• Melhorar continuamente seus legais relacionados aos ao ano anterior
processos, para aumentar o efluentes industriais. • Prazo 1 ano
desempenho ambiental. • Reduzir a geração de
resíduos sólidos.

1.2 Planejamento de ações para alcançar os objetivos


ambientais

A organização deve determinar o planejamento de como alcançar os


objetivos ambientais estabelecidos, de forma a garantir o seu desempe-
nho ambiental. Este planejamento deve fazer parte do planejamento es-
tratégico da organização, ou seja, deve estar integrado ao seu negócio.
E, sempre, deve responder às questões:

Figura 3 – Objetivo e evidência: planejamento de ações para alcançar os objetivos ambientais

Qual é o resultado esperado? Qual é a evidência exigida?

•• Resultado esperado

Atingir os objetivos ambientais estabelecidos pela organização. E


que as ações para alcançar seus objetivos ambientais sejam integradas
aos processos de negócios da organização, ou seja, que os objetivos
ambientais façam parte do planejamento estratégico da organização.

Objetivos ambientais e planejamento de como alcançá-los 101


•• Evidência exigida

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Um planejamento que determine:

•• o que será feito;

•• que recursos serão requeridos;

•• quem será responsável;

•• quando isso será concluído;

•• como os resultados serão avaliados, incluindo indicadores para


monitorar o progresso de seus objetivos ambientais mensuráveis.

Para se atingir os objetivos ambientais é fundamental que a organiza-


ção questione “de qual modo iremos atingir esses objetivos ambientais”.
Para atingi-los deve ser realizado um planejamento. Ao realizar esse plane-
jamento, a organização deve determinar:

•• o que vai ser feito: todas as ações necessárias para atingir o ob-
jetivo ambiental;

•• com que recursos: quais são os recursos financeiros, incluindo


treinamentos e pessoal envolvido;

•• quem é o responsável: o responsável por acompanhar as ações,


cobrar os recursos financeiros, monitorar e avaliar os resultados
esperados;

•• quando será concluído: prazo final para atingir o objetivo ambiental;

•• como são avaliados os resultados, incluindo os indicadores neces-


sários para medir o progresso dos objetivos ambientais.

102 Sistema de gestão, certificações e auditorias


NA PRÁTICA
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Uma boa prática adotada nas organizações é a utilização da ferra-


menta 5W2H. A abordagem “5W2H” (What – Why – How – Where
– When – Who – How much) é um modo útil de gerir objetivos e está
alinhada com a norma, definindo:
• What: “O que” deve ser feito?

• Why: “Por que” fazer?

• How: “Como” se vai fazer?

• Where: “Onde” fazer?

• When: “Quando” deve ser feito?

• Who: “Quem” é o responsável?

• How much: “Quanto custa”?

Convém que a organização determine qual informação documenta-


da é necessária para assegurar que se efetue o correto planejamento,
execução e monitoramento dos objetivos ambientais. Esta informação
documentada pode ser através de planos de ações, atas de reunião, re-
gistros eletrônicos ou em papel, como tabelas, relatórios ou gráficos de
acompanhamento dos objetivos ambientais.

No quadro 2, segue um exemplo fictício de planejamento para alcan-


çar os objetivos ambientais referente a uma indústria química que fabri-
ca produtos para higiene e limpeza em geral (vide exemplo do quadro 1).

Quadro 2 – Exemplo de planejamento dos objetivos ambientais

OBJETIVO 1 OBJETIVO 2 OBJETIVO 3 OBJETIVO 4

Eliminar 100%
Adequar-se
do lançamento Reutilizar 90% Reduzir em 30%
em 100% aos
de efluentes da água do a geração de
requisitos legais
What industriais na processo de resíduos sólidos
relacionados
rede pública resfriamento (em relação ao
aos efluentes
de coleta de de caldeiras. ano anterior).
industriais.
esgotos.

Objetivos ambientais e planejamento de como alcançá-los 103


Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
OBJETIVO 1 OBJETIVO 2 OBJETIVO 3 OBJETIVO 4

Diminuir o
consumo
Para de água Proteger o
adequação proveniente da Evitar problemas meio ambiente.
à legislação rede pública. com a legislação Prevenir a
ambiental. Proteger ambiental. poluição
Proteger o meio Proteger o meio ambiental.
Why
o meio ambiente. ambiente. Reduzir o custo
ambiente. Reduzir Prevenir a referente ao
Prevenir o custo poluição gerenciamento
a poluição operacional do ambiental. de resíduos
ambiental. processo de sólidos.
resfriamento
de caldeiras.

Implantação de
programas de
Implantação gerenciamento
da tubulação de resíduos
Implantação sólidos.
para a
do sistema de
Implantação recirculação Instalação
How monitoramento da
de uma ETE. da água do de coletores
qualidade da água
processo de para resíduos
da ETE.
resfriamento recicláveis.
das caldeiras. Instalação
do galpão de
resíduos.

Torres de
Processo ETE do Toda a
Where resfriamento
fabril. processo fabril. organização.
das caldeiras.

1 ano (junto com


When 1 ano. 1 ano. 6 meses.
a ETE).

Gerente Gerente Gerente de Gerente de


Who
industrial. industrial. meio ambiente. meio ambiente.

How
R$ 300 mil. R$ 100 mil. R$ 50 mil. R$ 33 mil.
much

104 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Considerações finais
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Neste capítulo, abordamos o requisito 6.2 – objetivos ambientais e


planejamento de como alcançá-los e seus subitens 6.2.1 – objetivos
ambientais e 6.2.2 – planejamento de ações para alcançar os objetivos
ambientais.

Os objetivos ambientais devem ser consistentes com a política am-


biental, contribuindo para a concretização dos resultados pretendidos
pelo sistema de gestão ambiental e pelos compromissos da organiza-
ção, incluindo a melhoria de seu desempenho ambiental.

Os objetivos ambientais devem considerar os aspectos ambientais


significativos, os requisitos legais e outros requisitos e os riscos e opor-
tunidades da organização. Convém que sejam mensuráveis (se viáveis)
e monitorados em intervalos adequados e compatíveis com os proces-
sos de tomada de decisão que asseguram o seu alcance, caso sejam
identificados desvios.

A organização deve considerar como as ações para alcançar seus


objetivos ambientais podem ser integradas aos processos de negócios
da organização.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.apcer-
group.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 9 mar. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

CERQUEIRA, Jorge Pedreira de. Sistemas de gestão integrados. 2. ed. São


Paulo: Qualitymark, 2010.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO, João


Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, respon-
sabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2008.

Objetivos ambientais e planejamento de como alcançá-los 105


Capítulo 9

Apoio

A seção 7 – apoio destaca o requisito comunicação. As organiza-


ções deverão estabelecer, implementar e manter um processo para a
comunicação, determinando especificamente o que vão comunicar,
quando, a quem e como.

Após determinar todo o planejamento do seu sistema de gestão am-


biental, a organização deve considerar os recursos necessários para
estabelecer, implementar, manter e melhorar esse sistema. Os recursos
podem ser humanos, naturais, de infraestruturas, tecnológicos, financei-
ros, entre outros. As organizações utilizam os recursos para atingir os
seus objetivos. Desta forma, elas podem considerar as suas capacida-
des e as suas restrições dos recursos existentes.

107
A comunicação interna e externa da organização fornece e também

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
coleta informações pertinentes para o seu sistema de gestão ambien-
tal, incluindo informações relacionadas aos seus aspectos ambientais
significativos, desempenho ambiental, requisitos legais e outros requi-
sitos, preparação e respostas a emergências e recomendações para a
melhoria contínua.

A informação documentada deve ser suficiente para assegurar um


sistema de gestão ambiental apropriado, adequado e eficaz. Convém
que o foco principal seja a implementação do sistema de gestão am-
biental e o desempenho ambiental, e não um sistema complexo de con-
trole de informação documentada que tenha excesso de manuais, pro-
cedimentos operacionais, instruções de trabalho e formulários a serem
preenchidos de forma a burocratizá-lo.

Neste capítulo, vamos estudar a seção 7 – apoio e vamos abordar os


recursos, as competências e a conscientização necessária para atingir
a eficácia do sistema de gestão ambiental, assim como a importância
da comunicação e da informação documentada.

1 Recursos
O objetivo desse requisito é que a organização determine e disponi-
bilize os recursos necessários para o estabelecimento, implementação,
manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.

Figura 1 – Recursos: objetivo

Objetivo: a organização deve Estabelecimento, Melhoria contínua


determinar e disponibilizar implementação, do sistema de
recursos necessários. manutenção. gestão ambiental.

108 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A organização deve prover os recursos necessários para o funciona-
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mento eficaz e para a melhoria do sistema de gestão ambiental e, ainda,


para aumentar o seu desempenho ambiental. Convém que a alta dire-
ção assegure que aqueles com responsabilidades no sistema de gestão
ambiental sejam apoiados com os recursos necessários.

Recursos podem ser recursos humanos, recursos naturais, recursos


de infraestrutura, recursos tecnológicos e recursos financeiros.

Figura 2 – Tipos de recursos

De infraestrutura

Naturais Tecnológicos

Recursos

Humanos Financeiros

Exemplos:

•• recursos humanos: treinamentos e qualificações especializados;

•• recursos tecnológicos: sistema para monitoramento de emissão


de GEE – gases do efeito estufa;

•• recursos de infraestrutura: predial, equipamentos de proteção


ambiental e sistema de tratamento de efluentes industriais.

Apoio 109
As seguintes questões devem ser consideradas quando se avaliam

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
os recursos necessários:

•• Os recursos são adequados para atingir os resultados pretendidos?

•• A equipe é qualificada?

•• Os recursos são suficientes e são bem utilizados?

•• A produtividade é boa, sem deixar muitos subprodutos/resíduos?

•• A infraestrutura é adequada?

A complexidade e interação das atividades da organização, a qualifi-


cação e a experiência do pessoal envolvido devem ser consideradas na
definição dos recursos necessários ao sistema de gestão ambiental. A
evidência do atendimento deste requisito é avaliada indiretamente por
meio do atingimento dos resultados planejados pela organização.

2 Competência
O objetivo desse requisito é que a organização determine, desenvol-
va e assegure as competências necessárias para o bom desempenho
ambiental e para o cumprimento das suas obrigações de conformidade.

A evidência exigida para o requisito é que a organização mantenha


informação documentada sobre a educação, treinamento ou experiên-
cia determinada para as pessoas e quais são as ações planejadas e
realizadas para atingir essa competência.

Figura 3 – Competência: objetivo e evidência

Objetivo: a organização determina, Evidência: manter informação


desenvolve e assegura as competências documentada sobre a educação,
necessárias para o bom desempenho treinamento e quais as ações
ambiental e para o cumprimento das planejadas e realizadas
suas obrigações de conformidade. para atingir essa competência.

110 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A organização deve determinar a competência necessária das pes-
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soas que têm atividades relacionadas ao sistema de gestão ambiental


sob o seu controle (tanto funcionários quanto os terceirizados) que afe-
te seu desempenho ambiental e sua capacidade de cumprir com seus
requisitos legais e outros requisitos.

Essas pessoas devem ter as suas competências asseguradas com


base em educação, treinamento ou experiência apropriados. Exemplos:

•• educação: ensino fundamental, médio, técnico, graduação ou


especialização;

•• treinamento: gerenciamento de resíduos sólidos industriais, in-


ventário de gases do efeito estufa, auditor interno da ISO 14001,
procedimentos internos e política ambiental;

•• experiência: auditor interno da ISO 14001, gestão de resíduos só-


lidos, licenciamento ambiental, operador de ETE – estação de tra-
tamento de efluentes e coleta seletiva.

As necessidades de treinamento associadas aos seus aspectos am-


bientais e ao seu sistema de gestão ambiental devem ser determinadas
pela organização.

NA PRÁTICA

Um operador de ETE – estação de tratamento de efluentes deve ter


treinamento sobre ensaios de potabilidade da água, de forma a ga-
rantir a qualidade da água a ser despejada nos corpos hídricos (rios
e lagos) ou na rede coletora de esgoto e o atendimento à respectiva
legislação ambiental.
A organização deve tomar ações para tornar as pessoas competen-
tes conforme a sua determinação e avaliar a eficácia dessas ações
tomadas. Na prática isso significa que se o operador de ETE (citado
no exemplo acima) não tem o treinamento ou a experiência neces-
sária para executar a sua tarefa, a organização deve prover ações de
melhoria e avaliar a eficácia dessas ações tomadas.

Apoio 111
PARA SABER MAIS

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Ações aplicáveis podem incluir, por exemplo, a provisão de treinamen-
to, o mentoreamento (coaching/treinamento on the job), a mudança de
atribuições de pessoas empregadas no momento, ou empregar ou con-
tratar pessoas competentes (NBR ISO 14001:2015 – sistema de gestão
ambiental).

A organização deve reter informação documentada apropriada como


evidência de competência das pessoas que afetam seu desempenho
ambiental, incluindo as pessoas:

a. cujo trabalho tem o potencial de causar um impacto am-


biental significativo;

b. a quem são atribuídas as responsabilidades para o sistema


de gestão ambiental, considerando (mas não se limitando) as
pessoas que:

•• determinam e avaliam os aspectos e impactos ambientais;

•• contribuem para o alcance dos objetivos ambientais;

•• respondem a situações de emergência;

•• realizam auditoria interna;

•• realizam avaliações do atendimento aos requisitos legais e ou-


tros requisitos.

NA PRÁTICA

Exemplos de práticas adotadas em organizações:


• integração sobre o sistema de gestão ambiental e aspectos am-
bientais da organização;

• observação e entrevistas com os colaboradores para verificar


as competências;

112 Sistema de gestão, certificações e auditorias


• planos de ações para a aquisição das competências, quando
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são identificadas limitações, deficiências ou lacunas, e provisão


dos recursos para a sua implementação;

• análise da eficácia das ações implementadas para alcançar a


competência necessária sob a forma de resultados da avaliação
do desempenho, identificação de melhorias no desempenho
ambiental, nos impactos ambientais, nos produtos e serviços,
cumprimento dos requisitos legais, eficácia de ações corretivas;

• matrizes de competências que definam, para cada colaborador,


as suas competências;

• planos de desenvolvimento de competências acordados com as


pessoas, revistos e atualizados;

• planos de treinamentos, descrições de cargos, matriz de versa-


tilidade, etc.

Em geral, o processo de recursos humanos tem todas estas infor-


mações e é o responsável por preencher a matriz de competência em
conjunto com os gestores de cada processo.

No quadro 1, segue exemplo de uma matriz de competência, que


aborda:

•• educação (preenchida com os requisitos mínimos de educação);

•• treinamento (preenchida com os treinamentos mínimos


necessários);

•• experiência (preenchida com o tempo máximo de experiência).

Nota: conforme o Artigo 442 da Lei 11.644, de 10 de março de 2008, as


organizações não podem exigir mais do que 6 (seis) meses de experiên-
cia, com exceção de profissões muito especializadas (exemplo: médico
cirurgião), sendo recomendável preencher o campo experiência com o
tempo “máximo” e não com o tempo “mínimo” de experiência.

Apoio 113
Quadro 1 – Exemplo de matriz de competência da empresa fictícia XPTO Química Ltda

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EDUCAÇÃO EXPERIÊNCIA
FUNÇÃO TREINAMENTO
(REQUISITOS (REQUISITO
(REQUISITOS MÍNIMOS)
MÍNIMOS) MÁXIMO)

Política ambiental.
Objetivos ambientais.
Coleta seletiva e
Operador de
reciclagem.
ETE 6 meses de
Gerenciamento de resíduos
(estação de Ensino Médio experiência como
sólidos.
tratamento de operador de ETE.
efluentes) Controle de efluentes
industriais.
Procedimento para ensaios
de qualidade da água.

Política ambiental.
Objetivos ambientais.
Coleta seletiva e
reciclagem.
Gerenciamento de resíduos
sólidos.
Procedimento de auditoria
6 meses de
Auditor interno interna.
experiência como
do sistema
Ensino Médio Procedimento de requisitos auditor interno
de gestão
legais e outros requisitos. do sistema de
ambiental
Manual do sistema de gestão ambiental.
gestão ambiental.
Auditor interno do sistema
de gestão ambiental,
conforme a norma NBR ISO
19011 – Diretrizes para
auditoria de sistemas de
gestão.

Política ambiental.
Objetivos ambientais.
Não aplicável
Auxiliar de Ensino Coleta seletiva e
(não necessita de
produção Fundamental reciclagem.
experiência).
Gerenciamento de
resíduos sólidos.

114 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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EDUCAÇÃO EXPERIÊNCIA
TREINAMENTO
FUNÇÃO (REQUISITOS (REQUISITO
(REQUISITOS MÍNIMOS)
MÍNIMOS) MÁXIMO)

Política ambiental.
Engenheiro
Objetivos ambientais.
ambiental.
Todos os procedimentos
Qualquer 6 meses de
Gestor do sistema de gestão
graduação com experiência como
ambiental ambiental.
pós-graduação gestor ambiental
Legislação ambiental.
em gestão
ambiental. Auditor líder ISO
14001:2015.

Política ambiental.
Objetivos ambientais.
Não aplicável
Assistente Coleta seletiva e
Ensino Médio (não necessita de
administrativo reciclagem.
experiência)
Gerenciamento de
resíduos sólidos.

3 Conscientização
O objetivo deste requisito é que as pessoas compreendam e estejam
conscientes da sua contribuição para a eficácia do sistema de gestão
ambiental e da melhoria do desempenho ambiental.

Figura 4 – Conscientização: objetivo

Objetivo: que as pessoas compreendam e estejam conscientes


da sua contribuição para a eficácia do sistema de
gestão ambiental e da melhoria do desempenho ambiental.

A organização deve assegurar que pessoas que realizam traba-


lhos sob o seu controle (funcionários e terceirizados) estejam cons-
cientes sobre:

Apoio 115
•• a política ambiental e seus propósitos, não sendo necessário “de-

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corá-la”, mas sim entendê-la, e convém que as pessoas saibam
em quais pontos (frases ou tópicos) da política ambiental as suas
funções e responsabilidades se enquadram;

•• os aspectos ambientais significativos e os impactos ambientais


reais ou potenciais associados com seu trabalho. Isso pode ser
evidenciado pelo confronto de suas atividades e dos respectivos
controles ambientais com a informação documentada dos as-
pectos significativos (conforme definido no requisito 6.1.2 – as-
pectos ambientais) de suas atividades/processos;

•• a sua contribuição para a eficácia do sistema de gestão ambien-


tal, ou seja, como as pessoas podem contribuir com suas ativida-
des, responsabilidades e comprometimento;

•• as implicações de não estar conforme com os requisitos do


sistema de gestão ambiental, incluindo o não atendimento aos
requisitos legais e outros requisitos da organização. As pesso-
as devem estar conscientes e comprometidas em realizar as
suas atividades conforme o planejado e, caso ocorra o contrá-
rio, pode ter uma consequência tal como um não atendimento
ao sistema de gestão ambiental ou não atendimento a uma
legislação ambiental.

NA PRÁTICA

A organização assegura que as pessoas saibam da existência da


política ambiental e estão conscientes sobre o seu propósito, e asse-
gura a divulgação da informação necessária e requerida para a cons-
cientização das pessoas referente ao sistema de gestão ambiental,
através de: quadros de avisos, palestras, integrações, treinamentos,
banners, revistas e folhetins, intranet e internet.
As pessoas entrevistadas demonstram a consciência requerida pelo
seu entendimento sobre o desempenho das suas funções relacio-
nadas ao sistema de gestão ambiental, o entendimento da política

116 Sistema de gestão, certificações e auditorias


ambiental, dos aspectos e impactos ambientais significativos, reais
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ou potenciais, do modo como as suas atividades contribuem para a


eficácia do sistema de gestão ambiental e para um melhor desempe-
nho ambiental da organização. E conhecem as implicações em não
realizar as suas atividades conforme o planejado e da sua consequ-
ência, tal como um não atendimento ao sistema de gestão ambiental
ou não atendimento a uma legislação ambiental.

4 Comunicação
O objetivo desse requisito é que a organização estabeleça, imple-
mente e mantenha processos necessários para comunicações internas
(questões que interessam apenas à organização e ao seu pessoal) e ex-
ternas (questões que interessam ou envolvem as partes interessadas)
pertinentes ao sistema de gestão ambiental.

Figura 5 – Comunicação: objetivo

Objetivo: que a organização


Comunicações Comunicações
estabeleça, implemente
internas. externas.
e mantenha processos.

Os processos necessários para as comunicações internas e exter-


nas devem incluir:

•• sobre o que comunicar;

•• quando comunicar;

•• com quem se comunicar;

•• como comunicar.

Apoio 117
Deve-se levar em consideração seus requisitos legais e outros requi-

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sitos, assegurar que a informação ambiental comunicada seja coerente
com a informação gerada dentro do sistema de gestão ambiental e que
seja confiável.

A organização deve responder às comunicações internas e externas


das partes interessadas pertinentes ao sistema de gestão ambiental e
reter informação documentada como evidência dessas comunicações.

A comunicação interna deve informar assuntos pertinentes ao siste-


ma de gestão ambiental entre os diversos níveis e funções da organiza-
ção (da operação à direção), incluindo mudanças no sistema de gestão
ambiental, quando apropriado. Podem ser comunicados assuntos refe-
rentes a: indicadores ambientais e os resultados de seu desempenho
ambiental, acidentes e emergências ambientais, programas ambientais
em andamento na organização, programas de coleta seletiva e de redu-
ção do consumo de água e energia elétrica, aspectos ambientais signi-
ficativos, requisitos legais e outros requisitos.

O processo de comunicação interna deve possibilitar que qualquer


funcionário ou terceirizado contribua para a melhoria contínua do sis-
tema de gestão ambiental, podendo utilizar caixas de sugestões ou ou-
tros meios.

A comunicação externa deve informar assuntos pertinentes ao sis-


tema de gestão ambiental às suas partes interessadas, conforme esta-
belecido em seu processo de comunicação e como requerido por seus
requisitos legais e outros requisitos. Podem ser comunicados assuntos
referentes a: desempenho ambiental relacionado a produtos e/ou ativi-
dades fornecidas a um cliente, reclamações de clientes, vizinhos ou da
comunidade sobre poluição ou dano ambiental causado pela organiza-
ção, TAC – termo de ajustamento de conduta – no qual a comunicação
faça parte de algum processo de recuperação ambiental da organiza-
ção, assuntos relacionados ao licenciamento ambiental, preparação e
respostas às emergências, entre outros.

118 Sistema de gestão, certificações e auditorias


As comunicações externas referentes às reclamações de partes
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interessadas exige da organização uma pronta e clara resposta ao re-


clamante. Uma análise posterior dessas reclamações pode prover in-
formações valiosas para detectar riscos ou oportunidades de melhoria
para o sistema de gestão ambiental.

Convém que a comunicação interna e externa:

•• seja transparente e ética, ou seja, que a organização esteja aberta


ao que foi relatado;

• • seja apropriada, para que a informação atenda às necessi-


dades das partes interessadas pertinentes, permitindo que
estas participem;

•• seja verdadeira e não induza a erro aqueles que dependem das


informações relatadas;

•• seja real, precisa e confiável;

•• não exclua as informações pertinentes;

•• seja compreensível às partes interessadas.

PARA SABER MAIS

Para informação adicional sobre comunicação, ver ABNT NBR ISO


14063 — gestão ambiental — comunicação ambiental — diretrizes
e exemplos.

Exemplos de evidências relativas às comunicações:

•• a organização tem um ou mais processos para a comunicação in-


terna e externa, que determina(m) o que comunicar, quando, com
quem e como;

Apoio 119
•• o processo de comunicação considera os requisitos legais;

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•• a informação documentada é adequada e suficiente para as-
segurar o cumprimento dos requisitos relativos aos processos
de comunicação;

• • a informação divulgada pela organização é apropriada às


partes interessadas;

•• a organização demonstra transparência no processo de


comunicação;

•• a informação comunicada pela organização é verdadeira, rigoro-


sa, factual e confiável, sendo consistente com a informação gera-
da pelo sistema de gestão ambiental;

•• o processo de comunicação assegura que a comunicação rele-


vante para manter e melhorar o sistema de gestão ambiental é
recebida, analisada e embasada pelas devidas ações;

•• são mantidas evidências da comunicação interna (exemplos:


indicadores ambientais, política ambiental, acidentes ambien-
tais ocorridos internamente e programas de educação ambien-
tal) e externa (exemplos: auto de infração do órgão ambiental de
seu estado, acordos com partes interessadas e convênios com
ONGs);

•• as entrevistas realizadas com os funcionários e terceirizados


permitem avaliar o processo de comunicação interna acerca dos
objetivos ambientais, aspectos ambientais significativos, requisi-
tos legais e contribuição para a melhoria contínua que estejam
relacionados com as suas atividades.

120 Sistema de gestão, certificações e auditorias


5 Informação documentada
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O objetivo desse requisito é que a organização mantenha a informa-


ção documentada do sistema de gestão ambiental controlada e atuali-
zada, ou seja, que não haja informação documentada obsoleta.

Figura 6 – Informação documentada: objetivo

Objetivo: que a organização mantenha a informação


documentada do sistema de gestão ambiental controlada e atualizada.

IMPORTANTE

O conceito de informação documentada foi introduzido no anexo SL


das diretivas da ISO – International Organization for Standardization,
referindo que é informação em qualquer formato e meio de suporte,
papel, magnético, disco de computador ou ótico, imagem, amostras,
proveniente de qualquer fonte. O conceito de informação documen-
tada engloba aquilo que anteriormente era conhecido como docu-
mentos e registros. (APCER – Guia do utilizador ISO 14001:2015)

A informação documentada requerida pela ISO 14001:2015 e a de-


terminada pela organização como sendo necessária para a eficácia do
sistema de gestão ambiental pode diferir de uma organização para ou-
tra, devido:

•• ao porte da organização e seu tipo de atividades, processos, pro-


dutos e serviços;

•• à necessidade de demonstrar o atendimento aos seus requisitos


legais e outros requisitos;

•• à complexidade de processos e suas interações;

Apoio 121
•• à competência de pessoas que realizam trabalhos sob o controle

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da organização.

A informação documentada pode ser composta por: manual do sis-


tema de gestão ambiental, procedimentos operacionais, instruções de
trabalho e tabelas que têm como objetivo fornecer orientação a uma
atividade ou processo. A informação documentada que tem como obje-
tivo evidenciar alguma atividade do sistema de gestão ambiental pode
ser composta por: formulários físicos e eletrônicos, laudos de ensaios
ambientais (potabilidade da água, qualidade do efluente, caracterização
de resíduos sólidos, entre outros) e demais documentos que eviden-
ciem a conformidade com os requisitos legais.

A informação documentada deve ser elaborada e documentada de


forma a assegurar:

•• a sua identificação e sua descrição (exemplo: um título, uma data,


um elaborador e/ou aprovador e um código de referência);

•• o seu formato (exemplo: tipo de linguagem adequada ao seu


público-alvo, versão do software, gráficos e tabelas) e seu meio
(exemplo: papel ou eletrônico);

•• a análise crítica do conteúdo a ser divulgado e a sua aprovação


quanto à adequação ao seu objetivo.

A informação documentada deve ser controlada para assegurar que:

•• ela esteja disponível (de fácil acesso) e adequada para uso, onde
e quando for necessária;

•• ela esteja protegida (exemplo: contra perda de confidencialidade


– quando aplicável, uso impróprio ou perda de integridade e con-
tra perda de arquivos eletrônicos).

A organização deve abordar, no controle da informação documenta-


da, as seguintes atividades como aplicáveis:

122 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• distribuição (exemplo: na rede informatizada ou cópias em papel),
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acesso (exemplo: via rede, intranet ou pastas físicas), recupera-


ção e uso (exemplo: back-up dos arquivos);

•• armazenamento e preservação (exemplo: cópias em papel pro-


tegido em pastas), incluindo preservação de legibilidade (de
fácil leitura);

•• controle de alterações (exemplo: controle de versão, para evitar o


uso de informação documentada obsoleta);

•• retenção (forma de organização, tal como: por data, por código,


por nome de cliente/funcionário) e disposição (exemplo: deletar,
dispor o papel como rascunho ou picotar).

A informação documentada de origem externa, como normas de


produtos (ABNT, DIN, ASTM, IEC), manuais e/ou requisitos de clientes
(licenças da Cetesb, prefeitura e AVCB), determinada como necessária
para o sistema de gestão ambiental, deve ser identificada e controlada
apropriadamente.

NA PRÁTICA

A organização evidencia que determinou a informação documenta-


da que deve manter para um sistema de gestão eficaz, conforme re-
querido pela ISO 14001:2015 e pelos requisitos legais.
São exemplos de informação documentada: mapas de processo, or-
ganogramas, procedimentos, manuais, instruções de trabalho, espe-
cificações, comunicações internas e externas, normas de produtos,
ordens de serviço, planos de inspeção, planos estratégicos, formulá-
rios, workflow de processos nos quais os critérios de operação este-
jam descritos e sejam acessíveis a pessoas que deles necessitem,
aplicações de gestão documental, bases de dados, etc.
• A informação documentada está identificada e descrita, esta-
belecida num formato e meio determinados, e demonstra ser
revista e aprovada para assegurar que é adequada.

Apoio 123
• A informação documentada é mantida atualizada, ou seja, todas

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
as cópias distribuídas estão na mesma versão do original.
• A informação documentada externa está identificada e controla-
da, sendo o seu acesso disponível para aqueles que a utilizam.
• A informação documentada da organização está controlada de
acordo com os requisitos estabelecidos nesta seção, acessível,
apropriada para utilização e protegida. A informação armazena-
da em suporte digital é preservada por backups ou redundâncias
que garantem a sua preservação e integridade.

Considerações finais
Neste capítulo aprendemos sobre os recursos, as competências e a
conscientização necessários para atingir a eficácia do sistema de ges-
tão ambiental, assim como a importância da comunicação e da infor-
mação documentada.

Os recursos são necessários para o estabelecimento, imple-


mentação, manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão
ambiental, de forma a apoiar tudo aquilo que foi planejado na seção
6 – planejamento.

As ações de comunicação, de competência e de conscientização


das pessoas que realizam trabalhos sob o controle da organização con-
tribuem para atingir os resultados planejados.

A informação documentada dá o apoio necessário para manter as


evidências do sistema de gestão ambiental e auxiliar nas atividades ro-
tineiras e não rotineiras por meio de procedimentos, instruções de tra-
balho, entre outros.

Enfim, esta seção 7 – apoio – deve prover toda a estrutura básica


para a implementação do sistema de gestão ambiental, fazendo parte
da fase “Fazer” (Do) do ciclo PDCA.

124 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Referências
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

APCER – Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-


cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 10 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

Apoio 125
Capítulo 10

Operação

A seção 8 – operação – corresponde à etapa Fazer do ciclo PDCA,


ou seja, uma vez planejado o sistema de gestão ambiental (correspon-
dente à seção 6 – planejamento) agora é a vez de implementar o que
foi planejado!

Essa seção determina os requisitos de operação do sistema de


gestão ambiental, de forma a assegurar os resultados pretendidos
e implementar as ações abordadas na seção 6 – planejamento –,
sendo elas: riscos e oportunidades, aspectos ambientais significati-
vos, requisitos legais e outros requisitos, e atingimento dos objetivos
ambientais.

127
Outro ponto importante dessa seção é a preparação e resposta a

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
emergências, que aborda as ações de potenciais efeitos adversos
(quando necessário) de forma a não prejudicar os resultados pretendi-
dos pelo sistema de gestão ambiental, ou seja, se a organização está
preparada para atuar sobre eventuais emergências ambientais, preve-
nindo ou mitigando os seus impactos ambientais adversos.

Neste capítulo, vamos estudar a seção 8 – operação e vamos abor-


dar os requisitos 8.1 – planejamento e controle operacionais – e 8.2 –
preparação e resposta a emergências.

1 Planejamento e controle operacionais


O objetivo deste requisito é colocar em prática o planejamento das
ações determinadas na seção 6 – planejamento, estabelecendo, com
isso, critérios operacionais para os processos e implementando o con-
trole desses processos de acordo com os seus critérios estabelecidos.

A evidência exigida para o requisito é que a organização mantenha


informação documentada comprovando que os processos são realiza-
dos conforme planejados.

Figura 1 – Planejamento e controle operacionais: objetivo e evidência

Objetivo: colocar em prática o Evidência: a organização deve manter informação


planejamento das ações determinadas documentada comprovando que os processos
na Seção 6 - planejamento. são realizados conforme o planejado.

Quando uma mudança planejada ou “não planejada” ocorrer – tais


como: mudanças de processos fabris, alteração de matéria-prima e in-
sumos de processos em que se tenha impacto ambiental –, a organi-
zação deve analisar criticamente as consequências de mudanças não

128 Sistema de gestão, certificações e auditorias


intencionais e tomar as devidas ações para mitigar quaisquer efeitos
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adversos dentro do sistema de gestão ambiental.

A organização pode aplicar um ou mais métodos para o seu controle


operacional, de forma a garantir que o processo será realizado sob con-
dições controladas, como em processos projetados (na fase de con-
cepção da fábrica) de modo a evitar erros, podendo usar a metodologia
à prova de erros, conhecida como Poka-Yoke (um sistema de inspeção
desenvolvido para prevenir riscos de falhas humanas e corrigir eventu-
ais erros em processos industriais, sempre por meio de ações simples),
aplicando-se a:

Figura 2 – Hierarquia dos controles operacionais

Tecnologia adequada para controlar os processos


Para evitar Controles de engenharia
resultados
Para adequar Pessoal qualificado na operação
adversos.
os processos
Para assegurar Monitorar ou medir os processos
que não
os resultados
atendam aos Para verificar Padronização dos
desejados.
resultados os resultados.
processos
planejados.
Para determinar o uso e a
quantidade de informação
documentada para cada
tipo de processo.

•• tecnologia adequada para controlar os processos e evitar resul-


tados adversos;

•• controles de engenharia, adequando os processos que não aten-


dam aos resultados planejados;

•• pessoal qualificado na operação, para assegurar os resulta-


dos desejados;

•• monitorar ou medir os processos para verificar os resultados;

Operação 129
•• padronização dos processos, incluindo o uso de procedimentos

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específicos, determinando o uso e a quantidade de informação
documentada necessária para cada tipo de processo.

PARA SABER MAIS

Sobre a metodologia Poka-Yoke, acesse o site da Endeavor e pesqui-


se pelo tema.

Vale ressaltar que os controles podem ser implementados seguindo


uma hierarquia de métodos, aplicados individualmente ou em conjunto
na seguinte sequência (do mais simples ao mais eficaz):

Figura 3 – Hierarquia dos métodos

Método por eliminação dos impactos adversos

Métodos (do mais


simples ao mais eficaz) Método por substituição

Método administrativo

•• método por eliminação dos impactos adversos. Exemplo: elimi-


nar um processo ineficaz, alterando por um processo de tecnolo-
gia mais “limpa”;

•• método por substituição. Exemplo: substituição de uma matéria-


-prima que gera um resíduo ou efluente perigoso por uma que
gera resíduo ou efluente não perigoso;

130 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• método administrativo. Exemplo: implementação de procedimen-
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tos com critérios específicos e o pessoal treinado.

IMPORTANTE

O tipo e a extensão desses controles operacionais dependem da


natureza das operações, do risco e oportunidades, dos aspectos
ambientais significativos e dos requisitos legais e outros requisitos.
(NBR ISO 14001:2015 – sistema de gestão ambiental)

Quando a organização utilizar processos terceirizados, incluindo o


pessoal contratado, o tipo e a extensão desse controle devem ser es-
tabelecidos no sistema de gestão ambiental, por exemplo, no processo
de compras.

No caso de provedores externos (fornecedores de materiais ou ser-


viços), a organização deve exercer o seu poder de influência, tal como:
requerer que o provedor externo tenha licença ambiental e gerencie
seus resíduos corretamente, ou até mesmo implementar e certificar na
norma ISO 14001.

NA PRÁTICA

Um processo terceirizado é aquele que atende aos seguintes requisi-


tos:

• está dentro do escopo do sistema de gestão ambiental;

• é parte integrante do funcionamento da organização;

• é necessário para que o sistema de gestão ambiental alcance seu


resultado pretendido;

• a responsabilidade civil por cumprir com os requisitos é retida


pela organização;

Operação 131
• a organização e o provedor externo possuem uma relação na qual

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o processo é percebido pelas partes interessadas como sendo
executado pela organização. (NBR ISO 14001:2015 – sistema de
gestão ambiental)

Convém que a decisão da organização, para controlar e influenciar


os terceiros ou provedores externos, seja baseada em fatores como:

•• aspectos ambientais e impactos ambientais associados;

•• riscos e oportunidades associados com a fabricação de seus pro-


dutos ou com a prestação de seus serviços;

•• requisitos legais e outros requisitos da organização;

•• conhecimento, qualificação e recursos, incluindo a competência


técnica da organização de definir os controles apropriados ou de
avaliar a suficiência dos controles;

•• a importância e os riscos que o produto ou serviço exercerá sobre


a capacidade da organização de alcançar os resultados pretendi-
dos por seu sistema de gestão ambiental;

•• compartilhamento do controle do processo, entre a organização


e o terceiro;

•• a capacidade de alcançar o controle necessário por meio da apli-


cação de seu processo de compra, incluindo a inspeção de rece-
bimento dos materiais e/ou serviços adquiridos.

Alguns impactos ambientais significativos da organização podem


ocorrer durante todo o ciclo de vida: transporte, entrega, uso, tratamen-
to pós-uso ou disposição final de seus produtos ou serviços. Portanto,

132 Sistema de gestão, certificações e auditorias


a organização, ao prover estas informações, pode potencialmente pre-
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venir ou mitigar impactos ambientais adversos durante estes estágios


do ciclo de vida.

IMPORTANTE

Ciclo de vida são os estágios consecutivos e encadeados de um siste-


ma de produto (ou serviço), desde a aquisição da matéria-prima ou de
sua geração a partir de recursos naturais até a disposição final. Os es-
tágios do ciclo de vida incluem a aquisição da matéria-prima, projeto,
produção, transporte/entrega, uso, tratamento pós-uso e disposição
final. (NBR ISO 14001:2015 – sistema de gestão ambiental)

A perspectiva do ciclo de vida deve ser levada em consideração pela


organização e ser coerente ao:

•• estabelecer controles operacionais, como apropriado, para asse-


gurar que os requisitos ambientais sejam tratados no processo
de projeto e desenvolvimento do produto ou do serviço, conside-
rando cada estágio do seu ciclo de vida;

•• determinar seus requisitos ambientais para a aquisição de pro-


dutos e serviços, como apropriado;

•• comunicar seus requisitos ambientais pertinentes para provedo-


res externos, incluindo aqueles contratados (terceiros);

•• considerar a necessidade de fornecer informações sobre possí-


veis impactos ambientais significativos associados ao transporte
ou entrega, uso, tratamento pós-uso e disposição final dos seus
produtos e serviços.

Operação 133
PARA SABER MAIS

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Sobre ciclo de vida do produto, leia a ABNT NBR ISO 14044 – gestão
ambiental – avaliação do ciclo de vida – requisitos e orientações.

2 Preparação e resposta às emergências


O objetivo deste requisito é verificar se a organização está prepara-
da para responder sobre eventuais situações de emergências ambien-
tais, prevenindo ou mitigando os impactos ambientais adversos identifi-
cados no requisito 6.1.1 – generalidades.

A evidência exigida para esse requisito é a informação documentada


na extensão necessária, para garantir que os processos sejam realiza-
dos conforme o planejado, incluindo os simulados periódicos e suas
análises críticas.

Figura 4 – Objetivo e evidência: preparação e resposta às emergências

Objetivo: responder sobre Evidência: informação documentada


eventuais situações de emergências na extensão necessária, para garantir
ambientais, identificadas no que os processos sejam realizados
requisito 6.1.1 – generalidades. conforme o planejado.

A organização deve estabelecer, implementar e manter os proces-


sos necessários para se preparar e responder a potenciais situações de
emergências, considerando as entradas e saídas conforme a figura 5.

134 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Figura 5 – Exemplo de processo para preparar e responder a potenciais situações de emergência
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Entradas Processos Saídas


• Potenciais situações de • Preparar resposta e • A organização previne
Comunicações Comunicações
emergência (6.1.1 – planejar as ações. potenciais
internas externas situações de
generalidades). • Comunicar e treinar. emergência e prepara-se
• Aspectos ambientais em • Manter informação para atuar caso necessário
situações de emergência documentada. • A organização atua eficaz
(6.1.2 – Aspectos • Atuar em caso de e atentamente em situação
Ambientais). emergência. de emergência e minimiza
• Obrigações de conformi- • Testar as disposições as consequências adversas
dade relativas à atuação planejadas (simulados). ou mitiga-as.
de emergência (6.1.3 – • Prevenir e mitigar as • Os processos de
requisitos legais e consequências adversas. atuação são revistos e
outros requisitos). • Melhorar o processo atualizados para se
de resposta. manterem adequados.

Fonte: APCER – Guia do utilizador ISO 14001:2015, p. 138.

Ao planejar seus processos de preparação e resposta a emergências,


convém que a organização considere (NBR ISO 14001:2015 – sistema
de gestão ambiental):

•• os métodos mais apropriados para responder a uma situação


de emergência;

•• os processos de comunicações interna e externa;

•• as ações requeridas para prevenir ou mitigar os impactos


ambientais;

•• as ações de mitigação e resposta para diferentes situações de


emergência;

•• a necessidade de avaliação pós-emergência para determinar e


implementar ações corretivas;

Operação 135
•• testes periódicos de ações planejadas para resposta a

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
emergências;

•• treinamento de equipes de resposta a emergências;

•• lista dos principais membros da equipe e agências de socorro,


incluindo detalhes de contato (por exemplo, bombeiros, serviço
de limpeza de derramamentos);

•• as rotas de evacuação e locais de concentração;

•• a possibilidade de assistência mútua de organizações vizinhas.

NA PRÁTICA

Exemplos de boas práticas:

• realizar os simulados de forma escalonada, de modo a assegurar a


realização de exercícios em todos os cenários possíveis;

• divulgar aos colaboradores e terceiros as análises das situações de


emergências ou os resultados dos simulados realizados;

• padronizar os processos de preparação e resposta a emergências,


via “procedimentos operacionais” documentados, para divulgação,
integração e treinamentos de colaboradores, terceirizados e visitan-
tes (onde aplicável);

• promover a realização de simulados e exercícios com órgãos


externos (defesa civil, bombeiros e Cetesb), para atuação conjunta.
Exemplo: derrame de produtos químicos específicos;

• compartilhamento dos recursos com a área de segurança e saúde


no trabalho.


A seguir, no quadro 1, veremos um exemplo de procedimento da em-
presa fictícia XPTO Química Ltda para atendimentos a emergências.

136 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 1 – Atendimentos a emergências
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Rev. Página
PROCEDIMENTO PSMS-8.2 00 1 de 2
Atendimento a Emergências Data
30 / 09 / 2016

Fluxo Atividades Responsável


Situação de Emergência: É qualquer situação anormal, não programada,
Início
Início relacionada às atividades, produtos, e serviços da empresa, capaz de provocar
danos às pessoas, às instalações e / ou ao meio ambiente e que exige a tomada NA
de ações imediatas visando neutralizar ou minimizar os seus efeitos.

Identificar a situação de emergência e comunicar à Qualidade/Direção:


Identificar a 1) Incêndio / explosão (XPTO Química / Fabricante); Todos
Situação de Emergência 2) Acidentes envolvendo vítimas (XPTO Química / Fabricante). Colaboradores
Rev. Página

1)PROCEDIMENTO
Baixo: pequenas ocorrências PSMS-8.2
restritas ao local de trabalho00e que 1 de 2
podemAtendimento
ser contidas pelo a próprio
Emergências
Colaborador da área; Data
Avaliar o nível da 2) Médio: ocorrências com efeitos restritos às instalações internas 30sem
/ 09 / 2016
emergência danos ambientais, mas que necessitam do acionamento do Corpo de
Bombeiros para sua contenção; Gestor
Fluxo 3) Alto: ocorrências internas Atividades
e/ou externas com potenciais danos Responsável
ambientais
Situação deque necessitam
Emergência: É de Recursos
qualquer Externos
situação (Corpo
anormal, de Bombeiros,
não programada,
Início Defesa Civil,
relacionada às Órgão Ambiental
atividades, etc).
produtos, e serviços da empresa, capaz de provocar
danos às pessoas, às instalações e / ou ao meio ambiente e que exige a tomada NA
de ações imediatas visando neutralizar ou minimizar os seus efeitos.
Comunicar os Recursos Externos (Corpo de Bombeiros, Defesa Civil,
Comunicação Externa Órgão Ambiental etc):
Identificar a situação de emergência e comunicar à Qualidade/Direção:
Identificar a 1) Incêndio / explosão (XPTO Química / Fabricante); Todos
Situação de Emergência Corpo de Bombeiros: 193 Gestor
Colaboradores
2) Acidentes envolvendo vítimas (XPTO Química / Fabricante).
Defesa Civil (São Paulo):
Hospital Municipal
1) Baixo: pequenas ocorrências restritas ao local de trabalho e que
podem ser contidas pelo próprio Colaborador da área;
-2)Ações em caso de incêndios: Gestor
Avaliar o nível da Médio: ocorrências com efeitos restritos às instalações internas sem
emergência
Ações para conter / Identificar a proporção
danos ambientais, masdoque
incêndio, bem como
necessitam o material / equipamento
do acionamento do Corpo de
minimizar os danos /Bombeiros
instalaçãopara
que está queimando.
sua contenção; Gestor
ambientais / ocupacionais Extinguir
3) Alto: o fogo. Caso internas
ocorrências a proporção
e/oudoexternas
incêndio ecoma condição emocional
potenciais danos
permita,
ambientaistentar
queextinguir o fogo
necessitam através deExternos
de Recursos extintores.
(Corpo de Bombeiros,
Defesanão
Caso Civil,haja
Órgão Ambiental etc).
possibilidades de tentativas de extinção, avisar a
Qualidade / Direção, que é responsável pela avaliação da condição do
incêndio
Comunicar e pela decisão de
os Recursos acionamento
Externos (Corpo dede ajuda externa,
Bombeiros, tais como
Defesa Civil,
Corpo
Órgão de Bombeiros.
Ambiental etc):
Comunicação Externa

- Acidente
Corpo com Vítima:
de Bombeiros: 193 Gestor
Todo acidente
Defesa Civilcom
(Sãovítima deve ser comunicado à Qualidade/Direção
Paulo):
informando:
Hospital
9 LocalMunicipal
exato da ocorrência;
9 A quantidade de vítimas existentes;
9 em
- Ações A situação da(s) vítima(s) (queimada, inconsciente, fratura,
caso de incêndios: Gestor

Ações para conter / Identificarhemorragia,


a proporçãoqueda de altura,
do incêndio, bemetc.).
como o material / equipamento
9 Se que
/ instalação a vítima
estánecessita
queimando.de transporte por maca ou ambulância.
minimizar os danos
ambientais / ocupacionais Extinguir o fogo. Caso a proporção do incêndio e a condição emocional
Manter a(s) vítima(s) tranquilizada(s), estando consciente(s), e
permita, tentar extinguir o fogo através de extintores.
movimentá-la(s) apenas o indispensável, seguindo as técnicas de
Caso nãosocorros.
primeiros haja possibilidades
Com a chegada de do tentativas
Resgatede extinção,
/ Corpo avisar a
de Bombeiros
Qualidade
no / Direção,
local, este assume que
o écomando
responsável pela avaliação
da situação, da condição
instruindo do
os demais
incêndio
envolvidos e na
pela decisãoadequada
remoção de acionamento de ajuda externa, tais como
da(s) vítima(s).
Corpo de Bombeiros.
Todas as emergências devem ser analisadas e devem ser tomadas Rev. as Página
devidas ações corretivas / preventivas, conforme o PSMS-03
Análise e ações a serem PROCEDIMENTO
- Acidente
Acidentes,
com Vítima:
Incidentes, NCs, ACs PSMS-8.2
e APs.
00 1 de 1
tomadas
TodoAtendimento
acidente com vítima a Emergências
deve ser comunicado à Qualidade/Direção Data
---
informando: 30 / 09 / 2016
9 Local exato da ocorrência;
9 A quantidade de vítimas existentes;
9 A situação da(s) vítima(s) (queimada, inconsciente, fratura,
hemorragia,
Os resíduos queda dedevem
das emergências altura, ser
etc.).
destinados conforme PSMS-
9 Sede
05 Gestão a vítima necessita de transporte por maca ou ambulância.
Resíduos.
Destinar os resíduos
Descrição das Alterações Elaborado Aprovado
gerados
- Emissão inicial. Manter a(s) vítima(s) tranquilizada(s), estando consciente(s), e ---
movimentá-la(s) apenas o indispensável, seguindo as técnicas de
primeiros socorros. Com a chegada do Resgate / Corpo de Bombeiros
no local, este assume o comando da situação, instruindo os demais
envolvidos na remoção adequada da(s) --- vítima(s). ---

Fim Todas as emergências devem ser analisadas e devem ser tomadas as


devidas ações corretivas / preventivas, conforme o PSMS-03
Análise e ações a serem
Acidentes, Incidentes, NCs, ACs e APs.
tomadas
---
Armazenamento Tempo de Retenção (mín.)
Registro Indexação
Local Como Ativo Morto

- - - - - -

Descrição das Alterações Elaborado Aprovado


- Emissão inicial.

Operação 137
Considerações finais

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
A seção 8 – operação – aborda o planejamento e controle operacio-
nais e o processo de preparação e resposta a emergências, correspon-
dendo à etapa Fazer (Do) do ciclo PDCA.

A operação deve assegurar os resultados pretendidos e implementar


as ações determinadas na seção 6 – planejamento – sejam as ações
para tratar os aspectos ambientais significativos, os requisitos legais e
outros requisitos e os riscos e oportunidades, ou ações para assegurar
os resultados dos objetivos ambientais.

Essa seção também trata da gestão das situações de emergência


identificadas na fase de planejamento, tendo em vista assegurar que
a organização está preparada e responde a situações de emergência.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-
cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 10 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

138 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 11

Avaliação do
desempenho

A melhoria do desempenho ambiental e a eficácia do sistema de


gestão ambiental são atingidas à medida que a organização alcança os
objetivos ambientais planejados, cumpre com o atendimento aos requi-
sitos legais e outros requisitos e assegura o cumprimento das análises
críticas pela direção.

A avaliação do desempenho ambiental e da eficácia do sistema de


gestão ambiental só pode ser confiável se os resultados forem válidos
e representarem aquilo que foi planejado. O objetivo da seção 9 – ava-
liação de desempenho é orientar as organizações a coletarem essas
informações com a qualidade necessária.

139
Neste capítulo, vamos estudar a seção 9 – avaliação de desempe-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
nho, com exceção do requisito 9.2 – auditoria interna.

1 Monitoramento, medição, análise e


avaliação

1.1 Generalidades

O objetivo desse requisito é que a organização monitore e avalie o


seu desempenho ambiental e a eficácia do sistema de gestão ambien-
tal, incluindo seus objetivos ambientais, seus aspectos ambientais sig-
nificativos, seus requisitos legais e outros requisitos e seus controles
operacionais.

A evidência exigida é a retenção da informação documentada sobre


o monitoramento, medição, análise e resultados da avaliação conforme
os requisitos determinados pela organização.

Figura 1 – Objetivo e evidência: monitoramento, medição, análise e avaliação

Evidência: reter a
Objetivo: monitorar e avaliar
informação documentada
o desempenho ambiental
sobre o monitoramento,
e a eficácia do sistema
a medição, a análise e os
de gestão ambiental.
resultados da avaliação.

Para a organização monitorar, medir, analisar e avaliar o seu desem-


penho ambiental, deve levar em consideração:

•• o que precisa ser monitorado e medido (os objetivos ambientais,


os aspectos ambientais significativos, os requisitos legais e ou-
tros requisitos e os seus controles operacionais);

140 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• os métodos e os respectivos critérios de monitoramento, medi-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

ção, análise e avaliação, como aplicáveis, para assegurar os resul-


tados válidos (tais como: procedimentos, instruções, indicadores
ambientais, normas e padrões de qualidade da água);

•• quando o monitoramento e a medição devem ser realizados


(exemplo: frequência trimestral para a qualidade do efluente in-
dustrial, a cada batelada do processo de um tratamento de esgo-
to, inventário anual para a emissão dos gases – causadores – do
efeito estufa);

•• quando os resultados de monitoramento e medição devem ser


analisados e avaliados (tais como: laudos de padrões para cum-
prir uma legislação ambiental ou objetivos ambientais estabeleci-
dos pela alta direção). Convém que os resultados sejam confiá-
veis, reprodutíveis e rastreáveis.

Os equipamentos de monitoramento e medição (exemplos:


PHgâmetro, decibelímetro, opacímetro e balança de precisão) devem
ser calibrados ou verificados. Convém que esses equipamentos sejam
calibrados em laboratórios credenciados no Inmetro – Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Devem ser usados e mantidos
de forma a garantir a sua integridade e os resultados de sua medição.

A organização deve comunicar, conforme estabelecido em seus pro-


cessos de comunicação interna e externa, as informações pertinentes
sobre o seu desempenho ambiental. Esta comunicação também deve
ocorrer quando determinado por requisitos legais (exemplos: inventário
de resíduos sólidos ou inventário de GEE – gases de efeito estufa) e
outros requisitos (exemplos: reportar os resultados de seus objetivos
ambientais a um cliente ou reportar a situação de projetos ambientais
a ONGs parceiras).

Avaliação do desempenho 141


Convém que esses resultados sejam comunicados para as pessoas

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
que tenham responsabilidade e autoridade para iniciar e/ou tomar as
devidas ações, conforme apropriadas.

PARA SABER MAIS

Sobre avaliação de desempenho ambiental, ver a norma ABNT NBR


ISO 14031:2015 – Gestão ambiental – Avaliação de desempenho
ambiental – Diretrizes.

A organização pode monitorar e avaliar o seu desempenho ambien-


tal utilizando uma tabela com a relação do que precisa ser monitorado
e medido. Segue uma sugestão dessa tabela demonstrada no quadro 1.

Quadro 1 – Exemplo de monitoramento de desempenho ambiental

QUANDO/ RESPON- A QUEM


REQUISITO MÉTODO CRITÉRIO
FREQUÊNCIA SÁVEL COMUNICAR

PNRS –
Procedimen- Política
Inventário to de geren- Nacional de
Engenheiro CETESB/
de resíduos ciamento Resíduos Anual
ambiental IBAMA
sólidos. de resíduos Sólidos
sólidos. (Lei 12305
/2010).

Qualidade Padrão de CETESB/


CONAMA Operador
do efluente lançamento Trimestral gerente
430/2011. de ETE
industrial. de efluentes. industrial

Reutilizar
90% da
água do Gerente
Consumo Indicador Direção /
processo Mensal de meio
de água. ambiental. produção
de resfria- ambiente
mento das
caldeiras.

142 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

QUANDO/ RESPON- A QUEM


REQUISITO MÉTODO CRITÉRIO
FREQUÊNCIA SÁVEL COMUNICAR

NBR 10.152
– avaliação Gerente
Ruído CONAMA Gerente
do ruído Mensal de meio
ambiental. 01/90. industrial
em áreas ambiente
habitadas.

Conforme LO
– licença de
Decreto operação
Licencia- Gerente
CONAMA Estadual Obs: solicitar Direção/
mento de meio
237/97. (SP) renovação na produção.
ambiental. ambiente.
8468/76. CETESB 120
dias antes do
vencimento.

1.2 Avaliação do atendimento aos requisitos legais e


outros requisitos

O objetivo desse requisito é que a organização avalie o quanto está


atendendo os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

Vale relembrar que os “requisitos legais” são as legislações ambien-


tais aplicáveis à organização a serem cumpridas, e que os “outros requi-
sitos” são os acordos estabelecidos com as partes interessadas (tais
como órgão ambiental, comunidade, ONGs e clientes).

A evidência exigida é que a organização retenha a informação do-


cumentada apropriada do resultado da avaliação do atendimento aos
seus requisitos legais e outros requisitos.

Avaliação do desempenho 143


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Figura 2 – Objetivo e evidência: avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos

Evidência: reter a informação


Objetivo: avaliar o quanto
documentada do resultado
a organização está atendendo
da avaliação de atendimento
aos requisitos legais e outros
aos seus requisitos legais e
requisitos aplicáveis.
outros requisitos.

Essas ações de monitoramento e avaliação complementam os itens


da seção 6 – planejamento: o 6.1.3 – requisitos legais e outros requisi-
tos (no qual a organização deve identificar e determinar quais são os
requisitos legais e outros aplicáveis) e o 6.1.4 – planejamento de ações
(no qual a organização deve implementar estes requisitos legais e ou-
tros requisitos), ou seja, esses três itens formam o “pacote”: identifica-
ção e determinação, implementação e avaliação dos requisitos legais e
outros requisitos.

Para monitorar e avaliar o atendimento aos requisitos legais e outros


requisitos, a organização deve implementar um método (processo) ou
uma variedade de métodos para manter seu conhecimento e compre-
ensão da situação do atendimento aos seus requisitos legais e outros
requisitos.

Esse(s) método(s) deve(m) considerar:

•• a frequência de avaliação dos requisitos legais e outros requisitos,


ou seja, se estes serão avaliados mensalmente, semestralmen-
te, anualmente ou na sua revisão e/ou atualização. A frequên-
cia pode variar dependendo da importância do requisito, das va-
riações nas condições de operação, das mudanças nos requisi-
tos legais e outros requisitos e do histórico de desempenho da
organização;

144 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• a avaliação do grau de atendimento aos requisitos legais e ou-
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tros requisitos. Caso a organização não atenda completamente


algum requisito legal ou outro requisito, as devidas ações devem
ser determinadas e implementadas para o seu atendimento pleno
ou para retomar o seu estado de conformidade;

•• manter o conhecimento e o entendimento da situação do aten-


dimento aos seus requisitos legais e outros requisitos, ou seja, a
organização deve saber o que deve cumprir, o que cumpre e o que
não cumpre e por que não cumpre cada um destes requisitos.
Conhecendo e entendendo sua situação atual de conformidade
com as obrigações legais, a organização pode gerenciar e ser
mais efetiva em suas ações.

O monitoramento e a avaliação do atendimento aos requisitos legais


podem ser complementados pelas chamadas “auditorias de conformi-
dade legal”, que visam a avaliação do grau de atendimento às legisla-
ções ambientais pelas inspeções nas instalações e/ou equipamentos
da organização, sendo uma boa prática adotada pelas organizações
para aumentar o desempenho do sistema de gestão ambiental.

As auditorias de conformidade legal não são obrigatórias. Podem


ser realizadas simultaneamente com as auditorias internas do sistema
de gestão ambiental ou intercaladas. Elas podem ser realizadas pelos
próprios auditores internos ou auditores terceirizados que tenham co-
nhecimento em legislação ambiental.

A organização deve documentar todos os resultados das avaliações


de atendimento aos requisitos legais e outros requisitos, tanto os re-
quisitos que a organização atende plenamente quanto aqueles que a
organização atende parcialmente, ou até mesmo os que a organização
não atende. Vale ressaltar que para cada requisito legal ou outro requisito
deve existir uma documentação associada a ele.

Avaliação do desempenho 145


NA PRÁTICA

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Exemplo: a Lei 12305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos
– Procedimento e comprovantes da correta disposição dos resíduos
sólidos e o Inventário de Resíduos Sólidos.

Os métodos para monitorar e avaliar os requisitos legais e outros


requisitos podem variar conforme a característica e a complexidade de
cada organização. Os métodos mais comumente utilizados são o uso
de procedimentos e planilhas e também a contratação de uma consul-
toria jurídica especializada em requisitos legais.

Essas consultorias jurídicas possuem uma plataforma via website,


onde a organização tem o acesso aos seus requisitos legais e outros
requisitos, um resumo do que se deve cumprir, um campo para a orga-
nização documentar a forma de seu cumprimento ou não e ainda um
campo para o plano de ação caso a organização não cumpra com o
requisito. Em geral, as consultorias jurídicas enviam uma atualização
mensal daqueles requisitos legais que foram cancelados, atualizados
ou substituídos.

Os procedimentos são utilizados para determinar os métodos para


o monitoramento e avaliação dos requisitos legais e outros requisitos,
conforme visto neste capítulo. As planilhas com a relação de todos es-
ses requisitos complementam a documentação destes procedimentos.
Vide um exemplo dessa planilha no quadro 2.

146 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 2 – Exemplo de monitoramento e avaliação de requisito legal e outros requisitos
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PLANO DE
REQUISITO EVIDÊNCIA
FREQUÊN- AÇÃO
LEGAL / O QUE ATENDE AO DE
CIA DE (CASO
OUTRO CUMPRIR? REQUISITO? DOCUMEN-
AVALIAÇÃO NÃO
REQUISITO TAÇÃO CUMPRA)

Procedi-
Correto mento e
Lei
gerencia- comprovan-
12305/2010
mento dos tes da correta
(PNRS – resíduos disposição
Sim, Não
Política Anual
sólidos. plenamente dos resíduos aplicável.
Nacional de sólidos.
Inventário
Resíduos
de resíduos Inventário
Sólidos).
sólidos. de resíduos
sólidos.

Implemen-
tação de
CONAMA
Padrão de Laudos sobre uma ETE –
430/2011
lançamento a qualidade estação de
(qualidade Trimestral Parcialmente
de dos tratamento
do efluente
efluentes. efluentes. de efluen-
industrial).
tes e de um
laboratório.

Instalação
de barrei-
Com os
ras naturais
requisitos
ao redor da
CONAMA segundo a
Laudos empresa.
01/90 NBR 10.152
Mensal Não sobre o ruído Implemen-
(ruído - avaliação
ambiental. tação do
ambiental). do ruído
proce-
em áreas
dimento
habitadas.
de ruído
ambiental.

Avaliação do desempenho 147


Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
PLANO DE
REQUISITO EVIDÊNCIA
FREQUÊN- AÇÃO
LEGAL / O QUE ATENDE AO DE
CIA DE (CASO
OUTRO CUMPRIR? REQUISITO? DOCUMEN-
AVALIAÇÃO NÃO
REQUISITO TAÇÃO CUMPRA)

LO – Licença
Condicio-
de Operação;
nantes
Laudos de
descritas na
atendimento
LO – manter
às condicio-
a licença de
CONAMA nantes da LO
operação.
237/97 – Licença de
Conforme LO Entrar com
Decreto Sim, Operação. Não
– Licença de o pedido de
Estadual plenamente Protocolo aplicável
Operação. renovação
(SP) do pedido de
na CETESB
8468/76. renovação na
120 dias
CETESB 120
antes do
dias antes do
vencimento
vencimento
da licença
da licença de
de operação
operação.

Registros
Acordo com Prover 100
de listas de
ONG de horas de Sim, Não
Mensal presença
educação treinamento plenamente aplicável
desses trei-
ambiental. / mês.
namentos.

2 Análise crítica pela direção


O objetivo desse requisito é que a alta direção da organização anali-
se criticamente o sistema de gestão ambiental, a intervalos planejados,

148 Sistema de gestão, certificações e auditorias


e tome as ações para assegurar a contínua adequação, suficiência e
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eficácia do sistema de gestão ambiental.

Segundo a ISO 14001:2015, o termo:

•• “adequação” refere-se a como o sistema de gestão ambiental se


ajusta à organização, seus sistemas de operação, de cultura e de
negócio;

•• “suficiência” diz se o sistema de gestão ambiental atende aos re-


quisitos dessa norma e está implementado apropriadamente;

•• “eficácia” refere-se ao sistema de gestão ambiental alcançar os


resultados desejados.

A evidência exigida é a informação documentada, que pode ser com-


posta de uma única ata de reunião ou por vários documentos, desde
que abordem todas as “informações de entrada” e as “decisões de saí-
da” da análise crítica pela direção (vide quadro 3).

O processo de análise crítica pela direção é aquele em que a alta


direção (que pode ser composta por diretoria, gerência e gestores dos
processos) analisa periodicamente (exemplo: semestralmente ou anu-
almente) alguns requisitos importantes do sistema de gestão ambiental
(informações de entrada) e, como resultado desta análise, toma algu-
mas decisões e provê recursos e oportunidades de melhorias (decisões
de saídas) para o sistema de gestão ambiental (vide mais informações
no quadro 3).

A análise crítica pela direção deve ser realizada pela alta direção e
não precisa ser uma análise crítica exaustiva de informações detalha-
das. Porém, a documentação da análise crítica pela direção deve conter
as informações de entrada e as decisões de saída, conforme descritas
no quadro 3.

Avaliação do desempenho 149


Nota: a análise crítica pela alta direção pode ser parte das ativida-

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des regulares planejadas pelo sistema de gestão ambiental, tais como
reuniões gerenciais ou operacionais, não sendo necessariamente uma
atividade isolada e exclusiva.

Quadro 3 – Informações de entrada e decisões de saída para a análise crítica pela direção

INFORMAÇÕES DE ENTRADA PARA A DECISÕES DE SAÍDA DA ANÁLISE


ANÁLISE CRÍTICA CRÍTICA

Conclusões sobre a adequação,


Situação de ações provenientes de
implementação e eficácia do sistema
análises críticas anteriores.
de gestão ambiental.

Mudanças no sistema de gestão


ambiental (levantadas na Seção
6.1 – Ações para abordar riscos e
oportunidades):
• questões internas e externas; Decisões relacionadas às
• necessidades e expectativas das oportunidades para melhoria contínua
partes interessadas, incluindo do sistema de gestão ambiental.
os requisitos legais e outros
requisitos;
• seus aspectos ambientais
significativos.

Decisões relacionadas a qualquer


Resultados da avaliação de desempenho necessidade de mudanças no sistema
dos objetivos ambientais. de gestão ambiental, incluindo
recursos.

Informações sobre o desempenho


ambiental da organização, incluindo
tendências relativas a:
• não conformidades e ações
corretivas; Ações, se necessárias, quando
não forem alcançados os objetivos
• resultados de monitoramento e
ambientais.
medição;
• atendimento aos seus requisitos
legais e outros requisitos;
• resultados de auditorias.

150 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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INFORMAÇÕES DE ENTRADA PARA A DECISÕES DE SAÍDA DA ANÁLISE


ANÁLISE CRÍTICA CRÍTICA

Oportunidades para melhorar a


Necessidade de recursos para o sistema integração do sistema de gestão
de gestão ambiental. ambiental com outros processos de
negócios, se necessário.

Comunicações pertinentes das partes


interessadas, incluindo as reclamações
Qualquer implicação para o
externas e internas.
direcionamento estratégico da
organização.
Oportunidades para melhoria contínua
do sistema de gestão ambiental.

As “informações de entrada” e as “decisões de saída” da análise crí-


tica pela direção (vide quadro 3) não precisam ser abordadas todas de
uma vez, por exemplo, em uma única reunião. A análise crítica pode
ocorrer durante determinado período de tempo, mas no seu conjunto
deve abordar todas as “informações de entrada” e as “decisões de saída”
contempladas no mesmo período de tempo. Por exemplo, a informação
resultante sobre a avaliação de desempenho dos objetivos ambientais
pode ser analisada num momento diferente dos resultados de mudan-
ças no sistema de gestão ambiental, porém dentro do mesmo intervalo
referente a Jan/16 a Dez/16.

A frequência da realização das análises críticas pela direção pode


ser influenciada por diversos fatores, entre eles:

•• tempo de certificação e maturidade do sistema de gestão


ambiental;

•• complexidade da organização e de seu sistema de gestão


ambiental;

•• frequência de avaliação dos objetivos ambientais;

•• frequência de avaliação dos requisitos legais e outros requisitos;

Avaliação do desempenho 151


•• frequência das auditorias internas e externas (certificadora);

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•• considerar os ciclos financeiros e contábeis.

Caso haja necessidade, a organização pode realizar uma análise crí-


tica extraordinária considerando:

•• adequação de uma nova versão da norma, exemplo da ISO


14001:2004 para a ISO 14001:2015;

•• grandes alterações nos processos fabris;

•• grande número de não conformidades, em relação ao esperado;

•• grande número de adequações e/ou não atendimento aos requi-


sitos legais;

•• alteração significativa de escopo.

As decisões de saídas da análise crítica devem incluir:

•• conclusões sobre se o sistema de gestão ambiental continua


adequado à cultura e aos negócios da organização (ou seja, sua
adequação);

•• conclusões sobre se o sistema de gestão ambiental continua


atendendo aos requisitos da ISO 14001:2015 e de forma apro-
priada (ou seja, sua suficiência);

•• conclusões sobre se o sistema de gestão ambiental alcança os


seus resultados planejados (ou seja, sua eficácia);

•• decisões relacionadas às oportunidades dentro dos processos


do sistema de gestão ambiental para a implementação de me-
lhoria contínua;

•• decisões relacionadas a qualquer necessidade de mudança


identificada durante o processo de análise crítica, incluindo a

152 Sistema de gestão, certificações e auditorias


necessidade de recursos (exemplos: qualificação de pessoal,
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adequação ou melhoria da infraestrutura, de equipamentos ou


processos);

•• estabelecimento de ações para alcançar os objetivos ambientais,


onde necessário;

•• melhoria, onde necessário, da integração do sistema de gestão


ambiental a outros processos de negócios da organização, tais
como: sistema de gestão da qualidade, relacionamento com o
cliente e ações de marketing socioambientais;

•• redirecionamento do sistema de gestão ambiental ao planeja-


mento estratégico da organização.

Concluindo o processo de análise crítica, essas decisões de saídas


devem estar bem definidas e suas conclusões e decisões devem norte-
ar um novo ciclo de ações corretivas e de melhorias para o sistema de
gestão ambiental alcançar os resultados desejados.

Considerações finais
Neste capítulo, abordamos a seção 9 – avaliação de desempenho
e seus requisitos 9.1 – monitoramento, medição, análise e avaliação,
9.1.1 – generalidades, 9.1.2 – avaliação do atendimento aos requisitos
legais e outros requisitos e 9.3 – análise crítica pela direção.

Ressaltamos a importância do atendimento aos requisitos legais e


outros requisitos, que podemos considerar como sendo um dos prin-
cipais riscos da organização, e da análise crítica pela direção, na qual
a direção avalia o desempenho ambiental e a eficácia do sistema de
gestão ambiental da organização, a sua integração com os negócios
da organização e suas implicações para o direcionamento estratégico.

Avaliação do desempenho 153


Nessa seção, vale ressaltar a importância do atendimento aos requi-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
sitos legais e outros requisitos (que podemos considerar como sendo
um dos principais riscos da organização) e também da análise crítica
pela direção, na qual a alta direção avalia o desempenho ambiental e a
eficácia do sistema de gestão ambiental da organização.

A seção 9 – avaliação de desempenho define os requisitos da fase


Verificar (Check) e da fase Agir (Act) do ciclo PDCA, focando no monito-
ramento e avaliação do desempenho ambiental e na eficácia do sistema
de gestão ambiental através dos resultados daquilo que foi planejado
na Seção 6 – Planejamento e das demais seções.

Desta maneira, o desempenho ambiental e a eficácia do sistema de


gestão ambiental são monitorados e avaliados de modo a alcançar os
objetivos ambientais planejados, cumprir com o atendimento aos re-
quisitos legais e outros requisitos e assegurar o cumprimento das aná-
lises críticas pela direção.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-
cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 13 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental. Requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

154 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Capítulo 12

Auditoria interna

Na seção 9 – avaliação de desempenho – destacamos o requisi-


to auditoria interna, pois esse requisito é considerado como a principal
ferramenta de monitoramento de um sistema de gestão ambiental e
pertence à fase “Checar” do ciclo PDCA.

O objetivo deste capítulo é abordar exclusivamente os conceitos e


tópicos envolvidos numa auditoria interna do sistema de gestão am-
biental, com base na norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para au-
ditoria de sistemas de gestão –, pois esta norma é muito abrangente e
complexa para esgotarmos todos os seus tópicos neste capítulo.

155
A norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para auditoria de sistemas

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
de gestão – atende qualquer auditoria em sistemas de gestão (exem-
plos: ISO 9001 – qualidade, OHSAS 18001 – segurança e saúde do tra-
balho, SA 8000 – responsabilidade social, ISO 22000 – segurança em
alimentos, entre outras).

Neste capítulo vamos estudar o requisito 9.2 – auditoria interna – re-


ferente à seção 9 – avaliação de desempenho –, que tem como objetivo
avaliar se o sistema de gestão ambiental está implementado e mantido
eficazmente.

1 Auditoria interna
O objetivo desse requisito é que a organização assegure que são re-
alizadas as auditorias internas para avaliar se o seu sistema de gestão
ambiental está conforme os requisitos planejados e os requisitos da
ISO 14001:2015, determinando se o sistema de gestão ambiental está
implementado e mantido eficazmente.

As auditorias internas devem ser realizadas a intervalos planejados


(em geral, a cada 6 meses ou 1 ano) e convém que os auditores internos
não auditem a sua própria atividade, e que eles sejam livres de tendên-
cias e conflitos de interesses.

As auditorias internas permitem a identificação de oportunidades de


melhoria, sendo uma importante ferramenta e um fator imprescindível
no estabelecimento do ciclo PDCA. As não conformidades identificadas
durante as auditorias internas estão sujeitas às ações corretivas apro-
priadas, ou seja, deve-se analisar a causa raiz da não conformidade e
implementar as suas ações.

156 Sistema de gestão, certificações e auditorias


PARA SABER MAIS
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Para informação adicional sobre qualificação de auditores, princípios


de auditoria, outros tipos de auditorias (de processos e de produtos)
e o conteúdo completo sobre auditorias internas e externas, ver NBR
ISO 19011:2012 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão.

O requisito 9.2.2 – programa de auditoria interna da ISO 14001:2015


determina que a organização estabeleça, implemente e mantenha um
programa de auditoria interna, incluindo a frequência, métodos, respon-
sabilidades, requisitos para planejamento e para relação de suas audi-
torias internas.

Ao estabelecer o programa de auditoria interna, a organização deve


levar em consideração a importância ambiental dos processos envolvi-
dos, as mudanças que afetam a organização e os resultados de audito-
rias anteriores, devendo também:

•• definir os critérios de auditoria e o escopo de cada uma;

•• selecionar a equipe auditora e conduzir auditorias para assegurar


a objetividade e a imparcialidade do processo de auditoria;

•• assegurar que os resultados das auditorias sejam relatados para


a gerência pertinente.

A informação documentada deve ser retida para evidenciar a imple-


mentação do programa de auditoria e dos resultados da auditoria.

Nos próximos tópicos, vamos abordar as definições, as etapas, o pla-


nejamento e a execução de uma auditoria de sistema de gestão, com
base na norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para auditoria de siste-
mas de gestão. Estas informações podem ser utilizadas para desenvol-
ver um procedimento do sistema de gestão ambiental sobre auditoria
interna.

Auditoria interna 157


1.1 Definições

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Quando trabalhamos com auditorias internas, alguns conceitos são
muito importantes. Vamos conhecer alguns conceitos1 baseados na
norma NBR ISO 19011:2012 – Diretrizes para auditoria de sistemas de
gestão, conforme a seguir:
•• Auditoria: processo sistemático, documentado e independente, para
obter evidências de auditoria e avaliá-las objetivamente, para deter-
minar a extensão na qual os critérios da auditoria são atendidos.

•• Critério de auditoria: conjunto de políticas, procedimentos ou re-


quisitos usados como uma referência à qual a evidência de audi-
toria é comparada.

•• Evidência de auditoria: registros, apresentação de fatos ou outras


informações pertinentes aos critérios de auditoria e verificáveis.

•• Constatações de auditoria: resultados da avaliação da evidência


de auditoria coletada, comparada com os critérios de auditoria.

•• Conclusão de auditoria: resultado de uma auditoria, após le-


var em consideração os objetivos da auditoria e todas suas
constatações.

•• Equipe de auditoria: um ou mais auditores que realizam uma au-


ditoria, apoiados, se necessário, por especialistas.

•• Especialista: pessoa que provê conhecimento ou experiência es-


pecíficos para a equipe de auditoria.

•• Guia: pessoa indicada pelo auditado para apoiar a equipe de


auditoria.

•• Observador: pessoa que acompanha a equipe de auditoria, mas


não audita.

1 Definições retiradas da própria ISO 19011: 2012.

158 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• Programa de auditoria: conjunto de uma ou mais auditorias, pla-
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nejado para um período de tempo específico e direcionado a um


propósito específico.

•• Escopo de auditoria: abrangência e limites de uma auditoria.

•• Plano de auditoria: descrição das atividades e arranjos para uma


auditoria.

•• Conformidade: atendimento a um requisito.

•• Não conformidade: não atendimento de um requisito.

1.2 Etapas de uma auditoria

As etapas de um processo de auditoria interna podem ser resumidas


em duas partes: Gerenciando um programa de auditoria e Executando
uma auditoria.
A etapa Gerenciando um programa de auditoria é a etapa em que
deve ser planejada a auditoria interna e que antecede sua realização.
Nesse planejamento convém conter as seguintes atividades:
•• estabelecimento dos objetivos (resultados a serem alcançados)
do programa de auditoria;
•• estabelecimento do programa de auditoria:
◦◦ papéis e responsabilidades da pessoa que gerencia o progra-
ma de auditoria;
◦◦ competência da pessoa que gerencia o programa;
◦◦ abrangência, número de auditoria, tipos de auditorias, duração,
locais;
◦◦ identificando e avaliando os riscos do programa de auditoria;
◦◦ estabelecendo os procedimentos do programa;
◦◦ identificando os recursos para o programa, incluindo viagem
e acomodação.

Auditoria interna 159


•• implementação do programa de auditoria:

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◦◦ definindo os objetivos, escopo e critérios para uma auditoria
individual;
◦◦ selecionando os métodos de auditoria;
◦◦ selecionando os membros da equipe auditora;
◦◦ atribuindo responsabilidades ao líder da equipe auditora;
◦◦ gerenciamento dos resultados do programa de auditoria;
◦◦ gerenciamento e manutenção dos registros do programa de
auditoria;
◦◦ também podem ser incluídos: processos para tratamento da
confidencialidade, segurança da informação, saúde e seguran-
ça e outros assuntos similares.
•• monitoramento do programa de auditoria;
•• analisando criticamente e melhorando o programa de auditoria.
A próxima etapa, Executando uma auditoria, é a etapa em que deve
ser realizada a auditoria interna. Neste planejamento convém conter as
seguintes atividades:
•• iniciando uma auditoria:
◦◦ estabelecimento do contato inicial com o auditado;
◦◦ determinando a viabilidade da auditoria.
•• preparando as atividades da auditoria:
◦◦ realização da análise crítica dos documentos na preparação
da auditoria;
◦◦ preparando o plano de auditoria;
◦◦ atribuindo trabalho (responsabilidades) à equipe auditora;
◦◦ preparando os documentos de trabalho.
•• conduzindo as atividades da auditoria:
◦◦ reunião de abertura;

160 Sistema de gestão, certificações e auditorias


◦◦ análise crítica da documentação do sistema de gestão am-
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biental (ou da norma a ser auditada);


◦◦ comunicação durante a auditoria;
◦◦ atribuição de papéis e responsabilidades dos guias e
observadores;
◦◦ coletando e verificando informações (evidências da auditoria);
◦◦ gerando constatações (conformidades ou não conformida-
des) da auditoria;
◦◦ preparando as conclusões da auditoria;
◦◦ reunião de encerramento.
•• preparando e distribuindo o relatório de auditoria;
•• concluindo a auditoria;
•• conduzindo a auditoria de acompanhamento, referente ao plano
de ação das não conformidades encontradas na auditoria, caso
esta fase seja especificada no plano de auditoria.

PARA SABER MAIS

A descrição das etapas Planejamento (Gerenciando um programa


de auditoria) e Execução (Executando uma auditoria), mesmo que
resumida nos subcapítulos seguintes, é muito rica em detalhes. Para
saber mais detalhes sobre a etapa “Gerenciando um programa de au-
ditoria”, vide a seção 5 – gerenciando um programa de auditoria da
norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para auditoria de sistemas
de gestão.

Conforme definido na norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para


a auditoria de sistemas de gestão, seguem as figuras 1 e 2 detalhando
as etapas de gerenciamento da auditoria e executando a auditoria e as
respectivas etapas no ciclo PDCA.

Auditoria interna 161


Figura 1 – Fluxograma do processo para gerenciamento de um programa de auditoria (retirado da NBR

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ISO 19011:2012 – Diretrizes para a auditoria de sistemas de gestão)

5.2 Estabelecendo os objetivos do


programa de auditoria

5.3 Estabelecendo o programa de auditoria


5.3.1 Papéis e responsabilidades da pessoa
que gerencia o programa de auditoria
5.3.2 Competência da pessoa que gerencia PLANEJAR
o programa de auditoria
5.3.3 Determinando a abrangência de um
programa de auditoria
5.3.4 Identificando e avaliando os riscos do
programa de auditoria
5.3.5 Estabelecendo procedimentos para o
programa de auditoria
5.3.6 Identificando os recursos para o
programa de auditoria

5.4 Implementando o programa de auditoria


5.4.1 Generalidades
Competência e
5.4.2 Definindo os objetivos, escopo e
avaliação de
critérios para uma auditoria individual
auditores (seção 7)
5.4.3 Selecionando os métodos de auditoria
5.4.4 Selecionando os membros da equipe
de auditoria FAZER
5.4.5 Atribuindo responsabilidades para
uma auditoria individual ao líder da equipe
de auditoria
5.4.6. Gerenciando os resultados do Realizando
programa da auditoria urna auditoria
5.4.7 Gerenciando e mantendo registros do (seção 6)
programa de auditoria

5.5 Monitoramento do programa da


auditoria CHECAR

5.6 Análise crítica e melhoria do programa AGIR


da auditoria

162 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Nota: a numeração das subseções (figuras 1 e 2) referem-se às sub-
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seções pertinentes da NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para a auditoria


de sistemas de gestão.

Figura 2 – Atividades típicas da auditoria (retirado da NBR ISO 19011:2012 – Diretrizes para a auditoria
de sistemas de gestão)

6.2 Iniciando a auditoria


6.2.1 Generalidades
6.2.2 Estabelecendo contato inicial com o auditado
6.2.3 Determinando a viabilidade da auditoria

6.3 Preparando as atividades da auditoria


6.3.1 Realizando a análise crítica documental na preparação da auditoria
6.3.2 Preparando o plano da auditoria
6.3.3 Atribuindo trabalho à equipe auditora
6.3.4 Preparando os documentos de trabalho

6.4 Conduzindo as atividades da auditoria


6.4.1 Geral
6.4.2 Conduzindo a reunião de abertura
6.4.3 Realizando análise crítica documental quando da execução da auditoria
6.4.4 Comunicação durante a auditoria
6.4.5 Atribuição de papéis e responsabilidades dos guias e observadores
6.4.6 Coletando e verificando informações
6.4.7 Gerando constatações da auditoria
6.4.8 Preparando as conclusões da auditoria
6.4.9 Conduzindo a reunião de encerramento

6.5 Preparando e distribuindo o relatório da auditoria


6.5.1 Preparando o relatório da auditoria
6.5.2 Distribuindo o relatório da auditoria

6.6 Concluindo a auditoria

6.7 Conduzindo a auditoria de acompanhamento


(se especificado no plano da auditoria)

Auditoria interna 163


Nos subcapítulos seguintes, iremos abordar cada um destes tópicos

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relacionados nas figuras 1 e 2.

No quadro 1, podemos observar que as atividades envolvidas no


programa de auditoria serão utilizadas posteriormente no processo de
execução da auditoria. Vale ressaltar que algumas etapas são recomen-
dações (quando acompanhadas do termo “convém”) e não obrigatórias
na aplicação de auditoria interna para o sistema de gestão ambiental.

Quadro 1 – Atividades do programa de auditoria e de execução de uma auditoria

PROGRAMA DE AUDITORIA EXECUÇÃO DA AUDITORIA

• Estabelecimento dos objetivos


(resultados a serem alcançados)
• Iniciando uma auditoria;
do programa de auditoria;
• Preparando as atividades
• Estabelecimento do programa
da auditoria;
de auditoria;
• Conduzindo as atividades
• Implementando o programa
da auditoria;
de auditoria;
• Preparando e distribuindo
• Monitoramento do programa
o relatório de auditoria;
de auditoria;
• Concluindo a auditoria.
• Analisando criticamente e melhorando
o programa de auditoria.

2 Planejamento

2.1 Objetivos do programa de auditoria

Os objetivos do programa de auditoria devem estabelecer o direcio-


namento do planejamento e da realização da auditoria e assegurar que
ela seja implementada eficazmente. Esses objetivos devem ser consis-
tentes com os objetivos e com a política do sistema de gestão.

164 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Seguem alguns exemplos de objetivos do programa de auditoria:
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•• contribuir para melhoria de um sistema de gestão e seu


desempenho;

•• atender a requisitos externos, por exemplo, certificação de acordo


com uma norma de sistema de gestão;

•• verificar a conformidade com requisitos contratuais;

•• obter e manter confiança na capacidade de um fornecedor;

•• determinar a eficácia do sistema de gestão;

•• avaliar a compatibilidade e o alinhamento dos objetivos do siste-


ma de gestão com a política do sistema de gestão e os objetivos
gerais da organização.

2.2 Programa de auditoria

O responsável que gerencia o programa de auditoria deve estabe-


lecer a sua abrangência, identificar e avaliar riscos, estabelecer as res-
ponsabilidades e a equipe de auditoria, seus procedimentos e recursos
necessários, estabelecer o escopo da auditoria, assegurar que os regis-
tros da auditoria sejam apropriados e mantidos, e monitorar, analisar e
melhorar o programa de auditoria.

Esse profissional deve ter conhecimentos e habilidades em: princí-


pios de auditorias, norma de sistemas de gestão, atividades, produtos
e processos da organização auditada e requisitos legais aplicáveis à
organização.

A abrangência do programa de auditoria pode variar dependendo do


tamanho e da natureza da organização auditada, assim como da fun-
cionalidade, complexidade e nível de maturidade do sistema de gestão
e de temas relevantes para o sistema de gestão, tais como questões

Auditoria interna 165


sociais e culturais, e questões relativas às partes interessadas, como

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reclamações de clientes.

O responsável pelo programa de auditoria deve identificar e avaliar os


riscos associados desse programa, tais como: recursos (mão de obra)
e tempo insuficientes, qualificação dos auditores internos, falhas na co-
municação do programa de auditoria e não atingimento dos resultados.

O(s) procedimento(s) para um programa de auditoria deve(m) incluir


o planejamento e programação das auditorias, questões de confiden-
cialidade e segurança da informação (caso necessário), seleção da
equipe de auditores e definição de suas competências.

Os recursos de auditorias devem ser identificados e levados em con-


sideração no programa de auditoria, tais como os recursos financeiros
para as atividades de auditorias, disponibilidade de auditores e especia-
listas (quando necessário), tempo de viagem e custos, acomodações,
disponibilidade de tecnologia de informação e comunicação e outras
necessidades da auditoria.

2.3 Implementando o programa de auditoria

A implementação de um programa de auditoria tem como objetivo


viabilizar as auditorias e os recursos conforme o planejado. Devem ser
consideradas as seguintes etapas:

•• comunicação às partes interessadas e informação periódica de


seu progresso;

•• definição de objetivos, escopo e critérios da auditoria;

•• seleção dos métodos de auditoria;

•• seleção da equipe auditora;

•• responsabilidades da equipe auditora;

166 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• gerenciamento dos resultados do programa de auditoria;
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•• gerenciamento dos registros (informação documentada) da


auditoria.

A comunicação às partes interessadas pode ser realizada pela di-


vulgação do próprio plano de auditoria por meio de quadros de avisos,
e-mails, internet e intranet, entre outros meios de comunicação.

Os objetivos definem o que deve ser acompanhado na auditoria e


podem incluir: a abrangência das atividades e a conformidade com os
requisitos e procedimentos do sistema de gestão, a capacidade de as-
segurar a conformidade com os requisitos legais e outros requisitos e a
identificação das áreas críticas.

O escopo deve ser consistente com o programa de auditoria e com


os objetivos da auditoria, e devem incluir informações sobre: localiza-
ção física, unidades da organização, atividades e processos a serem
auditados e o período coberto pela auditoria.

Os critérios de auditoria são usados como referência contra a qual


a conformidade é determinada, ou seja, as evidências da auditoria de-
vem ser confrontadas com esses critérios, que podem incluir políticas
da organização, procedimentos, normas, requisitos legais, requisitos
contratuais, códigos de conduta e demais requisitos planejados e esta-
belecidos no sistema de gestão ambiental.

A escolha dos métodos da auditoria depende dos objetivos, do esco-


po e de seus critérios, bem como o período da auditoria e dos locais a
serem auditados. Devem ser considerados:

•• o envolvimento entre o auditor e o auditado, ou seja, se será com


interação humana (entrevistas) ou sem interação humana (análi-
se de documentos e observação);

Auditoria interna 167


•• a presença do auditor no local da auditoria ou se será auditoria

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remota (a distância, utilizando recursos como e-mails, armazena-
mento em nuvem, videoconferência, etc.);

•• fontes de informação, tais como: entrevistas com os auditados,


observações das atividades e do ambiente de trabalho, informa-
ção documentada e indicadores de desempenho;

•• regras sobre a visita do local auditado, tais como: uso de EPIs


– Equipamentos de Proteção Individual –, minimização das inter-
rupções das atividades, integração dos auditores (antes da audi-
toria) sobre as regras de segurança e de conduta da organização
auditada, entre outros.

A seleção da equipe auditora deve considerar a competência neces-


sária para atingir os objetivos da auditoria dentro do escopo definido.
Caso exista um único auditor, este deve desempenhar todas as respon-
sabilidades da equipe auditora.

A equipe auditora deve ser composta de:

•• auditor líder: responsável pela condução da equipe auditora, pe-


los relatórios de auditoria e solução de quaisquer problemas e
conflitos durante a auditoria;

•• equipe auditora: responsável pelo cumprimento da execução da


auditoria;

•• especialista: pessoa que tem o conhecimento e/ou experiência


específicos, mas convém que ele não atue como auditor.

Ao selecionar a equipe auditora, convém que sejam considerados:

•• a competência global da equipe auditora, de forma que cada


membro complemente as competências da equipe;

•• complexidade da auditoria;

168 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• independência dos membros da equipe auditora, de forma a evi-
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tar conflitos de interesses;

•• o idioma a ser usado na auditoria;

•• conhecimentos e habilidades, para atingir os objetivos da


auditoria.

Os auditores internos são pessoas escolhidas pela organização (ou


podem ser de uma consultoria terceirizada), geralmente as mais envol-
vidas em cada processo no sistema de gestão ambiental, ou seja, pode
ser um gestor ou colaborador de qualquer processo/área. A qualifica-
ção destes auditores internos é realizada através de um treinamento
com base nas normas ISO 14001:2015 – sistemas de gestão ambiental
e NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para auditoria de sistemas de ges-
tão, mas também pode ter algum requisito complementar para a sua
qualificação conforme o procedimento de cada organização (exemplos:
ter no mínimo ensino médio, tempo de experiência na organização, ter
um número mínimo de auditorias acompanhadas por auditores mais
experientes).

PARA SABER MAIS

Sobre a competência dos auditores, vide o anexo A – diretrizes e


exemplos ilustrativos de conhecimentos e habilidades de auditores
de disciplinas específicas da norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes
para auditoria de sistemas de gestão.

O gerenciamento dos resultados do programa de auditoria deve as-


segurar as seguintes atividades a serem desempenhadas:

•• análise crítica e aprovação dos relatórios de auditorias;

•• análise crítica da causa raiz e eficácia das ações corretivas e


preventivas;

Auditoria interna 169


•• distribuição dos relatórios de auditoria para a alta direção e outras

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partes interessadas;

•• determinação da necessidade para qualquer auditoria de


acompanhamento.

O registro (informação documentada) do programa de auditoria deve


ser gerenciado e mantido de forma a demonstrar a implementação do
programa de auditoria.

2.4 Monitorando o programa de auditoria

Convém que o programa de auditoria monitore a sua implementa-


ção, considerando a necessidade de:

•• avaliar a conformidade com programas da auditoria, planejamen-


tos e objetivos da auditoria;

•• avaliar o desempenho dos membros da equipe de auditoria;

•• avaliar a capacidade das equipes de auditoria para implementar


o plano da auditoria;

•• avaliar a retroalimentação pela alta direção, auditados, auditores


e outras partes interessadas.

2.5 Análise crítica e melhoria do programa de auditoria

O programa de auditoria deve analisar criticamente se os seus ob-


jetivos foram atendidos. As lições aprendidas da análise crítica do pro-
grama da auditoria podem ser usadas para melhorar continuamente o
programa de auditoria.

Convém que a análise crítica do programa da auditoria considere o


seguinte:

170 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• resultados e tendências do monitoramento do programa da
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auditoria;

•• conformidade com os procedimentos do programa da auditoria;

•• evolução das necessidades e expectativas de partes interessadas;

•• registros do programa da auditoria;

•• alternativas ou novos métodos de auditoria;

•• eficácia de medidas para considerar os riscos associados com o


programa da auditoria;

•• questões de confidencialidade e segurança da informação relati-


vas ao programa da auditoria.

3 Execução
A auditoria deve ser executada conforme o estabelecido no progra-
ma de auditoria e deve considerar as seguintes atividades típicas de
uma auditoria:

•• iniciando a auditoria;

•• preparação das atividades da auditoria;

•• condução das atividades da auditoria;

•• preparação e distribuição do relatório de auditoria;

•• conclusão da auditoria;

•• condução da auditoria de acompanhamento (se necessário).

O contato inicial com o auditado é de responsabilidade do auditor lí-


der, e seus propósitos incluem: o estabelecimento da comunicação com
os representantes dos auditados (sendo mais aplicável para auditorias

Auditoria interna 171


realizadas por terceiros), solicitar o acesso à informação documentada

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para fins de planejamento, conhecer os requisitos legais e outros requi-
sitos, acordar sobre a participação de guias para acompanhar a equipe
auditora, e informações relacionadas à segurança do trabalho, incluindo
a necessidade de fazer uma integração antes da realização da auditoria.

A viabilidade da auditoria deve ser determinada para fornecer con-


fiança razoável de que os objetivos da auditoria podem ser atingidos.
Convém que a determinação da viabilidade leve em consideração a dis-
ponibilidade dos seguintes fatores:

•• informações suficientes e apropriadas para o planejamento e re-


alização da auditoria;

•• cooperação adequada do auditado;

•• tempo e recursos adequados para a realização da auditoria.

Convém que a informação documentada pertinente ao sistema de


gestão seja analisada criticamente para preparar as atividades de au-
ditoria e avaliar a sua abrangência para detectar possíveis lacunas no
programa de auditoria.

O plano de auditoria deve ser preparado pelo auditor líder com base
nas informações contidas no programa de auditoria e na documenta-
ção fornecida pelo auditado. O nível de detalhes do plano de auditoria
deve refletir o escopo, a complexidade e o atendimento aos objetivos da
auditoria.

Convém que o plano de auditoria inclua ou referencie os seguintes


itens:

•• os objetivos da auditoria;

172 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• o escopo da auditoria, incluindo identificação das plantas (matriz
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e filiais), bem como os processos a serem auditados;

•• os critérios de auditoria e quaisquer documentos de referência;

•• as localizações, datas, tempos estimados e duração das ativida-


des da auditoria a serem realizadas, incluindo as reuniões com a
direção do auditado;

•• os métodos de auditoria a serem usados;

•• tipo de amostragem, pois auditar 100% dos registros (informação


documentada) em geral é inviável e adota-se uma amostragem
baseada no julgamento do auditor ou estatística;

•• os papéis e responsabilidades dos membros da equipe de audito-


ria, incluindo dos guias;

•• a alocação de recursos apropriados para áreas críticas da


auditoria;

•• identificação do representante do auditado na auditoria;

•• idioma de trabalho e do relatório da auditoria, se ele for diferente


do idioma do auditor ou do auditado, ou ambos;

•• preparativos de logística e de comunicação, incluindo preparati-


vos específicos para os locais a serem auditados;

•• assuntos relacionados à confidencialidade e à segurança da


informação;

•• quaisquer ações de acompanhamento de auditorias anteriores.

Recomenda-se apresentar o plano da auditoria ao auditado. Caso


haja quaisquer objeções do auditado, estas devem ser solucionadas en-
tre o auditor líder e o auditado ou seu representante.

Auditoria interna 173


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Quadro 2 – Exemplo de um plano de auditoria.

Rev. Página
PLANO DE AUDITORIA 00 1 de 1
2016 Data
13 / 02 / 2016

Empresa: XPTO Química Ltda

Planta(s) Rua Ecologia, 123 – Vila da Sustentabilidade - São Paulo - SP


Auditada(s):
Representante do Sr. Qualis Contato:
cliente: (11) 5555-5555 / qualis@xptoquimica.com.br
Nº Turnos: Qtde Funcionários: Qtde Dias: Data(s):
02 51 02 11 e 12 de Outubro/2016
Equipe Auditora: x Anderson Palácio – Auditor Líder (ISO 14001);
x CHG – Auditor (requisitos legais).
Critério(s) de NBR ISO 14001:2015; Política e Objetivos ambientais; Manual do Sistema de Gestão
Auditoria: Ambiental Rev.01; Procedimentos do sistema de gestão ambiental;
Legislação Ambiental e Requisitos Contratuais (Tabela Legis.001/16).
Método / Método: Entrevistas com os auditados, observações das atividades e do ambiente de
Amostragem: trabalho, informação documentada e indicadores de desempenho;
Amostragem: baseada no julgamento e experiência do auditor .
Escopo: Produção e distribuição de produtos químicos para higiene e limpeza em geral. Formatado: Cor

Objetivo(s) da O Objetivo desta auditoria é fornecer à organização informações relativas à atual situação da
auditoria: implementação do sistema de gestão com base na norma de referência, destacar os pontos
fortes do sistema, bem como aqueles que necessitam de melhorias.
Exclusão (justificar): Não há exclusão de requisitos da ISO 14001:2015
(todos os requisitos da norma são aplicáveis na XPTO Química Ltda).

ITINERÁRIO
Data Horário Auditor Processo
11.10.16 08:00 - 08:15 Anderson Palácio Reunião de abertura
(terça) 08:15 - 09:15 Anderson Palácio Vendas
09:15 - 10:15 Anderson Palácio Compras (inclui recebimento)
10:15 - 11:15 Anderson Palácio Planejamento
11:15 - 12:00 Anderson Palácio Manutenção e Ferramentaria
(Obrigatório uso de EPIs)
12:00 - 13:00 Almoço
13:00 – 15:30 Anderson Palácio ETE / Caldeiras / Almoxarifado
(Obrigatório uso de EPIs)
15:30 - 17:00 Anderson Palácio Recursos Humanos
12.10.16 08:00 – 12:00 Anderson Palácio Produção (obrigatório uso de EPIs)
(quarta) 12:00 - 13:00 Almoço
13:00 – 16:00 Anderson Palácio Sistema de Gestão Ambiental
CHG Direção / Objetivos ambientais
Requisitos Legais e Contratuais
16:00 – 16:30 Anderson Palácio Análise e fechamento do relatório
CHG (Equipe auditora)
16:30 – 17:00 Anderson Palácio Reunião de fechamento
CHG

Descrição das Alterações Elaborado Aprovado


- Emissão inicial. Anderson Palácio Cliente

174 Sistema de gestão, certificações e auditorias


O auditor líder, em conjunto com a equipe auditora, deve definir as
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responsabilidades a cada membro da equipe para auditar processos


específicos, atividades, funções ou locais. Essas responsabilidades de-
vem levar em consideração a independência e a competência dos audi-
tores, conforme o programa de auditoria.

A equipe auditora deve analisar as informações pertinentes às suas


tarefas e pode preparar documentos de trabalho, baseados no progra-
ma de auditoria, podendo incluir:

•• uso de listas de verificação e questionários;

•• planos de amostragem;

•• formulários para registros das informações, tais como constata-


ções de auditoria e registros de reuniões.

As atividades da auditoria são normalmente realizadas em uma se-


quência definida, conforme exemplificado no quadro 3. Esta sequên-
cia pode ser variada para atender a circunstâncias das auditorias
específicas.

Quadro 3 – Conduzindo as atividades da auditoria

ATIVIDADE DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

O auditor líder deve confirmar o plano de


auditoria com todas as partes envolvidas.
Reunião de abertura Apresentar a equipe auditora e assegurar que
todas as atividades planejadas possam ser
realizadas.

Determinar a conformidade do sistema com os


Análise crítica da documentação critérios da auditoria.
Obter informações para apoiar a auditoria.

Auditoria interna 175


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ATIVIDADE DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Acordar as formas de comunicação com as


partes envolvidas.
Comunicação Comunicação periódica para trocar informações,
avaliar o progresso da auditoria e redistribuir o
trabalho entre os membros da equipe.

Guias e observadores não podem influenciar ou


interferir na realização da auditoria.
Papéis e responsabilidades dos guias e Os guias devem apoiar a equipe auditora nas
observadores apresentações dos auditados, nos horários, no
acesso aos locais e nas regras de segurança,
entre outras.

Definir as fontes de informações, coletar por


Coletando e verificando informações meio de amostragem, gerar as evidências
objetivas da auditoria.

Confrontar as evidências de auditoria contra os


Constatações de auditoria critérios de auditorias, gerar as constatações da
auditoria (conforme ou não conforme).

Analisar criticamente as constatações de acordo


com o programa de auditoria.
Concluir a auditoria, definindo a abrangência
Conclusões de auditoria da conformidade com os critérios de auditoria,
a eficácia do sistema de gestão em atender os
objetivos declarados e a implementação eficaz,
manutenção e melhoria do sistema de gestão.

O auditor líder deve apresentar aos envolvidos


as constatações e conclusões de auditorias.
Advertir que as evidências foram coletadas de
Reunião de encerramento
forma amostral e explicar quaisquer atividades
pós-auditoriais, tais como o tratamento de
ações corretivas e preventivas.

Os resultados da auditoria devem ser relatados pelo auditor líder de


acordo com os procedimentos do programa de auditoria. Convém que
o relatório de auditoria forneça um registro completo, preciso, conciso
e claro da auditoria. Deve incluir ou fazer referência aos seguintes itens:

176 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• os objetivos da auditoria;
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•• o escopo da auditoria, particularmente a identificação das unida-


des organizacionais e funcionais ou os processos auditados;

•• identificação do cliente da auditoria;

•• identificação da equipe auditora e dos participantes do auditado


na auditoria;

•• as datas e locais onde as atividades da auditoria foram realizadas;

•• os critérios da auditoria;

•• as constatações da auditoria e as evidências relacionadas;

•• as conclusões da auditoria;

•• uma descrição sobre o grau no qual os critérios da auditoria fo-


ram atendidos.

O relatório da auditoria deve ser emitido dentro do período de tem-


po acordado. Ele deve ser datado, analisado criticamente e aprovado
conforme apropriado, de acordo com os procedimentos do programa
de auditoria. O relatório da auditoria deve então ser distribuído às pes-
soas conforme definido nos procedimentos da auditoria ou no plano da
auditoria.

A conclusão da auditoria se dá quando todas as atividades planeja-


das da auditoria forem realizadas. Convém que os documentos perten-
centes à auditoria sejam retidos ou destruídos, conforme acordo entre
as partes e de acordo com os procedimentos do programa da auditoria.

As conclusões da auditoria podem, dependendo dos objetivos da


auditoria, indicar a necessidade de correções ou ações corretivas,

Auditoria interna 177


preventivas ou de melhoria. Tais ações são normalmente decididas e

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realizadas pelo auditado dentro de um período de tempo acordado.

Considerações finais
Neste capítulo abordamos exclusivamente os conceitos e tópi-
cos envolvidos numa auditoria interna, com base na norma NBR ISO
19011:2012 – diretrizes para auditoria de sistemas de gestão –, porém
não abordamos esta norma na íntegra porque ela é muito abrangente e
complexa para esgotarmos todos os seus tópicos neste capítulo.

Baseando-se na norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para audi-


toria de sistemas de gestão – vimos as definições, as etapas de uma
auditoria, o planejamento de um programa de auditoria e a execução da
auditoria conforme estabelecido no seu programa de auditoria.

No tópico Planejamento, vimos de forma mais detalha as atividades


que envolvem o programa de auditoria, sendo:

•• estabelecimento dos objetivos (resultados a serem alcançados)


do programa de auditoria;

•• estabelecimento do programa de auditoria;

•• implementando o programa de auditoria;

•• monitoramento do programa de auditoria;

•• analisando criticamente e melhorando o programa de auditoria.

No último tópico, Execução, vimos de forma detalhada as atividades


envolvidas na etapa de execução da auditoria, considerando as seguin-
tes atividades:

•• iniciando uma auditoria;

•• preparando as atividades da auditoria;

178 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• conduzindo as atividades da auditoria;
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•• preparando e distribuindo o relatório de auditoria;

•• concluindo a auditoria.

Vale reforçar que as atividades envolvidas no programa de auditoria


serão utilizadas posteriormente no processo de execução da auditoria.

Estudamos neste capítulo o requisito 9.2 – auditoria interna referen-


te à seção 9 – avaliação de desempenho, que tem como objetivo avaliar
se o sistema de gestão ambiental está implementado e mantido eficaz-
mente, baseando-se na norma NBR ISO 19011:2012 – diretrizes para
auditoria de sistemas de gestão, lembrando que este requisito é consi-
derado como a principal ferramenta de monitoramento de um sistema
de gestão ambiental e pertence à fase “Checar” do ciclo PDCA.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-
cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes. Acesso em: 14 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


19011:2012 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de
Janeiro: NBR, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

Auditoria interna 179


Capítulo 13

Não conformidade
e ação corretiva

A seção 10 – melhoria destaca o requisito não conformidade e ação


corretiva.

As organizações devem estabelecer, implementar e manter um pro-


cesso para a identificação de não conformidades, análise da causa raiz,
estabelecimento de ações corretivas com base nas causas estudadas e
avaliação da eficácia das ações corretivas implementadas.

A ação corretiva é, juntamente à auditoria interna, o requisito mais


usado e importante para atingir o ciclo de melhoria contínua. Esta é a
última seção da norma ISO 14001:2015 e está relacionada com a etapa
“Agir” (Act) do ciclo PDCA.

181
1 Não conformidade e ação corretiva

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O objetivo deste requisito é que a organização identifique as não
conformidades, tome ação de correção para mitigar seus impactos am-
bientais e, se necessário, avalie a causa da não conformidade e aplique
ações corretivas para eliminar a(s) sua(s) causa(s) de forma e evitar a
reincidência desta não conformidade.
A evidência é a retenção da informação documentada sobre a natu-
reza das não conformidades e quaisquer ações subsequentes tomadas
e sobre os resultados de qualquer ação corretiva.
Na figura 1, podemos observar todas as etapas de uma ação corre-
tiva e sua correlação com o ciclo PDCA, sendo que este método é mais
conhecido como “8 Passos”.
Figura 1 – Fluxograma das etapas de uma ação corretiva.

PDCA FLUXO ETAPA OBJETIVO

Identificação Definir claramente o problema e


1 do problema reconhecer sua importância.

P 2 Observação
Investigar as características específicas
do problema com uma visão ampla e
sob vários pontos de vistas.

3 Análise Descobrir as causas fundamentais.

Plano de ação Conceber um plano para bloquear


4 as causas fundamentais.

D 5 Ação Bloquear as causas fundamentais.

6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo.

C
? (Bloqueio foi efetivo?)

Prevenir-se contra o reaparecimento


7 Padronização do problema.
A Recapitular todo o processo
Conclusão de solução do problema para
8
trabalho futuro.

Fonte: adaptado de Falconi (2014).

182 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Para um melhor entendimento desse requisito, vale ressaltar o signi-
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ficado dos termos utilizados, conforme a definição da própria NBR ISO


14001:2015:

Requisito: necessidade ou expectativa que é declarada, geralmente


implícita ou obrigatória.

NOTA 1: geralmente “implícita” significa que é costume ou práti-


ca comum para a organização e partes interessadas que a ne-
cessidade ou expectativa sob consideração esteja implícita.
NOTA 2: um requisito especificado é aquele que é declarado, como,
por exemplo, em informação documentada.

Conformidade: atendimento de um requisito.

Não conformidade: não atendimento de um requisito.

NOTA 1: não conformidade refere-se aos requisitos desta norma


(ISO 14001:2015) e requisitos adicionais do sistema de gestão am-
biental que uma organização (3.1.4) estabelece para si mesma.

Ação corretiva: ação para eliminar a causa de uma não conformi-


dade e para prevenir a recorrência.

NOTA 1: pode existir mais de uma causa para uma não conformida-
de. (ABNT, 2015)

Importante lembrar que as ações preventivas são abordadas na se-


ção 4.1 – entendendo a organização e seu contexto e na seção 6.1 –
ações para abordar riscos e oportunidades. As ações preventivas são
uma das principais propostas de um sistema de gestão ambiental para
agir como instrumento de prevenção.

1.1 Identificação de não conformidades

As não conformidades podem ser detectadas internamente (na


organização) ou externamente (fora da organização), tais como

Não conformidade e ação corretiva 183


reclamações de clientes, comunidades ou ONGs, sendo identificadas

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nas atividades de controle, monitoramento e medição das atividades,
ou em auditorias internas ou externas (de clientes ou organismos
certificadores).

As pessoas que detectam essas não conformidades externamen-


te, tais como ONGs, comunidade e clientes podem informar ou recla-
mar sua presença utilizando o website por meio do formulário Fale
Conosco, por e-mail, ou por telefone via SAC – serviço de atendimento
ao cliente, ou mesmo diretamente na portaria da organização. Este
canal de recebimento de não conformidades depende de cada organi-
zação, que deve ter um processo definido para atendimento das recla-
mações externas.

As pessoas que detectam essas não conformidades internamente,


ou seja, as pessoas da organização, podem ou não ter autoridade para
analisar e tratá-las. Caso não tenham tal autoridade, essas pessoas
devem comunicar aos responsáveis que tenham competência para
analisar e tratar essas não conformidades conforme o respectivo pro-
cedimento de não conformidades e ações corretivas.

A organização deve ter um procedimento para tratar das não con-


formidades (ou reclamações) detectadas internamente ou externa-
mente. Como a ISO 14001:2015 – sistemas de gestão ambiental não
especifica como deve ser esse procedimento e não há uma norma
específica para esse fim, cada organização determina o seu processo
para atendimento a essas não conformidades e suas ações corretivas.

No quadro 1, podemos observar um modelo da XPTO Química Ltda


para o registro das etapas de identificação de não conformidades,
análise da causa raiz, estabelecimento de ações corretivas e avaliação
da eficácia das ações corretivas implementadas.

184 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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Quadro 1 – Exemplo de plano de ação

nº:
PLANO DE AÇÃO (SMS) Data:

Resp.:
Tipo : Preventiva Corretiva

Incidente Acidente ________________________________________


_
1. Descrição da não conformidade SMS / acidente / incidente:
Gestor da área ambiental (registro da NC)

2. Evidência(s) objetiva(s):

3. Documentos relacionados:

4. Equipe de trabalho:

5. Ação imediata: ação provisória ou correção que permite a continuidade das atividades até a implementação da ação do item 7:
(Anexar evidências, quando aplicáveis)

Resp Prazo

6. Identificação da causa raiz: por que a não conformidade real ou potencial foi gerada?
Gestor da área ambiental (registro da AC / AP)

7. Ação corretiva/preventiva: ação que elimina a causa real/potencial da constatação:


(Anexar evidências, quando aplicáveis)

Resp Prazo

8. Abrangência: quais outros locais/produtos/processos podem ter o mesmo problema?

Resp Prazo

9. Verificação da implementação/comprovação da eficácia das ações tomadas:


Gestor ambiental (registro da
eficácia)

Revisar documentos? Não Sim Qual(is)? Resp Prazo

10. Encerramento da NC: Eficaz Ineficaz

FSMS-02-00

Não conformidade e ação corretiva 185


1.2 Investigação de causas

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A organização deve avaliar a necessidade de uma ação para eliminar
as causas da não conformidade, para evitar que ela não seja reinciden-
te. Para isso a análise da não conformidade deve ser feita criticamente
a fim de determinar as suas causas.

Outro ponto importante é que a organização deve analisar as não


conformidades ocorridas e definir se são necessárias ações corretivas.
Esta definição pode ser feita para uma não conformidade ou para um
conjunto de não conformidades semelhantes.

A ação corretiva para eliminar as reincidências de não conformida-


des depende de uma detalhada identificação das causas dessa não
conformidade. Portanto, a não conformidade deve ser analisada e revis-
ta no sentido de identificar qual a causa raiz – ou causas raízes – que
originou a não conformidade, sendo necessário uma análise minuciosa
para descobri-la.

Analisar e descobrir as causas raízes da não conformidade deve ser


um exercício exaustivo que permita chegar aos fatores que determinam
o problema, para que se possa de fato eliminar a causa. As análises
superficiais de causas que apenas identificam uma causa aparente da
falha, que apontam para falha pontual ou erro humano (exemplo: falta
de treinamento), dificilmente vão gerar ações eficazes que eliminam as
causas raízes da não conformidade. Consequentemente, essas ações
superficiais serão ineficazes para o sistema de gestão ambiental.

Para analisar as causas raízes, há técnicas como o Diagrama de


Ishikawa (ou espinha de peixe) ou os “5 Porquês” às quais a organização
pode recorrer para uma boa análise das causas.

186 Sistema de gestão, certificações e auditorias


O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de
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causa e efeito ou diagrama espinha de peixe, é uma representação


gráfica com o objetivo de organizar as causas mais prováveis de uma
não conformidade, sendo estas causas divididas em seis meios (“espi-
nhas”): método, material, mão de obra, máquina, medição e meio am-
biente, conforme ilustrado na figura 2.

Figura 2 – Exemplo do Diagrama de Ishikawa

1) o método se manteve o mesmo.


1a) o formulário do plano de ação
usado não utiliza métodos/campos
mais precisos, ainda permitindo uma
análise da causa/ação superficial.

Método Equipamento Medição


Plano de
ação não
foi eficaz
Matéria- Meio Mão
-prima ambiente de obra

2) Nem sempre utilizamos uma equipe


multidisciplinar para a análise das causas.
2a) Nem todos da equipe multidisciplinar são
qualificados nas ferramentas da qualidade.

A técnica conhecida como “5 Porquês” é utilizada para auxiliar a en-


contrar a principal causa de uma não conformidade, na qual pergunta-
mos 5 vezes o motivo de seu acontecimento. Contudo, não é obrigatório
chegar até o quinto porquê desde que se chegue à causa raiz da não
conformidade. Vide exemplo no quadro 2.

Não conformidade e ação corretiva 187


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Quadro 2 – Exemplo da técnica dos “5 Porquês”

SOLICITAÇÃO DE AÇÃO CORRETIVA /


AÇÃO PREVENTIVA
Gestão Ambiental

NÚMERO: SAC 001/16 ( x ) AÇÃO CORRETIVA ( ) AÇÃO PREVENTIVA ( ) AÇÃO DE MELHORIA

REGISTRO ÁREA DE OCORRÊNCIA: SGA / Direção RESPONSÁVEL / DATA: 21/10/2016

DESCRIÇÃO (O QUÊ):

Em geral, a XPTO Química Ltda não realizou suas atividades do SGA (parcial ou total) em 2016, contrariando o
planejamento do Manual da Ambiental, Procedimentos Internos e Objetivos Ambientais;
Vide as Não Conformidades da auditoria interna, no Relatório de Auditoria de Out/16;
Nota: como se trata, na prática, da mesma causa raiz foi decidido fazer apenas uma SAC – solicitação de
ação, sendo estas NCs bastante discutidas na Ata de ACD – análise crítica pela direção de Out/2016.

INVESTIGAÇÃO DA CAUSA - FERRAMENTA 5 PORQUÊS

1) Porquê: Com o agravamento da crise econômica instalada no país neste ano, a direção acreditou que não
seria mais possível manter a certificação da ISO 14001 devidos aos custos ambientais. Com isso
algumas atividades essenciais do SGA foram aos poucos deixadas de lado;
ANÁLISE

2) Porquê: Incluindo as atividades de RH, tais como os treinamentos e integrações tendo como consequência a
perda dos conceitos do SGA; Portanto os colaboradores, não conhecendo os procedimentos, deixaram
de fazer algumas atividades específicas do SQA;

3) Porquê: Além deste conhecimento, foram se perdendo ao longo do tempo a definição das responsabilidades e
autoridades, principalmente entre os gestores, sendo gerados alguns conflitos internos entre o SGA e
Produção;

4) Porquê: Faltou o estabelecimento e comunicação das responsabilidades e autoridades envolvidos no SGA, por
parte da direção.

5) Porquê:

PRAZO IMPLEMENTAÇÃO
DESCRIÇÃO (O QUE E COMO) DATA DE REALIZAÇÃO RESPONSÁVEL (QUEM)
(QUANDO)

Conscientização das responsabilidades e autoridades, entre os


gestores e a direção, incluindo a importância da implementação 21/10/2016 21/08/2016 Anderson – quality learn
das atividades do SGA e de repassá-las aos liderados.
AÇÕES

Reavaliação e estabelecimento de autoridades e responsabilidades


entre os Gestores; Francisco – direção
25/10/2016 21/10/2016
Revisão dos Procedimentos do SGA , onde necessário; Pedro - RD
Treinamento de todos os Gestores.

Restabelecimento das atividades do SGA, conforme os Francisco – Direção.


respectivos procedimentos; Pedro - RD.
28/10/2016 28/10/2016
Retomada do monitoramento dos processos, via indicadores da Gestores (Maria - RH, Dora.
Ambiental. Compras, Renato – Produção)

PRAZO DA DATA DE REALIZAÇÃO DA


CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA AVALIAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA EFICAZ (S/N) RESPONSÁVEL (QUEM)
EFICÁCIA (QUANDO)

Evidenciar 100% das atividades estabelecidas em procedimento,


AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA

para cada processo, após a auditoria de recertificação.


4/11/2016 Pedro – RD.
(Obs: não é mandatório não ter NC, mas sim os procedimentos
implementados).

Realizar uma auditoria interna (intermediária), para avaliação do Pedro – RD.


abr/17
SGA após 6 meses da retomada das atividades (desta SAC). Consultoria

CLASSIFICAÇÃO: ENCERRADA EM: RESPONSÁVEL:


( ) Concluída
( ) Nova SAC – NÚMERO:

188 Sistema de gestão, certificações e auditorias


1.3 Ação corretiva
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Quando ocorre uma não conformidade, o primeiro passo é reagir a


essa não conformidade, ou seja, a organização deve analisar a causa
da não conformidade e tomar as medidas necessárias para controlar
e corrigir esta. Além das ações, a organização deve lidar com as con-
sequências da não conformidade, incluindo a mitigação dos impactos
ambientais adversos.

NA PRÁTICA

Exemplo:

Causa da não conformidade: derrame de produto químico no solo.

Correção: abranger a sua mitigação, bem como lidar com outras con-
sequências que possam decorrer (tal como a remediação do solo ou
descontaminação de modo apropriado).

As ações corretivas devem ser estabelecidas de forma proporcional


aos efeitos potenciais das não conformidades, incluindo os impactos
ambientais abrangentes ao seu local de acontecimento. Portanto, ao
estabelecer as ações corretivas, com base nas causas raízes, deve levar
em consideração a abrangência das consequências da não conformi-
dade ocorrida. A análise pode abranger outras áreas, produtos, serviços
ou processos, sendo que uma abordagem multidisciplinar pode ser de-
terminante para uma análise eficaz.

As ações corretivas podem se traduzir num plano de ação (vide qua-


dro 1 – exemplo de plano de ação) que defina a ação, o prazo e as res-
ponsabilidades, de modo a assegurar que são implementadas.

Não conformidade e ação corretiva 189


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1.4 Avaliação da eficácia das ações corretivas

Após o estabelecimento e tomada das ações corretivas, a organi-


zação deve avaliar a eficácia destas, ou seja, se uma vez implementa-
das as ações corretivas o problema de fato foi corrigido e não existem
reincidências.

Em geral, deve-se avaliar a eficácia das ações corretivas após um


tempo de implementação das ações corretivas suficiente para avaliar
a sua eficácia. Essas avaliações podem ocorrer na fase de monitora-
mento e medição dos processos ou até mesmo em auditorias internas
previstas ou específicas para este fim.

Caso a não conformidade reincida, a ação corretiva pode não ter sido
suficiente para eliminar a causa ou a identificação da causa raiz não foi
bem analisada e efetiva. Também pode acontecer a existência de outras
causas raízes concorrentes, pelo que a não conformidade deverá ser
reanalisada, e determinada a necessidade de definir novas ações corre-
tivas com base nessas outras causas raízes.

Após o sucesso da implementação das ações corretivas, ou seja, das


ações serem consideradas eficazes, a organização deve avaliar e im-
plementar as mudanças que garantiram a eficácia das ações e introdu-
zir essas mudanças no sistema de gestão ambiental. Estas mudanças
podem ser feitas pela revisão de procedimentos operacionais, critérios
de operação e de medição, treinamentos ou até mesmo sistemas mais
complexos que envolvam a engenharia da organização.

Finalmente, os resultados das ações corretivas devem ser demons-


trados para a comprovação da sua eficácia, conforme ilustrado no final
do quadro 1.

190 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Considerações finais
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Neste capítulo abordamos o requisito que trata das não conformi-


dades e das ações corretivas, para sabermos eliminar a reincidência
dessas não conformidades. Esta sistemática contempla as fases de
identificação das não conformidades, a análise da causa raiz do proble-
ma e o estabelecimento de ações corretivas para posteriormente avaliar
a eficácia dessas ações.

Todo esse processo é primordial para a melhoria contínua do sis-


tema de gestão ambiental, e a falha parcial ou não cumprimento do
processo pode comprometer a eficácia dos resultados do sistema de
gestão ambiental.

As ações corretivas fazem parte da fase Agir (Act) do ciclo PDCA e


representam um importante instrumento de melhoria contínua do siste-
ma de gestão ambiental.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.
apcergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 14
mar. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

FALCONI, Vicente. TQC: controle da qualidade total no estilo japonês. São


Paulo: INDG, 2014.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

Não conformidade e ação corretiva 191


Capítulo 14

Melhoria contínua

A seção 10 – melhoria corresponde à etapa “Agir”, do ciclo PDCA, ou


seja, uma vez planejado, implementado e monitorado o sistema de ges-
tão ambiental (correspondentes às seções 6 – planejamento, 7 – apoio,
8 – operação e 9 – avaliação de desempenho), é chegado o momento
de melhorar o que foi planejado, implementado e monitorado.

Basicamente, as melhorias devem ocorrer em função das oportuni-


dades previstas na seção 9 – avaliação de desempenho, de não confor-
midades e ações corretivas e de melhorias determinadas na seção 10
– Melhorias. A melhoria contínua do sistema de gestão ambiental é um
meio para alcançar o fortalecimento do desempenho ambiental.

193
Neste capítulo, vamos estudar a seção 10 – melhoria e os requisi-

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tos 10.1 Generalidades, 10.2 Não Conformidade e Ação Corretiva e 10.3
Melhoria Contínua.

1 Melhoria

1.1 Generalidades

O objetivo desse requisito é promover ações de melhoria para alcan-


çar os resultados pretendidos pelo seu sistema de gestão ambiental.

A evidência exigida para o requisito é que a organização demons-


tre as melhorias. Apesar de esse requisito não requerer informação
documentada, convém que elas sejam documentadas para eventuais
demonstrações.

A organização pode considerar o resultado da análise e avaliação


do desempenho ambiental, a avaliação do atendimento aos requisitos
legais e outros requisitos, as auditorias internas e externas e a análise
crítica pela direção para refletir e tomar as ações de melhorias.

NA PRÁTICA

Vamos apresentar alguns exemplos de melhorias:

• desenvolvimento de produtos, levando em consideração o seu ciclo


de vida, tal como a redução da produção de resíduos associados
às embalagens ou a substituição de matérias-primas tóxicas para o
ambiente por outras menos perigosas;

• desenvolver fornecedores locais, de forma a privilegiar o abas-


tecimento local e diminuir a logística de transporte, tendo como
consequência a diminuição das emissões de carbono associadas a
transportes de veículos a diesel;

194 Sistema de gestão, certificações e auditorias


• reduzir o consumo de água e de energia elétrica, pela implantação
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de programas de redução de recursos estabelecidos no sistema de


gestão ambiental;

• substituição de combustíveis fósseis por combustíveis de fontes


renováveis;

• programas de educação ambientais em ONGs ou comunidades


vizinhas, de forma a trazer melhorias fora da organização e a pro-
mover a sustentabilidade ambiental em todos os locais;

• exclusão de atividades e processos que não geram valor para a


organização e que são potencialmente poluidores;

• programas de melhoria contínuas, tais como: Programa 5S, Kaizen


e caixas de sugestões;

• melhorias oriundas de não conformidades e suas ações corretivas,


da análise crítica da alta direção, das análises críticas dos objetivos
ambientais e de auditorias internas e externas.

2 Processos de melhoria contínua


A ISO 14001:2015 requer que a organização aprimore continuamen-
te a adequação e a eficácia do seu sistema de gestão ambiental com o
objetivo de melhorar o desempenho ambiental.

Segundo a ISO 14001:2015, o termo “melhoria contínua” significa a


“atividade recorrente para aumentar o desempenho”. Mas como a or-
ganização pode aumentar o seu desempenho? Para isso existem os
processos de melhoria contínua por meio de programas estruturados.
O ritmo, a extensão e o prazo das ações que apoiam os processos de
melhoria contínua são determinados pela própria organização.

Na figura 1 estão relacionados os processos de melhoria contínua


mais conhecidos, partindo do processo mais simples (5S) até o mais
complexo (Lean Manufacturing). Embora esses processos sejam mais

Melhoria contínua 195


difundidos na gestão da qualidade, eles também são aplicados direta ou

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indiretamente no sistema de gestão ambiental.

Vale ressaltar que o 5S, o Kaizen e o Lean Manufacturing são pro-


cessos de melhoria contínua independentes, ou seja, podem ser im-
plementados individualmente e/ou em tempos diferentes. A ordem de
complexidade de implementação é a seguinte (do mais fácil ao mais
complexo): 5S, Kaizen e Lean Manufacturing, conforme demonstra a fi-
gura 1.

Figura 1 – Exemplos de processos de melhoria contínua

Processos de melhoria contínua

5S Kaizen Lean Manufacturing

Agora vamos abordar, de forma sucinta, qual é o objetivo e como


funciona cada processo de melhoria contínua citado na figura 1 e qual é
a relação com o sistema de gestão ambiental.

2.1 Programa 5S

O 5S é um programa estruturado na mudança de comportamen-


to das pessoas, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho
e criar um ambiente de trabalho mais eficiente, salubre e seguro. Foi
criado com o objetivo de possibilitar um ambiente de trabalho adequa-
do para uma maior produtividade. Isto ocorreu no momento em que
o Japão tentava se reerguer da derrota sofrida na Segunda Guerra
Mundial e as indústrias japonesas necessitavam colocar no mercado
produtos com preço e qualidade capazes de competir na Europa e nos
Estados Unidos.

196 Sistema de gestão, certificações e auditorias


No quadro 1, segue um resumo sobre os conceitos e objetivos do 5S.
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Quadro 1 – Conceitos e objetivos do 5S

NOME EM NOME EM
CONCEITO OBJETIVO DO SENSO
JAPONÊS PORTUGUÊS

Senso de Separar o que é útil do Liberar espaço e coisas


Seiri
utilização. que não é útil. inúteis.

Senso de Colocar cada coisa em Identificar e organizar o


Seiton
organização. seu lugar. ambiente.

Seiso Senso de limpeza. Limpar e manter limpo. Melhorar o nível de limpeza.

Senso de Padronizar as Estabelecer regras para os


Seiketsu
padronização. atividades. três primeiros sensos.

Manter e melhorar
Senso de Promover a manutenção e a
Shitsuke todos os sensos
autodisciplina melhoria contínua
anteriores

O 5S tem uma relação direta com o sistema de gestão ambiental. O


quadro 2 demonstra exemplos da relação dos sensos com o sistema de
gestão ambiental.

Quadro 2 – Exemplos da relação dos sensos com o sistema de gestão ambiental

SENSO RELAÇÃO COM O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Retirada de materiais do solo potencialmente poluentes,


Senso de utilização evitando a sua contaminação e possível contaminação de
corpos hídricos.

Senso de organização Possibilita uma melhor observação de possíveis pontos de


vazamento em equipamentos operacionais e em reservatórios
Senso de limpeza e/ou contenções de produtos perigosos.

Padronização de atividades relacionadas aos controles


Senso de padronização ambientais, tais como: gerenciamento de resíduos, coleta
seletiva e tratamento de efluentes.

Promove a conscientização ambiental, a melhoria contínua


Senso de autodisciplina dos controles operacionais e consequentemente a melhoria do
desempenho ambiental da organização.

Melhoria contínua 197


IMPORTANTE

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Para saber mais sobre o Kaizen, leia o livro de Haroldo Ribeiro A Cer-
tificação 5S: como formar a cultura e atingir a excelência do 5S na
empresa (RIBEIRO, 2013).

2.2 Kaizen

Kaizen vem das palavras: Kai = “mudar” e Zen = “bem”, significando


“melhorar continuamente”. Teve sua origem no Japão após a 2ª Guerra
Mundial, assim como o 5S, sendo também aplicado para melhorar a
produtividade das indústrias japonesas.

O Kaizen promove a melhoria contínua em todos os níveis do proces-


so, melhorando a qualidade de seus produtos e serviços e a produtivi-
dade da organização. Nesse contexto, o Kaizen é uma metodologia que
permite baixar os custos e melhorar a produtividade.

Segundo a filosofia do Kaizen, “é sempre possível fazer melhor, ne-


nhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido implantada,
seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo”. As melhorias rea-
lizadas devem ser de forma gradual e contínua, mas nunca de forma
brusca, para não perturbar o equilíbrio da estrutura.

Um dos principais conceitos utilizados no Kaizen é o Gemba, um ter-


mo japonês que significa “local real”, ou seja, o local de trabalho onde
deve acontecer a melhoria. Portanto é de fundamental importância o
envolvimento de seus colaboradores, assim como o de seus superviso-
res e gerentes.

Para que o Kaizen ocorra, são estabelecidos alguns princípios:

•• o princípio essencial é “aprender na prática”;

198 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• todo desperdício deve ser eliminado;
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•• todos os colaboradores devem estar envolvidos no processo de


melhoria, desde o operador até o diretor;

•• o aumento de produtividade deve ser baseado em ações que não


demandem investimento financeiro alto;

•• pode ser aplicado em qualquer processo (administração ou pro-


dução) ou tipo de organização;

•• utiliza a gestão à vista, tornando os problemas e os desperdícios


visíveis aos olhos de todos. As melhorias obtidas devem ser di-
vulgadas, como forma de se ter uma comunicação transparente;

•• as ações devem ter foco no local de maior necessidade, ou seja,


local de maior valor agregado. Exemplo: em uma indústria o maior
valor é o “chão de fábrica” (produção);

•• o Kaizen é orientado aos processos, e seu objetivo é unicamente


a melhoria dos processos;

•• dá prioridade às pessoas, pois o esforço principal do processo de


melhoria deve vir de uma nova mentalidade e de um método de
trabalho diferente por parte das pessoas.

Para implantar o Kaizen são utilizadas ferramentas convencionais,


tais como: participação e sugestões, padronização (procedimentos
operacionais), ciclo PDCA, 5 Porquês, MASP – Metodologia e Análise
de Solução de Problemas, o Kanban, o Just in Time, Poka-Yoke, 5S, as
7 ferramentas da qualidade (diagrama de Pareto, diagrama de causa e
efeito, estratificação, planilha de verificação, histograma, diagrama de
correlação, cartas de controle), entre outras.

Assim como o 5S, o Kaizen tem uma relação direta com o sistema
de gestão ambiental:

Melhoria contínua 199


•• possibilita melhor observação de possíveis pontos de vazamento

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em equipamentos operacionais e em reservatórios e/ou conten-
ções de produtos perigosos;

•• padronização de atividades relacionadas aos controles ambien-


tais, tais como: gerenciamento de resíduos, coleta seletiva e tra-
tamento de efluentes;

•• promove a conscientização ambiental, a melhoria contínua dos


controles operacionais e consequentemente a melhoria do de-
sempenho ambiental da organização.

IMPORTANTE

Para saber mais sobre o Kaizen, leia o livro de Masaki Imai, Kaizen: a
estratégia para o sucesso competitivo (IMAI, 1994).

2.3 Lean Manufacturing

O Lean Manufacturing (também conhecido como produção enxuta,


baseado no sistema Toyota de produção) é uma filosofia de gestão fo-
cada nas atividades básicas envolvidas no negócio e identifica o que
é desperdício e o que é valor a partir da ótica dos clientes. Eliminando
esses desperdícios, a qualidade melhora e o tempo e custo de produção
diminuem.

O foco está nos oito tipos de desperdício (superprodução, defeitos,


estoque excessivo, atividades desnecessárias, transporte excessivo, lon-
gas esperas, movimentação desnecessária e capital humano mal apro-
veitado). Segue uma breve explicação sobre cada tipo de desperdício:

200 Sistema de gestão, certificações e auditorias


•• superprodução: realização de serviços/atividades além do ne-
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cessário ou realizado com muita antecedência para o próximo


processo ou para entrega ao cliente;

•• defeitos: produtos ou serviços com problemas de qualidade, ge-


rando refugos ou retrabalhos;

•• estoque excessivo: armazenagem em excesso de produtos aca-


bados ou de materiais usados no dia a dia, resultando em custo
excessivo;

•• processamento desnecessário: execução de uma atividade des-


necessária ou utilizando ferramentas ou sistemas inadequados
para a atividade;

•• transporte excessivo: movimento excessivo de pessoas, infor-


mações ou materiais, resultando em perdas de tempo, esforço e
custo desnecessários;

•• espera: longos períodos de inatividade das pessoas ou informa-


ções, resultando num fluxo deficiente;

•• movimento desnecessário: má organização do local de trabalho,


resultando em perdas de tempo, de qualidade e de ergonomia;

•• capital humano mal aproveitado: não dar importância às ideias e


sugestões dos principais envolvidos durante a atividade.

Para eliminar esses oito desperdícios, o Lean Manufacturing utiliza


diversas ferramentas de produtividade e qualidade, tais como: mapea-
mento do fluxo de valor, TPM (manutenção produtiva total), SMED (tro-
ca rápida de ferramentas), 5S, Kaizen, entre outras.

O sucesso da implementação do Lean Manufacturing depende de al-


guns fatores-chave:

•• qualidade total imediata: buscar o “zero defeito”, a detecção e a


solução dos problemas em sua origem;

Melhoria contínua 201


•• minimização do desperdício: eliminação das atividades que não

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geram valor e a otimização do uso dos recursos escassos (capi-
tal, pessoas e espaço);

•• melhoria contínua: redução de custos, melhoria da qualida-


de, aumento da produtividade e compartilhamento correto da
informação;

•• processos “puxados”: os produtos são retirados pelo cliente final


(conforme necessidade) e não empurrados para o fim da cadeia
de produção;

•• flexibilidade: produzir rapidamente diferentes variedades de pro-


dutos, sem comprometer a eficiência da produção devido à pro-
dução de menores volumes;

•• boa e duradoura relação com os seus fornecedores, tomando


acordos para compartilhar o risco, os custos e a informação.
O Lean Manufacturing pode ser resumido pelo uso de materiais cor-
retos, no local correto, na quantidade correta (para minimizar o desper-
dício), deve ser flexível e disposto a mudanças. O seu resultado é uma
transformação cultural, que beneficia o cliente, gera mais lucro à organi-
zação e uma experiência muito enriquecedora para os envolvidos.
As melhorias do Lean Manufacturing são direcionadas à produção e
às atividades da organização, porém vale ressaltar que toda melhoria da
qualidade resulta também na melhoria do sistema de gestão ambiental,
como já mencionado nos tópicos 5S e Kaizen.

IMPORTANTE

Para saber mais sobre o Lean Manufacturing, leia o livro A mentalida-


de enxuta nas empresas (WOMACK; JONES, 2004).

202 Sistema de gestão, certificações e auditorias


3 Revisão e aprimoramento de sistemas de
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gestão
A ISO 14001:2015 define a melhoria contínua como “atividade recor-
rente para melhorar o desempenho”, esclarecendo que se trata da me-
lhoria do seu desempenho ambiental, devendo esta melhoria ser con-
sistente com a sua política ambiental.

A “atividade recorrente para melhorar o desempenho” não neces-


sariamente deve ocorrer de modo contínuo, sem interrupções ou em
todas as áreas. Entretanto, a melhoria contínua é um dos resultados
pretendidos de um sistema de gestão ambiental os quais a organização
deve promover, implementar e evidenciar.

A revisão e o aprimoramento do sistema de gestão ambiental devem


ocorrer em função das oportunidades previstas nos próprios requisitos/
seções já implementados no sistema de gestão ambiental e também
por outros meios, tais como:

•• seção 9 – avaliação de desempenho –, em função do item 9.1


– monitoramento, medição, análise e avaliação, incluindo a ava-
liação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos;

•• 9.2 – auditorias internas;

•• auditorias externas, de órgãos certificadores e de clientes;

•• 9.3 – análise crítica pela direção;

•• seção 10 – melhorias –, em função de não conformidades e


ações corretivas e de processos de melhorias;

•• utilizando o ciclo PDCA;

•• processos de melhoria contínua adotados pela organização (5S,


Kaizen, Lean Manufacturing, caixa de sugestões);

Melhoria contínua 203


•• sugestões e reclamações dos envolvidos no sistema de gestão

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ambiental (funcionários, terceiros, clientes).

A relação acima demostra que a melhoria contínua não deve utilizar


apenas os problemas, as oportunidades e/ou as ações corretivas iden-
tificados no sistema de gestão ambiental. A melhoria contínua deve fluir
principalmente do compromisso da política ambiental e consequente-
mente da definição da organização de suas prioridades e objetivos am-
bientais de acordo com o seu planejamento estratégico.

Considerações finais
O objetivo desta seção é promover ações de melhoria para alcançar
os resultados pretendidos pelo seu sistema de gestão ambiental. O ter-
mo “melhoria contínua” deve ser entendido como “atividade recorrente
para aumentar o desempenho”. A organização pode melhorar o seu de-
sempenho por meio da análise e avaliação do desempenho ambiental,
a avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos, as
auditorias internas e externas e análise crítica pela direção para refletir
e tomar as ações de melhorias.

A organização também pode adotar metodologias de melhoria con-


tínua, tais como o 5S, Kaizen e o Lean Manufacturing. Embora esses
processos sejam mais difundidos na gestão da qualidade, eles também
são aplicados direta ou indiretamente no sistema de gestão ambiental.

A melhoria contínua deve fluir principalmente do compromisso ad-


vindo da política ambiental e do comprometimento da organização em
definir suas prioridades e objetivos ambientais de acordo com o seu
planejamento estratégico. Desta maneira a organização, independente-
mente da metodologia adotada para a melhoria contínua, pode garantir
que os resultados dessa melhoria contínua aumentem o seu desempe-
nho ambiental.

204 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Referências
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.ap-


cergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 15 mar.
2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

IMAI, Masaki. Kaizen: a estratégia para o sucesso competitivo. São Paulo,


Imam, 1994.

RIBEIRO, Haroldo. A certificação 5S: como formar a cultura e atingir a exce-


lência do 5S na empresa. São Paulo: PDCA Editora, 2013.

WOMACK, James P.; JONES, Daniel T. A mentalidade enxuta nas empresas.


Rio de Janeiro: Campus, 2004.

WOMACK, James P.; JONES, Daniela T.; ROOS, Daniel. A máquina que mudou
o mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

Melhoria contínua 205


Capítulo 15

Qualidade

A primeira versão da norma ISO 9001 – sistema de gestão da quali-


dade – foi publicada em 1987, com o objetivo de padronizar um sistema
de gestão da qualidade que fosse aplicável a todas as organizações, in-
dependentemente de seu porte e capital financeiro; porém essa primei-
ra versão era mais utilizada pelas indústrias devido aos seus requisitos.

A segunda versão da ISO 9001 foi publicada em 1994, porém sem


grandes mudanças e ainda com perfil direcionado para as indústrias. A
partir de 2000 houve uma grande mudança e a norma passou a incorpo-
rar dois grandes conceitos que se preservam até hoje: ciclo PDCA (me-
todologia de gestão, baseada em 4 etapas: “Planejar”, “Fazer”, “Checar” e

207
“Agir”) e gestão por processos (gestão baseada na interação das ativida-

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des entre os departamentos da organização, na qual a saída resultante
do processo antecessor é a entrada para o seu próximo processo). Em
2008 a norma passou por uma pequena revisão, mas nada significativo.
Agora nesta última versão, publicada em 2015, a norma trouxe um novo
e importante conceito: a gestão baseada em riscos – assim como a ISO
14001:2015.

Com a adoção do conceito de gestão por processos, a norma passou


a ser mais implementada pelas organizações prestadoras de serviços,
já que as versões anteriores à 9001:2000 (1987 e 1994) eram compos-
tas por requisitos mais aplicáveis às indústrias, tais como: recebimento
de materiais, fabricação de produtos e inspeção.

Neste capítulo vamos estudar a norma ISO 9001 – sistema de ges-


tão da qualidade –, entender quais são os seus requisitos, suas seme-
lhanças e diferenças com a norma ISO 14001:2015 e o que é uma abor-
dagem baseada em riscos. Também vamos estudar como funcionam a
estrutura e os requisitos dessa norma.

1 Relações entre a gestão ambiental e a


gestão da qualidade
Os processos de uma organização, fabril ou não, geram os produ-
tos e/ou serviços intencionais (aquilo que se entrega ao cliente, como
o produto comprado ou o serviço contratado) e os resultados não in-
tencionais (aquilo que é rejeito ou não desejável, tais como os resíduos
sólidos, efluentes industriais, riscos à saúde do trabalhador e também
as perdas de energia). Esses produtos e/ou serviços não intencionais
acabam gerando os impactos ambientais e os riscos à saúde e segu-
rança do trabalhador, conforme ilustrado na figura 1.

208 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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Figura 1 – Conceito de processo e a relação com resultados intencionais e não intencionais.

Fornecedor Cliente
Processo
(matéria-prima (produtos
(produtos/serviços)
e insumos) intencionais)

Riscos e perigos à
Impactos ambientais saúde e segurança
(gestão ambiental) do trabalho
(gestão da SST)

Resultados
não intencionais

Esses resultados, intencionais ou não, têm uma relação direta com


a eficiência dos processos de uma organização, ou seja, aumentando
a eficiência do processo fabril, consequentemente diminuem os resul-
tados não intencionais. Portanto, há uma relação direta entre a gestão
da qualidade (ISO 9001) e a gestão ambiental (ISO 14001), sendo a pri-
meira para gerir a qualidade do produto e a satisfação do cliente; e a
segunda para gerir os aspectos e impactos ambientais causados pelos
processos intencionais.
Outra relação entre a gestão da qualidade (ISO 9001) e a gestão am-
biental (ISO 14001) é o ciclo PDCA, que ambos utilizam como modelo
de gestão. As figuras 2 e 3 ilustram a relação entre o ciclo PDCA e a es-
trutura das normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015, respectivamente.

Qualidade 209
Notem que as duas figuras são um pouco diferentes em níveis de deta-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
lhamento (número e nomes das seções), porém elas são semelhantes
e representam o mesmo tipo de estruturação das seções com o ciclo
PDCA.

Figuras 2A e 2B – Relação entre o ciclo PDCA e a estrutura das


normas ISO 9001:2015 (figura A) e ISO 14001:2015 (figura)

A Sistema de gestão da qualidade (4)

Organização e
seu contexto (4) Apoio (7)
operação (8)
Planejar Fazer (do)
(plan)
Satisfação
do cliente
Requisitos Planeja Avaliação de Resultados
Liderança (5) desempenho (9)
do cliente mento (6) do SGQ
Produtos
e serviços

Checar
Necessidades e Agir (act) (check)
expectativas de Melhoria (10)
partes interessa-
das pertinentes (4)

Questões Contexto da organização


B internas e
Necessidades e
expectativas das
externas partes interessadas
Escopo do sistema de gestão ambiental
P

Planejar

A Suporte e D
Melhorar Liderança
operação

Avaliação
de desem-
penho

Resultados pretendidos do
sistema de gestão ambiental

210 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A versão 2015 das normas ISO 9001 e ISO 14001 traz uma aborda-
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gem sobre a “mentalidade de risco”, que é a principal inovação dessa


versão das normas. A abordagem da “mentalidade de risco” é essen-
cial para a implementação de sistemas de gestão da qualidade e am-
biental eficazes, e, consequentemente, aproxima esses sistemas de
gestão do planejamento estratégico das organizações. Para estar em
conformidade com os requisitos dessas normas, uma organização
precisa planejar e implementar ações para abordar riscos e oportuni-
dades. A abordagem de riscos e oportunidades estabelece uma base
para o aumento da eficácia dos sistemas de gestão da qualidade e
ambiental, para conseguir resultados melhorados e para a prevenção
de efeitos negativos.

IMPORTANTE

Conceito de “riscos” e “oportunidades”:


• efeitos potenciais adversos (riscos ou ameaças);
• efeitos potenciais benéficos (oportunidades).

2 Estrutura da ISO 9001


Neste tópico vamos descrever, de forma resumida, as seções 4 a 10,
que se referem aos requisitos válidos (implementáveis e auditáveis), da
norma ISO 9001:2015 e a sua relação com o ciclo PDCA. As seções 1 –
escopo, 2 – referência normativa e 3 – termos e definições são apenas
para informações.

Qualidade 211
•• Seção 4 – Contexto da organização (fase “Planejar” do ciclo

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PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização entenda as


suas questões internas e externas, os seus riscos e oportunidades e as
necessidades e as expectativas de suas partes interessadas, e defina
o escopo e as interações entre os processos do sistema de gestão da
qualidade. Nessa seção, deve ser dado foco no que se aplica ao cliente!

•• Seção 5 – liderança (fase “Planejar” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a alta direção da organização


demonstre liderança e comprometimento com relação ao sistema de
gestão da qualidade, estabeleça sua política da qualidade e assegure
que as responsabilidades e autoridades sejam atribuídas e comunica-
das à organização.

•• Seção 6 – planejamento (fase “Planejar” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização estabeleça


ações para abordar seus riscos e oportunidades, o estabelecimento de
ações para alcançar os seus objetivos da qualidade e o planejamento de
mudanças no sistema de gestão da qualidade.

•• Seção 7 – apoio (fase “Fazer” do ciclo PDCA)

Esta seção tem o objetivo de fazer que a organização determine


e proveja os recursos necessários (internos e aqueles de provedores
externos) para o sistema de gestão da qualidade, incluindo recursos
como: pessoas, infraestrutura, ambiente para a operação dos proces-
sos, recursos de monitoramento e medição (equipamentos de medição
e calibração) e conhecimento organizacional.

Os recursos humanos devem assegurar a competência com base


na educação, treinamentos ou experiência apropriados, assegurar a

212 Sistema de gestão, certificações e auditorias


conscientização sobre a política e objetivos da qualidade e sobre os
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processos de comunicação do sistema de gestão da qualidade.

A seção também determina o estabelecimento, a criação, a atualiza-


ção e o controle da informação documentada.

•• Seção 8 – operação (fase “Fazer” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização estabeleça,


implemente, controle e mantenha os controles operacionais necessá-
rios para atender aos requisitos para a provisão de produtos e serviços
e para implementar as ações determinadas na seção 6 – planejamento.

Na seção 8 – operação – são encontrados os requisitos específicos


de gestão da qualidade, diferenciando-os significativamente dos requi-
sitos da ISO 14001:2015. Os requisitos específicos da gestão da quali-
dade são:

•• 8.2 – requisitos para produtos e serviços;

•• 8.3 – projeto e desenvolvimento de produtos e serviços;

•• 8.4 – controle de processos, produtos e serviços providos


externamente;

•• 8.5 – produção e provisão de serviço, subdividindo-se em:

◦◦ 8.5.1 – controle de produção e provisão de serviço;

◦◦ 8.5.2 – identificação e rastreabilidade;

◦◦ 8.5.3 – propriedade pertencente a clientes ou provedores


externos;

◦◦ 8.5.4 – preservação;

Qualidade 213
◦◦ 8.5.5 – atividades pós-entrega;

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◦◦ 8.5.6 – controle de mudanças;

•• 8.6 – liberação de produtos e serviços;

•• 8.7 – controle de saídas não conformes.

•• Seção 9 – avaliação de desempenho (fase “Checar” do ciclo


PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização monitore,


meça, analise e avalie o seu desempenho e eficácia do sistema de ges-
tão da qualidade, considerando: a satisfação do cliente, a análise e a
avaliação (da eficácia da gestão da qualidade, das ações tomadas para
abordar os riscos e oportunidades, o desempenho dos provedores ex-
ternos e a necessidade de melhorias), o processo de auditoria interna e
a análise crítica pela direção.

•• Seção 10 – melhoria (fase “Agir” do ciclo PDCA)

Essa seção tem o objetivo de fazer que a organização determine as


oportunidades de melhoria e implemente as ações necessárias para al-
cançar os resultados pretendidos pelo seu sistema de gestão da quali-
dade (atender a requisitos do cliente e aumentar a satisfação do clien-
te), pelas não conformidades e ações corretivas e pelos processos de
melhoria contínua.

3 Diferenças entre a ISO 9001 e a ISO 14001


A primeira e grande diferença, obviamente, é o escopo ou objetivo de
cada norma de sistema de gestão. O quadro 1 descreve os escopos das
normas ISO 9001:2015 e da ISO 14001:2015.

214 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 1 – Escopo das normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015
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ESCOPO 9001:2015 ESCOPO ISO 14001:2015

“Esta Norma especifica os requisitos para um sistema


“Esta Norma especifica requisitos para de gestão ambiental que uma organização pode usar
um sistema de gestão da qualidade para aumentar seu desempenho ambiental. Esta Norma
quando uma organização: é destinada ao uso por uma organização que busca
a) necessita demonstrar gerenciar suas responsabilidades ambientais de uma
sua capacidade para prover forma sistemática, que contribua para o pilar ambiental
consistentemente produtos e serviços da sustentabilidade.
que atendam aos requisitos do Esta Norma auxilia uma organização a alcançar
cliente e aos requisitos estatutários e os resultados pretendidos de seu sistema de
regulamentares aplicáveis; e gestão ambiental, os quais agreguem valor para o
b) visa aumentar a satisfação do meio ambiente, a organização em si e suas partes
cliente por meio da aplicação eficaz interessadas. Os resultados pretendidos de um sistema
do sistema, incluindo processos para de gestão ambiental coerente com a política ambiental
melhoria do sistema e para a garantia da organização incluem:
da conformidade com os requisitos do • aumento do desempenho ambiental;
cliente e com os requisitos estatutários
• atendimento dos requisitos legais e outros requisitos;
e regulamentares aplicáveis.”
• alcance dos objetivos ambientais.”
Fonte: NBR ISO 9001:2015. Sistemas da
gestão da qualidade – requisitos. Fonte: NBR ISO 14001:2015. Sistemas da gestão
ambiental – requisitos com orientações para uso.

A segunda grande diferença é a abordagem de processo. Entende-se


por processo toda atividade ou conjunto de atividades que necessitem
das entradas (provenientes dos fornecedores) e cujo resultado desse
processo sejam as saídas, conforme ilustrado na figura 3.

Figura 3 – Representação esquemática dos elementos de um processo individual


(NBR ISO 9001:2015 – sistemas da gestão da qualidade – requisitos)

Ponto de partida Ponto de chegada

Fontes de Recebedores
Entradas Atividades Saídas
entradas de saída

PROCESSOS MATÉRIA, MATÉRIA, PROCESSOS


ANTECEDENTES, ENERGIA, ENERGIA, SUBSEQUENTES,
por exemplo, INFORMAÇÃO, INFORMAÇÃO, por exemplo,
em provedores por exemplo, por exemplo, em clientes
(internos ou na forma de na forma de (internos ou
externos), em material, produto, serviço, externos),
clientes, em recursos, decisão. em outras partes
outras partes requisitos. interessadas
interessadas. pertinentes.

Possíveis controles e pontos para


monitorar e medir desempenho.

Qualidade 215
A aplicação da abordagem de processos em um sistema de gestão

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
da qualidade proporciona:

• entendimento e consistência no atendimento a requisitos;

• a consideração de processos em termos de valor agregado;

• o atingimento de desempenho eficaz de processo;

• melhoria de processos baseada na avaliação de dados e


informação.

No quadro 2, há uma tabela comparativa entre os requisitos das nor-


mas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015, apresentando cada seção e re-
quisito das duas normas.

Quadro 2 – Comparativo entre os requisitos da ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015

SEÇÃO REQUISITO REQUISITO TÍTULO


ISO 9OO1:2015 ISO 14001:2015

1 Escopo

2 Referência normativa

3 Termos e definições

Contexto da organização

4.1 4.1 Entendendo a organização e seu contexto.

Entendendo as necessidades e expectativas


4.2 4.2
4 de partes interessadas.

Determinando o escopo do sistema de gestão


4.3 4.3
(da qualidade/ambiental).

Sistema de gestão da qualidade ambiental e


4.4 4.4
seus processos.

216 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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REQUISITO REQUISITO
SEÇÃO TÍTULO
ISO 9OO1:2015 ISO 14001:2015

Liderança

5.1 5.1 Liderança e comprometimento.

5.1.1 --- Generalidades.

5.1.2 --- Foco no cliente.

5
5.2 5.2 Política da qualidade/ambiental.

5.2.1 --- Desenvolvendo a política da qualidade.

5.2.2 --- Comunicando a política da qualidade.

Papéis, responsabilidades e autoridades


5.3 5.3
organizacionais.

Planejamento

6.1 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades.

--- 6.1.1 Generalidades.

--- 6.1.2 Aspectos ambientais.

--- 6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos.

6 --- 6.1.4 Planejamento de ações.

Objetivos da qualidade/ambientais e
6.2 6.2
planejamento para alcançá-los.

--- 6.2.1 Objetivos ambientais.

Planejamento de ações para alcançar os


--- 6.2.2
objetivos ambientais.

6.3 --- Planejamento de mudanças.

Qualidade 217
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REQUISITO REQUISITO
SEÇÃO TÍTULO
ISO 9OO1:2015 ISO 14001:2015

Apoio

7.1 7.1 Recursos.

7.1.1 --- Generalidades.

7.1.2 --- Pessoas.

7.1.3 --- Infraestrutura.

7.1.4 --- Ambiente para a operação dos processos.

7.1.5 --- Recursos de monitoramento e medição.

7.1.6 --- Conhecimento organizacional.

7.2 7.2 Competência.


7
7.3 7.3 Conscientização.

7.4 7.4 Comunicação.

--- 7.4.1 Generalidades.

--- 7.4.2 Comunicação interna.

--- 7.4.3 Comunicação externa.

7.5 7.5 Informação documentada.

7.5.1 7.5.1 Generalidades.

7.5.2 7.5.2 Criando e atualizando.

7.5.3 7.5.3 Controle de informação documentada.

Operação

8.1 8.1 Planejamento e controle operacionais.

8 --- 8.2 Preparação e resposta a emergências.

8.2 --- Requisitos para produtos e serviços.

8.2.1 --- Comunicação com o cliente.

218 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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REQUISITO REQUISITO
SEÇÃO TÍTULO
ISO 9OO1:2015 ISO 14001:2015

Determinação de requisitos relativos a


8.2.2 ---
produtos e serviços.

Análise crítica de requisitos relativos a


8.2.3 ---
produtos e serviços.

Mudanças nos requisitos para produtos e


8.2.4 ---
serviços.

Projeto e desenvolvimento de produtos e


8.3 ---
serviços.

8.3.1 --- Generalidades.

8.3.2 --- Planejamento de projeto e desenvolvimento.

8.3.3 --- Entradas de projeto e desenvolvimento.

8.3.4 --- Controles de projeto e desenvolvimento.

8.3.5 --- Saídas de projeto e desenvolvimento.

8.3.6 --- Mudanças de projeto e desenvolvimento.


8

Controle de processos, produtos e serviços


8.4 ---
providos externamente.

8.4.1 --- Generalidades.

8.4.2 --- Tipo e extensão do controle.

8.4.3 --- Informação para provedores externos.

8.5 --- Produção e provisão de serviço.

Controle de produção e de provisão de


8.5.1 ---
serviço.

8.5.2 --- Identificação e rastreabilidade.

Propriedade pertencente a clientes ou


8.5.3 ---
provedores externos.

8.5.4 --- Preservação.

8.5.5 --- Atividades pós-entrega.

Qualidade 219
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REQUISITO REQUISITO
SEÇÃO TÍTULO
ISO 9OO1:2015 ISO 14001:2015

8.5.6 --- Controle de mudanças.

8 8.6 --- Liberação de produtos e serviços.

8.7 --- Controle de saídas não conformes.

Avaliação de desempenho

Monitoramento, medição, análise e


9.1 9.1
avaliação.

9.1.1 9.1.1 Generalidades.

Avaliação do atendimento aos requisitos


--- 9.1.2
legais e outros requisitos.

9.1.2 --- Satisfação do cliente.

9.1.3 --- Análise e avaliação.


9
9.2 9.2 Auditoria interna.

--- 9.2.1 Generalidades.

--- 9.2.2 Programa de auditoria interna.

9.3 9.3 Análise crítica pela direção.

9.3.1 --- Generalidades.

9.3.2 --- Entradas de análise crítica pela direção.

9.3.3 --- Saídas de análise crítica pela direção.

Melhoria

10.1 10.1 Generalidades.


10
10.2 10.2 Não conformidade e ação corretiva.

10.3 10.3 Melhoria contínua.

220 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Nas seções 4 – contexto da organização e 10 – melhoria, não há
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diferenças entre as duas normas. A diferença é apenas o escopo das nor-


mas – gestão da qualidade e gestão ambiental –, como também aconte-
ce nos demais requisitos.

Nas seções 5 – liderança, 6 – planejamento, 7 – apoio e 9 – avaliação


de desempenho, há diferenças apenas nos sub-requisitos, que aconte-
cem por necessidades específicas para cada norma.

Notem que na seção 8 – operação é aquela em que encontramos to-


dos os requisitos diferentes entre as normas, com exceção do requisito
8.1 – planejamento e controle operacionais. Isso porque essa seção é
específica para cada sistema de gestão (qualidade e ambiental).

4 Integração entre os sistemas


A estrutura da norma ISO 9001:2015 – sistema de gestão da qualidade
– requisitos, está baseada no anexo SL e no ciclo PDCA (vide figura 2B).

Esta estrutura comum assegura uma integração mais uniforme com


outros sistemas de gestão, incluindo a ISO 14001:2015 – sistema de ges-
tão da qualidade. Portanto ao implementar um sistema de gestão integra-
do, com base nas normas ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015, basta seguir
a estrutura do anexo SL apresentada na tabela 1.

Tabela 1 – Estrutura do anexo SL das normas ISO

CLÁUSULA ASSUNTO

1 Escopo.

2 Referência normativa.

3 Termos e definições.

Qualidade 221
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CLÁUSULA ASSUNTO

4 Contexto da organização.

5 Liderança.

6 Planejamento.

7 Suporte.

8 Operação.

9 Avaliação de desempenho.

10 Melhoria.

A implementação deve levar em consideração que, com exceção da


seção 8 – operação e de alguns detalhes nas seções 5 – liderança, 6
– planejamento, 7 – apoio e 9 – avaliação de desempenho, todos os
requisitos são semelhantes entre si, resguardados os escopos de cada
sistema de gestão.

Considerações finais
Estudamos neste capítulo a norma ISO 9001:2015 – sistema de
gestão da qualidade, no qual foram abordadas as semelhanças e as
diferenças entre essa norma e a ISO 14001:2015 – sistema de gestão
ambiental. Abordamos também as seções e os requisitos do sistema
de gestão da qualidade.

Também estudamos como funcionam a estrutura e os requisitos


dessa norma ISO 9001 – sistema de gestão ambiental –, baseada na
estrutura de alto nível que é o anexo SL, desenvolvido para padronizar
a estrutura de todas as normas de sistemas de gestão publicadas pela
ISO – International Standardization for Organization. Isso também se
aplica ao modelo de gestão baseado no ciclo PDCA.

222 Sistema de gestão, certificações e auditorias


A abordagem baseada na mentalidade de riscos é um grande ponto
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em comum entre as normas. As diferenças se encontram no escopo


(objetivo) da cada uma, sendo que a ISO 9001:2015 traz uma particula-
ridade, que é a abordagem de processos.

Referências
APCER. Guia do utilizador ISO 14001:2015. Disponível em: <http://www.
apcergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 15
mar. 2017.

APCER. Guia do utilizador ISO 9001:2015. Disponível em: <http://www.


apcergroup.com/brasil/index.php/pt/guias-e-publicacoes>. Acesso em: 15
mar. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


14001:2015 – Sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações
para uso. Rio de Janeiro: NBR, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


9001:2015 – Sistemas da gestão da qualidade: requisitos. Rio de Janeiro:
NBR, 2015.

HOFFMANN, Silvana Carvalho; TAVARES, José da Cunha; RIBEIRO NETO,


João Batista M. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente,
responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2008.

Qualidade 223
Capítulo 16
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Sistemas de
gestão de saúde
e segurança
ocupacional
(SGSSO)

O sucesso de uma organização é determinado pela motivação e va-


lorização de seus colaboradores. Portanto, as questões relacionadas à
qualidade do ambiente e das condições de trabalho saudável e seguro
aos seus colaboradores devem ser uma prioridade da organização.

Para isso, o sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional


(SGSSO), conforme a norma ISO 45001:2018, pode tornar um ambien-
te de trabalho saudável e seguro, permitindo às organizações melho-
rarem o seu desempenho de saúde e segurança ocupacional (SSO), o
que contribui para reforçar o seu compromisso e a sua credibilidade na
responsabilidade social.

225
Neste capítulo, vamos percorrer a norma ISO 45001:2018 – siste-

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
ma de gestão de saúde e segurança ocupacional e entender quais são
os seus requisitos e suas semelhanças e diferenças com a norma ISO
14001:2015. Também vamos identificar como funcionam a estrutura e
os requisitos da norma.

1 Relações entre a gestão ambiental e a


gestão de saúde e segurança
Os produtos e/ou serviços não intencionais (aquilo que é rejeito ou
não desejável, resultante do processo de uma organização) acabam
gerando impactos ambientais e riscos à saúde e à segurança ocupa-
cional, conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1 – Resultados intencionais e não intencionais das atividades da organização

Produtos/resultados não intencionais


das atividades da organização

Riscos e perigos à saúde e à segurança


Impactos ambientais
ocupacional (Gestão de SSO –
(gestão ambiental)
saúde e segurança ocupacional)

226 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Além da relação com os resultados intencionais e não intencio-
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nais de uma organização, outras relações importantes entre a gestão


da saúde e segurança ocupacional (ISO 45001) e a gestão ambiental
(ISO 14001) são o ciclo PDCA e o Anexo SL, os quais são utilizados
como modelo de gestão por ambas as normas.

A figura 2 ilustra a relação entre o ciclo PDCA e a estrutura das nor-


mas ISO 45001:2018 e ISO 14001:2015, respectivamente.

Figura 2 – Relação entre o ciclo PDCA e a estrutura das normas ISO 45001:2018 e ISO 14001:2015

Estrutura da norma ISO 45001:2018


Necessidades e expectativas
Questões internas Contexto da
de trabalhadores e outras
e externas (4.1) organização (4)
partes interessadas (4.2)

Escopo do sistema de gestão de SSO (4.3/4.4)


P

Planejamento (6)

Liderança e
Melhoria participação dos Suporte (7)
A (10) trabalhadores e Operações (8) D
(5)

Avaliação
de desempenho
(9)

Resultados pretendidos do
sistema de gestão de SSO
Estrutura da norma ISO 14001:2015
Necessidades e expectativas
Questões internas Contexto da
de trabalhadores e outras
e externas organização
partes interessadas

Escopo do sistema de gestão ambiental


Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 227
P
C

Resultados pretendidos do
sistema de gestão de SSO

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Estrutura da norma ISO 14001:2015
Necessidades e expectativas
Questões internas Contexto da
de trabalhadores e outras
e externas organização
partes interessadas

Escopo do sistema de gestão ambiental


P

Planejamento

Suporte
Melhoria Liderança
A e Operações D

Avaliação
de desempenho

Resultados pretendidos do
sistema de gestão ambiental

Fonte: ISO (2018) e NBR (2015).

Conforme a norma ISO 45001:2018 – sistemas de gestão de saúde


e segurança ocupacional: requisitos com orientação para uso:

A abordagem do sistema de gestão de SSO aplicada neste docu-


mento é baseada no conceito Plan – Do – Check – Act (Planejar
– Fazer – Checar – Agir) (PDCA). O conceito PDCA é um processo
iterativo, utilizado pelas organizações para alcançar uma melhoria
contínua. Pode ser aplicado a um sistema de gestão e a cada um
de seus elementos individuais, como a seguir:

228 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Plan (Planejar): determinar e avaliar os riscos de SSO, as oportuni-
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dades de SSO, outros riscos e outras oportunidades, estabelecer


os objetivos e os processos de SSO necessários para assegurar
resultados de acordo com a política de SSO da organização;

Do (Fazer): implementar os processos conforme planejado;

Check (Checar): monitorar e mensurar atividades e processos em


relação à política de SSO e objetivos de SSO, e relatar os resultados;

Act (Agir): tomar medidas para melhoria contínua do desempenho


de SSO, para alcançar os resultados pretendidos. (ISO, 2018)

Já o Anexo SL tem como objetivo unificar a estrutura de todas as nor-


mas de sistema de gestão (ou seja, ISO 9001 – qualidade, ISO 14001
– ambiental, ISO 27001 – segurança da informação, ISO 37001 – antis-
suborno, entre outras), e é uma norma interna da ISO (ISO Guia 83) que
estabelece como será a estrutura das seções e dos requisitos dessas
normas de gestão. Dessa maneira, a numeração básica dos requisitos
das normas de sistemas de gestão é semelhante.

Vale lembrar que o Anexo SL divide a estrutura em dez seções, porém


as três primeiras têm como objetivo ser apenas informativas, e as seções
entre 4 e 10 valem como requisitos de implementação e certificação.

Uma grande vantagem do Anexo SL é a padronização da documen-


tação dos sistemas de gestão integrados, facilitando muito o desenvol-
vimento de uma documentação integrada e única, pois os requisitos são
os mesmos. Por exemplo, o requisito 7.5 – informação documentada;
esse requisito basicamente é igual para todas as normas de sistemas
de gestão (tais como: ISO 9001 – qualidade; ISO 14001 – ambiental; ISO
27001 – segurança da informação; ISO 37001 – antissuborno, etc.).

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 229


Quadro 1 – Anexo SL – estrutura das seções das normas ISO 45001 × ISO 14001

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ISO 45001:2018 ISO 14001:2015

1. Escopo 1. Escopo

2. Referências normativas 2. Referências normativas

3. Termos e definições 3. Termos e definições

4. Contexto da organização 4. Contexto da organização

5. Liderança e participação dos trabalhadores 5. Liderança

6. Planejamento 6. Planejamento

7. Suporte 7. Apoio

8. Operação 8. Operação

9. Avaliação de desempenho 9. Avaliação de desempenho

10. Melhoria 10. Melhoria

Uma grande semelhança entre as normas ISO 45001 e ISO 14001


(e não poderia ser diferente, por causa do Anexo SL) é a sequência de
implementação dos requisitos: a determinação dos aspectos e impac-
tos ambientais (ISO 14001) e dos perigos e riscos (ISO 45001), a deter-
minação dos requisitos legais e outros requisitos, a determinação dos
riscos e oportunidades da organização e dos objetivos dos sistemas de
gestão. Esses requisitos (vide quadro 7 mais adiante) são a base do sis-
tema de gestão ambiental e de saúde e segurança ocupacional (SSO)
e também são a base para toda a implementação das normas.

2 Estrutura do sistema de gestão de saúde


e segurança ocupacional (SGSSO)
Neste tópico, vamos descrever, de forma resumida, cada seção da
norma ISO 45001:2018 e a sua relação com o ciclo PDCA.

230 Sistema de gestão, certificações e auditorias


2.1 Seção 4 – Contexto da organização (Plan – fase
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“Planejar” do ciclo PDCA)

A Seção 4 – Contexto da organização é composta pelos seguintes


requisitos:

• 4.1 Compreensão da organização e seu contexto.

• 4.2 Compreensão das necessidades e das expectativas dos tra-


balhadores e de outras partes interessadas.

• 4.3 Determinação do escopo do sistema de gestão de SSO.

• 4.4 Sistema de gestão de SSO.

Essa seção tem por objetivo compreender todo o contexto da orga-


nização e sua relação com o sistema de gestão de SSO, considerando:

• O entendimento das questões internas e externas que possam


impactar a gestão de SSO.

• A identificação das partes interessadas (quem impacta, é im-


pactado ou percebe-se impactado pela gestão de SSO, além dos
trabalhadores), a compreensão das necessidades e das expec-
tativas de cada parte interessada e quais delas podem tornar-se
requisitos legais e/ou outros requisitos.

• O escopo do sistema de gestão de SSO (com base nos itens 4.1


e 4.2 anteriores e nas suas atividades planejadas ou relaciona-
das ao trabalho).

• Que a organização (de forma genérica) estabeleça, implemente,


mantenha e melhore o sistema de gestão de SSO.

Para uma melhor contextualização, apresentaremos um exemplo de


escopo do sistema de gestão ambiental e também do sistema de ges-
tão de saúde e segurança ocupacional de uma indústria química fictícia,
denominada XPTO Química Ltda. A XPTO Química Ltda., localizada na
cidade de São Paulo (SP), desenvolve, produz, envasa, comercializa e
transporta produtos químicos para higiene e limpeza em geral para o
mercado atacadista, com abrangência em todo o território nacional.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 231


2.2 Seção 5 – Liderança e participação dos trabalhadores

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
(Plan – fase “Planejar” do ciclo PDCA)

A Seção 5 – Liderança e participação dos trabalhadores é composta


pelos seguintes requisitos:

• 5.1 Liderança e comprometimento.

• 5.2 Política de SSO.

• 5.3 Funções, responsabilidades e autoridades organizacionais.

• 5.4 Consulta e participação de trabalhadores.

Essa seção tem o objetivo de demonstrar, dentro do sistema de ges-


tão de SSO, a importância da liderança e do comprometimento da alta
direção por meio da política de SSO, de seus papéis e da consulta e
participação dos trabalhadores, considerando:

• A liderança e o comprometimento da alta direção em estabelecer,


implementar e manter um SGSSO eficaz, proporcionando condi-
ções de trabalho seguras e saudáveis.

• A determinação de uma política de SSO, de forma a estruturar


os objetivos de SSO, o compromisso do atendimento aos requi-
sitos legais e outros requisitos (tais como acordos com sindica-
tos de classe).

• A determinação e a comunicação das funções, das responsabi-


lidades e das autoridades organizacionais para o funcionamento
do SGSSO.

• O estabelecimento e a manutenção de um processo de consulta


e participação de trabalhadores nas etapas de desenvolvimen-
to, planejamento, implementação, avaliação de desempenho e
ações de melhoria do SGSSO.

232 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Dando continuidade ao case fictício, o quadro 2 apresenta um
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

exemplo da política de SSO – saúde e segurança ocupacional da XPTO


Química Ltda.

Quadro 2 – Exemplo da política de SSO – saúde e segurança ocupacional

POLÍTICA DE SSO – SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL

A XPTO Química Ltda., localizada na cidade de São Paulo (SP), com abrangência em todo o território
nacional, desenvolve produtos químicos para higiene e limpeza em geral.
Nos comprometemos a:
• Proteger o trabalhador contra lesões e doenças ocupacionais, por meio da eliminação ou da redução
dos perigos e riscos relacionados ao trabalho.
• Atender aos requisitos legais e outros aplicáveis relativos aos perigos e riscos relacionados
ao trabalho.
• Melhorar continuamente os processos para aumentar o desempenho da gestão de segurança e saúde
do trabalhador.
• Promover e assegurar a consulta e a participação no SGSSO.

2.3 Seção 6 – Planejamento (Plan – fase “Planejar” do


ciclo PDCA)

A Seção 6 – Planejamento é composta pelos seguintes requisitos:

6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades:

• 6.1.1 Generalidades.

• 6.1.2 Identificação de perigo e avaliação de riscos e oportunidades.

• 6.1.3 Determinação dos requisitos legais e outros requisitos.

• 6.1.4 Plano de ação.

6.2 Objetivos de SSO e planejamento para alcançá-los.

Essa seção tem o objetivo de identificar, analisar e planejar os riscos


e as oportunidades (da organização), os perigos e os riscos (do traba-
lhador), as legislações aplicáveis e outros compromissos assumidos e,

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 233


por fim, o plano de ação para abordar todos os riscos e oportunidades

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
identificados e analisados.

Para o planejamento do SGSSO, devem ser considerados:

• A identificação dos riscos e das oportunidades relacionados à


organização e ao SGSSO (por exemplo: pode-se utilizar uma
Matriz SWOT).

• A identificação dos perigos e a avaliação de riscos e oportuni-


dades, com base em uma metodologia (proativa e contínua) que
visa identificar, analisar e classificar os perigos, os riscos e as
oportunidades relacionados a atividades rotineiras e não rotinei-
ras, fatores sociais, histórico de incidentes relevantes (internos
ou externos), infraestrutura e condições de trabalho, bem como
a mudanças na organização, nas operações, nas atividades ou
no SGSSO.

• A determinação dos requisitos legais e de outros requisitos, com


o objetivo de identificar e aplicar as legislações e outros compro-
missos da organização. Para este item, sugere-se a contratação
de uma plataforma de consultoria jurídica.

• O planejamento de ações para: abordar os riscos e as oportuni-


dades, os requisitos legais e outros requisitos; preparar e respon-
der a situações de emergência; e integrar e implementar essas
ações no SGSSO.

• O estabelecimento dos objetivos de SSO e do planejamento para


alcançá-los, considerando a política de SSO, os requisitos apli-
cáveis, os resultados da avaliação de riscos e oportunidades e o
resultado de consulta e participação dos trabalhadores.

No quadro 3, apresentamos um exemplo de sistemática para levan-


tamento e avaliação de riscos, em que é aplicado um “filtro” para a clas-
sificação dos riscos a serem priorizados e, consequentemente, para as
devidas ações a serem tomadas.

234 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 3 – Exemplo de avaliação de perigos e riscos
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

NÚMERO: RSM S 61.01

AVALIAÇÃO DE RISCOS
XPTO QUÍMICA (PERIGOS E RISCOS DE SEGURANÇA E DATA DE ELABORAÇÃO:
SAÚDE)

DATA DE REVALIDAÇÃO:

PROCESSO:
GRUPO ELABORADOR: REV. 00
RESPONSÁVEL:

Class

Legislação
/ NRs / Grau Medidas de

Probabilidade
Atividade Perigo Risco

Gravidade
Outros de risco controle
requisitos

Agente
biológico:
vírus, Doenças
Operação bactérias, infecto- NA 1 1 Trivial -
protozoários, contagiosas
fungos,
parasitas

Risco de
Lesões
acidente:
contusas/ Adequação à
Operação prensamento NR12 2 2 Moderado
cortantes/ NR12
de mãos e
fraturas
dedos

Risco de
Uso de EPI
acidente: Lesões oculares/
Operação NR06 2 3 Substancial – óculos de
projeção de rosto
segurança
material

Risco
ergonômico: Empilhadeira,
Lesões
Operação levantamento NR17 2 2 Moderado girafa, pegar o
osteomusculares
manual de peso peso em dois, etc.
(máx. 30 kg)

(cont.)

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 235


Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
NÚMERO: RSM S 61.01

AVALIAÇÃO DE RISCOS
XPTO QUÍMICA (PERIGOS E RISCOS DE SEGURANÇA E DATA DE ELABORAÇÃO:
SAÚDE)

DATA DE REVALIDAÇÃO:

PROCESSO:
GRUPO ELABORADOR: REV. 00
RESPONSÁVEL:

Class

Legislação
/ NRs / Grau Medidas de

Probabilidade
Atividade Perigo Risco

Gravidade
Outros de risco controle
requisitos

Estresse/ Uso de EPI


Risco físico:
Operação fadiga; perda NR06 2 2 Moderado – protetor
ruído
da audição auricular

Risco
PSMS-06
químico:
Dermatoses; Armazenamento
óleo mineral/
Operação dermatites de NR20 2 2 Moderado e manuseio
produtos
contato de produtos
químicos em
químicos FISPQ
geral

Lesões
Riscos de
múltiplas/ PSMS-04
acidente:
Operação queimadura, NA 2 3 Substancial Atendimento a
incêndio/
etc. emergências
explosão
Morte

Riscos de
acidente: Lesões
queda de contusas/
Operação NA 2 2 Moderado Atenção
pessoas em cortantes/
diferente e fraturas
mesmo nível

Riscos
ergonômicos: Fadiga/lesão Alternância na
Operação NR17 2 2 Moderado
postura osteomuscular atividade
inadequada

236 Sistema de gestão, certificações e auditorias


2.4 Seção 7 – Suporte (Do – fase “Fazer” do ciclo PDCA)
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

A Seção 7 – Suporte é composta pelos seguintes requisitos:

• 7.1 Recursos.

• 7.2 Competência.

• 7.3 Conscientização.

• 7.4 Comunicação.

• 7.5 Informação documentada.

Essa seção tem o objetivo de apoiar (dar suporte) a Seção 8 –


Operação, por meio de: recursos, capacitação e conscientização do
pessoal, comunicação e gestão dos documentos, considerando:

• A determinação e a provisão de recursos necessários para o


SGSSO.

• A determinação da competência dos trabalhadores que afetam o


desempenho do SGSSO, com base em educação, treinamento ou
experiência apropriados.

• A conscientização dos trabalhadores sobre a política e os obje-


tivos de SSO, suas contribuições para a eficácia do SGSSO e as
implicações de não estarem em conformidade com os requisitos
de SGSSO. Também devem ser informados de incidentes e re-
sultados de investigações, bem como dos perigos e dos riscos
associados às suas atividades.

• Processos de comunicação apropriados, internos e externos,


considerando a comunicação com os trabalhadores, as partes in-
teressadas, seus requisitos legais e outros requisitos. Devem-se
manter evidências dessas comunicações de maneira apropriada.

• A gestão da informação documentada, requerida pela norma e


determinada como necessária pela organização. Deve-se con-
trolar a documentação do SGSSO de forma a assegurar que ela

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 237


esteja disponível e adequada para uso, além de protegida. Nessa

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gestão, devem-se controlar os documentos externos (tais como
normas, desenhos, manuais, etc.).

2.5 Seção 8 – Operação (Do – fase “Fazer” do ciclo PDCA)

A Seção 8 – Operação é composta pelos seguintes requisitos:

• 8.1 Planejamento e controle operacional:

◦ 8.1.1 Generalidades.

◦ 8.2.2 Eliminar perigos e reduzir riscos de SSO.

◦ 8.1.3 Gestão da mudança.

◦ 8.1.4 Aquisição.

• 8.2 Preparação e resposta de emergência.

Essa seção tem o objetivo de fazer com que a organização imple-


mente os processos de apoio e operação do sistema de gestão de
SSO, contemplando:

• Planejar e implementar o controle operacional (com base nos pe-


rigos e riscos da Seção 6 – Planejamento), incluindo a eliminação
e a redução dos riscos de SSO e a gestão de mudanças e de ter-
ceiros e outros visitantes no local de trabalho.

• Determinar, implementar e testar o plano de atendimento a


emergências.

No quadro 4, apresentamos um exemplo de procedimento operacio-


nal referente ao simulado de atendimento a emergências, considerando
a XPTO.

238 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 4 – Exemplo de procedimento para simulado de emergência
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PROCEDIMENTO PSMS 82.01
XPTO QUÍMICA
ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA
DATA

Fluxo (Simulado) Atividades Responsável

Os simulados têm como objetivo habituar e condicionar os


funcionários às situações de emergência, tornando-os preparados
para agir adequadamente, minimizando os perigos e os riscos, bem
como os aspectos e os impactos ambientais.
Os simulados devem ser realizados com o envolvimento dos
brigadistas e do técnico de segurança próprio ou terceirizado.
Os simulados devem ser realizados conforme o cronograma:

Tipo de simulado Período Ano Analista SMS/


Cronograma
gestor
Cenários A e B 2o semestre 2021

Cenário C 1o semestre 2022

Cenário D 2o semestre 2022

Cenário E 1o semestre 2023

Nota: repetir a mesma sequência do cronograma a partir do ano 2023.

Avaliar a ocorrência a ser simulada, a descrição do roteiro de


Técnico de
apresentação e suas etapas, a comunicação do exercício de forma
Preparação segurança/
geral e específica para os responsáveis das áreas e as instruções de
brigadistas
como devem proceder em cada caso.

Acompanhar o simulado em todas as suas etapas de execução,


realizadas por pessoa(s) designada(s) previamente. Técnico de
Acompanhamento São observados os comportamentos individuais durante o segurança/
atendimento da emergência pelos responsáveis diretos, o tempo de brigadistas
realização, bem como o desenrolar das ações de contenção.

(cont.)

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 239


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PROCEDIMENTO PSMS 82.01
XPTO QUÍMICA
ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA
DATA

Fluxo (Simulado) Atividades Responsável

Durante a sua realização, deve ser feita a avaliação do simulado com


o objetivo de implementar as ações corretivas necessárias, visando Técnico de
Avaliação à melhoria contínua dos simulados. segurança/
Essa avaliação deve ser registrada no RSMS 82.01 – avaliação de brigadistas
atendimentos a emergências.

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PROCEDIMENTO PSMS 82.01
XPTO QUÍMICA
ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA
DATA

Anexo 1: Potenciais cenários de emergência


(ambiental e saúde e segurança do trabalhador)

CENÁRIO AÇÕES

• Adotar medidas que minimizem o efeito da emergência.


• Iniciar instruções de abandono da área aos colaboradores.
• Promover o isolamento da área, quando aplicável.
• Acionar imediatamente a emergência.
(A) • Verificar a presença de feridos e tomar as devidas ações (por ex.: remoção).
Explosão e/ou incêndio • Iniciar o combate aos focos de incêndio. Caso necessário, acionar o Corpo
de Bombeiros.
• Certificar-se de que todos os colaboradores estejam no ponto de encontro
determinado.
• Recompor a área afetada após sua liberação, quando aplicável.

• Informar imediatamente o gestor e/ou os brigadistas.


(B)
• Para lesões de pequena gravidade, encaminhar o colaborador para o
Acidente com ou sem
hospital mais próximo.
lesão e/ou mal súbito
• Para lesões graves, avaliar a necessidade de acionar uma ambulância.

(cont.)

240 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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PROCEDIMENTO PSMS 82.01
XPTO QUÍMICA
ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA
DATA

Anexo 1: Potenciais cenários de emergência


(ambiental e saúde e segurança do trabalhador)

CENÁRIO AÇÕES

(C)
• Paralisar a atividade e a máquina ou o veículo envolvido no incidente.
Acidente causado por
• Verificar a presença de feridos e, em caso positivo, agir conforme o
movimentação de cargas
cenário B.
e/ou máquinas e veículos

• Orientar os colaboradores e certificar-se de que todos se encontrem em


abrigo seguro.
(D) • Verificar a presença de feridos e, em caso positivo, agir conforme o
Descarga atmosférica cenário B.
• Autorizar a retomada das atividades dos colaboradores assim que a
situação estiver totalmente controlada.

• Verificar a presença de feridos e, em caso positivo, agir conforme o


cenário B.
(E) • Avaliar as condições dos cabos de alimentação e os quadros de
Choque elétrico distribuição relacionados ao incidente.
• Autorizar a retomada das atividades dos colaboradores assim que a
situação estiver totalmente controlada.

2.6 Seção 9 – Avaliação de desempenho (Check – fase


“Checar” do ciclo PDCA)

A Seção 9 – Avaliação de desempenho é composta pelos seguintes


requisitos:

• 9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação de desempenho:

◦ 9.1.1 Generalidades.
◦ 9.1.2 Avaliação da conformidade.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 241


• 9.2 Auditoria interna.

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• 9.3 Análise crítica pela direção.

Essa seção tem o objetivo de fazer com que a organização monitore


os processos de implementação da Seção 8 – Operação do sistema de
gestão de SSO, contemplando:

• A determinação do que e quando precisa ser monitorado e/ou


medido e qual o método a ser adotado. Importante que os re-
sultados sejam analisados e avaliados, incluindo: o cumprimen-
to dos requisitos legais e outros requisitos, a eficácia das ações
para abordar riscos e oportunidades, o atingimento dos objetivos
de SSO e a eficácia dos controles operacionais.

• A condução de auditorias internas a intervalos planejados, com


o objetivo de avaliar se o SGSSO está implementado e mantido.
Para isso, deve-se ter um programa de auditorias, auditores inter-
nos qualificados na ISO 45001 e na ISO 19011, relatório de audi-
toria com as evidências de conformidades e não conformidades
e o estabelecimento de ações corretivas, quando necessário.

• A análise crítica pela direção (ACD) tem o objetivo de fazer com


que a alta direção analise criticamente, a intervalos planejados,
os resultados dos requisitos relacionados ao SGSSO (dados de
entrada) e determine as ações a serem tomadas (dados de saí-
da). Este é o “momento” em que a alta direção e os gestores (em
geral) avaliam a eficácia do SGSSO e determinam a necessidade
de recursos, mudanças e melhorias.

PARA SABER MAIS

Para saber mais sobre auditorias de sistemas de gestão, conheça a


ABNT NBR ISO 19011:2018 – diretrizes para auditoria de sistemas
de gestão. Vale lembrar que essa norma, assim como qualquer outra
da ABNT ou da ISO, traduzida pela ABNT (por exemplo: ISO 9001, ISO
14001 e ISO 45001), pode ser adquirida pelo website da ABNT.


242 Sistema de gestão, certificações e auditorias
No quadro 5, apresentamos um exemplo do monitoramento dos ob-
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

jetivos de segurança e de meio ambiente.

Quadro 5 – Exemplo de monitoramento dos objetivos de segurança

XPTO INDICADORES DE SMS Período analisado


Química RSMS 62.01-00
TFCAC - Taxa de Frequência de Acidentados com Afastamento (NBR 14.280) 0 TFCAC - Taxa de Frequência de Acidentados com
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Afastamento - Meta 0 acidente
10
2 1 0 8
6
4
2
0
TFSAC - Taxa de Frequência de Acidentados sem Afastamento (NBR 14.280) 100 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
140 90 80 TFSAC - Taxa de Frequência de Acidentados sem
Afastamento - Meta TFSAC < 100 PPM
300
250
Indicador de Quase Acidentes (número de incidentes) 5 200
150
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 100
7 5 4 50
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Comentários/ações Indicador de Quase Acidentes - Meta 5 quase acidentes


Quanto menor, melhor
10
8
6
4
2
Elaborado por: Aprovado por: 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

No quadro 6, é apresentado um resumo dos dados de entradas e saí-


das que devem constar na análise crítica pela direção. Em geral, os ges-
tores de cada processo fazem uma reunião com a direção para analisar
esses dados e depois formalizam o resultado em uma ata de reunião,
também conhecida como ata de ACD – análise crítica pela direção.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 243


Quadro 6 – Dados de entradas e saídas para a análise crítica pela direção

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SAÍDAS DA ANÁLISE
ENTRADAS PARA A ANÁLISE CRÍTICA
CRÍTICA

Adequação, suficiência e
Status das ações de análises críticas anteriores
eficácia do SGSSO

Mudanças nas questões internas e externas Oportunidades de


relevantes para o SGSSO melhoria contínua

Qualquer necessidade de
Cumprimento da política e dos objetivos de SSO
mudança do SGSSO

Desempenho de SSO, incluindo as tendências em:


incidentes, não conformidades, ações corretivas e
melhoria contínua, resultados de monitoramento e
medição, resultados da avaliação da conformidade Recursos necessários
legal e outros requisitos, resultados de auditorias,
resultados da participação e consulta dos
trabalhadores, riscos e oportunidades

Adequação dos recursos para a manutenção do


Ações, se necessárias
SGSSO

Oportunidades para
melhorar a integração do
Comunicações relevantes de partes interessadas
SGSSO com os processos
da organização

Quaisquer implicações
Oportunidades de melhoria contínua para a direção estratégica
da organização

2.7 Seção 10 – Melhoria (Act – fase “Agir” do ciclo PDCA)

A Seção 10 – Melhoria é composta pelos seguintes requisitos:

244 Sistema de gestão, certificações e auditorias


• 10.1 Generalidades.
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• 10.2 Incidente, não conformidade e ação corretiva.

• 10.3 Melhoria contínua.

Essa seção tem o objetivo de fazer com que a organização verifique


a eficácia daquilo que foi planejado e implementado, avaliando seu de-
sempenho, melhorando o que estiver “bom” e corrigindo o que estiver
“ruim”, considerando:

• A determinação de oportunidades de melhoria com implementa-


ção das ações corretivas.

• Um processo de investigação de incidente, não conformidade e


ação corretiva, com a participação dos trabalhadores.

• A melhoria contínua do SGSSO para aumentar o desempenho


de SSO, promover a cultura de apoio ao SSO, a participação e a
consulta dos trabalhadores, além de comunicar e documentar
essas melhorias.

3 Especificidades do sistema de gestão


de saúde e segurança ocupacional (SGSSO)
ISO 45001:2018 e do sistema de gestão
ambiental ISO 14001:2015: aproximações
e diferenças
A primeira diferença, obviamente, é o escopo ou o objetivo de cada
norma de sistema de gestão. Na descrição dos escopos das normas
ISO 45001:2018 e da ISO 14001:2015, percebe-se que o da norma ISO
45001:2018 trata especificamente do sistema de gestão de saúde e se-
gurança ocupacional e o escopo da norma ISO 14001:2015 trata espe-
cificamente do sistema de gestão ambiental.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 245


Descrição do escopo da norma ISO 45001:2018:

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Este documento especifica os requisitos para um sistema de ges-
tão de saúde e segurança ocupacional (SSO) e fornece orientação
para o seu uso, permitindo que as organizações proporcionem lo-
cais de trabalho seguros e saudáveis, prevenindo lesões e proble-
mas de saúde relacionados ao trabalho, bem como melhorando
proativamente o seu desempenho de SSO.

Este documento é aplicável a qualquer organização que deseje


estabelecer, implementar e manter um sistema de gestão de SSO
para melhorar a segurança e saúde ocupacional, eliminar perigos
e minimizar os riscos de SSO (incluindo deficiências do sistema),
tirar proveito das oportunidades de SSO e resolver as não con-
formidades do sistema de gestão de SSO associadas às suas
atividades.

Este documento ajuda uma organização a alcançar os resultados


pretendidos de seu sistema de gestão de SSO. Em consonância
com a política de SSO da organização, os resultados pretendidos
de um sistema de gestão de SSO incluem:

a. melhoria contínua do desempenho de SSO;

b. cumprimento dos requisitos legais e outros requisitos;

c. atingimento dos objetivos de SSO. (ISO, 2018, p. 1)

Descrição do escopo da norma ISO 14001:2015:

Esta Norma especifica os requisitos para um sistema de gestão


ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu
desempenho ambiental. Esta Norma é destinada ao uso por uma
organização que busca gerenciar suas responsabilidades ambien-
tais de uma forma sistemática, que contribua para o pilar ambien-
tal da sustentabilidade.

Esta Norma auxilia uma organização a alcançar os resultados pre-


tendidos de seu sistema de gestão ambiental, os quais agreguem
valor para o meio ambiente, a organização em si e suas partes inte-

246 Sistema de gestão, certificações e auditorias


ressadas. Os resultados pretendidos de um sistema de gestão am-
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biental coerente com a política ambiental da organização incluem:

• aumento do desempenho ambiental;

• atendimento dos requisitos legais e outros requisitos;

• alcance dos objetivos ambientais. (ABNT, 2015)

O quadro 7 mostra uma tabela comparativa entre os requisitos das


normas ISO 45001:2018 e ISO 14001:2015, apresentando cada seção
e requisito de ambas as normas. Algumas linhas de requisitos são
semelhantes, como: na seção 5, o item 5.4 – Consulta e participação
de trabalhadores e na seção 8, os itens 8.1.1 – Generalidades, 8.1.2 –
Eliminar perigos e reduzir riscos de SSO, 8.1.3 – Gestão da mudança e
8.1.4 – Aquisição.

Quadro 7 – Comparativo entre os requisitos da ISO 45001:2018 e da ISO 14001:2015

REQUISITO
REQUISITO
SEÇÃO ISO TÍTULO
ISO 45001:2018
14001:2015

1 Escopo

2 Referência normativa

3 Termos e definições

Contexto da organização

4.1 4.1 Entendendo a organização e seu contexto

Entendendo as necessidades e as expectativas


4.2 4.2 dos trabalhadores e outras partes interessadas/
4
de partes interessadas

Determinando o escopo do sistema de gestão


4.3 4.3
de SSO/ambiental

4.4 4.4 Sistema de gestão de SSO/ambiental

(cont.)

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 247


Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
REQUISITO
REQUISITO
SEÇÃO ISO TÍTULO
ISO 45001:2018
14001:2015

Liderança

5.1 5.1 Liderança e comprometimento

5.2 5.2 Política de SSO/ambiental


5

Funções, responsabilidades e autoridades


5.3 5.3
organizacionais

5.4 - Consulta e participação de trabalhadores

Planejamento

6.1 6.1 Ações para tratar riscos e oportunidades

6.1.1 6.1.1 Generalidades

Identificação de perigo e avaliação de riscos e


6.1.2 6.1.2
6 oportunidades/aspectos ambientais

6.1.3 6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos

6.1.4 6.1.4 Plano de ações

Objetivos da SSO/ambientais e planejamento para


6.2 6.2
alcançá-los

Suporte/apoio

7.1 7.1 Recursos

7.2 7.2 Competência


7
7.3 7.3 Conscientização

7.4 7.4 Comunicação

7.5 7.5 Informação documentada

(cont.)

248 Sistema de gestão, certificações e auditorias


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REQUISITO
REQUISITO
SEÇÃO ISO TÍTULO
ISO 45001:2018
14001:2015

Operação

8.1 8.1 Planejamento e controle operacionais

8.1.1 - Generalidades

8 8.1.2 - Eliminar perigos e reduzir riscos de SSO

8.1.3 - Gestão da mudança

8.1.4 - Aquisição

8.2 8.2 Preparação e resposta a emergências

Avaliação de desempenho

9.1 9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação

9.1.1 9.1.1 Generalidades

9
Avaliação do atendimento aos requisitos legais e
9.1.2 9.1.2
outros requisitos

9.2 9.2 Auditoria interna

9.3 9.3 Análise crítica pela direção

Melhoria

10.1 10.1 Generalidades


10
10.2 10.2 Incidente/Não conformidade e ação corretiva

10.3 10.3 Melhoria contínua

No quadro 7, conseguimos comparar as semelhanças e as diferen-


ças entre as duas normas, em que podemos concluir que:

• Toda a “itemização” entre as normas ISO 45001:2018 e ISO


14001:2015 (de acordo com o Anexo SL, com dez requisitos) é
semelhante.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 249


• Na Seção 5 – Liderança, a ISO 45001 tem um requisito a mais

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que a ISO 14001: o item 5.4 – Consulta e participação de
trabalhadores.

• Na Seção 8 – Operação, a norma ISO 45001 estratifica o item 8.1 –


Planejamento e controle operacionais (em 8.1.1 – Generalidades,
8.1.2 – Eliminar perigos e reduzir riscos de SSO, 8.1.3 – Gestão da
mudança e 8.1.4 – Aquisição) e a ISO 14001 mantém os mesmos
requisitos sem essa estratificação.

4 Integração entre os sistemas – requisitos


comuns das normas
Quando uma organização possui dois ou mais sistemas de gestão,
tal como o exemplo das normas ISO 9001:2015, ISO 14001:2015 e ISO
45001:2018, os requisitos dessas normas podem ser implementados
de uma forma separada ou integrada. A forma integrada é a mais uti-
lizada pelas organizações por causa da sua facilidade na implementa-
ção e na manutenção dos sistemas de gestão, uma vez que os requisi-
tos comuns dessas normas a serem integradas são tratados em uma
única abordagem e não em duplicidade.

Exemplo 1: em vez de ter dois procedimentos para tratar de


ações corretivas (um para cada norma, sendo o requisito 10.2 da ISO
14001:2015 e o requisito 10.2 da ISO 45001:2018), é elaborado apenas
um procedimento de forma que aborde as duas normas.

Exemplo 2: a política ambiental e a política de SSO – saúde e


segurança ocupacional podem ser integradas de forma a contemplar
os itens comuns e a acrescentar os itens específicos.

O quadro 8 identifica ao final de cada frase os itens específicos com


ISO 14001:2015 ou ISO 45001:2018 e os itens integrados (ou seja, itens
comuns) com ISO 14001:2015 e ISO 45001:2018.

250 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Quadro 8 – Exemplo da política de SSO – saúde e segurança ocupacional e meio ambiente
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Política de SSO – saúde e segurança ocupacional e meio ambiente

A XPTO Química Ltda., localizada na cidade de São Paulo (SP), com abrangência em todo o território
nacional, desenvolve produtos químicos para higiene e limpeza em geral.
Nos comprometemos a:
• Proteger o meio ambiente (ISO 14001:2015).
• Prevenir a poluição ambiental, eliminando o lançamento de efluentes industriais (ISO 14001:2015).
• Proteger o trabalhador contra lesões e doenças ocupacionais (ISO 45001:2018).
• Atender aos requisitos legais e outros aplicáveis relativos aos aspectos ambientais relacionados aos
efluentes industriais e aos perigos e riscos relacionados ao trabalho (ISO 14001:2015 e ISO 45001:2018).
• Melhorar continuamente os processos para aumentar o desempenho da gestão de saúde e segurança
ocupacional e da gestão ambiental (ISO 14001:2015 e ISO 45001:2018).
• Promover e assegurar a consulta e a participação no SGSSO (ISO 45001:2018).

Portanto, com base nos exemplos indicados, podemos considerar


que a integração das normas ISO 45001:2018 e ISO 14001:2015 deve
ser realizada utilizando os requisitos semelhantes, ou seja, os itens in-
tegráveis do quadro 7, que são facilitados pela estrutura do Anexo SL.
Os itens em destaque nesse quadro são específicos da ISO 45001.

Um benefício importante a ser frisado é a redução de custos relati-


vos à implementação e à manutenção do sistema de gestão integrado
(ISO 14001:2015 e ISO 45001:2018), incluindo os custos do desenvolvi-
mento da documentação, do treinamento dos colaboradores e da ges-
tão do sistema integrado.

Considerações finais
Estudamos neste capítulo a norma ISO 45001:2018 – sistemas de
gestão de saúde e segurança ocupacional e as semelhanças e as di-
ferenças entre ela e a norma ISO 14001:2015 – sistemas de gestão
ambiental. Ressaltando que ambas são baseadas no ciclo PDCA.

Abordamos também os requisitos específicos da ISO 45001:2018


com um exemplo para cada seção para um melhor entendimento.

Sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO) 251


No quadro 7, pudemos perceber de forma detalhada quais sãos os

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
requisitos semelhantes (integráveis) e os requisitos específicos de cada
norma, os quais são facilitados pela estrutura em dez seções do Anexo
SL (quadro 1). Utilizando esse conhecimento, podemos integrar os re-
quisitos das normas ISO 14001:2015 e ISO 45001:2018, facilitando a
implementação e a manutenção do sistema de gestão integrado, in-
cluindo a redução dos seus custos.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT catálogo.
Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br. Acesso em: 26 set. 2021.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001:2015


– sistemas da gestão ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de
Janeiro: NBR, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO


19011:2018 – diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro:
NBR, 2018.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO


45001:2018 – sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional: requi-
sitos com orientação para uso. Genebra: ISO, 2018.

252 Sistema de gestão, certificações e auditorias


Sobre o autor
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Anderson Eduardo Salmazzi Palácio é formado em tecnologia me-


cânica pela Fatec-SP, pós-graduado em engenharia de controle da po-
luição ambiental pela USP, MBA em qualidade e produtividade pelo IPT
(incompleto), extensão em tutoria para EaD pela UFF, pós-graduado
em Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pela Legale Educacional,
pós-graduando em MBA em segurança da informação e pós-gradu-
ando em privacidade e proteção dos dados pessoais, ambos os cur-
sos pela Faculdade Descomplica. Tem mais de 24 anos de experiên-
cia como gestor, consultor, auditor e professor na implementação e na
manutenção de sistemas de gestão da qualidade, ambiental e segu-
rança e saúde no trabalho (ISO 9001 e IATF 16949, CRC e PGQMSA
– Petrobras, API SPEC Q1 e ISO/TS 29000 – petróleo e gás, ISO 14001,
ISO 45001, ISO 37301/37001 e ISO 27001/27701/LGPD), nos manuais
automotivos APQP, PAPP, FMEA, MSA e CEP e no Programa 5S/10S.
Black Belt Lean Six Sigma/Lean Healthcare; auditor líder ISO 27001,
lead implementor ISO 27701; DPO Exin; LGPDF CertiProf; membro do
Comitê de Segurança da ANPPD; e CEO da Quality Learn Consultoria e
Treinamentos e do Portal Guru LGPD.

Currículo: http://lattes.cnpq.br/4777994063904593.

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