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Sistemas de

gestão e auditoria
ambiental

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Sistemas de
gestão e auditoria
ambiental
Rosimeire Midori Suzuki Rosa Lima
Jamile Ruthes Bernardes
Rodrigo de Menezes Trigueiro

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© 2014 by Unopar

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Diagramação: Casa de Ideias

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Lima, Rosimeire Midori Suzuki Rosa


L732s  Sistemas de Gestão e Auditoria Ambiental /
Rosimeire Midori Suzuki Rosa Lima, Jamile Ruthes
Bernardes, Rodrigo de Menezes Trigueiro — Londrina:
UNOPAR, 2014.
p. 176

ISBN 978-85-87686-59-6

1. Gestão. 2. Ambiental. I Título.

CDD 657.45

2014
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Sumário

Unidade 1 — Gestão ambiental sustentável no


ambiente empresarial...............................1
Seção 1  Gestão ambiental sustentável nas empresas.........................2
Seção 2  Dimensões da sustentabilidade............................................7

Unidade 2 — Considerações sobre a ISO 14000 .........17


Seção 1  Normas ISO 14000 ...........................................................18
1.1 Classificação das normas.......................................................................20
1.2 Níveis de normalização.........................................................................22
1.3 Uso de normas......................................................................................22
1.4 Voluntariedade das normas....................................................................23
1.5 Divisão da normalização no Brasil.........................................................23
1.6 ISO: International Organization for Standardization...............................25
1.7 Norma para certificação ambiental........................................................28
1.8 Normas de rotulagem ambiental............................................................29
Seção 2  Normas de avaliação do ciclo de vida (ACV).....................32
2.1 Normas de desempenho ambiental........................................................36

Unidade 3 — Considerações sobre o sistema


de gestão ambiental (SGA).....................41
Seção 1  O sistema de gestão ambiental..........................................42
1.1 A ISO 14001..........................................................................................44
1.2 Sistema..................................................................................................44
1.3 Política Ambiental..................................................................................45
1.4 “Princípios de Valdez”...........................................................................45

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vi  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

1.5 “Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável”......................46


1.6 Aspectos do planejamento em um SGA.................................................47
Seção 2  Considerações sobre a implementação de um sistema de
gestão ambiental ..............................................................54
2.1 Estrutura e responsabilidades.................................................................54
2.2 Treinamento, conscientização e competência........................................55
2.3 Comunicação........................................................................................56
2.4 Documentação do Sistema de Gestão
Ambiental — SGA.................................................................................57
2.5 Controle dos documentos......................................................................59
2.6 Controle operacional.............................................................................62
2.7 Preparação para atendimento às emergências........................................63
2.8 Verificação e ações corretivas — monitoramento e medição..................65
2.9 Não conformidade, ações corretiva e preventiva....................................67
2.10 Registros...............................................................................................68
2.11 Auditoria do sistema de gestão ambiental.............................................69
2.12 Análise pela administração...................................................................69

Unidade 4 — Auditoria ambiental................................71


Seção 1  Auditoria como ferramenta de gestão................................72
1.1 Sujeitos envolvidos no processo de auditoria.........................................78
1.2 Classificação das auditorias...................................................................81
1.3 Planejamento da auditoria.....................................................................93
1.4 Instrumentos de coleta de evidências ....................................................96
1.5 Análise de documentos........................................................................102
1.6 Práticas de gerenciamento ambiental...................................................102
1.7 Inventário de resíduos sólidos..............................................................103
1.8 Controle de impactos ambientais.........................................................104
1.9 Licenciamento ambiental.....................................................................105
1.10 Uso e reuso da água...........................................................................106
1.11 Uso de energia: consumo racional e energias alternativas...................108
1.12 Critérios de auditoria .........................................................................111
1.13 Relatório de auditoria.........................................................................117
1.14 Reunião de encerramento...................................................................120
Seção 2  Auditoria de certificação do SGA.....................................122

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Sumário vii

Unidade 5 — Imagem corporativa e rotulagem


ambiental.............................................133
Seção 1  Imagem corporativa.........................................................134
1.1 Histórico..............................................................................................135
1.2 Responsabilidade social e ambiental...................................................137
Seção 2  Rotulagem ambiental.......................................................148
2.1 Ciclo de vida dos produtos..................................................................148
2.2 Os rótulos ambientais..........................................................................149

Referências................................................................ 157

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Carta ao aluno

O crescimento e a convergência do potencial das tecnologias da informa‑


ção e da comunicação fazem com que a educação a distância, sem dúvida,
contribua para a expansão do ensino superior no Brasil, além de favorecer
a transformação dos métodos tradicionais de ensino em uma inovadora
proposta pedagógica.
Foram exatamente essas características que possibilitaram à Unopar ser
o que é hoje: uma referência nacional em ensino superior. Além de oferecer
cursos nas áreas de humanas, exatas e da saúde em três campi localizados
no Paraná, é uma das maiores universidades de educação a distância do país,
com mais de 450 polos e um sistema de ensino diferenciado que engloba aulas
ao vivo via satélite, Internet, ambiente Web e, agora, livros‑texto como este.
Elaborados com base na ideia de que os alunos precisam de instru‑
mentos didáticos que os apoiem — embora a educação a distância tenha
entre seus pilares o autodesenvolvimento —, os livros‑texto da Unopar
têm como objetivo permitir que os estudantes ampliem seu conhecimento
teórico, ao mesmo tempo em que aprendem a partir de suas experiências,
desenvolvendo a capacidade de analisar o mundo a seu redor.
Para tanto, além de possuírem um alto grau de dialogicidade — caracteri‑
zado por um texto claro e apoiado por elementos como “Saiba mais”, “Links”
e “Para saber mais” —, esses livros contam com a seção “Aprofundando o
conhecimento”, que proporciona acesso a materiais de jornais e revistas,
artigos e textos de outros autores.
E, como não deve haver limites para o aprendizado, os alunos que quise‑
rem ampliar seus estudos poderão encontrar na íntegra, na Biblioteca Digital,
acessando a Biblioteca Virtual Universitária disponibilizada pela instituição, a
grande maioria dos livros indicada na seção “Aprofundando o conhecimento”.

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Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da se‑
mana, conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas áreas
do conhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador conectado
à Internet.
Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos da
Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para realmente
fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e também — por que
não? — para contribuir com o futuro de nosso país.
Bom estudo!
Pró‑reitoria

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Apresentação

Atualmente nos defrontamos com inúmeros problemas ambientais, de‑


correntes em grande parte do crescimento populacional, da elevação da
taxa de urbanização, da concentração de indústrias e, consequentemente,
da poluição.
Nesse cenário, a busca pelo desenvolvimento sustentável é uma neces‑
sidade e pode ser constatada por meio das ações das organizações, que têm
recorrido a uma gestão preventiva, implementando normas ambientais e
práticas sustentáveis.
A necessidade de atendimento à legislação, assim como as atuais exigên‑
cias do mercado, somadas à responsabilidade ambiental, tem direcionado
a procura pelo desenvolvimento sustentável. Isso se dá por meio de ações
proativas alicerçadas na implantação de Sistemas de Gestão Ambiental, que,
tendo por base as normas ambientais, buscam garantir a qualidade ambiental.
Este livro está dividido em cinco unidades. A Unidade 1 apresenta uma
abordagem sobre a gestão ambiental sustentável no ambiente empresarial,
na Unidade 2 são apresentadas as normas que compõem a série ISO 14000,
na Unidade 3 são apresentados os passos para implantação do Sistema de
Gestão Ambiental — SGA de acordo com a ISO 14001, e na Unidade 4
apresentamos os conceitos de auditoria e como ela é planejada, estruturada
e aplicada. Existem muitos exemplos para que você possa analisar e entender
como ocorre tal processo. Também é discutido o planejamento das auditorias
ambientais e são mostrados formulários para consulta. Os tipos de auditoria
são exemplificados para que você possa compreender que cada auditoria
possui seu objetivo e objeto de análise, o que modifica o foco de atuação
do auditor dependendo da ação que será desenvolvida. Ainda nesta uni‑
dade estudaremos também a certificação ambiental, exemplificando como
ocorre o processo de certificação, qual formulário pode ser utilizado para

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essa etapa e quais são os atores envolvidos nesse processo. Finalmente, na


Unidade 5 você poderá analisar conceitos muito atuais, referentes aos selos
verdes e a responsabilidade socioambiental das empresas. O marketing verde
e indicadores ambientais também são abordados, mostrando que vale a pena
obter a certificação para agregar valor ao produto ou serviço que será oferecido
pela empresa.
Esperamos que você aprecie o livro.
Boa leitura!

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Unidade 1
Gestão ambiental
sustentável no
ambiente empresarial
Rosimeire Midori Suzuki Rosa Lima

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você será levado a com-


preender a importância da gestão ambiental no setor empresarial por
meio de ações que incorporem as dimensões de sustentabilidade com
a devida responsabilidade socioambiental.

Seção 1: Gestão ambiental sustentável nas


empresas
Nesta seção você compreenderá a importância de
incorporar a gestão ambiental nas empresas, sua
relação com as dimensões de sustentabilidade e
aspectos da responsabilidade socioambiental.

Seção 2: Dimensões da sustentabilidade


Nesta seção discutiremos alguns conceitos e aspectos
importantes sobre sustentabilidade, de maneira que
se possam compreender as vantagens da aplicação
de seus princípios na administração das empresas.

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Introdução ao estudo
É evidente o aumento da pressão das atividades antrópicas sobre os recur‑
sos naturais. A influência direta e/ou indireta do homem tem causado diversas
consequências, como desmatamento, erosão, contaminação do solo, do ar e
da água, resultando na perda da biodiversidade.
Existem fortes pressões do sistema produtivo sobre os recursos naturais,
devido à extração de matéria-prima empregada na produção e utilizada para
o crescimento econômico. Diante desse cenário, um sistema produtivo deve
se preocupar com a forma de desenvolvimento e dar maior atenção a questões
relacionadas ao aumento da geração de resíduos sólidos, à poluição das águas,
à baixa proteção à saúde ambiental e à falta de preservação do meio ambiente.

Seção 1  Gestão ambiental sustentável nas


empresas
O desenvolvimento econômico deve incorporar um novo modelo estraté‑
gico, tanto do ponto de vista do fabricante como do consumidor, que devem
adotar uma nova postura frente às questões ambientais.
Nesse modelo, “[...] os interesses dos acionistas dividem espaços com as
demandas da comunidade e dos clientes, funcionários e fornecedores. É para
esse grupo, os chamados ‘stakeholders’, que a empresa do futuro terá de gerar
valor” (KRAEMER, 2013, p. 1).

Para saber mais


Stakeholders é um termo muito utilizado no meio empresarial e significa
público estratégico, ou seja, os colaboradores, funcionários, clientes, con-
sumidores, acionistas, fornecedores e outros.

É inegável que houve, nos últimos anos, avanços consideráveis no que se


refere à proposição de instrumentos técnicos, políticos e legais, assim como
na consolidação do atendimento às diretrizes que tratam da questão ambiental
de forma mais sistematizada e integrada.

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Atualmente, existe uma grande pressão pela qualidade ambiental tanto


no desenvolvimento dos produtos quanto no pós-consumo. Buscar soluções
para minimizar os impactos gerados passou a ser um fator determinante para o
sucesso nos negócios. Essa pressão é consequência do poder que as empresas
conquistaram nas últimas décadas. Essas empresas devem buscar conhecimen‑
tos e atualizar suas técnicas de gestão. Essa nova estratégia de gestão demanda
investimentos em pessoas e tecnologias para melhorar a qualidade ambiental
a que as empresas se propõem.
Nesse contexto é que o desenvolvimento da tecnologia deve ser compatí‑
vel com as metas de equilíbrio com a natureza. Para Meyer (2000), o conceito
de desenvolvimento sustentável deve considerar o crescimento econômico,
incorporando a percepção dos resultados sociais decorrentes, assim como o
equilíbrio ecológico na utilização dos recursos naturais.
Compreende-se que as reservas naturais são finitas e que as soluções po‑
dem ser obtidas por meio da adoção de tecnologias mais adequadas ao meio
ambiente.
Segundo Donaire (1999), o retorno do investimento, que antes era entendido
somente como lucro e enriquecimento de seus acionistas, agora passa pela
sustentabilidade. Essa mudança de paradigma tem introduzido novos sistemas
operacionais em que as práticas passam a ser positivas e proativas, o que induz
ao desenvolvimento de novos métodos e experiências.
Souza (1993) confirma essa visão ao dizer que as estratégias de marketing
ecológico adotadas pela maioria das empresas visam à melhoria da imagem
da empresa e dos seus produtos por meio da proposição de novos produtos
com enfoque sustentável, além de ações voltadas para a proteção ambiental.
Dessa forma, a alta administração de uma empresa deve implantar um
gerenciamento que incorpore a variável ambiental de forma a subsidiá-la na
tomada de decisão, mantendo assim uma postura proativa e responsável de
respeito à questão ambiental.

Questões para reflexão


Por que é tão importante que as empresas atendam aos requisitos am‑
bientais em seus processos?

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Muitas empresas que já implantaram o gerenciamento integrando a variável


ambiental reconhecem ter tido resultados positivos em relação aos aspectos
econômicos e estratégicos. Entretanto, esses resultados não são visualizados
logo de início, sendo necessário um planejamento e a implementação de ações
na organização para que ela incorpore o atendimento às questões ambientais
na sua atividade, trazendo com isso a vantagem competitiva.
Uma das questões mais polêmicas que surge quando discute-se a impor‑
tância do atendimento às questões ambientais é sobre o aspecto econômico,
devido ao aumento das despesas e, consequentemente, do acréscimo dos custos
do processo produtivo.
De acordo com Donaire (1999), algumas empresas têm demonstrado que
é possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente desde que se utilizam
da sua criatividade e viabilizem condições internas que possam transformar as
restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios.
Outra questão muito importante é a responsabilidade ambiental da empresa.
Vamos conhecer um pouco mais sobre este assunto.
O mundo corporativo tem papel fundamental na preservação do meio
ambiente. Empresas socialmente responsáveis conquistam resultados melho‑
res e se tornam mais competitivas. Nesse novo enfoque, a responsabilidade
social deixou de ser uma opção e passou a ser uma questão de planejamento
estratégico para as empresas que passam a ter o compromisso de oferecer mais
informação ao consumidor e de desenvolver produtos mais sustentáveis.
Nos dias atuais a necessidade de implantar uma gestão da qualidade em‑
presarial não pode desconsiderar a dimensão ambiental. As empresas devem
contar com sistemas organizacionais e de produção que valorizem os recursos
naturais, potencializem e capacitem seu quadro de funcionários e interajam
com as comunidades locais. Algumas atividades básicas como a reciclagem,
o incentivo à redução do consumo, a minimização da geração e o destino
adequado dos resíduos sólidos são desafios desse novo cenário.
A incorporação da proteção do ambiente entre os objetivos de uma em‑
presa traz diversas mudanças devidas à adoção de práticas que representem o
cuidado com as questões ambientais.
Uma organização gera bens e serviços, empregos e dividendos, porém
também consome recursos naturais escassos e gera resíduos sólidos, efluentes
e outros poluentes que podem causar contaminação. Dessa forma, é necessário

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Gestão ambiental sustentável no ambiente empresarial 5

que a empresa defina e amplie sua visão e estabeleça metas para a solução dos
problemas ambientais.
De acordo com Callenbach (1993), é possível que os investidores e acionistas
incorporem cada vez mais o conceito de sustentabilidade no lugar da estrita ren‑
tabilidade como critério para avaliar o posicionamento estratégico das empresas.
O Quadro 1.1 apresenta a evolução dos modelos de gestão social e ambien‑
tal dos anos 1950 até o ano 2002, com a previsão da passagem para o século
XXI, incluindo direcionadores de conduta, foco do modelo, comportamento
organizacional, padrão de gestão, motivação e as ações ou ferramentas utili‑
zadas ou recomendadas para boas práticas e responsabilidade socioambiental.

Quadro 1.1 Evolução dos modelos de gestão social e ambiental dos anos 1950 até 2002

Anos Direcionadores Foco Comportamento Padrão de gestão

Prevenção de A natureza
1950 Indiferença Inexistente
despesas resolve
Acumulação de Diluição e
Poluição Inexistente
resíduos dispersão

1960 Confinamento
Capacidade li‑ Comando e
Ambientalismo e tratamento
mitada natureza controle
industrial de resíduos e
Legislação Fim‑de‑tubo
emissões
Comando e
Legislação Proteção am‑ Proteção am‑
1970 controle
Pressão social biental biental
Fim‑de‑tubo
Comando e
1980 Legislação
controle
(com Pressão social Abordagem
Gerenciamento Fim‑de‑tubo
ênfase em Mercado e com‑ híbrida
Redução de
1989) petitividade
poluição
Legislação Comando e
Ambientalismo
Pressão social controle
estratégico res‑
Mercado e com‑ Produção mais
1990 ponsável Inovação
petitividade limpa
Ecologia indus‑
Conhecimento e Produção limpa
trial
inovação Ecoeficiência
Legislação Produção
Pressão social Responsabili‑ Inovação Ecoeficiência
Séc. 21 Mercado e dade corporativa Gestão do co‑ Gestão socioam‑
competitividade Sustentabilidade nhecimento biental respon‑
Conhecimento sável
continua

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6 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

continuação

Anos Motivação Ação/ferramentas


1950 Liberdade para crescimento Descarte descontrolado
Crescimento Descarte descontrolado
Estação de tratamento
1960 Aterros
Taxas e penalidades
Incineração
Filtros e lavadores
Estação de tratamento
Aterros
Incineração
1970 Taxas e penalidades Filtros e lavadores
Minimização ou redução de resíduos
Reciclagem
Prevenção
Estação de tratamento
1980 Aterros
(com Incineração
ênfase Taxas e penalidades Filtros e lavadores
em Minimização ou redução de resíduos
1989) Reciclagem
Prevenção
Estação de tratamento
Aterros
Taxas e penalidades
Incineração
Externalidades e passivos
Filtros e lavadores
Competitividade: custos, diferen‑
Minimização ou redução de resíduos
1990 ciação e posicionamento
Reciclagem
Imagem
Prevenção
Globalização
Avaliação do ciclo de vida
Políticas públicas
Ecodesign
Precaução
Precaução
Emissão zero
Sustentabilidade da organização Intensidade de material por unidade de
Séc. XXI
Responsabilidade corporativa serviço
Avaliação de resultado final tríplice ou me‑
dição de desempenho de sustentabilidade

Fonte: Furtado (2003, p. 8).

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Seção 2  Dimensões da sustentabilidade


Já discutimos anteriormente sobre a importância do desenvolvimento sus‑
tentável. Vamos conhecer um pouco mais sobre sua conceituação e dimensões
de sustentabilidade.
Você sabe o que é desenvolvimento sustentável?
A expressão ecodesenvolvimento surgiu na década de 1970 e foi substituída
ao longo do tempo por desenvolvimento sustentável. Na década de 1980, esse
conceito foi popularizado por meio do Relatório Nosso Futuro Comum, deno‑
minado Relatório Brundtland, de 1987.
Na década de 1990, a União Internacional para a Conservação da Natureza
e dos Recursos Naturais (MUNRO, 1991) definiu desenvolvimento sustentável
como o processo que melhora as condições de vida das comunidades huma‑
nas e, ao mesmo tempo, respeita os limites de carga dos ecossistemas. Ainda
nessa década, negociações ocorridas durante a Conferência Rio 92 refletiram
as preocupações das nações mais pobres ao declarar como um princípio básico
o direito ao desenvolvimento. Os estudos conduzidos como subsídios a essas
negociações mostraram claramente que os padrões de consumo do hemisfério
norte foram os principais responsáveis pelos problemas emergentes de mudança
climática (PARIKH et al., 1991).
A Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1992, foi a consa‑
gração do paradigma do desenvolvimento sustentável ampliou as expectativas
da construção de uma nova perspectiva mundial para romper com o ciclo de
insustentabilidade do planeta.
Na ocasião, o termo desenvolvimento sustentável caracterizou-se como um
modelo de desenvolvimento baseado na conservação e utilização racional de
recursos naturais e no objetivo de atender às
necessidades das gerações atuais e futuras, em
que as ações de desenvolvimento não existem Links
desvinculadas do meio ambiente, e o que se Para que você possa analisar o con-
busca são limites para essa relação. teúdo do Relatório “Nosso Futuro
Nesse sentido, as empresas assumem um Comum”, acesse: <http://pt.scribd.
papel de extrema importância, pois sua prá‑ com/doc/12906958/Relatorio-
Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-
tica empresarial deve assumir a diretriz da
-Em-Portugues>.
sustentabilidade, e essa prática provocará

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8  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

mudanças de valores e de orientação em suas rotinas e sistemas operacionais,


que deverão estar sempre voltadas para o desenvolvimento sustentável e a
preservação do meio ambiente.
Donaire (1999) defende que a questão do desenvolvimento econômico deve
considerar o novo conceito de desenvolvimento sustentável, induzindo a um
espírito de responsabilidade comum em que o desenvolvimento da tecnologia
deverá estar em equilíbrio com a natureza.
Para Almeida (2002) a ideia do desenvolvimento sustentável é de integração
e interação, por meio de uma nova maneira de olhar baseada no diálogo entre
saberes e conhecimentos diversos. De acordo com o autor, todas as dimensões
estão inter-relacionadas, em permanente interação, e apresentam as diferenças
entre o velho e o novo paradigma da sustentabilidade, como pode ser visto no
Quadro 1.2.

Quadro 1.2  Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade

Cartesiano Sustentável
Reducionista, mecanicista, tecnocêntrico Orgânico, holístico, participativo
Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente relacionados
Preceitos éticos desconectados das práticas
Ética integrada ao cotidiano
cotidianas
Separação entre o objetivo e o subjetivo Interação entre o objetivo e o subjetivo
Seres humanos e ecossistemas separados, em Seres humanos inseparáveis dos ecossistemas,
uma relação de dominação em uma relação de sinergia
Conhecimento compartimentado e empírico Conhecimento indivisível, empírico e intuitivo
Relação linear de causa e efeito Relação não linear de causa e efeito
Natureza entendida como um conjunto de
Natureza entendida como descontínua, o todo
sistemas inter-relacionados, o todo maior que
formado pela soma das partes
a soma das partes
Bem-estar avaliado pela qualidade das inter‑
Bem-estar avaliado por relação de poder (di‑
-relações entre os sistemas ambientais e
nheiro, influência, recursos)
sociais
Ênfase na quantidade (renda per capita) Ênfase na qualidade (qualidade de vida)
Análise Síntese
Centralização de poder Descentralização de poder
Especialização Transdisciplinaridade
Ênfase na competição Ênfase na cooperação
Limite tecnológico definido pela sustentabili‑
Pouco ou nenhum limite tecnológico
dade
Fonte: Almeida (2002, p. 65).

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G e s t ã o a m b i e n t a l s u s t e n t á v e l n o a m b i e n t e e m p r e s a r i a l  9

Os empresários, nesse novo enfoque da sustentabilidade, são levados a


compreender melhor as mudanças estruturais e a inter-relação das áreas am‑
biental, econômica e social.
O novo paradigma de desenvolvimento sustentável introduz as dimensões de
sustentabilidade na gestão empresarial de forma a considerar o desenvolvimento
dentro de um processo de mudança social, com previsão da democratização
do acesso aos recursos naturais.
Sachs (1993, p. 25) enfatizou a necessidade de incorporar cinco dimensões
de sustentabilidade no planejamento do desenvolvimento, as quais deveriam
ser consideradas de forma simultânea:
Sustentabilidade social — entendida como a consolidação
de um processo de desenvolvimento baseado no crescimento
orientado pela visão do que é a boa sociedade;
Sustentabilidade econômica — refere-se à alocação e gestão
mais eficiente dos recursos e por um fluxo regular do inves‑
timento público e privado;
Sustentabilidade ecológica — que pode ser incrementada
por meio do uso racional dos recursos naturais, limitação
do consumo de combustíveis fósseis, redução do volume de
resíduos e de poluição; intensificação da pesquisa e implan‑
tação de tecnologias limpas;
Sustentabilidade espacial — refere-se a uma melhor distri‑
buição territorial de assentamentos humanos e atividades
econômicas; principalmente no que se refere à concentração
excessiva nas áreas metropolitanas, destruição de ecossis‑
temas frágeis e estabelecimento de uma rede de reservas
naturais e de biosfera para proteger a biodiversidade e;
Sustentabilidade cultural — visando a um desenvolvimento
que respeite as especificidades de cada ecossistema, de cada
cultura e de cada local.

Entretanto, para Guimarães (1997, p. 32), o processo de construção social


do desenvolvimento sustentável é baseado em sete dimensões que podem
aparecer ora isoladas, ora de forma combinada nas várias dinâmicas:
Sustentabilidade ecológica — base física do processo de cres‑
cimento; tem como objetivo a conservação e o uso racional
do estoque de recursos naturais incorporados às atividades
produtivas;
Sustentabilidade ambiental — relacionada à capacidade
de suporte dos ecossistemas associados de absorver ou se
recuperar das agressões derivadas da ação humana (ação
antrópica), implicando um equilíbrio entre as taxas de emis‑

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10 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

são e/ou produção de resíduos e as taxas de absorção e/ou


regeneração da base natural de recursos;
Sustentabilidade demográfica — revela os limites da capa‑
cidade de suporte de determinado território e de sua base
de recursos; implica cotejar os cenários ou as tendências
de crescimento econômico com as taxas demográficas, sua
composição etária e os contingentes de população econo‑
micamente ativa esperados;
Sustentabilidade cultural — necessidade de manter a diversi‑
dade de culturas, valores e práticas existentes no planeta, no
país e/ou em uma região e que integram ao longo do tempo
as identidades dos povos;
Sustentabilidade social — objetiva promover a melhoria da
qualidade de vida e a reduzir os níveis de exclusão social
por meio de políticas de justiça redistributiva;
Sustentabilidade política — relacionada à construção da
cidadania plena dos indivíduos por meio do fortalecimento
dos mecanismos democráticos de formulação e de implemen‑
tação das políticas públicas em escala global, diz respeito
ainda ao governo e à governabilidade nas escalas local,
nacional e global; e,
Sustentabilidade institucional — necessidade de criar e forta‑
lecer engenharias institucionais e/ou instituições cujo dese‑
nho e aparato já levem em conta critérios de sustentabilidade.

Guimarães (1997) apresenta duas dimensões a mais que Sachs (1993),


sendo a política e a institucional. A primeira relacionada aos mecanismos de
democracia, visando à cidadania e à implementação de políticas públicas; e a
segunda relacionada ao fortalecimento dos aspectos institucionais.
De acordo com Kraemer (2004, p. 8), as empresas que integram a lista do
Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) possuem diversos benefícios, tais como:
Reconhecimento público da preocupação com a área
ambiental e social;
Reconhecimento dos stakeholders importantes tais como
legisladores, clientes e empregados (por exemplo, condu‑
zir a uma lealdade melhor do cliente e do empregado);
Benefício financeiro crescente pelos investimentos base‑
ados no índice;
Os resultados altamente visíveis, internos e externos à
companhia, como todos os componentes são anunciados
publicamente pelo Boletim do Índice e a companhias são
intituladas a usar “membro da etiqueta oficial de DJSI”.
Dessa forma, observa‑se que as empresas estão mais preocupadas com os
aspectos sociais e ambientais, o que reduz o risco dos seus investimentos.

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Gestão ambiental sustentável no ambiente empresarial 11

Questões para reflexão


Por que é tão importante existir a gestão ambiental sustentável em uma
empresa? E por que ela gera tantas mudanças?

É crescente a quantidade de empresas preocupadas em incorporar um


processo de gestão ambiental. Um dos principias aspectos que as motiva é a
análise do ciclo de vida dos produtos e também os aspectos relacionados à
questão dos passivos ambientais. A gestão ambiental faz parte da gestão de uma
empresa: nessa área planeja‑se e se implanta políticas e estratégias ambientais
por meio de ações preventivas e corretivas.
Para Meyer (2000, p. 38) a gestão ambiental tem como objetivo:
Manter o ambiente saudável de forma a atender às neces‑
sidades humanas atuais, sem comprometer o atendimento
das necessidades das gerações futuras;
Buscar meios de atuar sobre as modificações causadas no
meio ambiente pelo uso e/ou descarte dos bens e detritos
gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de
ação viáveis técnica e economicamente, com prioridades
perfeitamente definidas;
Identificar instrumentos de monitoramentos, controles,
taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e ações
mitigadoras, além de treinamento e conscientização;
Identificar bases de atuação de diagnósticos ambientais
da área de atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigi‑
dos em busca de soluções para os problemas que forem
detectados.
É inevitável que quando uma empresa implanta a gestão ambiental passa
por uma mudança significativa em sua rotina diária, seus hábitos e atitudes
mudando a cultura empresarial existente. Dessa forma, a gestão ambiental
altera muitos paradigmas e tem se apresentado como um dos grandes desafios
na atualidade.
Macedo (1994) apresenta no Quadro 1.3 uma visão geral da gestão ambiental.

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12 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Quadro 1.3 Visão geral da gestão ambiental

GESTÃO AMBIENTAL
Gestão de Gestão de Gestão do plano
Gestão de processos
resultados sustentabilidade ambiental
Princípios e
Exploração de recursos Emissões gasosas Qualidade do ar
compromissos
Transformação de recursos Efluentes líquidos Qualidade da água Política ambiental
Acondicionamento de
Resíduos sólidos Qualidade do solo Conformidade legal
recursos
Abundância e diversi‑
Transporte de recursos Particulados Objetivos e metas
dade da flora
Aplicação e uso de Abundância e diversi‑
Odores Programa ambiental
recursos dade da fauna
Quadros de riscos Qualidade de vida do
Ruídos e vibrações Projetos ambientais
ambientais ser humano
Ações corretivas e
Situações de emergência Iluminação Imagem institucional
preventivas
Fonte: Macedo (1994 apud KRAEMER, 2004, p. 9).

De acordo com Macedo (1994 apud KRAEMER, 2004, p. 10), a gestão


ambiental se divide em quatro níveis:
Gestão de processos — envolvendo a avaliação da qua‑
lidade ambiental de todas as atividades, máquinas e
equipamentos relacionados a todos os tipos de manejo
de insumos, matérias‑primas, recursos humanos, recursos
logísticos, tecnologias e serviços de terceiros;
Gestão de resultados — envolvendo a avaliação da qua‑
lidade ambiental dos processos de produção, através de
seus efeitos ou resultados ambientais, ou seja, emissões
gasosas, efluentes líquidos, resíduos sólidos, particulados,
odores, ruídos, vibrações e iluminação;
Gestão de sustentabilidade — envolvendo a avaliação da
capacidade de resposta do ambiente aos resultados dos
processos produtivos que nele são realizados e que o afe‑
tam, através da monitoração sistemática da qualidade do
ar, da água, do solo, da flora, da fauna e do ser humano;
Gestão do plano ambiental — envolvendo a avaliação sis‑
temática e permanente de todos os elementos constituintes
do plano de gestão ambiental elaborado e implementado,
aferindo‑o e adequando‑o em função do desempenho
ambiental alcançado pela organização;
Os instrumentos de gestão ambiental objetivam melhorar
a qualidade ambiental e o processo decisório. São apli‑

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Gestão ambiental sustentável no ambiente empresarial 13

cados a todas as fases dos empreendimentos e podem


ser: preventivos, corretivos, de remediação e proativos,
dependendo da fase em que são implementados.
É importante que as corporações se organizem internamente para atingir
um grau de excelência em seus sistemas de gestão, já que seu sucesso está
intimamente relacionado com seus resultados, inclusive os ambientais.
Vamos conhecer agora os beneficios da incorporação da gestão ambiental
em uma organização.
De acordo com North (apud CAGNIN, 2000) os benefícios da gestão am‑
biental se dividem em benefícios econômicos e estratégicos e se apresentam
da seguinte forma:
Benefícios econômicos
Economia de custos.
Redução do consumo de água, energia e outros insumos.
Reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos, e dimi‑
nuição de efluentes.
Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receita.
Aumento da contribuição marginal de produtos, que po‑
dem ser vendidos a preços mais altos.
Aumento da participação no mercado, devido à inovação
dos produtos e à menor concorrência.
Linhas de novos produtos para novos mercados.
Aumento da demanda para produtos que contribuam para
a diminuição da poluição.
Benefícios estratégicos
Melhoria da imagem institucional.
Renovação da carteira de produtos.
Aumento da produtividade.
Alto comprometimento do pessoal.
Melhoria nas relações de trabalho.
Melhoria da criatividade para novos desafios.
Melhoria das relações com os órgãos governamentais,
comunidade e grupos ambientalistas.
Acesso assegurado ao mercado externo.
Melhor adequação aos padrões ambientais (CAGNIN,
2000, p. 67).
A gestão ambiental envolve funcionários, alta direção, acionistas, fornece‑
dores, comunidade e clientes na busca da preservação do meio ambiente, de
forma não mais exclusiva de uma atitude ecologicamente correta, mas para
uma mudança de postura, evidenciando uma responsabilidade corporativa e,

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14  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

para tanto, busca formas de amenizar os impactos causados pela sua atividade
junto às partes interessadas. Dessa forma a incorporação da gestão ambiental
apresenta-se como uma visão estratégica que contempla relacionamento com
comunidade e sociedade, em uma visão de longo prazo e demonstração nítida
de sustentabilidade.
Há muito tempo que os problemas ambientais restringiam-se somente a
ecologistas idealistas, porém, atualmente essa questão faz parte do cotidiano.
A crise ambiental é fenômeno presente em todos os países, a acentuada de‑
gradação que ocorreu pós Revolução Industrial impacta diretamente na sobre‑
vivência do homem, tendo em vista que os recursos naturais necessários para
manutenção do consumo humano são finitos, enquanto que o atual estilo de
vida da sociedade que contempla um consumismo exacerbado é ilimitado.
Andreoli (2002, p. 62) ressalta que:
Justamente a responsabilidade ética de empresários e polí‑
ticos mais arrojados foi capaz de comprovar na prática que
há vantagens em ultrapassar essa visão unilateral do meio
ambiente como um custo e considerá-lo uma oportunidade.
A iniciativa de adotar os princípios da gestão ambiental, numa
economia que se caracteriza pelo elevado desperdício de
recursos, determina um importante diferencial competitivo.
Há anos a comercialização superou a produção como fator
limitante da atividade econômica; tornou-se mais difícil ven‑
der do que produzir. A colocação de produtos no mercado
globalizado exige diferenciais de competitividade, definidos
principalmente pelo preço e pela qualidade. Devemos ob‑
servar cuidadosamente que os clássicos conceitos de quali‑
dade do produto estão bastante ampliados, com um grande
destaque à qualidade ambiental. Dentro dessa perspectiva
os investimentos na sustentabilidade, além de essenciais
à qualidade ambiental, podem representar um importante
diferencial especialmente para exportações a mercados al‑
tamente promissores.

As organizações já perceberam que para se manter competitivas é necessário


bem mais que uma simples campanha de marketing. Atualmente os consumi‑
dores estão mais atentos e valorizam os investimentos realizados para melhoria
de produtos, em especial aqueles voltados para a qualidade de vida, por meio
de ações e atitudes que visam à qualidade ambiental.
De acordo com Andreoli (2002) alguns princípios de gestão ambiental tais
como a eliminação de desperdícios, a inserção de tecnologias limpas e a reci‑
clagem de insumos são condição de sobrevivência empresarial.

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G e s t ã o a m b i e n t a l s u s t e n t á v e l n o a m b i e n t e e m p r e s a r i a l  15

As exigências ambientais variam de um país para outro, em alguns as exi‑


gências são maiores e as práticas ambientais são constantes, fazendo parte da
rotina de uma organização e seus fornecedores que precisam se adequar para
atender aos rigorosos padrões de exigência ambiental para sustentação de seus
clientes. Nesse contexto, quanto maior for o potencial poluidor ou extrativista
das atividades de uma empresa, maior ênfase deve ser dada à questão ambiental.

Para saber mais


Para que você possa refletir um pouco mais sobre o tema sustentabilidade, dedique cerca de
cinco minutos de seu tempo e assista ao vídeo A sustentabilidade — Gestão para Sustentabi-
lidade, disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=GZ8js2FX0mU>.

Outro grupo preocupado em pressionar o atendimento das empresas aos


requisitos ambientais são os investidores, que desejam saber se estão aplicando
seus recursos em uma empresa sólida; outro que também se preocupa com
esse atendimento são os agentes financeiros e as seguradoras que vinculam
a liberação de recursos ou contratos de seguros somente após uma avaliação
ambiental. Além desses já citados, está a sociedade e as ONGs protetoras do
meio ambiente, cada vez mais conscientes e exigentes em relação ao cumpri‑
mento ao atendimento legal.
A incorporação da gestão ambiental em uma empresa propicia melhorias
em produtos, processos e serviços, possibilitando reduções nos impactos am‑
bientais por ela causados.
De acordo com Viterbo Júnior (1998, p. 51), “[...] a gestão ambiental nada
mais é do que a forma como uma organização administra as relações entre
suas atividades e o meio ambiente que as abriga, observadas as expectativas
das partes interessadas”.

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16  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Para concluir o estudo da unidade


Chegamos ao final desta unidade, momento para reflitir sobre a im‑
portância da gestão ambiental inserida na gestão empresarial e avaliar
os benefícios que ela pode vir a obter. Participe de todas as atividades
propostas nesta unidade, estude os materiais indicados, assista aos vídeos,
estude o conteúdo desta unidade e com certeza você estará apto para
contribuir na condução e gestão sustentável de uma empresa.

Resumo
Esta unidade trouxe assuntos muito atuais, levando-nos a compreender
a importância da gestão ambiental nas empresas/organizações.
Você pôde observar as características das empresas com o paradigma
da sustentabilidade e a importância da inter-relação das áreas ambiental,
econômica e social.
Você teve acesso à discussão das questões relacionadas à responsa‑
bilidade socioambiental no que diz respeito à importância do papel do
mundo corporativo na preservação do meio ambiente.
Para finalizar, gostaria de ressaltar a importância da necessidade de
incorporar a variável ambiental na gestão empresarial, não somente por
uma necessidade de cumprimento à legislação, mas como uma mudança
de postura voltada à sustentabilidade do desenvolvimento econômico.

Atividades de aprendizagem
1. Busque saber sobre os riscos que as empresas estão expostas quando
não incorporam a variável ambiental em sua gestão.
2. Busque informações na sua cidade sobre os requisitos exigidos para
o licenciamento ambiental.
3. Procure analisar projetos de empresas com ações de responsabilidade
socioambiental.
4. Chegando ao final desta unidade, faça uma revisão do conteúdo e verifique
se ficou claro para você a importância da gestão ambiental nas empresas.

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Unidade 2
Considerações sobre a
ISO 14000
Rosimeire Midori Suzuki Rosa Lima

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você conhecerá a nor-


malização brasileira, sua cronologia e a série de normas que compõem
a ISO 14000.

Seção 1: Normas ISO 14000


Nesta seção você conhecerá os objetivos das normas
ambientais e, assim entenderá melhor os benefícios e
motivações que levam as empresas a implementarem
o sistema de gestão ambiental.

Seção 2: Normas de Avaliação do Ciclo de Vida


(ACV)
Nesta seção você conhecerá as normas relacionadas
à avaliação do ciclo de vida e compreenderá para que
serve essa ferramenta.

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18  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Introdução ao estudo
A busca da qualidade tem conduzido as empresas ao sucesso organizacio‑
nal, pois a qualidade está diretamente relacionada à satisfação de um produto
ou serviço.
Com o passar do tempo, a qualidade passou a integrar também o conceito
da qualidade ambiental nas estratégias de gestão das empresas, devido prin‑
cipalmente à preocupação com a extração ilimitada dos recursos naturais que
demonstrou ser insustentável.
Fatores tais como a necessidade em atender aos requisitos legais e à exi‑
gência de investidores, o cliente consciente e a sociedade passaram a exigir
empresas voltadas para a proteção ambiental.
Diante de tais pressões, as organizações de um modo geral não tinham
mais como desconsiderar os aspectos relacionados à preservação do meio
ambiente, ou seja, a qualidade ambiental das empresas torna-se requisito para
sua manutenção.
Atualmente, mesmo as organizações que já possuem um sistema documen‑
tado de qualidade, por meio da padronização de seus processos e produtos,
necessitam ir além, e para isso devem incluir em seu sistema de gestão o ins‑
trumento da qualidade ambiental: a gestão ambiental.
Para alcançar a qualidade ambiental, utilizam-se as mesmas ferramentas
utilizadas pela empresa para assegurar a qualidade de sua produção: treina‑
mento, planos de ação, controle de documentação, organização e limpeza,
injeções e análises periódicas da situação (as auditorias).
Estes procedimentos são realizados por meio da normalização pelas em‑
presas, de forma a representar, efetivamente, um instrumento de administração
e de gerência da produção nos processos industriais.

Seção 1  Normas ISO 14000


Você sabia que a ISO 14000 não é obrigatória? Ela tem caráter voluntário,
isto é, é uma decisão da empresa implantá-la.
Você sabe o que é normalização?
Podemos definir normalização como o processo de estabelecer e aplicar
normas, ordenando uma atividade específica, com a participação de todos os

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Considerações sobre a ISO 14000 19

interessados e, em particular, de promover a otimização da economia, levando


em consideração as condições funcionais e as exigências de segurança.
A normalização tem por objetivo: aumentar a produtividade, melhorar a
qualidade do produto e proporcionar uma maior segurança e satisfação para o
consumidor, visando proteger a saúde e a segurança humana; a busca constante
por melhores índices de produtividade; a conservação das fontes de recursos
naturais; a minimização do desperdício; ajudar na incorporação de novas
tecnologias; e facilitar o comércio nacional e internacional. A normalização
pode ter um ou mais objetivos específicos, conforme o produto, processo ou
serviço, a saber:
Proteção ao consumidor: comprar produtos normalizados nos induz
a estarmos comprando um produto com qualidade comprovada, fa‑
bricado de acordo com as respectivas normas técnicas, no qual temos
a garantia de que o fabricante utilizou processos e matérias‑primas
controlados e também, o que é mais importante, que o produto ad‑
quirido irá atender aos nossos desejos e/ou necessidades.
Simplificação: a simplificação traz como principal virtude a limitação
da variedade dos produtos fabricados e seus componentes, o que leva
à intercambialidade, ou seja, a capacidade de o fabricante produzir
grandes lotes dos produtos e componentes, garantindo a substituição,
pois mantém as características originais dos produtos e não altera o
seu desempenho em caso de consertos ou substituições de peças.
Eliminação de barreiras comerciais: com a normalização é possível
eliminar as barreiras técnicas do comércio internacional, pois com
ela pode‑se alcançar a concordância com relação às normas técni‑
cas internacionais de fabricação, a exemplo do que acontece nos
Comitês Técnicos da ISO e IEC, a respeito do conteúdo técnico das
normas. Na fabricação aplica‑se o princípio da referência às normas
nas regras dos desenhos e regulamentos de cada país.
Segurança: a segurança talvez seja o objetivo maior das normas
técnicas e da normalização industrial, pois traz consigo a proteção
da vida humana. Segundo as normas, os produtos devem ser fabri‑
cados dentro de critérios que os façam alcançarem elevado grau de
confiabilidade não só quando novos, mas também ao longo de sua
vida útil.

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20 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Economia: a normalização traz em seu bojo a sistematização e or‑


denação das atividades e procedimentos de produção, o que leva à
redução dos custos dos produtos e serviços, trazendo economia para
os fornecedores e clientes.
Comunicação: na engenharia podemos buscar exemplos nos quais
a comunicação normalizada pode levar à simplificação dos enten‑
dimentos dos produtos elaborados independentemente do país onde
foram produzidos. As ISO 128 e 129 (Desenhos de Engenharia) apre‑
sentam a uniformalização dos desenhos dos projetos de engenharia,
permitindo a sua compreensão em qualquer parte do globo. Já as ISO
31 e 1000 (Prática dos Sistemas Internacionais) nos fornece os meios
de representar as dimensões e quantidades de forma igual em tudo
o mundo.
Nesses casos, os requisitos especificados são expressos de forma a serem
compreendidos facilmente, o que facilita e garante a comunicação entre
fabricante/cliente.

1.1 Classificação das normas


As normas podem ser classificadas de
Para saber mais várias maneiras, conforme a ênfase que se
Saiba que para a classificação das deseja. As normas quanto ao tipo e nível apre‑
normas são adotadas duas catego- sentam duas classificações principais.
rias: tipo e nível. Existem sete tipos de normas, a saber (NU‑
NES et al., 2003):
De especificação: são normas que especificam quais característi‑
cas, sejam elas físicas, químicas ou outras, os produtos ou materiais
devem apresentar. Destinam‑se a determinar as características de
materiais, processos, componentes, equipamentos e elementos de
construção, assim como as condições de aceitação ou rejeição de
materiais, produtos semiacabados ou acabados. Como exemplo, te‑
mos a NBR 10.721/96, que especifica as características e os ensaios
a que devem satisfazer os extintores de incêndio com carga de pó
químico.
De procedimento: essas normas fixam as rotinas ou condições de
procedimento para a realização de algo, como, por exemplo, elabo‑
ração de cálculos estruturais, projetos, obras, serviços e instalações,

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Considerações sobre a ISO 14000 21

emprego de materiais e produtos industriais etc. A norma NBR 5410


— Instalações elétricas de baixa tensão é um exemplo desse tipo de
norma.
De classificação: essas normas destinam‑se a ordenar, designar, dis‑
tribuir e subdividir conceitos, materiais ou objetos de acordo com
determinada sistemática. Elas agrupam ou dividem em classes um
determinado campo do conhecimento. Um exemplo é a NBR 5980,
que estabelece os critérios para a designação dos diferentes estilos
de caixas de papelão.
De ensaio: são normas que preconizam como realizar o teste das
propriedades de materiais ou artigos manufaturados. Têm a finalidade
de indicar o modo de determinar ou verificar as características, con‑
dições ou requisitos exigidos de um material ou produto de acordo
com suas especificações ou de uma obra ou instalação de acordo com
seus respectivos projetos. A NBR 11.768 — Aditivos para concreto
de cimento Portland é exemplo de uma norma de ensaio.
De terminologia: as normas de terminologia servem para definir os
termos e expressões associadas a um dado campo de conhecimento.
Visam o estabelecimento de uma linguagem uniforme em um deter‑
minado setor de atividade. Como exemplo, a NBR ISO 9000, que
define os termos relativos aos conceitos de qualidade.
De simbologia: normas que estabelecem símbolos visuais para se‑
rem associados a produtos e indicações de serviços. Essas normas
fixam condições gráficas, ou seja, símbolos gráficos para grandezas,
sistemas, com a finalidade de representar esquemas de montagem,
circuitos, componentes de circuitos, fluxogramas etc. Um bom
exemplo é a NBR 5444 que estabelece símbolos gráficos referentes
às instalações elétricas prediais.
De padronização: essas normas destinam‑se a reduzir a variedade
de tamanhos de produtos ou opções de serviços. Restringem a varie‑
dade pelo estabelecimento de condições precisas a serem satisfeitas
de modo a uniformizar as características geométricas ou físicas de
elementos de fabricação, produtos semiacabados, desenhos e proje‑
tos. Como exemplo, a NBR 6017, que padroniza as dimensões das
válvulas usadas para inflar e desinflar pneus.

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22  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

1.2 Níveis de normalização


Conforme seus níveis, as normas técnicas podem ser de caráter internacional
(ISO — IEC), regional (Mercosul — Copant), Nacional (ABNT — DIN — ANSI)
ou normas de empresas.
Como já vimos, as normas técnicas se aplicam a produtos, processos, siste‑
mas de gestão, pessoal, ou seja, nos mais diversos campos da atividade humana
e são usualmente estabelecidas pelo próprio cliente, no fornecimento de bens
ou serviços; esse estabelecimento pode ser feito explicitamente (quando o
cliente define claramente a norma a ser aplicada) ou quando ele simplesmente
espera que as normas em vigor sejam seguidas.
Sem as normas, existiriam dificuldades no avanço tecnológico, na execução
de algumas atividades e também na comercialização de produtos entre países.
As normas podem vir a ser usadas para ordenar o cumprimento de regula‑
mentos técnicos e também com grande frequência referem-se a outras normas
necessárias para a sua aplicação.

1.3 Uso de normas


Você sabe para que servem as normas?
São inúmeras as utilidades das normas, desde a proteção aos projetos es‑
truturais de um edifício até outras variadas finalidades como, por exemplo, a
realização de ensaios ou para a certificação.
É comum o cliente desejar que o produto, além de seguir determinada
norma, tenha conformidade com essa mesma norma demonstrada, utilizando‑
-se de procedimentos de avaliação desta conformidade.
Existem casos nos quais esses referidos procedimentos de avaliação da
conformidade, em particular a certificação, são obrigatórios legalmente para
determinados mercados, ou existem também casos nos quais as práticas cor‑
rentes de mercado exigem a certificação, mesmo esta não sendo obrigatória
por força legal.
Na verdade a maioria dos mercados exige que as normas em vigor sejam
atendidas, e é de fundamental importância que uma empresa, ao introduzir
seus produtos ou serviços num determinado mercado, procure seguir as normas
que lá se aplicam e adequar seus produtos ou serviços a elas.

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e a I S O 1 4 0 0 0  23

1.4 Voluntariedade das normas


As normas têm seu uso como voluntário, ou seja, não são obrigatórias por
lei, e podem existir produtos ou serviços que não sigam a norma que se aplica
àquele determinado segmento. Em diversos países, existe a obrigatoriedade de
se seguir as normas, ao menos em algumas áreas, como no caso do Brasil, onde
se obedece ao preconizado no Código de Defesa do Consumidor, por exemplo.
É evidente que fornecer um produto “fora da norma” significa maiores
esforços para a sua entrada no mercado, inclusive com a necessidade de se
demonstrar de maneira convincente que o referido produto atende às necessi‑
dades do cliente e que as questões como intercambialidade de componentes
e insumos não representam problemas futuros aos que irão adquiri-lo.
Em muitos locais, até do ponto de vista legal, quando não se segue a norma
vigente naquele mercado, o fornecedor do produto ou serviço tem responsa‑
bilidades adicionais sobre as garantias de uso do mesmo.

1.5 Divisão da normalização no Brasil


No Brasil, a normalização encontra-se dividida em duas áreas; NORMAS
TÉCNICAS — que são de caráter voluntário e consensado; REGULAMENTOS
TÉCNICOS — que têm caráter obrigatório.

1.5.1 Normas técnicas


Trata-se de documentos, gerados por consenso, e aprovados por institui‑
ções ou organismos tecnicamente reconhecidos e que disponibilizam, para
uso comum e repetido, as regras, diretrizes ou características para produtos,
processos ou métodos de produção, sendo que seu cumprimento é voluntário
por parte de quem produz.
As normas visam, fundamentalmente, otimizar benefícios para as empresas
produtoras e para a comunidade consumidora, e para tanto buscam embasa‑
mento na ciência, na tecnologia e nas experiências acumuladas.
Podemos então dizer que o objetivo fundamental das normas é estabelecer
o que fazer e como fazer.
O campo de aplicação das normas técnicas é vasto e variado, pois podem
ser adotadas nos setores produtores de bens de capital, bens de insumos, com‑
ponentes e partes, em produtos acabados e de largo consumo, nos setores de
prestação de serviços e na agricultura, ou seja, nos setores industriais e seus

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24 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

segmentos. Por outro lado, como as normas apresentam linguagem precisa e


comum, melhoram sobremaneira o funcionamento do mercado e seu emprego
oferece segurança tanto para o fabricante como para o consumidor.
Ao adotar voluntariamente uma norma técnica vigente, o produtor está se
enquadrando nas prescrições referentes à simbologia, terminologia, métodos
de ensaios, cor, padronizações, embalagens, procedimentos, tamanhos, entre
outras, e essas prescrições servem para melhoram a comunicação entre o
cliente e o fornecedor.
Você já ouviu falar na ABNT, não é mesmo?
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a entidade
responsável pela normalização técnica. Apesar de ser uma entidade privada,
não tem fins lucrativos, e é a única representante do Brasil nas entidades inter‑
nacionais relacionadas a seguir:
ISO — International Organization for Standardization;
IEC — International Electrotechnical Comission;
COPANT — Comissão Panamericana de Normas Técnicas;
AMN — Associação Mercosul de Normalização.
A ABNT tem como missão “harmonizar os interesses da sociedade brasi‑
leira, provendo‑a de referenciais, através da normalização e atividades afins”.
Entre seus objetivos, destacam‑se os seguintes:
Fomentar e gerir o processo de normalização nacional;
Promover a participação efetiva e representar o país nos fóruns
regionais e internacionais de normalização;
Atuar na área de avaliação de conformidade com reconhecimento
nacional e internacional;
Buscar e difundir informação nas suas áreas de atuação;
Promover e atuar na formação de profissionais nas suas áreas de
atuação;
Ser reconhecida pela qualidade dos serviços que presta (à sociedade).

1.5.2 Normas nacionais


São normas técnicas criadas por organismos nacionais de normalização para
aplicação num dado país. No caso do Brasil, as normas técnicas — NBRs —
são elaboradas pela ABNT, mas em cada país geralmente existem organismos
nacionais para a elaboração de suas normas técnicas.

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e a I S O 1 4 0 0 0  25

A ABNT é reconhecida pelo estado brasileiro como sendo o Fórum Nacional


de Normalização, e isso significa que suas normas, as NBRs, são reconhecidas
como sendo as normas brasileiras.
Os Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e os Organismos de Normalização Se‑
torial (ONS) são os órgãos que elaboram as normas brasileiras e ambos são
organizados numa base setorial ou por temas de normalização afetos a diversos
setores, como na qualidade ou gestão ambiental, por exemplo.
Qualquer pessoa interessada pode se preparar para participar do processo
de elaboração das normas e, portanto, até interferir em seus resultados. Para
tanto, basta ficar atento e saber qual norma se planeja desenvolver num deter‑
minado setor, em determinado tempo, até porque, antes de publicadas defi‑
nitivamente, as normas permanecem durante um tempo em consulta publica,
sujeitas às observações do público em geral. Todos os anos a ABNT pública
o Plano Nacional de Normalização, que contém os títulos que se pretendem
desenvolver naquele ano.
Ao acessar a página da ABNT na internet (<http://www.abnt.org.br>) é
possível saber quais os Projetos de Normas Brasileiras que estão em consulta
pública, assim como as NB publicadas, emendas, erratas, NBR canceladas etc.
Conforme já dissemos, é comum uma norma se referir a outras normas que
são necessárias para sua aplicação e também as normas podem ser necessárias
para o cumprimento de regulamentos técnicos ou na certificação compulsória.

1.6 ISO: International Organization for


Standardization
ISO é a organização internacional para normalização, fundada em 1947
e localizada em Genebra, na Suíça. A sigla ISO remete à palavra grega ISO,
que significa igualdade. Trata-se de uma organização não governamental
(ONG) que tem como missão promover o desenvolvimento da normalização
e atividades correlatas no mundo, beneficiando e facilitando as trocas de bens
e serviços entre os países, assim como o desenvolvimento da cooperação
nas esferas intelectual, científica, tecnológica e das atividades econômicas.
Os trabalhos da ISO resultam em acordos que são publicados como normas
internacionais.
A ISO trabalha com comitês técnicos (TC) e centenas de subcomitês e grupos
de trabalho. Um comitê e seus subcomitês incluem em seu escopo represen‑
tantes de indústria, do governo, organizações ambientais e organismos neutros.

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26 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Dessa forma, para aqueles que pretendem ser competitivos a nível interna‑
cional, é de fundamental importância seguirem os trabalhos de normalização
internacional e procurarem maneiras para que seus produtos, serviços e sistemas
de gestão atendam ao que é preconizado por essas normas.
Pode‑se afirmar que a maioria das normas adotadas pelos países da comu‑
nidade europeia são de caráter internacional, diminuindo ou eliminando as
barreiras técnicas nos contatos comerciais.
As normas ISO são elaboradas nos seus comitês técnicos (ISO/TC), que por
sua vez são organizados em bases técnicas, e a aprovação das normas é feita
pela votação entre os seus membros.
A representação brasileira na ISO é feita pela ABNT, que participa dos tra‑
balhos de elaboração das normas técnicas daquela instituição internacional.

1.6.1 A série ISO 14000


Com o aumento dos padrões ambientais em todo o mundo, a ISO detectou
a necessidade de elaborar padrões ambientais empresariais, criando em 1991
o Grupo Aconselhador Estratégico no Ambiente (Salva) para a promoção da
administração ambiental analogamente à administração da qualidade.
Aparece, então, a nova série ISO 14000, projetada para sistemas de administra‑
ção ambiental, avaliação de desempenho ambiental, etiquetas ambientais, análise
do ciclo de vida e aspectos ambientais em padrões de produtos. São documentos
que, por serem genéricos, se aplicam a todo tipo de indústria, de todos os tama‑
nhos, e são elaboradas para atender às diversidades geográficas, culturais e sociais.
Compõem a Série ISO 14000:
14001:2004 — Sistemas de gestão ambiental — requisitos com
orientações para uso;
14004:2004 — Sistemas de gestão ambiental — diretrizes gerais
sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio;
14061:1998 — Informações para auxiliar as organizações florestais
no uso das normas ISO 14001 e ISO 14004;
14063:2006 — Gestão ambiental — comunicação ambiental — di‑
retrizes e exemplos;
14064‑1:2006 — Gases de efeito estufa — parte 1: especificações
com guia para quantificar e relatar as emissões e remoções de gases
do efeito estufa no nível da organização;

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Considerações sobre a ISO 14000 27

14062‑2:2006 — Gases de efeito estufa — parte 2: especificações


com guia para quantificar, monitorar e relatar as emissões e remoções
de gases do efeito estufa no nível do projeto;
14064‑3:2006 — Gases de efeito estufa — parte 3: especificações
com guia para validação e verificação de afirmações sobre gases do
efeito estufa;
14010:1996 — Diretrizes para auditoria ambiental — princípios
gerais;
14011:1996 — Diretrizes para auditoria ambiental — procedimentos
de auditoria — auditoria de sistemas;
14012:1996 — Diretrizes para auditoria ambiental — critérios de
qualificação para auditores ambientais;
19011:2002 — Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da
qualidade e/ou ambiental (substitui as normas ISO 14010,14011 e
14012);
14015:2001 — Gestão ambiental — avaliação ambiental de locais e
organizações (AALO);
14031:1999 — Gestão ambiental — avaliação do desempenho am‑
biental — diretrizes;
14032:1999 — Gestão ambiental — exemplos de avaliação do de‑
sempenho ambiental;
14021:1999 — Rótulos e declarações ambientais — reivindicações
de autodeclarações ambientais — rotulagem ambiental tipo II;
14024:1999 — Rótulos e declarações ambientais — rotulagem am‑
biental tipo I — princípios e procedimentos;
14025:2000 — Rótulos e declarações ambientais — declarações
ambientais tipo III;
14040:1999 — Avaliação do ciclo de vida — princípios e estruturas;
14041:1998 — Avaliação do ciclo de vida — objetivos e escopo,
definições e análise de inventários;
114042:2000 — Avaliação do ciclo de vida — avaliação de impacto do
ciclo de vida; Produtos à disposição dos consumidores; Avaliação
do ciclo de vida ISO/TR;
114043:2000 — Avaliação do ciclo de vida — interpretação dos
resultados de um estudo de avaliação do ciclo de vida;

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28 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

114048:2002 — Avaliação do ciclo de vida — informações sobre


apresentação de dados para um estudo de avaliação do ciclo de vida;
114049:2002 — Avaliação do ciclo de vida — exemplos para apli‑
cação da norma ISO 14041:1998;
GUIA 64:1997 — Guia para a inclusão de aspectos ambientais em
normas de produtos;
114062:2002 — Integração dos aspectos ambientais no desenvolvi‑
mento de produtos — diretrizes;
114050:2002 — Gestão ambiental — vocabulário;
Com relação às auditorias ambientais, há diretrizes das normas ISO 14010,
14011 e 14012 que foram substituídas pelas diretrizes da ABNT NBR ISO
19011:2002.

Para saber mais


Busca por ISO amplia campo de trabalho do ambientalista. Folha de S. Paulo, 13 set. 2001.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u5926.shtml>.

1.7 Norma para certificação ambiental


Da série 14000, a única norma empregada para fins de certificação é a NBR
ISO 14001, pois se trata de uma norma de gerenciamento e não de produto ou
processo. Em outras palavras, a ISO 14001 é um padrão ambiental empresarial
e não um padrão de produto, pois não estabelece padrões de desempenho am‑
biental e sim exigências de um SGA — Sistema de Gestão Ambiental efetivo,
ao passo que as outras ISO 14000 (tanto as já publicadas quanto as a publicar)
são documentos que apresentam diretrizes para auxiliar as empresas a desen‑
volver e manter seus SGA, assim como para auxiliá‑los com os elementos do
programa de gerenciamento ambiental, como a avaliação do ciclo de vida,
por exemplo, e com ferramentas de identificação e avaliação de aspectos e
impactos ambientais.
O objetivo da ISO 14001 é auxiliar as empresas a melhorar seu desempe‑
nho ambiental, porém são as próprias empresas que devem estabelecer seus
padrões para tanto, bem como suas metas de melhoria.
Assim sendo, a ISO 14000 tem alguns aspectos diferenciados e importantes:

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Considerações sobre a ISO 14000 29

Proatividade: seu objetivo é na ação e no pensamento proativo, em


vez de reação a comandos e políticas de controle do passado;
Norma de sistema: ela reitera o melhoramento da proteção ambiental
pela utilização de um único sistema de gerenciamento permeando
todas as funções da organização;
Compreensividade: a ISO 14001 pode ser utilizada por qualquer tipo
de empresa industrial ou de serviço, de qualquer porte ou ramo de
atividade. Nela são utilizados processos de identificação de todos os
impactos ambientais e todos os membros da organização participam
na proteção ambiental, sejam eles clientes, fornecedores, funcioná‑
rios, diretores, acionistas e até a sociedade em geral.
A ISO 14001 pode ser empregada na implantação e no desenvolvimento de
um SGA que pode vir a ser credenciado ou não. O credenciamento ou CERTI‑
FICAÇÃO é o reconhecimento formal de parte de uma organização autorizada,
de que uma empresa possui processos, produtos ou serviços em conformidade
com as normas vigentes.
O atendimento à ISO 14001 requer que a empresa desenvolva uma política
ambiental que seja apoiada pela administração da organização e que não seja
direcionada apenas ao pessoal interno, mas ao público em geral, e para tanto
precisa ser clara e estar relacionada com a legislação ambiental e fundamen‑
talmente se pautando pelo compromisso com a melhoria contínua.
A empresa deve declarar de maneira firme quais são seus objetivos am‑
bientais primários, formando as áreas primárias de consideração dentro do
processo de melhoria e do programa ambiental da organização, que deve ser
planejado para alcançar metas específicas ou objetivos de metas específicas,
descrevendo os meios para alcançá‑los.
Os procedimentos, instruções de trabalho e controle que garantem a implemen‑
tação da política ambiental e realização dos objetivos são estabelecidos pelo SGA.
Finalmente, é fundamental que a comunicação seja bem‑feita, de maneira
a permitir que as pessoas estejam atentas às suas responsabilidades na empresa
e sejam capazes de contribuir para o sucesso da política ambiental da mesma.

1.8 Normas de rotulagem ambiental


Essas normas constituem apoio à elaboração de programas de rotulagem
ambiental cujo objetivo é apresentar aos clientes informações claras e precisas

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30 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

de modo a auxiliarem‑nos a tomar decisões de compra com algum fundamento


técnico. Na verdade, essas normas estão embutidas em um objetivo maior, qual
seja, a melhoria do desempenho ambiental das operações industriais.
Em geral se utiliza o termo “selo verde” para definir qualquer sistema de
certificação ambiental de produtos, porém o correto seria a utilização da ex‑
pressão “rótulo ecológico dos produtos”, uma vez que o selo verde é a tradução
do Green Seal, que é um selo patenteado nos Estados Unidos da América.
Constantemente as organizações, associações de classe, órgãos de norma‑
lização e até setores empresariais lançam diversos tipos de selos, porém nem
todos são destinados ao reconhecimento ambiental dos produtos.
As normas de rotulagem ambiental da série ISO 14000 são:
ISO 14020 — Objetivos e Princípios Básicos da Rotulagem Ambien-
tal: norma que fornece os princípios gerais para o direcionamento
mais específico de reclamações dos clientes para as empresas, em
termos de não conformidades constatadas em seus produtos. Conco‑
mitantemente, esta norma pretende ser um instrumento que facilite
a escolha de produtos e serviços “ambientalmente corretos”, pelos
clientes, através da padronização dos critérios ou processos indus‑
triais; prevenção e minimização das reclamações não garantidas;
maior habilidade dos compradores para que possa fazer escolhas
informadas, com maior participação no mercado;
ISO 14021 — Termos e Definições para Reclamações Ambientais
Autodeclaradas: esta norma estabelece os parâmetros gerais em re‑
lação ao fornecimento de bens e serviços para clientes. Seu objetivo
é contribuir para a redução dos impactos ambientais associados ao
consumo de produtos e serviços, através de autodeclarações ambien‑
tais e seus respectivos termos e definições. Os benefícios incluem
a verificação de reclamações apuradas, verificáveis e não ilusórias;
melhorias ambientais em produtos, processos e entrega dos serviços;
e a redução das restrições e barreiras ao comércio internacional;
ISO 14022 — Símbolos de Rotulagem Ambiental: esta norma tem
por objetivos identificar os principais símbolos utilizados em dife‑
rentes produtos, ou setores industriais. Atualmente, esta norma está
integrada à ISO 14021 e 14023 num único documento;
ISO 14023 — Testes e Procedimentos de Verificação: este documento
tem por objetivos padronizar metodologias de teste e verificação

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Considerações sobre a ISO 14000 31

entre diferentes países para o estabelecimento de benchmarking em


rotulagem ambiental;
ISO 14024 — Rotulagem Ambiental — Princípios-Guia, Práticas e
Critérios Procedimentos de Certificação: esta norma tem por obje‑
tivos otimizar os princípios e os protocolos de rotulagem ambiental
da terceira parte, ou programas mais específicos para determinados
segmentos de um produto em particular. A intenção é unificar os
critérios usados em programas mundiais, conduzindo‑os a um
acordo entre os países para certificar, e garantir aos consumidores
que certos produtos têm certas características ambientais ou atri‑
butos específicos;
ISO 14025 — Título III. Etiquetas: seu objetivo é estabelecer os requi‑
sitos de estruturação das etiquetas que deverão acompanhar os pro‑
dutos, além de seus elementos internos, como a linguagem, símbolos
e informações adicionais.

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32 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Seção 2 Normas de Avaliação do Ciclo de


Vida (ACV)
Por sua vez, as Normas de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) da série ISO
14000 têm como objetivo fazer uma avaliação adequada dos impactos am‑
bientais de um produto, em todas as etapas de sua cadeia produtiva, desde a
extração da matéria‑prima da qual ele é fabricado até a sua disposição final.
São elas:
ISO 14040 — Avaliação do Ciclo de Vida. Diretrizes gerais: a norma
ISO 14040 visa a estimular os responsáveis pela política pública,
organizações privadas e o público em geral sobre questões ambien‑
tais de forma sistemática, considerando o impacto ambiental num
escopo mais amplo de atividades, do que o habitualmente tratado.
Esta norma estabelece ainda diretrizes gerais, princípios e práticas
para a condução e emissão de relatórios, de forma responsável e
coerente, nos estudos de Avaliação do Ciclo de Vida.
ISO 14041 — Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Análise do inven-
tário: a norma ISO 14041 fornece parâmetros específicos e requisi‑
tos para se formular a meta e o escopo da avaliação e a análise do
inventário (escopo do estudo de ACV, sistemas, input, output, usos
dos resultados, o público‑alvo, o processo de análise crítica e as
limitações da ACV).
ISO 14042 — Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Avaliação do
impacto: esta norma propõe três etapas a serem consideradas na
avaliação do impacto da ACV: a classificação, a caracterização e a
avaliação, bem como prevê formas de relacionar estes três aspectos,
para identificar o nível de significância do impacto ambiental.

Questões para reflexão


Você sabe para que serve a avaliação do ciclo de vida de um produto?

Avaliação do Ciclo de Vida — ACV de um produto identifica todo o aporte


de energia e insumos necessários à sua fabricação, bem como todas as saí‑

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Considerações sobre a ISO 14000 33

das relativas ao meio ambiente, sejam elas constituídas por resíduos sólidos,
efluentes líquidos ou emissões gasosas.
A ACV também é considerada por estudiosos como uma técnica para
avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um
produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das
matérias‑primas até a sua disposição final.
ACV é utilizada para o estudo do impacto ambiental de um produto por meio
da sequência completa de fabricação, uso e descarte final, também conhecida
como avaliação do berço ao túmulo ou eco-balancing.
É uma ferramenta que auxilia na busca da melhoria contínua de desempenho
ambiental. A ACV apresenta algumas características próprias, a saber:
Considera todo o ciclo de vida, desde a extração da matéria‑prima,
a manufatura e a embalagem de produtos, bem como a energia e o
transporte utilizados em todas as operações, usos e descartes.
Considera as emissões para a água, para o ar e para o solo.
Considera a quantidade de recurso ou emissão de um dado serviço
e não a quantidade absoluta.
O Quadro 2.1 apresenta a metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida
— ACV.

Quadro 2.1 Metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

Função e unidade funcional


Limites do sistema
Definição das metas e do escopo
Definição de inputs e outputs
Categorias e requisitos de qualidade de dados
Análise de inventário do ciclo de Coleta de dados
vida Cálculos
Classificação — agrupamento e seleção de dados do
inventário do ciclo de vida em algumas categorias de .
Avaliação do impacto
Caracterização — análise e quantificação em cada cate‑
de ciclo de vida
goria selecionada
Conclusão e interpretação
Relatórios
Análise crítica
Fonte: Do autor (2013).

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34  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

A ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida — ACV pode ser utilizada para


avaliação do consumo dos recursos globais requeridos para determinada fa‑
bricação como, por exemplo, consumo de energia. Por meio dessa ferramenta
podemos atribuir determinados pesos e importância a um ou outro caso, sub‑
sidiando a tomada de decisão para escolha de qual modalidade de produção
pode ser considerada menos impactante negativamente ou mais desejável do
ponto de vista ambiental, e propor soluções alternativas.
As aplicações da ACV são diversas, entre outras, há a avaliação das fontes
de energia, das matérias-primas, emissões de um dado sistema ou processo.
Dentre os principais benefícios da ACV: contribui para identificação de
áreas de oportunidade; estudo de combinação de atividades e de reapro‑
veitamento de resíduos. Permite a visualização dos custos de cada etapa
do processo através da compartimentalização de gastos; com isso, facilita
a identificação de áreas de oportunidade para uma maior eficiência econô‑
mica e consequentemente a tomada de decisões em confrontos de interesses
ambientais frente aos econômicos.
A NBR ISO 14040:2001 fornece os elementos gerais e metodologias reque‑
ridas para uma Avaliação do Ciclo de Vida de produtos e serviços.
Enfim, a ACV pode ser usada para identificar as oportunidades e promover
melhorias dentro de um mesmo sistema de produção.
Podemos definir algumas etapas da Avaliação do Ciclo de Vida — ACV:
1. Identificar pontos de um processo com maior probabilidade de redução
de recursos necessários e das emissões produzidas;
2. Comparar as entradas e saídas associadas a um sistema, com produtos,
processos e atividades alternativas;
3. Orientar no desenvolvimento de novos produtos, processos ou ativida‑
des, visando à redução de recursos requeridos e emissões associadas.

Para se obter a real dimensão de um impacto ambiental ou de um risco


associado é importante conhecermos um sistema como um todo.
Fases do Ciclo de vida de um produto:
1. Extração de matéria-prima;
2. Transporte;
3. Beneficiamento;
4. Distribuição;

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Considerações sobre a ISO 14000 35

5. Consumo;
6. Destinação final.

A AVC busca identificar quais produtos e processos devem ser prioritaria‑


mente estudados em função de sua repercussão negativa no meio ambiente.
Devem ser consideradas todas as etapas de produção, identificando os efeitos
sobre o meio ambiente de todos os componentes e processos envolvidos, in‑
cluindo estudos e análises sobre balanço de massa e energia; efeitos sobre o
ar, água, solo e biodiversidade; qualidade e quantidade dos materiais usados;
estabilidade e formação de substâncias intermediárias até a decomposição
final do produto.
Como podemos avaliar os impactos ambientais dentro da cadeia de pro‑
dução e consumo?
Baseado nos resultados obtidos na análise de inventário realiza‑se a ava‑
liação de impacto, que nada mais é do que a representação de um processo
qualitativo/quantitativo de avaliação da magnitude e significância dos impactos
ambientais.
A partir do objetivo e do escopo de um processo é que se definem o nível
de detalhamento e a metodologia a ser utilizada.
A Avaliação de Impactos da Análise do Ciclo de Vida pode ser representada
nas etapas seguintes: seleção e definição das categorias; classificação; carac‑
terização e atribuição de pesos.
Seleção e definição das categorias: identificam‑se os pontos de
preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que o estudo
utilizará. É preciso levar em consideração as preocupações ambien‑
tais identificadas e manifestadas no objetivo e escopo do estudo. Os
critérios para seleção e definição de categorias ambientais devem
ser definidos com base no conhecimento científico de forma clara e
transparente e explicitar os focos dos problemas ambientais e permi‑
tir a clara identificação dos dados apropriados e relevantes a serem
coletados do inventário; A categoria ambiental é obtida a partir de
problemas ambientais segundo a sua repercussão local, regional
e global.
Classificação: nesta etapa são classificados e agrupados nas diversas
categorias selecionadas referentes a efeitos ou impactos ambientais.

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Caracterização: nesta etapa os dados do inventário são modelados


de forma a se obter resultados expressos na forma de um indicador
numérico para aquela categoria. Este indicador tem como objetivo
representar a carga total ambiental ou a significância do uso dos
recursos para a categoria, apresentando um perfil de emissões e
utilização de recursos pelo sistema através de uma forma clara e
objetiva dos dados do inventário.
Atribuição de pesos: esta etapa depende de uma análise subjetiva
e sujeita a distorções, pois a atribuição de pesos também pode
fundamentar‑se em referências normalizadas, tais como uma condi‑
ção local ou um valor legal de limite de emissão ou uma expressão
econômica referente, por exemplo, aos custos de prevenção e/ou
remediação.

2.1 Normas de desempenho ambiental


As aormas de desempenho ambiental/operacional das empresas são duas,
as ISO 14031 e ISO 14032, cujos objetivos são avaliar o desempenho das or‑
ganizações sob o ponto de vista ambiental, de onde quer que elas sejam, de
maneira idêntica, com o intuito de permitir comparações.
ISO 14031 — Avaliação do Desempenho Ambiental: esta norma de‑
fine a Avaliação do Desempenho Ambiental dos Sistemas de Gestão
Ambiental e procura fornecer diretrizes para adotar tal processo. Este
processo difere de uma auditoria ambiental porque a Avaliação de
Desempenho Ambiental é um processo de revisão contínua realizado
pelo pessoal da linha de produção responsável pelo processo, através
de indicadores de desempenho, que poderão ser utilizados pelas
empresas de qualquer tipo, tamanho, localização e complexidade.
ISO 14032 — Avaliação do Desempenho Ambiental do Sistema
Operacional: a norma ISO 14032 pretende estabelecer diretrizes aos
aspectos operacionais das avaliações de desempenho ambiental. Esta
Norma possui grande dificuldade de integração com a ISO 14001.
Outras Normas
ISO14050 — Terminologia de Trabalho: esta norma tem por objetivo
uniformizar os conceitos relativos às normas da série ISO 14000.

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Considerações sobre a ISO 14000 37

A estrutura da norma ISO 14050 é semelhante à das várias outras nor‑


mas ISO para termos e definições, ou seja, um vocabulário técnico.
ISO GUIDE 64 — Guia para Inclusão de Aspectos Ambientais em Nor-
mas de Produtos: pretende‑se que este guia de seja um agente promo‑
tor de aprimoramentos ambientais dos processos de gestão ambiental
da produção. Este guia estabelece algumas considerações gerais que
devem ser levadas em consideração ao se desenvolverem normas de
produtos quando se deseja reduzir os impactos ambientais e realizar
o desempenho pretendido de determinado produto. Ele recomenda os
seguintes cuidados a serem observados no desenvolvimento de normas
para produtos: aumentar a conscientização de que as provisões entre
normas de produtos podem afetar o ambiente de forma positiva ou ne‑
gativa; esboçar o relacionamento entre normas de produto e ambiente;
evitar provisões nas normas de produtos que possam levar a impactos
ambientais adversos; recomendar a utilização do pensamento de ciclo
de vida e metodologias científicas reconhecidas no desenvolvimento
de normas de produtos que incorporam aspectos ambientais.

Para saber mais


Sobre normalização e seus diversos tipos de normas, visite as seguintes páginas:
ABNT: <www.abnt.org.br> ISO: <www.iso.org>
AMN: <www.amn.org.br> IEC: <www.iec.ch>
COPANT: <www.copant.org>

Para concluir o estudo da unidade


Conhecemos a série ISO 14000 e vimos a sua importância para a im‑
plantação de um Sistema de Gestão Ambiental. Enfatizamos a abordagem
da avaliação do ciclo de vida de um produto ou processo para facilitar o
seu entendimento.

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38  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Resumo
Nesta unidade apresentamos para você a normalização brasileira, sua
cronologia e a série de normas que compõem a ISO 14000. Vale lembrar
que a ISO 14001/14004 não é uma lei, um licenciamento ambiental
prévio, mas uma estrutura de orientação gerencial de caráter voluntário.
A seguir vamos entrar em contato com a estrutura do SGA, desde o
estabelecimento da política ambiental, passando pelas considerações em
relação ao planejamento, implementação e a abordagem da melhoria
contínua.
Bem, é isso. Agora, mãos à obra que temos muito o que estudar!

Atividades de aprendizagem
1. Defina normalização.
2. Comprar produtos normalizados nos induz a estarmos comprando
um produto com qualidade comprovada, fabricado de acordo com
as respectivas normas técnicas, no qual temos a garantia de que o
fabricante utilizou processos e matérias-primas controlados e também,
o que é mais importante, que o produto adquirido irá atender nossos
desejos e/ou necessidades.
Esse objetivo específico da normalização corresponde a:
a) Simplificação;
b) Eliminação de barreiras comerciais;
c) Proteção ao consumidor;
d) Segurança;
e) Economia.
[...] Destinam-se a determinar as características de ma‑
teriais, processos, componentes, equipamentos e ele‑
mentos de construção, bem como as condições exigíveis
para aceitação ou rejeição de materiais, produtos semia‑
cabados ou acabados (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1978 apud ZVIRTES, 2013, p. 23).

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e a I S O 1 4 0 0 0  39

3. Que tipo de norma é definida pelo texto acima?


a) De especificação;
b) De classificação;
c) De procedimento;
d) De terminologia;
e) De ensaio.
4. Qual a definição internacional de norma técnica?
5. A NBR 14001:2004 refere-se a qual desses títulos:
a) Sistema de Gestão Ambiental — Requisitos com orientações
para uso.
b) Sistema de Gestão Ambiental — Diretrizes gerais sobre Princípios,
Sistemas e Tecnologias de Apoio.
c) Diretrizes para Auditoria Ambiental — Princípios Gerais.
d) Diretrizes para Auditoria Ambiental — Procedimentos de Auditoria
— Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental.
e) Diretrizes para Auditoria Ambiental — Critérios de Qualificação
para Auditores Ambientais.

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Unidade 3
Considerações sobre
o sistema de gestão
ambiental (SGA)
Rosimeire Midori Suzuki Rosa Lima

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você conhecerá aspectos


relacionados ao planejamento, além da estrutura para implementação
de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Seção 1: O sistema de gestão ambiental


Esta seção apresenta o sistema de gestão ambiental
como ferramenta fundamental para o desenvolvi-
mento sustentável.

Seção 2: Considerações sobre a implementação de


um sistema de gestão ambiental
Entenderemos a estrutura para implantação de um
Sistema de Gestão Ambiental de acordo com os
elementos especificados na norma ISO 1400.

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42  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Introdução ao estudo
A busca pelo desenvolvimento sustentável, fruto direto do despertar da
consciência ecológica em todo o mundo, vem fazendo com que as empresas e
organizações se posicionassem cada dia mais receptivas às questões ambientais,
não só pelas oportunidades que surgem como também pela pressão popular
em torno dessas questões. A gestão ambiental preventiva ou proativa destaca-se
dentre as estratégias adotadas pelas empresas com relação ao meio ambiente,
direcionando-as para o desenvolvimento sustentável.
Existem ainda empresas que, por fatores como a própria cultura da organi‑
zação, falta de aceitação da alta direção, falta de apoio técnico e consultores
especializados, e até a falta de recursos financeiros, relutam em adotar estra‑
tégias preventivas em seu sistema de gestão ambiental.
Outras empresas, porém, já perceberam que as questões e principalmente
os bons procedimentos na esfera ambiental estão diretamente relacionados
com os lucros da organização e, fundamentalmente, aquelas que desejam ser
competitivas em níveis globais necessitam inserir a cultura ambiental em suas
entranhas, aceitando o fato de que é possível obter-se lucro preservando o meio
ambiente, principalmente com ações de prevenção.
Na cultura preventiva ambiental, outras ações deverão ser tomadas pelas
empresas no sentido de antecipar e/ou mitigar impactos ambientais, como,
por exemplo, a preferência pela mão de obra especializada com treinamento e
conscientização do pessoal, a instalação de auditoria e consultoria ambiental, a
substituição de matérias-primas, insumos e componentes poluentes, a adequação
às Leis e Normas Ambientais, a adoção de técnicas de não geração, reutilização e
reciclagem de resíduos, a preferência por equipamentos que eliminem impactos,
o investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas.

Seção 1  O sistema de gestão ambiental


Existem empresas no Brasil que, ao investirem no meio ambiente, me‑
lhoraram sobremaneira sua imagem perante a sociedade e viram seus lucros
aumentarem e seus impactos ambientais diminuírem. Outras reduziram seus
refugos e resíduos e até diminuíram os acidentes decorrentes de suas operações.

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o s i s t e m a d e g e s t ã o a m b i e n t a l ( S G A )  43

Seja qual for a estratégia, a pró-atividade na gestão ambiental das empre‑


sas é a atitude mais indicada no sentido de se atingir um desenvolvimento
industrial sustentável, ou seja, a melhor maneira de prevenir é não poluir.
Conforme Graedel e Allenby (1995, p. 318), é [...] o uso de materiais, pro‑
cessos, ou práticas que reduzam ou eliminem a quantidade ou toxidade
de resíduos na fonte de geração através de atividades que promovam, en‑
corajem ou exijam modificações nos padrões comportamentais básicos da
indústria [...].
Vale lembrar que, uma vez provocado o dano ambiental, nem sempre será
possível revertê-lo, pois nem sempre existirão soluções técnicas suficientes
com condições para restabelecer por inteiro a área afetada e, portanto, é de
fundamental importância o estabelecimento de atitudes preventivas no sentido
de se evitar que os danos ambientais aconteçam.
Todo projeto de um produto deve considerar além do custo de produção e
do preço final, outras variáveis, como, por exemplo, a origem da matéria-prima
e o destino final do produto, assim como todo e qualquer impacto ambiental
resultante ou originado pelo processo de produção.
Quando uma empresa realiza seu controle ambiental, a proposta do seu
produto e sua permanência no mercado tende a ser maior, pois se busca a
sustentabilidade do negócio.
A escolha do tipo de matéria-prima, a cadeia dos diversos impactos de‑
correntes dos processos de produção e o destino final são fatores restritivos,
portanto, não somente ao produto, como também à empresa. A utilização
de matéria-prima renovável, a adoção das chamadas tecnologias limpas e a
valorização dos resíduos gerados são as possíveis soluções para a sustenta‑
bilidade da empresa.
Nos dias atuais, as empresas devem observar critérios com relação a geração
de resíduos; caso ele não possua valor comercial nem potencial para tal, deve
ser evitada ou minimizada sua produção, no entanto, se o resíduo possui valor
comercial, deve-se realizar estudo de viabilidade de produção desse resíduo.
Deve se verificar se a produção do resíduo é inevitável ou se está ocorrendo
ineficiência do processo.
Com a globalização, é necessário que a empresa adote procedimentos
com base no processo de melhoria contínua, o que pode ser obtido através da
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

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44  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Você sabe o que é Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?


Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é uma moderna ferramenta de gestão
que visa a melhoria dos processos industriais e organizacionais para atender de‑
mandas internacionais de consumo e melhorar a utilização de recursos naturais.
Apesar de ser uma norma voluntária, o mercado passa a exigir a sua
utilização.
Com a implantação dessa norma, a empresa visa ao melhoramento contínuo,
o que pode vir a proporcionar economias crescentes à medida que o sistema
entra em funcionamento.
Baseado nessa norma, uma organização que deseje implantar e manter
um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) deverá estabelecer uma metodologia
para identificar e manter sempre atualizadas as exigências legais e/ou outras
exigências regulamentares, aplicáveis aos aspectos ambientais das suas ativi‑
dades, produtos ou serviços.
Dentre os principais objetivos das empresas que estão implantando os sis‑
temas de gestão ambiental destacam-se: atendimento à legislação, melhoria
da imagem da empresa, redução de riscos, redução de custos com seguros etc.
No Sistema de Gestão Ambiental (SGA), a alta direção da empresa define a
sua postura e comportamento face às questões ambientais, estabelecendo a po‑
lítica ambiental da organização, abrindo espaço para o planejamento, implan‑
tação e manutenção do SGA, realizando o monitoramento e ações corretivas,
realizando revisões e análises críticas e por fim fomentando a cultura ambiental,
evitando desperdícios, reduzindo emissões, reutilizando e reciclando resíduos.

1.1 A ISO 14001


Como vimos, a ISO 14001 é a norma que identifica os elementos consti‑
tuintes de um Sistema de Gestão Ambiental, que complementa a estrutura de
gestão de uma organização. A ISO 14001 é uma norma voluntária utilizada
para implantação de SGA quando se busca a certificação ou somente uma
autodeclaração de que possui um Sistema de Gestão Ambiental implantado.

1.2 Sistema
O estabelecimento de um sistema de gestão ambiental engloba proce‑
dimentos a serem adotados, documentos exigidos do sistema e sua efetiva
implementação.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 45

1.3 Política Ambiental


A Política Ambiental é uma declaração da organização, em que ela expõe
suas intenções em relação ao seu desempenho ambiental. É definida, implan‑
tada, implementada e mantida pela alta administração da empresa através de
um processo de melhoria contínua.
Ao adotar esses procedimentos as empresas se comprometem, em uma
escalada estratégica e competitiva, a definir padrões de conduta que passam
a ser uma necessidade do próprio negócio, em que a imagem da instituição
deve revelar‑se como a mais sólida e transparente possível. Dentre os códigos
de liderança aceitos internacionalmente, vale a pena conhecer os “Princípios
de Valdez” e a “Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável”, da
Câmara Internacional do Comércio, que serão descritos a seguir:

1.4 “Princípios de Valdez”


Minimizar a emissão de poluentes que possam vir a causar dano
ambiental;
Conservar os recursos naturais não renováveis através do uso eficiente
e adequado planejamento;
Minimizar a geração de resíduos;
Racionalizar o uso de energia;
Minimizar riscos ambientais, à saúde e à segurança para os funcio‑
nários e para as comunidades vizinhas;
Comercializar produtos que minimizem o impacto ambiental adverso
e que sejam seguros para os consumidores;
Assumir a responsabilidade por quaisquer danos causados ao meio
ambiente, compensando as partes afetadas;
Informar plenamente ao público quaisquer incidentes relacionados
com as operações da empresa que prejudiquem o meio ambiente ou
representem riscos para saúde ou ao ambiente;
Indicar pelo menos um membro da organização que esteja qualifi‑
cado para representar os interesses ambientais;
Realizar e publicar anualmente uma autoavaliação do avanço rumo
à implementação destes princípios e cumprir todas as leis e regula‑
mentos mundiais aplicáveis.

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46  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

1.5 “Carta Empresarial para o Desenvolvimento


Sustentável”
1. Prioridade na empresa: reconhecer a gestão do ambiente
como uma das principais prioridades na empresa e como
fator dominante do desenvolvimento sustentável; estabe‑
lecer políticas, programas e procedimentos para conduzir
as atividades de modo ambientalmente seguro.
2. Gestão integrada: integrar plenamente em cada empresa
essas políticas, seus programas e procedimentos, como
elemento essencial de gestão em todos os seus domínios.
3. Processo de aperfeiçoamento: aperfeiçoar continuamente
as políticas, os programas e o desempenho ambiental das
empresas, levando em conta os desenvolvimentos técni‑
cos, o conhecimento científico, os requisitos dos consu‑
midores e as expectativas da comunidade, tendo como
ponto de partida a regulamentação em vigor; e aplicar os
mesmos critérios ambientais no plano internacional.
4. Formação do pessoal: formar, treinar e motivar o pessoal
para desempenhar suas atividades de maneira responsável
em face do ambiente.
5. Avaliação prévia: avaliar os impactos ambientais antes de
iniciar nova atividade ou projeto e antes de desativar uma
instalação ou abandonar um local.
6. Produtos e serviços: desenvolver e fornecer produtos ou
serviços que não produzam impacto indevido sobre o
ambiente e sejam seguros em sua utilização prevista, que
apresentem o melhor rendimento em termos de consumo
de energia e de recursos naturais, que possam ser recicla‑
dos, reutilizados ou cuja disposição final não seja perigosa.
7. Conselhos de consumidores: aconselhar e, em casos rele‑
vantes, propiciar a necessária informação aos consumido‑
res, aos distribuidores e ao público, quanto aos aspectos
de segurança a considerar na utilização, no transporte, na
armazenagem e na disposição dos produtos fornecidos; e
aplicar considerações análogas à prestação de serviços.
8. Instalações e atividades: desenvolver, projetar e operar
instalações tendo em conta a eficiência no consumo da
energia e dos materiais, a utilização sustentável dos re‑
cursos renováveis, a minimização dos impactos ambien‑
tais adversos e da produção de resíduos e o tratamento
ou a disposição final desses resíduos de forma segura e
responsável.
9. Pesquisas: realizar ou patrocinar pesquisas sobre impactos
ambientais das matérias primas, dos produtos, dos processos,
das emissões e dos resíduos associados às atividades da em‑
presa e sobre os meios de minimizar tais impactos adversos.

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o s i s t e m a d e g e s t ã o a m b i e n t a l ( S G A )  47

10. Medidas preventivas: adequar a fabricação, a comer‑


cialização, a utilização de produtos ou de serviços,
ou a condução de atividades, em harmonia com os
conhecimentos científicos e técnicos, para evitar a
degradação grave ou irreversível do ambiente.
11. Empreiteiros e fornecedores: promover a adoção destes
princípios pelos empreiteiros contratados pela empresa,
engajando e, em casos apropriados, exigindo a melhoria
de seus procedimentos de modo compatível com aqueles
em vigor nas empresa; e encorajar a mais ampla adoção
destes princípios pelos fornecedores.
12. Planos de emergência: desenvolver e manter, nos casos
em que exista risco significativo, planos de ação para
situações de emergência, em coordenação com os ser‑
viços especializados, as principais autoridades e a co‑
munidade local, tendo em conta os possíveis impactos
transfronteriços.
13. Transferência de tecnologias: contribuir para a transfe‑
rência de tecnologia e métodos de gestão que respeitem
o ambiente, tanto nos setores industriais como nos de
administração pública.
14. Contribuição para o esforço comum: contribuir para o
desenvolvimento de políticas públicas, de programas
empresariais, governamentais e intergovernamentais, e
de iniciativas educacionais que valorizem a consciência
e a proteção ambiental.
15. Abertura ao diálogo: promover a abertura ao diálogo com
o pessoal da empresa e com o público, em antecipação e
em resposta às respectivas preocupações quanto ao risco
e aos impactos potencias das atividades, dos produtos,
resíduos e serviços, incluindo os de significado transfron‑
teiriço ou global.
16. Cumprimento de regulamentos e informação: aferir o
desempenho das ações sobre o ambiente, proceder regu‑
larmente a auditorias ambientais e avaliar o cumprimento
das exigências internas da empresa, dos requisitos legais
e destes princípios; e periodicamente fornecer as infor‑
mações pertinentes ao Conselho de Administração, aos
acionistas, ao pessoal, às autoridades e ao público (VALLE,
2002, p. 153).

1.6 Aspectos do planejamento em um SGA


Em um planejamento, as diretrizes de um SGA devem estar bem definidas
e ser de conhecimento do pessoal envolvido no grupo de trabalho, pois nessa

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48 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

etapa se estabelecem o nível de detalhamento e as inter‑relações necessárias


para se atingir os objetivos propostos.
O planejamento das organizações inicia pelo nível estratégico, em que se
definem os objetivos e políticas da empresa, após é realizado o planejamento
tático por setores em atendimento ao estabelecido no nível estratégico e, por
fim, é realizado o planejamento operacional para cada processo ou atividade
de cada setor da organização.
O sucesso dessas organizações depende do atendimento e da satisfação
das expectativas atuais e futuras das partes interessadas.
É importante que a organização identifique e gerencie os riscos ambientais,
de saúde e de segurança das suas atividades, realizando o controle dos seus
processos de forma otimizada e proativa.
Para se manter competitiva a organização deve identificar e avaliar cons‑
tantemente a concorrência em seu mercado e identificar oportunidades de
mercado, fraquezas e vantagem competitiva futura.
Uma organização, para atingir seus objetivos e metas, visando melhorar
seu desempenho no mundo globalizado e cada vez mais competitivo, deve se
adaptar às exigências do mercado, o que acaba por exigir novas abordagens
no seu sistema de gestão.
Um dos grandes desafios da atualidade para o setor empresarial é a sua
permanência no mercado. A busca pela qualidade está cada dia mais acirrada
e as organizações visam a melhoria contínua nos seus processos, objetivando
a satisfação dos clientes.
Diante dessa perspectiva, Heuser (2007) ressalta que as organizações pas‑
sam a enfrentar uma série de desafios, que precisam ser superados através da
utilização de ferramentas eficazes de apoio à gestão.
Aspectos ambientais: trata‑se da manutenção de procedimentos
para identificação e administração de todos os impactos ambientais
significativos que possam ser provocados pela empresa.
Requisitos legais e outros: refere‑se à manutenção de procedimentos
para identificação e acesso a todos os requisitos legais e normativos.
Objetivos e metas: especificação de objetivos e metas definidas a
partir da identificação e caracterização dos impactos ambientais de
significância.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 49

Programas de gestão ambiental: programas visando alcançar os ob‑


jetivos e metas. A adoção do tipo de programa dependerá do tipo de
atividade, processo ou serviço da organização.
Apresentamos a seguir algumas alternativas de ferramentas de apoio à gestão
muito utilizadas pelas organizações.

Questões para reflexão


Por que a etapa de planejamento é tão importante para a implantação
de um Sistema de Gestão Ambiental?

1.6.1 Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action)


Pode ser considerado uma ferramenta importante, que auxilia os gestores
no processo de tomada de decisão tendo em vista o alcance dos objetivos or‑
ganizacionais. Essa ferramenta engloba as principais etapas de uma atividade
de produção de bens e serviços, a saber: planejamento, desenvolvimento,
verificação e ação corretiva, formando um ciclo contínuo da atividade como,
pode ser observado na Figura 3.1.

Figura 3.1 Etapas para implantação do Ciclo PDCA


 

A   P  
P — (Plan) — Planejamento
D — (Do) — Desenvolvimento
C — (Check) — Verificar

C   D   A — (Act) — Atuar corretivamente

Fonte: Souza (2002, p. 8).

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50 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

O PDCA é uma ferramenta utilizada para as atividades de análise e solução


de problemas.
O modelo de PDCA envolve as seguintes etapas:

1.6.1.1 Etapa Planejamento (P)


Estabelecer metas sobre os itens de controle;
Estabelecer a maneira (método) para se atingir os objetivos e metas
propostas;
Determinar as necessidades de seus clientes (internos e externos),
verificando a possibilidade de seu processo atender a estas necessi‑
dades, e definir os padrões de verificação/inspeção.

1.6.1.2 Etapa Desenvolvimento (D) ou execução


Educar e treinar a equipe no método;
Executar a tarefa de acordo com o método proposto.
O pessoal envolvido deve estar treinado em manter os valores‑padrão
especificados.

1.6.1.3 Etapa Verificação (C)


Verifica‑se a existência de não conformidades em relação aos padrões de
verificação, analisando se os resultados das medições estão em conformidade
com os parâmetros especificados e por fim avaliando se os resultados obtidos
na etapa de execução estão de acordo com as metas planejadas.
Uma não conformidade é o não atendimento a um requisito.

1.6.1.4 Etapa Corretiva (A)


Atua‑se corretivamente nos desvios detectados de forma que eles não ve‑
nham a se repetir pelos mesmos motivos. Consiste em atuar no processo a partir
dos resultados obtidos, eliminando as causas das não conformidades. Caso a
não conformidade seja crônica, os procedimentos operacionais padrão devem
ser alterados; se for ocasional, deve ser conduzida uma análise das falhas para
localizar a causa, devendo o evento ser registrado para análise futura.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 51

1.6.2 Brainstorming (tempestade de ideias)


O objetivo dessa ferramenta é coletar ideias de todos os participantes de
um grupo, sem críticas ou julgamentos; uma “chuva de ideias”.
Sugestões para a realização de uma sessão de brainstorming:
Incentivar a participação de todos, não rejeitando quaisquer ideias;
Evitar discussões durante a sessão de brainstorming;
Proibir julgamentos;
Deixar os participantes desenvolverem ideias a partir da ideia dos
outros membros do grupo;
Registrar todas as ideias em local apropriado, de modo a possibilitar que o
grupo possa examiná‑las com facilidade;
Condução de uma sessão de brainstorming:
Defina o assunto do brainstorming;
Dê um tempo (um a dois minutos) para que os participantes possam
pensar sobre o assunto;
Convide todo o grupo para apresentar suas ideias;
Um integrante do grupo anota todas as ideias em local apropriado.
Por fim, realize uma votação com o objetivo de identificar os pontos que
merecem atenção imediata.

1.6.3 Diagrama de causa e efeito: diagrama de Ishikawa


O diagrama de causa e efeito, também conhecido como “diagrama espinha
de peixe”, é bastante utilizado e possibilita identificar os fatores que causam
determinado problema. É considerada uma ferramenta eficaz para o estudo
dos processos (Figura 3.2).

Figura 3.2 Diagrama de causa e efeito (Diagrama de Ishikawa)

Matéria‑prima Mão de obra Método

EFEITO

Máquina Medida Meio ambiente

Fonte: Souza (2002, p. 7).

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52 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Para a construção do diagrama de causa e efeito devem‑se seguir estas etapas:


Estabeleça o problema que deverá ser analisado;
Levante as causas, o que pode ser feito por meio dos seguintes
métodos:
• brainstorming conduzido sobre as possíveis causas.
• orientação para que os participantes do grupo analisem a folha de
verificação para detectar as causas por meio do estudo das etapas
do processo;
Construa o diagrama de causa e efeito atual: inserindo o problema
já definido no quadro à direita, alocando nas categorias de causas
(6Ms) as possíveis causas identificadas para o problema. Lembre‑se
que para cada causa identificada deve se questionar o porquê da sua
ocorrência e relacionar as respostas para cada questionamento;
Interprete o problema:
• observe a repetição das causas no brainstorming;
• obtenha o consenso do grupo;
• determine a frequência relativa das diferentes causas;
• identifique os pontos vitais, utilizando a ferramenta de estratifica‑
ção e o gráfico de Pareto.

1.6.4 Lista de verificação


As Listas de Verificação são importantes ferramentas muito utilizadas para
levantamento de dados. Na maioria dos casos são utilizadas para levantar dados
da frequência de ocorrência de certos eventos.
Para a construção da Lista de Verificação devem‑se obedecer as seguintes
etapas:
Definir qual o evento que está sendo estudado;
Definir o período de tempo que será efetuada a coleta de dados;
Construir um formulário claro e objetivo para o registro das
observações;
Coletar e registrar os dados.

1.6.5 Gráfico ou diagrama de Pareto


O diagrama de Pareto é muito utilizado para ordenação das causas de
perdas a serem sanadas.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 53

O nome do gráfico deriva do princípio de Pareto — afirma que para mui‑


tos fenômenos, 80% das consequências advêm de 20% das causas. Dr. Juran
aplicou o princípio de Pareto na administração para identificar as poucas e
vitais fontes de problemas.
O gráfico ou diagrama de Pareto é uma forma especial do gráfico de bar‑
ras verticais que possibilita determinar quais os problemas resolver e quais as
prioridades.
Alguns passos importantes para a construção do diagrama de Pareto:
Coletar dados: lista de verificação ou outra fonte de coleta de dados;
Classificar os dados utilizando critérios de semelhança ou afinidade;
Construir gráfico de barras.
O gráfico ou diagrama de Pareto é utilizado quando é preciso ressaltar a
importância relativa entre vários problemas ou condições, no sentido de esco‑
lher o ponto de partida para a solução de um problema, avaliar um processo
e/ou identificar a causa básica de um problema.

Links
Aprenda sobre o Diagrama de Pareto acessando:
<http://www.infoescola.com/administracao_/diagrama-de-pareto/>.

1.6.6 5 W + 2 H
Essa ferramenta apresenta as sete principais informações para identificação
de processos e planos de ação, entre outros.
O que (What) — Objetivo
Quem (Who) — Responsável
Quando (When) — Prazos
Onde (Where) — Local
Por que (Why) — Razão
Como (How) — O modo como será conduzida/realizada
Quanto custa (How much) — Custos (quando for o caso)

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54 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Seção 2 Considerações sobre a


implementação de um sistema de
gestão ambiental

2.1 Estrutura e responsabilidades


Com relação à estrutura e responsabilidades, a norma ISO 14001 determina
que devem estar bem definidas, documentadas e comunicadas, de tal forma
que se garanta o atendimento à política ambiental.
É importante ressaltar que todos os envolvidos devem saber o que se espera
de cada um quais são as suas responsabilidades e o que é permitido a cada um,
lembrando que todos esses aspectos devem estar documentados.
Além disso, vale ressaltar que a responsabilidade e a autoridade assegurem
ao pessoal que administra, desempenha e verifica atividades para implantação
do SGA a liberdade e autoridade organizacional para desempenhar ações de:
prevenção a ocorrência de quaisquer aspectos ambientais relativos
aos produtos, processos e sistemas da qualidade;
identificação e registro de quaisquer problemas relativos aos produ‑
tos, processos e sistemas de qualidade.
A definição da estrutura e da responsabilidade deve contemplar os pa‑
péis, as responsabilidades e autoridade de cada um de forma bem clara, bem
definida, documentada e comunicada a todos, ficando sob responsabilidade
do coordenador do SGA essa definição, bem como o relato do desempenho do
SGA para a alta direção da empresa.
A definição da estrutura e da responsabilidade também deve contemplar
a necessidade de um Comitê de Coordenação, caso ele exista, bem como a
disponibilidade de recursos (humanos, físicos e financeiros) adequados ao
esforço de implementação da política ambiental, com o propósito de atingir
os objetivos e metas.
A definição da estrutura deve considerar se a organização possui recursos
humanos capacitados a desenvolver as tarefas de controle de resultados que te‑
rão de monitorar, se a empresa terá condições de investir os montantes desejados
para atingir os propósitos de sua política ambiental. Outra questão importante
é se os indicadores e tecnologias a serem utilizados são de conhecimento do
pessoal envolvido, pois em alguns casos incorpora‑se pessoal extra, em base

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temporária ou permanente, para o cumprimento dos requisitos de controle, em


casos excepcionais de produção.
Quando se implanta um Sistema de Gestão Ambiental-SGA, todas as partes
envolvidas são diretamente responsáveis pelo controle dos resultados, a divisão
dos controles e dos requisitos é de fundamental importância para o controle dos
resultados do SGA, é preciso definir a descrição do cargo ou atividade desen‑
volvida para cada um dos funcionários da empresa, isto facilitará a identificação
e o registro para definição de autoridade e responsabilidade.

2.2 Treinamento, conscientização e competência


No momento da seleção de pessoal, como também em todo o processo
de conscientização, é importante que se conheça as habilidades necessárias à
concretização dos objetivos ambientais.
Os programas de treinamento estão diretamente ligados à qualificação de
seus funcionários e com a correta realização de suas tarefas na implantação
do Sistema de Gestão Ambiental, quer seja para a identificação dos aspectos e
avaliação de impactos; quer seja na minimização deles, análise da legislação
ambiental pertinente, métodos e técnicas de medição, monitoramento e con‑
trola através da auditoria interna.
Especial atenção deve ser dada ao treinamento do pessoal envolvido no
processo para se obter um desempenho satisfatório de suas funções. A alta
gerência tem como uma de suas funções a comunicação dos valores e a moti‑
vação dos empregados, pois o sucesso da implantação do Sistema de Gestão
Ambiental-SGA depende do compromisso individual das pessoas com o dis‑
posto na política ambiental e no plano de ação proposto. A organização deverá
desenvolver e reforçar um conjunto comum de valores ambientais, levando em
consideração as expectativas de todos os membros da organização, que devem
ter compreensão clara e ser estimulados a aceitar a importância do alcance dos
objetivos e metas ambientais.
Uma forma de se obter a motivação dos empregados é o reconhecimento
e recompensa pela realização dos objetivos e metas propostas, assim como
quando são estimulados a apresentar sugestões que permitam melhor desem‑
penho ambiental de sua atividade.
É de vital importância a garantia de que o programa de conscientização
apresente conceitos e que estes estejam internalizados em todos os funcionários.

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56  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental ocasionará mudanças


significativas na gestão e na cultura da organização; muitos problemas podem
vir a ser discutidos e revelados buscando a sua solução.
A implantação do SGA deve ocorrer em toda a organização, sempre visando
à melhoria contínua, e não deve ser vista como uma ameaça à manutenção
da situação atual; os benefícios da qualidade ambiental para o aumento da
produtividade devem ser repassados para os empregados.
Deve-se implantar treinamento adequado para os funcionários, com especial
atenção àqueles que desempenham funções que possam causar algum tipo de
impacto significativo sobre o ambiente. Os funcionários devem estar conscien‑
tizados da importância de manterem-se em conformidade com a política e os
processos do SGA; da identificação dos aspectos e impactos ambientais, das
potencialidades de suas atividades; dos benefícios ambientais da implemen‑
tação do SGA; da sua atuação em casos de emergências; das consequências
proveniente de falha nas operações e procedimentos.

2.3 Comunicação
De acordo com a ISO 14001, a organização deve manter procedimentos
para a comunicação interna entre os vários níveis da organização, assim como
o recebimento, tratamento da documentação e a resposta a comunicações
relativas das partes interessadas ou externas.
Sob essa ótica é necessária a criação de um programa em que possam ser
identificados os pontos de pressão da empresa, tanto interna quanto externa‑
mente, e desenvolvidos mecanismos de seleção de informações para atender
às suas respectivas demandas.
Com relação à comunicação, a ISO 14001 estabelece ainda que sejam as‑
seguradas à empresa a recepção, o registro e a comunicação aos quesitos e às
reclamações enviadas pelas partes interessadas sobre os aspectos ambientais
decorrentes de suas atividades, produtos e serviços.
Os Relatórios Ambientais são documentos que contêm a verificação de re‑
sultados e desempenho ambiental da empresa, em todos os setores envolvidos.
Nesse relatório, toda a atenção deve ser dada ao tratamento das informações,
tais como a linguagem, os indicadores utilizados, expressão gráfica de dados
e informações, sempre focando seu público-alvo.

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o s i s t e m a d e g e s t ã o a m b i e n t a l ( S G A )  57

É importante assegurar um instrumento de verificação no processo de co‑


municação, que é a verificação dos registros de atendimento às reclamações
dos clientes, ou, em alguns casos, as estatísticas relativas aos serviços de aten‑
dimento on-line.
Desta forma os requisitos e reclamações das partes interessadas sobre os
aspectos/impactos ambientais e seu gerenciamento devem ser administrados
pelas respectivas áreas de interface.
Outras formas de comunicação, tais como e-mails, comunicações internas,
ou qualquer outro meio físico ou digital de tratamento de informação que
contenha os requisitos e reclamações enviados pelos interlocutores devem ser
considerados e dada a devida tramitação para a solução proposta. Assim como
visitas realizadas na empresa, quando os visitantes possam facultativamente
expressar seu posicionamento pessoal a respeito do SGA por meio de comen‑
tários e críticas em formulários apropriados, que podem inclusive ser objeto
de auditoria ambiental como indicador de controle e desempenho do sistema
de comunicação da empresa.
A comunicação entre o sistema de gestão ambiental e os colaboradores
deve ser realizada de forma clara, objetiva e direta por meio dos manuais de
gestão ambiental e dos manuais de procedimentos disponíveis para consultas
em todas as áreas da empresa.

2.4 Documentação do Sistema de Gestão


Ambiental — SGA
A documentação necessária para a implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental deve contemplar todas as funções e atividades que contribuem para o
cumprimento dos requisitos especificados, constituindo a realidade da empresa.
A estrutura documental de uma empresa com a implantação de um SGA
deve estar fundamentada e adequada às características básicas da empresa:
com relação a organização, processos, produtos, serviços, clientes, mercados,
fornecedores e cuidados para com o meio envolvente.
A abrangência da documentação do SGA deve ser a necessária para con‑
templar todas as funções aplicáveis da norma. Na estrutura documental deve
ser estabelecida uma descrição do SGA, de forma a permitir a visualização
integrada de todos os documentos relevantes do sistema.

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58 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

A documentação para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental —


SGA deve conter:
comunicações internas e externas;
relatórios de monitoramento e avaliação de performance ambiental;
compilação de todas as informações referentes ao SGA.
A identificação dos documentos necessários em uma empresa, na maioria
das vezes garante parte dos resultados das auditorias ambientais.
Os principais documentos a serem auditados em uma organização são:
política ambiental;
manual de gestão ambiental;
procedimentos, instruções e registros;
licenças;
aspectos ambientais e impactos associados;
treinamento dos empregados;
dados de manutenção;
inspeção e calibração de instrumentos e equipamentos;
acidentes com consequências ambientais e ações adotadas;
reclamação da comunidade e ações implementadas, auditorias am‑
bientais e dados de monitoramento.
O fornecimento de informações aos interessados e empregados funciona
como motivação e melhor compreensão, eleva o índice de aceitação do pú‑
blico para os esforços da organização em aprimorar seu desempenho ambien‑
tal. A documentação deve conter processos e planos para informar, interna e
externamente, sobre as atividades ambientais da empresa, deixando claro o
comprometimento da organização com o ambiente.
Os relatórios podem conter diversos itens, tais como:
perfil da organização;
política;
objetivos e metas ambientais;
processos de gestão ambiental;
avaliação do desempenho ambiental;
oportunidades de aprimoramento.
Periodicamente devem ser atualizados os documentados dos processos e
procedimentos operacionais. A empresa deverá definir claramente os vários

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 59

tipos de documentos que estabelecem e especificam procedimentos e controles


operacionais eficazes.
O Manual de Gestão Ambiental é um documento de grande importância,
que contém informações e registros necessários e decorrentes da implantação
do Sistema de Gestão Ambiental — SGA, ele facilita e agiliza a consulta à
documentação do SGA.
Este manual também pode ser utilizado no treinamento dos empregados,
como instrumento de divulgação do comprometimento da empresa.
O Manual de Gestão Ambiental deve conter no mínimo:
introdução à organização;
política de meio ambiente;
objetivos e metas ambientais;
estrutura organizacional;
responsabilidades ambientais;
descrição do SGA;
procedimentos.
Para obtenção de certificação, o Manual Ambiental deverá conter uma lista
de referência cruzada entre os procedimentos da empresa e os elementos da
NBR ISO 14001.

2.5 Controle dos documentos


O controle de documentos deve estabelecer e manter os procedimentos
relativos à ISO 14001. O controle de documentos deve identificar a situação
da revisão dos documentos, que deve estar sempre disponível. O controle de
documentos deve assegurar que estes estarão disponíveis em todos os locais
onde são executadas as respectivas operações, os documentos não válidos e/ou
obsoletos sejam removidos dos locais de uso; suas alterações sejam analisadas
e criticamente aprovadas.
O objetivo principal do controle de documentos é garantir que o documento
que esteja em uso seja o documento que foi aprovado conforme a necessidade
ou que seja a última versão. Documentos não aplicáveis na implantação do
Sistema de Gestão Ambiental podem comprometer os resultados da auditoria
de sistema de gestão ambiental na fase final de certificação.
O controle dos documentos trata da tarefa de controlar os tipos de docu‑
mentos previstos na estrutura documental, incluindo os impressos, que também

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60  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

devem ser considerados e controlados, os dados susceptíveis de alteração, os


dados em suporte informático, os dados resultantes do tratamento de outros
contemplados em registros ou documentos, assim como os apresentados em
forma de relatórios. Deve se controlar também os dados que tenham origem no
exterior da empresa, tais como: boletins de análises ou relatórios de monitora‑
mento realizadas no exterior, informação técnica de clientes ou fornecedores,
normas, regulamentos, legislação, códigos de boa prática, licenças e pareceres
de entidades oficiais.
O termo “documento” é empregado no contexto como quaisquer meios
que sejam utilizados para conter a informação, por exemplo, poderia incluir
pen-drive, CD-ROM, documentos escritos, documentos contidos em discos
rígidos, vídeo, fitas de vídeo, pôster ou gráficos. Documentos são usados para
descrever ou controlar como as atividades/processos devem ser realizadas, e
como deverão ser capazes de serem revisadas, a fim de refletir circunstâncias
de mudanças.
Os “documentos” não podem ser confundidos com “registros”, pois regis‑
tros são gerados como resultado de alguma atividade e são uma constatação
de fatos existentes no tempo, não podendo ser revisados. Os documentos em
desuso, estes sim, tornam-se registros.
Somente são aceitáveis alterações manuscritas nos documentos distribuídos
se forem realizadas pelas funções autorizadas e cumprirem os tramites estabe‑
lecidos, assegurando que os originais serão posteriormente alterados.
O controle de documentos, dados e impressos gerados e controlados em
meio eletrônico, obriga a estabelecer procedimentos adicionais de validação
e, ainda, de segurança, integridade e acesso aos mesmos.
Os procedimentos descrevem como o controle sobre aqueles documentos
é exercido e para os quais é considerado necessário, com relação aos docu‑
mentos processados em computadores, o uso de acesso controlado por senha,
combinado com a data de aprovação é a garantia que os documentos foram
revisados por pessoas autorizadas.
Definem-se dados como sendo os índices extraídos dos processos opera‑
cionais, que devem ser monitorados para atendimento aos limites legais per‑
mitidos. Na maioria dos casos, os dados que são controlados estão contidos
em documentos, tais como informações de estoques, listas de fornecedores e
listas de clientes.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 61

Em um Sistema de Gestão Ambiental, o dado controlável é identificado por


sua característica de ser passível de revisão, atualização e re‑emissão. Numa
empresa é necessária a indicação de uma ou mais pessoas responsáveis pelo
seu controle.
Os documentos integrantes de um sistema de gestão ambiental necessitam
ser objetivamente identificados para se desenvolver metodologias adequadas
de controle; os documentos devem ter uma designação, podendo, ainda, ter
um código/referência.
Os sistemas de codificação devem estar documentados, garantindo coe‑
rência, e que possam abranger todas as funções envolvidas no controle dos
documentos e dados. Os sistemas de codificação dos documentos e impressos
devem ser concebidos de modo a permitirem fácil identificação.
Sugere‑se que a empresa identifique todos os tipos de documentos e todas
as responsabilidades associadas aos aspectos de seu controle, tais como:
elaboração;
verificação;
aprovação;
emissão;
lista de distribuição;
original;
arquivo histórico.
A verificação da documentação deve consistir na análise da coerência entre
os documentos analisados e também na sua adequação aos requisitos da norma
ou outros documentos pertinentes.
No controle da documentação faz‑se necessário também que sejam identi‑
ficadas as suas fontes emissoras e os destinatários a quem os distribuir. A distri‑
buição dos documentos deve garantir que estes estejam disponíveis na versão
atualizada, onde são necessários. Vale ressaltar que devem existir evidências
desta distribuição.
Uma vez alterados ou obsoletos, os documentos devem ser removidos dos
locais de utilização e, sempre arquivado um exemplar de cada documento
substituído, devidamente identificado. As responsabilidades por estas atividades
devem estar previamente estabelecidas.

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62 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

2.6 Controle operacional


Este requisito da norma está diretamente relacionado com a identificação
e controle dos aspectos ambientais significativos, neste momento é necessá‑
rio identificar a origem do impacto e documentar os processos necessários
para o seu controle, o que pode ser feito através da elaboração de modos
operatórios, instruções etc.
Nas atividades onde possa ocorrer impacto significativo, afetando negativa‑
mente o ambiente, devem ser elaborados procedimentos de trabalho garantindo
seu efetivo cumprimento.
Estes procedimentos devem definir os recursos humanos e materiais, as res‑
ponsabilidades e os critérios de execução e de controle do processo. Devem ser
escritos de forma clara e objetiva, dirigidos para o usuário. Os detalhamentos
técnicos desnecessários devem ser evitados, pois a documentação deve ser
isenta de qualquer informação incompreensível ou geradora de dúvidas.
A empresa deve analisar a origem do produto/serviço que adquirir, podendo
afetar seu desempenho ambiental, pois estes poderão ter impactos ambientais
significativos e comprometer o atendimento a política de gestão ambiental.
Portanto é necessário realizar a avaliação dos fornecedores para o cumprimento
da política ambiental da organização.
A seleção dos fornecedores deve considerar aspectos tais como a capacita‑
ção e qualificação dos recursos humanos; informações técnicas dos produtos/
materiais fornecidos; desempenho do sistema organizacional e do sistema de
gestão ambiental; cumprimento de obrigações legais e regulamentares; resul‑
tados de análises de amostras; ensaios na produção.
O controle operacional na norma ISO 14001 deve estar estreitamente ligado
aos requisitos de medição e monitoramento de acordo com esta norma. Para
um controle operacional de suas atividades as organizações deverão seguir as
seguintes orientações:
Assegurar que as atividades das operações estejam associadas aos
impactos ambientais significativos ou que enquadrem na política
objetivos e metas;
Associar a cada variável quando pertinente aos critérios operacionais:
faixas de tolerância e controle de limites de aceitação por processo;
Para tais atividades estabelecer procedimentos de controle.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 63

Na implantação do SGA, as empresas devem para cada item de controle


operacional documentar as seguintes informações: objetivo do plano de con‑
trole operacional, âmbito de atuação, documentos de referência utilizados,
procedimentos metodológicos utilizados, amostragem utilizada e resultados
encontrados.
A organização deve considerar as diferentes funções que contribuem para os
impactos mais significativos quando desenvolver os controles e procedimentos
operacionais do processo, abrangendo diversas áreas e departamentos dentro
da organização.
As atividades devem ter como premissas básicas prevenir a poluição,
conservar a energia, controlar o atendimento às conformidades, acompanhar
mudanças no processo, produto ou embalagem, controle do impacto ambien‑
tal de novos projetos, manutenção de equipamentos críticos para o ambiente,
provisionamento de produtos e serviços com potenciais impactos ambientais
significativos e participar das decisões estratégicas da organização.

2.7 Preparação para atendimento às emergências


A norma ISO 14001 exige que sejam identificados os riscos e as potenciais
situações de emergência associados às atividades da organização, que deverá
ocorrer na fase de levantamento e avaliação de aspectos e impactos ambientais,
devendo ser atualizada sempre que ocorrer a introdução de um novo produto,
alterações no processo de fabricação, entre outros.
A organização deve durante o planejamento prever qualquer situação de
emergência possível e estabelecer procedimentos a serem executados em
situações tais como: na eventualidade de ocorrência de um vazamento, derra‑
mamento, contaminação, explosão. Nestas ocasiões, os funcionários deverão
ter recebido treinamento prévio.
De um modo geral, as principais situações de emergência previsíveis e sus‑
cetíveis de provocar impactos ambientais significativos são através dos riscos
tecnológicos e naturais:
Riscos tecnológicos: ocorrência de incêndio; explosão; derrame de
produtos químicos perigosos; fuga de gases ou líquidos perigosos.
Riscos naturais: inundações; sismos; abatimento de terrenos;
tempestades.

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64  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Identificadas as potenciais causas de acidentes e situações de emergência,


a organização deve se preparar para prevenir as causas e as situações de risco
e atuar caso os acidentes e situações de emergência ocorram, minimizando
seus efeitos no ambiente.
Os procedimentos de emergência devem considerar os incidentes decorren‑
tes das condições de operação: normal, anormal e de emergência. Lembrando
que para qualquer situação de emergência possível é necessário estabelecer
procedimentos a serem executados.
Tudo isto nos conduz à elaboração de plano(s) de controle à emergência,
estes planos de controle à emergência devem ser baseados na probabilidade
de ocorrência das falhas, na gravidade dos efeitos e probabilidade de detecção
das falhas, ou das suas causas, antes delas acontecerem, o que está diretamente
ligado aos meios disponíveis e sua eficácia.
Os planos de atendimento às emergências estão intrinsecamente relacio‑
nados às avaliações ou auditorias ambientais desenvolvidas inicialmente nas
empresas, como por exemplo avaliação de riscos ambientais dos setores pro‑
dutivos, de higiene, saúde e segurança do trabalho.
Inicialmente é necessário realizar uma avaliação dos problemas potenciais
em termos de probabilidade de ocorrência, severidade e risco, o processo de
preparação de emergências deverá ser sempre preventivo, com o intuito de que
as não conformidades possam ser controladas, quando não eliminadas, dos
processos operacionais.
As empresas devem realizar periodicamente treinamentos/simulações com
base em seus procedimentos operacionais para monitorar os principais indica‑
dores de controle dos planos de atendimento às emergências.
Periodicamente os planos de preparação para emergências deverão ser
revistos através dos testes de sua efetividade, principalmente quando ocor‑
rem os acidentes. Os planos de controle à emergência devem ser revistos,
de acordo com os critérios definidos pela organização. Esta revisão deverá
ocorrer após qualquer acidente, situação de emergência, ou qualquer outra
alteração que os possa eventualmente afetar, por exemplo, desenvolvimentos
tecnológicos, novas infraestruturas e instalações, alterações de layout, novos
produtos etc.
A capacitação e treinamento do pessoal envolvido são de extrema im‑
portância para a eficácia dos planos de controle à emergência, e poderá ser
assegurada por meio de exercícios de simulação executados periodicamente.

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Considerações sobre o sistema de gestão ambiental (SGA) 65

2.8 Verificação e ações corretivas — monitoramento


e medição
Este requisito da norma exige que a organização realize a monitoramento
dos aspectos e impactos significativos, permitindo em simultâneo a verificação
da conformidade com os objetivos e metas estabelecidos e com a regulamen‑
tação legal aplicável.
As atividades de monitoramento e medição (equivalentes às de inspeção e
ensaio previstas no sistema da qualidade) e os respectivos registros podem ser
discriminados num plano de monitoramento ambiental ou introduzidos em
procedimentos documentados.
Nos procedimentos ou no plano de monitoramento ambiental devem ser
identificados, os parâmetros a medir, os métodos a usar, a periodicidade das
medições, as responsabilidades e o sistema de registro.
Para a identificação dos parâmetros a medir, é necessário compreender aos
requisitos legais de monitoramento e medição aplicáveis e às ações de controle
operacional e aos objetivos e metas que forem definidos pela organização.
Na fase de planejamento do plano de monitoramento, deve‑se considerar:
os indicadores ambientais que devem ser claramente definidos e
classificados por ordem de prioridade;
os funcionários encarregados do monitoramento devem estar fami‑
liarizados com o processo;
a verificação dos parâmetros especificados em legislação, requer
uma gama de procedimentos, instrumentos e técnicas analíticas;
a localização dos pontos de amostragem e das medidas a serem
realizadas;
os parâmetros a serem medidos devem ser especificados em cada
caso, dependendo do tipo de não conformidade a ser monitorada e
amostrada;
os parâmetros a serem medidos devem abranger todas as etapas
necessárias à melhoria contínua, com vistas a atingir os padrões
requeridos, para que as soluções acertadas sejam resolvidas.
Na fase de preparação do plano de monitoramento é importante considerar:
Um sistema para registrar resultados independentes;
Os instrumentos de medidas devem ser conferidos, instalados e
calibrados;

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66 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Os recipientes para amostra devem ser selecionados e preparados de


acordo com procedimento laboratorial correto;
Padrões para análises químicas, e outras medidas devem ser previamente
preparados;
Informação dos produtos químicos que estão sendo amostrados, e roupas
protetoras necessárias devem ser providenciadas;
Instruções prévias devem ser dadas para operadores do processo.
Na fase de implementação efetiva do Plano de Monitoramento, deve‑se
considerar:
Sensibilização das pessoas envolvidas no referido programa;
Atendimento aos regulamentos de segurança e saúde;
Os procedimentos operacionais devem ser passados para o responsável
que executará o levantamento de dados;
Todos os instrumentos de medidas devem estar conectados, calibrados e
prontos para operação;
A amostragem e as medidas de instrumentos/calibração devem ser ini‑
ciadas assim que possível junto com observações visuais e outras;
Todos os recipientes para amostragem devem ser corretamente numera‑
dos, e identificados para outras medidas, no momento em que a amos‑
tragem é realizada.
E por fim, na fase do Registro e Análises dos Dados, deve‑se considerar:
A verificação dos dados, pois qualquer modificação ou desconsideração
deve ser justificada;
O tratamento dos dados iniciais deve possibilitar o gerenciamento das
não conformidades, e atingir os objetivos estabelecidos;
O relatório deve dar uma visão geral de investigação, a partir dos objetivos
propostos, conclusões e recomendações.
Os registros gerados devem evidenciar que as medições ou monitoramento
previstos foram realizados e os resultados pretendidos alcançados; estes resul‑
tados podem estar relacionados com limites legais e regulamentares, limites de
controle internos e objetivos e metas ambientais estabelecidos.
Para a adequada condução e controle dos processos com aspectos ambien‑
tais significativos, devem ser identificados quais os equipamentos que deverão
ser utilizados no processo de monitoramento e medição, faz‑se necessário esta‑
belecer procedimentos que identifiquem o local, os responsáveis e o intervalo

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o s i s t e m a d e g e s t ã o a m b i e n t a l ( S G A )  67

entre calibrações, e ainda, a forma de gestão dos intervalos de calibração, que


depende de fatores diversos.
É comum as organizações buscarem serviços externos para a medição de
parâmetros para monitoramento, neste caso, deve estabelecer procedimentos
que garantam que os fornecedores deste tipo de serviço evidenciam o cum‑
primento deste requisito, quanto ao estado de manutenção e calibração dos
equipamentos usados, adequabilidade dos métodos bem como exigência da
competência e responsabilidade dos executantes.

2.9 Não conformidade, ações corretiva e preventiva


Este requisito da norma exige a identificação das não conformidades, a sua
eliminação através da definição de ações corretivas e o estabelecimento de
ações preventivas para que não haja repercussão a outros níveis.
Segundo o próprio requisito normativo sobre não conformidades e ações
corretivas e ações preventivas, a NBR ISO 14.001 diz o seguinte:
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para
definir responsabilidade e autoridade para tratar e investigar as
não conformidades, adotando medidas para mitigar quaisquer
impactos e para iniciar e concluir ações corretivas e preventivas.
Qualquer ação corretiva ou preventiva adotada para eliminar
as causas das não conformidades, reais ou potenciais, deve
ser adequada à magnitude dos problemas e proporcional ao
impacto ambiental verificado. A organização deve implementar
e registrar quaisquer mudanças nos procedimentos documenta‑
dos, resultantes de ações corretivas e preventivas (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996, p. 4).

Uma não conformidade pode ser um valor de emissão superior ao limite


legal, o não atendimento às especificações de controle; a falta de triagem de
resíduos; o não cumprimento de critérios definidos pelo SGA, detectado pelos
auditores internos ou externos.
Em caso de não conformidade é necessário agir sobre os efeitos produzidos;
analisar as causas e estabelecer ações corretivas para evitar o ressurgimento e
definir ações preventivas para evitar o seu aparecimento a outros níveis.
As ações corretivas não podem ser confundidas com a simples correção de
uma não conformidade específica, pois a tomada de ações corretivas eficazes
pressupõe uma adequada investigação e identificação das causas raiz dos
problemas. Esta é uma atividade determinante na eficácia de todo o processo.

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68 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

A responsabilidade pela coordenação das ações corretivas deve estar definida


a níveis adequados, este controle deve contemplar, não apenas a implementa‑
ção, mas também os métodos para avaliar se as mesmas foram, ou não, eficazes.
Portanto os diferentes passos de uma ação corretiva devem ser registrados, com o
objetivo de permitir evidenciar o estado em que se encontra cada ação corretiva.
A análise das ações corretivas e sua respectiva eficácia devem ser levadas à alta
administração para efeitos de revisão do sistema de gestão ambiental.
A organização deve estabelecer uma metodologia que permita identificar
as causas potenciais de não conformidades.
A ação preventiva tem como objetivo identificar não conformidades ou opor‑
tunidades de melhoria potenciais, por meio da eliminação das causas dessas não
conformidades, de modo a prevenir ocorrências e consolidar ganhos obtidos.
O programa das ações preventivas deve considerar a responsabilidade pela
coordenação a níveis adequados, incluindo o controle do seu estado, a respon‑
sabilidade pelo desenvolvimento e implementação e avaliação de cada ação,
incluindo os trâmites definidos e a autoridade para a sua aprovação.
A análise crítica realizada pela alta administração contribui para o moni‑
toramento das ações preventivas. Para que se desenvolvam ações corretivas e
preventivas é necessário que todos os requisitos identificados, bem como, as não
conformidades sejam consideradas quanto a sua probabilidade ou severidade.
Por fim, a organização deve elaborar procedimentos onde se definam res‑
ponsabilidades por:
Identificar não conformidades ou potenciais não conformidades;
tratar as não conformidades e os seus efeitos sobre o ambiente;
investigar as causas das não conformidades ou potenciais não
conformidades;
estabelecer e implementar as ações corretivas ou preventivas;
estabelecer um sistema de registro das alterações aos procedimentos
que advêm da implementação das ações corretivas e preventivas.

2.10 Registros
De acordo com a NBR ISO 14001 (ABNT, 1996, p. 9):
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para
a identificação, manutenção e descarte de registros ambien‑
tais. Estes registros devem incluir registros de treinamento e
os resultados de auditorias e análises críticas. Os registros
ambientais devem ser legíveis e identificáveis, permitindo

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C o n s i d e r a ç õ e s s o b r e o s i s t e m a d e g e s t ã o a m b i e n t a l ( S G A )  69

rastrear a atividade, produto ou serviço envolvido. Os regis‑


tros ambientais devem ser arquivados e mantidos de forma
a permitir sua pronta recuperação, sendo protegidos contra
avarias, deterioração ou perda. O período de retenção deve
ser estabelecido e registrado. Os registros devem ser mantidos,
conforme apropriado ao sistema e à organização, para demons‑
trar conformidade aos requisitos desta Norma.

É requisito para implantação de um sistema de gestão ambiental um con‑


junto de registros que permita controlar a eficiência do sistema. Entende-se por
“registro” toda a evidência, em qualquer suporte quer seja por meio físico ou
eletrônico, das atividades previstas no sistema de gestão ambiental, que podem
ser internas ou externas à organização.
Deve ser estabelecido um procedimento para controlar os registros, em que
sejam definidos critérios e responsabilidades para compilação recolhimento e
agregação dos registros, indexação, acesso, arquivo, armazenamento, manu‑
tenção, inutilizarão e retenção.
Os registros devem ser mantidos e armazenados em locais protegidos por
tempo determinado, de modo legível e identificável.
O tempo de guarda deve ser estabelecido considerando a legislação ou
regulamentação aplicável bem como o tempo necessário para que os efeitos
ambientais se manifestem.

2.11 Auditoria do sistema de gestão ambiental


A auditoria de SGA, além dos itens de uma auditoria ambiental, incluirá a
revisão dos objetivos e metas ambientais; avaliação do desempenho ambiental;
resultados das auditorias; avaliação da efetividade do sistema; adequação contí‑
nua da política, de acordo com mudanças na legislação, avanços tecnológicos,
não conformidades ambientais ocorridas, preferências do mercado e outros.
Recomenda-se que as auditorias do SGA sejam realizadas periodicamente
com o objetivo de avaliar a conformidade do sistema.
O assunto referente a auditorias será tratado com maior profundidade na
unidade seguinte.

2.12 Análise pela administração


Trata-se da análise periódica do sistema de gestão ambiental, realizada pela
alta direção da empresa, de forma a assegurar as adequações necessárias para
o sistema. Nesta etapa inclui-se análise de todas as auditorias.

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70  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Para saber mais


Sobre o Sistema de Gestão Ambiental e o processo de certificação, acesse o site do Inmetro:
<www.inmetro.gov.br>.

Para concluir o estudo da unidade


Finalizamos juntamente com você uma unidade que necessitou de
todo o seu empenho e atenção.
Esta unidade ressaltou que a implantação de um SGA está intrinsecamente
relacionada à política ambiental adotada e que o sucesso dessa implantação de‑
pende da participação de todos principalmente da alta administração da empresa.

Resumo
O processo de implantação do SGA vai desde a identificação dos
aspectos ambientais e a avaliação dos impactos, que será um importante
instrumento de apoio à decisão.
Nesta unidade conhecemos o conceito e a estrutura do Sistema de
Gestão Ambiental de acordo com os elementos especificados na norma
ISO 14001.
Observamos que a decisão dependerá do encaminhamento temático,
e do planejamento da auditoria ambiental.
Na próxima unidade será este o assunto abordado. Não perca!

Atividades de aprendizagem
1. O que vem a ser a Política Ambiental de uma organização?
2. Qual é o objetivo da ferramenta PDCA?
3. O que é o Sistema de Gestão Ambiental?
4. Quais os principais objetivos das empresas que estão implantando o
Sistema de Gestão Ambiental?

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Unidade 4
Auditoria ambiental
Jamile Ruthes Bernardes

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você conhecerá um


pouco mais sobre a auditoria para certificação ambiental e, dessa
forma, entenderá como ela funciona e o que as empresas devem fa-
zer para obter sucesso durante uma auditoria. Assim, irá compreen-
der qual a importância das auditorias para garantir a qualidade do
sistema de gestão ambiental adotado pela organização.

Seção 1: Auditoria como ferramenta de gestão


Nesta seção você conhecerá os procedimentos ne-
cessários para o desenvolvimento de uma auditoria,
considerando-se também a perspectiva da equipe que
prepara uma empresa para receber uma auditoria.

Seção 2: Auditoria de certificação do SGA


Nesta seção você poderá melhorar seu conhecimento
em relação aos organismos que participam do pro-
cesso de certificação ambiental. Esse processo é
complexo, realizado por empresas independentes, e
muitas organizações têm almejado se adequar para
que em breve possam certificar seus SGA, aumentar
a confiabilidade de clientes e melhorar a imagem das
empresas no cenário de competitividade em que nos
encontramos atualmente.

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72  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Introdução ao estudo
Nesta unidade o assunto tomado como base será auditoria ambiental. Como
são realizadas as auditorias? Quem participa delas? Qual tipo de auditoria se
aplica a determinada empresa? Existem formulários prontos para auditoria?
Para responder a essas perguntas discutiremos os diversos tipos de auditoria e
os objetivos que cada uma possui para orientar o aluno no momento de uma
possível auditoria que possa realizar. É interessante aprender praticando, pois a
fixação do conteúdo e das etapas a serem seguidas se tornam mais dinâmicos
e interessantes. Dessa forma, nesta unidade você terá à sua disposição um for‑
mulário que poderá ser utilizado para realizar uma auditoria ambiental, e você
também poderá realizar as alterações que achar conveniente, pois é comum
que haja adaptação em relação aos formulários. As auditorias são poderosas
ferramentas de gestão, e por isso são constantemente utilizadas para verificar
conformidades e/ou não conformidades no ambiente auditado. Dessa forma,
você perceberá que é importante saber realizar o estudo prévio à auditoria,
analisando documentos, legislações, normas, resoluções e o que mais interessar
como critério a ser tomado como base. Por meio desses critérios o processo de
auditoria ocorrerá com rigor, sempre sem perder o foco do objeto em análise,
fazendo com que a equipe de auditoria se esforce para que o melhor trabalho
possa ser realizado. Auditorias ambientais para fins de verificação do desem‑
penho ambiental da empresa, para certificação do SGA, para análise de setores
isolados etc. são itens também levantados nesta unidade e cada uma com sua
peculiaridade revelará o potencial do estudo de auditoria quando é realizado
com atenção e conhecimento.

Seção 1  Auditoria como ferramenta de


gestão
Nas unidades anteriores deste livro pudemos perceber que não há gestão
ambiental eficiente sem que haja constante verificação das atividades para
que, caso existam não conformidades, elas sejam corrigidas com o máximo de
urgência possível, a fim de evitar transtornos maiores às empresas, indústrias,
corporações etc. Nesta seção veremos algumas ferramentas de gestão ambiental
e como são empregadas para atingir a eficiência do SGA.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  73

É importante perceber que as auditorias ambientais são ferramentas de ges‑


tão muito importantes, pois por meio delas é possível fazer uma averiguação
detalhada de todos os setores da empresa auditada, ou somente de alguns,
conforme o objetivo e escopo da mesma. Com as informações coletadas há
segurança em saber quais são as ações que precisam ser postas em prática para
atingir a melhoria contínua do sistema de gestão ambiental (SGA).
Segundo Campos e Lerípio (2009), o surgimento das auditorias ambientais
ocorreu nos Estados Unidos, na década de 1970. Convém lembrar que a audi‑
toria teve sua origem no campo das finanças, motivada por analisar os recursos
financeiros das empresas, na busca por problemas contábeis. Deste campo
financeiro, as auditorias evoluíram para outros setores e hoje se percebe que
existem auditorias contábeis, ambientais, hospitalares etc. Como muitos bancos
e agências financiadoras começaram a se preocupar com a saúde financeira e
ambiental das empresas que tomavam crédito, as auditorias foram se difundindo
cada vez mais até se tornarem processos comuns e usuais pelas empresas. Além
disso, empresas que possuem ações nas bolsas de valores também consideram
importante utilizarem-se de auditorias ambientais para garantir aos acionistas
segurança quanto ao investimento que irão realizar, pois uma das maiores preo­
cupações dos acionistas é em relação aos passivos ambientais gerados pelas
empresas. Philippi Júnior e Aguiar (2004, p. 805, grifo do autor) fazem menção
à importância das auditorias ambientais:
A competição internacional conduziu as exigências ambien‑
tais ao status de barreiras não tarifárias, levando à elaboração
e implementação das normas ISO 14001 e do correspondente
sistema de auditoria e certificação ao redor do mundo. O
processo acelerado de aquisições e fusões de empresas
passou a requerer verificações rigorosas, para que eventuais
passivos pudessem ser avaliados e seu valor levado em conta
nos negócios, levando à necessidade de auditorias de passivo
ambiental. A migração de indústrias internacionais para pa‑
íses em desenvolvimento obrigou as matrizes das empresas
a estabelecer processos sistemáticos de verificação dos cui‑
dados com o meio ambiente em suas filiais, a fim de evitar
problemas graves que possam ferir sua imagem.

A palavra auditoria vem do Latim auditore e significa aquele que ouve.


Nesse sentido, espera-se do auditor que ele saiba ouvir, falar, presenciar, ana‑
lisar, verificar, planejar, estruturar, entre outros.

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74 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

As auditorias ambientais começam a aparecer em meados do


séc. XX como parte dos trabalhos de avaliação de desastres
de grandes proporções, envolvendo explosões e vazamentos,
seguidos de contaminações em fábricas, refinarias, gasodutos,
terminais portuários e outros. Porém, é a partir da década
de 1970 que ela se torna um instrumento autônomo de ges‑
tão ambiental, inicialmente com o objetivo de averiguar o
cumprimento das leis ambientais que estavam se tornando
cada vez mais rigorosas, principalmente sob a influência
da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo em 1972
(BARBIERI, 2007, p. 211).

Agora que você já sabe de onde as auditorias ambientais vieram, e o que a


palavra auditoria significa, podemos pensar em alguns benefícios que a audi‑
toria fornece às empresas que passam por esse processo. Vale a pena ressaltar
que você pode criar e elaborar outros benefícios que considerar importantes
para no momento que for oferecer esses serviços aos seus clientes você possa
convencê‑los da importância em realizar tal estudo. Para muitos empresários,
a auditoria é vista como um estudo, processo e avaliação muito custoso e isso
às vezes pode atrapalhar a negociação, portanto, saber dos benefícios que a
auditoria traz é fundamental para que você tenha êxito.
Os principais benefícios da auditoria são:
Manter a empresa informada sobre seu desempenho ambiental e
sobre as práticas realizadas em seu SGA;
Identificar possíveis riscos e passivos ambientais, que merecem aten‑
ção e cuidado. Mediante essa verificação é possível traçar planos de
ação para emergências, conforme vimos na Unidade 1 deste livro;
Fazer com que funcionários de setores diferentes dos que trabalham,
tomem conhecimento sobre as funções dos colegas e sobre a impor‑
tância em colaborar na conservação ambiental e na melhoria das
práticas ambientais;
Caso a empresa que está sendo auditada tenha outras unidades em
municípios e estados do Brasil e até mesmo em outros países do
mundo, é necessário adequar as práticas e procedimentos realizados
de acordo com a política ambiental e com a legislação do local. As
auditorias podem verificar esses procedimentos para averiguar se estão
sendo realizados de acordo com a legislação em vigência na região;

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Auditoria ambiental 75

Quando as auditorias passam pelos setores da empresa, há a verifi‑


cação de possíveis investimentos naquele setor. Portanto, é possível
compreender que as auditorias também são importantes no que tange
à priorização de investimentos em setores;
Manter a política ambiental atualizada, pois diante de auditorias
constantes a empresa pode perceber a necessidade de modificar al‑
guns itens de sua política ambiental e assim deixá‑la mais completa;
Manter a empresa organizada, pois caso algum cliente queira realizar
uma auditoria de fornecedor já haverá tranquilidade a passar pelo
processo, pois como sabemos essas auditorias têm sido cada vez mais
comuns e muitos clientes deixam de negociar com fornecedores que
possuem problemas em sua cadeia produtiva por considerarem que o
processo produtivo do produto estará em risco, caso sejam utilizados
insumos daquele fornecedor;
Estar em cumprimento absoluto aos requisitos tomados como base,
levando em consideração: normas, resoluções, artigos, legislações,
e qualquer outro documento que tenha informações ou posturas que
devem ser rigorosamente seguidas pela empresa;
Promover a elaboração de documentos de análise, tais como: proto‑
colos, questionários, listas de verificação, check‑lists, memorandos,
entre outros. Estes documentos, uma vez elaborados, poderão ser
utilizados por qualquer pessoa da empresa em procedimentos de
auditoria, sendo que os setores auditados devem ser independentes
dos setores onde trabalham;
Possibilitar à empresa utilizar um sistema de gestão ambiental cada vez
mais estruturado, visando a certificação ambiental do mesmo. Como
sabemos, a norma ABNT NBR ISO 14001:2004 (ABNT, 2004) confere a
certificação aos sistemas de gestão ambiental. Dessa forma, pensar nas
auditorias como ferramentas de gestão que tornarão estes sistemas cada
vez melhor operantes garante também a possibilidade futura de obter um
certificado para seu SGA;
Realizar intercâmbio de informações entre os gestores ambientais,
os quais poderão idealizar, diante dos relatos obtidos, quais são as
melhores estratégias a serem adotadas pela empresa quanto à pro‑
dutividade, aumento de volume de negócios e produção, sem perder
o foco na sustentabilidade das ações desempenhadas pela empresa.

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76  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Além dos benefícios apresentados, as auditorias ambientais precisam, antes


de tudo, serem vistas com mais naturalidade pelos auditados. As pessoas ainda
sentem-se muito pouco à vontade com a realização de auditorias. Isso se deve
ao fato de, quando as auditorias eram realizadas com maior ênfase no setor
financeiro, alguns escândalos terem sido revelados, fazendo com que algumas
pessoas perdessem seus empregos e tivessem outros complicadores. O fato é
que as auditorias ambientais surgiram com o foco de estudo e verificação de
não conformidades, mas pensando sempre no caráter preventivo. A prevenção
ainda é a melhor saída. Além de pensar na prevenção, é preciso pensar no que
pode motivar uma empresa a passar pela auditoria e o que motiva uma equipe
a realizar este processo com êxito.

Para saber mais


Auditoria: estudo, análise, verificação, avaliação, de atividades em um determinado espaço. Ela
pode ser realizada por gestores ambientais com a finalidade de monitorar e/ou verificar não
conformidades.

O auditor líder é aquele que comanda as atividades, e depende dele boa


parte da motivação que a equipe precisa ter. Saber que não conformidades
serão apontadas pode servir de estímulo à alta administração da empresa,
principalmente tratando-se de gestores que são preocupados com a prevenção.
Fazer reuniões frequentes com a equipe de trabalho também pode favorecer
ao estímulo de realizar bons estudos nas empresas. Para Little (apud PHILIPPI
JÚNIOR; AGUIAR, 2004, p. 809), um bom programa de auditoria deve conter:
Objetivos explicitamente definidos; limites de escopo cla‑
ramente definidos; abrangência que priorize unidades mais
importantes, sem desprezar as demais; abordagem compatível
com os objetivos; treinamento, experiência e habilidade dos
profissionais que conduzem a auditoria; suporte gerencial e
organização eficazes.

Vimos nas unidades anteriores que analisar alguns riscos é muito importante,
e a equipe de auditoria também precisa pensar nisso, em como avaliar alguns
riscos potenciais para a empresa e a partir dali evidenciar as não conformida‑
des em relatórios. Dependendo do segmento em que a empresa atua, antes de
iniciar a auditoria, ou até mesmo de planejá-la, é necessário estudar alguns
documentos para que a equipe se integre do que será cobrado da auditada.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  77

Questões para reflexão


Imagine que você irá realizar uma auditoria em um curtume, local onde
são recebidas as peles de animais como vacas, bois, ovelhas etc. e essas
peles passam por vários processos até se tornarem o couro tingido e
utilizado como conhecemos. Qual será o critério tomado como base
por você para realizar essa auditoria?

Você já deve saber que o auditor precisa estudar muito sobre o segmento
empresarial e sobre as legislações, normas e resoluções que fazem menção às
atividades desenvolvidas naquele local. Dessa forma, o auditor poderia tomar
como critério a política ambiental do curtume, estudar e compreender quais
são as exigências que a política institui e dessa forma saberá o que é e o que
não é uma não conformidade.
Quanto melhor for a gestão da empresa, menores serão os complicadores
que poderão ocorrer. Essa afirmação com certeza é válida, pois sabemos que
os setores de uma empresa que são atendidos por uma equipe competente,
possuem planejamentos de acordo com a realidade das atividades, adequam
inovações ao setor, discutem alternativas de substituição para algum produto ou
serviço que possa faltar ou deixar de existir etc. Dessa forma, a auditoria vista
como ferramenta de gestão vem corroborar com a autenticidade dos processos
de uma empresa ambientalmente preocupada e comprometida. E você deve
estar se perguntando: quem poderá ser auditor? Será que você poderá realizar
uma auditoria ambiental? Já respondo antecipadamente que com certeza sim,
pois você está estudando muitos conceitos da gestão ambiental e quando ter‑
minar o curso será um profissional capacitado para realizar muitas atividades.
A auditoria ambiental é uma delas. Existe uma classificação que divide as au‑
ditorias entre primeira, segunda e terceira parte, o que veremos mais adiante,
mas de antemão você já deve saber que poderá realizar auditorias internas na
empresa, ou auditoria de primeira parte, como também é conhecida.
Outro quesito interessante de ser lembrado é o de que as auditorias ocorrem
na presença de algumas pessoas, mas seus resultados são sigilosos, portanto, é
esperando do auditor e de sua equipe que sejam discretos quanto ao que está
sendo analisado e que não sejam realizados comentários impróprios entre as
seções e ou departamentos por onde a equipe está passando.

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78  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Uma dificuldade que pode ocorrer é de haver ocultação de informações,


pois muitas vezes, por medo de repreensão ou até mesmo de perderem seus
empregos, as pessoas não colaboram com os auditores. Quando ocorrer isso,
a equipe deverá procurar a alta administração da empresa, ou mesmo algum
chefe de seção e tirar informações possíveis dessas fontes. Outro fato que pode
ocorrer é de haver mentiras em alguns relatos coletados entre funcionários,
vizinhos, entre outros. É preciso ficar atento ao que se ouve e não ter somente
uma fonte de informações para se apoiar. Isso pode ser perigoso e pode levar
o auditor e sua equipe a considerar algum fato que não tenha relevância no
processo.
Na Figura 4.1 podemos analisar como o sistema de gestão precisa passar por
verificações contínuas e por meio de auditorias ambientais sua eficácia pode
ser assegurada, desde que as ações corretivas se concretizem com rapidez para
que as não conformidades sejam resolvidas.

Figura 4.1  Ciclo de melhoria contínua do SGA

utilização
necessidade de de auditorias
sistema de gestão
verificar a eficácia ambientais como
ambiental (SGA)
do SGA ferramenta de
gestão

melhoria continua
relatório de
do sistema de
auditoria com as
gestão mediante
não conformidades
correção das não
listadas para análise
conformidade

Fonte: Do autor.

1.1 Sujeitos envolvidos no processo de auditoria


Nesta seção avaliaremos quais são os sujeitos envolvidos no processo de
auditoria e quais são os requisitos que cabem a cada participante.
A realização de uma auditoria ocorre desde que haja partes interessadas
em passarem pelo processo, tais como: auditor líder, que é o responsável pela
auditoria, auditado, que é a empresa, prefeitura, escola, entidade, que passará

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  79

pela auditoria e o cliente que é o solicitante da auditoria. Não necessariamente


essas partes precisam ser a mesma pessoa, mas também podem ser a mesma
pessoa. Vamos explicar melhor.
Existe a possibilidade de você ter uma empresa e querer que seus próprios
funcionários realizem uma auditoria. Neste caso, você faz o papel de cliente,
pois é o solicitante da auditoria, e também de auditado, pois é sua empresa que
passará pelo processo de auditoria. Além do mais, seus próprios funcionários
é que realizarão o estudo, portanto também são considerados como parte da
empresa. Este tipo de auditoria é conhecida como auditoria de primeira parte,
pois envolve uma parte só realizando todos os procedimentos. Vamos analisar
a seguir e verificar quais são os sujeitos envolvidos no processo de auditoria.
Auditor líder ambiental: a maior responsabilidade pelo processo de auditoria
é do auditor líder. Ele deve ter a capacidade de: lidar com pessoas, estimular
a boa convivência entre os demais colegas, deve saber ouvir, saber falar, inter‑
pretar informações, ter experiência em auditorias ambientais, ter boa formação
intelectual e técnica, entre muitas outras responsabilidades.
Auditor ambiental: também possui diversas responsabilidades, porém deve
sempre ouvir e respeitar ao máximo o que o auditor líder disser ou fizer. O
auditor deve apoiar o auditor líder, preparar documentos que serão utilizados
na auditoria, verificar tudo que está sendo realizado pela equipe de trabalho
e auxiliar na confecção do relatório de auditoria, evitando que erros ou pro‑
blemas possam ocorrer.
Fotógrafo, químico, motorista etc.: na eventualidade da auditoria precisar
de outros profissionais, deve-se procurar aqueles que são capacitados e treina‑
dos para verificar a ocorrência de não conformidades. Pode ser necessário que
geógrafos, geólogos, engenheiros agrônomos, químicos, fotógrafos, motoristas,
gestores ambientais, biólogos, façam parte da equipe, dependendo do escopo
e dos objetivos da auditoria.
Cliente: o cliente é aquele que contrata a equipe de auditoria para realizar
os trabalhos no local indicado. Ele é o responsável por fazer o pagamento
do serviço aos auditores e também por definir os objetivos da auditoria, qual
o escopo, porque há necessidade da auditoria e também fazer a seleção da
equipe auditora.
Auditado: o auditado é aquele que passará pela auditoria. Pode ser um
posto de combustível, um curtume, um loteamento, uma prefeitura, um cam‑
pus universitário, uma indústria etc. Pode ser empresas e ou organizações de

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80 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

qualquer tamanho e com qualquer número de funcionários. Deve colaborar


com a equipe e fornecer os objetos solicitados, bem como ceder alguma sala
ou escritório para os auditores, caso necessário.
Demais colaboradores: pode haver necessidade de mais colaboradores
fazerem parte da auditoria, tais como: funcionários do auditado, redatores,
copistas etc.
Como o auditor líder é a figura principal do processo de auditoria, convém
ressaltar mais algumas funções que o mesmo desempenha. Campos e Lerípio
(2009, p. 14) ressaltam que: “[...] o auditor líder é a figura principal no pro‑
cesso de condução de uma auditoria ambiental. É responsável por assegurar
ao cliente a eficiente e eficaz condução e conclusão da auditoria, de acordo
com o escopo e plano de auditoria aprovado pelo cliente”. Demais responsa‑
bilidades que competem a ele:
Em reunião com o cliente, definir quais são as prioridades durante
a auditoria e o que o cliente quer, quais seus objetivos e suas aspi‑
rações sobre a auditoria;
Verificar previamente, mediante estudo de documentos que sejam
importantes, quais normas, padrões, e legislações devem ser seguidas
rigorosamente durante todo o processo;
Elaborar croquis, tirar fotos e documentar toda a auditoria realizada
para que caso existam dúvidas quanto aos procedimentos, as mesmas
possam ser sanadas com rapidez;
Tomar como base a norma ABNT NBR ISO 19011:2002 (ASSOCIA‑
ÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002) e verificar todos
os requisitos que se espera que sejam cumpridos pelo auditor e sua
equipe;
Manter‑se imparcial durante a auditoria e respeitar os objetivos e
razões que os clientes possuem para realizar a auditoria;
Elaborar o plano de auditoria conforme as necessidades do cliente,
cumprindo cada etapa em seu prazo definido e apresentando resul‑
tados ao cliente;
Caso haja qualquer dúvida, discussão, problema durante o processo
de auditoria, é o auditor líder que precisa se posicionar e resolver a
situação, pois é isso que se espera desse profissional;
Conferir toda e qualquer informação que chegue ao cliente para
evitar que sejam entregues relatórios incompletos ou sem nexo;

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Auditoria ambiental 81

Caso durante o planejamento da auditoria sejam solicitados objeti‑


vos e outras atividades que sejam impossíveis ou inviáveis de serem
cumpridas, o auditor líder precisa saber se posicionar e relatar tais
fatos ao cliente, sempre pensando na segurança dos demais colabo‑
radores e também nas reais possibilidades de trabalho.

Links
Para conhecer mais sobre a norma ABNT NBR ISO 19011: 2002 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2002), acesse o link a seguir e veja a norma na íntegra:
<http://www.cefetsp.br/edu/jcaruso/apostilas/iso19011.pdf>.

1.2 Classificação das auditorias


Nesta seção conheceremos as classificações das auditorias ambientais para
poder escolher qual tipo poderá ser realizado diante do objetivo de auditoria
proposto pelo cliente e equipe auditora.
Para auxiliar na compreensão dos vários tipos de auditorias existentes, a
classificação desta seção irá auxiliar a você analisar que para cada objetivo há
um tipo de auditoria ambiental. Essa classificação é delimitada por auditores
experientes e possibilita a designação de quantas partes estarão envolvidas na
auditoria e o que se quer com essa auditoria.
O processo de auditoria é simples, mas alguns passos precisam ser respeitados
para que se tenha êxito no estudo. Nesse processo são buscadas evidências, pois
se um problema não foi comprovado como não conformidade, ele ainda é consi‑
derado uma evidência. Essa evidência precisa de ser analisada diante dos critérios
de auditoria e aí serão delimitadas ou não as não conformidades de auditoria.
Uma questão de bastante relevância em relação às auditorias se pauta so‑
bre a sua não obrigatoriedade, por isso se diferem de perícias e fiscalizações,
onde essas últimas são conduzidas por entidades com poder de polícia e le‑
vam a algum tipo de punição. As auditorias, na maior parte dos casos, não são
obrigatórias, salvo as compulsórias, das quais falaremos mais adiante. Neste
momento, vale a pena ressaltar que nem todas as auditorias são obrigatórias,
ou seja, ocorrem devido à vontade do auditado, o qual percebe que há neces‑
sidade de avaliar sua empresa, ou algum setor, atividade, para analisar como
está a produtividade, como está seu desempenho ambiental, se o SGA está
preparado para ser certificado etc.

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82 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Se pensarmos em quem aplica as auditorias, ou seja, as partes que se envolvem


no momento de coletar os dados, analisá‑los e relatá‑los no relatório de auditoria,
temos 3 partes que, segundo Campos e Lerípio (2009) podem ser listadas como:
Auditoria de terceira parte: quando são realizadas por uma empresa contratada,
ou seja, independente da empresa que será auditada, não havendo vínculo entre
os auditores e o auditado. É um tipo de auditoria EXTERNA, pois se trata de uma
empresa contratada, que é externa à auditada. Neste tipo de auditoria, os auditores
contratados chegam até o cliente e estabelecem um contato inicial onde é ouvido
o que o cliente espera da auditoria. Ele relata seus objetivos e o auditor expõe
como seria a auditoria, como seriam analisados os setores, analisando os principais
formulários a serem analisados, sempre pensando na necessidade do cliente. Vale
a pena ressaltar que o cliente, o auditado e o auditor são pessoas diferentes, por
isso este tipo de auditoria é conhecido como de terceira parte. Quando se tem a
intenção de certificar o SGA da empresa que será auditada, é uma auditoria de ter‑
ceira parte que é feita, e neste caso a norma tomada como base é a ABNT NBR ISO
14001: 2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a). Veja
na Figura 4.2 o desenho que relata como a auditoria de terceira parte é observada.
Figura 4.2 Partes envolvidas na auditoria de terceira parte

Fonte: Do autor (2013).

Você percebeu, portanto, que as auditorias de terceira parte envolvem 3


partes e essa classificação se restringe à aplicabilidade da auditoria. Sobre as
empresas que realizam auditorias de terceira parte, para fins de certificação do
SGA, na unidade 3 deste livro poderão ser consultadas quais são essas empresas
e qual é a atuação das mesmas, em quais países etc.
Também existem as auditorias de segunda parte, ou seja, estão envolvidos
neste processo dois sujeitos que são importantes. O auditor e o cliente são os
mesmos sujeitos e há uma segunda parte envolvida, que é a empresa que será

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Auditoria ambiental 83

auditada. Essa auditoria também é conhecida como auditoria de fornecedor,


pois há a presença de um cliente auditando um fornecedor. Essas auditorias são
muito comuns em empresas que possuem rígidos padrões de qualidade em rela‑
ção à produção e por isso precisam auditar seus fornecedores para saber como
são as práticas dos mesmos, garantindo assim que quando os suprimentos que
são comprados desse fornecedor chegarem ao cliente entrarão num processo
produtivo preocupado com o desempenho ambiental de toda a cadeia produtiva.
Isso significa pensar no ciclo de vida do produto, algo que tem sido feito em
grande escala por muitas empresas. Faria (2009, p. 1) ressalta que as auditorias
de segunda parte são:
Auditorias realizadas por terceiros que tenham interesse no
resultado da auditoria. São, por exemplo, fornecedores, clien‑
tes e outras partes interessadas, porém sem o objetivo de
certificação. Geralmente são utilizadas para a verificação de
empresas durante um processo de contratação e, por isso,
podem se basear em critérios definidos pelo realizador da
auditoria. Exemplo: um comprador de couro para fabricação
de sapatos pode querer verificar a adequação ambiental de
seu fornecedor de couros e, para isso, realizar uma auditoria.
Ele pode utilizar uma norma de referência que seja utilizada
pelas duas empresas, como a ISO14001, ou critérios próprios.

Na Figura 4.3 é possível verificar que o auditor e o cliente são a mesma pes‑
soa nas auditorias de segunda parte, sendo o auditado a outra parte envolvida.
É necessário avaliar que esse tipo de auditoria pode favorecer muito as nego‑
ciações entre empresas que possuem alto interesse em uma cadeia produtiva
bem estruturada e verificada com frequência.
Figura 4.3 Partes envolvidas na auditoria de segunda parte

Fonte: Do autor (2013).

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84 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Além das auditorias de terceira e segunda parte, existem as auditorias de


primeira parte, que são muito comuns, pois são as auditorias realizadas com
bastante frequência dentro das empresas para analisar quesitos como: avaliar
algum setor específico, analisar o desempenho ambiental da empresa frente
ao requisito tomado como base, que pode ser: política ambiental, resolução
CONAMA, legislação municipal, estadual e/ou federal, entre outros critérios.
Exigem pouca movimentação externa, ou seja, dificilmente existe a participação
de algum funcionário que não seja da organização, salvo em casos quando é
necessário fazer algum exame em amostras de água, solo, ou produto tóxico e
a empresa não possui paramentos para tal análise.
As empresas que realizam auditorias espontâneas, de primeira parte, são
vistas com muito bons olhos por consumidores, bancos, órgãos ambientais, pois
mostram que estão comprometidas com a melhoria contínua de seus sistemas
de gestão ambiental e que as atividades desenvolvidas estão em regularidade
com tudo que lhes é solicitado. Para Campos e Lerípio (2009), é preciso res‑
saltar que como os auditores internos são funcionários das organizações, eles
precisam auditar departamentos independentes dos que atuam para evitar cons‑
trangimentos e/ou algum tipo de punição indevida. Da mesma forma, é preciso
avaliar a atuação de auditores que são subordinados à alta administração, por
exemplo, realizarem a auditoria neste setor, pois o conflito hierárquico pode
se estabelecer e isso não é bom para a empresa.
Faria (2009, p. 1) expõe que:
Auditoria interna é realizada periodicamente pelos funcioná‑
rios da própria empresa ou contratados por ela, geralmente,
como preparação para auditorias de terceira ou segunda parte
ou para verificação da conformidade do sistema de gestão.
Na Figura 4.4 é possível verificar como a auditoria de primeira parte é es‑
truturada, sendo o auditor, o auditado e o cliente a mesma pessoa.
Figura 4.4 Partes envolvidas na
auditoria de primeira parte

Fonte: Do autor (2013).

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Auditoria ambiental 85

Quanto à aplicabilidade, vimos que as auditorias são classificadas em pri-


meira, segunda e terceira parte. Dessa forma, os atores envolvidos no processo
permitem que haja essa classificação mediante quem realiza a auditoria. Para
continuar analisando a classificação das auditorias, temos os tipos de auditoria
que serão realizadas e essa classificação está diretamente ligada aos objetivos
e critérios da auditoria ambiental. Dessa forma, segundo Campos e Lerípio
(2009), Barbieri (2007), Faria (2009) e Philippi Júnior e Aguiar (2004) existem
os seguintes tipos de auditoria ambiental:
Auditoria ou análise crítica ambiental;
Auditoria de conformidade (compliance) também conhecida como
auditoria compulsória;
Auditoria ambiental de acompanhamento;
Auditoria ambiental de verificação de correções ou de follow-up;
Auditoria de fase I e fase II;
Auditoria de aquisição, fusão e alienação (duediligence);
Auditoria de sistema de gestão ambiental;
Auditoria de questões isoladas;
Auditoria de desperdícios e de emissões;
Auditoria pós‑acidente;
auditoria de descomissionamento;
Auditoria de cadeia produtiva (cadeia de custódia).
Para que você sinta confiança de que saberá cada um dos tipos de auditoria,
confira a seguir a explicação de cada um, para qual finalidade são realizadas e
como essas auditorias podem auxiliar as organizações que estiverem passando
por tais exames sistemáticos de avaliação.
Auditoria ou análise crítica ambiental: este tipo de auditoria é realizada
por empresas que ainda não possuem um sistema de gestão ambiental, mas
que gostariam de saber qual o seu desempenho ambiental, para que futura‑
mente seja implantado um SGA, ou ainda para poderem participar de algum
tipo de licitação, de premiação, de concurso etc. Esse tipo de auditoria é
um dos mais comuns e muito utilizados, pois geralmente são auditorias de
primeira parte, realizadas pelos próprios funcionários da empresa e com os
critérios estabelecidos por eles mesmos. Nesta categoria devem ser incluídas
as auditorias de passivos ambientais, pois os passivos representam um mal
desempenho da organização.

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86  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Auditoria de conformidade (compliance) também conhecida como audi-


toria compulsória: as auditorias de conformidade são utilizadas para avaliar o
cumprimento aos requisitos tomados como base os quais podem ser: legislações,
normas, políticas ambientais etc. Como já relatei anteriormente, as auditorias
se diferem de inspeções e fiscalizações por serem previamente agendadas e
combinadas além da não obrigatoriedade da empresa ter que passar por uma
auditoria ambiental. Ocorre que no Brasil, em alguns estados, existem as audi‑
torias ambientais compulsórias, que são aquelas obrigatórias. Por exemplo, se
pensarmos em auditorias de sistema de gestão da qualidade, fica fácil perceber
o quanto essas auditorias são realizadas, como no caso de brinquedos. Sempre
que você vai comprar um brinquedo, você deve reparar que existem selos de
empresas ou órgãos habilitados que realizaram auditorias compulsórias em
relação ao produto que será vendido. O mesmo ocorre com fios para energia
elétrica, cabos, ferramentas, instrumentos médicos e hospitalares etc. Como
relatei anteriormente, alguns estados são obrigados a realizarem auditorias
ambientais compulsórias em algumas atividades, conforme o Decreto Esta‑
dual nº 2.076, de 7 de novembro de 2003 que aprova o regulamento da Lei
nº 13.448/2002 do estado do Paraná, que diz o seguinte:
A auditoria ambiental compulsória periódica será determi‑
nada às pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas
cujas atividades estejam elencadas na Lei nº 13.448, de 11
de janeiro de 2.002 ou as que, a qualquer tempo, gerem ou
venham a gerar impactos ou riscos ambientais relevantes, e
será efetivada com intervalo máximo de 04 (quatro) anos, na
forma e nas condições previstas em lei, neste regulamento e
demais normas pertinentes (PARANÁ, 2002, p. 1).

Para saber mais


Além do Paraná, os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais também possuem
decretos e resoluções que impõem a obrigatoriedade de realizar auditorias compulsórias em
empreendimentos que possam causar impactos ambientais de grande proporção. Pesquise na
internet, verifique no estado onde mora se existe alguma legislação para ser aprovada que esteja
fazendo referência às auditorias compulsórias.

No Quadro 4.1 você poderá verificar algumas atividades que são obriga‑
tórias a passarem por auditorias ambientais. As empresas que produzem estes

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tipos de produtos devem manter-se em conformidade total com legislações e


normas, a fim de evitar transtornos, tais como perda de licenças, multas etc.

Quadro 4.1  Atividades sujeitas à auditoria ambiental compulsória no estado do Paraná

ATIVIDADES EXEMPLIFICATIVAMENTE SUJEITAS À AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA


PERIÓDICA (art. 4º, incisos I a XXI — Lei nº 13.448/2002 PR)
I — refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e seus derivados;
II — instalações destinadas à estocagem de substâncias tóxicas e perigosas;
III — instalações de processamento e/ou de disposição final de resíduos tóxicos e perigosos;
IV — unidades de geração e transmissão de energia elétrica;
V — instalações de tratamento e disposição final de esgotos domésticos;
VI — indústrias petroquímicas e siderúrgicas;
VII — indústrias químicas e metalúrgicas;
VIII — instalações portuárias;
IX — atividades de extração e beneficiamento mineral;
X — instalações de processamento, recuperação e destinação final do lixo urbano;
XI — indústrias de papel e celulose;
XII — gasodutos;
XIII — usinas de álcool;
XIV — instalações de processamento e produção de carvão vegetal;
XV — indústrias de produção de cimento;
XVI — indústrias de tratamento de superfície;
XVII — atividades agrícolas com uso intensivo de agrotóxicos;
XVIII — empresas do setor madeireiro;
XIX — empresas de extração de areia;
XX — instalações de processamento e destinação final de lixo hospitalar;
XXI — curtumes
Fonte: Paraná (2003, p. 1).

Pelas atividades listadas, é possível verificar aquelas que causam impactos


ambientais significativos são aquelas que devem passar por auditorias ambien‑
tais compulsórias e acreditamos ser realmente interessante que seja assim, pois
a verificação contínua dos procedimentos adotados por tais segmentos é neces‑
sária e contribui para que desastres ambientais possam diminuir, mediante uma
gestão objetiva e preocupada com suas obrigações frente ao meio ambiente.
Auditoria ambiental de acompanhamento: está diretamente ligada às audi‑
torias de certificação, sobre a qual falaremos na próxima unidade. As auditorias
de acompanhamento são utilizadas para verificar se a empresa que recebeu a

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certificação continua trabalhando para manter seu certificado. Como ao final


de 3 anos o certificado pela ABNT NBR ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRA‑
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a) tem sua validade vencida, a empresa
precisa realizar auditorias ambientais de acompanhamento para garantir que
seus procedimentos continuem a ser realizados com rigor para que futuramente
seu certificado seja renovado.
Auditoria ambiental de verificação de correções ou de follow-up: quando
são realizadas auditorias ambientais, é feito um relatório de auditoria, que é
o documento final expedido e enviado ao cliente. Neste relatório constam as
não conformidades verificadas durante a auditoria. Para monitorar se as não
conformidades relatadas estão sendo corrigidas, é possível realizar auditorias
de verificação de correções, que também são conhecidas com auditorias de
follow-up. Este procedimento auxiliará muito na análise, pela alta administração
da empresa, se os procedimentos de correção foram colocados em prática ou
se ainda há alguma pendência a ser resolvida.
Auditoria de fase I e fase II: esses dois tipos de auditoria são também bas‑
tante utilizados por permitirem um aprofundamento de análise e verificações
mediante o indício de alguma não conformidade. Às vezes a empresa é de
pequeno porte e não pode gastar com uma auditoria completa; neste caso, é
possível realizar uma auditoria de fase I, em que serão analisados os principais
indícios e realizar mediante eles um relatório. A auditoria pode encerrar nesta
fase inicial, caso seja possível e viável. Se o setor de gestão ambiental avaliar
que é necessário prosseguir com os estudos, aprofundando as informações
que foram previamente coletadas, é realizada a fase II da auditoria, onde serão
coletadas evidências com maior afinco para que sejam analisadas em detalhes.
Dessa forma haverá duas fases do processo de auditoria por a empresa entender
que foi viável prosseguir analisando as evidências que se tornarão não confor‑
midades mediante análise contra o critério de auditoria.
Auditoria de aquisição, fusão e alienação (duediligence): este tipo de au‑
ditoria é realizada para verificar possíveis riscos, custos associados e passivos
ambientais de empresas que estão em negociação. Também são utilizadas por
empresas que realizarão um empréstimo em banco ou outra organização finan‑
ceira, bem como por empresas que serão desativadas, no intuito de provarem
que não há passivos ambientais sob sua responsabilidade. Um exemplo para
que você entenda melhor: imagine que uma empresa vá ser comprada por um
grupo de empresários muito responsáveis em relação ao meio ambiente. Neste

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caso, esses empresários podem contratar uma empresa para realizar uma au‑
ditoria de terceira parte, no intuito de verificar se existem passivos ambientais
gerados pela empresa. O resultado dessa auditoria poderá ser decisivo frente
à decisão que será tomada pelo grupo de empresários sobre comprar ou não
a empresa em questão.
Auditoria de sistema de gestão ambiental: este tipo de auditoria é realizada
por empresas que possuem sistemas de gestão ambiental e querem verificar o
cumprimento dos critérios estabelecidos pela empresa em sua política ambiental
e nos demais documentos tomados como base. É comum que empresas que
possuem sistemas de gestão ambiental passem por algumas auditorias visando
verificar a conformidade com os requisitos tomados como base pela empresa,
pois posteriormente pode ocorrer auditoria para finalidade de certificação do
SGA, tomando como base a ABNT NBR ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRA‑
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a). Campos e Lerípio (2009) sugerem
que as auditorias de SGA podem evoluir para auditoria inicial, que também
é conhecida como auditoria pré-certificação onde a empresa passará por um
exame inicial, visando verificar sua condição de passar pela auditoria de certi‑
ficação do SGA. Essa auditoria inicial é interessante, pois permite que algumas
não conformidades possam ser resolvidas até que ocorra a próxima auditoria
que é a de certificação. Vale a pena lembrar que a auditoria inicial ou de pré‑
-certificação não é obrigatória quando do processo de certificação do SGA, mas
ela ajuda muito a empresa correr menos risco de não conseguir o certificado,
pois a possibilidade de encontrar não conformidades poderá diminuir. A au-
ditoria de certificação é obrigatória e por meio dela é que a empresa poderá
conseguir seu certificado do SGA. A norma tomada como base é a ABNT NBR
ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a)
e são seguidas rigorosamente os requisitos especificados na mesma. Caso a
empresa consiga a certificação, ela terá validade de três anos e ao final deste
período deverá passar novamente por uma auditoria para verificar se há pos‑
sibilidade de adquirir a recertificação. O que se espera da empresa que passa
por uma auditoria para renovar seu certificado? Obviamente que ela esteja mais
bem estruturada e gerida ambientalmente, pois a melhoria contínua é um dos
requisitos mais cobrados pelas entidades certificadoras. Mais de um tipo de
auditoria pode ser realizada ao mesmo tempo e elas todas juntas podem ser
vistas como um completo ciclo de avaliação que levará à melhoria contínua
dos setores auditados, caso as não conformidades sejam transformadas em

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conformidades. Veja na Figura 4.5 o ciclo de melhoria contínua que pode ser
colocado em prática mediante à realização de auditorias e correção das não
conformidades apontadas.

Figura 4.5  Ciclo de melhoria contínua

empresa social e
ambientalmente
responsável

correção das não


conformidades e implantação de um
busca constante sistema de getão
pela melhoria ambiental
contínua

verificações por constante


meio de auditorias treinamento de seus
ambientais funcionários

Fonte: Do autor (2013).

Para evitar dissabores de não conseguir a renovação do certificado após três


anos, existem as auditorias de manutenção que são realizadas de acordo com
o período definido pela empresa auditada. Pode ser de três em três meses, a
cada seis meses ou até mesmo anualmente. O objetivo é garantir que durante
este período a empresa corrija alguma não conformidade que possa ocorrer
para que na auditoria de recertificação não haja problemas de não conseguir a
renovação do certificado. Por fim, como já dissemos anteriormente, a audito‑
ria de recertificação é aquela que garantirá a renovação do certificado e pode
ocorrer dois ou três anos após a auditoria principal. Neste livro, na Unidade 3,
discutiremos melhor este tipo de auditoria que tem por finalidade a certificação
do SGA.

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Auditoria de questões isoladas: este tipo de auditoria é realizada para veri‑


ficar em áreas particulares a instalação de alguma máquina, de algum setor de
gerenciamento de poluentes e/ou resíduos etc. Campos e Lerípio (2009) deli‑
mitam que há possibilidade de ser chamada de auditoria de atividade quando
analisa alguma atividade em específico, podendo inclusive ser realizada em
outros países e cidades; Auditoria de processo, quando se verifica o controle
de algum processo em andamento na empresa auditada. E por fim, auditoria
de questões emergentes, onde se verifica um cenário futuro para verificar
como a empresa está preparada para enfrentar desafios que poderão surgir.
São auditorias interessantes de serem realizadas, pois permitem a averiguação
em setores isolados, o que confere um maior detalhamento das atividades que
serão analisadas.
Auditoria de desperdícios e de emissões: empresas preocupadas com suas
finanças realizam este tipo de auditoria frequentemente. Trata-se de um tipo
de estudo voltado ao desperdício que ocorre em toda a extensão da empresa,
visando melhorar os processos onde estão inseridos. Há também preocupação
com os impactos ambientais causados pelos desperdícios evidenciados. Ima‑
gine que uma empresa de embalagens está desperdiçando 5% de suas matérias
primas por conta de transporte inadequado. É possível fazer uma avaliação e
verificar se esses materiais precisam ser mais bem acondicionados para evitar
o desperdício durante o transporte.
Auditoria pós-acidente: este tipo de auditoria é realizada após a ocorrência
de um acidente, para verificar os motivos, os possíveis responsáveis e as possibi‑
lidades de recorrência do fato. É bastante comum e são muito proveitosas, pois
o resultado confere um estudo prévio dos riscos futuros de novas ocorrências,
o que permite o planejamento de ações que resultarão na prevenção de novos
acidentes. A auditoria pós-acidente é uma ação corretiva que pode ser vista,
em seu resultado final, como ação corretiva, pois visa identificar as possibili‑
dades e riscos futuros, facilitando ao auditado a tomada de providências para
minimizar ou extinguir esses riscos.
Auditoria de descomissionamento: quando uma empresa resolve mudar
de cidade, bairro ou estado é importante verificar se o seu fechamento poderá
afetar ou causar riscos à população que permanece em seu entorno. Dessa
forma, a auditoria de descomissionamento é realizada para verificar quais são
esses riscos e listá-los em um relatório. Imagine o exemplo a seguir: se uma
usina nuclear vai ser desativada, é preciso realizar um estudo para verificar

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como a população do entorno ficará, mediante as construções e resíduos da


indústria que também ficarão para trás. Caso haja risco iminente, esse deverá
ser registrado no relatório de auditoria. No caso de mudança de local também
há essa preocupação, inclusive porque empresas irresponsáveis se comportam
como se nada tivessem de vínculo com o espaço deixado para trás, o que é
incorreto. Ações de preocupação com o entorno, com a sociedade e com a
opinião pública são vistas como possibilidade de agregar valor ao produto ou
serviço oferecido pela empresa, pois mostra a sua responsabilidade social e
ambiental. Dessa forma, quando a empresa decide se mudar, ela pode, inclusive,
realizar algum projeto que confira à comunidade algum benefício pelo tempo
em que esteve localizada no bairro, causando barulho, aumento no tráfego de
carros e caminhões, poluentes atmosféricos, entre outros.
Auditoria de cadeia produtiva (cadeia de custódia): esse tipo de auditoria
ocorre quando se quer conhecer o ciclo de vida de um produto. É analisada toda
a cadeia produtiva, desde a extração dos recursos naturais que serão emprega‑
dos na produção do objeto até seu ciclo produtivo completo. Na atualidade,
muito tem-se cobrado das empresas sobre o ciclo de vida de seus produtos,
visando uma produção mais limpa e eficaz. Inclusive o sistema de logística
reversa também tem sido discutido e ainda muitas empresas insistem em não
assumir suas responsabilidades, dificultando a vida dos consumidores, a partir
do momento que não disponibilizam locais adequados para a devolução dos
produtos e materiais já utilizados. Vejamos a seguir o que Leite (2009, p. 5)
escreve sobre a logística reversa:
Tendo em vista que as condições de retorno dos produtos e ma‑
teriais são peculiares na Logística Reversa, tratando-se em geral
de produtos com natureza heterogênea, fluxos com frequência
e quantidades pouco regulares, com previsibilidade menor, em‑
balagens indefinidas em muitos casos, sistemas de informações
especializados, relacionamento entre os atores, precificação e
vendas dos produtos e materiais, entre outros aspectos exigem
sistemas e prestadores de serviços especializados. A aplicação
de técnicas de planejamento logístico equivalentes às utilizadas
na logística direta é um caminho para maior eficiência. Tratar as
redes de distribuição e de retorno simultaneamente certamente
conduzirá a resultados mais eficientes.

Como vimos nesta seção, os tipos de auditoria definem o que será verificado,
quem realizará as atividades, bem como quais são os objetivos da realização
das auditorias. Muitas empresas optam por realizar vários tipos de auditorias

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Auditoria ambiental 93

durante o ano, visando assegurar que suas práticas sejam cada vez mais limpas
e em conformidade com os requisitos tomados como base. Na seção a seguir,
discutiremos o planejamento das auditorias e poderemos analisar o formulário
que pode ser tomado como base para realização do mesmo.

1.3 Planejamento da auditoria


Nesta seção você poderá avaliar como ocorre o planejamento de uma au‑
ditoria ambiental, desde listar objetivos, objeto de estudo, escopo, cronograma
até chegar o momento de realizar o procedimento de auditoria.
É fundamental planejar uma auditoria para que ela ocorra com tranquili‑
dade e cumprindo todos os objetivos traçados. O sucesso do estudo depende
deste item e muito se tem a pensar quando o planejamento será executado.
Uma boa conversa com o cliente pode esclarecer dúvidas, alcançar o objetivo
desejados discutir se é ou não possível realizar aquele tipo de estudo, visto que
a segurança dos auditores, bem como a viabilidade da execução da auditoria,
também precisam ser verificados. Algumas vezes, clientes solicitam atividades
que não poderão ser executadas por várias razões e isso deve ser conversado
claramente para evitar preocupações futuras.
O planejamento pode ser pensado durante todo o processo e sempre que
a equipe necessitar, deve se voltar ao formulário, principalmente para verificar
se estão cumprindo prazos e demais combinados. A definição dos objetivos e
do escopo são os primeiros itens a serem contemplados no planejamento da
auditoria. Como objetivos para realização de auditorias ambientais podemos ter:
Avaliar desperdícios e impactos ambientais;
Verificar a conformidade de ações mediante requisito base;
Verificar causas e riscos de acidentes;
Obter a certificação do SGA;
Avaliar o desempenho e ações dos fornecedores;
Verificar o desempenho ambiental do SGA;
Avaliar consumo de energia e demais materiais utilizados;
Melhorar a imagem da empresa visando obter empréstimos e finan‑
ciamentos bancários;
Verificar a ocorrência de passivos ambientais;
Utilização e armazenagem de produtos químicos ou perigosos;
Instalação de unidade para tratamento de efluentes;

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Mudança, reformas e instalações de empresas em outros municípios;


Avaliação da empresa perante ao meio ambiente, visando à sua va‑
lorização para negociação em bolsa de valores.
Agora que você já sabe que o estabelecimento do objetivo da auditoria é
muito importante, vamos nos ater ao escopo da auditoria. O auditor deve con‑
versar com o cliente e estabelecer qual será o espaço coberto pelo estudo, ou
seja, a área total, os setores da organização, período etc. Vamos ver na Figura
4.6 os itens contemplados na definição do escopo da auditoria:

Figura 4.6 Definição do escopo da auditoria

Fonte: Do autor (2013).

Para definição da localização geográfica é preciso verificar onde a empresa


está localizada e verificar se você possui equipe para atendê‑la dentro do ob‑
jetivo e prazo propostos. Quanto à área da organização que será coberta pelo
estudo, poderá ser definido junto aos clientes se serão somente algumas seções,
ou até mesmo somente aquela unidade produtora em análise. Os materiais que
serão produzidos para analisar o objeto em estudo devem ser compatíveis com
a extensão que os auditores irão percorrer. A definição do objeto deve ser feita
junto ao cliente, e possivelmente junto ao auditado, dependendo do que for
combinado entre as partes participantes da auditoria. O objeto a ser analisado
deve ser visto como o foco da auditoria e não pode ser perdido de vista em ne‑
nhum momento. Vamos exemplificar: imaginando que a empresa a ser auditada
solicitou que o objeto em análise seja os efluentes produzidos por eles. Logo, a
equipe de auditoria irá traçar os objetivos e elaborar os materiais necessários para
verificar a disposição desses resíduos, a classificação, entre outras possibilidades.
O período de duração de uma auditoria varia muito de acordo com tudo que já

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  95

foi escrito até aqui. Empresas menores e que tenham poucas análises a serem
feitas, passarão por auditorias durante um período do dia. Empresas maiores e
que dependam de estudos mais aprofundados e detalhados poderão ficar com
a presença dos auditores por três a cinco dias. Isso pensando somente em ativi‑
dades in loco, ou seja, dentro da empresa, pois já sabemos que uma auditoria
não se inicia somente lá dentro, visto que a etapa de negociação com o cliente
e a análise de documentos é anterior à aplicação dos questionários de avaliação.
O formulário a seguir (Quadro 4.2) pode ser utilizado para planejar as
auditorias que você for realizar. Note que você pode inserir outros itens que
considerar necessários e importantes. Vamos analisar os itens que constam nele
e verificar sua importância.

Quadro 4.2  Formulário para planejamento da auditoria ambiental

1) Identificação do
auditado: (nome da Nesta etapa é preciso identificar o auditado com todos os seus
empresa, instituição, dados.
corporação etc.)
Conforme relatado anteriormente, o objetivo da auditoria precisa ser
2) Objetivo da auditoria bem delimitado e precisa ser viável de ser executado para que não
perca o foco e não coloque os profissionais da auditoria em risco.
3) Escopo da auditoria:
(localização; setores
da empresa que pas‑
sarão pela auditoria;
O escopo irá delimitar o espaço a ser percorrido pela equipe de
o que será analisado?
auditoria. Esta definição é feita entre os profissionais e o cliente,
Geração de resíduos?
às vezes pelo auditado quando ele não for o cliente. O período de
Consumo de maté‑
duração da auditoria irá depender de acordo com a delimitação do
rias- primas? Gasto
escopo.
excessivo de fontes de
energia? Emissões de
gases poluentes? Con‑
taminação da água?
Como critérios de auditoria muitos documentos e normas podem ser
utilizados conforme exemplos a seguir:
4) Critérios a serem
ABNT NBR ISO 14001:2004; ABNT NBR ISO 19011:2002; Resoluções
utilizados
CONAMA; Legislação federal; Legislação estadual; Legislação munici‑
pal; Política ambiental da empresa; Código de conduta da empresa;
A equipe poderá ser definida de acordo com o objetivo e escopo.
Auditorias maiores envolverão vários profissionais, como: auditor
líder, auditor, químicos, gestores ambientais, geólogos, geógrafos,
5) Equipe de auditoria engenheiros, entre outros profissionais. Muitos outros profissionais
podem ser envolvidos dependendo da limitação de cada um, in‑
cluindo digitadores e motoristas, que facilitam o processo de deslo‑
camento e redação do relatório.
continua

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96  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

continuação
6) Duração da auditoria Normalmente de 3 a 5 dias, de acordo com o escopo e objetivo.
O cronograma deve ser construído pensando na possibilidade
real de execução, para que não haja não cumprimento dos prazos
estabelecidos, pois essa atitude torna a relação com o cliente muito
ruim. Cumprir prazos e desempenhar um bom trabalho é a garantia
de ter trabalhos futuros com esses clientes. O cronograma deve ser
estipulado por dia e a cada período do dia as atividades precisam
7) Cronograma de ativi‑ ser listadas conforme exemplo a seguir:
dades Dia 15/11 — Início das atividades na empresa.
8:00 apresentação da equipe na reunião de abertura
9:30 início da coleta de dados e informações
12:00 pausa para almoço
13:30 retorno para coleta de dados no setor ____________________.
17:00 reunião com a equipe de auditoria para relatar a coleta de
dados do dia e discutir se houve falha ou falta de informações.
Todos os recursos necessários precisam ser listados e passados ao
8) Recursos necessários
cliente. Caso precisem de salas para fazerem reuniões e outros
para execução da
equipamentos, auxiliares etc, deve-se avisar os responsáveis pela
auditoria
empresa sobre essas necessidades.
A estrutura do relatório é importante e deve ser seguida rigorosa‑
9) Estrutura do relatório
mente. Como é sabido, o relatório é confidencial e não poderá ser
de auditoria e lista de
entregue a qualquer pessoa. Dessa forma, haverá a construção do
distribuição
relatório e a lista de distribuição do mesmo.
Fonte: Do autor (2013).

Conforme verificado no formulário de planejamento, muitas ações devem


ser pensadas para que na execução da auditoria tudo ocorra com tranquilidade.
Para auxiliar na continuidade do planejamento de auditoria, na próxima seção
falaremos sobre alguns instrumentos de coleta de evidências que podem ser
elaborados e utilizados para que não faltem informações.

1.4 Instrumentos de coleta de evidências


Nesta seção você acompanhará como o auditor pode desenvolver seus
instrumentos de coletas de evidências e como estes instrumentos podem au‑
xiliar desde o momento de coleta de informações iniciais até a aplicação do
questionário na auditoria principal.
A partir do momento que os objetivos estão estabelecidos e o planeja‑
mento está concluído, é preciso elaborar alguns materiais para coletar dados
e informações essenciais. Alguns auditores preferem elaborar seus materiais,
tais como questionários e listas de verificação. O auditor completará os dados
mediante os locais por onde a equipe for passando e, por meio desses dados,

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ele fará suas conclusões de auditoria. Vale a pena lembrar que as evidências são
somente evidências até que se prove que são constatações. Vou exemplificar:
Existe uma mancha no pátio da empresa que parece ser de óleo diesel. Há
essa evidência e a empresa solicitou uma auditoria para verificar se ela consiste
realmente em uma constatação de não conformidade. Isso quer dizer que se
for realizado um exame na amostra daquele solo e for comprovado que é óleo,
a evidência passa a ser uma constatação e diante do critério de auditoria será
verificado se é permitida ou não aquela mancha estar ali. Caso não seja per‑
mitido, essa ocorrência entrará na lista de não conformidades e isso constará
no relatório de auditoria.
Entrevistas informais podem ser realizadas com funcionários ou pessoas
que sejam importantes para o estudo. O material pode ser elaborado pergunta
a pergunta ou pode se tratar de um bloco de anotações em que o auditor irá
anotar somente as informações mais importantes. O resultado dessas entrevistas
pode ser levado em conta, mas como relata Campos e Lerípio (2009) trata-se
de uma evidência verbal e para que ela tenha valor, deve ser associada a outras
evidências que sejam mais rigorosas, tais como as documentais e as físicas.
Nesse levantamento inicial realizado, o auditor obterá dados sobre o fun‑
cionamento da empresa, horários de trabalho, quantidade de funcionários,
procedimentos realizados durante a produção de algum produto ou a prestação
de algum serviço, recebimento e estoque de materiais, transporte de equipa‑
mentos e outros produtos etc. Todas essas informações são importantes para
embasar o que será feito posteriormente.
Para Campos e Lerípio (2009), é importante pesquisar previamente à audi‑
toria in loco os seguintes aspectos: dados da empresa, nome de responsáveis e
suas funções dentro da organização. Registros em órgãos, licenças, legislações
que sejam pertinentes ao negócio em análise, normas que podem ser aplicadas à
empresa, obter um croqui ou planta da empresa para que se possa ter dimensão
da área a ser abrangida, o que determinará também o planejamento, conhecer
o que a empresa faz, quais os setores e equipamentos que existem, verificar
os poluentes e emissões atmosféricas, resíduos sólidos, ruídos e vibrações, co‑
nhecer todos os insumos que fazem parte do processo produtivo, analisar se já
existiram acidentes na empresa, multas, reclamações de vizinhos ou empresas,
ações civis públicas, analisar se os funcionários recebem ou receberam treina‑
mento para trabalhar num SGA pensando na melhoria contínua, ler e analisar
relatórios de auditorias ambientais que possam ter sido realizadas anteriormente.

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Feitas essas análises, o auditor estará munido de dados e informações sufi‑


cientes para se sentir confortável em realizar o estudo em questão. Sempre que
uma empresa passa por uma auditoria, ela se organiza para receber os auditores.
Dessa forma, a cada auditoria a tendência é encontrar os documentos mais
organizados e à disposição de quem for auditar. Num primeiro momento parece
bastante coisa a se preparar, não é? Mas com a prática tudo parece mais tran‑
quilo e a experiência que vai sendo recebida também fortalece o auditor. Vale
lembrar que essa listagem de documentos descrita acima pode ser consultada
e analisada por auditores internos e externos à organização.
Vamos verificar a seguir um modelo de questionário preliminar que pode
ser aplicado na empresa que será auditada.
1. Nome e cargo dentro da empresa.
2. Como é sua rotina de trabalho?
3. No setor em que trabalha já houve algum acidente?
4. Já percebeu vazamento, odor ou fumaça pela empresa?
5. Você conhece algum plano para emergências que pode ser aplicado
caso haja algum acidente no setor em que trabalha?
6. Os produtos que saem do seu setor são enviados para onde?
7. Você sabe o que é feito com os resíduos gerados pelo setor? E por toda
a empresa?
8. Há algum treinamento mensal ou anual realizado com os funcionários?
9. As normas e política ambiental são seguidas por você e seus compa‑
nheiros de trabalho na seção?
10. O que você gostaria de falar sobre as práticas ambientais da empresa
onde trabalha?

As questões sugeridas permitem que se obtenham informações preliminares.


O auditor pode modificar essas questões de acordo com o objetivo da auditoria
ou com aquilo que deseja saber. A postura do auditor, ao aplicar este tipo de
questionário, pode garantir respostas mais fidedignas, pois o primeiro deve
passar confiança ao entrevistado, não realizando juízo de valores ou julgamen‑
tos precipitados. Também é necessário não realizar comentários que possam
expor o trabalho da auditoria e nem mesmo mostrar por meio do semblante
que concorda ou discorda do que está sendo dito. O ideal é manter-se neutro
para que o entrevistado converse sobre tudo o que se deseja avaliar e analisar.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  99

A alta administração também pode participar dessas entrevistas, contri‑


buindo com maiores detalhes sobre as atividades desenvolvidas e sobre as
expectativas em relação ao estudo. Como já foi escrito anteriormente, reuniões
diárias permitem que os auditores troquem informações e dados obtidos para
consolidarem as questões analisadas e verificarem se os objetivos estão sendo
cumpridos.
A Figura 4.7 representa os procedimentos iniciais da auditoria, passando
do planejamento, elaboração de materiais para coleta de dados e análise de
documentos.

Figura 4.7  Procedimentos iniciais de auditoria ambiental

elaboração de
planejamento prévio materiais para análise de documentos
(reunião com cliente e coleta de dados, e início da coleta de
equipe de auditoria) listas de verificação, evidências
questionários...

Fonte: Do autor (2013).

O auditor também poderá utilizar um formulário para coleta de dados du‑


rante a auditoria principal, ou seja, após esse contato inicial e também após
coletar algumas informações prévias e este formulário pode ser desenvolvido
por ele mesmo ou por uma equipe. A seguir existe um formulário que pode
ser utilizado para realizar auditorias ambientais em empresas. Este formulário
contempla muitas áreas de análise, tais como: efluentes e resíduos sólidos,
poluentes atmosféricos, materiais radioativos, utilização de recursos hídricos
etc. Não é necessário utilizar o formulário todo se o auditor for realizar apenas

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100  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

uma auditoria para verificar a disposição de efluentes da empresa, portanto, é


preciso ajustar o seu formulário para coleta de dados ao objeto e objetivo da
auditoria.

Para saber mais


Diante da importância das auditorias ambientais, verifique com seus colegas se alguém já realizou
alguma auditoria. Pergunte como foi e as experiências e dificuldades sentidas por ele.

1.4.1 F
 ormulário para coleta de dados e evidências de auditoria
ambiental

1.4.1.1 Identificação do auditado


Uma identificação rápida da empresa e dos principais contatos que você
tem auxilia nos momentos de reuniões, de solicitar alguma informação, recursos
etc. Você pode pegar dados básicos, bem como identificar se há operação da
empresa em outras cidades e também pegar os contatos dessas outras unidades.
Caso surja alguma necessidade de requerer informações em outras unidades,
você já terá os dados em mãos, reduzindo o tempo da auditoria (Quadro 4.3).

Quadro 4.3  Identificação do auditado

1.1 Nome da empresa:
1.2 Endereço:
1.3 Nome do contato:
1.4 Telefones para contato:
1.5 E-mail do responsável:
Fonte: Do autor (2013).

1.4.1.2 Identificação da área a ser auditada


Nesta etapa você deve fazer uma identificação da área, colocando o máximo
de detalhes que puder, pois isso pode te ajudar muito na análise da empresa
auditada. Além de recolher informações, você pode criar croquis, fotografar
setores e usar imagens que puderem completar o quadro de informações
(Quadro 4.4).

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  101

Quadro 4.4  Identificação da área auditada

2.1 Desde quando a empresa auditada está em operação?


2.2 Existem vizinhos à empresa?
2.3 Enquadramento no zoneamento ambiental.
2.4 Existem áreas verdes próximas ao empreendimento? Caso positivo informe se estão sendo
afetadas pelas atividades da empresa auditada. Caso possua mapas e ou croquis do uso do
solo na área do empreendimento anexar.
2.5 Existem rios ou nascentes próximas ao empreendimento? O rio está em boas condições?
Encontra-se espumas, óleo ou mau cheiro?
2.6 Área do empreendimento auditado em m².
2.7 Área total construída em m².
Fonte: Do autor (2013).

1.4.1.3 Passivo ambiental


Pensando no passivo ambiental, é preciso ressaltar que caso a empresa
auditada tenha se instalado em um local onde já houve outra empresa, alguns
passivos ambientais podem ter sido gerados no passado e isso pode ser reve‑
lado em uma auditoria no presente. Genericamente, entendemos como passivo
ambiental qualquer impacto que tenha sido gerado no meio ambiente e que
ainda não tenha sido resolvido, principalmente quando se trata de impactos
significativos, tais como vazamentos de produtos químicos, radioativos etc.
Por não ter sido resolvido, cobra-se que o gerador tenha responsabilidade em
devolver na forma de ativos ou prestação de serviço o reparo do dano causado
(Quadro 4.5).

Quadro 4.5  Caracterização de passivo ambiental

2.8 O que havia na área antes da empresa ser construída? Caso a empresa utilize instalações de
outra empresa que já existiu ali, listar as atividades que a antiga empresa desenvolvia para
posterior análise de passivos ambientais.
2.9 Quantas pessoas trabalham na empresa auditada? Listar os turnos de trabalho e a quanti‑
dade de funcionários em cada turno.
2.10 Há utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos funcionários? Quais
equipamentos e em quais setores?
2.11 Caso a empresa produza algo que é enviado para outras unidades, listar o local onde são
estocados esses itens e verificar o entorno da empresa, zoneamento ambiental e condições
de armazenamento desses produtos.
Fonte: Do autor (2013).

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1.5 Análise de documentos


O auditor faz análises constantes de documentos durante a auditoria. Ele
desde que é contratado já inicia a leitura de legislações, normas, resoluções e
tudo mais que possa auxiliar para que sejam critérios de auditoria. Você deve
saber que cada auditoria tem um foco e um objetivo. Desta forma, você deverá
analisar documentos referentes aos objetivos da auditoria que irá realizar para
que tenha embasamento de saber o que é ou não uma não conformidade.
Além desses documentos, você pode solicitar ao auditado relatórios de
auditorias anteriores e outros documentos que possam te contar um pouco
sobre a realidade da empresa (Quadro 4.6).

Quadro 4.6  Levantamento de histórico de auditorias

3.1 A empresa já passou por alguma auditoria? Caso afirmativo, analise o relatório final (relató‑
rio de auditoria) e liste as não conformidades que foram apontadas.
3.2 Quem realizou a auditoria? Quando? Com qual finalidade?
3.3 A empresa já sofreu alguma notificação? Quando? Por qual motivo? O problema foi resol‑
vido?
Fonte: Do autor (2013).

1.6 Práticas de gerenciamento ambiental


Nesta etapa da auditoria você irá coletar informações importantíssimas ao
seu trabalho posterior. Você deve se concentrar no olhar, pois sua percepção
sobre o entorno da empresa e seu interior irão colaborar na obtenção de dados
mais fidedignos. A comprovação de algumas evidências deverá se dar por meio
de documentos, fotos, análises de solo, de água, de resíduos etc. Pense que nem
tudo que é visto pode estar errado. Por isso verifique as práticas com cuidado
e procure se certificar das informações que coletou (Quadro 4.7).
Para melhorar as práticas ambientais da empresa, a implementação de uma
política ambiental bem elaborada é fundamental. A ABNT NBR ISO 14001:2004
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a, p. 6) define po‑
lítica ambiental como: “[...] intenções e princípios gerais de uma organização
em relação ao seu desempenho ambiental, conforme formalmente expresso
pela alta administração”. O que se solicita da empresa em relação à política
ambiental é que:

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  103

Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais


de suas atividades, produtos ou serviços; inclua o compro‑
metimento com a melhoria contínua e com a prevenção de
poluição; inclua o comprometimento com o atendimento à
legislação e normas ambientais aplicáveis, e demais requi‑
sitos subscritos pela organização; forneça a estrutura para o
estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais;
seja documentada, implementada, mantida e comunicada a
todos os empregados; esteja disponível para o público.

Quadro 4.7  Identificação de práticas de gerenciamento ambiental adotadas pela organização

4.1 A empresa possui política ambiental?


( ) Sim  ( ) Não
4.2 Ela está sendo seguida por todos os colaboradores? Houve treinamento e divulgação da
política ambiental por toda a empresa?
4.3 Os colaboradores acham importante adotar práticas ambientalmente corretas de produção/
prestação de serviço?
4.4 Os responsáveis pelo setor que trata da área ambiental na empresa costumam se comunicar
com os colaboradores?
4.5 Quais são os principais objetivos da política ambiental da empresa?
4.6 Existe algum plano para situações de emergência? Caso positivo, os colaboradores sabem
como executá-lo?
4.7 Com qual frequência a empresa passa por auditorias ambientais? Quem as realiza? Com
qual objetivo elas são realizadas?
4.8 Visualmente, a empresa parece organizada? Ela é limpa? Você percebe desarranjos entre
seções, departamentos?
Fonte: Do autor (2013).

1.7 Inventário de resíduos sólidos


A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010, p. 1), versa sobre
a política nacional de resíduos sólidos. Nesta legislação temos termos e defi‑
nições, princípios, disposições preliminares, planos de resíduos sólidos, entre
outros. Como resíduo sólido entende-se qualquer:
[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final
se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder,
nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em copos
d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economi‑
camente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

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Quadro 4.8  Diagnóstico de gestão de resíduos sólidos

4.9 Existe acúmulo de lixo dentro da empresa? E no seu entorno? Para onde são encaminhados
os resíduos recicláveis? E os rejeitos? E os orgânicos?
4.10 A empresa possui inventário de resíduos sólidos? Como é feito o armazenamento, trans‑
porte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos
gerados? Maiores informações, consultar CONAMA 313.
Listar os resíduos da seguinte forma:

Quantidade Processo Resíduo Código


Resíduo
ton/ano Gerador Perigoso? CONAMA
1
2
n

Nome da empresa que Documento que comprova a


Destinação final
recebe os resíduos entrega do resíduo
1
2
n

4.11 Você percebe a presença de material particulado em suspensão pela empresa? Há utili‑


zação de exaustores? Há algum tipo de vapor? Existe cheiro? As chaminés estão sendo
utilizadas? Qual a aparência delas?
4.12 Existe algum produto derramado ou algum vazamento aparente? Há odores no local? Em
caso afirmativo, descreva a situação.
4.13 A empresa trabalha com produtos perigosos: inflamáveis, explosivos etc.? Caso afirmativo,
descreva onde esses produtos são alojados e se o local é apropriado.
Fonte: Do autor (2013).

1.8 Controle de impactos ambientais


Por impacto ambiental entende-se qualquer mudança no ambiente, gerada
pelo homem, que cause problemas de saúde às pessoas e ao bem-estar da
população, às atividades econômicas, às condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente, e a vida em geral. Esses impactos podem ter causas variadas e
algumas vezes permitem reparos ou medidas mitigadoras. Quando o impacto
é muito significativo e a empresa/organização não puder reparar ou melhorar
o aspecto do mesmo, podem ser cobradas outras medidas, como recuperação
de uma área que está em risco ou que está degradada, criação de áreas verdes,
manejo de nascentes, entre outros.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  105

Impactos ambientais nem sempre são negativos, visto que muitos ocorrem
para que uma ação positiva se instale. Dessa forma, você deve perceber que
quando se constrói uma rodovia em algum lugar, isso pode melhorar o fluxo
de carros em outros pontos que estavam críticos, pode melhorar o escoamento
de produtos e serviços, angariar renda para o município etc. Sendo assim, per‑
ceber a magnitude do impacto e se ele é positivo ou não pode fazer bastante
diferença no contexto do que se está analisando.
Além do impacto ambiental, um conceito importante é o de aspecto am‑
biental, o qual pode ser considerado como uma ação humana, vista como causa
que leva à ocorrência do impacto ambiental (Quadro 4.9).

Quadro 4.9  Identificação de práticas para controle de impactos ambientais adotadas pela
organização

4.14 Existe dentro da empresa alguma equipe ou profissional que se dedique à identificação,


análise e controle de aspectos/impactos ambientais?
Fonte: Do autor (2013).

1.9 Licenciamento ambiental


Para muitas empresas poderem trabalhar, é exigido das mesmas que elas
tenham licença ambiental. Trata-se de uma autorização que é dada após serem
realizados estudos de impactos ambientais, visando quais são os impactos que
o empreendimento causará desde antes de sua instalação até sua operação.
Por meio do licenciamento, espera-se que as empresas cumpram as condicio‑
nantes e exigências das licenças, pois dessa forma o licenciamento será visto
como um processo preventivo, ou seja, alertando e exigindo algumas medidas
e comportamentos que poderão diminuir a incidência e magnitude os impactos
gerados, ou mesmo a correção/mitigação deles (Quadro 4.10).
A Resolução nº 237/1997 Conama (CONSELHO NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE, 1997, p. 1) considera o licenciamento ambiental como:
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e
a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam cau‑
sar degradação ambiental, considerando as disposições legais
e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

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106  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Quadro 4.10  Levantamento de informações sobre licenças ambientais

4.15 A empresa já passou por licenciamento ambiental? Qual é o tipo da licença, o órgão emis‑
sor? Existem condicionantes da licença?
4.16 Caso a empresa esteja em não conformidade com a licença, liste-as e analise se já foram
notificados em relação a isso.
4.17 Caso existam vizinhos no entorno da propriedade, verifique se já existiram ou se existem
reclamações quanto às práticas ambientais.
Fonte: Do autor (2013).

1.10 Uso e reuso da água


A água, recurso finito, tem sido vista cada vez mais como um bem de suma
importância para as sociedades. Em razão disso, empresas, instituições, organi‑
zações, condomínios, lojas, escolas e sociedade civil têm procurado maneiras
de melhorar a utilização para que haja economia e não desperdício de água.
Além da boa vontade da população, políticas públicas que se voltem a tratar
desta temática também são importantes, inclusive sobre o reuso da água. Em
muitos países há tratamento do esgoto sanitário para que o resultado seja água
potável; a França é um bom exemplo disso. Pensando dessa forma, dentro de
indústrias e empresas em geral, reuso comum de água se dá pela reutilização
da água que sai do processo produtivo limpa, normalmente utilizada para re‑
frigerar algo, tratamento de água com pequenas impurezas e ou resíduos etc.
Essa segunda ou terceira utilização da água pode ser feita em sanitários, jardins,
limpeza de calçadas e áreas comuns. Pensando nisso, muitas empresas têm
desenvolvido Programas de Conservação e Reuso de Água e por meio deles
têm obtido resultados bastante satisfatórios.
Um Programa de Conservação e Reuso de Água — PCRA é
composto por um conjunto de ações específicas de raciona‑
lização do uso da água na unidade industrial, que devem ser
detalhadas a partir da realização de uma análise de demanda
e oferta de água, em função dos usuários e atividades con‑
sumidoras, com base na viabilidade técnica e econômica de
implantação das mesmas. A implantação de Programas de
Conservação e Reuso de Água pelo setor industrial reverte-se
em benefícios econômicos que permitem aumentar a eficiên‑
cia produtiva, tendo como consequência direta a redução do
consumo de água, a redução do volume de efluentes gerados
e, como consequências indiretas, a redução do consumo de
energia, de produtos químicos, a otimização de processos

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  107

e a redução de despesas com manutenção. Na maior parte


dos casos, os períodos de retorno envolvidos são bastante
atrativos (FEDERAÇÃO E CENTRO DAS INDÚSTRIAS DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2011, p. 30).

Estimulados por melhorias e economias que podem ocorrer nas empresas,


a direção e alta administração podem optar por programas que reutilizem as
águas residuais e dessa forma podem fazer parte do grupo de empresas que
assume sua responsabilidade socioambiental. Para tratar sobre o assunto água,
o auditor poderá utilizar a sequência do formulário de auditoria, apresentado
no Quadro 4.11.

Quadro 4.11  Identificação das práticas de gerenciamento de recurso hídrico adotadas pela
organização.

4.18 A água utilizada é fornecida por alguma companhia de abastecimento ou existem poços?
Caso existam poços, eles são autorizados? Qual a vazão, profundidade e nível d’água?
4.19 Há reuso da água na empresa? Caso exista, qual é o ciclo de utilização da água até ela
voltar ao ponto de reuso?
Fonte: Do autor (2013).

1.10.1 Efluentes líquidos


Os efluentes líquidos são resíduos gerados por atividades diversas e que
dentro de empresas e indústrias podem caracterizar problemas caso não sejam
bem alocados. Muitos gestores se preocupam com a destinação dos mesmos e
desenvolvem dentro das empresas unidades para tratamento desses resíduos ou
enviam para empresas que realizam estes procedimentos. É importante solicitar
um comprovante de recolhimento desses resíduos para que eventualmente, a
empresa não tenha problemas futuros sobre a destinação de seus efluentes.
Para o Dicionário livre de geociências (ZIMBRES, 2011, p. 1) a caracterização
desses efluentes pode ser realizada da seguinte forma:
Efluentes domésticos: caracterizam-se por possuírem uma alta
carga de matéria orgânica (fezes, restos de comida, gordura,
celulose) e substâncias empregadas como material de lim‑
peza. Efluente industrial: sua composição varia em função da
atividade industrial. Os efluentes da agroindústria e indústria
alimentícia, em geral, são ricos em matéria orgânica ao passo
que outros ramos industriais tendem a produzir efluentes
mais ricos em diversos e variados elementos e compostos

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108  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

químicos. Efluente agrícola: são os decorrentes diretamente


das atividades agrícolas. Em geral são ricos em compostos
ricos em nitrogênio, fósforo e enxofre, provenientes de adu‑
bos, e substâncias químicas tais como inseticidas, fungicidas,
herbicidas. Efluentes pluviais urbanos: são os carreados pela
lavagem do ambiente urbano, promovida pelas águas de
chuvas. São formados por detritos orgânicos, fuligem e hi‑
drocarbonetos dos combustíveis, óleos e graxas dos veículos,
além de inúmeras substâncias provenientes do desgaste dos
pneus, asfalto e construções em geral.

Para conduzir as atividades de auditoria no local, visando saber mais sobre


os efluentes gerados e a destinação dos mesmos, o auditor pode utilizar um
formulário semelhante ao que está listado no Quadro 4.12.

Quadro 4.12  Identificação de práticas para o gerenciamento de efluentes adotadas pela


organização

4.20 O tratamento de efluentes ocorre dentro da empresa? Onde é armazenado o resíduo


líquido? Caso seja terceirizado este tratamento, listar o nome da empresa que recebe os
efluentes, processo gerador, quantidade gerada por mês e destinação.
4.21 Já houve contaminação de águas subterrâneas pelos resíduos gerados pela empresa? Há
poços para monitoramento dessas águas?
4.22 Há envio de algum tipo de contaminante ou resíduo líquido perigoso para a galeria de
esgoto?
4.23 Está sendo despejado algum efluente em rios próximos? Caso isso esteja ocorrendo, listar
característica do efluente, quantidade aproximada e característica do rio, verificando a cor
da água, a presença de espumas, manchas, óleo, resíduos sólidos etc.
Fonte:Do autor (2013).

1.11 Uso de energia: consumo racional e energias


alternativas
Visando a economia dentro da empresa, alguns clientes solicitam auditorias
para verificar o consumo e utilização de matérias-primas, de energia elétrica
e outros insumos. Analisar como está sendo o uso desses recursos e se há
desperdício, pode melhorar inclusive os investimentos da empresa, pois o que
antes era utilizado para pagar uma conta exorbitante de energia, por exemplo,
agora retorna em forma de outros benefícios. E você pode pensar: mas qual a
melhor alternativa ou fonte de energia para empresas e indústrias? Afinal, como
gestor ambiental, você também pode atuar como consultor, indicando melhores
caminhos a serem seguidos por seus clientes. A resposta para essa pergunta não

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Auditoria ambiental 109

é tão simples quanto parece. Muitas são as alternativas no campo da geração


de energia como podemos analisar a seguir: solar; eólica; nuclear; geotérmica;
biodiesel/etanol; petróleo; hidrelétrica; marés; hidrogênio.
Cada empresa deverá analisar o que é melhor para seu ramo de atividade e
quais são os investimentos possíveis de serem realizados. Dessa forma, a escolha
por um ou mais tipos de recurso energético poderá levar à eficiência da unidade
produtiva e empresarial. Além de verificar as possibilidades de investimento
para escolher um tipo de fonte de energia, o gestor pode, juntamente com o
cliente, analisar as seguintes variáveis:
Demanda por energia (comércio — indústria);
Capital para investimento;
Recursos naturais disponíveis;
Extensão territorial;
População (demanda);
Políticas públicas e incentivos governamentais;
Quanto do recurso energético estará disponível em um futuro próximo
(15 a 25 anos) e em longo prazo (25 a 50 anos)?
Qual é o rendimento líquido* de energia desse recurso?*
Quanto custará desenvolver, introduzir e utilizar o recurso?
Quais pesquisas, subsídios para o desenvolvimento e incentivos
fiscais fornecidos pelo governo serão utilizados para ajudar a desen‑
volver o recurso?
Como a dependência do recurso afetará a segurança econômica e
militar no âmbito nacional e no âmbito global?
Qual é a vulnerabilidade do recurso ao terrorismo?
Como a extração, o transporte e a utilização do recurso afetarão o
meio ambiente, a saúde humana e o clima da Terra?
Estes custos prejudiciais devem ser embutidos no preço de mercado
de cada recurso energético por meio de uma combinação de im‑
postos e eliminação dos subsídios e atividades prejudiciais ao meio
ambiente?

* Quantidade de energia utilizável e de alta qualidade, oferecida por um recurso após a subtra‑
ção da energia necessária para disponibilizar esse recurso ao uso (encontrar — extrair — pro‑
cessar e disponibilizar).

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110 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

É importante analisar todas essas variáveis e seguir pensando na economia


das fontes de energia, pois, atualmente, o cenário de consumo desses recursos
mostra que a indústria consome quase metade de toda a energia consumida
no Brasil, conforme Figura 4.8:

Figura 4.8 Distribuição do uso da energia


no Brasil

Fonte: Do autor (2013).

Quadro 4.13 Identificação de práticas para o gerenciamento de recursos energéticos adotadas


pela organização

4.24 A empresa possui geradores de energia? São alimentados por qual tipo de combustível?
Existe participação da energia de Cias de energia elétrica ou a empresa é autossuficiente em
energia elétrica?
4.25 Há utilização de placas fotovoltaicas (energia solar) na empresa?
4.26 Existe iluminação natural nos prédios/barracões da empresa?
4.27 Há algum tipo de projeto ou programa implantado visando a economia de energia e
matérias‑primas na empresa? Os funcionários participaram da elaboração? Houve treinamento?
4.28 Existe algum tipo de material radioativo dentro da empresa? Em caso afirmativo, relate qual
é o uso, como fica armazenado e quem é o responsável pela utilização/descarte do mesmo.
Fonte: Do autor (2013).

Lembrete:
Cada auditoria tem um objetivo/foco, de modo que o formulário poderá
sofrer alterações de acordo com o que estiver sendo verificado. Para auditores
inexperientes um formulário como este pode ajudar a seguir os passos ne‑
cessários para não haver erros durante a coleta de dados e posterior análise,
mas com o tempo e com a experiência os auditores poderão desenvolver seus
próprios materiais. Esse formulário também pode ser utilizado para avaliação
de determinados setores que precisem de alguma readequação ou melhoria.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  111

1.12 Critérios de auditoria


Os critérios tomados como base em uma auditoria são muito importantes,
pois é a partir deles que o auditor saberá se existem ou não algumas não con‑
formidades na empresa ou organização que está sendo auditada. Você acom‑
panhará alguns desses critérios e poderá optar pelo que for melhor diante do
tipo e objetivo da auditoria ambiental a ser realizada.
Os critérios de auditoria são os documentos tomados como base pelos
auditores para comparar a evidência que está sendo coletada àquilo que é
permitido para a atividade desenvolvida. Muitos auditores utilizam bancos de
dados com legislações pertinentes a cada ramo de atividade e a cada estado,
pois há diferenças que ocorrem de região para região quanto à permissividade
de cada atividade. Além de tomar como base legislações, os auditores podem
também utilizar resoluções CONAMA, a própria política ambiental da empresa
e diversos documentos que possam servir como NORMA a ser seguida.
Um exemplo pode te ajudar a entender melhor a escolha de um critério
de auditoria. Imagine que seremos contratados para realizar uma auditoria
ambiental em um curtume. Como você sabe, um curtume realiza atividades
para tratamento de peles que se tornarão couros tingidos tais como utilizamos
em móveis, calçados e revestimentos em geral. Para que o tratamento das peles
ocorra, muitos processos são desenvolvidos, desde o descarne até a lavagem da
pele (ribeira), curtimento e acabamento do couro. Dessa forma, o auditor que
for realizar auditoria ambiental em um curtume, dependendo do seu objetivo,
deverá analisar e escolher o melhor critério para tomar como base. Existe um
documento que foi elaborado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento
ambiental (CETESB), chamado CURTUMES — Produção Mais Limpa. Esse
documento fornece diretrizes sobre a atividade e o que se espera das ações
efetivas de um curtume que possui responsabilidade ambiental. Se o auditor
tomar este documento como critério base, toda e qualquer irregularidade ve‑
rificada deve ser analisada contra o critério de auditoria e assim serão listadas
as não conformidades no relatório de auditoria.
Muitos outros setores industriais possuem documentos e legislações que
condicionam suas atividades a algumas práticas ambientais obrigatórias,
logo, espera-se que o auditor pesquise os critérios que tomará como base e
estude rigorosamente esses documentos. A seguir existe algumas resoluções
CONAMA listadas que podem ser utilizadas como critério base em auditorias
ambientais.

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112 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Algumas resoluções CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE, 2006) que podem ser úteis no momento de realizar auditorias
ambientais:
Qualidade de água
Resolução nº 274 , de 29/11/2000 — Publicação DOU nº 18, de 25/01/2001,
p. 70‑71. Define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras.
Resolução nº 357, de 17/03/2005 — Publicação DOU nº 53, de
18/03/2005, p. 58‑63. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água
e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como es‑
tabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências.
Resolução nº 370, de 06/04/2006 — Publicação DOU nº 68, de
07/04/2006, p. 235. Prorroga o prazo para complementação das
condições e padrões de lançamento de efluentes, previsto no art. 44
da Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Índice temático.
Controle da poluição sonora e do ar
Resolução nº 1, de 08/03/1990 — Publicação DOU nº 63, de 02/04/1990,
p. 6408. Dispõe sobre critérios e padrões de emissão de ruídos decorren‑
tes de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas,
inclusive as de propaganda política.
Resolução nº 2, de 08/03/1990 — Publicação DOU nº 63, de
02/04/1990, p. 6408. Dispõe sobre o Programa Nacional de Educa‑
ção e Controle da Poluição Sonora (SILÊNCIO).
Resolução nº 1, de 11/02/1993 — Publicação DOU nº 31, de 15/02/1993,
p. 2037‑2040. Dispõe sobre os limites máximos de ruído, com o veículo
em aceleração e na condição parado, para veículos automotores na‑
cionais e importados, excetuando‑se motocicletas, motonetas, triciclos,
ciclomotores e bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados.
Resolução nº 2, de 11/02/1993 — Publicação DOU nº 31, de 15/02/1993,
p. 2041-2044. Dispõe sobre os limites máximos de ruído, com o veículo
em aceleração e na condição parado, para motocicletas, motonetas, trici‑
clos, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados,
nacionais e importados.
Resolução nº 20, de 07/12/1994 — Publicação DOU nº 248, de
30/12/1994, p. 21344. Dispõe sobre a instituição do Selo Ruído de uso
obrigatório para aparelhos eletrodomésticos que geram ruído no seu
funcionamento.

Sistema Gestao Auditoria Ambiental.indd 112 08/01/14 19:21


Auditoria ambiental 113

Resolução nº 17, de 13/12/1995 — Publicação DOU nº 249, de


29/12/1995, p. 22878‑22879. Dispõe sobre os limites máximos de ruído
para veículos de passageiros ou modificados.
Resolução nº 5, de 15/06/1989 — Publicação DOU, de 25/08/1989,
p. 14713‑14714. Dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da
Poluição do Ar — PRONAR.
Resolução nº 3, de 28/06/1990 — Publicação DOU, de 22/08/1990,
pág. 15937‑15939. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, pre‑
vistos no PRONAR.
Gestão de resíduos e produtos perigosos
Resolução nº 7, de 16/09/1987 — Publicação DOU, de 22/10/1987,
pág. 17500‑1750. Dispõe sobre a regulamentação do uso do amianto/
asbestos no Brasil.
Resolução nº 9, de 14/12/1988 — Publicação DOU, de 11/08/1989,
pág. 13660. Dispõe sobre a alteração da Resolução nº 7/87 que dis‑
põe sobre a regulamentação do uso de amianto/asbesto no Brasil.
Resolução nº 19, de 24/10/1996 — Publicação DOU nº 217, de
07/11/1996, p. 23071. Dispõe sobre advertência nas peças que
contenham amianto.
Resolução nº 267, de 14/09/2000 — Publicação DOU nº 237, de
11/12/2000, p. 27‑29. Dispõe sobre a proibição da utilização de subs‑
tâncias que destroem a Camada de Ozônio.
Transporte, importação e exportação de resíduos e produtos perigosos
Resolução nº 1A, de 23/01/1986 — Publicação DOU, de 04/08/1986.
Dispõe sobre transporte de produtos perigosos em território nacional.
Resolução nº 8, de 19/09/1991 — Publicação DOU, de 30/10/1991,
p. 24063. Dispõe sobre a vedação da entrada no país de materiais
residuais destinados à disposição final e incineração no Brasil.
Resolução nº 24, de 07/12/1994 — Publicação DOU nº 248, de
30/12/1994, p. 21346. Exige anuência prévia da CNEN — Comissão
Nacional de Energia Nuclear, para toda a importação ou exportação
de material radioativo, sob qualquer forma e composição química,
em qualquer quantidade.

Sistema Gestao Auditoria Ambiental.indd 113 08/01/14 19:21


114 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Tratamento e destinação final de resíduos e produtos perigosos


Resolução nº 2, de 22/08/1991 — Publicação DOU, de 20/09/1991,
p. 20293‑20294. Dispõe sobre o tratamento a ser dado às cargas
deterioradas, contaminadas ou fora de especificações.
Resolução nº 6, de 19/09/1991 — Publicação DOU, de 30/10/1991,
p. 24063. Dispõe sobre o tratamento dos resíduos sólidos provenien‑
tes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.
Resolução nº 5, de 05/08/1993 — Publicação DOU nº 166, de
31/08/1993, p. 12996‑12998. Dispõe sobre o gerenciamento de re‑
síduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários
e rodoviários.
Resolução nº 257, de 30/06/1999 — Publicação DOU nº 139, de
22/07/1999, p. 28‑29. Estabelece a obrigatoriedade de procedimentos
de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambien‑
talmente adequada para pilhas e baterias.
Licenciamento ambiental — normas e procedimentos gerais para o licen‑
ciamento ambiental
Resolução nº 1, de 23/01/1986 — Publicação DOU, de 17/02/1986,
p. 2548‑2549. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para
a avaliação de impacto ambiental.
Resolução nº 6, de 24/01/1986 — Publicação DOU, de 17/02/1986,
p. 2550. Dispõe sobre a aprovação de modelos para publicação de
pedidos de licenciamento.
Resolução nº 11, de 18/03/1986 — Publicação DOU, de 02/05/1986,
p. 6346. Dispõe sobre alterações na Resolução nº 1/86.
Resolução nº 9, de 03/12/1987 — Publicação DOU, de 05/07/1990, p.
12945. Dispõe sobre a realização de Audiências Públicas no processo de li-
cenciamento ambiental.
Resolução nº 237, de 19/12/1997 — Publicação DOU nº 247, de
22/12/1997, p. 30841‑30843. Dispõe sobre a revisão e complemen‑
tação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento
ambiental.
Licenciamento ambiental por atividade
Resolução nº 1, de 05/03/1985 — Publicação Boletim de Serviço/
MDU, de 03/05/1985. Dispõe sobre a suspensão da concessão de

Sistema Gestao Auditoria Ambiental.indd 114 08/01/14 19:21


Auditoria ambiental 115

licença para a implantação de novas destilarias de álcool nas bacias


hidrográficas localizadas no Pantanal matogrossense.
Resolução nº 5, de 20/11/1985 — Publicação DOU, de 22/11/1985,
p. 17071‑17072. Dispõe sobre o licenciamento das atividades de
transporte, estocagem e uso do pentaclorofenole pentaclorofenato
de sódio.
Resolução nº 14, de 18/03/1986 — Publicação DOU, de 02/05/1986,
p. 6346. Dispõe sobre o referendo à Resolução n° 5/85.
Resolução nº 6, de 16/09/1987 — Publicação DOU, de 22/10/1987,
p. 17500. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor
de geração de energia elétrica.
Resolução nº 5, de 15/06/1988 — Publicação DOU, de 16/11/1988,
p. 22123. Dispõe sobre o licenciamento de obras de saneamento.
Resolução nº 9, de 06/12/1990 — Publicação DOU, de 28/12/1990,
p. 25539‑25540. Dispõe sobre normas específicas para o licencia‑
mento ambiental de extração mineral, classes I, III a IX.
Resolução nº 10, de 06/12/1990 — Publicação DOU, de 28/12/1990,
p. 25540‑25541. Dispõe sobre normas específicas para o licencia‑
mento ambiental de extração mineral, classe II.
Resolução nº 16, de 17/12/1993 — Publicação DOU nº 250, de
31/12/1993, p. 21541. Dispõe sobre a obrigatoriedade de licencia‑
mento ambiental para as especificações, fabricação, comercialização
e distribuição de novos combustíveis, e dá outras providências.
Resolução nº 23, de 07/12/1994 — Publicação DOU nº 248, de
30/12/1994, p. 21345‑21346. Institui procedimentos específicos para
o licenciamento de atividades relacionadas à exploração e lavra de
jazidas de combustíveis líquidos e gás natural.
Resolução nº 264, de 26/08/1999 — Publicação DOU nº 54, de
20/03/2000, p. 80‑83 Licenciamento de fornos rotativos de produção
de clínquer para atividades de coprocessamento de resíduos.
Resolução nº 273, de 29/11/2000 — Publicação DOU nº 5, de
08/01/2001, pág. 20‑23. Estabelece diretrizes para o licenciamento
ambiental de postos de combustíveis.
Resolução nº 279, de 27/06/2001 — Publicação DOU nº 125‑E, de
29/06/2001, p. 165‑166. Estabelece procedimentos para o licencia‑

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116 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

mento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com


pequeno potencial de impacto ambiental.
Resolução nº 284, de 30/08/2001 — Publicação DOU nº 188, de
01/10/2001, p. 153. Dispõe sobre o licenciamento de empreendi‑
mentos de irrigação.
Resolução nº 289, de 25/10/2001 — Publicação DOU nº 243, de
21/12/2001, p. 310‑313. Estabelece diretrizes para o Licenciamento
Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária.
Resolução nº 305, de 12/06/2002 — Publicação DOU nº 127, de
04/07/2002, p. 81‑82. Dispõe sobre Licenciamento Ambiental, Estudo
de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no Meio Ambiente
de atividades e empreendimentos com Organismos Geneticamente
Modificados e seus derivados.
Resolução nº 308, de 21/03/2002 — Publicação DOU nº 144, de
29/07/2002, p. 77‑78. Licenciamento ambiental de sistemas de dis‑
posição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios
de pequeno porte.
Resolução nº 312, de 10/10/2002 — Publicação DOU nº 203, de
18/10/2002, p. 60‑61. Dispõe sobre o licenciamento ambiental dos
empreendimentos de carcinicultura na zona costeira.
Resolução nº 319, de 04/12/2002 — Publicação DOU nº 245, de
19/12/2002, p. 224‑225. Dá nova redação a dispositivos da Resolução
no 273/00, que estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental
de postos de combustíveis e serviços e dispõe sobre a prevenção e
controle da poluição.
Resolução nº 334, de 03/04/2003 — Publicação DOU nº 94, de
19/05/2003, p. 79‑80. Dispõe sobre os procedimentos de licencia‑
mento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos.
Resolução nº 335, de 03/04/2003 — Publicação DOU nº 101, de
28/05/2003, p. 98‑99. Dispõe sobre o licenciamento ambiental
de cemitérios.
Resolução nº 349, de 16/08/2004 — Publicação DOU no 158, de
17/08/2004, p. 70‑71. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de
empreendimentos ferroviários de pequeno potencial de impacto
ambiental e a regularização dos empreendimentos em operação.

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Auditoria ambiental 117

Resolução nº 350, de 06/07/2004 — Publicação DOU nº161, de


20/08/2004, p. 80‑81. Dispõe sobre o licenciamento ambiental es‑
pecífico das atividades de aquisição de dados sísmicos marítimos e
em zonas de transição.
Resolução nº 356, de 23/12/2004 — Publicação DOU nº247, de
24/12/2004, p. 82. Prorroga o prazo estabelecido no art. 15 da Reso‑
lução CONAMA nº 289, de 25 de outubro de 2001, que estabelece
diretrizes para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assenta‑
mentos de Reforma Agrária.
Resolução nº 368, de 28/03/2006 — Publicação DOU nº 61, de
29/03/2006, p. 149‑150. Altera dispositivos da Resolução nº 335, de
3 de abril de 2003, que dispõe sobre o licenciamento ambiental de
cemitérios.
Agora que você já sabe qual modelo de formulário pode utilizar e algumas
fontes de consulta de possíveis critérios de auditoria, daremos continuidade
a esta unidade expondo como deve ser elaborado um relatório de auditoria.

1.13 Relatório de auditoria


Agora você acompanhará como o relatório de auditoria deve ser estruturado
e como as não conformidades e ações de acompanhamento podem ser listadas
para apreciação e conhecimento do cliente.
O relatório de auditoria é um dos documentos mais importantes, pois é
por meio dele que o cliente recebe o resultado do estudo que foi realizado na
empresa. Os relatórios são documentos confidenciais e esse critério de con‑
fidencialidade precisa ser absolutamente seguido, pois qualquer vazamento
de informações pode causar problemas à equipe de auditoria bem como ao
cliente e/ou ao auditado. Cada auditor deverá decidir com seu cliente quem
receberá cópias desse relatório e também é preciso lembrar que o relatório não
é um documento que visa punir gestores, gerentes etc. Esse documento visa
expor de maneira clara e objetiva as não conformidades encontradas e qual
critério foi violado. Neste relatório deve conter: uma descrição completa das
evidências e do local que foram encontradas, os possíveis ou reais motivos, as
dificuldades ocorridas durante a auditoria, as possíveis informações requisitadas
e não obtidas, entre outros assuntos pertinentes.

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118  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

A estrutura do relatório de auditoria deve ser a seguinte:


Introdução (descrevendo brevemente as atividades realizadas, o objetivo
1. 
do estudo, especificando os nomes dos contatos dentro da empresa e
devidos cargos e demais informações pertinentes);
Sumário (deve ser organizado em ordem numérica e todas as seções do
2. 
relatório devem estar contidas no mesmo;
Corpo do relatório (listar as evidências e as constatações e dizer qual
3. 
requisito [violado] se refere a cada não conformidade);
Confidencialidade e lista de distribuição (listar quem irá receber
4. 
uma cópia e manter sigilo absoluto sobre todas as informações do
relatório);
Conclusão (listar as conclusões que a equipe de auditoria listou e caso te‑
5. 
nha sido acordado com o cliente, iniciar as ações de acompanhamento,
visando corrigir as não conformidades encontradas. Essa prática não é
muito usual, pois pode haver interferências e parcialidade no processo.
O importante é realizar os procedimentos que forem combinados com
o cliente);
Anexos (caso queira, a equipe pode colocar ao final do relatório: fotos,
6. 
mapas, croquis, laudos e demais documentos que sejam pertinentes).

Alguns modelos de não conformidade listados em relatórios de auditoria


podem ser analisados a seguir. Lembre-se que esses modelos são fictícios,
pois como já dissemos os relatórios de auditoria são confidenciais e aqui não
poderão ser descritas não conformidades de auditorias já realizadas.

Não conformidade nº 1
Evidência objetiva: amostras de solo foram coletadas e examinadas e
mostraram 35 mil partes de cromo por m² de solo. O limite estabelecido pela
política ambiental é zero, pois todo o resíduo gerado pela empresa deve ser
corretamente armazenado e tratado.
Não conformidade: águas residuais da produção estão infiltrando no solo.
Requisito violado: política ambiental da empresa no item 3 — Fica proibido
lançar qualquer tipo de resíduo pela área da empresa, salvo em ambientes
próprios para isso, como tanques para tratamento ou caixas de contenção.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  119

Não conformidade nº 2
Evidência objetiva: Durante várias reuniões para estabelecer o local que
será o aterro sanitário do município, a área mais cotada tem sido as margens
de um importante manancial de abastecimento.
Não conformidade: O aterro sanitário está sendo construído às margens
do maior manancial de abastecimento do município X. Há que considerar a
distância mínima de 100 metros conforme legislação municipal e resolução
CONAMA 308.
Requisito violado: Resolução CONAMA nº 308, Inciso VIII — respeitar
as distâncias mínimas estabelecidas em normas técnicas ou em legislação
ambiental específica de ecossistemas frágeis e recursos hídricos superficiais,
como áreas de nascentes, córregos, rios, açudes, lagos, manguezais, e outros
corpos d’água (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2002, p. 1,
grifos do autor);

Não conformidade nº 3
Evidência objetiva: estabelecimento de propriedade comercial a 5 km da
unidade de conservação XX.
Não conformidade: falta de licenciamento ambiental para instalação e
operação da atividade de criação e abate de aves.
Requisito violado: RESOLUÇÃO CONAMA Nº 13 de 1990. Art. 2º. Nas
áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilôme‑
tros, qualquer atividade que possa afetar a biota deverá ser obrigatoriamente
licenciada pelo órgão ambiental competente. Parágrafo único. O licenciamento
a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do
órgão responsável pela administração da Unidade de Conservação (CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 1990, p. 1, grifos do autor).

Não conformidade nº 04
Evidência objetiva: falta de controle e de medidas mitigadoras para atenuar
os impactos ambientais gerados pela atividade industrial analisada.
Não conformidade: envio de resíduos sólidos tais como: tijolos, argamassa,
madeiras e entulhos em geral para as proximidades do córrego XX.
Requisito violado: Lei nº 6.938 de 1981 Art 14 — Sem prejuízo das penalida‑
des definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento

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120  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos


causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I à multa simples ou diária, nos valores correspondentes,
no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil).
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional — ORTNs,
agravada em casos de reincidência específica, conforme
dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela
União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Fede‑
ral, Territórios ou pelos Municípios;
II à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais
concedidos pelo Poder Público;
III à perda ou suspensão de participação em linhas de finan‑
ciamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
IV à suspensão de sua atividade (BRASIL, 1981, p. 9, grifos
do autor).
Uma vez listadas as não conformidades, o relatório deve ser reavaliado pela
equipe de auditoria, na tentativa de verificar se houve algum erro de interpre‑
tação de dados ou de redação e somente após essa verificação é que o mesmo
pode ser impresso e enviado para a reunião de encerramento.

1.14 Reunião de encerramento


Você perceberá que a reunião de encerramento é o momento em que a
auditoria acaba. Nesta fase o auditor conclui seus trabalhos e todos os partici‑
pantes realizam um feedback sobre o estudo realizado.
A auditoria é concluída mediante a reunião de encerramento, onde são
reunidos todos os integrantes da auditoria, juntamente com o cliente e talvez
com o auditado para conversar sobre o resultado obtido. A reunião deve ser
um momento de realizar as observações necessárias, tanto sobre conformida‑
des como em relação às não conformidades encontradas. É comum verificar
relatórios que possuem somente não conformidades mas também é possível
a equipe de auditoria trabalhar procurando conformidades. Dessa forma, as
mesmas podem ser listadas e analisadas pelo cliente e auditores.
Para que a reunião de encerramento seja proveitosa, é interessante que um
momento de descontração ocorra, pois muitos participantes se mostram tensos
em saber que as não conformidades podem ser múltiplas, colocando inclusive
seus cargos em observação. Todos devem realizar os agradecimentos e ressaltar
a importância do trabalho em equipe e que sem a colaboração de todos os
integrantes o trabalho poderia ser prejudicado. A linguagem utilizada tanto no

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  121

relatório de auditoria quanto na reunião de encerramento deve ser acessível,


pois os termos técnicos são mais bem compreendidos pelos profissionais da
área e como o cliente pegará o resultado e utilizará por sua conta, poderá haver
dificuldades se não houver entendimento. Se a equipe de auditoria tiver com‑
binado com o cliente sobre a realização de ações de acompanhamento para
solucionar as não-conformidades, elas deverão ser colocadas neste momento.
Ação de acompanhamento: todos os materiais que forem utilizados e des‑
cartados pela empresa serão armazenados em um galpão e semanalmente a
empresa ZZ virá fazer o recolhimento para dar a destinação final correta. O
contrato será de 30 dias para experimentar o serviço da empresa ZZ e caso seja
aprovado será renovado por mais 30 dias até que se concluam os serviços de
onde são gerados os resíduos citados.

Um momento pode ser destinado ao esclarecimento de dúvidas e demais


possibilidades e a reunião será, então, encerrada. Vale a pena ressaltar que o
sucesso da auditoria dependerá das ações da equipe e para conquistar o es‑
paço necessário e realizar novos estudos no cliente, o auditor deve se mostrar
o mais qualificado possível, além de cumprir rigorosamente prazos e tudo o
que tiver sido combinado.

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122  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Seção 2  Auditoria de certificação do SGA


Na seção anterior você pôde verificar como as auditorias são planejadas,
como é feito o contato com o cliente e também como é possível produzir seu
próprio material para auditar os mais diversos segmentos empresariais. Você
com certeza percebeu que é necessário que o auditor adquira conhecimento e
informações previamente à auditoria, pois ele precisa saber o que fará e quais
não conformidades podem ser mais frequentes nos mais diversos segmentos.
Nesta seção você poderá unir esse conhecimento e aprofundá-lo um pouco
mais, verificando que existem normas a serem tomadas como base para que
se tenha critério ao avaliar uma evidência como não conformidade. Você acha
que é importante tomar uma norma como base? Você acredita que as empresas
consideram importante obter a certificação ambiental de seus SGA? Com certeza
a resposta é positiva, não é? Você poderá concluir isso ao terminar de estudar
esta seção, que com certeza, está muito bacana! Vale a pena conferir! Vamos lá?
É bastante interessante desvendar os conceitos das auditorias e conhecer
os procedimentos que são utilizados para realizá-las, não é? A partir deste
momento, iremos conhecer um pouco mais sobre o processo de certificação
do SGA.
Você sabe por que as empresas têm procurado cada vez mais passarem por
processos de certificação? Uma das respostas mais comuns está relacionada à
melhoria nas práticas ambientais que a empresa pode adquirir ao passar por
uma auditoria de certificação, pois este estudo é considerado rigoroso. Além da
melhoria que pode ocorrer na empresa, outra questão bastante abordada é em
relação ao marketing que pode melhorar a imagem da empresa perante clientes,
funcionários, bancos, parceiros e fornecedores. É diferente você comprar um
produto de uma empresa certificada, não é? Principalmente na atualidade é
possível verificar como há mudança na visão dos consumidores. Muito se tem
comentado sobre quem melhora suas práticas ambientais e não há problema
em relação a isso, pois é comum que os alunos se perguntem: mas é justo que a
empresa utilize como marketing as ações que desempenha em relação ao meio
ambiente? Claro que sim, pessoal! Com certeza é justo, pois vamos pensar: se
a empresa está implementando um SGA, se propõe a passar por uma auditoria
de certificação e se compromete a melhorar consideravelmente suas práticas
ambientais, qual o problema em divulgar essas informações? Não há problema
nisso, pois é justo que divulgue uma ação que está sendo feita. O que não

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Auditoria ambiental 123

pode ocorrer é divulgar informações falsas em relação às práticas da empresa.


Você com certeza já viu em algum estabelecimento comercial placas do tipo:
Responsabilidade socioambiental nas empresas.
Esta empresa respeita o meio ambiente!
Aqui nós coletamos os resíduos e os destinamos corretamente!
Empresa certificada pela ISO 14001:2004.
Esta empresa possui projetos de responsabilidade socioambiental!
Este tipo de divulgação ocorre e serve para chamar a atenção daqueles que
estão em contato com a empresa. Desta forma, nós, enquanto consumidores
conscientes, devemos prestigiar as empresas que se preocupam e que possuem
programas ou ações de responsabilidade socioambiental, mesmo que isso reflita
em custos um pouco mais elevados que os produtos oferecidos por empresas
sem certificação ou responsabilidade socioambiental. Lembra‑se da relação
custo‑benefício que já comentamos anteriormente? Vale a pena pensar nisso!
O processo de certificação irá ocorrer a partir do momento em que a em‑
presa se considerar apta a passar pela auditoria de certificação. Dessa forma,
o primeiro passo a ser pensado é: Eu possuo um SGA ambiental que opera
sem falhas? Caso existam falhas, elas são corrigidas imediatamente? Nossos
funcionários estão treinados para operar o SGA sem erros? Caso a resposta
seja afirmativa, a empresa poderá passar pela auditoria de certificação e é bem
provável que receba um parecer positivo sobre a mesma.
Você já sabe que a auditoria de certificação pela ISO 14001 é realizada
por uma empresa independente, ou seja, não será você que irá realizar este
processo dentro da empresa em que trabalha. Atualmente existem 19 empresas
que realizam esta modalidade de auditoria no Brasil e você pode acompanhar
quais são essas empresas no Quadro 4.14:

Quadro 4.14 Organismos certificadores credenciados: organismos acreditados

Tipo Nome do organismo certificador credenciado País de origem Estado


GL — Germanischer Lloyd Industrial Service do Brasil
OCC Brasil SP
Ltda.
OCC ICQ Brasil — Instituto de Certificação Qualidade Brasil Brasil GO
OCC Instituto Falcão Bauer da Qualidade — IFBQ Brasil SP
OCC IQA — Instituto da Qualidade Automotiva Brasil SP
OCC Lloyd’s Register do Brasil Ltda. Brasil RJ
OCC RINA — Societá per Azioni Itália
continua

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124  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

continuação
OCC SGS ICS Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC TECPAR — Instituto de Tecnologia do Paraná Brasil PR
OCC Tüv Rheinland do Brasil Ltda. Brasil SP
OCC ABNT — Associação Brasileira de Normas Técnicas Brasil RJ
OCC ABS — Quality Evaluations Inc. Brasil SP
OCC Associação Portuguesa de Certificação Portugal DF
OCC BRTÜV Avaliações da Qualidade S. A. Brasil SP
OCC Bsi Brasil Sistema de Gestão Ltda. Brasil SP
OCC BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC Det Norske Veritas Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC DQS do Brasil Ltda. Brasil SP
OCC Evs Brasil Certificadores de Qualidade Ltda. Brasil SP
OCC FCAV — Fundação Carlos Alberto Vanzolini Brasil SP
Fonte: Adaptado de INMETRO (2011, p. 1-2).

Links
Pesquise sobre a ABNT, pois ela é um organismo certificador credenciado e por este motivo
pode realizar auditorias de terceira parte com finalidade de certificação. Confira informações
sobre ela e converse com seus colegas.

Esses organismos certificadores credenciados são conhecidos como OCC´s


e são responsáveis por dar o parecer em relação à certificação ambiental. Eles
recebem essa nomenclatura porque são credenciados por algum órgão ou em‑
presa, no caso brasileiro, por uma autarquia no governo federal que se chama
INMETRO. Campos e Lerípio (2009, p. 75) esclarecem o que é um organismo
credenciador: “O organismo de certificação credenciado (OCC) é aquele que
tem autonomia para auditar a empresa e dar o parecer sobre a recomendação
ou não do certificado”.
O INMETRO é uma autarquia vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua
como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metro‑
logia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO),
colegiado interministerial, que é o órgão normativo do Sis‑
tema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (SINMETRO). Objetivando integrar uma estrutura
sistêmica articulada, o Sinmetro, o Conmetro e o Inmetro

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  125

foram criados pela Lei 5.966, de 11 de dezembro de 1973,


cabendo a este último substituir o então Instituto Nacional de
Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu
raio de atuação a serviço da sociedade brasileira (INMETRO,
2011, p. 1).

As principais competências do INMETRO (2011, p. 1) são:


Executar as políticas nacionais de metrologia e da qualidade;
Verificar a observância das normas técnicas e legais, no que
se refere às unidades de medida, métodos de medição, me‑
didas materializadas, instrumentos de medição e produtos
pré-medidos; Manter e conservar os padrões das unidades
de medida, assim como implantar e manter a cadeia de ras‑
treabilidade dos padrões das unidades de medida no País,
de forma a torná-las harmônicas internamente e compatíveis
no plano internacional, visando, em nível primário, à sua
aceitação universal e, em nível secundário, à sua utilização
como suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade
de bens e serviços; Fortalecer a participação do País nas
atividades internacionais relacionadas com metrologia e
qualidade, além de promover o intercâmbio com entidades
e organismos estrangeiros e internacionais; Prestar suporte
técnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrolo‑
gia, Normalização e Qualidade Industrial — Conmetro, bem
assim aos seus comitês de assessoramento, atuando como sua
Secretaria-Executiva; Fomentar a utilização da técnica de ges‑
tão da qualidade nas empresas brasileiras; Planejar e executar
as atividades de acreditação de laboratórios de calibração
e de ensaios, de provedores de ensaios de proficiência, de
organismos de certificação, de inspeção, de treinamento e
de outros, necessários ao desenvolvimento da infraestrutura
de serviços tecnológicos no País; e Desenvolvimento, no
âmbito do Sinmetro, de programas de avaliação da confor‑
midade, nas áreas de produtos, processos, serviços e pessoal,
compulsórios ou voluntários, que envolvem a aprovação de
regulamentos.

Dessa forma, percebemos que compete ao INMETRO credenciar as empre‑


sas que realizarão as auditorias de certificação. Sendo assim, o INMETRO é
conhecido como Organismo Credenciador, pois depende do credenciamento
dele a aprovação e participação das 19 empresas citadas no Quadro 4.14, nos
procedimentos de auditorias para fins de certificação do SGA. Já comentamos
sobre 2 organismos que participam do processo de auditoria: um é o organismo
certificador (que são as 19 empresas citadas) e o organismo credenciador que é

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o INMETRO. Falta lembrarmos o terceiro organismo que se chama: Organismo


Normalizador. No Brasil, o organismo normalizador, ou seja, aquele que utiliza
a norma ISO conforme ela vem do exterior, e a transforma para a linguagem e
a realidade brasileira, se chama ABNT. Por isso sempre nos referimos à norma
tomada como base: ABNT NBR ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a). Você com certeza já utilizou alguma norma da
ABNT para escrever seus trabalhos, não é? Então você já sabe que a ABNT emite
normas técnicas para que muitas pessoas possam trabalhar e se adequar àquilo
que foi determinado como base. Campos e Lerípio (2009, p. 75) expõem que:
O organismo normalizador é a entidade autorizada a emitir
normas técnicas, que no caso do Brasil é a ABNT. A mesma
atua como representante de outras entidades de normalização
internacional: a Internacional Organization for Standardiza‑
tion (ISO) e a International Electrotechnical Comission (IEC).
As normas ISO, por serem internacionais, ao serem emitidas
no Brasil recebem a sigla NBR ISO, representando assim a
equivalente brasileira da ISO.

Você percebeu, pela citação, que no Brasil a ABNT recebe a norma ISO e
a adequa para que possamos utilizá‑la da mesma forma, ou seja, seguindo os
mesmos princípios e linguagem. Vamos relembrar as três entidades que parti‑
cipam do processo de certificação? Veja a Figura 4.9:

Figura 4.9 Entidades participantes do processo de certificação

Fonte: Do autor (2013).

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  127

O processo de certificação do SGA é composto por 4 atividades básicas:


1. Pré-auditoria ou auditoria inicial: etapa não obrigatória, mas de
fundamental importância para empresas que queiram antecipar-se
a possíveis não conformidades e corrigi-las antes de passarem pela
auditoria principal. É feita uma espécie de diagnóstico do sistema de
gestão ambiental da organização e as informações encontradas são
repassadas à alta administração. Caso queiram corrigir as não con‑
formidades encontradas, possuem um prazo para que isso seja feito e
após esse período há a possibilidade de marcar a auditoria principal. A
visão principal neste primeiro diagnóstico se refere à documentação e
aos procedimentos implementados pela empresa em relação ao SGA.
É importante ocorrer este primeiro procedimento para que as partes
envolvidas (cliente e auditor) estabeleçam um primeiro contato e o
relatório com as providências essenciais seja colocado em prática,
visando a melhoria contínua do SGA. Feitos os levantamentos iniciais,
a equipe poderá planejar a auditoria principal e a empresa estará apta
a passar por ela.
2. Auditoria de certificação (auditoria principal): nesta etapa a empresa
receberá a equipe de auditoria, que se trata de um dos 19 OCC’s
descritos anteriormente, e esta equipe realizará o processo para dar o
parecer positivo ou não sobre a certificação. Esta auditoria é bastante
completa e visa analisar todos os pontos relevantes sobre o SGA da
organização. A norma tomada como base, no caso da nossa disciplina,
pode ser a ABNT NBR ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a), que definirá o que será desenvolvido
enquanto material para coleta de dados e informações necessárias. Um
exemplo: se a empresa possui um SGA e trabalha com celulose, o ma‑
terial a ser montado: questionários, listas e protocolos, serão projetados
mediante o que deve ser analisado dentro dessa empresa de celulose,
processo que seria diferente ao auditar uma empresa que trabalha
com alimentos, por exemplo. A auditoria tem duração de três a cinco
dias, dependendo da quantidade de setores a serem analisados e da
quantidade de pessoas envolvidas na equipe de auditoria. Se durante
a auditoria a equipe verificar que existem pequenos desvios a serem
corrigidos, poderá dar o parecer positivo sobre a certificação e dessa
forma a organização receberá o certificado. Se as não conformidades

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forem de grandes proporções, o relatório constará essas informações


e o parecer será negativo, devendo a empresa passar por correções e
assim que estiver tudo certo, poderá solicitar novamente a auditoria
de certificação.
3. Auditorias de acompanhamento ou de manutenção: são realizadas para
garantir que no tempo em que a empresa estiver de posse do certificado,
que vale por 3 anos, a melhoria contínua ocorrerá e não deixarão que as
não conformidades apareçam e travem o procedimento de recertificação
quando do término do certificado. O período para ocorrência das au‑
ditorias de manutenção pode variar de acordo com o que for solicitado
pela empresa, podendo ser trimestral, semestral ou anual. Isso significa
que se uma empresa quiser passar por auditorias de manutenção a cada
6 meses, ela receberá a visita dos auditores nesses períodos e a verifi‑
cação das não conformidades será feita frequentemente. Esse período
mais próximo entre uma auditoria e outra permite que caso haja algum
desvio na conduta do SGA possa haver ação corretiva imediatamente,
evitando pareceres negativos. Também é possível realizar a auditoria
de manutenção por setores, ou seja, a cada semestre auditar um setor
para que ao fim de 3 anos a auditoria tenha sido completa e o parecer
da certificação seja positivo novamente.
4. Auditorias de recertificação: essa auditoria dá início ao ciclo que
proporcionou à empresa a certificação ambiental. Ou seja, ao final
de três anos, a empresa poderá passar novamente por uma auditoria
inicial, depois pela principal, poderá obter o certificado, passará por
auditorias de manutenção e por fim pela de recertificação, fechando
o ciclo. Vale a pena lembrar que a empresa pode não conseguir a
recertificação, caso não tenha seguido cumprindo os objetivos pro‑
postos visando a melhoria contínua. Também é preciso ressaltar que
a cada auditoria que a empresa passa a cobrança aumenta sobre o
desempenho ambiental da mesma. Isso porque o princípio da melho‑
ria contínua, que eu tenho referenciado durante todo o livro, precisa
ser superado. O próprio nome já sugere do que se trata, um processo
onde a melhoria deve ser continuada.

Vamos acompanhar os passos do processo de certificação?


A Figura 4.10 representa este processo desde seu início até a conclusão.

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  129

Figura 4.10  O processo de certificação

O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO

INÍCIO

Escolha do organismo credenciador

Escolha do organismo de certificação credenciado (OCC)

Contato com o OCC

Preenchimento de questionário pela empresa

Orientações do OCC/troca de informações

Confirmação e formalização do contrato

Pagamento de taxas determinadas pelo OCC

Envio do manual do SGA ao OCC pela empresa

Planejamento das auditorias

Auditoria de pré-certificação (opcional)

Auditoria inicial — avaliação dos pontos vitais do SGA

AVALIAÇÃO POSITIVA AVALIAÇÃO NEGATIVA

Recomendação de certificação ao órgão Ajustes pela empresa conforme solicitação da


credenciador equipe de auditoria
Aprovação de certificação pelo órgão
Programação de uma nova auditoria inicial
credenciador
Realização da auditoria principal para verificar se
EMISSÃO DO CERTIFICADO PELO OCC
o parecer será positivo ou não sobre a certificação
Auditoria de manutenção (trimestral, semestral
Se o parecer for positivo, haverá:
ou anual)
Auditoria de recertificação (ao final de 3 anos, Recomendação de certificação ao órgão
quando vence o certificado) credenciador
Aprovação de certificação pelo órgão
credenciador
EMISSÃO DO CERTIFICADO PELO OCC

Fonte: Adaptado de Campos e Lerípio (2009).

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Caso o parecer seja negativo novamente, a empresa irá passar pelas adequações
e poderá remarcar a auditoria inicial ou a principal e tentar novamente
passar pela certificação. Se durante a auditoria existir não conformidades
verificadas, a empresa poderá apresentar soluções e corrigi-las em até 90 dias,
quando o auditor voltará à organização para verificar se poderá dar o parecer
positivo para que a empresa consiga o certificado. Caso ocorra alguma não
conformidade grave durante o período que a empresa está certificada, poderá
ocorrer o cancelamento, a revogação ou a suspensão do mesmo.

Questões para reflexão


Você acha que o certificado garante que a empresa se manterá sem
não conformidades em seu SGA?
Você acredita que passar por auditorias frequentes garante um processo
de melhoria contínua para a empresa?
O organismo certificador credenciado tem um papel importante na
auditoria de certificação do SGA?

Para saber mais


Muitos produtos e serviços possuem selos ambientais como prova de sua certificação. Consulte
os produtos que você consome e veja se eles possuem selos de certificação, também conhecidos
como selos verdes.

A partir deste momento, você já sabe como funciona o planejamento de


uma auditoria, quais os possíveis objetivos, escopo, procedimentos para con‑
fecção de listas de verificação, protocolos, questionários, entre outros. Dessa
forma, vamos iniciar alguns estudos de caso? Penso que seja importante para
você analisar de perto como uma auditoria pode ser realizada dentro de uma
empresa e quais tipos de formulários podem ser utilizados. Na unidade a seguir
você encontrará esses cases para análise, vamos lá?

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A u d i t o r i a a m b i e n t a l  131

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade você percebeu a importância das auditorias ambien‑
tais e como elas estão estruturadas. Você pode desenvolver seu material
para realizar auditorias internas e iniciar as práticas em seu ambiente de
trabalho, em alguma ONG, prefeitura, organização etc. Com certeza é
preciso praticar, mesmo que seja ficcionalmente, para aumentar a capa‑
cidade de desenvolver as etapas da auditoria com sucesso. Além disso,
pôde perceber também o quanto é importante conhecer algumas normas
para saber se elas podem ou não ser tomadas como base na auditoria que
você irá realizar. Você também pôde conhecer as etapas do processo de
certificação do SGA que favorece às empresas que participam, por adqui‑
rirem um certificado que garante aos produtos e serviços oferecidos por
ela uma imagem bem mais confiável no mercado. Resolva as atividades
de aprendizagem e reforce ainda mais o que você verificou até este mo‑
mento! Você com certeza está compartilhando experiências ao ler este
livro. Converse com seus colegas, discuta os assuntos que tratamos, isso
pode abrir novas áreas de pesquisa e interação entre vocês.

Resumo
Durante a discussão realizada nesta unidade pudemos verificar
como as auditorias ambientais são estruturadas, desde o planejamento,
as reuniões, análise de documentos, elaboração de materiais para
execução das auditorias, elaboração de relatório final e reunião de
encerramento. Mediante essa lista de procedimentos é possível perce‑
ber que a auditoria ambiental é uma ferramenta de gestão e que deve
ser utilizada com mais frequência que na atualidade, pois verificar o
desempenho das empresas, conhecendo e resolvendo as não confor‑
midades apontadas faz com que o processo de melhoria contínua seja
cada vez mais colocado em prática pelos gestores ambientais. Verifi‑
camos também que o processo de certificação de sistemas de gestão

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ambiental está sendo cada vez mais utilizado pelas empresas, pois confere
maior confiabilidade ao produto que será produzido, pois o processo de
certificação exige que a empresa esteja cumprindo normas e requisitos
base para que receba o certificado. Dessa forma, consideramos que as
empresas que possuem o selo ISO 14001 são empresas conscientes e que
trabalham dentro de padrões confiáveis de gestão ambiental.

Atividades de aprendizagem
1. Você considera o planejamento das auditorias um procedimento
necessário? Explique sua resposta.
2. As auditorias de desempenho ambiental são utilizadas em quais
momentos e por quais tipos de empresas?
3. A elaboração de materiais para auditoria deve ser feita pelos auditores?
Pelos clientes? Pelo auditado? Sempre os mesmos formulários devem
ser utilizados?
4. O relatório de auditoria deve ser pautado em conformidades ou não
conformidades?
5. Você acredita que a certificação ambiental é um processo que
potencializa a marca da empresa que passa por ela?

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Unidade 5
Imagem corporativa e
rotulagem ambiental
Rodrigo de Menezes Trigueiro

Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você conhecerá as


estratégias utilizadas pelo mercado para se adequar ao novo perfil
do consumidor, que tem se mostrado preocupado com as questões
ambientais e passa a exigir das empresas uma mudança de postura,
usando para isso o seu comportamento de consumo.

Seção 1: Imagem corporativa


Nesta seção discutiremos sobre as iniciativas das
organizações para a mudança de comportamento
com relação à gestão de seus negócios e sua imagem
perante consumidores.

Seção 2: Rotulagem ambiental


Nesta seção abordaremos as ações governamentais
e não governamentais para normatizar e certificar
as mudanças de comportamento assumidas pelas
organizações na gestão dos recursos humanos e
ambientais.

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Introdução ao estudo
Em novembro de 2011 a população humana chegou a assombrosos sete
bilhões de pessoas, e não parou de crescer. Como atender às necessidades de
tantas pessoas? Chegamos ao momento de nossa existência em que devemos
repensar a forma como nos relacionamos com o meio ambiente e a maneira
como fazemos uso dos recursos disponíveis. Neste cenário, intensifica-se um
movimento pela busca do desenvolvimento sustentável, que propõe o equilíbrio
entre o desenvolvimento econômico, social e a preservação do meio ambiente.
Ainda teremos que caminhar muito para que nosso modo de vida atinja esse
equilíbrio, e esta caminhada já se iniciou. Consumidores mais conscientes
passam a exigir uma nova postura dos produtores de bens de consumo. Estes,
por sua vez, enxergam nesse comportamento dos consumidores um nicho
de mercado e passam a apostar nessa promissora estratégia comercial. Nos
dias atuais podemos chamar de “moda verde” essa forma dos consumidores
e produtores de pensar e agir. Entretanto, num futuro próximo, essa conduta
significará a sobrevivência de um negócio no competitivo mundo capitalista.
Vamos iniciar analisando quais são estas iniciativas que passam a figurar na
esfera dos negócios como uma nova regra de mercado.

Seção 1  Imagem corporativa


Diariamente somos “bombardeados” com uma série de informações que
chegam até nós a partir de diferentes meios, seja pela mídia falada, escrita,
televisiva, seja pela comunicação que estabelecemos com outras pessoas.
Dessa forma, podemos construir nossa percepção sobre o mundo que nos
rodeia. Assim, você não precisa viajar até uma determinada cidade para saber
se é violenta, ou seja, quanto maior o número de notícias sobre violência você
receber daquela cidade, maior será seu receio em visitá-lá. Nese caso, uma
informação recebida gerou um sentimento em você. O mesmo acontece com
as organizações. Vejamos nos exemplos a seguir:
1. No noticiário você assiste a um vazamento de petróleo, que por conse‑
quência mata milhares de animais marinhos.
2. Na revista você lê numa reportagem sobre uma determinada empresa
que se instalou uma região pobre do país, melhorando a qualidade de

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I m a g e m c o r p o r a t i v a e r o t u l a g e m a m b i e n t a l  135

vida da população local por meio da geração de empregos e da criação


de programas de assistência médica e educacional.
3. Em uma conversa, seu vizinho lhe conta que gosta muita da empresa
onde trabalha, pois lá existe uma grande preocupação com o bem-estar
dos funcionários e com o meio ambiente.

Nos três exemplos podemos verificar que as informações geraram em você


um sentimento, positivo ou negativo, em relação às organizações envolvidas.
Esse “sentimento” que construímos a partir de informações ou de experiências
vividas sobre uma determinada empresa chamamos de “imagem corporativa”.
Para consolidar o conceito de imagem corporativa, vejamos o que diz Nunes
(2008, p. 1):
A imagem corporativa corresponde à percepção ou tradução
psicológica da identidade corporativa, isto é, à visão que o
público em geral tem da organização. Está, portanto, forte‑
mente associada à representação visual traduzida nas percep‑
ções que os diferentes stakeholders constroem a partir dos
diferentes elementos de comunicação e interface com a or‑
ganização, tais como publicidade, pontos de venda, relações
públicas, símbolos, marcas, logótipos, cores, embalagens etc.
Apesar de corresponder a uma visão externa da organização,
a imagem corporativa depende essencialmente do resultado
da sua atuação e do seu relacionamento com o mercado.

Considerando essas informações, discutiremos a seguir os esforços das or‑


ganizações para melhorar sua imagem corporativa junto a consumidores cada
vez mais conscientes e exigentes quando o assunto é responsabilidade social
e ambiental.

1.1 Histórico
Quem está disposto a pagar o preço pela preservação do meio ambiente?
Empresários e a sociedade de forma geral apresentam-se muito favoráveis
ao discurso da preservação do meio ambiente. Entretanto, as mudanças na
forma de produzir alimentos e bens de consumo, e também no comporta‑
mento do consumidor exigem o comprometimento de todos. Estamos falando
de “sacrifícios pessoais”, ou seja, o quanto estamos dispostos a reduzir nossos
ganhos financeiros e o quanto poderemos pagar a mais pelos produtos ditos
ecologicamente corretos.

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Desde o início da Revolução Industrial até recentemente, produzíamos e


consumíamos sem considerar o impacto desse crescimento econômico sobre o
meio ambiente. Chegamos a um ponto em que literalmente tal comportamento
estava reduzindo nossa qualidade de vida, seja pela deterioração da qualidade
do ar e da água, seja pelo tempo que passamos trabalhando sem poder desfru‑
tar dos resultados desse trabalho. Por muitos anos a sociedade moderna viveu
dessa forma, sem se questionar, pois não se tinha conhecimento da dimensão
do estrago que estávamos causando.
Para ilustrarmos essas considerações, vejamos alguns dados apresentados
por Maimon (1994, p. 120):
O impacto do setor industrial na deterioração ambiental é
significativo, ainda que tenha sido reduzido nos últimos 20
anos. A indústria dos países desenvolvidos vem contribuindo
com aproximadamente 1/3 do PNB — Produto Nacional
Bruto, enquanto as externalidades negativas têm sido pro‑
porcionalmente maiores. No que tange à poluição do ar, o
ramo industrial é responsável por 40 a 50% das emissões de
óxidos de enxofre, 50% do efeito estufa e 25% das emissões
de óxidos de azoto. No que se refere à poluição da água,
a indústria contribui com 60% da demanda bioquímica de
oxigênio e de material em suspensão e 90% dos despejos
tóxicos. Quanto ao lixo, o setor industrial descarrega 75%
do lixo orgânico.

De acordo com a autora, a primeira mudança que começa a figurar nesse


cenário é a incorporação das externalidades, ou seja, as empresas começam
a se responsabilizar pelos efeitos negativos de suas operações sobre o meio
ambiente e sociedade. Até os anos 1970, esse comportamento estava limitado
à prevenção de acidentes e ao atendimento das normas de direito estabele‑
cidas pelos órgãos governamentais. Entretanto, essas mudanças significavam
a elevação de custos de produção, pois havia a necessidade de se adquirir e
manter uma tecnologia capaz de reduzir os impactos ambientais. Considerando
que nessa época a estratégia ambiental era baseada na maximização de lucros
em curto prazo, os custos crescentes com novas tecnologias foram repassados
aos preços dos produtos. Nesse contexto, as relações entre responsabilidade
ambiental das empresas, maximização dos lucros, política ambiental e o de‑
senvolvimento econômico passaram a ser considerados incompatíveis.
Não por uma consciência ambiental, mas por uma questão de sobrevivência,
as empresas que passaram pelas crises econômicas de 1973 e 1979 desenvol‑

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I m a g e m c o r p o r a t i v a e r o t u l a g e m a m b i e n t a l  137

veram tecnologias para diminuir a demanda por energia e matérias-primas e,


assim, na década de 1980, começaram a perceber que uma revolução ambiental
no sistema econômico não só era possível, mas também era viável e poderia
ser interessante.
Junto à percepção das organizações, os consumidores iniciam seu processo
de conscientização e passam a cobrar das empresas maior responsabilidade
ambiental. Nesse momento, cria-se um novo nicho de mercado, que deverá ser
ocupado pelas empresas que saírem na frente, associando aos seus produtos
e serviços uma imagem corporativa de “empresa amiga do meio ambiente”.
Na esfera governamental também se intensificam os esforços na criação de
mecanismos de controle e monitoramento das atividades poluidoras com o
objetivo de incentivar o crescimento econômico, desde que sob a perspectiva
da sustentabilidade.
Além desses fatores, podemos dizer que o movimento ambientalista ga‑
nhou caráter mundial com a consolidação da globalização. Assim, mesmo nos
países onde as políticas ambientais ainda não estão bem definidas, ou inexis‑
tentes, o controle é feito externamente por países importadores que exigem tal
postura de seus fornecedores. Esse fato, na medida em que cria barreiras co‑
merciais, pressiona os governos desses países a se adequarem à nova realidade
que se estabeleceu.

1.2 Responsabilidade social e ambiental


Considerando as colocações feitas anteriormente, podemos dizer que diante
desta nova realidade intensifica-se o discurso da responsabilidade social e
associam-se a este as questões ambientais. Castro e Linhares (2008) contex‑
tualizam que a responsabilidade social é um tema que se insere no contexto
prático e empírico das empresas que buscam desenvolver uma nova forma de
trabalho, visando estabelecer ações que contribuam com a sociedade que está
inserida, usando essa prática para garantir a ligação entre a atuação de seus
colaboradores e as atividades da empresa e, externamente, buscando realizar
ações para o desenvolvimento social; dessa forma, transmitem aos seus con‑
sumidores, fornecedores, parceiros e a própria sociedade a imagem de uma
empresa responsável, estabelecendo aspectos diferencias a seus produtos e
serviços num mercado cada vez mais competitivo. Os mesmos autores apre‑
sentam em seu artigo o conceito de responsabilidade social definido por Valleys
(apud CASTRO; LINHARES, 2008, p. 3):

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138  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

[...] Responsabilidade social empresarial é um conjunto de


práticas da organização que integra sua estratégia corporativa
e que tem como finalidade evitar danos e/ou gerar benefícios
para todas as partes envolvidas na atividade da empresa
(clientes, empregados acionistas, comunidade, periferia etc.),
com finalidades racionais, que devem redundar em benefício
tanto da organização como da sociedade.

No cenário atual, a responsabilidade ambiental se insere no contexto de


responsabilidade social — uma vez que as ações direcionadas à conservação
ambiental refletem diretamente na qualidade de vida da sociedade como um todo.
Dessa forma, a institucionalização da responsabilidade social e ambiental
é uma consequência da interação da empresa com os atores externos e inter‑
nos à organização. Nesse sentido, o papel das partes interessadas no processo
é fundamental para a mudança de comportamento das empresas; portanto,
é importante identificar quem são as partes interessadas e quais são suas
demandas. Para que você entenda melhor, Ramos (2002) apresenta algumas
das responsabilidades sociais que uma gestão empresarial deve considerar
nas relações com as chamadas partes interessadas ou stakeholders, conforme
mostra o Quadro 5.1.

Quadro 5.1  Responsabilidades sociais a serem consideradas nas relações entre empresa e seus
stakeholders

Stakeholders Ações de responsabilidade


Perante os acionistas a gestão deve utilizar os recursos do negócio
comprometendo-se com atividades desenvolvidas para aumentar os seus
lucros, dentro das restrições legais impostas pela sociedade, além de reve‑
Acionistas
lar, totalmente e com exatidão, a utilização dos recursos da empresa e os
resultados dessa utilização. Além do lucro, a informação é direito funda‑
mental de um acionista.
A gestão pode limitar-se a assumir o mínimo de responsabilidades para
com os empregados, respeitando apenas as obrigações legais relativas à
relação empregado-empregador. Entretanto, uma empresa socialmente
responsável deve ir além do simples cumprimento das leis trabalhistas,
Empregados
procurando alinhar os seus objetivos estratégicos aos interesses dos seus
funcionários. A responsabilidade social possibilita a criação de um am‑
biente de trabalho saudável, que resulta em maior produtividade, com‑
prometimento e motivação.
continua

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I m a g e m c o r p o r a t i v a e r o t u l a g e m a m b i e n t a l  139

continuação
As empresas socialmente responsáveis devem utilizar critérios de com‑
prometimento social e ambiental na hora de selecionar seus parceiros e
fornecedores, considerando, por exemplo, o código de conduta destes em
questões como relações com os trabalhadores ou com o meio ambiente.
Fornecedores Os valores do código de conduta da empresa devem ser difundidos por
toda a sua cadeia de fornecedores, empresas parceiras e terceirizadas,
buscando disseminar valores e contratar ou interagir com empregados
terceirizados que valorizem os mesmos conceitos sociais que os seus
funcionários.
A questão da responsabilidade social perante os clientes está relativa‑
mente bem definida num aspecto (por exemplo, nas leis específicas que
definem a segurança do produto) e mantém-se bastante fluida noutro
(por exemplo, nas expectativas gerais quanto à relação qualidade-preço).
Muitas empresas já optam por assumir as suas responsabilidades para
Clientes
com os clientes, respondendo prontamente às reclamações, fornecendo
informação completa e exata sobre o produto, implementando campa‑
nhas de publicidade absolutamente verdadeiras quanto ao desempenho
do produto e assumindo um papel ativo no desenvolvimento de produtos
que respondam às preocupações sociais dos clientes.
Assim como a comunidade na qual as empresas estão inseridas oferecem
recursos para as empresas, como os empregados, parceiros e fornecedo‑
res, que tornam possível a execução das suas atividades corporativas, o
Comunidade investimento na comunidade, através da participação em projetos sociais
promovidos por organizações comunitárias e ONGs, além de uma retri‑
buição, é uma própria maneira de melhorar o desenvolvimento interno e
externo.
A empresa deve relacionar-se de forma ética e responsável com os po‑
deres públicos, cumprindo as leis e mantendo interações dinâmicas com
seus representantes, visando a constante melhoria das condições sociais e
políticas do país. O comportamento ético pressupõe que as relações entre
a empresa e governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas,
empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Cabe à empresa
manter uma atuação política coerente com seus princípios éticos e que
Governo e
evidencie seu alinhamento com os interesses da sociedade. A empresa
sociedade
ambientalmente responsável investe em tecnologias antipoluentes, recicla
produtos e lixo gerado, implanta “auditorias verdes”, cria áreas verdes,
mantém um relacionamento ético com os órgãos de fiscalização, executa
um programa interno de educação ambiental, diminui ao máximo o im‑
pacto dos resíduos da produção no ambiente, é responsável pelo ciclo de
vida de seus produtos e serviços e dissemina para a cadeia produtiva estas
práticas relativas ao meio ambiente.
Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrên‑
cia, a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, “dum‑
Concorrentes
pings” e formação de trustes e cartéis, buscando sempre fortalecer a livre
concorrência de mercado.
Fonte: Adaptado de Ramos (2002).

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140  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Como vimos, a definição da política ambiental de uma empresa será re‑


sultante da natureza das relações que se estabelecem com seus stakeholders
e com o anseio da organização em atender às suas expectativas. Sendo assim,
precisamos considerar que as empresas necessitem organizar-se de forma
a atender estas demandas sem que isto acarrete em prejuízos, de qualquer
natureza, para qualquer uma das partes interessadas. Para que possamos nos
orientar, consideremos o modelo piramidal proposto por Carrol (apud DAFT,
1999, p. 90, grifos do autor) que divide a Responsabilidade Social Total de uma
organização em quatro sub-responsabilidades:
Responsabilidade econômica: consiste na base da pirâmide,
pois trata-se da principal responsabilidade social encontrada
nas empresas, considerando os lucros a maior razão pela qual
as empresas existem, isto significa produzir bens e serviços
de que a sociedade necessita e deseja a preços competiti‑
vos que possam garantir a existência da empresa em longo
prazo, satisfazendo seus compromissos com os investidores
e maximizando os lucros para seus proprietários e acionistas.
Responsabilidade legal: estabelece o que é relevante para
a sociedade com relação ao comportamento adequado da
empresa, ou seja, que as empresas atendam às metas econô‑
micas dentro da estrutura legal e das exigências legais, que
são impostas pelos conselhos locais das cidades, assembleias
legislativas estaduais e agências de regulamentação do go‑
verno federal.
Responsabilidade ética: considera a expectativa da sociedade
sobre a conduta nas ações praticadas pela empresas, que
não são necessariamente codificadas pela lei e podem não
servir aos interesses econômicos diretos desta empresa. Neste
sentido, que a tomada de decisão por seus responsáveis seja
feita sob a perspectiva da equidade, justiça e imparcialidade,
além do respeito aos direitos individuais.
Responsabilidade discricionária ou filantrópica: está relacio‑
nada à ação essencialmente espontânea e orientada pelos
anseios das organizações em realizar sua contribuição social,
não estando esta ação deliberada por imposições econô‑
micas, legais ou éticas. Dentre as atividades filantrópicas
destacam-se as doações a obras beneficentes; contribuições
financeiras para projetos comunitários ou para instituições de
caridade que não ofereçam retornos para a empresa.

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Imagem corporativa e rotulagem ambiental 141

Questões para reflexão


Vimos que é possível trabalhar pensando nos anseios da sociedade e
nas questões sociais e ambientais. Assim, por meio da responsabilidade
socioambiental, as empresas desenvolvem produtos e serviços que
atendam às expectativas de seus stakeholders. Mas você já parou para
pensar em como mensurar a satisfação de todas as partes interessadas
no negócio? Como saber se as ações de responsabilidade socioam‑
biental estão gerando resultados positivos?

1.2.1 Indicadores de responsabilidade socioambiental


Antes de iniciar qualquer ação de responsabilidade socioambiental é pre‑
ciso planejar as estratégias de trabalho, isto é, levantar todas as informações
necessárias para que se possa fundamentar a tomada de decisão. Desde o início
deste livro você percebeu a importância do planejamento nas atividades de
auditoria, de gestão etc. Dentre essas informações, destacamos:
Determinar quem são os beneficiados pela ação, ou seja, o
público‑alvo;
Conhecer quais são as necessidades e os anseios dessa parcela da
sociedade;
Levantar as demandas de recursos financeiros, humanos e outros que
serão necessários para que o plano seja colocado em prática;
Verificar a disposição da organização (acionistas) em desenvolver a
ação.
Então, podemos dizer que o desenvolvimento desse trabalho requer a cria‑
ção de um projeto para que a implantação da ideia seja realizada segundo um
roteiro de ações predefinidas e cujos resultados esperados possam ser mensu‑
rados, considerando os objetivos propostos para essa ação.

Para saber mais


A responsabilidade socioambiental mostra quais empresas estão preocupadas em realizar ações
que beneficiem a comunidade, o meio ambiente e os funcionários.

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142  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Retomando a questão colocada anteriormente: como fazer a mensuração


destes resultados? Como saber se os objetivos estabelecidos previamente estão
sendo atingidos?
Considerando que cada ação de responsabilidade socioambiental deverá
ser conduzida segundo um projeto preestabelecido, ressaltamos que o uso de
ferramentas para monitoramento dos resultados é fundamental para que pos‑
samos verificar sua eficiência.
Mas você já parou para pensar por que isto é tão importante?
Em um sistema altamente competitivo, nenhum desperdício de recursos é
tolerado. Todas as ações desenvolvidas pelas organizações devem gerar res‑
postas positivas e que solidifiquem sua imagem corporativa perante os seus
stakeholders. Nesse sentido, acompanhar de perto o desenvolvimento de um
projeto de responsabilidade socioambiental permite uma rápida tomada de
decisão, quando medidas corretivas precisam ser implantadas para redirecio‑
namento desse projeto e, na pior das hipóteses, determinar o seu encerramento.
Sendo assim, apresentaremos a seguir alguns modelos de indicadores de
responsabilidade socioambiental corporativa e você poderá conferir para apro‑
fundar mais sua base conceitual sobre o assunto proposto. Vamos lá?
Conforme conceituado por Zarpelon (apud RABELO; SILVA, 2011, p. 15)
“[...] os indicadores de responsabilidade social são dados e informações que
permitem aos gestores definir, através da análise, os cenários para determinada
situação”. São vários os modelos de avaliação que podem ser adotados pelas
empresas; estes são aplicados por diferentes países e contemplam um grupo de
indicadores que, além de permitir o controle das ações e estratégias organiza‑
cionais, ressaltam as fraquezas e necessidades dos projetos de responsabilidade
socioambiental.

Para saber mais


Procure conhecer o balanço social de alguma empresa. Na Internet você encontrará vários ba-
lanços sociais à disposição para consulta, pois é importante para as empresas divulgarem seus
investimentos na comunidade, nos colaboradores, no meio ambiente etc.

Na maioria dos casos os resultados da gestão de responsabilidade social


são apresentados por meio da disponibilização do balanço social. Esses
balanços trazem dados quantitativos e qualitativos que traduzem o de‑

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sempenho social das empresas e que são de interesse de seus stakeholders


(RABELO; SILVA, 2011). Os autores enfatizam que esse balanço social é
utilizado tanto em empresas privadas como também por ONGs, empresas
públicas, mistas e cooperativas.
Muitas empresas passaram a divulgar, de maneira voluntária,
os resultados de suas práticas sociais, visando aumentar a
transparência de suas informações. Como não existe a obri‑
gatoriedade de divulgar qualquer indicador, várias estruturas
e modelos podem ser seguidos para a elaboração desse ins‑
trumento. Porém, os vários modelos têm, em comum, alguns
aspectos como: faturamento, lucro, número de empregados
e folha de pagamento bruta, valores gastos com encargos
sociais e tributos, despesas com alimentação, treinamento,
saúde e segurança do trabalhador, benefícios concedidos,
investimentos e doações para a sociedade, entre outras formas
de participação social (RABELO; SILVA, 2011, p. 17).

No quadro a seguir apresentamos os principais modelos de indicadores


utilizados pelas organizações para avaliação do desempenho de suas ações
de responsabilidade socioambiental.

Quadro 5.2  Modelos de indicadores de avaliação de responsabilidade social

Modelo: Global ReportingIniciative (GRI) — Relatório abrangente


TBL (triple Bottom line) é a análise integrada das questões ambientais, sociais e
Enfoque
econômicas da empresa.
Empresas Adidas®, Coca-Cola®, Colgate®­, entre outras.
Indicadores
Venda líquida; análise de mercado; custos das matérias-primas; tipologia dos
De dimensão contratos; total da folha de pagamento e benefícios; distribuição para investi‑
econômica dores; aumento/decréscimo em ganhos retirados no período; impostos pagos;
subsídios; doações à comunidade.
Quantidade total de matéria-prima utilizada e reaproveitamento; consumo di‑
reto e indireto de energia; uso de fontes de energia renováveis; consumo anual
de energia necessário para a utilização dos produtos e serviços da empresa;
consumo total de água; fontes de água e ecossistema afetados pelo consumo;
reutilização e remoção anual de água de superfície em relação à quantidade
anual renovável de água disponível; localização de terras e tamanho das
De dimensão
mesmas em áreas de risco para o meio ambiente; principais impactos sobre a
ambiental
biodiversidade; quantidade de terras para atividades extrativistas; quantidade de
superfície impermeável em relação ao total; impacto de atividades e operações
sobre áreas protegidas ou sensíveis; objetivos e programas para restaurar ecos‑
sistemas e espécies nativas em áreas degradadas; uso e emissão de substâncias
destruidoras do ozônio; emissões de nox e sox; quantidade total de resíduos por
tipo e destino; descargas significativas na água; derramamento significativo de
continua

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144  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

continuação
produtos químicos, óleos e combustíveis; outras emissões relevantes; produção,
transporte, importação e exportação de quaisquer produtos considerados peri‑
De dimensão gosos; identificação das fontes de água afetadas pela descarga ou escoamento
ambiental de água; desempenho dos fornecedores em relação à questão ambiental; impac‑
tos ambientais dos produtos e serviços; percentual recuperado do produto ao
final da vida útil e percentual que poderia ser recuperado.
Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil e o trabalho forçado
e compulsório, e a descrição de programas para tratar o assunto; processos
judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos; políticas de não
retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimentos das reclamações e
queixas dos funcionários; treinamento em direitos humanos para segurança dos
funcionários; políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades
indígenas; gerenciamento dos impactos sobre as comunidades que vivem em
áreas afetadas pelas atividades da empresa; políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para a empresa e empregados com
relação a suborno e corrupção; políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e
mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições
De dimensão
políticas; quantia paga a partidos políticos e instituições cuja principal função
social
consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos; decisões legais
com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de
monopólios; políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal; políticas
para preservar a saúde e segurança do consumidor durante o uso de produto e
serviço; número e tipo de não conformidade com a legislação referente à saúde
e segurança do consumidor, incluindo penalidade e multas por essas violações;
número de reclamações aos órgãos regulatórios para garantir a segurança e
saúde no uso dos produtos e serviços; prêmios de responsabilidade social/am‑
biental recebidos pela empresa e/ou selos de órgãos ou instituições atestando a
qualidade do produto ou serviço.
Modelo Global Compact — Acordo internacional
Enfoque Saúde, direitos humanos e corrupção.
Empresas O Boticário®, Petrobrás®, entre outras.
Indicadores
De princípios Apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos dentro de seu âmbito de
de direitos influência; certificar-se de que suas próprias corporações não estejam sendo
humanos cúmplices de abusos em direitos humanos.
Apoiar a liberdade de associação e o conhecimento efetivo do direito à nego‑
De princípios
ciação coletiva; apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado e
de direitos do
compulsório; apoiar a erradicação efetiva do trabalho infantil; acabar com a
trabalho
discriminação a respeito de emprego e cargo.
De princípios Adotar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais; tomar iniciativas
de proteção para promover maior responsabilidade ambiental; incentivar o desenvolvimento
ambiental e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis.
De princí‑
pios contra a Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.
corrupção
continua

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continuação
Modelo indicadores Ethos — Relatório de autoavaliação
Sete dimensões: valores e transparência, público interno, meio ambiente, forne‑
Enfoque
cedores, consumidores e clientes, comunidade, Governo e sociedade.
Empresas Bradesco®, Sadia®, entre outras.
Indicadores
De valores, Compromissos éticos; enraizamento na cultura organizacional; governança
transparência corporativa; diálogo com as partes interessadas (stakeholders); relações com a
e governança concorrência; balanço social.
Relações com sindicatos; gestão participativa; compromisso com o futuro das
crianças; valorização da diversidade; política de remuneração, benefícios e
De público
carreira; cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho; compromisso
interno
com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade; comportamento
frente a demissões; preparação para aposentadoria.
Comprometimento da empresa com a causa ambiental; educação e conscien‑
De meio
tização ambiental; gerenciamento do impacto no meio ambiente e do ciclo de
ambiente
vida de produtos e serviços; minimização de entradas e saídas de materiais.
Critérios de seleção e avaliação de fornecedores; trabalho infantil na cadeia
De fornece‑
produtiva; relações com trabalhadores terceirizados; apoio ao desenvolvimento
dores
de fornecedores.
De consu‑
Política de comunicação comercial; excelência do atendimento; conhecimento
midores e
e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e serviços.
clientes
Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno; relações
De comuni‑
com organizações locais; financiamento da ação social; envolvimento da em‑
dade
presa com a ação social.
De governo e Contribuições para campanhas políticas; práticas anticorrupção e propina; lide‑
sociedade rança e influência social; participação em projetos sociais governamentais.
Modelo Ibase — Relatório resumido
Cinco dimensões: indicadores sociais internos; indicadores sociais externos;
Enfoque indicadores ambientais; indicadores do corpo funcional; informações relevantes
quanto ao exercício da cidadania empresarial.
Amazônia Celular®, Banco do Brasil®, Calçados Azaleia®, Grupo Pão de Açúcar®,
Empresas
Marcopolo®, SulAmérica Seguros®,Votorantin Celulose e Papel®, entre outras.
Indicadores
De base de
Receita líquida; resultado operacional; folha de pagamento bruta.
cálculo
Gastos com alimentação; previdência privada; saúde; educação; cultura; capa‑
Sociais inter‑
citação; desenvolvimento profissional; creches ou auxílio-creche; participação
nos
nos lucros ou resultados e outros benefícios.
Sociais exter‑
Somatório dos investimentos na comunidade.
nos
Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa; investimen‑
Ambientais
tos em programas externos e metas anuais.
continua

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146  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

continuação
Número de funcionários, de demissões, de empregados terceirizados, de
Do corpo estagiá­rios, de empregados acima de 45 anos, de mulheres, de negros; porcen‑
funcional tagem de cargos de chefia ocupados por mulheres e por negros; número de
portadores de deficiência.
De exercício
Relação entre maior e menor remuneração; total de acidentes; projetos sociais e
da cidadania
ambientais realizados; padrões de segurança; relação com fornecedores.
empresaria
Modelo de Hopkin — Relatório de autoavaliação
Enfoque Informações socioeconômicas e ambientais.
Empresas Análise da Coelba®, Celpe®, Cosern® e Colece®, entre outras.
Indicadores
De princípios Código de ética; litígios envolvendo violação das leis pela empresa; penalidades
de respon‑ em consequência das atividades ilegais; contribuição para inovações; criação
sabilidade de empregos diretos; criação de empregos indiretos; executivos condenados por
social atividades ilegais.
De prin‑
Mecanismo para examinar questões sociais relevantes para a empresa; corpo
cípios de
analítico para as questões sociais, como parte integral da elaboração de polí‑
capacidade
ticas; existência de auditoria social; relatório de prestação de contas sobre a
de resposta
ética; política com base nas análises de questões sociais.
social
Proprietários e acionistas: lucratividade/valor; irresponsabilidades administrati‑
vas ou atividades ilegais; bem-estar da comunidade; filantropias corporativas.
Executivos: código de ética.
Funcionários: relações sindicato/empresa; questões de segurança; pagamentos,
subsídios e benefícios; demissões; funcionários proprietários; políticas para
mulheres e minorias.
Clientes/consumidores: recalls de produtos; litígios; controvérsia pública sobre
De resultados
produtos e serviços; propaganda enganosa.
e ações de
Meio ambiente: poluição; lixo tóxico; reciclagem e uso de produtos reciclados;
responsabili‑
uso de etiqueta ecológica nos produtos.
dade social
Comunidade: doações corporativas para programas comunitários; envolvimento
direto em programas comunitários; controvérsias ou litígios com a comunidade.
Fornecedores: código de ética da empresa; código de ética dos fornecedores;
litígios/penalidades; controvérsias públicas.
Organização como uma instituição social: litígios genéricos; processos por
ações classistas; melhorias nas políticas e na legislação em decorrência de
pressões da empresa.
Modelo Norma Social Accountability 8000 —SA 8000 — Norma certificável
Enfoque Relações com funcionários, condições de trabalho.
Empresas Bradesco®, Avon Cosméticos®, ALCOA Alumínio®, entre outras.
Indicadores
De relações
trabalhistas Trabalho infantil; trabalho forçado; saúde e segurança; liberdade de associação
respeitando e direito à negociação coletiva; discriminação; práticas disciplinares; horário de
os direitos trabalho; remuneração; sistema de gestão.
humanos
continua

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continuação
Modelo Accountability 1000 — AA 1000 — Norma não certificável
Enfoque Diálogo com stakeholders.
Empresas Souza Cruz®, SESI®, Shell®, British Telecom®, entre outras.
Princípios de qualidade.
Escopo e natureza do processo de organização: completude; materialidade; regularidade e
conveniência.
Significância da informação: garantia da qualidade; acessibilidade
Qualidade da informação: comparabilidade; confiabilidade; relevância; entendimento
Gerenciamento do processo em base contínua: integração; melhoria contínua.
Fonte: Adaptado de Rabelo e Silva (2011).

Como vimos, muitos são os indicadores que poderão ser utilizados para a
verificação da eficiência e efetividade das organizações no desenvolvimento
de suas práticas de responsabilidade socioambientais. A aplicação desses mo‑
delos possibilita que as organizações se insiram em um processo de melhoria
contínua de sua imagem corporativa, pois conseguem visualizar de forma clara
o resultado de suas ações nesse campo. Entretanto, esse trabalho, apesar de
extremamente importante, não garante às partes interessadas que a imagem
construída seja verdadeira, pois muitas vezes a aplicação desses indicadores
pode constituir um trabalho de controle interno de uma determinada organiza‑
ção, ou seja, não é a certificação da verdade por uma terceira parte, mas sim
a opinião de quem executa a ação.
Para estes casos, quando uma empresa deseja atestar a qualidade de suas
ações sócio e ambientalmente responsáveis é que cabe a atuação das institui‑
ções certificadoras, que por meio da concessão de rótulos ambientais conferem
a produtos e serviços a credibilidade desejada pela empresa que os oferece no
mercado. Entendeu por que a certificação é importante?

Para saber mais


A certificação ambiental é de suma importância para as empresas, pois confere a elas credibili-
dade. Dessa forma, procure em alguns produtos que possui em casa os rótulos e analise se eles
são certificados por alguma norma. Assim, você poderá adquirir mais produtos da marca que
gosta sabendo que eles possuem normas e padrões de produção calcados em responsabilidade
social e ambiental.

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148  S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Seção 2  Rotulagem ambiental


2.1 Ciclo de vida dos produtos
Na década de 1970 as catástrofes ambientais, como derramamento de
petróleo e a contaminação do solo, ar e água por substâncias tóxicas não pas‑
savam mais despercebidas pela população. A mídia passou a atuar significa‑
tivamente na divulgação dessas informações, exercendo grande influência no
comportamento da população, que a partir de então começa a ter consciência
do peso de sua existência sobre a natureza. Como sabemos, esse movimento
tem se intensificado ao longo dos anos e hoje é uma tendência global. Nesse
contexto, os consumidores, agora mais conscientes, passam a buscar produtos
e serviços de empresas que demonstram preocupação com o meio ambiente.
De maneira a atender essas exigências do mercado consumidor, as empresas
desenvolvem novos produtos e serviços usando a preservação do meio ambiente
como estratégia de marketing. Conhecida como “marketing ambiental” ou “mar­
keting verde”, essa estratégia baseia-se nas premissas de desenvolvimento de
novos produtos que atendam às necessidades dos consumidores, cujo processo
produtivo tenha seu impacto ambiental minimizado e que ainda assim sejam
viáveis do ponto de vista econômico.
Considerando essas colocações podemos dizer que esse não é um trabalho
fácil, pois vai muito além do ato de dizer que determinado produto é ecológico
porque a empresa que o produz planta árvores. A atitude ambientalista de uma
empresa deve ser muita mais profunda. Nesse sentido, é importante ressaltar
que o empreendedor deverá considerar as várias etapas da cadeia produtiva,
desde a extração e transformação da matéria-prima, a fabricação do produto,
o transporte, a distribuição e a venda, além do uso, reuso, manutenção, reci‑
clagem, descarte e destinação final. Esse trabalho é conhecido como avaliação
do ciclo de vida dos produtos.
De acordo com Chehebe (apud NEUENFELD et al., 2006), a avaliação do
ciclo de vida é um procedimento aplicado à avaliação dos aspectos ambien‑
tais e dos impactos potenciais que estão relacionados a determinado produto,
abrangendo todas as etapas, desde a obtenção das matérias-primas elementares
na natureza até a disposição final do produto.
Nesse sentido, a avaliação do ciclo de vida deve ser utilizada como um
instrumento de gestão ambiental que possibilite uma melhor compreensão
sobre as incidências ambientais dos materiais, processos e produtos, sendo essa

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informação extremamente útil no desenvolvimento de novos produtos, e tam‑


bém na busca pela eficiência dos sistemas produtivos e, ainda, na concepção
de estratégias comerciais específicas (NEUENFELD et al., 2006).
A importância da avaliação do ciclo de vida foi reconhecida mundialmente
e, sendo assim, foi normatizada por instituições como Society for Environmental
Toxocology and Chemistry (SETAC) e a International Organization for Standartion
(ISO), garantindo, assim, a certificação da qualidade desse trabalho.
No Quadro 5.3 podemos verificar as iniciativas da ISO para a criação de
regras e padrões para a avaliação do ciclo de vida.

Quadro 5.3  Normas iso para a avaliação de ciclo de vida

Normas Título
ISO 14040 Avaliação do Ciclo de Vida — Princípios e Estrutura (1997)
Avaliação de Ciclo de Vida — Definição de Escopo e Análise do Inventário
ISO 14041
(1998)
ISO 14042 Avaliação do Ciclo de Vida — Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (2000)
ISO 14043 Avaliação do Ciclo de Vida — Interpretação do Ciclo de Vida (2000)
ISO 14048 Avaliação de Ciclo de Vida — Formato da Apresentação de Dados (2002)
Fonte: Adaptado de Lemos (2011).

Links
Quer saber mais sobre a análise do ciclo de vida dos produtos? Acesse: <http://acv.ibict.br/
sobre>.

Como vimos, a avaliação do ciclo de vida gera informações crucias para


que se possa atuar no desenvolvimento de produtos e serviços menos agressi‑
vos ao meio ambiente. Neste sentido, os resultados deste trabalho conferem a
estes produtos atributos ambientais que os diferenciarão de seus similares no
mercado. Estes atributos podem ser apresentados ao público consumidor na
forma de rótulos ambientais, conforme a seguir.

2.2 Os rótulos ambientais


Você já parou para pensar quantas vezes sua escolha por determinado
produto foi influenciada por um rótulo ambiental ou selo verde? Não se
lembra de nenhum rótulo ambiental? Então, veja alguns exemplos:

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150 S I S T E M A S D E G E S T Ã O E A U D I T O R I A A M B I E N TA L

Biodegradável
Embalagem reciclável
Madeira certificada
Madeira de reflorestamento
Produto amigo da natureza
Pelos exemplos você pôde comprovar que a rotulagem ambiental é algo
mais comum do que você imaginava. Para Tachizawa (2011) isso acontece,
pois o uso desses “selos verdes” é hoje uma tendência global que reflete o
novo perfil do consumidor, o qual passa a considerar, na escolha de um pro‑
duto, não só seu preço ou a qualidade, mas também o comportamento social
das empresas fabricantes de tais produtos. Nesse contexto, os programas de
rotulagem ambiental e a instituição de selos verdes para determinada família
de produtos é uma probabilidade que se concretiza e, dessa forma, deverá se
solidificar no mercado.
“Os programas de rotulagem ambiental adotados por diferentes países são
criados com base na avaliação do ciclo de vida e conferidos por instituições
independentes, seja governamentais, seja não governamentais” (TACHIZAWA,
2011, p. 77).
Sobre a rotulagem ambiental, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(2011, p. 1) declara:
[...] é um importante mecanismo de implementação de polí‑
ticas ambientais dirigido aos consumidores, auxiliando‑os na
escolha de produtos menos agressivos ao meio ambiente. É
também um instrumento de marketing para as organizações
que investem nesta área e querem oferecer produtos diferen‑
ciados no mercado. A atribuição do Rótulo Ecológico (Selo
Verde) é similar a uma premiação, uma vez que os critérios
são elaborados visando à excelência ambiental para a promo‑
ção e melhoria dos produtos e processos de forma a atender
às preferências dos consumidores. Em contraste com outros
símbolos “verdes” ou declarações feitas por fabricantes ou
fornecedores de serviços, um rótulo ambiental é concedido
por uma entidade de terceira parte, de forma imparcial, para
determinados produtos ou serviços que são avaliados com
base em critérios múltiplos previamente definidos.

O uso da rotulagem ambiental no Brasil ainda é um trabalho incipiente,


entretanto, verifica‑se que os setores econômicos que se encontram mais evo‑
luídos em relação a essa prática são aqueles com perfil exportador. Isso ocorre
pois em muitos países importadores a rotulagem ambiental é uma exigência e,

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muitas vezes, uma condição para que ocorram as negociações (ABREU apud
NEUENFELD et al., 2006).
Conforme explica Tachizawa (2011), as primeiras iniciativas brasileiras para
a criação de um selo verde ocorreram a partir de uma ação conjunta entre a
ABNT e o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, com o objetivo de propor
um sistema voluntário para a certificação ambiental. O trabalho foi iniciado
em 1990 por meio de um programa-piloto aplicado a uma categoria de produ‑
tos pré-selecionada (papel, calçados e couros, eletrodomésticos, cosméticos,
aerossóis livres de CFC, baterias automotivas, detergentes biodegradáveis,
lâmpadas, móveis de madeira e produtos para embalagem). Esse programa tem
como diretrizes básicas o seu desenvolvimento em acordo com a realidade bra‑
sileira, de forma a desempenhar papel de instrumento de educação ambiental
no mercado interno, e ser compatível com modelos internacionais, para que
possa transformar-se em instrumento de apoio aos exportadores brasileiros.
No mundo todo iniciativas para a criação de programas de rotulagem am‑
biental foram sendo desenvolvidos com vistas a estabelecer critérios e regras
para a certificação dos atributos ambientais dos produtos e garantir a segurança
da informação prestada aos consumidores. No Quadro 5.4 veremos um breve
histórico da criação dos principais rótulos ambientais desenvolvidos por enti‑
dades governamentais.

Quadro 5.4  Programas de rotulagem ambiental criados na esfera governamental

ANO/PAÍS/RÓTULO DESCRIÇÃO
De responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da
Natureza e Segurança Nuclear, foi o primeiro e serviu na implemen‑
tação de selos verdes e como modelo para outros países. Esse rótulo é
1977
representado pelo “anjo azul”, símbolo do Programa das Nações Unidas
Alemanha
para o Meio Ambiente. Como membro da União Europeia, a Alemanha
BLAU ENGEL
participa do programa comunitário de rotulagem ambiental, mas o selo
comunitário não substitui o “anjo azul” — há uma coexistência dos dois
rótulos.
Criado pelo Ministério do Meio Ambiente, sob a égide da lei de
proteção ambiental e com a cooperação da Alemanha, o ECP é um
1988 programa governamental administrado pela TerraChoice Environmen-
Canadá tal Services Inc., empresa privada responsável, mediante delegação
ENVIRONMENTAL‑ do Ministério do Meio Ambiente, pela concessão do selo e financia‑
CHOICE PROGRAM mento do programa. O selo é conhecido popularmente como “Écó‑
logo” e, como o selo alemão, contém dizeres que explicam as razões
pelas quais foi conferido.
continua

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continuação
O Programa de Produtos Ecologicamente Saudáveis, conhecido como
EcoMark, foi criado pela Associação Japonesa de Meio Ambiente, or‑
1989 ganização não governamental, sob supervisão e orientação do Minis‑
Japão tério do Meio Ambiente. O selo concedido pelo Programa considera
ECOMARK a análise do ciclo de vida e uma participação pública da comuni‑
dade japonesa, além de conter descrição dos benefícios ambientais
da categoria do produto.
O programa de rotulagem Ambiental NordicSwan foi adotado pelo
Conselho Nórdico de Ministros em 1989 e com aprovação dos critérios
1989-1991
para concessão dos selos em 1991. Por seu alcance, constitui o primeiro
Noruega, Suécia,
programa multinacional e o único vigente até a adoção do selo comuni‑
Finlândia, Islândia
tário. O logotipo do programa baseia-se no símbolo do Conselho Nórdico
NORDICSWAN
e contém a expressão “rótulo ambiental”, bem como a correspondente
descrição do atributo ambiental
A Nova Zelândia iniciou seu programa de rotulagem ambiental em ba‑
1990 ses similares aos programas alemão e canadense. O logotipo contém o
Nova Zelândia nome do programa e a marca de controle (checkingmark). Os princípios
ENVIRONMENTAL básicos do programa são promover produtos que contribuam para dimi‑
CHOICE nuir o consumo de energia, reduzir a geração de subprodutos perigosos
e promover a reciclagem e reutilização.
O programa de rotulagem ambiental foi criado com a instituição de um
esquema voluntário de rotulagem para produtos ambientalmente saudá‑
1991
veis. Os objetivos são incentivar produtores e importadores a reduzir os
Índia
impactos ambientais adversos e seus produtos; orientar consumidores
ECOMARK PRO‑
a tornarem-se mais responsáveis em sua vida cotidiana e encorajá-los a
GRAM
tomar decisões de compra à luz de considerações ambientais; e melho‑
rar a qualidade do meio ambiente.
O governo francês criou um programa nacional de rotulagem ambiental
com a instituição do Comitê de Rotulagem Ambiental. Concomitante‑
mente, a França participa da implementação do selo comunitário da
1991 União Europeia. Os princípios básicos que orientam o programa são: os
França selos devem ser conferidos após rigorosa verificação de cumprimento
NF ENVIRONMENT dos critérios relevantes de certificação; os procedimentos de avaliação e
monitoramento devem ser estabelecidos para assegurar que os produtos
rotulados atendam aos requisitos; e os consumidores devem ter acesso a
informações sobre o selo.
O Ministério Federal para assuntos do meio Ambiente, Juventude e
1991
Família criou o Selo Austríaco em decorrência do crescente interesse dos
Áustria
consumidores por questões ambientais e da falta de regulamentação que
UMWELTZEICHEN
controlasse as autodeclarações dos fabricantes.
O esquema de selo ambiental comunitários tem suas origens em 1987,
quando o Parlamento Europeu recomendou a criação de um rótulo
europeu para produtos ecológicos. Posteriormente, o Conselho da União
1991
Europeia aprovou o programa comunitário em 1992. O regulamento
União Europeia
admite a continuidade de programas nacionais de selo ambiental e até
ECO LABEL
a implementação de novos esquemas, mas em síntese objetiva a criação
de condições para a adoção de um único rótulo ambiental em toda a
União Europeia.
continua

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continuação
O Ministério de Habitação, Planejamento Físico e Meio Ambiente e o
Ministério para Assuntos Econômicos, junto com organizações indus‑
1992
triais e varejistas e grupos de consumidores, criaram um programa de
Países Baixos
rotulagem ambiental como parte do National Environmental Policy Plan
STICHTING MILIEU‑
Plus. O Stichting Milieukeur foi lançado com o objetivo de responder
KEUR
às necessidades específicas do mercado holandês e assemelha-se aos
programas da Alemanha e do Canadá.
Fonte: Adaptado de Tachizawa (2011).

Ações não governamentais também foram desenvolvidas com o objetivo de


estabelecer regras e padrões internacionais para o uso da rotulagem ambiental.
Nesse sentido, a International Organization for Standartion (ISO) criou a série de
normas 14020 para o tema, conforme mostra de forma resumida o Quadro 5.5.

Quadro 5.5  Normas ISO para a rotulagem ambiental

Normas Título
ISO 14020 Rótulos e Declarações Ambientais — Princípios Básicos (1998)
ISO 14021 Auto Declarações Ambientais (Rótulo Ambiental Tipo II, 1999)
ISO 14024 Rótulo Ambiental Tipo I (de terceira parte, 1999)
ISO 14025 Rótulo Ambiental Tipo III (2006)
Fonte: Adaptado de Lemos (2011).

A partir dessas normas, a ABNT publicou a NBR ISO 14020 em 2002 e as


NBR ISO 14021 e 14024 em 2004 e 14025 em 2006. De acordo com Lemos
(2011, p. 1, grifos do autor), existem três tipos de rotulagem:
Rotulagem Tipo I (NBR ISO 14024): estabelecem os prin‑
cípios e procedimentos para o desenvolvimento de progra‑
mas de rotulagem ambiental, incluindo a seleção de cate‑
gorias de produtos, critérios ambientais e características
funcionais dos produtos, critérios para avaliar e demonstrar
sua conformidade e estabelece também procedimentos de
certificação para concessão do rótulo ambiental.

Nesse tipo de rotulagem não é possível estabelecer critérios objetivos e


cientificamente defensáveis capazes de identificar os melhores produtos de
uma determinada categoria. Além disso, esses selos verdes condicionam a
busca de um símbolo pelo consumidor sem que haja preocupação com os
aspectos ambientais específicos do produto (LEMOS, 2011). Como exemplo
podemos citar o Blue Angel (anjo azul) da Alemanha, o NordicSwan (cisne

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nórdico) dos países Noruega, Suécia, Finlândia, Islândia e o EcoLabel (rótulo


ecológico) da União Europeia.
Rotulagem Tipo II (NBR ISO 14021): conhecida como Autodeclarações,
estabelece os requisitos necessários para que produtores, importadores ou
distribuidores realizem “[...] as autodeclarações ambientais, incluindo textos,
símbolos e gráficos” (LEMOS, 2011, p. 1) que comuniquem ao público consu‑
midor os aspectos ambientais de seus produtos e serviços.
Descreve os termos selecionados usados comumente em
declarações ambientais e fornece qualificações para seu uso.
A Norma descreve também uma metodologia de avaliação e
verificação geral para autodeclarações ambientais e métodos
específicos de avaliação e verificação para as declarações
selecionadas. No Brasil, existe a tendência de utilização
cada vez mais ampla das autodeclarações ambientais, que
oferecem informações mais precisas, relevantes e de fácil
entendimento para o consumidor (LEMOS, 2011, p. 1).

Rotulagem Tipo III (NBR ISO 14025):


Esta Norma informa sobre dados ambientais de produtos,
qualificados de acordo com os conjuntos de parâmetros
previamente selecionados e baseados na Avaliação do Ciclo
de Vida (ACV), são rótulos concedidos e licenciados por or‑
ganizações externas independentes (LEMOS; BARROS apud
BARRETO et al., 2007, p. 2).

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade você verificou a importância de ações de respon‑
sabilidade social e ambiental para as empresas, pois por meio dessas
ações é que elas se fortalecem e melhoram suas práticas ambientais. Por
meio da rotulagem ambiental essas empresas conseguem fazer que seus
produtos e serviços sejam reconhecidos e a negociação deles se torna
mais competitiva.

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Resumo
Com certeza, após ter verificado todas as unidades deste do livro,
você percebeu a importância de estudar as auditorias e procedimentos
de certificação ambiental. As empresas que passam por esses estudos e
análises se fortalecem e diminuem a potencialidade de impactar o meio
ambiente, pois estão constantemente sendo monitoradas. Espero que você
tenha gostado de tudo o que leu e, para finalizar, convido-o a realizar as
atividades de aprendizagem. Um abraço e até a próxima!

Atividades de aprendizagem
1. Com as tendências atuais de atenção aos direitos humanos e prote‑
ção ambiental, como as organizações podem melhorar sua imagem
corporativa?
2. Como acompanhar o impacto de uma ação de responsabilidade so‑
cioambiental de modo a avaliarmos a eficiência de seus resultados?
3. Com base nos modelos de indicadores de responsabilidade socioam‑
biental, apresente cinco indicadores ambientais e cinco indicadores
sociais.
4. Para que se presta a avaliação do ciclo de vida?
5. Qual a função da rotulagem ambiental?

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Anotações
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