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gestão e auditoria
ambiental
ISBN 978-85-87686-59-6
CDD 657.45
2014
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Referências................................................................ 157
Essa biblioteca, que funciona 24 horas por dia durante os sete dias da se‑
mana, conta com mais de 2.500 títulos em português, das mais diversas áreas
do conhecimento, e pode ser acessada de qualquer computador conectado
à Internet.
Somados à experiência dos professores e coordenadores pedagógicos da
Unopar, esses recursos são uma parte do esforço da instituição para realmente
fazer diferença na vida e na carreira de seus estudantes e também — por que
não? — para contribuir com o futuro de nosso país.
Bom estudo!
Pró‑reitoria
Introdução ao estudo
É evidente o aumento da pressão das atividades antrópicas sobre os recur‑
sos naturais. A influência direta e/ou indireta do homem tem causado diversas
consequências, como desmatamento, erosão, contaminação do solo, do ar e
da água, resultando na perda da biodiversidade.
Existem fortes pressões do sistema produtivo sobre os recursos naturais,
devido à extração de matéria-prima empregada na produção e utilizada para
o crescimento econômico. Diante desse cenário, um sistema produtivo deve
se preocupar com a forma de desenvolvimento e dar maior atenção a questões
relacionadas ao aumento da geração de resíduos sólidos, à poluição das águas,
à baixa proteção à saúde ambiental e à falta de preservação do meio ambiente.
que a empresa defina e amplie sua visão e estabeleça metas para a solução dos
problemas ambientais.
De acordo com Callenbach (1993), é possível que os investidores e acionistas
incorporem cada vez mais o conceito de sustentabilidade no lugar da estrita ren‑
tabilidade como critério para avaliar o posicionamento estratégico das empresas.
O Quadro 1.1 apresenta a evolução dos modelos de gestão social e ambien‑
tal dos anos 1950 até o ano 2002, com a previsão da passagem para o século
XXI, incluindo direcionadores de conduta, foco do modelo, comportamento
organizacional, padrão de gestão, motivação e as ações ou ferramentas utili‑
zadas ou recomendadas para boas práticas e responsabilidade socioambiental.
Quadro 1.1 Evolução dos modelos de gestão social e ambiental dos anos 1950 até 2002
Prevenção de A natureza
1950 Indiferença Inexistente
despesas resolve
Acumulação de Diluição e
Poluição Inexistente
resíduos dispersão
1960 Confinamento
Capacidade li‑ Comando e
Ambientalismo e tratamento
mitada natureza controle
industrial de resíduos e
Legislação Fim‑de‑tubo
emissões
Comando e
Legislação Proteção am‑ Proteção am‑
1970 controle
Pressão social biental biental
Fim‑de‑tubo
Comando e
1980 Legislação
controle
(com Pressão social Abordagem
Gerenciamento Fim‑de‑tubo
ênfase em Mercado e com‑ híbrida
Redução de
1989) petitividade
poluição
Legislação Comando e
Ambientalismo
Pressão social controle
estratégico res‑
Mercado e com‑ Produção mais
1990 ponsável Inovação
petitividade limpa
Ecologia indus‑
Conhecimento e Produção limpa
trial
inovação Ecoeficiência
Legislação Produção
Pressão social Responsabili‑ Inovação Ecoeficiência
Séc. 21 Mercado e dade corporativa Gestão do co‑ Gestão socioam‑
competitividade Sustentabilidade nhecimento biental respon‑
Conhecimento sável
continua
continuação
Cartesiano Sustentável
Reducionista, mecanicista, tecnocêntrico Orgânico, holístico, participativo
Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente relacionados
Preceitos éticos desconectados das práticas
Ética integrada ao cotidiano
cotidianas
Separação entre o objetivo e o subjetivo Interação entre o objetivo e o subjetivo
Seres humanos e ecossistemas separados, em Seres humanos inseparáveis dos ecossistemas,
uma relação de dominação em uma relação de sinergia
Conhecimento compartimentado e empírico Conhecimento indivisível, empírico e intuitivo
Relação linear de causa e efeito Relação não linear de causa e efeito
Natureza entendida como um conjunto de
Natureza entendida como descontínua, o todo
sistemas inter-relacionados, o todo maior que
formado pela soma das partes
a soma das partes
Bem-estar avaliado pela qualidade das inter‑
Bem-estar avaliado por relação de poder (di‑
-relações entre os sistemas ambientais e
nheiro, influência, recursos)
sociais
Ênfase na quantidade (renda per capita) Ênfase na qualidade (qualidade de vida)
Análise Síntese
Centralização de poder Descentralização de poder
Especialização Transdisciplinaridade
Ênfase na competição Ênfase na cooperação
Limite tecnológico definido pela sustentabili‑
Pouco ou nenhum limite tecnológico
dade
Fonte: Almeida (2002, p. 65).
GESTÃO AMBIENTAL
Gestão de Gestão de Gestão do plano
Gestão de processos
resultados sustentabilidade ambiental
Princípios e
Exploração de recursos Emissões gasosas Qualidade do ar
compromissos
Transformação de recursos Efluentes líquidos Qualidade da água Política ambiental
Acondicionamento de
Resíduos sólidos Qualidade do solo Conformidade legal
recursos
Abundância e diversi‑
Transporte de recursos Particulados Objetivos e metas
dade da flora
Aplicação e uso de Abundância e diversi‑
Odores Programa ambiental
recursos dade da fauna
Quadros de riscos Qualidade de vida do
Ruídos e vibrações Projetos ambientais
ambientais ser humano
Ações corretivas e
Situações de emergência Iluminação Imagem institucional
preventivas
Fonte: Macedo (1994 apud KRAEMER, 2004, p. 9).
para tanto, busca formas de amenizar os impactos causados pela sua atividade
junto às partes interessadas. Dessa forma a incorporação da gestão ambiental
apresenta-se como uma visão estratégica que contempla relacionamento com
comunidade e sociedade, em uma visão de longo prazo e demonstração nítida
de sustentabilidade.
Há muito tempo que os problemas ambientais restringiam-se somente a
ecologistas idealistas, porém, atualmente essa questão faz parte do cotidiano.
A crise ambiental é fenômeno presente em todos os países, a acentuada de‑
gradação que ocorreu pós Revolução Industrial impacta diretamente na sobre‑
vivência do homem, tendo em vista que os recursos naturais necessários para
manutenção do consumo humano são finitos, enquanto que o atual estilo de
vida da sociedade que contempla um consumismo exacerbado é ilimitado.
Andreoli (2002, p. 62) ressalta que:
Justamente a responsabilidade ética de empresários e polí‑
ticos mais arrojados foi capaz de comprovar na prática que
há vantagens em ultrapassar essa visão unilateral do meio
ambiente como um custo e considerá-lo uma oportunidade.
A iniciativa de adotar os princípios da gestão ambiental, numa
economia que se caracteriza pelo elevado desperdício de
recursos, determina um importante diferencial competitivo.
Há anos a comercialização superou a produção como fator
limitante da atividade econômica; tornou-se mais difícil ven‑
der do que produzir. A colocação de produtos no mercado
globalizado exige diferenciais de competitividade, definidos
principalmente pelo preço e pela qualidade. Devemos ob‑
servar cuidadosamente que os clássicos conceitos de quali‑
dade do produto estão bastante ampliados, com um grande
destaque à qualidade ambiental. Dentro dessa perspectiva
os investimentos na sustentabilidade, além de essenciais
à qualidade ambiental, podem representar um importante
diferencial especialmente para exportações a mercados al‑
tamente promissores.
Resumo
Esta unidade trouxe assuntos muito atuais, levando-nos a compreender
a importância da gestão ambiental nas empresas/organizações.
Você pôde observar as características das empresas com o paradigma
da sustentabilidade e a importância da inter-relação das áreas ambiental,
econômica e social.
Você teve acesso à discussão das questões relacionadas à responsa‑
bilidade socioambiental no que diz respeito à importância do papel do
mundo corporativo na preservação do meio ambiente.
Para finalizar, gostaria de ressaltar a importância da necessidade de
incorporar a variável ambiental na gestão empresarial, não somente por
uma necessidade de cumprimento à legislação, mas como uma mudança
de postura voltada à sustentabilidade do desenvolvimento econômico.
Atividades de aprendizagem
1. Busque saber sobre os riscos que as empresas estão expostas quando
não incorporam a variável ambiental em sua gestão.
2. Busque informações na sua cidade sobre os requisitos exigidos para
o licenciamento ambiental.
3. Procure analisar projetos de empresas com ações de responsabilidade
socioambiental.
4. Chegando ao final desta unidade, faça uma revisão do conteúdo e verifique
se ficou claro para você a importância da gestão ambiental nas empresas.
Introdução ao estudo
A busca da qualidade tem conduzido as empresas ao sucesso organizacio‑
nal, pois a qualidade está diretamente relacionada à satisfação de um produto
ou serviço.
Com o passar do tempo, a qualidade passou a integrar também o conceito
da qualidade ambiental nas estratégias de gestão das empresas, devido prin‑
cipalmente à preocupação com a extração ilimitada dos recursos naturais que
demonstrou ser insustentável.
Fatores tais como a necessidade em atender aos requisitos legais e à exi‑
gência de investidores, o cliente consciente e a sociedade passaram a exigir
empresas voltadas para a proteção ambiental.
Diante de tais pressões, as organizações de um modo geral não tinham
mais como desconsiderar os aspectos relacionados à preservação do meio
ambiente, ou seja, a qualidade ambiental das empresas torna-se requisito para
sua manutenção.
Atualmente, mesmo as organizações que já possuem um sistema documen‑
tado de qualidade, por meio da padronização de seus processos e produtos,
necessitam ir além, e para isso devem incluir em seu sistema de gestão o ins‑
trumento da qualidade ambiental: a gestão ambiental.
Para alcançar a qualidade ambiental, utilizam-se as mesmas ferramentas
utilizadas pela empresa para assegurar a qualidade de sua produção: treina‑
mento, planos de ação, controle de documentação, organização e limpeza,
injeções e análises periódicas da situação (as auditorias).
Estes procedimentos são realizados por meio da normalização pelas em‑
presas, de forma a representar, efetivamente, um instrumento de administração
e de gerência da produção nos processos industriais.
Dessa forma, para aqueles que pretendem ser competitivos a nível interna‑
cional, é de fundamental importância seguirem os trabalhos de normalização
internacional e procurarem maneiras para que seus produtos, serviços e sistemas
de gestão atendam ao que é preconizado por essas normas.
Pode‑se afirmar que a maioria das normas adotadas pelos países da comu‑
nidade europeia são de caráter internacional, diminuindo ou eliminando as
barreiras técnicas nos contatos comerciais.
As normas ISO são elaboradas nos seus comitês técnicos (ISO/TC), que por
sua vez são organizados em bases técnicas, e a aprovação das normas é feita
pela votação entre os seus membros.
A representação brasileira na ISO é feita pela ABNT, que participa dos tra‑
balhos de elaboração das normas técnicas daquela instituição internacional.
das relativas ao meio ambiente, sejam elas constituídas por resíduos sólidos,
efluentes líquidos ou emissões gasosas.
A ACV também é considerada por estudiosos como uma técnica para
avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um
produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das
matérias‑primas até a sua disposição final.
ACV é utilizada para o estudo do impacto ambiental de um produto por meio
da sequência completa de fabricação, uso e descarte final, também conhecida
como avaliação do berço ao túmulo ou eco-balancing.
É uma ferramenta que auxilia na busca da melhoria contínua de desempenho
ambiental. A ACV apresenta algumas características próprias, a saber:
Considera todo o ciclo de vida, desde a extração da matéria‑prima,
a manufatura e a embalagem de produtos, bem como a energia e o
transporte utilizados em todas as operações, usos e descartes.
Considera as emissões para a água, para o ar e para o solo.
Considera a quantidade de recurso ou emissão de um dado serviço
e não a quantidade absoluta.
O Quadro 2.1 apresenta a metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida
— ACV.
5. Consumo;
6. Destinação final.
Resumo
Nesta unidade apresentamos para você a normalização brasileira, sua
cronologia e a série de normas que compõem a ISO 14000. Vale lembrar
que a ISO 14001/14004 não é uma lei, um licenciamento ambiental
prévio, mas uma estrutura de orientação gerencial de caráter voluntário.
A seguir vamos entrar em contato com a estrutura do SGA, desde o
estabelecimento da política ambiental, passando pelas considerações em
relação ao planejamento, implementação e a abordagem da melhoria
contínua.
Bem, é isso. Agora, mãos à obra que temos muito o que estudar!
Atividades de aprendizagem
1. Defina normalização.
2. Comprar produtos normalizados nos induz a estarmos comprando
um produto com qualidade comprovada, fabricado de acordo com
as respectivas normas técnicas, no qual temos a garantia de que o
fabricante utilizou processos e matérias-primas controlados e também,
o que é mais importante, que o produto adquirido irá atender nossos
desejos e/ou necessidades.
Esse objetivo específico da normalização corresponde a:
a) Simplificação;
b) Eliminação de barreiras comerciais;
c) Proteção ao consumidor;
d) Segurança;
e) Economia.
[...] Destinam-se a determinar as características de ma‑
teriais, processos, componentes, equipamentos e ele‑
mentos de construção, bem como as condições exigíveis
para aceitação ou rejeição de materiais, produtos semia‑
cabados ou acabados (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1978 apud ZVIRTES, 2013, p. 23).
Introdução ao estudo
A busca pelo desenvolvimento sustentável, fruto direto do despertar da
consciência ecológica em todo o mundo, vem fazendo com que as empresas e
organizações se posicionassem cada dia mais receptivas às questões ambientais,
não só pelas oportunidades que surgem como também pela pressão popular
em torno dessas questões. A gestão ambiental preventiva ou proativa destaca-se
dentre as estratégias adotadas pelas empresas com relação ao meio ambiente,
direcionando-as para o desenvolvimento sustentável.
Existem ainda empresas que, por fatores como a própria cultura da organi‑
zação, falta de aceitação da alta direção, falta de apoio técnico e consultores
especializados, e até a falta de recursos financeiros, relutam em adotar estra‑
tégias preventivas em seu sistema de gestão ambiental.
Outras empresas, porém, já perceberam que as questões e principalmente
os bons procedimentos na esfera ambiental estão diretamente relacionados
com os lucros da organização e, fundamentalmente, aquelas que desejam ser
competitivas em níveis globais necessitam inserir a cultura ambiental em suas
entranhas, aceitando o fato de que é possível obter-se lucro preservando o meio
ambiente, principalmente com ações de prevenção.
Na cultura preventiva ambiental, outras ações deverão ser tomadas pelas
empresas no sentido de antecipar e/ou mitigar impactos ambientais, como,
por exemplo, a preferência pela mão de obra especializada com treinamento e
conscientização do pessoal, a instalação de auditoria e consultoria ambiental, a
substituição de matérias-primas, insumos e componentes poluentes, a adequação
às Leis e Normas Ambientais, a adoção de técnicas de não geração, reutilização e
reciclagem de resíduos, a preferência por equipamentos que eliminem impactos,
o investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas.
1.2 Sistema
O estabelecimento de um sistema de gestão ambiental engloba proce‑
dimentos a serem adotados, documentos exigidos do sistema e sua efetiva
implementação.
A
P
P — (Plan) — Planejamento
D — (Do) — Desenvolvimento
C — (Check) — Verificar
EFEITO
Links
Aprenda sobre o Diagrama de Pareto acessando:
<http://www.infoescola.com/administracao_/diagrama-de-pareto/>.
1.6.6 5 W + 2 H
Essa ferramenta apresenta as sete principais informações para identificação
de processos e planos de ação, entre outros.
O que (What) — Objetivo
Quem (Who) — Responsável
Quando (When) — Prazos
Onde (Where) — Local
Por que (Why) — Razão
Como (How) — O modo como será conduzida/realizada
Quanto custa (How much) — Custos (quando for o caso)
2.3 Comunicação
De acordo com a ISO 14001, a organização deve manter procedimentos
para a comunicação interna entre os vários níveis da organização, assim como
o recebimento, tratamento da documentação e a resposta a comunicações
relativas das partes interessadas ou externas.
Sob essa ótica é necessária a criação de um programa em que possam ser
identificados os pontos de pressão da empresa, tanto interna quanto externa‑
mente, e desenvolvidos mecanismos de seleção de informações para atender
às suas respectivas demandas.
Com relação à comunicação, a ISO 14001 estabelece ainda que sejam as‑
seguradas à empresa a recepção, o registro e a comunicação aos quesitos e às
reclamações enviadas pelas partes interessadas sobre os aspectos ambientais
decorrentes de suas atividades, produtos e serviços.
Os Relatórios Ambientais são documentos que contêm a verificação de re‑
sultados e desempenho ambiental da empresa, em todos os setores envolvidos.
Nesse relatório, toda a atenção deve ser dada ao tratamento das informações,
tais como a linguagem, os indicadores utilizados, expressão gráfica de dados
e informações, sempre focando seu público-alvo.
2.10 Registros
De acordo com a NBR ISO 14001 (ABNT, 1996, p. 9):
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para
a identificação, manutenção e descarte de registros ambien‑
tais. Estes registros devem incluir registros de treinamento e
os resultados de auditorias e análises críticas. Os registros
ambientais devem ser legíveis e identificáveis, permitindo
Resumo
O processo de implantação do SGA vai desde a identificação dos
aspectos ambientais e a avaliação dos impactos, que será um importante
instrumento de apoio à decisão.
Nesta unidade conhecemos o conceito e a estrutura do Sistema de
Gestão Ambiental de acordo com os elementos especificados na norma
ISO 14001.
Observamos que a decisão dependerá do encaminhamento temático,
e do planejamento da auditoria ambiental.
Na próxima unidade será este o assunto abordado. Não perca!
Atividades de aprendizagem
1. O que vem a ser a Política Ambiental de uma organização?
2. Qual é o objetivo da ferramenta PDCA?
3. O que é o Sistema de Gestão Ambiental?
4. Quais os principais objetivos das empresas que estão implantando o
Sistema de Gestão Ambiental?
Introdução ao estudo
Nesta unidade o assunto tomado como base será auditoria ambiental. Como
são realizadas as auditorias? Quem participa delas? Qual tipo de auditoria se
aplica a determinada empresa? Existem formulários prontos para auditoria?
Para responder a essas perguntas discutiremos os diversos tipos de auditoria e
os objetivos que cada uma possui para orientar o aluno no momento de uma
possível auditoria que possa realizar. É interessante aprender praticando, pois a
fixação do conteúdo e das etapas a serem seguidas se tornam mais dinâmicos
e interessantes. Dessa forma, nesta unidade você terá à sua disposição um for‑
mulário que poderá ser utilizado para realizar uma auditoria ambiental, e você
também poderá realizar as alterações que achar conveniente, pois é comum
que haja adaptação em relação aos formulários. As auditorias são poderosas
ferramentas de gestão, e por isso são constantemente utilizadas para verificar
conformidades e/ou não conformidades no ambiente auditado. Dessa forma,
você perceberá que é importante saber realizar o estudo prévio à auditoria,
analisando documentos, legislações, normas, resoluções e o que mais interessar
como critério a ser tomado como base. Por meio desses critérios o processo de
auditoria ocorrerá com rigor, sempre sem perder o foco do objeto em análise,
fazendo com que a equipe de auditoria se esforce para que o melhor trabalho
possa ser realizado. Auditorias ambientais para fins de verificação do desem‑
penho ambiental da empresa, para certificação do SGA, para análise de setores
isolados etc. são itens também levantados nesta unidade e cada uma com sua
peculiaridade revelará o potencial do estudo de auditoria quando é realizado
com atenção e conhecimento.
Vimos nas unidades anteriores que analisar alguns riscos é muito importante,
e a equipe de auditoria também precisa pensar nisso, em como avaliar alguns
riscos potenciais para a empresa e a partir dali evidenciar as não conformida‑
des em relatórios. Dependendo do segmento em que a empresa atua, antes de
iniciar a auditoria, ou até mesmo de planejá-la, é necessário estudar alguns
documentos para que a equipe se integre do que será cobrado da auditada.
Você já deve saber que o auditor precisa estudar muito sobre o segmento
empresarial e sobre as legislações, normas e resoluções que fazem menção às
atividades desenvolvidas naquele local. Dessa forma, o auditor poderia tomar
como critério a política ambiental do curtume, estudar e compreender quais
são as exigências que a política institui e dessa forma saberá o que é e o que
não é uma não conformidade.
Quanto melhor for a gestão da empresa, menores serão os complicadores
que poderão ocorrer. Essa afirmação com certeza é válida, pois sabemos que
os setores de uma empresa que são atendidos por uma equipe competente,
possuem planejamentos de acordo com a realidade das atividades, adequam
inovações ao setor, discutem alternativas de substituição para algum produto ou
serviço que possa faltar ou deixar de existir etc. Dessa forma, a auditoria vista
como ferramenta de gestão vem corroborar com a autenticidade dos processos
de uma empresa ambientalmente preocupada e comprometida. E você deve
estar se perguntando: quem poderá ser auditor? Será que você poderá realizar
uma auditoria ambiental? Já respondo antecipadamente que com certeza sim,
pois você está estudando muitos conceitos da gestão ambiental e quando ter‑
minar o curso será um profissional capacitado para realizar muitas atividades.
A auditoria ambiental é uma delas. Existe uma classificação que divide as au‑
ditorias entre primeira, segunda e terceira parte, o que veremos mais adiante,
mas de antemão você já deve saber que poderá realizar auditorias internas na
empresa, ou auditoria de primeira parte, como também é conhecida.
Outro quesito interessante de ser lembrado é o de que as auditorias ocorrem
na presença de algumas pessoas, mas seus resultados são sigilosos, portanto, é
esperando do auditor e de sua equipe que sejam discretos quanto ao que está
sendo analisado e que não sejam realizados comentários impróprios entre as
seções e ou departamentos por onde a equipe está passando.
utilização
necessidade de de auditorias
sistema de gestão
verificar a eficácia ambientais como
ambiental (SGA)
do SGA ferramenta de
gestão
melhoria continua
relatório de
do sistema de
auditoria com as
gestão mediante
não conformidades
correção das não
listadas para análise
conformidade
Fonte: Do autor.
Links
Para conhecer mais sobre a norma ABNT NBR ISO 19011: 2002 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2002), acesse o link a seguir e veja a norma na íntegra:
<http://www.cefetsp.br/edu/jcaruso/apostilas/iso19011.pdf>.
Na Figura 4.3 é possível verificar que o auditor e o cliente são a mesma pes‑
soa nas auditorias de segunda parte, sendo o auditado a outra parte envolvida.
É necessário avaliar que esse tipo de auditoria pode favorecer muito as nego‑
ciações entre empresas que possuem alto interesse em uma cadeia produtiva
bem estruturada e verificada com frequência.
Figura 4.3 Partes envolvidas na auditoria de segunda parte
No Quadro 4.1 você poderá verificar algumas atividades que são obriga‑
tórias a passarem por auditorias ambientais. As empresas que produzem estes
caso, esses empresários podem contratar uma empresa para realizar uma au‑
ditoria de terceira parte, no intuito de verificar se existem passivos ambientais
gerados pela empresa. O resultado dessa auditoria poderá ser decisivo frente
à decisão que será tomada pelo grupo de empresários sobre comprar ou não
a empresa em questão.
Auditoria de sistema de gestão ambiental: este tipo de auditoria é realizada
por empresas que possuem sistemas de gestão ambiental e querem verificar o
cumprimento dos critérios estabelecidos pela empresa em sua política ambiental
e nos demais documentos tomados como base. É comum que empresas que
possuem sistemas de gestão ambiental passem por algumas auditorias visando
verificar a conformidade com os requisitos tomados como base pela empresa,
pois posteriormente pode ocorrer auditoria para finalidade de certificação do
SGA, tomando como base a ABNT NBR ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRA‑
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a). Campos e Lerípio (2009) sugerem
que as auditorias de SGA podem evoluir para auditoria inicial, que também
é conhecida como auditoria pré-certificação onde a empresa passará por um
exame inicial, visando verificar sua condição de passar pela auditoria de certi‑
ficação do SGA. Essa auditoria inicial é interessante, pois permite que algumas
não conformidades possam ser resolvidas até que ocorra a próxima auditoria
que é a de certificação. Vale a pena lembrar que a auditoria inicial ou de pré‑
-certificação não é obrigatória quando do processo de certificação do SGA, mas
ela ajuda muito a empresa correr menos risco de não conseguir o certificado,
pois a possibilidade de encontrar não conformidades poderá diminuir. A au-
ditoria de certificação é obrigatória e por meio dela é que a empresa poderá
conseguir seu certificado do SGA. A norma tomada como base é a ABNT NBR
ISO 14001:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004a)
e são seguidas rigorosamente os requisitos especificados na mesma. Caso a
empresa consiga a certificação, ela terá validade de três anos e ao final deste
período deverá passar novamente por uma auditoria para verificar se há pos‑
sibilidade de adquirir a recertificação. O que se espera da empresa que passa
por uma auditoria para renovar seu certificado? Obviamente que ela esteja mais
bem estruturada e gerida ambientalmente, pois a melhoria contínua é um dos
requisitos mais cobrados pelas entidades certificadoras. Mais de um tipo de
auditoria pode ser realizada ao mesmo tempo e elas todas juntas podem ser
vistas como um completo ciclo de avaliação que levará à melhoria contínua
dos setores auditados, caso as não conformidades sejam transformadas em
conformidades. Veja na Figura 4.5 o ciclo de melhoria contínua que pode ser
colocado em prática mediante à realização de auditorias e correção das não
conformidades apontadas.
empresa social e
ambientalmente
responsável
Como vimos nesta seção, os tipos de auditoria definem o que será verificado,
quem realizará as atividades, bem como quais são os objetivos da realização
das auditorias. Muitas empresas optam por realizar vários tipos de auditorias
durante o ano, visando assegurar que suas práticas sejam cada vez mais limpas
e em conformidade com os requisitos tomados como base. Na seção a seguir,
discutiremos o planejamento das auditorias e poderemos analisar o formulário
que pode ser tomado como base para realização do mesmo.
foi escrito até aqui. Empresas menores e que tenham poucas análises a serem
feitas, passarão por auditorias durante um período do dia. Empresas maiores e
que dependam de estudos mais aprofundados e detalhados poderão ficar com
a presença dos auditores por três a cinco dias. Isso pensando somente em ativi‑
dades in loco, ou seja, dentro da empresa, pois já sabemos que uma auditoria
não se inicia somente lá dentro, visto que a etapa de negociação com o cliente
e a análise de documentos é anterior à aplicação dos questionários de avaliação.
O formulário a seguir (Quadro 4.2) pode ser utilizado para planejar as
auditorias que você for realizar. Note que você pode inserir outros itens que
considerar necessários e importantes. Vamos analisar os itens que constam nele
e verificar sua importância.
1) Identificação do
auditado: (nome da Nesta etapa é preciso identificar o auditado com todos os seus
empresa, instituição, dados.
corporação etc.)
Conforme relatado anteriormente, o objetivo da auditoria precisa ser
2) Objetivo da auditoria bem delimitado e precisa ser viável de ser executado para que não
perca o foco e não coloque os profissionais da auditoria em risco.
3) Escopo da auditoria:
(localização; setores
da empresa que pas‑
sarão pela auditoria;
O escopo irá delimitar o espaço a ser percorrido pela equipe de
o que será analisado?
auditoria. Esta definição é feita entre os profissionais e o cliente,
Geração de resíduos?
às vezes pelo auditado quando ele não for o cliente. O período de
Consumo de maté‑
duração da auditoria irá depender de acordo com a delimitação do
rias- primas? Gasto
escopo.
excessivo de fontes de
energia? Emissões de
gases poluentes? Con‑
taminação da água?
Como critérios de auditoria muitos documentos e normas podem ser
utilizados conforme exemplos a seguir:
4) Critérios a serem
ABNT NBR ISO 14001:2004; ABNT NBR ISO 19011:2002; Resoluções
utilizados
CONAMA; Legislação federal; Legislação estadual; Legislação munici‑
pal; Política ambiental da empresa; Código de conduta da empresa;
A equipe poderá ser definida de acordo com o objetivo e escopo.
Auditorias maiores envolverão vários profissionais, como: auditor
líder, auditor, químicos, gestores ambientais, geólogos, geógrafos,
5) Equipe de auditoria engenheiros, entre outros profissionais. Muitos outros profissionais
podem ser envolvidos dependendo da limitação de cada um, in‑
cluindo digitadores e motoristas, que facilitam o processo de deslo‑
camento e redação do relatório.
continua
continuação
6) Duração da auditoria Normalmente de 3 a 5 dias, de acordo com o escopo e objetivo.
O cronograma deve ser construído pensando na possibilidade
real de execução, para que não haja não cumprimento dos prazos
estabelecidos, pois essa atitude torna a relação com o cliente muito
ruim. Cumprir prazos e desempenhar um bom trabalho é a garantia
de ter trabalhos futuros com esses clientes. O cronograma deve ser
estipulado por dia e a cada período do dia as atividades precisam
7) Cronograma de ativi‑ ser listadas conforme exemplo a seguir:
dades Dia 15/11 — Início das atividades na empresa.
8:00 apresentação da equipe na reunião de abertura
9:30 início da coleta de dados e informações
12:00 pausa para almoço
13:30 retorno para coleta de dados no setor ____________________.
17:00 reunião com a equipe de auditoria para relatar a coleta de
dados do dia e discutir se houve falha ou falta de informações.
Todos os recursos necessários precisam ser listados e passados ao
8) Recursos necessários
cliente. Caso precisem de salas para fazerem reuniões e outros
para execução da
equipamentos, auxiliares etc, deve-se avisar os responsáveis pela
auditoria
empresa sobre essas necessidades.
A estrutura do relatório é importante e deve ser seguida rigorosa‑
9) Estrutura do relatório
mente. Como é sabido, o relatório é confidencial e não poderá ser
de auditoria e lista de
entregue a qualquer pessoa. Dessa forma, haverá a construção do
distribuição
relatório e a lista de distribuição do mesmo.
Fonte: Do autor (2013).
ele fará suas conclusões de auditoria. Vale a pena lembrar que as evidências são
somente evidências até que se prove que são constatações. Vou exemplificar:
Existe uma mancha no pátio da empresa que parece ser de óleo diesel. Há
essa evidência e a empresa solicitou uma auditoria para verificar se ela consiste
realmente em uma constatação de não conformidade. Isso quer dizer que se
for realizado um exame na amostra daquele solo e for comprovado que é óleo,
a evidência passa a ser uma constatação e diante do critério de auditoria será
verificado se é permitida ou não aquela mancha estar ali. Caso não seja per‑
mitido, essa ocorrência entrará na lista de não conformidades e isso constará
no relatório de auditoria.
Entrevistas informais podem ser realizadas com funcionários ou pessoas
que sejam importantes para o estudo. O material pode ser elaborado pergunta
a pergunta ou pode se tratar de um bloco de anotações em que o auditor irá
anotar somente as informações mais importantes. O resultado dessas entrevistas
pode ser levado em conta, mas como relata Campos e Lerípio (2009) trata-se
de uma evidência verbal e para que ela tenha valor, deve ser associada a outras
evidências que sejam mais rigorosas, tais como as documentais e as físicas.
Nesse levantamento inicial realizado, o auditor obterá dados sobre o fun‑
cionamento da empresa, horários de trabalho, quantidade de funcionários,
procedimentos realizados durante a produção de algum produto ou a prestação
de algum serviço, recebimento e estoque de materiais, transporte de equipa‑
mentos e outros produtos etc. Todas essas informações são importantes para
embasar o que será feito posteriormente.
Para Campos e Lerípio (2009), é importante pesquisar previamente à audi‑
toria in loco os seguintes aspectos: dados da empresa, nome de responsáveis e
suas funções dentro da organização. Registros em órgãos, licenças, legislações
que sejam pertinentes ao negócio em análise, normas que podem ser aplicadas à
empresa, obter um croqui ou planta da empresa para que se possa ter dimensão
da área a ser abrangida, o que determinará também o planejamento, conhecer
o que a empresa faz, quais os setores e equipamentos que existem, verificar
os poluentes e emissões atmosféricas, resíduos sólidos, ruídos e vibrações, co‑
nhecer todos os insumos que fazem parte do processo produtivo, analisar se já
existiram acidentes na empresa, multas, reclamações de vizinhos ou empresas,
ações civis públicas, analisar se os funcionários recebem ou receberam treina‑
mento para trabalhar num SGA pensando na melhoria contínua, ler e analisar
relatórios de auditorias ambientais que possam ter sido realizadas anteriormente.
elaboração de
planejamento prévio materiais para análise de documentos
(reunião com cliente e coleta de dados, e início da coleta de
equipe de auditoria) listas de verificação, evidências
questionários...
1.4.1 F
ormulário para coleta de dados e evidências de auditoria
ambiental
1.1 Nome da empresa:
1.2 Endereço:
1.3 Nome do contato:
1.4 Telefones para contato:
1.5 E-mail do responsável:
Fonte: Do autor (2013).
2.8 O que havia na área antes da empresa ser construída? Caso a empresa utilize instalações de
outra empresa que já existiu ali, listar as atividades que a antiga empresa desenvolvia para
posterior análise de passivos ambientais.
2.9 Quantas pessoas trabalham na empresa auditada? Listar os turnos de trabalho e a quanti‑
dade de funcionários em cada turno.
2.10 Há utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos funcionários? Quais
equipamentos e em quais setores?
2.11 Caso a empresa produza algo que é enviado para outras unidades, listar o local onde são
estocados esses itens e verificar o entorno da empresa, zoneamento ambiental e condições
de armazenamento desses produtos.
Fonte: Do autor (2013).
3.1 A empresa já passou por alguma auditoria? Caso afirmativo, analise o relatório final (relató‑
rio de auditoria) e liste as não conformidades que foram apontadas.
3.2 Quem realizou a auditoria? Quando? Com qual finalidade?
3.3 A empresa já sofreu alguma notificação? Quando? Por qual motivo? O problema foi resol‑
vido?
Fonte: Do autor (2013).
4.9 Existe acúmulo de lixo dentro da empresa? E no seu entorno? Para onde são encaminhados
os resíduos recicláveis? E os rejeitos? E os orgânicos?
4.10 A empresa possui inventário de resíduos sólidos? Como é feito o armazenamento, trans‑
porte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos
gerados? Maiores informações, consultar CONAMA 313.
Listar os resíduos da seguinte forma:
Impactos ambientais nem sempre são negativos, visto que muitos ocorrem
para que uma ação positiva se instale. Dessa forma, você deve perceber que
quando se constrói uma rodovia em algum lugar, isso pode melhorar o fluxo
de carros em outros pontos que estavam críticos, pode melhorar o escoamento
de produtos e serviços, angariar renda para o município etc. Sendo assim, per‑
ceber a magnitude do impacto e se ele é positivo ou não pode fazer bastante
diferença no contexto do que se está analisando.
Além do impacto ambiental, um conceito importante é o de aspecto am‑
biental, o qual pode ser considerado como uma ação humana, vista como causa
que leva à ocorrência do impacto ambiental (Quadro 4.9).
Quadro 4.9 Identificação de práticas para controle de impactos ambientais adotadas pela
organização
4.15 A empresa já passou por licenciamento ambiental? Qual é o tipo da licença, o órgão emis‑
sor? Existem condicionantes da licença?
4.16 Caso a empresa esteja em não conformidade com a licença, liste-as e analise se já foram
notificados em relação a isso.
4.17 Caso existam vizinhos no entorno da propriedade, verifique se já existiram ou se existem
reclamações quanto às práticas ambientais.
Fonte: Do autor (2013).
Quadro 4.11 Identificação das práticas de gerenciamento de recurso hídrico adotadas pela
organização.
4.18 A água utilizada é fornecida por alguma companhia de abastecimento ou existem poços?
Caso existam poços, eles são autorizados? Qual a vazão, profundidade e nível d’água?
4.19 Há reuso da água na empresa? Caso exista, qual é o ciclo de utilização da água até ela
voltar ao ponto de reuso?
Fonte: Do autor (2013).
* Quantidade de energia utilizável e de alta qualidade, oferecida por um recurso após a subtra‑
ção da energia necessária para disponibilizar esse recurso ao uso (encontrar — extrair — pro‑
cessar e disponibilizar).
4.24 A empresa possui geradores de energia? São alimentados por qual tipo de combustível?
Existe participação da energia de Cias de energia elétrica ou a empresa é autossuficiente em
energia elétrica?
4.25 Há utilização de placas fotovoltaicas (energia solar) na empresa?
4.26 Existe iluminação natural nos prédios/barracões da empresa?
4.27 Há algum tipo de projeto ou programa implantado visando a economia de energia e
matérias‑primas na empresa? Os funcionários participaram da elaboração? Houve treinamento?
4.28 Existe algum tipo de material radioativo dentro da empresa? Em caso afirmativo, relate qual
é o uso, como fica armazenado e quem é o responsável pela utilização/descarte do mesmo.
Fonte: Do autor (2013).
Lembrete:
Cada auditoria tem um objetivo/foco, de modo que o formulário poderá
sofrer alterações de acordo com o que estiver sendo verificado. Para auditores
inexperientes um formulário como este pode ajudar a seguir os passos ne‑
cessários para não haver erros durante a coleta de dados e posterior análise,
mas com o tempo e com a experiência os auditores poderão desenvolver seus
próprios materiais. Esse formulário também pode ser utilizado para avaliação
de determinados setores que precisem de alguma readequação ou melhoria.
Não conformidade nº 1
Evidência objetiva: amostras de solo foram coletadas e examinadas e
mostraram 35 mil partes de cromo por m² de solo. O limite estabelecido pela
política ambiental é zero, pois todo o resíduo gerado pela empresa deve ser
corretamente armazenado e tratado.
Não conformidade: águas residuais da produção estão infiltrando no solo.
Requisito violado: política ambiental da empresa no item 3 — Fica proibido
lançar qualquer tipo de resíduo pela área da empresa, salvo em ambientes
próprios para isso, como tanques para tratamento ou caixas de contenção.
Não conformidade nº 2
Evidência objetiva: Durante várias reuniões para estabelecer o local que
será o aterro sanitário do município, a área mais cotada tem sido as margens
de um importante manancial de abastecimento.
Não conformidade: O aterro sanitário está sendo construído às margens
do maior manancial de abastecimento do município X. Há que considerar a
distância mínima de 100 metros conforme legislação municipal e resolução
CONAMA 308.
Requisito violado: Resolução CONAMA nº 308, Inciso VIII — respeitar
as distâncias mínimas estabelecidas em normas técnicas ou em legislação
ambiental específica de ecossistemas frágeis e recursos hídricos superficiais,
como áreas de nascentes, córregos, rios, açudes, lagos, manguezais, e outros
corpos d’água (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2002, p. 1,
grifos do autor);
Não conformidade nº 3
Evidência objetiva: estabelecimento de propriedade comercial a 5 km da
unidade de conservação XX.
Não conformidade: falta de licenciamento ambiental para instalação e
operação da atividade de criação e abate de aves.
Requisito violado: RESOLUÇÃO CONAMA Nº 13 de 1990. Art. 2º. Nas
áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilôme‑
tros, qualquer atividade que possa afetar a biota deverá ser obrigatoriamente
licenciada pelo órgão ambiental competente. Parágrafo único. O licenciamento
a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do
órgão responsável pela administração da Unidade de Conservação (CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 1990, p. 1, grifos do autor).
Não conformidade nº 04
Evidência objetiva: falta de controle e de medidas mitigadoras para atenuar
os impactos ambientais gerados pela atividade industrial analisada.
Não conformidade: envio de resíduos sólidos tais como: tijolos, argamassa,
madeiras e entulhos em geral para as proximidades do córrego XX.
Requisito violado: Lei nº 6.938 de 1981 Art 14 — Sem prejuízo das penalida‑
des definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento
continuação
OCC SGS ICS Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC TECPAR — Instituto de Tecnologia do Paraná Brasil PR
OCC Tüv Rheinland do Brasil Ltda. Brasil SP
OCC ABNT — Associação Brasileira de Normas Técnicas Brasil RJ
OCC ABS — Quality Evaluations Inc. Brasil SP
OCC Associação Portuguesa de Certificação Portugal DF
OCC BRTÜV Avaliações da Qualidade S. A. Brasil SP
OCC Bsi Brasil Sistema de Gestão Ltda. Brasil SP
OCC BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC Det Norske Veritas Certificadora Ltda. Brasil SP
OCC DQS do Brasil Ltda. Brasil SP
OCC Evs Brasil Certificadores de Qualidade Ltda. Brasil SP
OCC FCAV — Fundação Carlos Alberto Vanzolini Brasil SP
Fonte: Adaptado de INMETRO (2011, p. 1-2).
Links
Pesquise sobre a ABNT, pois ela é um organismo certificador credenciado e por este motivo
pode realizar auditorias de terceira parte com finalidade de certificação. Confira informações
sobre ela e converse com seus colegas.
Você percebeu, pela citação, que no Brasil a ABNT recebe a norma ISO e
a adequa para que possamos utilizá‑la da mesma forma, ou seja, seguindo os
mesmos princípios e linguagem. Vamos relembrar as três entidades que parti‑
cipam do processo de certificação? Veja a Figura 4.9:
O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
INÍCIO
Caso o parecer seja negativo novamente, a empresa irá passar pelas adequações
e poderá remarcar a auditoria inicial ou a principal e tentar novamente
passar pela certificação. Se durante a auditoria existir não conformidades
verificadas, a empresa poderá apresentar soluções e corrigi-las em até 90 dias,
quando o auditor voltará à organização para verificar se poderá dar o parecer
positivo para que a empresa consiga o certificado. Caso ocorra alguma não
conformidade grave durante o período que a empresa está certificada, poderá
ocorrer o cancelamento, a revogação ou a suspensão do mesmo.
Resumo
Durante a discussão realizada nesta unidade pudemos verificar
como as auditorias ambientais são estruturadas, desde o planejamento,
as reuniões, análise de documentos, elaboração de materiais para
execução das auditorias, elaboração de relatório final e reunião de
encerramento. Mediante essa lista de procedimentos é possível perce‑
ber que a auditoria ambiental é uma ferramenta de gestão e que deve
ser utilizada com mais frequência que na atualidade, pois verificar o
desempenho das empresas, conhecendo e resolvendo as não confor‑
midades apontadas faz com que o processo de melhoria contínua seja
cada vez mais colocado em prática pelos gestores ambientais. Verifi‑
camos também que o processo de certificação de sistemas de gestão
ambiental está sendo cada vez mais utilizado pelas empresas, pois confere
maior confiabilidade ao produto que será produzido, pois o processo de
certificação exige que a empresa esteja cumprindo normas e requisitos
base para que receba o certificado. Dessa forma, consideramos que as
empresas que possuem o selo ISO 14001 são empresas conscientes e que
trabalham dentro de padrões confiáveis de gestão ambiental.
Atividades de aprendizagem
1. Você considera o planejamento das auditorias um procedimento
necessário? Explique sua resposta.
2. As auditorias de desempenho ambiental são utilizadas em quais
momentos e por quais tipos de empresas?
3. A elaboração de materiais para auditoria deve ser feita pelos auditores?
Pelos clientes? Pelo auditado? Sempre os mesmos formulários devem
ser utilizados?
4. O relatório de auditoria deve ser pautado em conformidades ou não
conformidades?
5. Você acredita que a certificação ambiental é um processo que
potencializa a marca da empresa que passa por ela?
Introdução ao estudo
Em novembro de 2011 a população humana chegou a assombrosos sete
bilhões de pessoas, e não parou de crescer. Como atender às necessidades de
tantas pessoas? Chegamos ao momento de nossa existência em que devemos
repensar a forma como nos relacionamos com o meio ambiente e a maneira
como fazemos uso dos recursos disponíveis. Neste cenário, intensifica-se um
movimento pela busca do desenvolvimento sustentável, que propõe o equilíbrio
entre o desenvolvimento econômico, social e a preservação do meio ambiente.
Ainda teremos que caminhar muito para que nosso modo de vida atinja esse
equilíbrio, e esta caminhada já se iniciou. Consumidores mais conscientes
passam a exigir uma nova postura dos produtores de bens de consumo. Estes,
por sua vez, enxergam nesse comportamento dos consumidores um nicho
de mercado e passam a apostar nessa promissora estratégia comercial. Nos
dias atuais podemos chamar de “moda verde” essa forma dos consumidores
e produtores de pensar e agir. Entretanto, num futuro próximo, essa conduta
significará a sobrevivência de um negócio no competitivo mundo capitalista.
Vamos iniciar analisando quais são estas iniciativas que passam a figurar na
esfera dos negócios como uma nova regra de mercado.
1.1 Histórico
Quem está disposto a pagar o preço pela preservação do meio ambiente?
Empresários e a sociedade de forma geral apresentam-se muito favoráveis
ao discurso da preservação do meio ambiente. Entretanto, as mudanças na
forma de produzir alimentos e bens de consumo, e também no comporta‑
mento do consumidor exigem o comprometimento de todos. Estamos falando
de “sacrifícios pessoais”, ou seja, o quanto estamos dispostos a reduzir nossos
ganhos financeiros e o quanto poderemos pagar a mais pelos produtos ditos
ecologicamente corretos.
Quadro 5.1 Responsabilidades sociais a serem consideradas nas relações entre empresa e seus
stakeholders
continuação
As empresas socialmente responsáveis devem utilizar critérios de com‑
prometimento social e ambiental na hora de selecionar seus parceiros e
fornecedores, considerando, por exemplo, o código de conduta destes em
questões como relações com os trabalhadores ou com o meio ambiente.
Fornecedores Os valores do código de conduta da empresa devem ser difundidos por
toda a sua cadeia de fornecedores, empresas parceiras e terceirizadas,
buscando disseminar valores e contratar ou interagir com empregados
terceirizados que valorizem os mesmos conceitos sociais que os seus
funcionários.
A questão da responsabilidade social perante os clientes está relativa‑
mente bem definida num aspecto (por exemplo, nas leis específicas que
definem a segurança do produto) e mantém-se bastante fluida noutro
(por exemplo, nas expectativas gerais quanto à relação qualidade-preço).
Muitas empresas já optam por assumir as suas responsabilidades para
Clientes
com os clientes, respondendo prontamente às reclamações, fornecendo
informação completa e exata sobre o produto, implementando campa‑
nhas de publicidade absolutamente verdadeiras quanto ao desempenho
do produto e assumindo um papel ativo no desenvolvimento de produtos
que respondam às preocupações sociais dos clientes.
Assim como a comunidade na qual as empresas estão inseridas oferecem
recursos para as empresas, como os empregados, parceiros e fornecedo‑
res, que tornam possível a execução das suas atividades corporativas, o
Comunidade investimento na comunidade, através da participação em projetos sociais
promovidos por organizações comunitárias e ONGs, além de uma retri‑
buição, é uma própria maneira de melhorar o desenvolvimento interno e
externo.
A empresa deve relacionar-se de forma ética e responsável com os po‑
deres públicos, cumprindo as leis e mantendo interações dinâmicas com
seus representantes, visando a constante melhoria das condições sociais e
políticas do país. O comportamento ético pressupõe que as relações entre
a empresa e governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas,
empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Cabe à empresa
manter uma atuação política coerente com seus princípios éticos e que
Governo e
evidencie seu alinhamento com os interesses da sociedade. A empresa
sociedade
ambientalmente responsável investe em tecnologias antipoluentes, recicla
produtos e lixo gerado, implanta “auditorias verdes”, cria áreas verdes,
mantém um relacionamento ético com os órgãos de fiscalização, executa
um programa interno de educação ambiental, diminui ao máximo o im‑
pacto dos resíduos da produção no ambiente, é responsável pelo ciclo de
vida de seus produtos e serviços e dissemina para a cadeia produtiva estas
práticas relativas ao meio ambiente.
Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrên‑
cia, a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, “dum‑
Concorrentes
pings” e formação de trustes e cartéis, buscando sempre fortalecer a livre
concorrência de mercado.
Fonte: Adaptado de Ramos (2002).
continuação
produtos químicos, óleos e combustíveis; outras emissões relevantes; produção,
transporte, importação e exportação de quaisquer produtos considerados peri‑
De dimensão gosos; identificação das fontes de água afetadas pela descarga ou escoamento
ambiental de água; desempenho dos fornecedores em relação à questão ambiental; impac‑
tos ambientais dos produtos e serviços; percentual recuperado do produto ao
final da vida útil e percentual que poderia ser recuperado.
Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil e o trabalho forçado
e compulsório, e a descrição de programas para tratar o assunto; processos
judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos; políticas de não
retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimentos das reclamações e
queixas dos funcionários; treinamento em direitos humanos para segurança dos
funcionários; políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades
indígenas; gerenciamento dos impactos sobre as comunidades que vivem em
áreas afetadas pelas atividades da empresa; políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para a empresa e empregados com
relação a suborno e corrupção; políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e
mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições
De dimensão
políticas; quantia paga a partidos políticos e instituições cuja principal função
social
consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos; decisões legais
com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de
monopólios; políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal; políticas
para preservar a saúde e segurança do consumidor durante o uso de produto e
serviço; número e tipo de não conformidade com a legislação referente à saúde
e segurança do consumidor, incluindo penalidade e multas por essas violações;
número de reclamações aos órgãos regulatórios para garantir a segurança e
saúde no uso dos produtos e serviços; prêmios de responsabilidade social/am‑
biental recebidos pela empresa e/ou selos de órgãos ou instituições atestando a
qualidade do produto ou serviço.
Modelo Global Compact — Acordo internacional
Enfoque Saúde, direitos humanos e corrupção.
Empresas O Boticário®, Petrobrás®, entre outras.
Indicadores
De princípios Apoiar e respeitar a proteção dos direitos humanos dentro de seu âmbito de
de direitos influência; certificar-se de que suas próprias corporações não estejam sendo
humanos cúmplices de abusos em direitos humanos.
Apoiar a liberdade de associação e o conhecimento efetivo do direito à nego‑
De princípios
ciação coletiva; apoiar a eliminação de todas as formas de trabalho forçado e
de direitos do
compulsório; apoiar a erradicação efetiva do trabalho infantil; acabar com a
trabalho
discriminação a respeito de emprego e cargo.
De princípios Adotar uma abordagem preventiva para os desafios ambientais; tomar iniciativas
de proteção para promover maior responsabilidade ambiental; incentivar o desenvolvimento
ambiental e a difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis.
De princí‑
pios contra a Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina.
corrupção
continua
continuação
Modelo indicadores Ethos — Relatório de autoavaliação
Sete dimensões: valores e transparência, público interno, meio ambiente, forne‑
Enfoque
cedores, consumidores e clientes, comunidade, Governo e sociedade.
Empresas Bradesco®, Sadia®, entre outras.
Indicadores
De valores, Compromissos éticos; enraizamento na cultura organizacional; governança
transparência corporativa; diálogo com as partes interessadas (stakeholders); relações com a
e governança concorrência; balanço social.
Relações com sindicatos; gestão participativa; compromisso com o futuro das
crianças; valorização da diversidade; política de remuneração, benefícios e
De público
carreira; cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho; compromisso
interno
com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade; comportamento
frente a demissões; preparação para aposentadoria.
Comprometimento da empresa com a causa ambiental; educação e conscien‑
De meio
tização ambiental; gerenciamento do impacto no meio ambiente e do ciclo de
ambiente
vida de produtos e serviços; minimização de entradas e saídas de materiais.
Critérios de seleção e avaliação de fornecedores; trabalho infantil na cadeia
De fornece‑
produtiva; relações com trabalhadores terceirizados; apoio ao desenvolvimento
dores
de fornecedores.
De consu‑
Política de comunicação comercial; excelência do atendimento; conhecimento
midores e
e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e serviços.
clientes
Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno; relações
De comuni‑
com organizações locais; financiamento da ação social; envolvimento da em‑
dade
presa com a ação social.
De governo e Contribuições para campanhas políticas; práticas anticorrupção e propina; lide‑
sociedade rança e influência social; participação em projetos sociais governamentais.
Modelo Ibase — Relatório resumido
Cinco dimensões: indicadores sociais internos; indicadores sociais externos;
Enfoque indicadores ambientais; indicadores do corpo funcional; informações relevantes
quanto ao exercício da cidadania empresarial.
Amazônia Celular®, Banco do Brasil®, Calçados Azaleia®, Grupo Pão de Açúcar®,
Empresas
Marcopolo®, SulAmérica Seguros®,Votorantin Celulose e Papel®, entre outras.
Indicadores
De base de
Receita líquida; resultado operacional; folha de pagamento bruta.
cálculo
Gastos com alimentação; previdência privada; saúde; educação; cultura; capa‑
Sociais inter‑
citação; desenvolvimento profissional; creches ou auxílio-creche; participação
nos
nos lucros ou resultados e outros benefícios.
Sociais exter‑
Somatório dos investimentos na comunidade.
nos
Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa; investimen‑
Ambientais
tos em programas externos e metas anuais.
continua
continuação
Número de funcionários, de demissões, de empregados terceirizados, de
Do corpo estagiários, de empregados acima de 45 anos, de mulheres, de negros; porcen‑
funcional tagem de cargos de chefia ocupados por mulheres e por negros; número de
portadores de deficiência.
De exercício
Relação entre maior e menor remuneração; total de acidentes; projetos sociais e
da cidadania
ambientais realizados; padrões de segurança; relação com fornecedores.
empresaria
Modelo de Hopkin — Relatório de autoavaliação
Enfoque Informações socioeconômicas e ambientais.
Empresas Análise da Coelba®, Celpe®, Cosern® e Colece®, entre outras.
Indicadores
De princípios Código de ética; litígios envolvendo violação das leis pela empresa; penalidades
de respon‑ em consequência das atividades ilegais; contribuição para inovações; criação
sabilidade de empregos diretos; criação de empregos indiretos; executivos condenados por
social atividades ilegais.
De prin‑
Mecanismo para examinar questões sociais relevantes para a empresa; corpo
cípios de
analítico para as questões sociais, como parte integral da elaboração de polí‑
capacidade
ticas; existência de auditoria social; relatório de prestação de contas sobre a
de resposta
ética; política com base nas análises de questões sociais.
social
Proprietários e acionistas: lucratividade/valor; irresponsabilidades administrati‑
vas ou atividades ilegais; bem-estar da comunidade; filantropias corporativas.
Executivos: código de ética.
Funcionários: relações sindicato/empresa; questões de segurança; pagamentos,
subsídios e benefícios; demissões; funcionários proprietários; políticas para
mulheres e minorias.
Clientes/consumidores: recalls de produtos; litígios; controvérsia pública sobre
De resultados
produtos e serviços; propaganda enganosa.
e ações de
Meio ambiente: poluição; lixo tóxico; reciclagem e uso de produtos reciclados;
responsabili‑
uso de etiqueta ecológica nos produtos.
dade social
Comunidade: doações corporativas para programas comunitários; envolvimento
direto em programas comunitários; controvérsias ou litígios com a comunidade.
Fornecedores: código de ética da empresa; código de ética dos fornecedores;
litígios/penalidades; controvérsias públicas.
Organização como uma instituição social: litígios genéricos; processos por
ações classistas; melhorias nas políticas e na legislação em decorrência de
pressões da empresa.
Modelo Norma Social Accountability 8000 —SA 8000 — Norma certificável
Enfoque Relações com funcionários, condições de trabalho.
Empresas Bradesco®, Avon Cosméticos®, ALCOA Alumínio®, entre outras.
Indicadores
De relações
trabalhistas Trabalho infantil; trabalho forçado; saúde e segurança; liberdade de associação
respeitando e direito à negociação coletiva; discriminação; práticas disciplinares; horário de
os direitos trabalho; remuneração; sistema de gestão.
humanos
continua
Como vimos, muitos são os indicadores que poderão ser utilizados para a
verificação da eficiência e efetividade das organizações no desenvolvimento
de suas práticas de responsabilidade socioambientais. A aplicação desses mo‑
delos possibilita que as organizações se insiram em um processo de melhoria
contínua de sua imagem corporativa, pois conseguem visualizar de forma clara
o resultado de suas ações nesse campo. Entretanto, esse trabalho, apesar de
extremamente importante, não garante às partes interessadas que a imagem
construída seja verdadeira, pois muitas vezes a aplicação desses indicadores
pode constituir um trabalho de controle interno de uma determinada organiza‑
ção, ou seja, não é a certificação da verdade por uma terceira parte, mas sim
a opinião de quem executa a ação.
Para estes casos, quando uma empresa deseja atestar a qualidade de suas
ações sócio e ambientalmente responsáveis é que cabe a atuação das institui‑
ções certificadoras, que por meio da concessão de rótulos ambientais conferem
a produtos e serviços a credibilidade desejada pela empresa que os oferece no
mercado. Entendeu por que a certificação é importante?
Normas Título
ISO 14040 Avaliação do Ciclo de Vida — Princípios e Estrutura (1997)
Avaliação de Ciclo de Vida — Definição de Escopo e Análise do Inventário
ISO 14041
(1998)
ISO 14042 Avaliação do Ciclo de Vida — Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (2000)
ISO 14043 Avaliação do Ciclo de Vida — Interpretação do Ciclo de Vida (2000)
ISO 14048 Avaliação de Ciclo de Vida — Formato da Apresentação de Dados (2002)
Fonte: Adaptado de Lemos (2011).
Links
Quer saber mais sobre a análise do ciclo de vida dos produtos? Acesse: <http://acv.ibict.br/
sobre>.
Biodegradável
Embalagem reciclável
Madeira certificada
Madeira de reflorestamento
Produto amigo da natureza
Pelos exemplos você pôde comprovar que a rotulagem ambiental é algo
mais comum do que você imaginava. Para Tachizawa (2011) isso acontece,
pois o uso desses “selos verdes” é hoje uma tendência global que reflete o
novo perfil do consumidor, o qual passa a considerar, na escolha de um pro‑
duto, não só seu preço ou a qualidade, mas também o comportamento social
das empresas fabricantes de tais produtos. Nesse contexto, os programas de
rotulagem ambiental e a instituição de selos verdes para determinada família
de produtos é uma probabilidade que se concretiza e, dessa forma, deverá se
solidificar no mercado.
“Os programas de rotulagem ambiental adotados por diferentes países são
criados com base na avaliação do ciclo de vida e conferidos por instituições
independentes, seja governamentais, seja não governamentais” (TACHIZAWA,
2011, p. 77).
Sobre a rotulagem ambiental, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(2011, p. 1) declara:
[...] é um importante mecanismo de implementação de polí‑
ticas ambientais dirigido aos consumidores, auxiliando‑os na
escolha de produtos menos agressivos ao meio ambiente. É
também um instrumento de marketing para as organizações
que investem nesta área e querem oferecer produtos diferen‑
ciados no mercado. A atribuição do Rótulo Ecológico (Selo
Verde) é similar a uma premiação, uma vez que os critérios
são elaborados visando à excelência ambiental para a promo‑
ção e melhoria dos produtos e processos de forma a atender
às preferências dos consumidores. Em contraste com outros
símbolos “verdes” ou declarações feitas por fabricantes ou
fornecedores de serviços, um rótulo ambiental é concedido
por uma entidade de terceira parte, de forma imparcial, para
determinados produtos ou serviços que são avaliados com
base em critérios múltiplos previamente definidos.
muitas vezes, uma condição para que ocorram as negociações (ABREU apud
NEUENFELD et al., 2006).
Conforme explica Tachizawa (2011), as primeiras iniciativas brasileiras para
a criação de um selo verde ocorreram a partir de uma ação conjunta entre a
ABNT e o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, com o objetivo de propor
um sistema voluntário para a certificação ambiental. O trabalho foi iniciado
em 1990 por meio de um programa-piloto aplicado a uma categoria de produ‑
tos pré-selecionada (papel, calçados e couros, eletrodomésticos, cosméticos,
aerossóis livres de CFC, baterias automotivas, detergentes biodegradáveis,
lâmpadas, móveis de madeira e produtos para embalagem). Esse programa tem
como diretrizes básicas o seu desenvolvimento em acordo com a realidade bra‑
sileira, de forma a desempenhar papel de instrumento de educação ambiental
no mercado interno, e ser compatível com modelos internacionais, para que
possa transformar-se em instrumento de apoio aos exportadores brasileiros.
No mundo todo iniciativas para a criação de programas de rotulagem am‑
biental foram sendo desenvolvidos com vistas a estabelecer critérios e regras
para a certificação dos atributos ambientais dos produtos e garantir a segurança
da informação prestada aos consumidores. No Quadro 5.4 veremos um breve
histórico da criação dos principais rótulos ambientais desenvolvidos por enti‑
dades governamentais.
ANO/PAÍS/RÓTULO DESCRIÇÃO
De responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da
Natureza e Segurança Nuclear, foi o primeiro e serviu na implemen‑
tação de selos verdes e como modelo para outros países. Esse rótulo é
1977
representado pelo “anjo azul”, símbolo do Programa das Nações Unidas
Alemanha
para o Meio Ambiente. Como membro da União Europeia, a Alemanha
BLAU ENGEL
participa do programa comunitário de rotulagem ambiental, mas o selo
comunitário não substitui o “anjo azul” — há uma coexistência dos dois
rótulos.
Criado pelo Ministério do Meio Ambiente, sob a égide da lei de
proteção ambiental e com a cooperação da Alemanha, o ECP é um
1988 programa governamental administrado pela TerraChoice Environmen-
Canadá tal Services Inc., empresa privada responsável, mediante delegação
ENVIRONMENTAL‑ do Ministério do Meio Ambiente, pela concessão do selo e financia‑
CHOICE PROGRAM mento do programa. O selo é conhecido popularmente como “Écó‑
logo” e, como o selo alemão, contém dizeres que explicam as razões
pelas quais foi conferido.
continua
continuação
O Programa de Produtos Ecologicamente Saudáveis, conhecido como
EcoMark, foi criado pela Associação Japonesa de Meio Ambiente, or‑
1989 ganização não governamental, sob supervisão e orientação do Minis‑
Japão tério do Meio Ambiente. O selo concedido pelo Programa considera
ECOMARK a análise do ciclo de vida e uma participação pública da comuni‑
dade japonesa, além de conter descrição dos benefícios ambientais
da categoria do produto.
O programa de rotulagem Ambiental NordicSwan foi adotado pelo
Conselho Nórdico de Ministros em 1989 e com aprovação dos critérios
1989-1991
para concessão dos selos em 1991. Por seu alcance, constitui o primeiro
Noruega, Suécia,
programa multinacional e o único vigente até a adoção do selo comuni‑
Finlândia, Islândia
tário. O logotipo do programa baseia-se no símbolo do Conselho Nórdico
NORDICSWAN
e contém a expressão “rótulo ambiental”, bem como a correspondente
descrição do atributo ambiental
A Nova Zelândia iniciou seu programa de rotulagem ambiental em ba‑
1990 ses similares aos programas alemão e canadense. O logotipo contém o
Nova Zelândia nome do programa e a marca de controle (checkingmark). Os princípios
ENVIRONMENTAL básicos do programa são promover produtos que contribuam para dimi‑
CHOICE nuir o consumo de energia, reduzir a geração de subprodutos perigosos
e promover a reciclagem e reutilização.
O programa de rotulagem ambiental foi criado com a instituição de um
esquema voluntário de rotulagem para produtos ambientalmente saudá‑
1991
veis. Os objetivos são incentivar produtores e importadores a reduzir os
Índia
impactos ambientais adversos e seus produtos; orientar consumidores
ECOMARK PRO‑
a tornarem-se mais responsáveis em sua vida cotidiana e encorajá-los a
GRAM
tomar decisões de compra à luz de considerações ambientais; e melho‑
rar a qualidade do meio ambiente.
O governo francês criou um programa nacional de rotulagem ambiental
com a instituição do Comitê de Rotulagem Ambiental. Concomitante‑
mente, a França participa da implementação do selo comunitário da
1991 União Europeia. Os princípios básicos que orientam o programa são: os
França selos devem ser conferidos após rigorosa verificação de cumprimento
NF ENVIRONMENT dos critérios relevantes de certificação; os procedimentos de avaliação e
monitoramento devem ser estabelecidos para assegurar que os produtos
rotulados atendam aos requisitos; e os consumidores devem ter acesso a
informações sobre o selo.
O Ministério Federal para assuntos do meio Ambiente, Juventude e
1991
Família criou o Selo Austríaco em decorrência do crescente interesse dos
Áustria
consumidores por questões ambientais e da falta de regulamentação que
UMWELTZEICHEN
controlasse as autodeclarações dos fabricantes.
O esquema de selo ambiental comunitários tem suas origens em 1987,
quando o Parlamento Europeu recomendou a criação de um rótulo
europeu para produtos ecológicos. Posteriormente, o Conselho da União
1991
Europeia aprovou o programa comunitário em 1992. O regulamento
União Europeia
admite a continuidade de programas nacionais de selo ambiental e até
ECO LABEL
a implementação de novos esquemas, mas em síntese objetiva a criação
de condições para a adoção de um único rótulo ambiental em toda a
União Europeia.
continua
Normas Título
ISO 14020 Rótulos e Declarações Ambientais — Princípios Básicos (1998)
ISO 14021 Auto Declarações Ambientais (Rótulo Ambiental Tipo II, 1999)
ISO 14024 Rótulo Ambiental Tipo I (de terceira parte, 1999)
ISO 14025 Rótulo Ambiental Tipo III (2006)
Fonte: Adaptado de Lemos (2011).
Resumo
Com certeza, após ter verificado todas as unidades deste do livro,
você percebeu a importância de estudar as auditorias e procedimentos
de certificação ambiental. As empresas que passam por esses estudos e
análises se fortalecem e diminuem a potencialidade de impactar o meio
ambiente, pois estão constantemente sendo monitoradas. Espero que você
tenha gostado de tudo o que leu e, para finalizar, convido-o a realizar as
atividades de aprendizagem. Um abraço e até a próxima!
Atividades de aprendizagem
1. Com as tendências atuais de atenção aos direitos humanos e prote‑
ção ambiental, como as organizações podem melhorar sua imagem
corporativa?
2. Como acompanhar o impacto de uma ação de responsabilidade so‑
cioambiental de modo a avaliarmos a eficiência de seus resultados?
3. Com base nos modelos de indicadores de responsabilidade socioam‑
biental, apresente cinco indicadores ambientais e cinco indicadores
sociais.
4. Para que se presta a avaliação do ciclo de vida?
5. Qual a função da rotulagem ambiental?
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