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Sueli Garcia

Economia sustentável
em design de interiores
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Simone M. P. Vieira - CRB 8ª/4771)

Garcia, Sueli
  Economia sustentável em design de interiores / Sueli Garcia. – São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2023. (Série Universitária)

  Bibliografia.
  e-ISBN 978-85-396-3996-0 (ePub/2023)
  e-ISBN 978-85-396-3997-7 (PDF/2023)

  1. Arquitetura de interiores 2. Design multissensorial 3. Design


biofílico 4. Decoração de interiores 5. Economia circular 6. Economia
sustentável 7. Sustentabilidade I. Título. II. Série

23-1834g CDD–747
 CDD–338
 BISAC DES010000
 BUS072000

Índice para catálogo sistemático


1. Decoração e estilo : Design de interiores : artes decorativas 747
2. Sustentabilidade econômica 338.927
EM DESIGN DE INTERIORES
ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Sueli Garcia
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Sumário
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Capítulo 1 Capítulo 4
Impactos da construção civil Tipos de economia aplicados
no meio ambiente, 7 e seus impactos, 39
1 Conceituação de aspectos 1 Economia linear, 40
ambientais, 8 2 Economia reciclável, 42
2 Conceituação dos impactos 3 Economia circular, 44
ambientais, 11
Considerações finais, 46
3 Degradação ambiental, 14
Referências, 46
Considerações finais, 16
Referências, 16 Capítulo 5
Projetos de interiores – saúde
Capítulo 2 e sustentabilidade, 47
Panorama da sustentabilidade 1 A Síndrome do Edifício Doente e as
na atualidade, 19 interferências governamentais, 48
1 Esforços governamentais 2 Interferência profissional de
(legislações ambientais), 20 design de interiores em espaços
2 Utilização inteligente dos recursos insalubres, 50
naturais, 22 3 Estudos científicos sobre o
3 Conscientização dos controle da salubridade no espaço
consumidores, 24 construído, 52
Considerações finais, 26 Considerações finais, 53
Referências, 27 Referências, 54

Capítulo 3 Capítulo 6
Economia sustentável aplicada Design de interiores e a
ao design de interiores, 29 economia circular, 55
1 Materiais ecológicos e 1 Responsabilidade social e o
certificações, 30 conceito de economia circular, 56
2 Processos de fabricação, 32 2 O design de interiores no ciclo da
3 Soluções tecnológicas, 35 economia circular: upcycle, recycle
e ecofriendly, 57
Considerações finais, 37
3 Estratégia de negócios
Referências, 37 sustentáveis, 61
Considerações finais, 62
Referências, 62
Capítulo 7 Capítulo 8

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Biofilia no design de Conceitos e estilos de vida
interiores, 65 sustentáveis em design de
1 O que é biofilia?, 66 interiores, 75
2 Sustentabilidade, saúde e bem-estar 1 Conceito de biomimetismo e
biofílicos, 67 sustentabilidade, 76
3 Interiores biofílicos: habitat, 2 A natureza como inspiração para
ecossistema e ecologia, 70 solucionar problemas, 77
Considerações finais, 72 3 Biomimetismo aplicado no design
Referências, 73 de interiores, 80
Considerações finais, 83
Referências, 84

Sobre a autora, 87

6 Economia sustentável em design de interiores


Capítulo 1
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Impactos da
construção civil no
meio ambiente

Para iniciarmos nossas reflexões sobre economia sustentável precisa-


mos dar atenção aos impactos da construção civil no meio ambiente, um
setor relacionado ao design de interiores por interferir no espaço construído.

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É necessário entendermos, inicialmente, a crise ambiental e a impor-

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tância da sustentabilidade, além das esferas no ambiente às quais ela se
relaciona. Para Monica Serrão, a crise ambiental é complexa e “envolve
condições sociais, econômicas, culturais e políticas [...], mas é imprescin-
dível considerar dois aspectos, o espaço e o tempo” (SERRÃO, 2020, p. 9).

Além dessas condições, é preciso considerar a área onde ocorre o


problema ambiental e qual a duração dele. Dentro da cadeia da econo-
mia sustentável o profissional de design de interiores está diretamente
envolvido no setor da construção civil, nos espaços construídos. Esse
setor causa um forte impacto ambiental, principalmente nos centros
urbanos.

1 Conceituação de aspectos ambientais


O crescente reconhecimento de que os objetivos gerais da susten-
tabilidade caminham paralelamente aos objetivos da conservação am-
biental deixou claro que a economia é parte integrante da sustentabili-
dade – e se reforçam mutuamente. Estamos caminhando em busca de
uma definição de desenvolvimento sustentável mais consistente e que
possibilite análises práticas para auxiliar a formulação de procedimen-
tos profissionais e de políticas públicas.

A palavra “sustentabilidade” é de origem latina – sustentare – e


significa suportar, sustentar, manter. Seu conceito ganhou intensida-
de ao longo da história, quando foi necessário pensar caminhos para
identificar a natureza da crise ambiental em sua evolução que segue
explorando e esgotando os recursos não renováveis. O equilíbrio entre
a disponibilidade de recursos naturais existentes e a exploração deles
pela sociedade é o que garante a sobrevivência do planeta.

Sustentabilidade é um conceito plural, com múltiplos significados,


mas podemos entender que, inicialmente, é a habilidade de produzir

8 Economia sustentável em design de interiores


e atender às exigências e às necessidades do presente, sem compro-
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meter o planeta e as futuras gerações. Em 1994, o empresário britâ-


nico John Elkington entendeu que três áreas principais formavam o
tripé da sustentabilidade, triple bottom line (TBL), identificado pelos
campos social, econômico e ambiental (ELKINGTON, 2004).

A sustentabilidade oferece métodos preventivos para minimizar os


impactos ambientais. Nesse sentido, a contribuição de Elkington foi
fundamental.

IMPORTANTE

Observar o aspecto ambiental é importante porque ele define o fator


causador de um impacto ambiental, além de auxiliar a identificação das
causas e o desenvolvimento de meios preventivos. Sendo assim, pode-
mos perceber que o aspecto ambiental é a causa, enquanto o impacto
ambiental é o efeito.

Se atentarmos para o contexto atual, em que recursos finitos são ex-


plorados continuamente, é importante e urgente que nos preocupemos
em como a construção civil impacta o meio ambiente.

O setor de construção civil é um dos principais na economia contem-


porânea e, por ser considerado um dos que mais explora recursos na-
turais, provoca um alto índice de descarte. Esse processo também traz
vários outros prejuízos ambientais em toda a sua cadeia de produção,
como o uso de matérias-primas não renováveis na natureza e materiais
que geram muitos resíduos e o consumo de muita energia, tanto na
extração quanto no processamento dos insumos.

A atuação do profissional de design de interiores está conectada dire-


tamente a esse contexto, pois ele atua no ambiente construído e dentre

Impactos da construção civil no meio ambiente 9


suas responsabilidades está a de promover soluções que minimizem

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impactos ambientais, optando por projetos e ações mais sustentáveis.

Você sabe a diferença entre aspectos ambientais e impactos


ambientais?

A análise dos aspectos ambientais em um projeto tem como obje-


tivo garantir que considerações ambientais recebam atenção adequa-
da no planejamento e implementação de ações. Já o procedimento de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é a maneira como a execução des-
se projeto será alcançada, considerando o mínimo de impacto ambiental
possível. Inicialmente, é preciso pensar os aspectos ambientais e esta-
belecer procedimentos, então é comum que nesse momento aspectos e
impactos caminhem juntos na organização de um projeto.

É importante estabelecer procedimentos que norteiem o projeto e


aplicar o estudo de averiguação dos aspectos, seguido da aplicação da
AIA, como forma de prever impacto x benefícios socioeconômicos do
lugar. O conhecimento dos aspectos pode determinar a significância do
impacto; o estudo da AIA faz essa avaliação inicial, uma triagem que au-
xiliará as próximas decisões e ações, garantindo que alternativas serão
examinadas e consideradas no projeto de interiores.

É importante entender o que define a conceituação de aspectos am-


bientais porque tal conhecimento nos dá a dimensão do comprome-
timento profissional. Isso nos ajuda a prevenir problemas ambientais
fora e dentro do espaço do indivíduo, além de contribuir para a saúde do
meio ambiente.

De acordo com Carolyn S. Hayles, o design de interiores sustentável


é importante no pré-projeto, na implantação e na pós-ocupação, além
de compreender o conhecimento e a seleção adequada de materiali-
dades, estéticas e procedimentos preventivos, observando os aspectos
relativos a impactos ambientais e cuidados com a saúde. Todos os pro-
cedimentos devem ter foco nos impactos ambientais, no entendimento

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dos processos de produção, na facilidade de instalação, como também
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na manutenção, custos e ciclo de vida de todos os componentes dos


interiores (HAYLES, 2015).

2 Conceituação dos impactos ambientais


Já falamos sobre a conceituação dos aspectos ambientais e enten-
demos que esses fatores antecedem os impactos ambientais. Portanto,
a conceituação de impactos ambientais diz respeito a qualquer altera-
ção do meio ambiente, positiva ou negativa, que pode resultar ou não
dos aspectos ambientais e da organização do lugar (SÁNCHEZ, 2008).

Decorre dessa conceituação a identificação dos agentes que modifi-


caram o modus operandi do ambiente. Em grande parte da história não
houve um planejamento que tivesse interesse em equilibrar ou repor o
que se consumia da natureza, muito menos uma preocupação em rela-
ção à finitude das reservas naturais.

No campo da sustentabilidade a AIA tem como finalidade identificar


e prever impactos sobre o ambiente físico e biológico, e também sobre a
saúde e o bem-estar humano causado por projetos de leis, institucionais,
operações, etc. Ela pode concluir que o projeto não deve ser levado para
frente, dependendo da avaliação dos possíveis impactos ambientais.

A AIA tem mais de quatro décadas e possui comunicações e gestões


que possibilitam interpretar dados, informar impactos e embasar ações
para minimizar esses impactos. De acordo com Richard K. Morgan,
mais de 180 países utilizam a AIA, principalmente com o objetivo de
fundamentar decisões governamentais e autorizar a implantação de
projetos que tenham a potencialidade de causar impactos ambientais
de forma positiva (MORGAN, 2012).

Para aplicarmos a AIA no cenário da construção civil, diretamente


envolvida no ambiente construído onde o designer de interiores atua, é

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necessário averiguar o segmento e seu contexto. Nesse sentido, é im-

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portante refletir sobre questões como: onde está localizada a unidade de
habitação? Quais os elementos ambientais que interferem na saúde do
espaço? Sob esses aspectos, existem Estudos de Impactos Ambientais
(EIA) que averiguam, antes do início do processo – no levantamento
–, as fragilidades e as potencialidades do lugar, no intuito de projetar e
prever possíveis impactos.

Figura 1 – Impactos ambientais da cadeia da construção civil

Extração de
matéria-prima da
natureza

Produção de
materiais de
construção
Impactos
ambientais

Construção de
edifícios

Resíduos
sólidos de
Deposição
edificações
(entulhos)
Demolição

Reforma

Fonte: adaptado de Karpinsk (2009).

12 Economia sustentável em design de interiores


A gestão de materiais e seus resíduos na construção civil exigem co-
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nhecimento e planejamento prévio de como será o ciclo do projeto, para


que não seja utilizada muito mais mão de obra e energia em seu reapro-
veitamento. A urgência nesses setores é a implantação de projetos que
envolvam o meio ambiente e todas as interferências existentes, além
de identificar os riscos ambientais como forma de antecipar impactos.

NA PRÁTICA

Como poderíamos aplicar o conceito de aspectos sustentáveis em um


ambiente em construção ou em um ambiente construído? Podemos co-
meçar observando os seguintes aspectos ambientais:

Figura 2 – Análise de aspectos ambientais

1. Averiguar o lugar
e o entorno

2. Observar a incidência
solar e a circulação de ar
5. Analisar a infraestrutura
e a fadiga dos materiais.

4. Considerar a poluição
visual e sonora
3. Averiguar o estado da
arquitetura e sua tipologia
em construções prontas

Com essas observações é possível tomar decisões que ajudem a mini-


mizar impactos ambientais, optando por saídas como:

Impactos da construção civil no meio ambiente 13


Figura 3 – Exemplos de saídas que minimizam impactos ambientais

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1. reformulações projetuais
com resultados com o
4. considerar o estado atual dos menor impacto possível
acabamentos para decidir se serão
trocados, e se forem, qual a melhor
opção que reduza tempo,
mão de obra e custo

2. procedimentos e
uso de materiais com
manejo controlado

3. selecionar
materiais certificados

Observando tais características podemos analisar o impacto e buscar


soluções sustentáveis para os interiores na execução do projeto, lem-
brando que tanto a implantação quanto a pós-ocupação fazem parte de
etapas a serem consideradas no processo de minimizar impacto am-
biental.

3 Degradação ambiental
Após abordarmos os conceitos de aspecto ambiental e impac-
to ambiental é importante que saibamos um pouco mais sobre as
consequências desse longo processo de negligência, a degradação
ambiental.

A definição de impacto ambiental em si está associada aos efeitos


ambientais, considerados adversos ou negativos, decorrentes de inter-
venções ou atividades humanas, ou seja, é o estado de alteração de um
ambiente, em geral quando há perdas – e muitas delas são irreparáveis.
Esse conceito varia segundo a atividade a partir da qual os efeitos são

14 Economia sustentável em design de interiores


gerados, bem como em função do campo do conhecimento em que são
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avaliados e identificados (ROTH; GARCIAS, 2009).

A legislação ambiental brasileira apresenta conflitos nas referências


técnicas sobre os conceitos de degradação ambiental, poluição e im-
pacto ambiental. De acordo com Sánchez, até a década de 1980, na de-
finição brasileira, a degradação era considerada o mesmo que poluição
(SÁNCHEZ, 2020).

Dependendo do impacto sofrido pode ocorrer impedimento ou res-


trição na capacidade do ambiente de se restabelecer, impossibilitando
o retorno ao seu estado original, ou seja, tem sua resiliência reduzida.
Dessa forma, ocorre o estado de degradação da área, porque pela perda
de matéria orgânica vital do solo, como nutrientes, biomassa e estoque
de propágulos, ela não tem mais a capacidade de resiliência (BROWN;
LUGO, 1994). A degradação é percebida quando elementos desse bioma
natural local sofrem alterações em suas características biológicas, físicas
e químicas.

Além de ser um comprometimento ético e ambiental a prática sus-


tentável deve se tornar uma questão de educação, cultura e economia
saudável. Ao mesmo tempo em que temos a necessidade de constru-
ções e ambientes mais sustentáveis, é possível perceber um aumento
cada vez maior na demanda sustentável por parte de clientes finais.

PARA PENSAR

Você já parou para pensar na quantidade de resíduos que produzimos


diariamente? Se considerarmos isso em grande proporção na constru-
ção civil, os resultados são alarmantes. De acordo com um levantamen-
to da construtora e incorporadora Bild Desenvolvimento Imobiliário, em
2020 cada colaborador da obra gerou aproximadamente 51,74 gramas
de resíduos, totalizando cerca de 9 kg de resíduos por dia quando con-
siderados os mais de 170 colaboradores (SUSTENTABILIDADE…, 2020).

Impactos da construção civil no meio ambiente 15


Considerações finais

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É primordial que tenhamos profissionais com habilidades adequa-
das para criar espaços interiores de edifícios com alto desempenho
ambiental. Como abordado, é necessário ter conhecimento sobre o que
vem a ser a multidimensional pauta da sustentabilidade e ampliar a per-
cepção sobre conceitos e práticas de atuação profissional, buscando
um equilíbrio entre ambiente construído e ambiente natural.

Os conceitos que estudamos estão encadeados, qualquer desequi-


líbrio no meio ambiente cria um percurso complexo com muitos com-
ponentes. Entender essa cadeia é essencial para nosso desempenho
dentro de um processo de economia sustentável.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO
14001:2004. Disponível em: http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasghislaine/iso-
14001-2004.pdf. Acesso em: 9 ago. 2022.

BROWN, Sandra; LUGO, Ariel. Rehabilitation of tropical lands: a key to sustaining


development. Restoration Ecology, v. 2, n. 2, p. 97–111, jun. 1994. Disponível
em: https://www.researchgate.net/publication/227973826_Rehabilitation_of_
Tropical_Lands_A_Key_to_Sustaining_Development. Acesso em: 9 ago. 2022

ELKINGTON, J. Triple Bottom Line: does it all add up. London: Routledge, 2004.

HAYLES, C.S. Environmentally sustainable interior design: a snapshot of current


supply of and demand for green, sustainable or Fair Trade products for interior
design practice. International Journal of Sustainable Built Environment, v. 4,
n. 1, p. 100-108, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
article/pii/S2212609015000138?via%3Dihub. Acesso em: 9 ago. 2022.

KARPINSK, Luisete Andreis. Gestão diferenciada de resíduos da construção


civil: uma abordagem ambiental. Porto Alegre: Edipucrs, 2009.

16 Economia sustentável em design de interiores


SUSTENTABILIDADE na construção civil: entenda a importância e como aplicar.
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Mobuss Construção, 2020. Disponível em: https://www.mobussconstrucao.


com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil/. Acesso em: 9 ago. 2022.

MORGAN, R. K. Environmental impact assessment: the state of the art.


Environment Impact Review, v.3, n.1, p. 5-14, 2012.

ROTH, Caroline das Graças; GARCIAS, Carlos Mello. Construção Civil e


a Degradação Ambiental. Editora Unijuí, ano 7, n. 13, p. 111-128, jan./
jun. 2009. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/
desenvolvimentoemquestao/article/view/169. Acesso em: 9 ago. 2022.

SÁNCHEZ, Luís Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos.


3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2020.

SERRÃO, M. S. et al. Sustentabilidade: uma questão de todos nós. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2020.

Impactos da construção civil no meio ambiente 17


Capítulo 2
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Panorama da
sustentabilidade
na atualidade

Neste capítulo, buscamos analisar o panorama da sustentabilidade


na atualidade e a visão dos profissionais de interiores sobre as relações
entre cliente-projeto-profissional. Para tanto, falaremos sobre as legis-
lações ambientais e como está a conscientização dos consumidores.
Esse entendimento está diretamente relacionado com a atuação profis-
sional do designer de interiores que fará a ponte de ações sustentáveis
entre o mercado, o cliente e o projeto final.

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1 Esforços governamentais (legislações

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ambientais)
O grande desafio no panorama da sustentabilidade atual é a divisão
de opiniões quando se trata de conciliar os objetivos econômicos aos de
preservação ambiental. Há muitos campos envolvidos que necessitam
de decisões urgentes no campo da sustentabilidade, como: ações polí-
ticas, medidas que foquem nas necessidades da população e agentes
decorrentes do impacto ambiental. Esses desafios não comprometem
apenas o meio ambiente, mas também a saúde, a sobrevivência, o bem-
-estar dos cidadãos e nossa cultura. Para a Organização das Nações
Unidas (ONU), esse é um momento urgente e de enormes desafios para
o desenvolvimento sustentável:

O esgotamento dos recursos naturais e os impactos negativos da


degradação ambiental, incluindo a desertificação, secas, a degra-
dação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiver-
sidade acrescentam e exacerbam a lista de desafios que a huma-
nidade enfrenta. A mudança climática é um dos maiores desafios
do nosso tempo e seus efeitos negativos minam a capacidade de
todos os países de alcançar o desenvolvimento sustentável. A so-
brevivência de muitas sociedades, bem como dos sistemas bioló-
gicos do planeta, está em risco. (ONU, 2015)

As características do Brasil acabaram por definir e salientar uma vo-


cação natural para o desenvolvimento agrícola, pois, em grande parte do
território, os solos são propícios para a agricultura devido a uma grande dis-
ponibilidade de recursos hídricos e variação térmica que beneficiam grande
parte dos cultivos, além de abrigar uma mega biodiversidade que possibili-
ta oferecer serviços ambientais em grande escala para o agronegócio. No
entanto, diante dessas potencialidades, se faz necessário pensar em ações
que sejam acompanhadas de políticas públicas e repensem o bem-estar
da população e a necessidade de crescimento das cidades.

O desafio de um desenvolvimento sustentável é mundial e cada lo-


cal possui suas especificidades – as dimensões são distintas, mas a

20 Economia sustentável em design de interiores


crise é comum a todos. No Brasil, esses desafios vão além da política e
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da economia, envolvem a consciência da crise ambiental que enquanto


não for vivenciada por muitos, não terá visibilidade. Esse processo de
conscientização precisa acontecer no macro e no micro de cada nação.

Quanto aos esforços governamentais, é por meio de um conjunto


de leis ambientais que podemos garantir a preservação do nosso meio
ambiente. Suas políticas e suas regras definem sanções para o des-
cumprimento delas.

Entre as várias leis da legislação ambiental brasileira, cinco delas são


consideradas mais importantes pelo seu poder de ação e devem ser
seguidas por todos: cidadãos, empresas e órgãos privados e públicos;
caso contrário, as consequências podem colocar em risco o meio am-
biente e comprometer todo um ciclo de seres vivos – dentre eles, os
humanos. Ainda assim, não é garantido que a lei seja cumprida, é pre-
ciso consciência cidadã e responsabilidade de cada um de nós. Confira
essas leis na figura a seguir.

Figura 1 – As cinco principais leis da legislação ambiental brasileira

Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012


Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981
Revê o Código Florestal Brasileiro de 1965, que
stal
estava obsoleto, e institui o novo Código Florestal Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
Brasileiro, que estabelece as normas gerais sobre a Tem o objetivo de pensar e promover ações de
proteção da vegetação nativa e a previsão de instru- preservação, melhoria e recuperação da qualidade
mentos econômicos e financeiros para o alcance de ambiental do país. Foi a primeira lei federal a legislar
seus objetivos. sobre o meio ambiente como um todo.

Lei nn. 9.433, de 8 de janeiro de 1997

Dispõe sobre a política e o Sistema Nacional de Re-


cursos Hídricos, condicionando quaisquer inter-
venções em águas públicas à autorização do órgão
competente, reconhecendo que a água é um recurso
natural de bem público e de alto valor econômico.

Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000


Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998
Instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
Conservação da Natureza, formado por unidades de
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
conservação (UC) federais, estaduais e municipais.
ambiente, e prevê penalização para pessoas e
Tornou-se importante por definir regras para a
empresas que cometem crimes ambientais.
preservação de nossa biodiversidade.

Fonte: adaptado de Machado (2022).

Panorama da sustentabilidade na atualidade 21


Essas cinco leis fazem parte de um conjunto considerado complexo,

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são as mais completas e avançadas mundialmente nesse sentido. No
entanto, essas leis não são estáveis, dadas suas dimensões; portan-
to, estão sempre em mutação, exigindo acompanhamento constante.
Nosso histórico de lutas de preservação ficou conhecido no mundo
todo e ainda temos conflitos de interesses entre os que lutam para pre-
servar e os que, muitas vezes de forma ilegal, buscam explorar as reser-
vas naturais (SERRÃO, 2020).

É imprescindível que profissionais e empresas tenham a dimensão


desse contexto e conheçam o seu conjunto de leis, principalmente pro-
fissionais de design de interiores que possuem essa responsabilidade
em relação à sustentabilidade ambiental de um ambiente construído e,
muitas vezes, do entorno ao qual ele se encontra. Suas decisões inter-
ferem nos interiores, nas relações com seus clientes, na mão de obra e
nos fornecedores do comércio e da indústria.

IMPORTANTE

O consumo consciente preza pelo meio ambiente e um desenvolvimen-


to sustentável. Esse pensamento tem claro que o equilíbrio da vida de-
pende da colaboração de todos e, por isso, devemos estar atentos a
tudo que consumimos.

2 Utilização inteligente dos recursos


naturais
Para falarmos sobre a utilização inteligente dos recursos naturais é
importante salientar que, na dimensão da cidade, um planejamento urba-
no voltado para a economia sustentável deveria ser considerado antes de
pensarmos em edificações. É fundamental que o planejamento urbano

22 Economia sustentável em design de interiores


inclua espaços públicos que sejam receptivos à vivência sustentável da
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sociedade e que incentive a participação dos moradores nas decisões


para que se sintam parte da cidade.

São consideradas construções sustentáveis aquelas que fazem uso


de técnicas e materiais ecológicos aplicáveis em projetos residenciais ou
comerciais. A construção promove uma harmonia entre natureza, indi-
víduo e espaço construído. Nesse sentido, a construção civil e a arqui-
tetura vêm intensificando suas pesquisas e procedimentos sustentáveis
no ambiente construído, com foco na utilização inteligente dos recursos
naturais para causar o menor impacto ambiental possível ou nenhum.

IMPORTANTE

O design de interiores faz parte dessa segmentação que atua no am-


biente construído e está apto a contribuir com decisões que visam utili-
zar recursos naturais de forma inteligente.

Apesar de todo o esforço do design de interiores, o cenário é mais


realista. Muitos aspectos do projeto sofrem influências externas que
impedem que tenhamos um processo com resultado totalmente sus-
tentável, pois nem todas as etapas de uma obra estão comprometidas
com as questões ambientais, por vários motivos: ainda não foram de-
senvolvidos caminhos em alguns setores, a mão de obra desconhece o
impacto da implantação em sistemas tradicionais, o material aplicado
na execução do acabamento não está em consonância com a susten-
tabilidade, etc.

Além desses aspectos, nos deparamos com escolhas sustentáveis


que encarecem o projeto, limitando algumas opções. Ainda assim, é es-
sencial uma minuciosa análise sobre as vantagens a longo prazo para
auxiliar o cliente nessas decisões.

Panorama da sustentabilidade na atualidade 23


É preciso ter essa análise e seus resultados a tempo de argumentar
com o cliente, mostrando o quadro positivo de suas escolhas e como algu-

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mas decisões podem fazer a diferença. Por exemplo:

a. Selecionar equipamentos hidráulicos que auxiliam na diminuição do


desperdício de água.

b. Utilizar energias naturais, como a solar (com base em raios solares)


e a eólica (com base no vento), que são as mais disponíveis no mer-
cado e dois tipos de energias limpas em abundância no Brasil.

c. Optar por materiais e acabamentos que auxiliem na constituição de


espaços sustentáveis, como: pisos recicláveis, iluminação com lâm-
padas de LED, descarga com acionamento duplo.

Alguns setores da indústria começaram a optar por caminhos mais sus-


tentáveis, pois a exploração de recursos limitados na natureza comprome-
terá a vida da empresa – e muitas empresas de materiais e acabamentos
ainda estão baseadas em recursos ambientais não renováveis.

A economia circular nos possibilita enfrentar a escassez do futuro com


planejamento e novos conceitos que já estão sendo aplicados em vários
setores, como: remanufatura, reciclagem, reutilização e produtos amigá-
veis, entre outros conceitos que abordaremos nos capítulos seguintes.

3 Conscientização dos consumidores


A conscientização dos consumidores é um fator crucial e está no ra-
dar das empresas auxiliando a tomada de decisões no presente e no
futuro. Uma pesquisa mais recente sobre sustentabilidade foi feita em
fevereiro de 2022 pelo IBM Institute for Business Value (IBV) e contou
com 16.000 consumidores globais (IBM, 2022). O resultado revelou que:

a. 93% dos entrevistados globais foram influenciados pelas notícias


sobre sustentabilidade e aumentaram suas convicções ao longo da
pandemia.

24 Economia sustentável em design de interiores


b. 51% dos entrevistados dizem que a sustentabilidade ambiental se
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tornou mais importante para eles hoje do que antes da pandemia.

c. 49% dos consumidores dizem que estariam dispostos a pagar


mais por produtos sustentáveis e 59% pagariam por produtos
sustentáveis ou socialmente responsáveis após a pandemia

d. 83% apontaram três fatores combinados na hora da escolha:


melhor qualidade dos produtos, preços mais acessíveis e melhor
orientação/compreensão do impacto que a compra pode causar.

A intenção da pesquisa foi a de identificar mudanças no compor-


tamento do consumidor versus sustentabilidade e, com isso, destacar
como as empresas podem proteger as pessoas e o planeta com ações
planejadas e responsáveis. Os resultados apontam para uma crescente
demanda com foco na sustentabilidade e no consumo responsável. Os
consumidores relatam que querem fazer mais para alcançar suas me-
tas de sustentabilidade em casa, incluindo reduzir o consumo de água e
energia, reciclar produtos e gerar energia renovável em casa.

Os resultados das últimas pesquisas não podem passar despercebi-


dos pelos profissionais de design de interiores, pois há muitos quesitos
a serem considerados. A interferência em um espaço construído exige
considerações que vão desde a tipologia do lugar, suas fragilidades e
potencialidades, como também de que maneira ele está constituído e
se há necessidade de mudanças. O resultado deve ser positivo, consi-
derando o valor agregado que essas mudanças promoverão – princi-
palmente no pós-uso –, o tempo e a fadiga dos materiais, a longevidade
dos espaços, o impacto ambiental e a economia sustentável.

Ao seguir os princípios sustentáveis que orientam a prática de de-


sign de interiores sustentável o profissional é capaz de reduzir o impacto
ambiental negativo de nossa sociedade e construir um futuro melhor e
mais sustentável. Gradativamente, pessoas e empresas estão empenha-
das em substituir o consumo de produtos que utilizam recursos naturais

Panorama da sustentabilidade na atualidade 25


sem controle, pois a produção que utiliza tais recursos está diminuindo

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progressivamente as fontes naturais de abastecimento, ao mesmo tem-
po algumas matérias-primas já alcançaram um alto valor pela extração
de materiais escassos. Consumidores precisam incorporar a responsa-
bilidade ambiental em suas filosofias de vida, exigindo que os produtos
sejam sustentáveis e possuam selos ou estejam protegidos por leis am-
bientais. Intensificar ações que visam diminuir o impacto ambiental pode
levar autoridades a aprovar leis cada vez mais ativas para a preservação
do meio ambiente (SOUZA, 2019).

PARA PENSAR

Cada vez mais discutida no cotidiano da sociedade e no


mundo dos negócios, a sustentabilidade tem se tornado
importante para todas as pontas incluindo consumidores,
reguladores e empresas. Mas nem sempre as pessoas
estão dispostas a pagar por produtos e serviços sustentá-
veis, deixando uma lacuna atitude-comportamento: o que
as pessoas dizem que estão dispostas a fazer difere do
que realmente fazem na prática. (SUSTENTABILIDADE E
CONSUMO..., 2021)

Considerações finais
Esse capítulo teve como objetivo traçar um panorama dos esforços
e resultados no que diz respeito a sustentabilidade. Também vimos que,
dentro desse cenário, faz parte da atribuição do designer de interiores
trazer opções sustentáveis que favoreçam os interiores e tenham um im-
pacto benéfico no usuário. Por outro lado, ter comprometimento com a
sustentabilidade também implica questionar hábitos de consumo. Nesse
contexto, o encontro entre cliente-fornecedor-profissional e projeto torna

26 Economia sustentável em design de interiores


a sustentabilidade um fio condutor ético e necessário na interferência de
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um espaço construído.

Referências
IBM. Balancing sustainability and profitability. IBM Institute For Business Value,
2022. Disponível em: https://www.ibm.com/downloads/cas/5NGR8ZW2.
Acesso em: 24 ago. 2022.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 28. ed. São
Paulo: Juspodivm, 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Agenda 2030 para o


desenvolvimento sustentável. Nações Unidas Brasil, 2015. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-
sustentavel. Acesso em: 11 ago. 2022.

SERRÃO, M. S. et al. Sustentabilidade: uma questão de todos nós. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2020.

SOUZA, J. M. de. Impacto ambiental e logística reversa. São Paulo: Editora


Senac São Paulo, 2019.

SUSTENTABILIDADE E CONSUMO: as escolhas e decisões segundo a McKinsey.


Exame, 2021. Disponível em: https://exame.com/bussola/sustentabilidade-e-
consumo-as-escolhas-e-decisoes-segundo-a-mckinsey/. Acesso em: 20 set.
2022.

Panorama da sustentabilidade na atualidade 27


Capítulo 3
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Economia
sustentável
aplicada ao design
de interiores

Neste capítulo, vamos conhecer os setores de materiais que estão


sendo mais utilizados nos projetos de interiores e entender que seu pro-
cesso produtivo é uma responsabilidade que faz parte do escopo da
formação desse profissional. Também devemos considerar a tecnolo-
gia um ponto importante do ciclo da economia sustentável. Vamos des-
cobrir caminhos que nos ajudem a implementar opções cada vez mais
sustentáveis no ambiente construído.

29
1 Materiais ecológicos e certificações

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O design de interiores sustentável tem como foco criar ambientes
internos usando princípios de design que visam proteger nosso planeta
do desgaste rápido. É importante estar atento ao meio ambiente redu-
zindo o consumo de energia, a poluição e o desperdício.

Toda obra terá suas peles de acabamento e precisamos gerenciar


essas fases visando sempre, entre vários aspectos, a sustentabilidade.
Muitos dos materiais utilizados são extraídos de matérias-primas não-
-renováveis, principalmente no campo dos minerais.

Um projeto de design de interiores sustentável deve ser planejado


considerando o uso de materiais duradouros a longo prazo. É necessá-
rio observar a materialidade, a qualidade, a fadiga, a manutenção dos
materiais e o custo-benefício.

Como profissionais também somos especificadores ao auxiliarmos


os clientes a optarem por materiais de melhor qualidade e sustentabilida-
de, sempre buscando evitar descarte que gera excesso e resíduo, além da
dificuldade de serem utilizados de forma sustentável.

Há vários materiais e tecnologias certificados no mercado e suas


propriedades sustentáveis são reconhecidas por certificações chama-
das de “selos verdes”. Quais são os tipos de certificações? Quais são os
selos disponíveis para design de interiores? Confira no quadro a seguir:

Quadro 1 – Certificações: selos verdes

CERTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

Diz respeito ao selo desenvolvido pela Green Building Council. É um dos mais
Leadership in Energy and
relevantes de sua categoria, porque certifica edifícios que causaram o mínimo
Environmental Design
de impacto na construção e aqueles planejados para também ter baixo impacto
(LEED) ou Liderança em
no uso, definido como “construção verde”, pois considera todas as etapas
Energia e Design Ambiental
envolvidas e a reposição ambiental.

(cont.)

30 Economia sustentável em design de interiores


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CERTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

Selo criado pela Caixa Econômica Federal para classificar obras sustentáveis.
A entidade desenvolveu a certificação para premiar os empresários que fazem
financiamentos na instituição para construir. A distribuição é feita com base
Casa Azul
na avaliação dos seguintes fatores: gestão da água; práticas sociais; qualidade
urbana; projeto e conforto; eficiência energética; conservação de recursos
minerais.

Certificação para a qualidade ambiental em construções sustentáveis. De origem


brasileira, ele se adequou a certificação francesa Démarche Haute Qualité
Environnementale (HQE). A obtenção da certificação envolve a implantação
AQUA-HQE de um sistema de gestão que atenda a 14 categorias de qualidade ambiental
como: economia de água e energia, disposição correta de resíduos, gestão de
manutenção, recursos e materiais, qualidade interna do ambiente e contribuição
para o desenvolvimento ambiental e econômico da região onde está inserida.

Selo verde mais reconhecido em todo o mundo, com presença em mais de 75


países, foca na produção de madeiras e no ciclo completo para garantir o
FSC processo sustentável. No campo da sustentabilidade o Forest Stewardship
Council ou Conselho de Manejo Florestal é um dos selos que mais movimentam
os negócios de madeiras e derivados sustentáveis.

Certifica projetos de Sistema de Gestão Ambiental que equilibram economia e meio


ISO 14001 ambiente. É administrado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
sua obtenção é alcançada após auditoria.

Aplica-se a qualquer setor industrial que orienta os consumidores sobre quais


Rótulo ecológico da ABNT produtos e serviços são ambientalmente amigáveis, considerando todo o ciclo
do produto, desde sua extração, fabricação, uso e descarte.

O CNDA é uma organização da sociedade civil de interesse público e seus selos


Selos do Conselho Nacional
asseguram a qualidade ecológica e socioambiental de produtos e serviços. Para
de Defesa Ambiental
adquirir o “Selo Verde” e o “Selo Empresa Amiga do Meio Ambiente” é necessário
(CNDA)
cumprir os 10 passos exigidos pelo conselho.

Fonte: NeoWater (2021).

A maioria dos selos está relacionada, de forma geral, aos ambientes


construídos e orientam setores de engenharia, arquitetura e design de
interiores. Também é possível averiguar o “selo verde” nos materiais uti-
lizados em interiores, discutido no tópico a seguir.

Economia sustentável aplicada ao design de interiores 31


IMPORTANTE

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Como consumidores ou como profissionais devemos sempre ter em
mente perguntas em relação ao nosso consumo e à sustentabilidade:
Por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar?
Como usar? Como descartar?

2 Processos de fabricação
Vários fatores impulsionam, cada vez mais, soluções sustentáveis.
Entre várias responsabilidades nessa prática está a ambientação. O
meio ambiente tem sofrido muito com a limitação cada vez maior de
recursos naturais. Paralelo a isto, observamos em grandes centros uma
aceleração no crescimento populacional e a rápida construção de edifí-
cios em larga escala. Como profissionais de design de interiores, preci-
samos refletir e colocar em ação práticas que ajudem na conservação
de recursos ambientais.

A sustentabilidade se tornou um campo reconhecido no design de inte-


riores, que tem a responsabilidade ética e moral de ajudar a proteger, pre-
servar e restaurar o ecossistema local e global. A eficiência de custo sus-
tentável é uma questão desafiadora para os designers de interiores, que
se concentram em planejar, especificar e executar soluções para espaços
que reflitam tanto as necessidades e a personalidade do cliente quanto a
preocupação com sua qualidade de vida e a preservação do meio.

A relação com o fabricante e o fornecedor é uma parte importante


desse processo para que o designer de interiores tenha em mente a
esfera sustentável. Ao selecionar materiais sustentáveis, é necessário
considerar alguns aspectos para análise, por exemplo, quando optamos
por utilizar produtos naturais é importante observar se foram extra-
ídos e produzidos de forma certificada. É imprescindível observar os

32 Economia sustentável em design de interiores


processos de produção do fabricante, ler as etiquetas dos produtos e
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averiguar se estão sob certificações ambientais, se têm “selo verde”. De


acordo com a autora Siân Moxon (2012), há três análises que podemos
considerar para efetivar escolhas sustentáveis em interiores:

a. Análise comparativa – considerar os materiais de construção dis-


poníveis, suas propriedades e sua adequação ambiental.

b. Análise simplificada – considerar o ciclo de vida de todos os ma-


teriais e produtos do projeto.

c. Análise das propriedades – averiguar as propriedades, as especi-


ficações dos materiais e seu custo ambiental.

Esses procedimentos podem ser somados à orientação com con-


sultores especializados que auxiliem na análise dos fatores e das par-
ticularidades do projeto. É importante observar que muitos impactos
ocorrem após a obra terminada, porque haverá manutenção, trocas de
materiais, renovação de espaços, reformas; mas se houver um planeja-
mento a longo prazo, muitas dessas práticas podem ser amenizadas.

O profissional de design de interiores também deve conhecer as fa-


mílias de materialidades. Alguns materiais já sofrem com a escassez
de matéria-prima e estão sendo produzidos com a mistura de outros,
naturais ou sintéticos, resultando nos compósitos, um grupo de mate-
rialidades que possibilita ciclos de produções sustentáveis. Confira a
figura 1, a seguir.

Economia sustentável aplicada ao design de interiores 33


Figura 1 – Famílias de matérias-primas naturais e sintéticas

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MATERIAIS

Minerais Vegetais Animais Polímeros sintéticos Compósitos

Cerâmicas Fibras Pele Termoplásticos Polímeros + naturais


avançadas/comuns

Madeira Osso Termofixos Naturais + naturais


Argamassas de famílias diferentes

Minerais Couro Elastômeros


Vidros Polímeros +
polímeros
Outros Seda
Metais ferrosos
e não ferrosos

Os materiais podem ser classificados como materiais naturais e


materiais sintéticos. Os naturais são encontrados na natureza e podem
ser usados in natura ou manufaturados: minerais, vegetais e animais.
Os materiais naturais manufaturados são aqueles obtidos por transfor-
mação dos naturais – e nem sempre essa operação é sustentável. As
matérias-primas são todos os materiais, naturais ou manufaturados, a
partir dos quais é possível obter novos materiais ou energia.

O campo do design de interiores está diante de muitos desafios, pois


são raros os materiais selecionados que possuem certificações que ava-
liam todo o ciclo de vida do produto. Vários fabricantes têm iniciativas
sustentáveis, como a adoção de matérias-primas reaproveitadas ou re-
cicladas, manejo florestal sustentável e limitação de substâncias prejudi-
ciais à saúde ou ao meio ambiente. Mas como todo processo é cíclico de
consciência e ações, alcançar um ciclo completo ainda é difícil.

Há um grande grupo do setor de materiais aplicados nos interiores


que os profissionais da área já checam se possuem selos. O selo garan-
te sustentabilidade e qualidade. Sem ele, resta a dúvida sobre os pro-
cessos do material.

34 Economia sustentável em design de interiores


Entre os maiores grupos de materiais e revestimentos, estão: a ma-
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deira, as pedras, a cerâmica, as tintas e os têxteis. A madeira foi um dos


primeiros setores a fazer remanejamento e conquistar certificações em
várias etapas. As pedras são exploradas constantemente e são recursos
finitos, levando não só ao desaparecimento delas como também a uma
alteração radical dos lugares de extração. É importante a classificação
do conceito de materiais favoráveis à sustentabilidade, seguindo os pa-
râmetros das certificações e dos programas de rotulagem ecológica.

É essencial que haja uma ampliação da disponibilidade de materiais


sustentáveis e de informações sobre os mesmos, mas o profissional do
design de interiores deve buscar esclarecimento junto aos fornecedores
quando estas não estiverem visíveis nas embalagens sobre sua compo-
sição e contraindicações.

3 Soluções tecnológicas
As tecnologias sustentáveis são inovações com foco na performan-
ce e no impacto positivo ao meio ambiente. Elas possibilitam acompa-
nhar a produção e o desempenho dos produtos a longo prazo e, com
isso, buscam respostas mais eficientes a cada etapa, mantendo o com-
promisso constante com o meio ambiente.

A tecnologia alterou hábitos e consumos, é possível perceber cada


vez mais ações que se preocupam com o impacto ambiental. O com-
portamento dos consumidores impulsionou ações sustentáveis nas
empresas, tanto em produtos quanto em serviços.

Soluções tecnológicas sustentáveis no design de interiores são pau-


tadas por um conjunto de ações nos ambientes e buscam materializar
essa expectativa do consumidor, que faz suas escolhas como cidadão
consciente, no intuito de provocar o menor impacto ambiental possível.

O setor doméstico de objetos, acessórios, utensílios e eletrodomésti-


cos possui códigos que rastreiam a produção durante o período de uso

Economia sustentável aplicada ao design de interiores 35


até seu descarte. Utilizando a Internet das Coisas (IoT), podemos saber

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tudo sobre um objeto: seu descarte, sua 2ª vida ou quando ocorre o rea-
proveitamento de partes; com isso, é possível organizar a produção sem
excedentes. Uma casa sustentável precisa de um projeto que tenha essa
preocupação a partir da arquitetura, suas etapas devem ser planejadas
integralmente.

Podemos citar segmentos e práticas sustentáveis que fazem a dife-


rença nos interiores como o uso de energia solar e sistema de captação
da água da chuva para reúso. Lentamente, a tecnologia vai possibilitan-
do a captação de fontes de energia renováveis, como a eólica, gerada
pela velocidade do vento.

Projetos que possibilitam o aproveitamento da luz natural são acom-


panhados de iluminação artificial com LED que são mais eficazes e de
menor impacto, além do sensor de presença para acionar iluminação
em áreas de curta permanência.

A eletricidade é responsável por emitir grandes quantidades de ga-


ses de efeito estufa, pois parte de sua geração ainda é baseada em
combustíveis fósseis. O uso de novos equipamentos com tecnologias
atualizadas e eficazes – ar-condicionado, eletrodomésticos, eletroele-
trônicos, etc. –, ajudam a diminuir o uso de cargas elétricas. Podemos
citar também o uso de Inteligência Artificial (IA) para o gerenciamento
doméstico (ROAF, 2014).

A tecnologia com foco na sustentabilidade possibilitou uma altera-


ção de qualidade na produção dos materiais e revestimentos, aumen-
tando sua qualidade, resistência, acabamento e durabilidade. Também
possibilitou o desenho de novos negócios e produtos, além de eficiência
técnica e tecnológica que colabora para um ciclo completo dentro da
economia circular, observando todas as etapas, desde a matéria-prima
para o produto até o seu processo adequado de descarte.

36 Economia sustentável em design de interiores


NA PRÁTICA
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Na prática, devemos analisar todo e qualquer material e revestimento


que estarão no projeto, entendendo que a sustentabilidade é a base e o
comprometimento das decisões do profissional de design de interiores.
Mesmo que em alguns setores não haja muitas opções é preciso optar
pela saída de menor impacto na obra, no meio ambiente e nos usuários.

Considerações finais
Esse capítulo focou nas materialidades e como estão organizadas,
vimos também quais processos e materiais são reconhecidos por selos
verdes que garantem controle no processo, para não causar impactos
ambientais maiores dos que os já existentes.

A tecnologia focada na sustentabilidade é importante para diminuir os


impactos ambientais, evitar desperdícios, criar materiais e acabamentos
mais eficazes ambientalmente, além de garantir a saúde dos ambientes
construídos e seus usuários. Já estão em vigor maneiras de acompanhar
a vida dos objetos pela Internet das Coisas (IOT) que emite todas as in-
formações necessárias – desde o uso e o desgaste até o descarte – para
gerar processos produtivos mais eficazes.

Referências
NEOWATER. Selo ambiental: saiba por que sua empresa deveria ter uma
certificação. 26 de abril de 2021. Disponível: https://www.neowater.com.br/
post/selo-ambiental-iso-leed. Acesso em: 15 set. 2022.

MOXON, Siân. Sustentabilidade no design de interiores. São Paulo: Gustavo


Gili. 2012.

ROAF, S. et al. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2014.

Economia sustentável aplicada ao design de interiores 37


Capítulo 4
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Tipos de economia
aplicados e
seus impactos

Qual é a diferença entre economia linear, reciclável e circular? Neste


capítulo, vamos averiguar esses conceitos e suas diferenças para ana-
lisarmos as suas relações com a sustentabilidade. Faremos um breve
histórico de cada conceito para entendermos seu contexto e seus des-
dobramentos na atualidade.

39
1 Economia linear

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Até a Revolução Industrial grande parte da produção ocidental, prin-
cipalmente europeia, era agrária e foi sendo substituída gradativamente
pela produção de mercados que ofereciam uma variedade de bens ma-
teriais e a força de trabalho humano, ambos convertidos em mercado-
rias ou capitais.

O modelo de economia linear ganha impulso no início da Revolução


Industrial, no fim do século XVIII, com inovações em vários campos
científicos e tecnológicos que ignoravam os desdobramentos dos limi-
tes do meio ambiente a longo prazo, como também não tinham a pre-
visão de que esse esgotamento afetaria toda a sociedade e o planeta
(SERRÃO, 2020).

A intensa atividade industrial sofreu questionamento sobre as ame-


aças ambientais no final da década de 1960 e início da década de 1970,
quando aparecem os primeiros movimentos ambientalistas, mostrando
as consequências de uma exploração não planejada.

Dois momentos foram importantes para a conscientização de mu-


danças radicais decorrentes desse ritmo de economia linear: o primei-
ro em 1962, quando foi lançado o livro Primavera Silenciosa, de Rachel
Carson, que alertou sobre os impactos do uso de químicos no pós-guer-
ra; o segundo foi a Conferência de Estocolmo, em 1972, com estudos
que buscavam trazer uma consciência pública em relação aos impac-
tos ambientais. Nesse evento, a ONU concluiu que havia uma integra-
ção entre ecologia e desenvolvimento (ROAF, 2014).

O conceito de economia linear está baseado em um processo tradicio-


nal, reforçado principalmente pela Revolução Industrial que acolhe as eta-
pas de adquirir, usar e descartar. O descarte desconsidera qualquer pro-
priedade que possa ser reutilizada, inutilizando os resíduos de produção.

40 Economia sustentável em design de interiores


Esse tipo de economia está ancorado em métodos de produção que
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maximizam o uso de matérias-primas transformadas em produtos e pro-


duzidos em massa, com o objetivo de venda com eficácia. Há um ciclo
de uso que varia muito do produto, mas, ao final, toda essa produção será
descartada, considerando o resíduo como material inutilizável.

A economia linear é também identificada como “ciclo aberto” e não


foca em desdobramentos sobre essa produção. O pensamento é uma
linha plana, sempre em busca de recursos disponíveis, sem se preocu-
par com o esgotamento desses recursos.

Das economias contemporâneas, a linear é a menos comprometida


com os resultados de suas explorações, porque o importante é a con-
tinuidade da produção. Cada local em que os recursos são explorados
até o esgotamento é seguido de um abandono ambiental e social, com-
prometendo sensivelmente a sobrevivência de todos os seres vivos que
dependem desse ambiente.

Apesar de haver planejamento na economia linear ele não avança


sobre os impactos causados, tampouco há preocupação com os des-
dobramentos negativos. O aspecto mais negativo da economia linear
é o esgotamento das matérias-primas e da energia, o que resulta em
emissões de CO2 e em graves danos à biosfera. Grande parte das ma-
térias-primas exploradas não são renováveis na natureza (ROAF, 2014).

Além dos recursos naturais não renováveis que são explorados, essa
economia também tem um aspecto predatório: o da exploração humana,
alimentando uma performance contínua de produção, porque o ciclo não
pode parar. Ele depende de uma grande quantidade de mão de obra hu-
mana e excessivamente barata, configurando em muitos casos de explo-
ração predatória, tanto humana quanto ambiental. Como a necessidade
mundial e as economias estão baseadas nos recursos, entendemos que
não é mais possível explorar sem pensar em compensar o meio ambiente
e, muito menos, em extrair e descartar sem responsabilidade, o que nos
leva a concluir que a economia linear não é um modelo sustentável.

Tipos de economia aplicados e seus impactos 41


Figura 1 – Ciclos de economias: linear, reciclável e circular

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MIA LINE MIA RECICLÁ OMIA CIRCULA
ONO AR NO VE ON
EC CO L EC R

IMPORTANTE

É importante falarmos sobre o contexto do Dia Mundial do Meio Am-


biente, 5 de junho, instituído na Conferência de Estocolmo de 1972. A
data foi escolhida por causa da conferência que discutiu a questão do
impacto humano sobre o meio ambiente. Desde o evento há uma cres-
cente discussão sobre nossas responsabilidades individuais e coletivas,
sempre com foco em nossas ações, nossos consumos e descartes, ten-
do como foco os impactos ambientais, no intuito de sempre fazermos
escolhas conscientes e sustentáveis.

2 Economia reciclável
A economia reciclável foi um passo à frente após a conscientização
de que a economia linear não era suficiente para planejar todo o percur-
so do processo produtivo e o seu uso até o descarte em grande escala.
Apesar da economia linear ainda prevalecer, muitos setores avançaram
uma etapa ao aderirem à reciclagem. Um passo importante para o que
viria a seguir: a economia circular.

Como uma economia intermediária que muitos setores praticam por


não conseguirem fechar um ciclo completo de descarte sustentável, a
reciclagem propõe uma mudança profunda nos padrões de produção
e consumo para dissociar o crescimento econômico do uso de energia

42 Economia sustentável em design de interiores


e recursos. Essa conscientização é lenta e representa um processo de
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muito planejamento, pois afeta a tomada de decisão de vários níveis e


impacta os muitos modelos de organização de empresas.

Pensar em reciclagem é parte do processo que constitui a economia


circular e apresenta caminhos que algumas empresas se contentam em
aplicar, como políticas para cuidar de seus resíduos com foco no final de
sua cadeia de valor. Mas pensar apenas em uma empresa é pouco para
minimizar impactos e representa uma perda de recursos e investimentos,
porque a cadeia não se completa e parte dos envolvidos não está conec-
tada ou comprometida. Isso ocorre por não haver um entendimento da
dimensão real de todo o processo, comprometendo o desenvolvimento
sustentável da empresa, do meio ambiente e do planeta.

A economia reciclável está conectada à implementação de políticas


públicas, incentivos, regulamentações e muitas comunidades no pro-
cesso, mas ainda é questionada de forma fragmentada, porque seu
espectro não contempla o acompanhamento de toda a desmontagem.
Os resíduos descartados ao final do processo são menores que na eco-
nomia linear, mas ainda causam impactos. Apesar disso, a economia
reciclável permitiu um novo campo para as empresas e para comunida-
des carentes que conseguiram, por meio da reciclagem e da triagem de
resíduos, gerar inúmeros empregos – mesmo que muitos sejam manu-
ais e em contato com lixo contaminado. Mas essa economia não gera
condições necessárias para a mudança sistêmica. 

Ainda há necessidade de regulamentação que favoreça a reciclagem


e que seja considerada um bem comum a ser alcançado. No entan-
to, nessa etapa é necessário reconhecer que o Estado tem um papel
importante na promoção de uma indústria que remanufatura, recupera
e conecta o processo industrial com o desenvolvimento tecnológico,
entre outros aspectos possíveis de serem alcançados. Tal ação é um
exercício crucial para vencer essas etapas. Muitos dos descartes têm
valor em partes, nem todo o mercado absorve totalmente os resíduos e

Tipos de economia aplicados e seus impactos 43


essa é uma cultura que deve ser construída a longo prazo, para resultar

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em um processo saudável para as empresas, o meio ambiente e o bem-
-estar dos seres vivos.

Paralelo a esse contexto, também há um movimento contínuo de


conscientização dos indivíduos em relação ao seu consumo, ao mesmo
tempo em que indústrias e pequenos negócios já começam a se movi-
mentar, unindo parceiros que estejam conectados em todas as etapas de
produção e consigam fazer a roda girar em processos completos.

3 Economia circular
A economia circular tem sua teoria de origem na década de 1960 e
surge como uma alternativa frente ao método da economia linear que
se mostrava insustentável. A definição do nome e do conceito só foram
estabelecidos em 1989 pelos economistas e ambientalistas ingleses
David W. Pearce e R. Kerry Turner. No entanto, vários teóricos e econo-
mistas já se mostravam preocupados com o meio ambiente e previram
as consequências do consumo e da produção em massa.  Com esse
cenário, os dois passaram a elaborar caminhos possíveis para melhorar
a produção e tornar o processo mais consciente, pois os resultados a
longo prazo demonstravam um risco à sobrevivência de muitas empre-
sas, um fato que foi se comprovando no novo milênio, assim como os
grandes impactos e desastres ambientais.

Ao contrário da economia linear, a economia circular se movimenta


de forma mais lenta e suave, com foco em manter a sustentabilidade e o
valor agregado ao material, evitando ao máximo desperdício e resíduos. A
preocupação da economia circular está concentrada no uso de produtos
como recursos, colocando em prática os 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar.

Em resumo, a economia circular explora modelos de negócios que


permitam a análise de barreiras e oportunidades de transição dos mo-
delos linear e reciclável para modelos circulares, nos quais a cadeia de

44 Economia sustentável em design de interiores


produção tem a presença e a consciência de todos que estão envolvi-
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dos, de modo que quando o produto alcança sua escassez ele retorna
para o ciclo, sendo reaproveitado ao máximo. Para isso, é necessário
criar produtos fáceis de consertar, remanufaturar ou reciclar.

Também faz parte desse processo descobrir como os sistemas na-


turais podem fornecer soluções inspiradoras para os problemas huma-
nos, por isso, o biomimetismo é um segmento que está conectado à
economia circular. Essa área da biologia apresenta modelos eficazes
na natureza que podem ser aplicados ao design. Com o biomimetismo
podemos buscar respostas – na forma, na textura, no organismo, na es-
trutura, no comportamento, na biologia de seres vivos – para solucionar
esses problemas, uma vez que a natureza é um campo de 4,5 bilhões de
anos em constante transformação e equilíbrio.

Sendo assim, a economia circular visa limitar radicalmente a extra-


ção de matérias-primas e a produção de resíduos, recuperando e reuti-
lizando produtos e materiais, o máximo possível, de forma sistêmica.
Esse processo é conhecido pelo conceito cradle to cradle (do berço ao
berço), que permite que os materiais sejam utilizados
​​ repetidamente ou
devolvidos com segurança à biosfera, o que traria grandes benefícios
ambientais e econômicos (BRAUNGART, 2019).

PARA PENSAR

Você já parou para pensar sobre seu consumo? Comece refletindo so-
bre seu cotidiano: que tipo de produtos você mais consome? Quantas
embalagens eles possuem? Qual é o material dessas embalagens? Qual
é o seu ritmo de descarte? Você costuma comprar coisas que realmente
precisa ou é influenciado pelo meio? Desde a hora em que acordamos
até a hora que vamos dormir estamos consumindo. Precisamos ter em
mente como vivemos nosso cotidiano e como o consumo orienta nos-
sas escolhas para a vida.

Tipos de economia aplicados e seus impactos 45


Considerações finais

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Após a análise dos conceitos das economias vigentes, principalmen-
te desde a Revolução Industrial, é possível averiguarmos que elas surgi-
ram de forma sequencial, conforme o meio ambiente foi apresentando
sinais de escassez e esgotamento na exploração de materiais naturais
e finitos.

Atualmente, a economia circular é a mais significativa, pois apre-


senta um planejamento que busca conectar todas as esferas envolvi-
das na escassez de recursos diante da produção de bens. Além de ser
uma saída que impacta o planejamento do futuro, a economia circular
é também um posicionamento político e sustentável que se mostrou
necessário para garantir a sobrevivência do planeta. A economia linear
foi sendo substituída pela reciclável – inserida no escopo da circular –
e vai além, pois foca na capacidade de analisar processos para uma
existência futura.

Referências
BRAUNGART, Michael. Cradle to cradle: criar e recriar ilimitadamente. São
Paulo: Gustavo Gili, 2019.

ROAF, S. et al. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2014.

SERRÃO, M. S. et al. Sustentabilidade: uma questão de todos nós. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2020.

46 Economia sustentável em design de interiores


Capítulo 5
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Projetos de
interiores – saúde e
sustentabilidade

Boa parte dos grandes centros urbanos se desenvolveram dentro da


economia linear, em períodos em que não se previa os desdobramen-
tos da artificialidade dos espaços construídos. A natureza foi sendo de-
vastada e, para garantir um equilíbrio no interior de grandes edifícios,
desenvolveram-se tecnologias para controlar o ar, a temperatura, a ilu-
minação, etc. Em um ambiente controlado, a manutenção passou a ser
fundamental. Inicialmente, foram algumas décadas até que se perce-
besse as consequências de todo esse sistema sem manutenção que
gerou várias doenças, principalmente respiratórias, e em alguns casos,
crônicas. É sobre isso que vamos abordar neste capítulo, além de averi-
guar caminhos do design de interiores que podem auxiliar na salubrida-
de desses espaços.

47
1 A Síndrome do Edifício Doente e as

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interferências governamentais
A Síndrome do Edifício Doente – ou em inglês Sick Building Syndrome
(SBS) – é o termo usado quando muitas pessoas ocupam um espaço
construído (edifício), geralmente em condições de trabalho ou de mo-
radia, e ficam muitas horas nesse lugar, expostas à falta de qualidade
de ar, temperatura, iluminação e outros fatores que acabam por gerar
síndromes a longo prazo.

A insalubridade do espaço pode causar sintomas variados que, a


princípio, podem não ser óbvios ou especificamente relacionados à saú-
de, mas em geral são: dor de cabeça; tontura; náusea; olhos, nariz ou
garganta irritados; tosse seca; irritação da pele. Esses sintomas podem
ser provocados em uma área específica ou podem estar espalhados por
todo o edifício, principalmente pela má qualidade do ar interno – que
geralmente é ar-condicionado.

Com o aumento das cidades urbanas, a construção de grandes edi-


fícios redesenhou a paisagem desde o começo do século XX. Com o
tempo, os edifícios ganharam grandes peles de vidro e, graças a isso,
todo o ambiente interno passou a ser controlado artificialmente.

Na década de 1960, começaram os primeiros processos trabalhistas


por inadequação de móveis e equipamentos em escritórios, uma vez
que o trabalhador passa muitas horas em contato com esse espaço.
Nos anos de 1970, foram identificados nos EUA e no Canadá os primei-
ros casos de SBS em escritórios e alguns casos graves de contamina-
ções por falta de manutenção do ar-condicionado em hotéis. Grande
parte dos problemas de saúde, nesse período, era causado pela dimi-
nuição dos padrões de ventilação para edifícios comerciais, como uma
forma de eficiência energética, provocado pela crise do petróleo árabe
em 1973. Os erros de construção também foram agentes causadores

48 Economia sustentável em design de interiores


de vários sintomas de mal-estar, como colocar água de uso geral junto
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a dutos de esgoto (BOSLAUGH, 2016).

Em 1984, a Organização Mundial da Saúde apresentou um relatório


mostrando que 30% dos edifícios novos e reformados tinham proble-
mas de Qualidade do Ar Interno (QAI). Além do ar-condicionado, foram
identificados outros componentes contaminantes em potencial como
os químicos compostos orgânicos voláteis emitidos por carpetes, esto-
fados e produtos de limpeza. No ar-condicionado de edifícios e casas
foram detectados: fungos, bactérias, insetos mortos, excrementos de
animais e outros (STELING, COLLET e RUMEL, 1991).

As casas também podem ser acometidas desse mal, pois compar-


tilham as mesmas fontes dos edifícios, além de dispositivos de aque-
cimento como lareiras e fogões que produzem fuligens – monóxido de
carbono – a partir da combustão de compostos orgânicos.

É necessário averiguar as queixas dos usuários desses espaços e in-


vestigar todos os sistemas: ventilação, aquecimento e ar-condicionado
que podem ser fontes de contaminações internas e possíveis vias de
entrada de poluentes externos no edifício. Para solucionar o problema é
necessário remover a fonte causadora da poluição e procurar aumentar
as taxas de ventilação e distribuição de ar, além de acrescentar disposi-
tivos de limpeza de ar.

Uma casa doente pode camuflar problemas de saúde interna como


dor de cabeça, alergias e estresse, além dos fatores psicológicos como
aversão às atividades, ao local de trabalho ou a um espaço da casa.
Alguns sintomas são sutis e difíceis de serem identificados, o que tam-
bém dificulta a solução dos mesmos. Especialistas acreditam que para
identificá-los é preciso ter uma visão mais ampla e incluir na avaliação
fatores psicológicos, sociais, físicos, ambientais e biomédicos.

Projetos de interiores – saúde e sustentabilidade 49


2 Interferência profissional de design de

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interiores em espaços insalubres
Como profissionais do design de interiores podem auxiliar na salubri-
dade dos espaços construídos e de alguns espaços externos?

Já vimos que tanto edifícios quanto casas podem apresentar aspec-


tos que causam doenças e, em vários casos, camuflar problemas por-
que os efeitos são sutis e ocorrem a longo prazo.

Dependendo de fatores mais graves e identificáveis é necessário en-


volver profissionais da área da saúde para uma análise mais profunda
e empresas especializadas para eliminar a causa do problema. O pro-
jeto, assim como os serviços de construção, está diretamente ligado
aos primeiros fatores relacionados à Síndrome do Edifício Doente e isso
pode ser difícil de abordar de forma eficaz após a construção, exigindo
interferências de alto custo na obra.

Por isso, na formação do designer de interiores há abordagens so-


bre a psicologia ambiental que desenvolve processos de observação
e prevenção em ambientes construídos e coletivos, principalmente
escritórios.

Mas como profissionais de design de interiores podem avaliar se o


edifício tem problemas em sua performance cotidiana? Quando um edifí-
cio apresenta mais de 20% de seus ocupantes com quadros sutis e con-
tínuos de alteração da saúde, isto pode ser um alerta. Por onde começar?

a. Realizar uma pesquisa com os funcionários quando se tratar de


um escritório ou com os residentes, caso seja uma casa – isso
auxiliará na averiguação da taxa de ocorrência de sintomas.

b. Identificar as causas mais óbvias e tomar providencias imediatas.

50 Economia sustentável em design de interiores


c. Acompanhar a rotina do local durante um período para ver mani-
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festações mais sutis do problema e, depois, os resultados após


uma primeira intervenção, para checar se os funcionários ou resi-
dentes melhoram o estado de saúde.

d. Solicitar uma pesquisa com relação à limpeza do edifício e um


relatório de resultados, para garantir uma higienização contínua.
Averiguar também os produtos usados nesse processo e se certi-
ficar de que eles estejam armazenados corretamente. Esses pro-
cedimentos podem ajudar a ver com clareza as possíveis causas
de alguns sintomas.

e. Seguir averiguando o estado do sistema de aquecimento, ventila-


ção e ar-condicionado.

f. Checar o estado e a limpeza dos filtros de ar, umidificadores, de-


sumidificadores e torres de arrefecimento.

g. Estabelecer um cronograma de manutenção e se certificar de que


as datas estão sendo seguidas corretamente.

É importante observar que se tratando de ambientes de escritório


o nível de umidade recomendado é de 40 a 70%, de acordo com a
Health and Safety Executive (HSE), entidade governamental do Reino
Unido.

Vários aspectos constituem a saúde de um ambiente construído uma


vez que ele é afetado por muitos fatores de naturezas diferentes e, se
não forem tratados adequadamente, provocam baixos níveis de perfor-
mance, afetando o conforto ou causando doenças. Há várias questões
a serem observadas pelo designer de interiores: saúde, bem-estar, con-
forto, ergonomia, iluminação, local arejado, acessibilidade, etc., exigindo
do profissional uma visão aberta para identificar e sanar tudo o que for
possível e, se for o caso, procurar o auxílio de especialistas (ROAF, 2014).

Projetos de interiores – saúde e sustentabilidade 51


NA PRÁTICA

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Na prática, é importante observar todo o espaço construído antes de
qualquer interferência e fazer uma lista minuciosa do que deverá ser
checado: a qualidade e intensidade de luz natural, o cruzamento de ar e
a posição das janelas, ferrugem no encanamento, tipo de fiação elétrica,
paredes e teto mofados por vazamento, descolamento de camada de
acabamento/argamassa nas paredes, descolamento de piso cerâmico
e azulejos, piso de madeira solto, qualidade das instalações elétricas,
conexão hidráulica com vazamento, desníveis de piso – verificar se a
água corre em direção ao ralo – e a qualidade sonora do espaço. Para
verificar se tudo funciona corretamente, é interessante acompanhar a
obra sendo feita.

3 Estudos científicos sobre o controle da


salubridade no espaço construído
Os ambientes construídos são altamente propensos a contamina-
ções e vários fatores são necessários para auxiliar na saúde ambiental.
Ainda assim, não há garantia absoluta de que o espaço não sofrerá com
a ausência de algum agente saudável. É o caso da Síndrome do Edifício
Doente (SBS), causada pela má qualidade do ar nos edifícios, isso em
função da nossa cultura urbana que nos levou a passar cada vez mais
tempo em ambientes internos. De acordo com pesquisas, passamos de
90% a 98% de nosso tempo dentro de ambientes fechados.

No pós-pandemia, ocorreu um grande questionamento sobre o estilo


de vida urbano e a distância da natureza nos chamou a atenção. Ocorreu
uma conscientização sobre a necessidade de nos relacionarmos com
a natureza e, o mais importante, fazermos parte dela. Em paralelo, as
áreas da biologia, da botânica e da ecologia despontaram como uma
necessidade emergente, sob a manifestação da biofilia.

52 Economia sustentável em design de interiores


Em vários ambientes construídos nos deparamos com a limitação
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de se conectar diretamente com o meio ambiente, mas já há estudos


científicos com testes e comprovações de como as plantas auxiliam na
desintoxicação dos ambientes – comprovado em testes da NASA – e
como a visão de algum elemento da natureza, direta ou indiretamente,
provoca em nós efeitos positivos. (SOUSA, 2021)

Gradativamente, o segmento da biofilia se afirmou como um campo


promissor, sendo reconhecido que a aplicação de seus padrões auxiliam
na manutenção da saúde mental e melhoram a circulação sanguínea, a
produtividade, o foco e a qualidade do ar. Também foi comprovado que
o contato com a natureza serve como um processo terapêutico para
doenças mentais ou degenerativas da memória, como o Alzheimer.

Além disso, a biofilia pode interferir na temperatura e no visual do


lugar. Vários estudos comprovaram que escritórios com espaços aber-
tos comprometem a privacidade dos funcionários e para minimizar esse
quadro há projetos que utilizam a biofilia para criar barreiras visuais,
rompendo com a sensação de estar visível em um amplo espaço com
muitas pessoas.

Para minimizar essa sensação de estar visível por muitos, em espa-


ços abertos e muitas vezes inóspitos de elementos compositivos, alguns
escritórios também investiram em projetos que criam percursos, utili-
zando elementos análogos à natureza que sugerem uma trilha biofílica,
com sons e cheiros naturais como o projeto Amazon Spheres, a floresta
da Amazon no centro de Seattle e o projeto biofílico da CBRE Holanda.
Todos exemplos da aplicação de elementos naturais no ambiente cons-
truído que resultaram positivamente sobre os funcionários.

Considerações finais
Após décadas de edifícios doentes, à medida em que as cidades
crescem a preocupação com a qualidade dos edifícios torna-se uma

Projetos de interiores – saúde e sustentabilidade 53


prioridade. Esse quadro se estendeu além de prédios de escritório e se

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manifestou em edifícios residenciais e até mesmo em casas. A infraes-
trutura tornou-se um foco para construtoras buscarem caminhos mais
sustentáveis e minimizarem o impacto já existente, observando todo o
espectro que envolve as novas construções.

O design de interiores deve identificar causas insalubres em espa-


ços construídos para buscar soluções de efeito integral. O segmento
da biofilia, por exemplo, é um campo amplo que parte do conceito de
que o indivíduo faz parte da natureza e, portanto, encontrará nela saídas
saudáveis que podem ser aplicadas no espaço construído.

Referências
BOSLAUGH, Sarah E. Sick building syndrome: medical disorder. Encyclopedia
Britannica. Britannica, 2022. Disponível em: https://www.britannica.com/
science/sick-building-syndrome. Acesso em: 28 nov. 2022.

HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE (HSE). Sick building syndrome: guidance


for specialist inspectors. HSE, 1992. Disponível em: https://www.hse.gov.uk/foi/
internalops/ocs/300-399/oc311_2.htm. Acesso em: 28 nov. 2022.

ROAF, S. et al. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2014.

SOUSA, Marcia. NASA elege as 17 melhores plantas para limpar o ar. Ciclo
Vivo, 17 nov. 2021. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/
bem-estar/nasa-elege-as-17-melhores-plantas-para-limpar-o-ar/. Acesso em:
28 nov. 2022.

STELING, Theodor D.; COLLET, Chris ; RUMEL, Davi. A epidemiologia dos “edifícios
doentes”. Rev. Saúde públ., v. 25, n. 1, p. 56-63, 1991. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/rsp/a/PDgKBSPHnXNrh4mTCM6nDCr/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em: 28 nov. 2022.

54 Economia sustentável em design de interiores


Capítulo 6
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Design de interiores
e a economia
circular

A abordagem sobre sustentabilidade requer responsabilidade social,


o profissional de design de interiores deve estar comprometido com o
meio ambiente, além de ter apoio na economia circular que desponta
como um grande campo para projetar novos modelos de negócios com
foco sustentável. Para isso, é necessário conhecer conceitos e práticas
sustentáveis e suas diferentes naturezas – upcycle, recycle e ecofrien-
dly –, assim teremos uma dimensão desse comprometimento profis-
sional e novos desenhos de negócios conectados a esses conceitos.

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1 Responsabilidade social e o conceito de

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economia circular
As circunstâncias mudaram, assim como as economias e as prá-
ticas de produção que até então faziam parte da economia linear, que
está diminuindo rapidamente, e dando lugar a uma economia circular
na qual é possível reutilizarmos, refabricarmos e reciclarmos produtos.

Com a economia circular as empresas devem olhar para seus produtos


de maneira totalmente diferente, não mais como objetos que após o uso
serão descartados, mas como materiais com potencial de oportunidades
para a criação contínua de valor. Uma onda de novos modelos de sistemas,
na qual o foco das vendas não está no consumo de produtos, mas em
produtos que fazem parte de um serviço de manufatura que, após o uso,
retorne o produto para o mercado, quantas vezes for possível. Para tanto, é
importante uma grande onda de inovação nos modelos de negócios.

Nossa sociedade global não é sustentável e temos consciência dos


desafios que enfrentamos: resíduos, mudanças climáticas, escassez de
recursos, perda de biodiversidade. Um cenário que, ao mesmo tempo,
busca se sustentar economicamente e oferecer oportunidades para
uma população mundial em crescimento.

A economia circular é inspirada em sistemas naturais e apresenta


um imenso campo de características e resultados surpreendentes. Ela
é inspirada em sistemas vivos e, nesse contexto, não existe desperdício,
pois o desperdício de uma espécie torna-se alimento de outra.

Um dos primeiros princípios da economia circular é que os resíduos


são como alimentos e, portanto, nada é desperdiçado. Se redesenhás-
semos os produtos para que pudessem ser reutilizados ou desmon-
tados no final da vida útil, poderíamos manter esses produtos e seus
materiais em seu valor mais alto o tempo todo. O segundo princípio é
que os sistemas vivos são diversos, pois muitas espécies contribuem
para a saúde geral de um sistema e, quando há um grande impacto, um
número maior de espécies da biodiversidade o sustenta para que ele

56 Economia sustentável em design de interiores


consiga se recuperar, ou seja, a natureza constrói resiliência por meio
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da diversidade. O terceiro princípio é que os sistemas vivos são alimen-


tados por fontes renováveis e esse poder vem do sol.

No contexto contemporâneo, o custo de extrair recursos está mais alto


e, muitas vezes, além da escassez, há muita demanda de energia, etapas
de produção e mão de obra que acabam por encarecer todo o processo.

Está custando mais para extrair recursos e o problema atual da indústria


no setor de petróleo é o preço volátil, bem abaixo do custo real de extração
desse tipo de óleo. Então, os recursos estão lá, mas há o custo de energia,
o custo financeiro de extraí-los, a mão de obra, a tecnologia, etc. Tudo está
se tornando difícil, mas o sistema ainda se retroalimenta, lançando os pre-
juízos para o futuro. Na economia circular, os recursos são usados, mas
não podem ser esgotados, porque são aplicadas estratégias adequadas a
produtos, componentes e materiais durante o uso e após o final de um ciclo
de vida os recursos são mantidos no sistema, não descartados, e serão
usados até serem devolvidos na natureza (SOUZA, 2019).

Para que o ciclo seja completo, é necessário comprometimento e


responsabilidade social, dessa forma os benefícios serão para todos. O
designer de interiores deverá ter foco no ciclo completo, em suas especi-
ficações e na tomada de decisões dos projetos. Apesar de ser um grande
desafio encontrar produtos e serviços com ciclos fechados na área da
construção civil, ainda assim, é cada vez mais urgente considerar esse
planejamento. Como profissionais conectados com os espaços, que sig-
nificam e acolhem o indivíduo contemporâneo, faz parte do escopo dessa
profissão uma visão ampla, sustentável e um movimento de mudança
para reinventar tudo que for possível para o bem-estar do planeta.

2 O design de interiores no ciclo da economia


circular: upcycle, recycle e ecofriendly
O design de interiores está cada vez mais comprometido com os
conceitos da economia circular, procurando reabilitar, bem como

Design de interiores e a economia circular 57


ressignificar, objetos que tenham valor e que possibilitam uma segun-

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da vida nos ambientes. Para entender melhor algumas práticas, é ne-
cessário averiguar as características dos conceitos upcycle, recycle e
ecofriendly.

2.1 Upcycle

O termo significa “para cima” e seu conceito pode ser traduzido pela
ideia de “reutilização”. Traz a bagagem de redesign, ou seja, restabele-
cer uma peça que perdeu parte de sua estrutura e juntá-la com outras,
criando uma terceira opção para esse redesenho. Nessa nova versão, é
possível acrescentar qualidade às peças, com novas funções, ressigni-
ficando seu uso e papel simbólico.

O processo upcycle permite remodelar e integrar vários componen-


tes, juntando-os com materiais descartados e resultando em novas ver-
sões de diversos produtos que, mesmo em sua segunda versão, man-
têm o ciclo aberto para versões futuras.

Figura 1 – Objeto upcycle

58 Economia sustentável em design de interiores


2.2 Recycle
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É o conceito da reciclagem e diz respeito ao aproveitamento de ma-


térias-primas. É preciso um grandes volume de materiais, instalações
e pessoas para manter o processo de reciclagem funcionando conti-
nuamente. Produtos e materiais usados precisam ser retrabalhados e
desmontados, o que demanda energia e mão de obra. O resultado pos-
sibilita a transformação e utilização do que foi garimpado nesse pro-
cesso, são produtos e materiais com qualidade suficientes para serem
acessíveis. O setor de reciclagem gera uma grande força de mão de
obra, mas ainda não consegue fechar um ciclo integral da economia
circular (SBDS; ISSD, 2013).

Figura 2 – Sucatas de plástico

Na construção civil, por exemplo, é tecnicamente viável e econômico


a reciclagem de concreto, mas o grande desafio é a sua aquisição, por-
que o ciclo tem de ser consciente e contar com a parceria de todos os

Design de interiores e a economia circular 59


envolvidos. As empresas que reciclam o concreto não têm acesso dire-

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to ao material e, portanto, não têm como garantir um volume ou mesmo
a qualidade correta para cada aplicação do produto.

2.3 Ecofriendly

É o termo utilizado para definir “amigável ao meio ambiente” ou “eco-


logicamente correto”. Está relacionado a serviços ou produtos em que o
percurso de produção foi feito buscando o máximo de resultados posi-
tivos ou, pelo menos, não prejudiciais aos seres vivos.

Ainda não há uma regulação completa em todos os serviços e pro-


dutos, porque as medições de desempenho precisam ser analisadas
e testadas por órgãos especializados. Várias marcas comprometidas
com o meio ambiente submetem seus serviços e produtos a esses ór-
gãos e quando são aprovados ou alcançam a qualidade sustentável a
empresa pode emitir um rótulo ecológico, um certificado ou um selo de
garantia.

O desafio para o profissional de design de interiores é grande, por


isso, ele deve procurar ler e entender as etiquetas dos produtos, sua
composição, sua fabricação e verificar se estes possuem selo, certifi-
cado ou garantia de sustentabilidade para qualificar cada vez mais as
suas opções.

IMPORTANTE

Lembre-se de exercitar cotidianamente os 3 R’s: reuse, reduza e recicle.

60 Economia sustentável em design de interiores


3 Estratégia de negócios sustentáveis
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Explorar modelos de negócios que conduzam a uma economia cir-


cular e que permitam analisar barreiras e oportunidades de transição –
da economia linear para a economia circular – tornou-se uma urgência
e uma visão de futuro.

É importante considerar vários aspectos de tudo aquilo que adqui-


rimos, principalmente para o designer de interiores que tem o papel de
ser um especificador de materiais e acabamentos, como também um
curador na orientação de qual objetivo vai para dentro do espaço do
cliente. É necessário investigar os produtos adquiridos, ler suas etique-
tas e verificar se eles são fáceis de serem consertados, remanufatura-
dos ou reciclados. Cada vez mais essas atitudes farão parte das nossas
práticas profissionais (SERRÃO, 2020).

É importante que aprofundemos nossas pesquisas para descobrir


como os sistemas naturais podem fornecer soluções inspiradoras para
os problemas humanos.

Os novos negócios deverão pensar em sistemas mais duradouros,


enfatizando muito mais serviços do que produtos – ou ambos, mas que
estejam comprometidos com um ciclo que garanta sustentabilidade e
agregue valores.

Os fabricantes e os varejistas vendem produtos aos consumidores.


Esse ciclo é tradicional e embasado na economia linear, na qual o con-
sumidor é quem assume a responsabilidade de usar o produto, fazer
sua manutenção e descartá-lo. Já na economia circular, todos estão
comprometidos com os resultados. Há uma conexão contínua entre fa-
bricante, comércio e cliente, pois grande parte dos produtos possuem
um código de produção possível de acompanhar. E quando o objeto
terminar seu primeiro ciclo, é possível ter mais de uma saída para que
ele não seja descartado diretamente na natureza.

Design de interiores e a economia circular 61


Os novos modelos alternativos necessitam de comunicação e inte-

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gração, de modo que todos os envolvidos estejam conectados. Muitos
desses modelos que vendem o serviço fornecido por um produto, pos-
sibilitando manutenção e troca, já estão em curso. Num futuro próximo,
muitos dos equipamentos utilizados nos interiores serão serviços pres-
tados por meio de produtos que, quando alcançarem desgaste, entrarão
em um ciclo de recomposição e se integrarão ao mercado novamente.
Esse processo terá o designer de interiores como um profissional com-
prometido que intermediará as escolhas do cliente mediante as opções
que o mercado oferecerá e, com isso, fortificará a responsabilidade so-
cial da melhor opção, visando qualidade, conforto e sustentabilidade.

Considerações finais
Apesar dos desafios do mercado de design de interiores, o profis-
sional deve optar por soluções cada vez mais sustentáveis, ainda que
os produtos sejam de alto custo, pois o custo-benefício tende a ser um
norte no projeto.

Os problemas ambientais no mundo são enormes, mas temos um


compromisso para com a sociedade contemporânea de buscar solu-
ções sustentáveis, quer seja escolhendo peças que possam ser rede-
senhadas e reformadas ou retornando sua matéria-prima a um novo
processo de reaproveitamento. A maneira como consumimos produtos
também poderá se inovar, de modo que serviços de troca ou de reforma
sejam oferecidos antes de um descarte total. Mesmo sendo uma pe-
quena parcela, com muito pouco impacto, nosso compromisso com a
sustentabilidade deve estar na base de nossas escolhas.

Referências
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESIGN SUSTENTÁVEL (SBDS); INTERNATIONAL
SYMPOSIUM ON SUSTAINABLE DESIGN (ISSD), 4., 2013, Porto Alegre. Anais
[...]. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Centro

62 Economia sustentável em design de interiores


Universitário Ritter dos Reis; Universidade do Vale do Rio dos Sinos; Escola
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de Design Unisinos, 2013. Disponível em: https://sbds2013.files.wordpress.


com/2014/01/a-insustentc3a1vel-leveza-do-ter-_anais-do-sbdsissd-2013.pdf.
Acesso em: 19 set. 2022.

SERRÃO, M. S. et al. Sustentabilidade: uma questão de todos nós. São Paulo:


Editora Senac São Paulo, 2020.

SOUZA, J. M. de. Impacto ambiental e logística reversa. São Paulo: Editora


Senac São Paulo, 2019.

Design de interiores e a economia circular 63


Capítulo 7
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Biofilia no design
de interiores

Tendo em mente a economia sustentável em design de interiores, é


necessário reconhecer a importância de hábitos de consumo da popu-
lação por meio de escolhas conscientes e sustentáveis. A crise no meio
ambiente tem se tornado um assunto cada vez mais urgente e, em meio
a esse cenário, os profissionais de design de interiores possuem um
papel de suma importância: mediar o mercado e o desenvolvimento de
projetos de interiores de forma consciente. Pensando nisso, a biofilia
desponta não só como uma metodologia, mas como um segmento que
também traz bem-estar e saúde.

65
1 O que é biofilia?

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O termo biofilia surgiu na década de 1940, cunhado pelo naturalista
americano Edward O. Wilson para descrever o que ele acreditava ser uma
atração do ser humano pela natureza. Em seu livro Biophilia, de 1984,
Wilson acentuou que há uma conexão emocional entre o ser humano, a
natureza e outras formas de vida, fato que tem base genética, porque o ser
humano faz parte da bio (WILSON, 2009).

Seus estudos observaram como compensamos certas necessida-


des com base na vida biológica de forma integral, como indivíduos e
como espécie, já que dela fazemos parte. Esses conceitos influencia-
ram diversos pensadores do período. No entanto, o termo biofilia foi re-
almente popularizado em 1960, na obra O coração do Homem, do psica-
nalista Erich Fromm. Os dois autores definem a biofilia como a afinidade
dos seres humanos por seres vivos e ambientes naturais.

A Biofilia cresce como conceito e metodologia, principalmente no novo


milênio, e vem sendo reinterpretada pelas áreas que buscam uma visão in-
tegral do indivíduo contemporâneo e o meio ao qual ele pertence. Setores
de arquitetura, psiquiatria, neurociência e design de interiores estão explo-
rando todo o leque de possibilidades dos conceitos de biofilia aplicados na
prática. O contexto em que vivemos exige uma consciência coletiva ime-
diata de que a natureza tem seus limites e, por isso, precisamos de ações
para diminuir o impacto dos desastres ambientais já em curso.

Se considerarmos que o nosso planeta possui aproximadamente 4,5


bilhões de anos, é possível imaginarmos o longo processo de transforma-
ção e adaptação da natureza, portanto, temos muito o que aprender com
ela. A biofilia é mais do que uma forte tendência, ela faz parte da econo-
mia circular reforçando que nossa relação com a natureza e o meio-am-
biente são vitais para a saúde e o bem-estar humano, é uma metodologia
que apresenta caminhos possíveis e diversificados para inovação.

A Revolução Industrial e o rápido crescimento das cidades deram


origem à doenças derivadas do dinamismo nos centros urbanos que

66 Economia sustentável em design de interiores


tiveram a multidão, a aglomeração, a tecnologia e a pressa como fatores
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determinantes para o desenvolvimento de síndromes como claustrofo-


bia, agorafobia, alienação, esquizofrenia, neurose, apatia, depressão, etc.

O relógio biológico humano, o ciclo circadiano e o ciclo artificial, or-


ganizam de forma precisa o nosso cotidiano que vem sendo alterado
devido aos hábitos noturnos, as conexões em tempo real e a exposição
contínua do gerenciamento de selfies nas redes sociais. Nesse contex-
to, o design biofílico permite a criação e o desenvolvimento de metodo-
logias que possam conceber um bom habitat para as pessoas, como
um organismo biológico em edifícios e construções contemporâneas.
Em outras palavras, o objetivo é promover a saúde, a forma física e o
bem-estar do ser humano em seu habitat, o que significa um ambiente
ecologicamente saudável e produtivo, onde possam viver suas várias
esferas em seu potencial ideal (ROAF, 2014).

Designers de interiores estão em busca de soluções que possam


projetar o indivíduo no futuro e a biofilia possibilita isso, além de trazer
conforto físico e emocional.

IMPORTANTE

Óbvio que o principal problema a ser enfrentado pela humanidade no


próximo século será como trazer uma melhor qualidade de vida para
8 bilhões ou mais pessoas sem prejudicar o meio ambiente. (WILSON,
2009)

2 Sustentabilidade, saúde e bem-estar


biofílicos
O campo da Biofilia aplicado à arquitetura e ao design de interio-
res é relativamente recente, sendo resultado de grandes contribuições
que permitiram desenvolver as classificações de seus elementos e

Biofilia no design de interiores 67


estabelecer seus princípios. Três obras formam o escopo principal da

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biofilia e metodologias aplicáveis em espaços construídos: 14 Patterns
of Biophilic Design, dos autores William Browning, Catherine Ryan e
Joseph Clancy, incentivado e editado pela Terrapin Bright Green (2014);
The Practice of Biophilic Design (2015), escrito por Stephen R. Kellert e
Elizabeth F. Calabrese; Biophilia & Healthy Environments (2015) de Nikos
Salingaros.

O desafio do design de interiores biofílico é abordar as deficiências pre-


dominantes na construção contemporânea, na paisagem e na arquitetura
de interiores, iniciando uma nova estrutura para a experiência benéfica da
natureza no ambiente construído. A aplicação bem-sucedida do design
biofílico requer a adesão consistente de alguns objetivos e princípios bási-
cos. Esses princípios representam condições fundamentais para a prática
efetiva do design biofílico, conforme expresso na figura 1.

Figura 1 – Objetivos do design biofílico

Comprometimento e envolvimento repetido e sustentado com a natureza

Concentração nas adaptações humanas ao mundo natural que, ao longo do tempo


evolutivo, melhoraram a saúde e a forma física das pessoas

Promoção de interações positivas entre as pessoas e a natureza que expandem a


compreensão de comunidade, para incluir tanto humanos quanto natureza

Ênfase em apego emocional a configurações e lugares específicos

Incentivo a soluções de design integradas, de reforço mútuo


e ecologicamente conectadas

68 Economia sustentável em design de interiores


De acordo com as bibliografias de Stephen R. Kellert e parceiros
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(2015), o design biofílico orienta possibilidades, organizadas em três pi-


lares e seus elementos, conforme figura 2.

Figura 2 – Pilares do design biofílico

A natureza em
Natureza no espaço Análogos naturais
um espaço
• criação de lugares que
• conexão direta com a • formas e modelos misturam espaços
natureza, através da luz, biomórficos, fazendo uso construídos com a
fluxo de ar, estímulos de materiais que tenham natureza, de modo que
sensoriais não rítmicos e ligação direta ou indireta promova perspectiva,
assim por diante com a natureza sensação de abrigo,
mistério ou o inesperado

Fazem parte desses três pilares os 14 padrões que fornecem recur-


sos para informar, orientar e auxiliar no processo de design, resultando
em uma solução localmente apropriada. Esses padrões foram estudados
cientificamente e as funções de cada um beneficiam a saúde na redução
do estresse, no desempenho cognitivo, no aprimoramento de emoções e
no humor (TERRAPIN BRIGHT GREEN, 2014).

Figura 3 – 14 padrões do design biofílico

Variabilidade sensorial Espaços de transição

Riqueza de informação Séries e cadeiras vinculadas


Idade, transformações
Integração de partes ao todo
e passagem do tempo
Crescimento e eflorescência Contrastes complementares

Ponto focal central Equilíbrio dinâmica e tensão

Tonalidades padronizadas Fractais


Proporções e escalas
Espaços delimitados hierarquicamente organizadas

Biofilia no design de interiores 69


A aplicação desses padrões-conceitos não pode ocorrer de forma

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meramente racional, é necessário conhecer o contexto, o usuário, o es-
paço, os problemas e procurar fazer a adaptação necessária a cada va-
riação, o que torna único cada projeto.

NA PRÁTICA

A base da Biofilia está em diferentes campos de conhecimento, como


neurociência, psicologia e biologia. Trazer a natureza para dentro dos
ambientes insalubres é mais do que colocar vasos: é preciso identifi-
car problemas do espaço, como aqueles associados à iluminação, à
correntes de ar ou à temperatura. É importante fazer levantamentos es-
pecíficos do espaço construído para definir quais pilares ou elementos
biofílicos poderão tornar esse ambiente mais saudável. É uma tomada
de decisão integral, considerando todos os aspectos do lugar.

3 Interiores biofílicos: habitat, ecossistema


e ecologia
A biofilia aponta direções para que possamos minimizar os impactos
ambientais, propondo inicialmente uma reconexão entre nós, nossos in-
teriores e a natureza, intensificando a consciência de lugar, de pertenci-
mento ao meio e do tempo presente. Ao mesmo tempo em que promove
a consciência de identidade, cultura e a ideia de pertencimento. Para fa-
larmos um pouco mais sobre interiores biofílicos, é importante termos a
ideia dos conceitos de habitat, ecossistema e ecologia.

Habitat diz respeito ao lugar ou local onde um organismo (ou uma


população biológica) vive, reside ou existe. O termo vem do latim habi-
tatus, que significa “ter sido habitado”; portanto, é necessário haver uma
conexão com o lugar onde vivemos, criamos hábitos, solucionamos
nossos problemas e nos espelhamos. Em outras palavras, para habitar

70 Economia sustentável em design de interiores


é necessário viver o genius loci (o espírito do lugar) e criar raízes, pois,
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com isso, formamos a cultura e a identidade.

É importante que um habitat seja saudável e dê todo o subsídio para


que os indivíduos se relacionem com o lugar como água potável, ali-
mento, vegetação, animais, abrigo, proteção e exploração do ambiente.
O habitat é parte de um ecossistema.

Um ecossistema compreende uma área geográfica onde plantas,


animais e outros organismos, bem como clima e paisagem, trabalham
juntos para formar uma bolha de vida. Também é composto por fatores
bióticos (partes vivas) como plantas, animais e outros organismos, e fa-
tores abióticos (partes não vivas) como rochas, temperatura e umidade,
de tamanho macro ou micro.

Nessa relação de macro e micro, o design biofílico pode auxiliar fo-


cando na criação de um habitat que seja um organismo biológico no
ambiente construído moderno, considerando aspectos como:

a. Trazer a natureza para o projeto de interiores de forma consciente.

b. Incluir sistemas e processos naturais em espaços construídos.

c. Conectar os interiores com o usuário e o mundo natural.

d. Criar um habitat integrado no ecossistema.

Um ecossistema saudável deve apresentar uma biodiversidade que


seja capaz de abastecer a comunidade e os seres vivos que estão co-
nectados a ela, assim como preservar o meio-ambiente. Constituídos
por teias de relações que se reforçam mutuamente e são complemen-
tares, o ecossistema é um lugar onde o todo resultante é maior que a
soma das partes. Como todos os organismos, o funcionamento huma-
no eficaz depende de ambientes ecologicamente conectados e não de-
sagregados. Ecossistema e habitat estão inseridos na ecologia do lugar.

Biofilia no design de interiores 71


Ecologia é um termo derivado do grego, formado pela junção das

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palavras oikos, que significa casa, e logos, que significa estudo. É um im-
portante campo da biologia, com foco nos estudos científicos do meio
ambiente e os seres vivos que habitam nele. A pesquisa observa como
acontecem as interações entre os seres vivos e como essa relação de-
termina a distribuição de seus meios de subsistência. A ecologia urbana
caracteriza-se como uma nova área de estudos voltados ao meio am-
biente, cujo objetivo é o entendimento dos sistemas naturais existentes
dentro das áreas urbanas.

PARA PENSAR

Devemos devolver à natureza os territórios que dela tiramos ilegalmente.


Tudo horizontal sob o céu pertence à natureza. Tudo o que é tocado pelos
raios do sol, em todos os lugares onde a chuva cai, é propriedade sagrada
e inviolável da natureza. Nós, homens, somos meros hóspedes da nature-
za. (HUNDERTWASSER, 2001)

Considerações finais
A biofilia é um campo vasto que no permite encontrar diversas solu-
ções para os espaços construídos, de acordo com o escopo do proble-
ma. Não há resposta pronta, mas uma metodologia e vários elementos
possíveis de serem aplicados em cada projeto. Trabalhar com a abor-
dagem biofílica é agregar saúde ao ambiente e aos indivíduos que nele
habitarão, é reconectar o indivíduo ao seu lugar de origem: a natureza.

Uma vez que o profissional de design de interiores se envolve com


a biofilia sua visão de mundo e filosofia de vida também são afetados,
ele estará cada vez mais comprometido com o meio ambiente, a sus-
tentabilidade, o espaço construído e, principalmente, com o usuário dos
lugares com que trabalha.

72 Economia sustentável em design de interiores


Referências
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

TERRAPIN BRIGHT GREEN. 14 Patterns of Biophilic Design. 2014. Disponível


em: https://www.terrapinbrightgreen.com/reports/14-patterns/. Acesso em: 28
nov. 2022.

KELLERT, S.; CALABRESE, E. The Practice of Biophilic Design. 2015. Disponível


em: www.biophilic-design.com. Acesso em: 28 nov. 2022.

HUNDERTWASSER, F. MOULDINESS MANIFESTO: against rationalism in


architecture. Simon Frazer University, Burnaby, 13 de dezembro de 2001.
Disponível em: https://www.sfu.ca/~andrewf/MOULDINESS_MANIFESTO.htm.
Acesso em: 28 nov. 2022.

ROAF, S. et al. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2014.

SALINGAROS, Nikos A. Biophilia & Healthy Environments: healthy principles for


designing the built world. New York: Terrapin Bright Green, 2015.

WILSON, Edward O. Biophilia. Massachusetts: Harvard University Press, 2009.

Biofilia no design de interiores 73


Capítulo 8
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Conceitos e estilos
de vida sustentáveis
em design
de interiores

O século XXI iniciou com inúmeros desafios e o maior de todos foi


a grande mudança no meio ambiente, devido aos impactos ambien-
tais causados pelo homem. Nesse contexto, a biomimética despontou
como um campo vasto para adquirir conhecimento e gerar respostas a
esse caos ambiental.

A biomimética esteve presente desde que o homem começou a re-


solver seus problemas, observando e aprendendo com a natureza. Esse
campo apresenta uma variedade de processos criativos e eficientes

75
que podem auxiliar o profissional de design de interiores a encontrar

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soluções para ambientes construídos.

1 Conceito de biomimetismo e
sustentabilidade
A biomimética é considerada uma mistura de ciência, arte e inova-
ção inspirada na natureza. Com filosofias de design que se baseiam em
modelos naturais na forma, estrutura, organismo e comportamento.
Além disso, é um campo vasto para inspirar, experimentar e redesenhar,
oferecendo estratégias baseadas em plantas, animais e ecossistemas,
tudo com o objetivo de buscar soluções que possam ser aplicadas na
prática.

Na natureza, plantas e animais têm evoluído em relação uns aos ou-


tros e ao mundo físico no decorrer de bilhões de anos. Essa evolução
tem rendido estratégias bem-sucedidas de adaptação e sobrevivência.
Podemos aprender com os vários processos naturais e resolver proble-
mas no design utilizando formas, metodologias, práticas e estratégias
vistas na natureza. A biomimética é um dos campos mais antigos que
existe, sempre presente e próxima ao homem, auxiliando nas soluções
de seus problemas.

A definição da palavra biomimética surge da junção das palavras


gregas bios, que significa vida, e mimesis, que significa imitação, e já
é respeitada como uma área da ciência. Imitar a vida natural é um dos
três princípios essenciais quando traduzimos modelos biológicos para
o design. São eles:

a. Imitar – prática e pesquisa científica de aprender e replicar mode-


los e gerar designs mais regenerativos.

b. Ethos – desenvolvimento de projetos que apoiam e criam condi-


ções propícias à vida e à cultura local.

76 Economia sustentável em design de interiores


c. (Re)conectar – conceito de encontrarmos e agregarmos valor à
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Terra como parte de um sistema integrado. Essa reconexão implica


uma conscientização de que fazemos parte da bio (BENYUS, 1997).

A classificação na biologia é importante para que conheçamos todas


as famílias e suas potencialidades, para isso é necessário uma organi-
zação: a taxonomia ou taxionomia é o ramo da biologia que estuda a
classificação dos seres vivos e os organiza a partir da nomenclatura
dos grupos formados. É a ciência fundamental que embasa toda a his-
tória natural e faz parte do ramo da biologia e da botânica que compre-
ende a descrição, identificação e classificação dos seres vivos.

O biomimetismo está inserido tanto no escopo da sustentabilidade


como na economia circular pelo resultado eficaz sob a perspectiva de
sistemas, a eficiência dos recursos, a não toxicidade, defesa à vida, etc.,
princípios que oferecem um modelo no qual se baseiam as inovações
sustentáveis.

IMPORTANTE

Somos a ponte entre a biologia e o design, promovendo a adoção de


estratégias inspiradas na natureza para ajudar a resolver os problemas
mais urgentes do nosso tempo. (BIOMIMICRY INSTITUTE, 2023)

2 A natureza como inspiração para


solucionar problemas
Os materiais, os seres vivos e os sistemas biológicos representam
3,8 bilhões de anos de desenvolvimento e experiências. Reconhecemos
essa histórica potencialidade em um momento crítico, quando nos
aproximamos dos limites da capacidade de carga e resiliência da Terra:
este é o contexto ambiental do século XXI (BENYUS, 1997).

Conceitos e estilos de vida sustentáveis em design de interiores 77


A biomimética concebe a natureza de três maneiras diferentes, con-

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forme expresso pela figura 1.

Figura 1 – Concepção da natureza pela biomimética

1. A natureza como modelo


de formas, sistemas e
estratégias do mundo
natural para solucionar
problemas de maneira
sustentável.

2. A natureza como medida


e com foco nos padrões
estabelecidos por ela.

3. 3 A natureza como
orientadora e mentora
no aprendizado sobre
sua potencialidade:
aprender com ela,
não controlá-la.

Fonte: adaptado de BENYUS, 1997.

No século XXI, vários campos profissionais utilizam a biomimética


como arquitetura, design de interiores, moda, engenharia de produção,

78 Economia sustentável em design de interiores


desenho industrial, etc. As pesquisas atuais da biologia ampliam os re-
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sultados ao adaptar várias informações que podem ser aplicadas a es-


ses campos criativos, principalmente design e arquitetura.

A metodologia da biomimética oferece informações nos estudos


focados:

a. Na forma e na função, observando as espécies e entendendo


como funcionam.

b. No processo, para compreender o ciclo da natureza em todos


os seus estágios – crescimento, sobrevivência e produção de
energia.

c. No sistema, observando o ecossistema ou o habitat para compre-


ender como ele coexiste com todos os elementos naturais.

Na natureza, os organismos atendem às necessidades funcionais por


meio de estratégias biológicas, ou seja, por meio de um mecanismo ou
processo que desempenha uma função para um organismo, entendendo
que a função é uma adaptação que o organismo faz para sobreviver.

Entendemos que função é o propósito de algo. No contexto da biomi-


mética, a função refere-se ao papel desempenhado pelas adaptações ou
comportamentos de um organismo que lhe permitem sobreviver ou, quan-
do aplicado em uma solução, garante uma performance sustentável. No
caso da biomimética, a função se refere a algo que você precisa que sua
solução de design faça, mas com eficácia de funcionamento e de susten-
tabilidade. As possibilidades de soluções no biomimetismo são inesgotá-
veis diante do que podemos aprender e aplicar, a biomimética tende a ser
o futuro do design.

A natureza apresenta um leque de ideias sustentáveis para lidar com


todos os problemas complexos criados pelo homem. No design de in-
teriores, a biomimética pode auxiliar a projetar interiores que integrem
elementos e soluções da natureza, além de contribuir cada vez mais
com o ciclo de vida circular.

Conceitos e estilos de vida sustentáveis em design de interiores 79


3 Biomimetismo aplicado no

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design de interiores
A biomimética, como área da ciência, tem sido estudada desde a
metade do século XX, mas a incorporação da natureza em edifícios co-
meçou muito antes. O movimento Art Nouveau entrelaçou a botânica
na forma, mas já observando outras possibilidades possíveis para re-
solver problemas. Aplicada na arquitetura urbana, a biomimética fincou
raízes principalmente nos edifícios do engenheiro-arquiteto americano
Frank Lloyd Wright, no início do século XX, em projetos de edifícios ou
sistemas que estimulavam os ciclos que ocorrem na natureza e ainda
consideravam a topografia do lugar.

Figura 2 – Concepção da natureza pela biomimética

Casa de Wright em Oak Park (Illinois, EUA). Fonte: Domínio Público, See page for author, Public domain, via Wikimedia Commons.

80 Economia sustentável em design de interiores


A presença biomimética nos projetos de Wright continuava ainda nos
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interiores, na forma, nos materiais, nos recursos de luz e na ventilação,


que estavam em consonância com o lugar, acentuando a característica
vernacular, ou seja, uma arquitetura constituída pelos materiais locais. De
acordo com Sue Roaf (2014), neste século será imprescindível vivermos
em casas que não utilizem materiais fósseis, combinando a velha sabedo-
ria vernacular com a sabedoria da natureza e as novas tecnologias.

Refletindo sobre o exemplo do trabalho de Wright, é possível obser-


var que, no contexto da biologia, ele abrange o ambiente circundante e
todos os outros fatores que afetam a sobrevivência do organismo; na
arquitetura e interiores ele abrange fatores que afetam como, onde e por
quem o design é usado.

Para os profissionais de design de interiores, o biomimetismo pode


orientar o percurso do projeto, pois o resultado é tão importante quanto
o desenvolvimento. De acordo com Sá (2021, p. 80), esse percurso tem
como foco preservar os princípios da vida:

a. Evoluir para sobreviver.

b. Ser eficiente em recursos.

c. Adaptar-se às condições em transformação.

d. Ser localmente sintonizado e responsável.

e. Usar química amigável ao meio ambiente.

f. Integrar desenvolvimento com crescimento.

A profissão de design de interiores está diretamente ligada com todo


o ciclo da economia circular e com o biomimetismo que pode trazer
resultados eficientes tanto ambientalmente quanto na performance das
formas, materialidades e qualidades ambientais do espaço construído.

Conceitos e estilos de vida sustentáveis em design de interiores 81


Além de agregar valor pela conexão com o meio ambiente, o biomi-

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metismo também defende a saúde do indivíduo e o torna um grande
aliado na projeção de espaços sustentáveis. Algumas das possibilida-
des e vantagens de sua aplicação são:

a. Sustentabilidade – a biomimética segue os princípios da vida e


nos ensina que toda a construção deve se basear na natureza, ou
seja, construir de baixo para cima, utilizar sistemas de automon-
tagem, otimizar processos, utilizar materiais reciclados (com-
pósitos), etc. O edifício biomimético é naturalmente ventilado e
iluminado, a maioria da estrutura e dos materiais usados na cons-
trução é reutilizável no final de seu ciclo de vida.

b. Economia energética – a construção biomimética procura utilizar


pouca energia ou energias alternativas, como a solar ou a eólica,
em vez de se concentrar somente em energia elétrica. Também
considera processos pré-construídos, minimizando a mão de
obra in loco. Essas alternativas são eficientes e significativas para
economizar custos.

c. Desempenho – a biomimética promove estratégias para o bem-es-


tar do ser humano e do meio ambiente. Sob esse foco, interessa
o modelo de ecossistema autossustentável no paisagismo, este
acolhe animais e plantas locais, além de fornecer alimentos para
os ocupantes do edifício. A autossuficiência é baseada no conheci-
mento de sobrevivência e pode muito bem ser aplicado ao espaço
construído e seu entorno.

d. Economia – a natureza possui modelos construtivos eficientes,


portanto, a biomimética nos permite minimizar o uso de mate-
riais, maximizando sua eficácia para atingir os fins desejados. O
designer de interiores deve acompanhar todas as etapas da cons-
trução e verificar a quantidade e a qualidade dos componentes da
obra otimizando camadas, mão de obra e tempo.

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e. Tecnologia – Por meio do biomimetismo o designer de interiores
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encontra respostas mais naturais e eficazes, selecionando ma-


teriais com menor emissão de CO2 em sua produção e seu uso,
no intuito de purificar os ambientes, tendo as novas tecnologias
como auxílio nesse processo.

f. Economia criativa – Um planejamento empresarial com foco no


biomimetismo prevê a transição de materiais, revestimentos, pro-
dutos e como eles serão descartados ou reaproveitados, otimizan-
do o uso de recursos e eliminando “desperdícios” desnecessários.

Esses são alguns aspectos do biomimetismo que o profissional de


design de interiores pode considerar para se inspirar e se orientar, pois
aplicando sistemas inspirados na natureza é possível encontrar mode-
los de sustentabilidade eficazes para auxiliar na organização dos fluxos
de sua empresa, de forma que ela funcione como um organismo inte-
grado à natureza.

Dentro da economia criativa e da economia circular o biomimetismo


se mostra um processo que pode gerar rentabilidade, inovação, econo-
mia e produção de projetos mais duradouros e saudáveis, sintonizados
com o meio ambiente e com as várias fases do indivíduo, reconectando-o
à natureza.

Considerações finais
Incluir conhecimentos sobre a natureza em práticas humanas tor-
nou-se vital para assegurar a sobrevivência das espécies e as futuras
gerações. Nesse escopo, o biomimetismo é uma resposta importante
para as áreas relacionadas ao design e à arquitetura.

O Brasil possui vastos recursos naturais, além de contar com a ex-


pertise dos povos da floresta – um rico patrimônio que nos favorece
como indivíduos, cidadãos e profissionais. Mas ao mesmo tempo em

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que isso é um privilégio, também é uma grande responsabilidade para

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com a preservação dos biomas.

Considerando, portanto, que nossa prática como designer de inte-


riores deve tomar decisões pautadas na sustentabilidade, o campo do
biomimetismo pode nos favorecer em várias soluções e tomadas de
decisões, o que nos ajuda a trazer saúde e bem-estar para os interiores,
principalmente urbanos, focando em nossa prática projetual integrada
à soluções e inspirações encontradas na natureza.

Referências
BENYUS, Janine. Biomimética: inovação inspirada pela Natureza. São Paulo:
Cultrix, 1997.

BIOMIMICRY INSTITUTE. About the Biomimicry Institute. 2023.  Disponível:


https://biomimicry.org/about/. Acesso em: 22 fev. 2023.

ROAF, S. et al. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2014.

SÁ, Alice Araujo Marques de. Ferramentas da biomimética no design: aportes


da natureza para a prática projetual. Dissertação de Mestrado, UnB, 2021.
Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/43068/1/2021_
AliceAraujoMarquesdeS%C3%A1.pdf. Acesso em: 28 nov. 2022.

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Sobre a autora
Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Sueli Garcia é doutora em educação, arte e história da cultura pelo


Mackenzie-SP (2014), mestra em comunicação pela UNIP (2002) e gra-
duada em design pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo
(1986). Atualmente, é docente e coordenadora dos cursos de graduação
de design de interiores e design de produto do Belas Artes-SP. Também
é docente dos cursos de pós-graduação em design de interiores e do
mestrado em arquitetura, urbanismo e design da mesma instituição.
É autora dos livros Arquitetura do espaço cenográfico (2011) e Arte e
cultura na moda como fundamentos do vestir contemporâneo (2014). É
Presidente do Acadêmico da ABD – Associação Brasileira de Designers
de Interiores. Desde 2010 é head e cofundadora do escritório P.O. Box –
que conta com três prêmios, recebidos respectivamente em 2018, 2019
e 2021 –, além de organizadora e curadora de conteúdo nos cursos para
profissionais de design de interiores. Também desenvolve figurino e ce-
nografia para instituições culturais como Unifesp e Sesc há 14 anos.

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