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Projeto COPPE – LABCOG Rio de Janeiro

Equipe Técnica
Márcia Peinado Alucci – Coordenação
Joana Carla Soares Gonçalves
Alessandra Rodrigues Prata
José Fernando Cremonesi

Consultoria: Conforto ambiental e eficiência energética


Leonardo Marques Monteiro
José Ovídio Peres Ramos
Fulvio Vittorino - Consultor

Descrição do Projeto
O Projeto do Labcog, a ser implantado na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro, confere uma importância significativa ao avanço de recursos tec- As condições ambientais adotadas como proposta para uma maior eficiência energética foram de 26 ºC de temperatura interna do ar
nológicos para a pesquisa no Brasil, pela própria função a que se destina o edifício. A construção de uma caverna digital , e toda a sua estru- com 65% de umidade relativa, contra 24 ºC de temperatura interna do ar com 50% de umidade relativa recomendada pela norma brasi
tura de apoio para investigações sobre a Amazônia em tempo real, é o foco do projeto que totaliza 1.500 m2 de área útil, distribuídas em uma leira NBR 6401.Com tal alteração foi possível uma redução no consumo de energia elétrica de 25% , sem comprometer o percentual
construção de forma compacta de dois pavimentos. de satisfeitos com as condições térmicas do ambiente.
Com base em uma proposta arquitetônica bastante inusitada, desenvolvida pela NOOSFERA, o projeto do Labcog se constitui em um desafio Além da troca de experiências e discussão de opções com a arquitetura, a interação com o projeto de ar condicionado ainda na etapa
para todos os outros projetos complementares, incluindo os aspectos de projeto relacionados ao desempenho das condições ambientais inter- de concepção do mesmo, foi outro fator essencial para a otimização da eficiência energética do edifício como um todo. Tal interação
nas e a eficiência energética, que é uma preocupação crescente na agenda da arquitetura de todos os contextos climáticos. consistiu na definição dos parâmetros de climatização dos ambientes internos, na compatibilização das estimativas de carga térmica e
Paralelamente, a partir da busca por um menor consumo de energia e da importância da satisfação e produtividade dos usuários, o conforto na própria concepção do sistema de condicionamento artificial, considerando inclusive um programa de operação do sistema.
ambiental (térmico, luminoso e acústico) vem ganhando um papel central nas decisões de projeto. Frente ao desafio da arquitetura de menor Quanto ao desempenho acústico, devido à natureza do uso do ambiente da caverna, foi necessário que a mesma atendesse aos
impacto ambiental, porém de qualidade, foi desenvolvido o projeto do Labcog. mesmos critérios estabelecidos para auditórios e teatros. Tanto nas vedações externas, como nas vedações internas – entre ambi-
Tendo em vista as exigências ambientais provenientes dos usos destinados ao edifício e o reconhecido rigor climático da cidade do Rio de Ja- entes, o detalhamento e as especificações de materiais foram resultado de uma compatibilização entre os requisitos térmicos e os
neiro (latitude 24º Sul), para onde o diagnóstico climático destaca a importância de estratégias contra a incidência da radiação solar direta, as acústicos.
decisões de projeto em prol do conforto ambiental e da eficiência energética tiveram como meta um edifício isolado termicamente do ambiente Quanto ao ambiente luminoso, buscou-se uma distribuição homogênea da luz natural, sem o incômodo da radiação solar direta em
externo, protegido do acesso da luz direta e, consequentemente, condicionado artificialmente por todo o seu tempo de ocupação. planos de trabalho (causa de ofuscamentos e desconforto visual). Dessa forma, as aberturas foram posicionadas e dimensionadas
A compatibilização entre as expectativas da concepção arquitetônica e as considerações sobre o desempenho ambiental e energético, deram à com proteção solar externa (brise soleil) projetada tanto para o bloqueio da radiação solar direta como fonte secundaria de luz (re-
forma inusitada do projeto uma envoltória com tratamento externo metálico (cobre) de cor clara para refletir a radiação solar incidente, revestido flexão) para o interior dos espaços.
internamente com material isolante. A penetração da luz difusa nos diversos espaços foi dimensionada para evitar o ofuscamento, principalmente em áreas junto às jane-
Quanto às aberturas, essas foram estrategicamente projetadas para a captação da luz natural difusa e a contemplação da paisagem externa las e panos de vidro (outra causa de ofuscamentos e desconforto visual). Assim, buscou-se o melhor aproveitamento da iluminação
nos ambientes de trabalho e nas áreas comuns, sempre protegidas contra a radiação solar direta e, assim, sem incorrer em ganhos térmicos natural, minimizando a dependência da iluminação artificial e conseqüente redução do consumo de energia elétrica.
comprometedores do desempenho ambiental ou energético do edifício.
As superfícies envidraçadas mais significativas em termos de área que aparecem no hall de chegada do edifício e junto à área de circulação As recomendações técnicas geradas ao longo de todo o processo de elaboração e desenvolvimento da avaliação do desempenho
vertical, em que proteções solares externas não são adequadas (aspecro estrutural e contato visual com o exterior), as preocupações com o ambiental dos vários espaços, visando a otimização dos resultados de conforto e eficiência energética do edifício, buscaram não des-
impacto da radiação solar levaram à recomendação de vidros com maior opacidade e /ou películas refletoras. caracterizar as premissas arquitetônicas conceituais e, sendo assim, foram devidamente incorporadas ao projeto executivo.
Metodologicamente, o recurso tecnológico de ferramentas computacionais para a simulação do desempenho ambiental de edifícios definiram Dessa forma, o resultado final chegou a uma síntese entre conceitos arquitetônicos, fundamentos do conforto ambiental, técnicas
uma fase importante do projeto de compatibilização e otimização das decisões de projeto em prol do conforto ambiental e da eficiência energé- construtivas, operação predial e a esperada eficiência energética.
tica do edifício. Apesar das analises detalhadas de simulação das condições ambientais, são o gerenciamento dos sistemas prediais, o controle das
Como resultado principal da avaliação de desempenho térmico dos ambientes internos , constatou-se que a influência da carga solar é irrisória proteções solares (quando móveis), o cumprimento dos padrões de ocupação previamente definidos e o comportamento dos usuários
quando comparada às cargas internas, devido à isolação proposta para as vedações opacas externas. No entanto, a carga térmica proveniente que determinarão o desempenho final do edifício.
das fontes internas de calor, como a própria ocupação, é significativa e deve ser removida pelo sistema de ar condicionado, uma vez que a ven-
tilação natural não é possível. Os principais aspectos desta consultoria estão ilustrados abaixo.

implantação Perspectivas do projeto Planta do térreo

Conforto Luminoso Conforto Acústico


CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÂO CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÂO
Critério 1: Iluminâncias no Plano de Trabalho Tempo de Reverberação e Isolamento Acústico
• Valor de Referência VR=300 lux Os critérios de conforto acústico ( Nível Sonoro e Tempo de Reverberação) adotados são
• Nenhum ponto no Plano de Trabalho deve estar 70% abaixo de VR (VR mínimo = 210 lux) determinados pelas normas da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, con-
• Valor Maximo Aceitável: 2.700 lux forme indicação abaixo:
• Valor Maximo Desejável: 1.500 lux NBR 11957: “Reverberação – análise do tempo de reverberação em auditórios”. São Pau-
Critério 2: Uniformidade lo, 1988.
• Emin/ Emed > 1/1.5 (0.66) na zona de trabalho NBR 101: “Tratamento Acústico em recintos fechados”. São Paulo, 1988.
Critério 3: Ofuscamento
• Luminância máxima = 600 cd/m². Critério 1: Tempo de Reverberação
Critério 4: Penetração Solar O Tempo de Reverberação deve ser menor ou igual a 0,5 segundos, para freqüências de
• Dispositivos de obstrução com eficiência total entre 8 e 17 h no Solstício de Verão e Equinó- 500 Hz a 4000Hz.(Recomendação para estúdios de televisão)
cios Para 250 Hz o TR deve ser 0,57 segundos e para 125 Hz, 0.74 segundos. Estes dados
• Dispositivos de obstrução com eficiência total entre 10 e 15 h no Solstício de Inverno estão adequados para um estúdio de TV com o mesmo volume do auditório.
Referências Nota: Levantamentos efetuados junto a pesquisadores que trabalham na Cave da Poli
DIN 5035 / DIN 5034; USP, verificou-se que o espaço deve ser o mais absorvente possível .
ABNT 5413
Climaticus Critério 2: Isolamento acústico
O isolamento acústico do auditório deve ser de 60 dB.

Seqüência de imagens do modelo do ambiente in-


Estudos de Insolação terno do Auditório e a simulação da propagação dos
raios sonoros para determinação do Tempo de Re-
verberação.

Curvas de Isoiluminância da Sala Multimídia: Céu Encoberto, Solstício de Inverno, 12:00h Céu Claro, Equinócio (21/03), 12:00h) Tempo de Reverberação para duas soluções estudadas para o auditório

Conforto Térmico Soluções de Projeto Recomendadas


CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÂO
Critério 1: Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (com ambiente térmico)
• (PPD) ≤ 15%
Critério 2: Consumo de Energia
• Maximizar a eficiência energética da edificação sem sacrificar o critério 1.

Auditório/cave Auditório/cave
Perfis de Carga do sistema de condicionamento térmico para duas condições internas estudadas, ambas dentro dos critério adotados Detalhe da cobertura com forro suspenso tipo HunterDouglas/cielo tile sistema lay-in ou similar Detalhe do fechamento vertical
para o projeto

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