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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Disciplina:

Conforto Ambiental e Noções de Paisagismo

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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Design de Interiores das Escolas
Estaduais de Educação Profissional – EEEP
Material elaborado pela professora Jéssika Ricarte S. Ferreira Albuquerque -
2018
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Curso Técnico em Design de Interiores Disciplina: Conforto Ambiental e Noções de paisagismo 1


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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4
1.1- PROGRAMA CURRICULAR ....................................................................................................... 4
2. CONFORTO VISUAL: LUZ .................................................................................................................... 6
2.1- FONTES DE LUZ ARTIFICIAL ...................................................................................................... 8
2.2 – TIPO DE ILUMINAÇÃO ................................................................................................................ 9
2.3 – TIPO DE LÂMPADAS MAIS USADAS ........................................................................................ 9
2.4- RELAÇÃO COR & LUZ ................................................................................................................ 13
2.5- TIPOS DE LUMINÁRIAS .............................................................................................................. 14
2.6 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO ...................................................................................................... 20
2.6 – EFEITOS DE ILUMINAÇÃO ....................................................................................................... 22
3. CONFORTO VISUAL: COR ................................................................................................................. 25
4. CONFORTO VISUAL: TÉRMICO ....................................................................................................... 28
4.1- FATORES E ELEMENTOS CLIMÁTICOS .................................................................................. 28
4.2- RADIAÇÃO .................................................................................................................................... 36
4.3- VENTILAÇÃO ................................................................................................................................ 38
5. CONFORTO VISUAL: ACÚSTICA ..................................................................................................... 40
5.1- CONCEITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................................. 40
5.2 – COMPORTAMENTO DO SOM NOS AMBIENTES .................................................................. 44
5.3 – ISOLAMENTO ACÚSTICO, CONTROLE DE RUÍDO E DO SOM.......................................... 46
6. NOÇÕES DE PAISAGISMO ................................................................................................................. 48
6.1- METODOLOGIA PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS ..................................................... 49
6.2- APRESENTAÇÃO DE PROJETOS PAISAGISTICOS ................................................................. 50
6.3- A ESCOLHA DA VEGETAÇÃO NO PLANEJAMENTO............................................................ 51
6. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................................... 53

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1. INTRODUÇÃO

O conforto ambiental nada mais é do que adequar os princípios físicos envolvidos às


necessidades de um ambiente, tais como temperatura, luz, acústica e visual.
Conforto térmico: Está relacionado basicamente em duas reações do organismo
humano, quando submetido a ambientes quentes e frios. Ambas as situações, em extremo,
causam bastante desconforto e, portanto, devem ser evitadas ao máximo pelo profissional. Cores
e aberturas mal utilizadas têm correlação direta com esses efeitos.
Podemos afirmar que houve uma reação ao frio quando as perdas de calor são maiores
que o necessário, expondo as pessoas a reações desconfortáveis de arrepio e tiritar. Já a reação
ao calor ocorre quando as perdas de calor são menores do que deveriam ser, caracterizada pelo
desconforto da exsudação (suor).

Conforto luminoso: A distribuição equilibrada da luz natural ou artificial deve ser


racionalizada, de forma a evitar desconfortos relacionados à sensação de ofuscamento ou
sombreamento excessivo.

Conforto acústico: O desconforto acústico também é um elemento que deve ser evitado
em todos os casos. Esses problemas podem ser eliminados fazendo-se um tratamento acústico
adequado por meio de mantas isolantes acústicas. Esse tipo de tratamento nas alvenarias e
forros visa atenuar o nível de energia sonora, promovendo o isolamento dos sons indesejáveis.

Conforto visual: O conforto visual talvez seja um dos desafios mais importantes que um
Designer de Interiores tem para resolver. Nesse aspecto as cores, objetos, móveis,
revestimentos e tudo o mais que envolve apelo visual podem comprometer seriamente o bem-
estar das pessoas em um ambiente. Ainda, a ausência de conforto visual, ou seja, a ausência de
um ambiente visualmente tranquilo e agradável pode trazer efeitos danosos resultantes dos
impactos visuais desnecessários.
Depois de tudo isso, podemos presumir que a busca pelo equilíbrio entre temperatura,
som, luminosidade e estudo visual do ambiente são primordiais em um bom projeto de Design
de Interiores, pois com esses conceitos em prática é possível desenvolver ambientes que cada
vez fiquem mais personalizados e agradáveis a quem irá desfrutá-lo.

1.1- PROGRAMA CURRICULAR

Disciplina: Conforto Ambiental e Noções 1° SEMESTRE


de paisagismo 3°ANO
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Curso: Técnico de Nível Médio em Design de Carga 60 horas/aula


Interiores Horária:
Ementa: Estudo da insolação e ventilação naturais, aplicados ao projeto de
interiores. Estudo teórico dos elementos arquitetônicos e de soluções
alternativas para obtenção de espaços abertos e fechados com
qualidades adequadas de habitação. Estudo da ventilação e refrigeração
mecânica dos ambientes e conservação de energia dos edifícios. Estudo
da acústica. Estudo de elementos técnicos, tecnológicos e arquitetônicos
para obtenção de um espaço com qualidades adequadas de utilização e
habitação.
Conteúdo 1° BIMESTRE
Programático:
UNIDADE I:
 Conforto Visual: Luz;
 Conforto Visual: Cor;
UNIDADE II:
 Conforto Térmico: Radiação;
 Conforto Térmico: Ventilação;
2° BIMESTRE
UNIDADE III:
 Conforto Acústico: Som;
UNIDADE IV:
 Noções de Paisagismo para interiores.
Objetivo: Capacitar e sensibilizar o aluno para o conhecimento e análise da
importância do conforto ambiental e da eficiência energética nos projetos
de design de interiores.
Metodologia: A disciplina será ministrada por aulas teóricas e práticas, com exercícios
programados de acordo com os conteúdos a ser ministrado, podendo se
valer de outras metodologias para adaptar as características da turma e
da disciplina.
Bibliografia  MANCUSO, C. Guia Prático do Design de Interiores. Porto
Básica: Alegre: Ed. Sulina, 2010.
 OLIVEIRA, Adriano de; PINHEIRO, Antonio Carlos da Fonseca
Bragança; CRIVELARO, Marcos. Conforto Ambiental -
Iluminação, Cores, Ergonomia, Paisagismo e Critérios Para
Projetos - Série Eixos. 1°Ed. ERICA,2014.
Bibliografia  MANCUSO, C. Guia Prático do Design de Interiores. Porto
complementar: Alegre: Ed. Sulina, 2010.
 Instalações Elétricas Hélio Creder 15ª Ltc 2007
 ILUMINAÇÃO – SIMPLIFICANDO O PROJETO SILVA, Mauri
Luiz 1° CIENCIA MODERNA 2009
 LUZ, LAMPADAS & ILUMINAÇÃO SILVA, Mauri Luiz
4° CIÊNCIA MODERNA 2014
 CUPERSCHMID, Ana. TEIXEIRA, Simony. Apostila de
Introdução ao conforto ambiental: Conforto Acústico,
FEC/UNICAMP São Paulo 2005
 CUPERSCHMID, Ana. TEIXEIRA, Simony. Apostila de
Introdução ao conforto ambiental: Conforto Térmico,
FEC/UNICAMP São Paulo 2005
 CUPERSCHMID, Ana. TEIXEIRA, Simony. Apostila de
Introdução ao conforto ambiental: Conforto Visual,
FEC/UNICAMP São Paulo 2005

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2. CONFORTO VISUAL: LUZ

Ao olhar as imagens abaixo, o que você sente?

Medo? Esperança? Pavor? Liberdade? Sonho? Agora veja essa outra imagem abaixo:

Veja que nesta última imagem, a iluminação não nos traz nenhuma sensação relacionada
ao que os atores querem transmitir. Sua função é apenas permitir ver os atores.
Portanto, podemos afirmar que a Luz é uma radiação eletromagnética capaz de produz
estímulos.
Na faixa visível temos aproximadamente cerca de 600.000 matizes de cor, e todas
somadas formam a luz branca.
A luz que incide nos objetos, parte é absorvida, parte é rebatida. A parte refletida é que
chega aos nossos olhos, permitindo a observação dos objetos.
Dependendo da frequência em reflexão é que determinamos a cor, exemplificando num
padrão simplista: um objeto branco reflete igualmente todas as frequências; um objeto negro
absorve igualmente todas as frequências; um objeto vermelho absorve todas as frequências
menos a vermelha.
A ciência que mede a luz, levando em consideração aspectos psicofísicos do sistema
visual e cerebral humano, é a Fotometria.
Quando um designer cria um sistema de iluminação, a principal preocupação a ser
considerada é a avaliação dos efeitos obtidos pelo ser humano.
A fotometria permite controlar o conforto visual através de quatro itens para uma perfeita
simulação da iluminação. São eles:

Fluxo luminoso: É a quantidade de luz emitida por uma fonte, medida em lumens (lm),
na tensão nominal de funcionamento. Quando se pensa em luz como partículas (fótons) se
movendo através do espaço, o fluxo luminoso de um raio de luz que chega em uma superfície é
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proporcional ao número de partículas que atingem esta superfície durante um intervalo de tempo
de 1 segundo.

Intensidade Luminosa: É o Fluxo luminoso irradiado na direção de um determinado


ponto, medida em candela (cd), na tensão nominal de funcionamento.

Iluminância é o fluxo luminoso incidente na área de uma superfície. Esta quantidade é


usada para se descrever o nível de iluminação incidente em uma superfície sem que se façam
medidas, dependendo do tamanho da superfície. No Sistema Internacional, sua unidade é o lux
(lx), que equivale a 1 lúmen por metro quadrado. É calculada pela relação entre intensidade
luminosa e o quadrado da distância (l/d2 ). Isso quer dizer que, na prática, é a quantidade de luz
dentro de um ambiente, que pode ser medida com o auxílio de um luxímetro. Para obter conforto
visual, considerando a atividade a ser realizada, são necessários certos níveis de iluminância, os
quais são recomendados pela norma técnica da ABNT - NBR 5413.

Luminância: Parte da luz incidente na superfície é refletida de volta no ambiente. A luz


que reflete da superfície numa determinada direção é a luminância. É medida em candelas por
metro quadrado (cd/m2). A candela foi originalmente definida como intensidade luminosa emitida
por uma simples vela de cera, sendo a intensidade luminosa de uma fonte pontual que emite o
fluxo luminoso de um lúmen em um ângulo sólido de um esferoradiano.

Curva de distribuição da luz: É a representação da intensidade luminosa em todos os


ângulos em que ela é direcionada num plano.

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2.1- FONTES DE LUZ ARTIFICIAL


Podem ser quentes ou frias:
 Quentes: Emitem uma luz de cor amarelada. Produzidas por lâmpadas
incandescentes, halógenas. Funcionam através de corrente elétrica, pelo
filamento de tungstênio, que com o aquecimento, gera luz. Sua temperatura é alta,
portanto não são muito econômicas. Não devem ser colocadas muito próximas
dos produtos, pois podem queimar e danificar a aparência do mesmo. Sua
reprodução de cor é geralmente alta e eficiente, assemelhando à luz do sol.
 Frias: Emitem uma luz de cor branca. Produzidas por lâmpadas que possuem em
seu interior gás, não permitem a emissão de raios direcionais. A luz é distribuída
por igual, precisando de complementação tais como reatores e calhas refletoras.
São econômicas, de temperatura baixa e tem uma aparência fria.

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2.2 – TIPO DE ILUMINAÇÃO


Direta: é dirigida diretamente para o alvo a ser iluminado, com tipo spot, luminária de
mesa, abajur, etc. Quanto maior a distância entre a fonte e o objeto a ser iluminado, menor a
intensidade e maior a área atingida pelos raios de luz.
Indireta: não ilumina necessariamente o objeto e sim a ambiente em que ele se encontra.
Não possui um foco dirigido, é uma luz de ambientação. Uma iluminação pode conter focos de
luz diretos e indiretos em um mesmo ambiente. O foco direto faz com que os objetos sejam
realçados e ambientados na luz direta.

2.3 – TIPO DE LÂMPADAS MAIS USADAS


Lâmpadas incandescentes: são
transparentes ou leitosas (brancas). Utilizadas em
luminárias e iluminação geral, têm potencia que
varia entre 25w e 500w, com duração aproximada
de 1000 horas. Tem uma aparência quente e emite
uma luz amarelada, portanto são boas
reprodutoras de cor (IRC – índice de reprodução de
cores). Podem ser: Refletoras - encontradas em
tamanho grande e pequeno e são espelhadas.
Quando a lateral é espelhada, o facho é dirigido;
quando a cabeça é espelhada o facho é aberto.
Defletoras – possuem bulbos prateados e
espelhado no topo. Utilizadas para iluminação
direcionada em geral para baixo ou indireta. As lâmpadas leitosas perdem parte da luminosidade
e emitem menos luz para o ambiente, consumindo o mesmo valor. (Fonte: www.casaecia.arq.br).

Lâmpadas Fluorescentes: sua luz é difusa, gerando uma iluminação por igual. As
sombras são quase inexistentes e não concentram os raios luminosos. Precisam de reatores e
para melhorar seu desempenho devem ser utilizadas sempre em calhas refletoras. As lâmpadas
fluorescentes podem ser encontradas com
temperatura de cor quente, neutra ou fria;
também podem alterar muito a aparência e
cores dos objetos, porém são muito
econômicas. Utilizadas em setores de serviços
com atividades que necessitam de boa
iluminação geral. Pouco usadas em áreas
sociais. Produz luz fria, portanto não aquece o
ambiente. São mais econômicas e duram até
7000 horas, nas potências 20w,40w e 1000w.
As de 9w são para luminárias de mesa.

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H.Q.I.: Multivapor metálico, luz vibrante e eficiente,


com facho de luz preciso. Ideal para aplicações comerciais e
iluminação de destaque interno ou externo tais como,
fachadas e grandes locais, como lojas de carros e lojas de
departamento. Nas vitrines devem ser utilizadas com
moderação; devido ao seu alto poder de iluminação pode
ofuscar a visão e criar reflexos nos produtos.

Halogenas incandescentes: são encontradas em diversos modelos. Seu facho pode


ser dirigido (par) ou aberto (lapiseira). Sua luz é mais branca que as incandescentes e tem um
alto índice de reprodução de cores "IRC". Ao manusear deve se evitar contado com do dedo com
o bulbo, pois podem danificar com a oleosidade da pele.

Palito: possuem alta reprodução de cores. São utilizadas como luz difusa na iluminação
geral de lojas, vitrines, fachadas (situações de muita luz). Devem ser sempre instaladas na
horizontal.

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Bipino: possuem de 3 a 4 cm de comprimento, têm a base de


encaixe em formas de pino, como uma tomada, e bulbo de quartzo que
filtra até cinco vezes a radiação, evitando o desbotamento de cores.
Formam pequenos de luz, que são explorados na iluminação geral,
através de efeitos de "céu estrelados", ou pequenas luminárias
decorativas, pendentes ou arandelas.

Dicróicas: são lâmpadas de luz branca e brilhante, com pequenas dimensões e total
controle do facho de luz. Utilizadas na iluminação decorativa e de destaque. Sua principal
característica é o fato de emitir uma luz mais fria "efeito dicróico" , pois tem a propriedade de
desviar parte do calor para atrás do refletor, reduzindo em até 66% a radiação térmica emitida.

Halospot: alta intensidade luminosa, com cores de luz precisamente definidas e ângulos
de 4 / 8 e 24 graus. Possibilita a criação de espaços personalizados ideais para iluminação de
efeito, destacando ou acentuando objetos mesmo em ambientes bem iluminados.

Halopar: a grande vantagem desta lâmpada é a facilidade de substituição em instalações


existentes com lâmpada incandescente. Idéias para iluminação dirigida e de destaque. Produz
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uma luz brilhante, natural e de impacto.

Fibra Ótica: Não transmiti calor, apenas luz e sem perdas.

Led: Não são lâmpadas, são diodos emissores de luz que auxiliados por lentes
procuram suprir a necessidade das outras lâmpadas.

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2.4- RELAÇÃO COR & LUZ


Índice de Reprodução de Cores (IRC), que é a qualidade de uma fonte de luz – natural
(como o Sol) ou artificial (como as lâmpadas) – de reproduzir com maior ou menor fidelidade a
cor original de um objeto ou ser vivo.

Temperatura de Cor é a tonalidade de cor que a luz apresenta aos nossos olhos. Medida
em K (kelvin).

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2.5- TIPOS DE LUMINÁRIAS


A Função da luminária é abrigar a lâmpada e direcionar a luz. Existe vários tipos de
luminárias veremos cada uma delas a seguir.
Sancas iluminadas: Estas soluções, geralmente feitas em gesso (Figura 4) e muito
utilizadas como detalhes arquitetônicos onde a luz direta pode ser direcionada para cima ou para
baixo.

Trilhos reguláveis no teto: Referem-se a um sistema de iluminação com vários


componentes: um trilho, uma caixa de alimentação elétrica e as luminárias com as lâmpadas.

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Geralmente é montado diretamente no teto, podendo, em alguns modelos, ser “escondido”


quando não está em uso. Os trilhos podem ter vários modelos, estilos, cores e acabamentos.
Este tipo de solução deve ser usado quando uma flexibilidade de posição e ângulo são utilizados
para reposicionamentos, para criar diferentes efeitos.
Plafon: Luminária instalada próximo ao teto, pode ter o efeito de luz indireto, difuso ou
direcionado.

Embutida: Embutir em forros de gesso, madeira ou pvc. “Sensação de ambiente mais


limpo e clean”.

Pendente: Luminárias que ficam penduradas por fios elétricos ou acompanhadas por
cabo de aço em função do peso da peça.

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Lustre: Luminárias com apelo mais estético, sendo por tanto peças mais decorativas,
sendo o centro de interesse de algum ambiente.

Spot: Luminárias com aspecto mais funcional, pois é uma peça direcionável de sobrepor,
gerando luz mais focal.

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Refletor: Luminárias mais técnicas, possuindo uma fonte luminosa mais forte refletindo-
a a uma área mais ampla. Utilizadas em jardins, fachadas, quadras de esporte, grandes pátios,
ou como luminárias de segurança.

De mesa: Luminárias funcionais e com design bem variado. Utilizadas como iluminação
complementar para espaços de leitura.

De piso: Luminárias funcionais e com design bem variado. Utilizadas como iluminação
complementar para espaços de leitura. A diferença da luminária de mesa é que está possui base
própria sem necessitar de mesa.

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Abajur: Luminárias que permite criar um clima mais


aconchegante, além do apelo estético.

Arandela: Luminárias fixadas na parede, que pode produzir efeitos de iluminação difusa,
de efeito, indireto. Veja mais algumas informações no link:
http://www.cliquearquitetura.com.br/artigo/o-que-e-arandela-e-como-usar?.html

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Balizador: Luminárias que tem a função de direcionar o caminho, seja ele jardim, ou
mesmo dentro do quarto ou corredor de circulação.

Up – Light: Luminárias com facho que direciona a luz


de baixo para cima. Pode ser utilizada nas fachadas de
residências, prédios comerciais e para valorizar a verticalidade
dos pilares.

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2.6 – SISTEMA DE ILUMINAÇÃO


Para se projetar a luz para o espaço, nós devemos ter em mente dois objetivos:
1° Objetivo: Boas condições de visão associadas à visibilidade, segurança e orientação
dentro de um determinado ambiente.“ Luz da Razão!”

2° Objetivo: Utilização da luz como principal instrumento de ambientação do espaço.


“Luz da Emoção!”

Para se atingir esses objetivos, precisamos saber sobre os tipos de iluminação que
podemos utilizar no espaço:
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Iluminação Localizada: locais de principal interesse.

Iluminação Geral: Uniformidade.

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Iluminação de Tarefa: Próximo a tarefas visuais e do plano de trabalho (área muito


pequena).

2.6 – EFEITOS DE ILUMINAÇÃO


Luz de destaque: Ênfase na arquitetura, objetos ou superfícies.

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Luz de Efeito: Ênfase na própria luz.

Luz de decorativa: Ênfase no objeto que produz luz.

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Luz Arquitetônica: Luz dentro de elementos arquitetônicos.

Dimerização: Possibilidade de poder diminuir e aumentar a intensidade da iluminação


do ambiente.

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3. CONFORTO VISUAL: COR

A cor na arquitetura não é encarada exclusivamente como elemento decorativo ou


estético. Neste campo, ela pode interferir em espaços diversos do ponto de vista sensorial,
influenciando as sensações de espaço, volume e distância. Farina (1982) afirma que “as cores
constituem estímulos psicológicos para a sensibilidade humana, influenciando o individuo, para
gostar ou não de algo, para negar ou afirmar, para se abster ou agir”.
Através da observação do círculo cromático (Figura3) pode-se obter a harmonização das
cores, fator importante em ambientes externos e internos. As três cores centrais, vermelho,
amarelo e azul, são as cores primárias, que, misturadas entre si dão origem às secundárias,
laranja, verde e violeta. Associando-se uma cor primária e uma secundária, obtém-se as cores
terciárias, completando assim as 12 cores do circulo cromático. Logicamente estas cores podem
aumentar em sua ordem espectral, podendo atingir até 300.000 cores em todas as suas
tonalidades e sombreados.

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As cores situadas entre o amarelo e o violeta são consideradas cores quentes e dão uma
sensação de aconchego, alegria, prazer. As frias, por sua vez, no sentido oposto no circulo
cromático, dão a sensação de frescor, tranqüilidade, calma.
A harmonização das cores, então, pode se dar ao combinar cores vizinhas no circulo,
não oferecendo contraste em sua utilização, bem como cores opostas no circulo (as chamadas
complementares), que provocam muito contraste. Portanto, a harmonização tradicional, através
das associações de cores baseadas no circulo cromático, pode ser resumida em 4 tipos básicos:
 Contraste: quando associa-se duas cores opostas no circulo cromático;
 Dégradé: a cor original é suavizada lentamente com acréscimo de branco;
 Análogas: as cores selecionadas são vizinhas no circulo cromático;
 Tom sobre tom: mesma tonalidade em tons diferentes.

Alguns fatores cromáticos podem ser importantes quando utilizados com a iluminação
de um ambiente:
 Nunca use mais que 3 cores de mesma intensidade no mesmo ambiente;
 As cores escuras fazem o ambiente parecer menor;
 As cores claras dão a sensação de aumento nos volumes;
 Um contraste intenso entre elementos pode ser estimulante;
 O aspecto acetinado das cores cria um ambiente aconchegante;
 O colorido apaga relevos e obstáculos.
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 Cores vivas em ambientes de convivência;


 Cores mais suaves em ambientes de intimidade.

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4. CONFORTO VISUAL: TÉRMICO

O conteúdo deste capitulo foi retirado da apostila Introdução ao conforto térmico, criado
pela Fabiana Barbosa Palhares.

4.1- FATORES E ELEMENTOS CLIMÁTICOS


O Conforto Térmico visa, de forma prática, contribuir para a construção de espaços
adequados integrados com qualidade ambiental.
A fim de se obter os resultados esperados durante o projeto, o estudo climático e suas
variáveis são necessários para a compreensão do que deve ser controlado e para o perfeito
entendimento das diretrizes.
Segundo GIVONI (1976), o clima é determinado pelo padrão das variações dos vários
elementos e suas combinações, destacando que os principais elementos climáticos que
interferem no conforto são: radiação solar, comprimento de onda da radiação, temperatura do ar,
umidade, ventos e precipitações.
Os Fatores Climáticos determinam e dão origem ao clima para os distintos locais da Terra,
caracterizando uma dada região, já os Elementos Climáticos são os que mais interferem no
desempenho térmico dos espaços construídos.
Todos os elementos e fatores atuam em conjunto, sendo que cada um deles é o resultado da
conjugação dos demais.

Fatores Climáticos
• Latitude
• Altitude
• Ventos
• Massas de água e ar
• Topografia
• Vegetação
• Superfície do solo

A latitude é medida a partir do Equador. Mede-se a latitude de 0º a 90º e se dirá que é


Norte, se estiver acima da linha do Equador, e Sul, se estiver abaixo.
Ela determina o ângulo de incidência dos raios solares com relação ao plano do horizonte.
Quanto maior for a latitude, menor será a quantidade de radiação solar recebida.
A longitude se refere mais à localização, é medida com relação ao meridiano de Greenwich
(semicírculo que passa pelos pólos e pelo observatório de Greenwich situado na Inglaterra).
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As longitudes são medidas de 0º a 180º, a leste ou a oeste do Meridiano.

Sendo que
 Longitude dado pelo ângulo ǿ1
 Latitude dada pelo ângulo ǿ2

A altitude está referida ao nível do mar, é um dos fatores que mais exerce influência sobre a
temperatura.
A temperatura do ar diminui numa proporção constante com a altura, pelo fato do ar estar
menos carregado de partículas, que por sua vez aumentam a temperatura do ar ao absorverem
as radiações solares e as difundirem.
O vento é uma consequência direta da variação das pressões atmosféricas, dadas pelo
aquecimento e esfriamento das terras e mares, pelo gradiente de temperatura do globo terrestre
e pelo movimento de rotação da Terra (Força de Coriolis).
A proporção entre as massas de terra e os corpos de água num dado território produz um
impacto característico no clima.
As brisas terra-mar, sentidas em regiões litorâneas, são explicadas a partir da diferença do
calor específico entre ambos.
Enquanto a água possui um calor específico alto, a acumulação de temperatura é muito mais
baixa que a da terra.
Segundo FROTA et al. (1995), durante o dia, a terra se aquece mais rapidamente que a água,
e o ar força uma circulação da brisa marítima no sentido mar-terra.
À noite, este sentido se inverte, pois a água, por demorar mais a esfriar que a terra encontra-
se momentaneamente mais quente, gerando uma brisa terra-mar.

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A forma da superfície terrestre afeta


particularmente o microclima. A topografia é o
resultado de processos geológicos e orgânicos.
Um relevo acidentado pode se constituir em
barreira aos ventos, podendo influenciar nas
condições de umidade e de temperatura do ar
em relação à escala regional.

A vegetação auxilia na diminuição da


temperatura do ar, absorve energia, favorece a
manutenção do ciclo oxigênio-gás carbônico
essencial à renovação do ar, proporciona
sombra e frescor.
A sombra é um dos recursos mais
eficazes para combater o desconforto pela
radiação, principalmente, nas regiões tropicais
úmidas.
A figura mostra fotos tiradas de uma maquete e o arranjo das sombras das árvores num
dia de verão desde o período da manhã até o entardecer.

Figura 05 – Sombras no verão, desde o amanhecer até o entardecer. Fonte: OLGYAY (1998).

O próprio processo de fotossíntese auxilia na umidificação do ar através do vapor d’água


que libera.
A vegetação tende a estabilizar os efeitos do clima sobre seus arredores imediatos,
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reduzindo os extremos ambientais.


Como grande parte da energia absorvida pelas folhas é utilizada para seu processo
metabólico, ela irradia menos calor que qualquer material que por sua vez transforma em calor
toda a energia absorvida.
Os elementos de paisagem podem mudar o movimento do ar e sua velocidade,
melhorando ou piorando as condições de conforto.
As árvores e os arbustos, os muros e as barreiras podem formar zonas de baixa e de alta
pressão, transformando, assim, o micro clima ao redor do edifício.

Modificações da corrente de ar
produzidas pela vegetação. Fonte:
HERTZ (1998)

Figura 07 – Efeitos dos arbustos sobre o fluxo do ar interno. Fonte: HERTZ (1998)

A superfície do solo interfere nas condições climáticas locais, pois quanto maior for a
umidade do solo, maior será a sua condutibilidade térmica.
Um solo pouco úmido se esquenta mais depressa durante o dia, mas à noite devolverá o
calor armazenado rapidamente, provocando uma grande amplitude térmica diária.

1.2. Elementos Climáticos


 Radiação Solar
 Temperatura
 Umidade do ar
 Precipitações;
 Movimento do ar;

A radiação solar é uma energia eletromagnética, transmitida pelo sol que atinge a Terra

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após ser parcialmente absorvida pela atmosfera.


Ao atravessar a atmosfera, a radiação é dispersada, em parte devido à ação da poeira e
de outras moléculas em suspensão, em parte porque é refletida difusamente a partir da fração
inferior das nuvens (OLGYAY, 1998)

O aumento da temperatura do ar é produzido, pela radiação que penetra na atmosfera e


é refletida uma parte pela terra ou pelas nuvens e a outra absorvida pelos níveis inferiores da
atmosfera.
A radiação terrestre é a diferença entre a quantidade de radiação recebida e emitida de
volta a partir da superfície da Terra. Ela é maior quando a atmosfera está clara e seca e menor
quando a quantidade de vapor d’água, poeira e nuvens aumentam.

A quantidade de calor absorvido pela Terra está em equilíbrio com as perdas de calor.
Estão envolvidos nos processos de perdas de calor: a radiação, evaporação e convecção.
A direção da radiação é determinada pela localização do sol, informada pelos ângulos
azimute e altura.

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Tem-se: (X) estrela; (A) o observador; (h) altura da estrela medida a partir do horizonte do
observador (arco XX’), (a) azimute medido no plano do horizonte a partir da direção norte, à
direita do observador (arco NX’).
A radiação solar pode ser absorvida e refletida pelas superfícies opacas sobre as quais
incide. A areia absorve com facilidade a energia solar, enquanto a neve a reflete.

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Porcentagens da absorção e reflexão da radiação. Fonte: KONYA (1981)

A quantidade de radiação solar absorvida e refletida sofre também a influência do ângulo


em que os raios solares atingem a superfície sobre a qual incidem.

Posição da terra em relação ao sol, nos solstícios (quando o sol atinge


perpendicularmente os trópicos nos dias especificados na figura e às 12 horas).
Fonte: FROTA et al.
(1995).

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A relação entre as taxas de aquecimento e esfriamento da superfície da terra é o fator


determinante da temperatura do ar. Ela varia permanentemente de acordo com os fatores
climáticos numa dada região.
A umidade do ar é conseqüência da evaporação das águas e da transpiração das plantas.
A capacidade do ar para conter vapor d’água aumenta com a temperatura.
Umidade absoluta é o peso do vapor de água contido em uma unidade de volume de ar
(g/m³).
Umidade relativa é a relação da umidade absoluta com a capacidade máxima do ar de
reter vapor d’água, àquela temperatura.
A evaporação das águas de superfície leva à formação de nuvens que redistribuem a água
na forma de chuva ou outras precipitações; esta água flui através de córregos, rios e outros e
volta para o oceano, completando o ciclo hidrológico.
A relação entre as taxas de aquecimento e esfriamento da superfície da terra é o fator
determinante da temperatura do ar. Ela varia permanentemente de acordo com os fatores
climáticos numa dada região.
A umidade do ar é conseqüência da evaporação das águas e da transpiração das plantas.
A capacidade do ar para conter vapor d’água aumenta com a temperatura.
Umidade absoluta é o peso do vapor de água contido em uma unidade de volume de ar
(g/m³).
Umidade relativa é a relação da umidade absoluta com a capacidade máxima do
ar de reter vapor d’água, àquela temperatura.
A evaporação das águas de superfície leva à formação de nuvens que
redistribuem a água na forma de chuva ou outras precipitações; esta água flui através
de córregos, rios e outros e volta para o oceano, completando o ciclo hidrológico.

Clima Urbano

Uma aglomeração urbana não apresenta, necessariamente, as mesmas condições


climáticas relativas ao macro clima regional na qual está inserida.
Segundo ROMERO (1988), “da análise do aspecto do solo construído ou modificado pela
ação do homem destaca-se o processo de urbanização que, ao substituir por construções e ruas
pavimentadas a cobertura vegetal natural, altera o equilíbrio do micro ambiente. Isto produz
distúrbios no ciclo térmico diário, devido às diferenças existentes entre a radiação solar recebida
pelas superfícies construídas e a capacidade de armazenar calor dos materiais de construção.
O tecido urbano absorve calor durante o dia e o re-irradia durante a noite. A isto se deve
acrescentar o calor produzido pelas máquinas e homens concentrados em pequenos espaços
da superfície terrestre”.
Segundo DETWYLER (1974) citado em ROMERO (1988), as alterações climáticas
provocadas pela urbanização são três:
 Mudança na superfície física da terra, que fica impermeável pela densa construção e
pavimentação, causando aumento da capacidade térmica e rugosidade, além da alteração
do movimento do ar;
 Aumento da capacidade armazenadora de calor, com a diminuição do poder difusor da
superfície (capacidade de receber e refletir a luz do sol);
 Emissão de contaminantes, que aumentam as precipitações e modificam a transparência
da atmosfera.
Essas alterações climáticas podem ser tais que as áreas urbanas, principalmente as maiores,
resultem em verdadeiras Ilhas de Calor, com uma circulação de ar típica que faz a cidade se
parecer com uma ilha quente rodeada por um entorno mais frio.
Um movimento circulatório de gases, em que os poluentes são carregados pelas correntes
verticais e logo dispersos sobre o entorno num processo contínuo que conforma dentro de um
domo.
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A arquitetura deve contribuir para minimizar a diferença entre as temperaturas externas e


internas, amenizar as sensações de desconforto impostas pelos climas rígidos, tais como os de
excessivos calor, frio ou ventos, como também propiciar ambientes que sejam, no mínimo, tão
confortáveis como os espaços ao ar livre em climas amenos.
Alguns princípios gerais devem ser considerados quando se incorpora a preocupação
bioclimática ao desenho urbano.
Tais princípios vêm para controlar os fatores climáticos como a ventilação e a radiação.

4.2- RADIAÇÃO
Como exemplo, no desenho que se segue, verifica-se, a radiação refletida pelas paredes
das construções vizinhas.

No outro caso, a radiação solar absorvida e contribuindo para a umidificação do ar. Já à


noite, quando cessa a radiação solar direta, ocorrem as perdas noturnas de calor.

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Os princípios para o controle da radiação solar refletida são o uso da vegetação, o uso de
materiais e cores pouco refletivos, ou ainda a utilização de varandas, alpendres entre outros.
Vale lembrar que esses princípios são determinados após análise específica do clima da região
estudada.

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4.3- VENTILAÇÃO
Sobre a ventilação, o movimento do ar no meio urbano está em relação direta com as
massas edificadas, a forma destas, suas dimensões e sua justaposição.
Numa escala menor, o movimento do ar, afeta os pedestres e as edificações, pois aumenta
a perda de calor por convecção ou leva calor e poeira.
Para o controle deste fenômeno tem-se o uso da vegetação, a otimização dos volumes
edificados, a introdução de movimentos de terra, do mobiliário urbano entre outros.
Uma série de efeitos aerodinâmicos do vento sobre as massas construídas foi analisada
por J. Gandemer. Os principais efeitos são: efeito pilotis, efeito de esquina, efeito de barreira,
efeito de Venturi e efeito de canalização.

CARACTERIZAÇÃO DOS CLIMAS TROPICAIS E DIRETRIZES GERAIS

Nas regiões de clima quente-seco, precisam ser controladas as seguintes variáveis


climáticas: insolação elevada, diferenças acentuadas de temperatura entre o dia e a noite, ventos
carregados de pó e areia, umidade relativa do ar baixa.
O controle deve se dar pelo conforto e pela qualidade do ar.
Nas regiões quente-secas sem inverno, a ocupação do espaço deve ser densa e
sombreada. A forma deve ser compacta e com as menores aberturas possíveis para a exposição
à radiação solar.
As ruas devem ser estreitas e curtas com constantes mudanças de direção para diminuir
o vento carregado de pó em suspensão.
Para favorecer os deslocamentos de pedestres é aconselhável que a orientação das ruas
permitam sombrear um lado.

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Os lotes devem ser estreitos e longos e as edificações contínuas. A ventilação é provocada


internamente, evitando que a excessiva luminosidade da região afete, pela reflexão, o interior
das construções.
Os espaços públicos devem ser de pequenas proporções com presença de água e
sombreados pelos edifícios altos e por dispositivos complementares (galerias, marquises etc)
É no edifício que a umidade deve ser obtida através da solução dos pátios com presença
de água e vegetação resguardada pela sombra da edificação.
No clima quente-úmido, as variáveis são intensa radiação solar, altas taxas de umidade
do ar associada à temperatura elevada e grandes índices de precipitação.
O controle deve ser na diminuição da temperatura, no incremento do movimento do ar, no
impedimento da absorção da umidade, na proteção das chuvas e na solução para o escoamento
pluvial rápido.
A forma deve ser dispersa para permitir a ventilação.
As construções devem ser separadas entre si e rodeadas de árvores que proporcionem o
sombreamento necessário e absorvam a radiação solar. Deve-se procurar um espaço contínuo
de integração.
Nas áreas densamente construídas, a construção de edifícios altos entre baixos favorece
a ventilação. A situação inversa provoca uma barreira que impede a penetração do ar no tecido
urbano.
As ruas devem oferecer espaços ensolarados e sombreados acompanhados de
vegetação.
Os lotes devem ter vedações de preferência naturais e o alinhamento das edificações não
deve ser rígido.
Os espaços abertos devem prevalecer, e ser arborizados, permitindo a ventilação que
auxilia nos espaços construídos.
No clima tropical de altitude, verifica-se condição semelhante ao clima tropical úmido
durante o período de chuva e semelhante ao clima tropical seco no período da seca.
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As diretrizes para o desenho urbano não conseguem atender a todas as exigências, então
o desempenho das edificações é fundamental.
Quanto à forma, um traçado compacto seria o indicado para subtrair a maior quantidade
de superfície à exposição solar e diminuir o resfriamento noturno das edificações, porém
introduziria outro problema, eliminaria a ventilação e a massa de ar encontraria um obstáculo
inicial que a conduziria a passar por cima das construções.
A forma ideal seria a criação do efeito pátio para aumentar a umidade do ar.
As ruas devem ser arborizadas e orientadas num sentido que permite obter uma face
sombreada para auxiliar a edificação e o pedestre.
Nestas regiões, as ruas devem canalizar os ventos dominantes para obter as brisas
necessárias no verão, porém a vegetação deve bloquear os ventos frios de inverno.
As ruas e as áreas livres devem ser sombreadas com árvores de grande copa para
canalizar as brisas do verão e reduzir a reflexão da radiação solar, embora deixando penetrar o
sol no inverno.
O bom aproveitamento da orientação da rua com relação aos ventos depende das
edificações que a margeiam.
Deve ser evitada a canalização excessiva dos ventos, já que, ao contrário de introduzir
uma amenização do ambiente, o tornam desconfortável.
Permite-se grande liberdade para os tamanhos e as formas dos lotes.
Em geral para uma adequada ventilação e para o impedimento da radiação excessiva, é
aconselhável um alinhamento que permita reentrâncias e saliências.
Os espaços públicos: razoavelmente abertos e densamente arborizados. Substituir as
superfícies asfaltadas pelas gramadas, para reduzir a absorção da radiação solar e a reflexão
das construídas.

5. CONFORTO VISUAL: ACÚSTICA

A noção de conforto ambiental deve-se aos nossos 5 sentidos. Portanto, é uma resposta
subjetiva, determinando quais condições são favoráveis ou não.
A acústica estuda os fenômenos do som e sua interação com nossos sentidos para
minimizar as condições desfavoráveis, como ruídos, buscando:
Eliminar/reduzir ao máximo os ruídos que podem comprometer a audição;

“Controlar” os sons, evitando interferências excessivas (ecos, reverberações, etc.),

garantindo entendimento perfeito entre ouvinte e locutor.

5.1- CONCEITOS FUNDAMENTAIS


Som é uma onda mecânica e depende de quatro fatores:
 Superfície: quando excitada pela fonte produz vibrações;
 Meio de propagação: caminho físico do som – sólido, líquido ou gasoso;
 Receptor: o de maior interesse, na acústica é o homem.
O som se propaga por movimentos oscilatórios - molécula oscila em seu ponto original –
e causa regiões de condensação e rarefação (a pressão varia).
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A perturbação da superfície (fonte primária) desencadeia movimentos oscilatórios


sucessivos no meio (fonte secundária), até chegar ao receptor. Facilitando o estudo do
comportamento de ondas sonoras, convenciona-se:
 Frente de onda - “linha” que une pontos de mesma fase (rarefação ou compressão).
Esférica próxima à fonte e plana quando afastada;
 Raio sonoro -consiste em uma linha imaginária perpendicular à frente de onda que
determina a direção da frente de onda.

Nosso sistema auditivo é capaz de distinguir dois tipos de som, pela agradabilidade ou
desconforto: o som musical e o ruído; ou ainda pelas características físicas.
Ruídos podem incomodar (percepção subjetiva) ou danificar imediata e irreversivelmente
o ouvido, conforme o tempo e intensidade de exposição.
O entendimento das características físicas do som como onda é de suma importância
para os estudos de projetos acústicos, vejamos agora alguns:

Para a Física, freqüência é a quantidade de vezes que a molécula oscila em 1 segundo,


medida em Hertz ou c/s (ciclo por segundo). Também considerada o inverso do período (T) e
determina o tom grave ou agudo.
A freqüência é igual a um Hertz. Fonte: Philips Eletronics (2000). p.12
O som mais grave que o ouvido humano consegue detectar é de aproximadamente 20 Hz,
e mais agudo está na faixa de 20.000 Hz

Verifica-se através das figuras anteriores que é possível determinar a oscilação completa
da partícula, o comprimento de onda (λ), medido entre picos.
Existe uma relação inversa do comprimento de onda com a freqüência. Quanto menor a
freqüência, maior o λ e quanto maior a freqüência, menor o λ.
Outra característica da propagação de ondas é a fase, que depende do instante em que
a onda começou, acarretando outros fenômenos. Aqui, podemos falar do Efeito Doppler -
mudança aparente de freqüência. Se fonte e observador se aproximam, o som fica mais agudo
- a freqüência aparentemente aumenta e λ diminui. O contrário acontece se fonte e observador
se afastam - freqüência diminui e λ aumenta (som mais grave).

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A Amplitude é o máximo valor atingido no eixo vertical (crista ou vale) em um período. É


a grandeza responsável pelo “volume” do som.
Assim, ao invés de dizermos que o “volume” do som está “alto/baixo”, devemos dizer que
ele está com alta/baixa amplitude ou intensidade.
Amplitude e intensidade (ou pressão sonora) são diretamente proporcionais (aumentam
ou decaem na mesma proporção).
A Intensidade é a energia transmitida pelo som, em watt/m2, e reduz proporcionalmente
ao quadrado da distância - duplicando
a distância em relação à fonte, o som
“diminui” 4 vezes.

A faixa muito ampla de intensidades (10-12 a 1 watt/m²) e o fato de


incrementos iguais de sensação sonora necessitar de excitação exponencial
forçaram a simplificação dos cálculos e manipulações dos dados sonoros.
Assim, adotou-se uma função logarítmica definindo a intensidade da
sensação auditiva, resultando no nível sonoro de intensidade ou no nível
sonoro de pressão, medidos em decibel (dB) - 1 bel = 10 decibéis.
A velocidade mede o espaço percorrido em determinado tempo.
Independe da freqüência e da amplitude da onda, mas depende das características do meio em
que se propaga: pressão, umidade, temperatura e do próprio meio (materiais diferentes).
A Propagação do som: Qualquer planejamento de projeto acústico se baseia nos
fenômenos de propagação do som no ar e sólidos, pois o som não se propaga no vácuo.
A Reflexão para ondas de qualquer natureza, os ângulos dos raios incidentes e refletidos
são iguais em uma mesma superfície, independente de sua natureza. Contudo, a forma da
superfície - plana (a), convexa (b) ou côncava (c) - interfere na direção do raio refletido, conforme
apresentado na figura abaixo. Para raios divergentes, o som difunde, raios convergentes há
formação de um foco, que deve ser evitado perto do ouvido do espectador. A reflexão é a
responsável pelos ecos e reverberações.

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A absorção ocorre na superfície incidente e é responsável pelo decaimento da energia


sonora, fenômeno importante na arquitetura. A energia absorvida pode ser transformada em
outros tipos de energia (principalmente térmica), produzir nova fonte sonora no material
incidente, ou refratar o som para o terceiro (energia transmitida).

O fenômeno chamado difração é o encurvamento sofrido pelos raios de onda quando esta
encontra obstáculos à propagação.
Imagine a situação em que uma onda se propaga em um meio, até onde encontra uma
fenda posta em uma barreira.
Este fenômeno prova que a generalização de que os raios de onda são retilíneos é errada,
já que a parte que atinge a barreira é refletida, enquanto os raios que atingem a fenda passam
por ela, mas nem todas continuam retas.
Se esta propagação acontecesse em linha reta, os raios continuariam retos, e a
propagação depois da fenda seria uma faixa delimitada pela largura da fenda. No entanto, há um
desvio nas bordas.
Este desvio é proporcional ao tamanho da fenda. Para o caso onde esta largura é muito
inferior ao comprimento de onda, as ondas difratadas serão aproximadamente circulares,
independente da forma geométrica das ondas incidentes.

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A interferência é a superposição da propagação de ondas. Pode ser:


Construtiva - ondas em mesma fase somam suas amplitudes;
Destrutiva - ondas em fases diferentes anulam suas amplitudes.
Este fenômeno associado à reflexão é responsável pela formação de ondas estacionárias
- superposição de ondas iguais, mas de sentidos opostos.
A interferência também é responsável pelos harmônicos – freqüência fundamental (f0)
superposta por parciais (múltiplos de f0), - responsável pelo timbre, nos permitindo diferenciar
sons de vozes e instrumentos diferentes.

5.2 – COMPORTAMENTO DO SOM NOS AMBIENTES


Condições acústicas desfavoráveis acarretam problemas como: dificuldade de
comunicação, irritabilidade e efeitos nocivos à audição e saúde.

Reverberação
Em ambientes fechados, existem dois campos sonoros: da fonte e o refletido.
Chegando juntos, reforçam o som, chegando separados, em pequeno intervalo,
atrapalham o entendimento, caracterizando a reverberação. O Conforto Térmico visa, de forma
prática, contribuir para a construção de espaços adequados integrados com qualidade ambiental.

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O tempo de reverberação mede o tempo entre: o desligamento da fonte e a extinção do


som no ambiente, no qual a intensidade sonora cai 1 milhão de vezes (60 dB) - e representa a
capacidade de absorção sonora do ambiente.

Esta medida depende do volume da sala (mais importante) da área das superfícies, do
coeficiente de absorção de cada revestimento e da absorção.
Tempos de reverberação de 3 a 2 segundos são aceitáveis; de 2 a 1,5, bons e de 1,5 a
0,5s muito bons, segundo Watson (apud Carvalho, 1967).
O eco é a repetição nítida e distinta de um som direto que, após refletido, chega aos
nossos ouvidos em intervalo acima de 1/15 de segundo.
Considerando-se a velocidade do som no ar em 345 m/s, o objeto que causa essa reflexão
no som deve estar a uma distância de 23 m ou mais.
Ruído e Inteligibilidade da voz: Uma conversa depende da inteligibilidade (> 90%) - nível
de barulho baixo, ausência de ressonância forte, eco e concentração sonora - permitindo a
compreensão do som em todo o ambiente, ainda que razoavelmente.
É útil o som que chega ao ouvido antes de 0,05 s, aumentando a sensação auditiva. Acima
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deste intervalo é prejudicial, dá origem à confusão (reverberação), pois, o ouvido bloqueia e se


recompõe naquele intervalo.
Para cada volume de ambiente existe uma reverberação ideal garantindo a inteligibilidade.
Para tempo de reverberação alto, uma palavra não tem tempo ser ouvida antes que se pronuncie
a seguinte.
Acústica arquitetônica: O tratamento acústico visa atenuar o nível de energia sonora,
através de isolamento atenuador, tratamento absorvente ou os dois combinados.
Para ouvintes em local diferente da fonte sonora, indicam-se barreiras ou painéis isolantes
- no mesmo ambiente, superfícies acústicas absorventes.
Acústica dos recintos fechados: O comportamento do som nos recintos fechados
depende:
 Da forma interna-o comportamento do som controlado pela reflexão - paredes e
teto - quanto mais irregular maior será o desvio e enfraquecimento da energia
sonora.
 Capacidade de absorção e, do volume do compartimento;
 Recintos fechados devem possuir também condições mínimas de conforto térmico
e visual e funcional.
Acústica de recintos abertos - Concha acústica: É necessário que o som seja dirigido
e concentrado sobre a platéia, por refletores chamados de concha acústica, devido à forma
côncava.
Na construção da concha acústica, devemos ponderar:
 A topografia: apresentar um plano inclinado para localizar a platéia;
 O micro-clima: de preferência silencioso e desprovido de ventos, só tolerado no sentido
concha/platéia (velocidade máxima: 15 Km/h).
Os revestimentos devem ter: elevado coeficiente de reflexão sonora, resistência à
intempéries, estrutura rígida monolítica evitando vibrações nas ligações.

5.3 – ISOLAMENTO ACÚSTICO, CONTROLE DE RUÍDO E DO SOM.


Um projeto de isolamento ou controle de som/ruído inicia-se no planejamento,
considerando:
Localização e classificação do som: objetiva e física;
Níveis sonoros adequados às diferentes situações, horários e locais;
Custo: opções técnicas reduzem a utilização de materiais isolantes (caros):
1. Determinar o nível de ruído produzido por fontes e dependências, classificando-os
conforme o nível aceitável;
2. A locação: edificações, fontes e cômodos, segundo a função e silêncio necessários
- ruidosos e silenciosos o mais distante possível;
3. A locação de fontes e máquinas que transmitam seus ruídos através da estrutura e
diretamente acima das fundações (DE MARCO, 1982);
4. Adequar aberturas (portas e janelas) aos interesses do isolamento.
Os itens 1, 2 e 3 são medidas de controle na fonte; o item 4 na trajetória e no homem
ocorre com a utilização de equipamentos de proteção individual –EPI’s.
A resistividade acústica - velocidade do som no material multiplicado por sua densidade -
define o material acusticamente duro (resistividade alta) e mole (resistividade baixa). Devem ser
o mais diferente possível da substância em cuja propagação do som se deseja isolar (Lei de
Berger). A absorção ajuda a reduzir o som reverberante, mas seu efeito é pequeno frente ao
isolamento. Assim, técnicas de isolamento barateiam o projeto. Condições acústicas
desfavoráveis acarretam problemas como: dificuldade de comunicação, irritabilidade e efeitos
nocivos à audição e saúde.
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Tipos de isolamento

1. Isolamento aéreo

Trata-se da propagação do som/ruído no ar. Por isso, devemos usar materiais


pesados e densos, sendo que a quantidade de isolamento depende:
 Da freqüência do som incidente
 Das características construtivas da parede: quanto mais densa, maior o isolamento
(rigidez).
Com isso, o peso de uma parede isolante pode se tornar excessivo e custoso.
Então, novas técnicas devem ser utilizadas, como a seqüência de materiais com
resistividade diferente. Ex.: paredes duplas (colchões de ar)-isolam de 5 a 10dB.
Sua espessura tem o limite ótimo a partir do qual devemos utilizar outros materiais e
técnicas.

2. Isolamento de Impacto

Trata do ruído que se propaga nos sólidos (preocupação nos prédios de apartamentos) e
neste caso, os materiais utilizados são elásticos e duráveis.
São utilizados colchões de ar “mole” e outros materiais, tais como: concreto celular,
tecidos, feltros, linóleo, lã-de-vidro, Eucatex, estruturas independentes ou pisos flutuantes (laje
para piso de concreto ou madeira), apoiada em capa flexível (lã, vidro, isopor, borracha, etc), que
o separam totalmente da laje estrutural.

3. Barreira

O sucesso efetivo na escolha e implantação de uma barreira deve-se a:


 A aceitação da população afetada;
 A integração da barreira com outros fatores ambientais: paisagem, iluminação,
clima, acesso, fauna, cultura, história, segurança, etc;
 Aspectos técnicos: criatividade, materiais, cor, tipo, eficiência, tamanho, forma,
ângulo de incidência, aberturas na superfície (fissuras/frestas muito largas não
atenuam o som, e estreitas podem amplificá-lo), custos, integração com
planejamento urbano e vegetação local.

O principal efeito da barreira: redução do raio sonoro direto, formação de zona de


sombra e difração do raio sonoro.

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O bom desempenho da barreira depende da geometria do anteparo, das distâncias


fonte/barreira/receptor, das condições atmosféricas, da influência do piso, do material do
anteparo, da influência da vegetação e da psicoacústica.

Figura 45- Efeito dos raios sonoros na barreira. Fonte: Bernardi, 2002.

O desempenho é avaliado de forma objetiva - níveis de pressão sonora, parcelas


transmitidas, refletidas, absorvidas e difratadas - ou subjetivamente – percepção - antes e depois
da instalação da barreira.
A - Barreiras reflexivas: Sólidos homogêneos, opacos ou transparentes. Ex.: madeira e
concreto. Interação com conforto visual: permite visão total ou parcial e obstrução parcial da
iluminação
B - Barreiras absortivas: Porosos, geralmente opacos. Ex.: fibra de madeira, concreto
granulado e lã mineral revestidos por materiais mais robustos.
C - Barreiras reativas: Geralmente material opaco, com cavidades ou ressonadores
atenuando freqüências específicas - som penetra por pequenas aberturas na superfície.

6.

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NOÇÕES DE PAISAGISMO

O Paisagismo no Brasil
Profª Soeni Bellé
Bento Gonçalves, março de 2013.

Durante o período colonial não houve desenvolvimento do paisagismo no Brasil, uma vez
que a tradição portuguesa de construir sobre os limites do terreno impediam a formação de
jardins residenciais. Houve muita mistura de estilos, com presença de azulejos do estilo
espanhol, obeliscos em granito e mármore de estilo italiano e organização espacial francesa.
Os primeiros passeios públicos tiveram início no final do século XVIII e as famílias ricas
seguiram modelos europeus em seus jardins. Com a chegada de D. João VI no Rio de Janeiro,
foram criadas várias praças e parques e fundado o Horto Real, atual Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Neste período foram introduzidas várias espécies como cinamomo, canforeira, falsa
murta, dilênia, gardênia, cássia, cróton e acalifa, entre outras.
Entre 1836 e 1860, o paisagista alemão Ludwig Riedel iniciou a arborização do Rio de
Janeiro. No entanto, o povo acreditava que as árvores disseminavam doenças.
O grande paisagista brasileiro foi Roberto Burle Marx, que iniciou sua atuação em 1934 e
atingiu renome internacional. Roberto Burle Marx renovou o paisagismo no Brasil, pesquisando
e valorizando as espécies nativas. Utilizou princípios da arte moderna no desenho e distribuição
dos jardins. Demonstrou uma grande preocupação com as condições locais, instaurando o jardim
tropical.
Entre suas obras, destacam-se:
- Parque Ibirapuera, SP
- Jardins e passeios da praia de Botafogo e Parque do Flamengo, RJ
- Jardins do prédio da UNESCO, Paris/FR
- Parque Del Este, Venezuela

6.1- METODOLOGIA PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS


Segundo o paisagista Benedito Abbud “o paisagismo é a única expressão artística em que
participam os cinco sentidos do ser humano”.
O jardim deve atender às necessidades dos moradores ou usuários daquele espaço. Por
isto é fundamental conhecer o perfil destes usuários, buscando-se atender às diferentes
necessidades de crianças, idosos ou pessoas com necessidades especiais.
A preferência dos usuários por espécies vegetais, estilo paisagístico ou aspecto estético
é fundamental para que o jardim tenha personalidade e significado, diferenciando-se dos projetos
massificados que normalmente são encontrados nas cidades.
O projeto de um jardim inicia pelo estudo do local onde o mesmo será implantado. Nesta
etapa devem ser observados aspectos como a área disponível, limites do terreno, topografia, tipo
de solo e drenagem do local, vegetação existente, exposição solar, ocorrência de ventos ou
geadas, presença de fiação elétrica e tubulações, entre outros. Estes dados devem ser
analisados, buscando-se conciliar as necessidades e aspirações dos usuários com as
possibilidades e limitações do local.
Se no local ocorrerem problemas especiais como inundações, erosão, preservação, ou
outros, estes devem ser analisados, podendo-se necessitar de técnicos especializados,
trabalhando-se com equipe interdisciplinar.

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A segunda etapa é o levantamento das aspirações ou necessidades dos usuários. Para


tanto pode-se utilizar questionários ou realizar entrevistas e reuniões, envolvendo a comunidade
ou o cliente no processo.
Uma vez de posse destes dados, o paisagista fará uma interpretação, buscando definir as
áreas com atividades afins. Deve-se conciliar o que o cliente ou os usuários desejam com as
possibilidades da área, definindo-se a vocação do local.
Pode-se fazer um pré-dimensionamento espacial ou um croquis, onde são distribuídas as
atividades e usos que a área terá, a partir do estudo dos requisitos ecológicos (como a
necessidade de exposição solar e a profundidade do solo), estéticos (cor, textura, visuais) e
técnicos (iluminação, drenagem, irrigação) necessários para o desenvolvimento de determinadas
atividades ou localização de espécies.
O croquis é um desenho rápido, que apresenta a essência da idéia. A partir docroquis o
paisagista elabora o ante projeto, que é apresentado ao cliente para tomar conhecimento do
mesmo e propor mudanças, se forem necessárias. Pode-se apresentá-lo na forma de planta
baixa, utilizar maquetes e desenhos em perspectivas, de forma a torná-lo o mais compreensível
para os futuros usuários.
Após o anteprojeto sofrer as necessárias correções, é feito o seu detalhamento para
apresentação do projeto final. Este deve conter todas as especificações e detalhamentos
necessários para a correta implantação do projeto. Acompanhando a parte gráfica, elabora-se o
memorial descritivo que contém as explicações e recomendações sobre o projeto.
Após implantado, o técnico deve acompanhar como a comunidade está utilizando aquele
espaço, de forma a ter um “feed-back” das propostas feitas, podendo avaliar se os materiais, a
vegetação e os equipamentos implantados estão servindo para a finalidade proposta.

6.2- APRESENTAÇÃO DE PROJETOS PAISAGISTICOS


O projeto paisagístico é apresentado através de uma parte gráfica e uma escrita.
Podem ser usadas plantas-baixas, representações em elevação, cortes e maquetes para
tornar clara a idéia do paisagista.
As plantas-baixas devem ser apresentadas em escala adequada à compreensão do
projeto e de acordo com a dimensão da área a ser tratada. Por exemplo, no caso de pequenos
jardins pode-se usar a escala de 1:50 e para jardins de chácaras ou residências a escala de
1:100. Em praças a escala de 1:500 é muito utilizada e no caso de grandes áreas como parques
ou no tratamento paisagístico de rodovias utilizam-se escalas entre 1:1000 a 1:2500.
O selo da planta deve ter largura de 17,5 cm de largura e altura variável, situado no canto
inferior direito. Deve conter as seguintes informações: título, proprietário, localização, nome do
profissional responsável pelo projeto, data, escala, número da prancha. A margem esquerda da
planta deve ter 2,5 cm e as demais margens 1 cm.
A parte escrita é chamada de memorial descritivo e deve conter as seguintes informações:
- localização da área
- características e estilo do jardim
- relação das espécies vegetais e recomendações sobre a manutenção das mesmas
- elementos construídos
- instalações específicas (água, luz, ...)
- trabalhos a realizar, como terraplanagem, adubação
- orçamento
- contrato

O memorial pode ser apresentado da seguinte forma:

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1. Introdução: objetivos do projeto.


2. Caracterização da área a ser tratada.
2.1. Localização
2.2. Dimensões da área
2.3. Clima
2.4. Solo
2.5. Vegetação existente na área
2.6. Vegetação típica da região
3. Representações gráficas
4. Critérios para elaboração do projeto (seleção das espécies e das construções)
5. Relação e instruções para a construção das edificações
6. Instruções para o plantio das espécies vegetais
7. Instruções para a manutenção das espécies vegetais
8. Orçamento geral: materiais, mudas, mão-de-obra, assistência técnica. Segundo o
paisagista Benedito Abbud “o paisagismo é a única expressão artística em que participam os
cinco sentidos do ser humano”.

6.3- A ESCOLHA DA VEGETAÇÃO NO PLANEJAMENTO


A vegetação é o principal elemento de um jardim, uma vez que estrutura o espaço e
propicia diferentes sensações.
Pode-se selecionar a vegetação de acordo com a sua função na estruturação do espaço,
uma vez que ela nos permite criar diferentes planos, como: plano vertical ou de vedação, plano
de teto e plano de piso.
Assim, podemos dividir a vegetação nos seguintes grupos, de acordo com a sua função
na estruturação do espaço:
- Forrações: vegetação rasteira que tem por objetivo formar o plano de piso, cobrindo o
solo em áreas abertas ou o substrato, no caso de floreiras e vasos.
- Arbustos: podem formar o plano vertical, ou de vedação, como no caso dos arbustos
altos usados em cercas vivas; já os arbustos baixos podem dividir espaços sem criar barreiras
visuais.
- Árvores: podem formar o plano de teto (árvores de copa horizontal) ou o plano de
vedação (árvores de copa vertical, como no caso da formação de quebraventos).
- Trepadeiras: podem formar diferentes planos, de acordo com o suporte utilizado. Por
exemplo, quando são cultivadas sobre pérgolas ou caramanchões, podem formar o plano de
teto, proporcionando sombra e abrigo; quando crescem sobre muros ou cercas formam um plano
vertical. Por outro lado, quando não são utilizados tutores, podem cobrir o solo, formando o plano
de piso.
Esta divisão facilita a escolha das espécies a serem usadas, uma vez que podem ser
selecionadas diversas opções de plantas dentro de cada grupo e após ser feito um refinamento
a partir da análise de critérios técnicos e estéticos. Entre os critérios técnicos, deve-se levar em
consideração o seu porte, exigências climáticas, necessidades hídricas e de solo, além dos
aspectos fenológicos e botânicos como época de florescimento e frutificação, caducidade,
sistema radicular, presença de espinhos, entre outros.
As características plásticas ou estéticas irão definir o potencial ornamental de uma espécie
vegetal. Entre estes critérios, podem ser destacados:
- Forma e porte:
A natureza oferece uma riqueza de formas vegetais, encontrando-se plantas mais
arredondadas, ovaladas, alongadas, com galhos arqueados, etc.. O arranjo dos galhos também
pode oferecer diferentes sensações. Galhos ascendentes, por exemplo, transmitem sensação

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de força e altivez, enquanto que galhos descendentes evocam reflexão e leveza, como no caso
de samambaias ou da sálvia da gripe (Lippia alba).
O conhecimento do porte da planta adulta, talvez seja o critério técnico mais importante,
para que possam ser evitados problemas futuros de incompatibilidade entre o espaço disponível
e o crescimento da espécie.
- Cor:
Pode-se explorar a coloração da floração e da folhagem das plantas, buscando as
diferentes sensações que as cores podem produzir. Além disso, deve-se considerar a época de
florescimento de cada espécie e as alterações que ocorrem na coloração da folhagem de acordo
com a estação do ano. Muitas espécies medicinais destacam-se pelo colorido da floração, como
a calêndula (Calendula officinalis), com flores amarelas ou laranja durante o inverno, a
capuchinha (Tropaeolum majus), com flores amarelas, laranja ou em tons de vermelho, durante
a primavera e verão e a lavanda (Lavandula officinalis), com flores lilases praticamente durante
o ano todo. Outras se destacam pela coloração da folhagem, como a pulmonária (Stachys
byzantina), com folhas cinza, a penicilina (Alternanthera brasilis) e o manjericão roxo, com
folhagem desta cor.
Existem também variedades com folhagem variegada, como a hortelã e a sálvia, que
foram utilizadas em composições com outras plantas em floreiras expostas em floricultura da
região.
É preciso considerar que a percepção da cor nas folhas depende também de outros fatores
como o tamanho da superfície, a textura, a pilosidade, capacidade de refletir mais ou menos luz
e de ser mais ou menos translúcida.
As cores quentes (vermelho, laranja, amarelo) transmitem alegria, ação e proximidade,
por isto devem ser usadas preferencialmente em locais amplos, de intensa atividade e em
ambientes que se queira destacar, chamando a atenção dos usuários ou transeuntes.
As cores frias (azul, violeta, verde) transmitem repouso, serenidade, calma e afastamento.
Desta forma, são recomendadas em áreas de descanso ou lazer passivo, de contemplação e em
pequenos espaços, por darem a sensação de amplitude.
Podem ser aplicadas teorias cromáticas, buscando-se obter efeitos de contrastes ou de
harmonia entre tonalidades e matizes. No entanto, a aplicação destas teorias é mais complexa
no paisagismo do que no desenho devido às mudanças que ocorrem na vegetação ao longo do
ano e devido às interações que existem entre cor, textura e densidade da folhagem.
- Textura:
As espécies possuem diferentes texturas, que são percebidas especialmente pelo tato,
mas também pela impressão visual que a superfície das folhas, troncos ou frutos provoca.
Esta característica também altera a cor da vegetação, já que texturas ásperas absorvem
a luz, enquanto que as lisas, a refletem. Desta forma, pode-se obter uma sensação de suavidade
ou agressividade.
Podem ser encontradas plantas medicinais com texturas muito variadas, como por
exemplo, plantas de folhas lisas e suculentas como os bálsamos (Sedum spp), e plantas de
folhas macias e pilosas, como a pulmonária (Stachys byzantina) e a sálvia (Salvia officinalis).
Esta característica deve ser privilegiada em Jardins Sensoriais ou Jardins dos Sentidos,
estimulando-se o tato de pessoas com deficiência visual, de forma a contribuir para que estas
pessoas usufruam dos jardins e conheçam as plantas.
- Transparência:
Refere-se ao volume da folhagem, transmitindo leveza e evitando a formação de barreiras
visuais. A erva doce (Pimpinella anisum), o funcho (Foeniculum vulgare) e a mil folhas (Achillea
millefolium) são exemplos de plantas medicinais que apresentam transparência e leveza.
- Mobilidade:
O movimento dos ramos, folhas ou da planta inteira pode provocar sensações variadas,
sendo interessante ser explorado em jardins sensoriais pela geração de sons a partir dos ventos.
A mobilidade pode destacar a coloração da folhagem, especialmente em espécies que
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apresentem diferentes nuances de cores nas facesdas folhas, como a goiaba da serra (Acca
sellowiana).
- Aroma:
O aroma ou perfume exalado pelas plantas possui efeitos terapêuticos, estimulando o
cérebro e provocando diferentes sensações e emoções. Desde antes de Cristo, como nos jardins
da Pérsia, o perfume das plantas tem sido explorado no paisagismo. Esta característica também
deve ser especialmente explorada nos Jardins dos Sentidos, incluindo-se nestes espaços
abertos pessoas com necessidades especiais, como os que possuem deficiência visual. Muitas
ervas aromáticas e medicinais, como o alecrim, o tomilho, as hortelãs, a lavanda, exalam
perfumes agradáveis e estimulantes.

6. BIBLIOGRAFIA

[1] PALHARES, Fabiana Barbosa. Introdução de Conforto Ambiental: Conforto Térmico,


Edição única, apostila gratuita, FEC/UNICAMP – 2005.

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[2] PALHARES, Fabiana Barbosa. Introdução de Conforto Ambiental: Conforto Acústico,


Edição única, apostila gratuita, FEC/UNICAMP – 2005.
[3] PALHARES, Fabiana Barbosa. Introdução de Conforto Ambiental: Conforto Visual,
Edição única, apostila gratuita, FEC/UNICAMP – 2005.
[4] https://qacademico.bento.ifrs.edu.br/Uploads/MATERIAIS_AULAS/50127-
apostila_PAISAGISMO.pdf
[5] Algumas imagens contidas nesta apostila foram retiradas do google imagens.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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