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RESUMO
A indústria da construção civil é uma das que mais gera resíduos e a que mais consome recursos
no mundo, tanto na fase de fabricação de materiais, construção e demolição. Para driblar esse
problema, o conceito de sustentabilidade vem sendo empregado em construções civis, tanto em
grandes como em pequenos empreendimentos. Porém, o pouco conhecimento por parte de
profissionais e clientes faz com que esse conceito seja visto como algo caro e oneroso. Logo, o
presente trabalho buscou apresentar um projeto residencial de padrão normal que contemple
práticas e técnicas sustentáveis em algumas etapas da construção, alinhando economia e
sustentabilidade. Para a elaboração da pesquisa buscou-se embasamento teórico em livros,
artigos, normas e resoluções, sendo classificada assim como pesquisa bibliográfica e
quantitativa, visto que também foram feitas análises de dados. Ao fim do trabalho, percebeu-se
que é sim possível levar alguns conceitos práticos sustentáveis para residências de padrão
médio, sem elevar demais o custo. E alinhando o projeto com bons hábitos por parte dos futuros
moradores, será possível reduzir consideravelmente a geração de gases e despejo de resíduos
sólidos no meio ambiente.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Edificações sustentáveis. Economia.
1 INTRODUÇÃO
Segundo o CBCS (Conselho Brasileiro de Construção sustentável), a indústria da
construção civil é uma das que mais gera resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) e a que mais
consome recursos no mundo, tanto na fase de fabricação de materiais, construção e demolição.
Por isso o CIB (International Council for Research and Innovation in Building and
Construction), aponta que a construção civil é extremamente importante para o
desenvolvimento da sustentabilidade nos próximos anos, visto que todas as atividades
econômicas atuais dependem de alguma forma desse setor.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a sustentabilidade pode ser entendida
como um caminho para o equilíbrio entre o econômico, social e ambiental, que se somam para
uma sociedade melhor para todos. Logo, as construções sustentáveis visam reduzir ou extinguir
¹ Graduando em Engenharia Civil – Christus Faculdade do Piauí.
² Docente de Engenharia Civil – Christus Faculdade do Piauí.
o impacto gerado ao meio ambiente em toda a fase de projeto, desde o estudo preliminar até a
utilização da estrutura. Segundo Silva, et al (2017), esse tipo de construção utiliza de forma
racional os recursos disponíveis, visando preservá-los da melhor forma possível para as
gerações futuras.
Apesar de não ser uma ideia nova, a sustentabilidade ainda gera dúvidas e mitos entre
clientes e até mesmo profissionais do ramo da construção civil. A falsa ilusão de que
construções sustentáveis são muito mais onerosas que os métodos de construção tradicionais e
de que não trazem um retorno financeiro considerável para os empreendedores, dificulta o
crescimento e desenvolvimento desse conceito. Porém, segundo Kibert (2019), as empresas
podem ter reduções significativas no âmbito operacional da edificação, valorização do imóvel
em até 10,9% em edificações novas, aluguel mais elevado, aumento de ocupação, entre outros.
De acordo com a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental
Design), alguns pontos a serem observados para classificar uma nova construção como
sustentável são: terrenos sustentáveis (preservar vegetação local, redução de ilhas de calor, entre
outros); eficiência hídrica da construção; eficiência energética (redução do consumo de energia
e fontes de energia limpa); materiais e recursos sustentáveis; e qualidade do ambiente interno
(circulação de ar e iluminação natural).
De acordo com a NBR (Norma Brasileira) 12721/2005 - Critérios para avaliação de
custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios
edilícios – Procedimento, uma residência padrão normal é composta por três dormitórios, sendo
um suíte com banheiro, banheiro social, sala, circulação, abrigo para automóvel, cozinha, área
de serviço com banheiro e varanda, além de possuir uma área construída de aproximadamente
106,44 m².
Em regiões cujo as temperaturas são muito elevadas e que o inverno dura por pouco
tempo, é ideal que as construções proporcionem um conforto térmico aos moradores. Para isso,
o posicionamento correto da edificação em relação ao terreno é fundamental, pois segundo
Meulam, et al. (2020) com a orientação ideal da construção é possível reduzir em até 80% o
consumo de energia elétrica com equipamentos de refrigeração.
Diante do exposto, a presente pesquisa buscou levar a sustentabilidade para residências
de padrão normal executadas em regiões quentes, alinhando economia e conforto através de um
projeto que atende as principais características de um empreendimento sustentável.
Considerando a importância do tema na atualidade, com a conclusão do trabalho será possível
mostrar ao público formas de aplicar esse conceito para a redução de custos na execução de
residências sustentáveis e melhoria na qualidade de vida dos moradores.
2 OBJETIVO
A presente pesquisa possui como objetivo primário desenvolver um projeto residencial
de padrão normal, aplicando conceitos de sustentabilidade, de modo a reduzir o impacto
ambiental na sua execução e utilização, levando ainda uma economia a longo prazo para o
futuro residente e para empreendedores do ramo.
3 METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma pesquisa quantitativa, bibliográfica e de caráter
tecnológico, visto que se buscou embasamento teórico em livros, artigos, normas e resoluções,
utilizou-se análise de dados quantitativos e foi desenvolvido um projeto residencial de baixo
padrão aplicando conceitos de sustentabilidade.
Após a coleta de dados através de materiais bibliográficos e elaboração do projeto
básico de arquitetura, foi feita a análise de dados que se deu em três etapas, a primeira foi feita
uma análise da setorização dos ambientes da edificação; na segunda foi avaliado o
posicionamento ideal da construção no terreno; e na terceira etapa foi realizada uma avaliação
do impacto econômico na substituição de materiais usuais por insumos sustentáveis.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Elaboração e características do projeto
O objeto de estudo desse trabalho foi uma residência padrão normal térrea, onde foram
utilizados sistemas construtivos considerados sustentáveis, além de possuir aberturas que
promovem a melhor circulação de ar e conforto nos ambientes internos. A figura 1 mostra a
planta baixa com indicação dos ambientes, a mesma é composta por dois quartos, um banheiro,
uma cozinha, duas circulações, um jardim interno, uma área de serviço, uma sala de estar e uma
garagem. Ocupando no total uma área construída de 129,73 m².
A disposição dos ambientes foi feita levando em consideração a garantia da
privacidade dos futuros moradores, separando a edificação em quatro principais áreas: áreas
sociais, onde os residentes podem receber as visitas; áreas de serviço, onde são realizadas
atividades cotidianas como limpeza, preparação de alimentos, entre outros; áreas intimas, que
são espaços restritos, onde somente os moradores têm acesso; e as áreas de circulação, que
integram todos os demais espaços (figura 1).
Figura 1 – Planta Baixa e de Setorização
QUARTO 1 WC QUARTO 2
LAVANDERIA
SALA DE
ESTAR
CIRCULAÇÃO
JARDIM
GARAGEM COZINHA
CIRCULAÇÃO
5 CONCLUSÕES
Logo, conclui-se que é possível aplicar práticas sustentáveis em residências de padrão
normal sem onerar a obra. Através da análise da setorização dos ambientes percebe-se que pode
haver uma boa redução de gastos com energia elétrica em sistemas de resfriamento. Isso
juntamente com o sistema de ventilação cruzada e o teto verde, que impedem que a construção
absorva e mantenha o ar quente na parte interna. É de extrema importância avaliar o custo x
benefício dos materiais sustentáveis já no produto final, pois apenas dessa forma será possível
observar a real economia por trás desses insumos.
Após a escolha dos métodos construtivos, materiais de maior incidência no orçamento
da obra, disposição ideal no terreno, criação de aberturas suficientes para proporcionar uma
melhor ventilação e iluminação natural, o projeto mostrou-se viável e com um certo nível de
sustentabilidade, pelo menos em etapas onerosas e que geram uma maior quantidade de
resíduos.
Das quatorze etapas apresentadas na tabela 1, sete possuem técnicas e práticas
sustentáveis, sendo elas os serviços preliminares, vedação vertical, esquadrias, cobertura,
revestimentos, instalações elétricas e os serviços finais. Ou seja, em 50% das fases da obra foi
utilizado o conceito de sustentabilidade. Logo, o objetivo geral foi atingido, visto que foi
apresentado um projeto simples, de fácil execução, viável e com um certo grau de
sustentabilidade, que alinhado com bons hábitos dos futuros moradores poderá reduzir muito a
produção e despejo de gases e resíduos sólidos no meio ambiente.
REFERÊNCIAS
BESIR, A. B.; CUCE, E. Green roofs and facades: A comprehensive review. Renewable
and Sustainable Energy Reviews, v. 82, part 1, p. 915 –939, 2018.
CIB - International Council for Research and Innovation in Building and Construction.
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Document. Disponível em: < https://www.irbnet.de/daten/iconda/CIB4162.pdf>. Acesso em
04 de set. de 2022.
GUALBERTO, Elio. Quanto se gasta em cada etapa da obra? Qual é a fase mais cara?
Gerência de obras, 27 de out. de 2021.
KIBERT, Charles J. Edificações Sustentáveis: Projeto, construção e operação. Porto Alegre:
Bookman, 2019.
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design. LEED for homes desing and
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https://www.oeco.org.br/images/stories/file/abr2013/cartilha_construcoes_sustentaveis_.pdf>.
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NETO, Ethel Geraldo Canabrava. et al. Telhado verde: Alternativa sustentável para a
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PEREIRA, Michael C. PAULO, Andrea Barbosa Delfini De. MONTEIRO, Mara Rúbia
Muniz. Telhas em pvc uma questão de sustentabilidade e responsabilidade social. G&P
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SILVA, Diogo Hilário Da. et al. Construção sustentável na engenharia civil. Caderno De
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