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ARQUITETURA

SUSTENTÁVEL

Jaqueline Ramos Grabasck


Sustentabilidade
na construção civil,
materiais e tecnologias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Avaliar métodos de projetos e a otimização de materiais de construção.


 Reconhecer a definição de materiais como diferencial em projetos
sustentáveis.
 Examinar soluções competentes em projetos sustentáveis.

Introdução
A importância de estratégias que tenham como objetivo o atendimento
das necessidades dos usuários e a redução de impactos ambientais tem
sido discutida com afinco no meio acadêmico e vem sendo analisada para
criar formas simples e acessíveis de tornar qualquer edificação sustentável.
Neste capítulo, você vai conferir métodos de projeto que priorizam
a redução no desperdício de materiais e recursos, vendo a importância
da elaboração de projetos sustentáveis com exemplos de aplicabilidade
no Brasil e no mundo.

Os métodos de projeto e a otimização


de materiais de construção
A construção civil é um dos setores que mais desperdiça matérias-primas,
sejam elas processadas ou in natura, assim como descarta materiais que
poderiam ser reutilizados em outras obras ou, até mesmo, no próprio canteiro
onde foram gerados.
2 Sustentabilidade na construção civil, materiais e tecnologias

Uma das formas mais efetivas de evitar o desperdício de materiais é por


meio da concepção de um projeto coerente, em que os seus constituintes são
definidos previamente. Ao utilizar blocos, sejam cerâmicos ou de concreto,
deve-se priorizar a distribuição dos ambientes com o uso de modulação,
evitando que esses blocos sejam cortados desnecessariamente e gerem um
resíduo que poderia ser preservado. Além disso, deve-se priorizar a utilização
de blocos especiais em locais nos quais devem passar tubulações e ser inseridas
caixas de passagem.
Além de reduzir o desperdício de materiais, a modulação garante racio-
nalização, aumento da produtividade e da precisão no processo construtivo,
padronização dos materiais, facilita o controle da execução, reduz problemas
de interface entre componentes, elementos e sistemas (COMUNIDADE DA
CONSTRUÇÃO, [201-?]).
Tão importante quanto a definição da modulação em planta baixa é a
sua definição na vertical, pois o desperdício também pode ocorrer com a
determinação de pé-direito que não corresponde às dimensões resultantes
da utilização dos blocos (Figura 1). Os blocos possuem variação de altura,
largura e comprimento, conforme a família à qual pertencem e, até mesmo,
em relação ao fabricante que os produziu.

Figura 1. Modulação de blocos na horizontal e na vertical


em ambiente tridimensional.
Fonte: Comunidade da Construção ([201-?], documento on-line).

A excelência na execução da edificação também deve ser considerada,


pois, ao refazer um trabalho, matérias-primas nobres são descartadas sem
necessidade, sendo grande parte do resíduo gerado consequência do traba-
lho mal feito ou da falta de alinhamento entre os diferentes profissionais.
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A compatibilização de projetos reduz as alterações advindas de tomadas de


decisões em obras, que, normalmente, resultam no retrabalho e na geração
de resíduos.
A busca por profissionais capacitados também ameniza a ocorrência de
erros durante a instalação e garante maior vida útil ao produto, pois a aplicação
deve ser realizada conforme as definições apresentadas pelo fabricante. O
processo de aplicação é definido mediante estudos realizados para comprovar
a eficácia do material, por isso sua aplicação deve seguir as etapas indicadas
por quem realizou esses testes.
As decisões tomadas na concepção do projeto influenciam diretamente
na execução da obra e podem vir a ser as responsáveis pela geração de um
maior ou menor volume de resíduos, assim como de consumo de materiais.
Tais preocupações devem ser averiguadas quando o objetivo principal é a
minimização de impactos ambientais, pois um projeto bem estruturado reduz
as divergências encontradas no canteiro de obras.
A definição adequada dos materiais é um fator importante quando o ob-
jetivo é evitar o desperdício e atender as necessidades dos seres humanos
sem comprometer a qualidade do ambiente interno e externo da edificação.
Gonçalves e Duarte (2006) apresentam uma série de estratégias que, em
conjunto, impactam diretamente no desempenho térmico da edificação, como
ventilação natural, reflexão da radiação solar direta, sombreamento, res-
friamento evaporativo, isolamento térmico, inércia térmica e aquecimento
passivo. Para que sejam efetivas, essas estratégias devem ser definidas ao
serem relacionadas com as condições climáticas, as exigências de uso e os
parâmetros de desempenho.
Para que a sustentabilidade abranja os conceitos de desempenho ambiental,
conforto e eficiência energética, ao realizar um projeto, devem ser analisa-
dos os seguintes tópicos: orientação solar e dos ventos; forma arquitetônica,
arranjos espaciais, geometria e zoneamento interno; condições ambientais
e tratamento do entorno imediato; materiais que considerem o desempenho
térmico e as cores; adequar as fachadas e coberturas conforme a proteção solar
necessária; áreas envidraçadas e de aberturas, considerando a edificação como
um todo; detalhamento dos protetores solares; e detalhamento das esquadrias
(GONÇALVES; DUARTE, 2006).
O estudo da incidência solar pode garantir economia de energia, conforto
térmico, iluminação natural e aquecimento de água. A disposição das aber-
turas e os materiais aplicados na execução da edificação devem ser definidos
conforme a incidência solar desejada e a variação térmica que os ambientes
devem apresentar.
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Materiais como cimento, vidro, aço, alumínio, componentes cerâmicos,


louças e metais sanitários necessitam de um consumo de energia elevado du-
rante o seu processo produtivo e, consequentemente, o seu valor também será
mais alto, se comparado ao uso de materiais da região, no qual, ao necessitar
de menores quantidades de combustíveis no transporte, são emitidos menos
poluentes e reduzidos os impactos ambientais (FLORIM; QUELHAS, 2005).
Além de necessitar de quantidades menores de combustíveis para o seu
transporte, materiais da região tendem a atender com maior efetividade as
condições climáticas do local, favorecendo o conforto ambiental e incentivando
o comércio local.
A arquitetura sustentável não está relacionada apenas com o conforto
ambiental e a energia: deve relacionar-se, também, com os fatores sociais,
econômicos, urbanos e de infraestrutura, ou seja, deve abranger todas as
questões que compõem o problema de projeto. Assim, a arquitetura sus-
tentável compreende, principalmente, o contexto no qual a edificação se
encontra, juntamente com as decisões iniciais de projeto (GONÇALVES;
DUARTE, 2006).

A definição de materiais: um diferencial


em projetos sustentáveis
A ecoeficiência é uma ferramenta do desenvolvimento sustentável, integrante
do conceito de pensar globalmente e agir localmente, considerando os as-
pectos econômicos e ecológicos ligados à responsabilidade social, sendo
obtida com o fornecimento de bens e serviços a um preço justo, capaz de
satisfazer as necessidades humanas com qualidade de vida, mas reduzindo os
impactos ambientais e o consumo de recursos progressivamente (FLORIM;
QUELHAS, 2005).
Na fase inicial de projeto, deve-se ter como critério principal a escolha de
materiais e tecnologias adequados ao meio ambiente, considerando o uso da
edificação, privilegiando materiais que apresentem baixos níveis de energia
incorporada, que sejam fáceis de desmontar, apresentando um processo de
separação facilitado para incentivar a reutilização quando o edifício vier a ser
demolido. Dessa maneira, a construção civil apresentaria índices de redução
nos impactos ambientais (NEIVA; MATEUS; BRAGANÇA, 2012).
Antes de iniciar um projeto, o profissional deve realizar o estudo do clima
e o levantamento do terreno no qual a edificação deverá ser implantada,
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para, juntamente com os dados levantados na entrevista com os usuários,


poder elaborar o programa de necessidades da edificação, indicando todas as
premissas e estratégias a serem abordadas na construção.
Como as variáveis climáticas influenciam diretamente o conforto am-
biental, o projeto arquitetônico deve considerar alguns elementos de controle,
como: proximidade do local de intervenção à água, devido ao fato de a
terra apresentar variações de temperatura com maior rapidez que a água;
a altitude, pois a cada 100 m de altitude, a temperatura tende a diminuir
-1ºC; barreiras montanhosas e correntes oceânicas (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2009).
As variações climáticas mudam de região para região. No Brasil, essas
informações podem ser obtidas por meio das Normais Climatológicas, apre-
sentadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As Normais
Climatológicas trazem valores médios e extremos de temperatura, pressão
atmosférica, insolação, evaporação, evapotranspiração, umidade, vento, pre-
cipitação e nebulosidade (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2009).
A radiação solar pode ser classificada como direta e difusa. A radia-
ção direta é considerada a fonte de luz mais intensa e, ainda, influencia
diretamente nos ganhos térmicos das edificações. Já a radiação difusa é
resultante do espalhamento da radiação que incide na atmosfera, sendo
mais intensa em dias com maior nebulosidade (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2009).
A radiação solar é essencial para o funcionamento de sistemas como aque-
cimento de água e painéis fotovoltaicos (Figura 2), com aplicabilidade em
residências, comércios, indústrias e instituições. Além de gerar economia de
energia, esses sistemas também minimizam os impactos ambientais ocasio-
nados pelos mecanismos mais difundidos e utilizados atualmente.

Leitores do material impresso, para visualizar as figuras


deste capítulo em cores, acessem o link ou o código QR
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Figura 2. Painéis fotovoltaicos no telhado de uma edificação.


Fonte: Photomdp/Shutterstock.com.

A iluminação natural também é resultante da radiação solar, podendo


ser direta ou indireta. Ao penetrar em uma edificação, a luz é absorvida e
convertida em calor. Ao incidir em uma superfície refletora, resultará em uma
fonte indireta de iluminação.
Além de atuar na iluminação natural e no aquecimento dos ambientes,
a radiação solar aquece o solo, que retém o calor por mais tempo que uma
edificação. O solo ganha ou perde calor mais lentamente que o ar exterior,
e essa característica é denominada inércia térmica (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2009).
Assim como o solo, os fechamentos e a utilização de materiais isolantes
podem beneficiar-se das vantagens da inércia térmica devido ao fato de
que temperatura se utiliza do calor armazenado na estrutura térmica da
edificação durante o dia e o libera durante a noite, pois é nesse momento
que a temperatura externa começa a diminuir. Consequentemente, ao ser
resfriada durante o período da noite, a estrutura térmica da edificação irá
manter-se fria durante um longo período do dia (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2009).
Locais nos quais há grandes variações de temperatura do dia para a
noite também podem beneficiar-se da inércia térmica com a utilização
de edificações semienterradas, taludes e coberturas vegetadas (Figura 3),
possibilitando a absorção de temperatura do solo para a edificação e resul-
tando em um ambiente confortável termicamente (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2009).
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Figura 3. Cobertura vegetada.


Fonte: Josefkubes/Shutterstock.com.

O conforto térmico é definido pela associação da temperatura, da umidade


e dos ventos existentes no local; para uma mesma temperatura, pode haver
variação de umidade e ventos, o que leva a uma sensação térmica diferenciada
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2009).

O talude corresponde a um plano do terreno inclinado, realizado com o objetivo de


prover estabilidade e sustentação ao solo (Figura 4).

Figura 4. Talude.
Fonte: Nestor Cardona Cardona/Shutterstock.com.
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A velocidade e a direção dos ventos podem ser alteradas conforme a


disposição de elementos construtivos, edificações vizinhas, vegetações e
o perfil topográfico do terreno. Todos esses elementos devem ser cuida-
dosamente analisados antes de se definir a localização da edificação no
terreno, assim como onde serão instaladas as aberturas em cada fachada
dessa edificação.
A velocidade do vento aumenta conforme a altitude e os obstáculos que
ele encontra. Nas áreas urbanas, a velocidade média dos ventos tende a ser
mais baixa que nas zonas rurais devido às edificações que configuram o
espaço (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2009). Na Figura 5, é possível
observar que o tamanho dos obstáculos influencia diretamente na velocidade
e no direcionamento dos ventos.

Figura 5. Interferência dos obstáculos no direcionamento e na


velocidade dos ventos.
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2009, documento on-line).

O Brasil apresenta uma grande variação climática por estar posicionado


entre dois trópicos e devido ao seu imenso território. Na Figura 6, Lamberts,
Dutra e Pereira (2009) apresentam a variação climática no território nacional
com a respectiva nomenclatura.
Diante de toda a variação climática existente, alternativas implantadas
em uma residência na região Sul podem não ser tão eficientes quando
replicadas na região Norte, por exemplo. Nesse sentido, o profissional
deve estudar cuidadosamente o local de implantação da edificação antes de
iniciar os estudos projetuais, garantindo que as estratégias a serem utiliza-
Sustentabilidade na construção civil, materiais e tecnologias 9

das serão efetivas para atender as necessidades dos usuários. O Quadro 1


apresenta as variáveis que definem as zonas climáticas apresentadas na
Figura 6, trazendo informações pertinentes para a definição das estratégias
projetuais.

Figura 6. Variação climática no Brasil.


Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2009, documento on-line).

Quadro 1. Características climáticas brasileiras

Temperatura Amplitude Chuvas


Zona climática
média (ºC) térmica anual (ºC) (mm/ano)

Tropical Acima de 20 7 1.000–1.500

Equatorial 24–26 3 Acima de 2.500

Semiárido 27 5 Menos de 800

Subtropical Abaixo de 20 9–13 1.500–2.000

Tropical atlântico 18–26 Variável 1.200

Tropical de altitude 18–22 Variável 1.000–1.800

Fonte: Adaptado de Lamberts, Dutra e Pereira (2009).


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As variações climáticas ocorrem devido à região onde cada zona está situada.
Na zona climática tropical, o verão é quente e chuvoso, enquanto o inverno é
quente e seco. Já o clima equatorial caracteriza-se pelas chuvas abundantes
e bem distribuídas. No subtropical, as chuvas também são abundantes, bem
distribuídas, e o inverno é rigoroso, com possibilidade de neve nas áreas mais
elevadas. No semiárido, as chuvas são muito escassas, caracterizando essa zona
como a mais seca do país. Na zona de clima tropical atlântico, as chuvas são
abundantes nas regiões ao sul no período do verão, enquanto nas próximas ao
Equador apresentam maior ocorrência no inverno e outono — essa zona cli-
mática apresenta as estações do ano bem definidas. O clima tropical de altitude
é caracterizado por chuvas intensas durante o verão e massas frias durante o
inverno, com possibilidade de geadas (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2009).

Soluções competentes em projetos sustentáveis


Ao elaborar edificações mais seguras e saudáveis, obtém-se: redução da polui-
ção; economia de água e energia; redução da pressão relacionada ao consumo
de matérias-primas naturais; aprimoramento das condições de segurança e
saúde de todos os envolvidos (FLORIM; QUELHAS, 2005).
Apesar de não sanar todos os problemas ambientais, uma edificação sus-
tentável deve, segundo Keeler e Vaidya (2018):

 tratar das questões de demolições no terreno e dos resíduos gerados;


 buscar eficiência na utilização dos recursos;
 minimizar os impactos acarretados pela extração e produção de materiais;
 reduzir o consumo de solo, água e energia durante todo o ciclo de vida
dos materiais;
 planejar o transporte dos materiais ao terreno, visando baixos índices
de energia incorporada;
 projetar visando o consumo consciente de energia e, consequentemente,
a redução das emissões de CO2;
 planejar um ambiente interno saudável; evitar o uso de materiais que
emitam compostos orgânicos voláteis (VOCs);
 evitar o uso de equipamentos ineficientes no controle da emissão de
particulados;
 controlar a entrada de poluentes externos na edificação;
 favorecer a ventilação natural, a iluminação diurna e a visualização
do exterior.
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Os compostos orgânicos voláteis (VOCs) são substâncias químicas orgânicas que


apresentam alta pressão de vapor em condições normais, como, por exemplo, os
aldeídos, cetanos, hidrocarbonetos leves, metano, solventes, gasolina e gás veicular.

A Ecohouse de Oxford (Figura 7), de propriedade de Sue Roaf, foi pro-


jetada pelos arquitetos Sue Roaf, Robert Toland e David Woods. Situada em
zona climática temperada, é composta por três pavimentos, foi localizada no
terreno afastada das divisas, tendo como principal objetivo ser uma residência
saudável e silenciosa, com baixas emissões de CO2.

Figura 7. Ecohouse de Oxford.


Fonte: Roaf, Fuentes e Thomas (2014, p. 295).

A Ecohouse foi projetada com altos níveis de isolamento, paredes duplas,


acabamentos naturais, grande massa térmica, iluminação natural, estanque
ao ar, vidros triplos, telhado fotovoltaico, sistema solar de aquecimento de
água, eletrodomésticos com alta eficiência energética e com baixa energia
incorporada (ROAF; FUENTES; THOMAS, 2014).
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Para definir os materiais, os arquitetos consultaram as empresas fabricantes


para garantir que todos os sistemas empregados apresentassem alta durabi-
lidade e baixos índices de energia incorporada no seu processo produtivo,
buscando uma vida útil de 500 anos para a edificação (ROAF; FUENTES;
THOMAS, 2014).
O Quadro 2 apresenta um comparativo do desempenho da Ecohouse de
Oxford com uma residência comum.

Quadro 2. Desempenho da Ecohouse de Oxford comparada a uma residência comum

kWh/m² Custo da Custo Custo Emissões Custo de


comprados eletricidade do gás total de CO2 construção
Tipo
da rede por ano por ano por ano (kg por (US$)
por ano (US$) (US$) (US$) ano) (por m²)

Ecohouse 27 240 350 595 721 1.080


Oxford
Casa 90 600 1.270 1.865 6.776 1.080
comum
Economias 63 360 915 1.275 6.055 0 extra

Fonte: Adaptado de Roaf, Fuentes e Thomas (2014).

Ao comparar a Ecohouse com uma residência comum, é possível observar


a efetividade dos sistemas aplicados para torná-la sustentável. Observa-se
economias na utilização da rede elétrica e de gás, além de uma redução sig-
nificativa nos índices de emissões de CO2, sendo que para ambos os tipos de
construções utilizou-se o mesmo valor na sua execução.
No Brasil, a Casa das Guaracemas, em Florianópolis, de propriedade
do arquiteto José Ripper Kós, com autoria sua e de sua equipe, traz como
premissas a boa implantação, a iluminação e a ventilação naturais, buscando
o conforto térmico e a boa eficiência (Figura 8).
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Figura 8. Casa das Guaracemas.


Fonte: Barreto (2017, documento on-line).

Para se privilegiar da incidência solar na fachada norte, a residência foi


implantada na lateral do terreno, garantindo, assim, que o máximo de ambientes
recebesse a radiação solar direta. Contudo, para que não fossem prejudicados
com as altas temperaturas, criou-se uma zona intermediária entre o externo e
o interno no segundo pavimento com a utilização de brises móveis. O conforto
térmico também é garantido pelo uso de materiais isolantes e em seu estado
natural, o que mantém a taxa de transferência de calor, além de ventilação
cruzada (BARRETO, 2017).
Sistemas de energia solar, aquecimento de água e reuso de água foram
implantados na residência. O sistema de energia solar atende a 50% da de-
manda energética da residência e, ainda, possibilita o aquecimento de água. O
excedente da água da piscina é encaminhado para um reservatório no subsolo,
que a distribui para usos não potáveis (BARRETO, 2017).
O arquiteto priorizou a permeabilidade do solo, utilizando decks, concre-
grama e jardins, além de criar uma cobertura verde composta por areia da
região e plantas nativas, visando atrair a fauna local e direcionar as águas das
chuvas (BARRETO, 2017).
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A Figura 9 traz uma análise da residência, indicando as diferenças en-


tre temperaturas internas e externas, na qual é possível observar que os
sistemas utilizados na sua construção tornam os ambientes internos mais
confortáveis termicamente, além de produzir mais energia elétrica do que
a residência consome.

Figura 9. Casa das Guaracemas.


Fonte: Barreto (2017, documento on-line).

Analisar e compreender o local permitiu à equipe arquitetônica elaborar um


projeto que atendesse as necessidades dos usuários, sem gerar um consumo
excessivo de energia elétrica. Priorizando a vida em contato direto com a
natureza e reutilizando os recursos disponíveis no meu ambiente, possibilitou
a criação de uma residência sustentável.
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Elementos simples, implantados de forma a atender as necessidades dos


usuários no local em que a edificação deve ser implantada, permitem a elabo-
ração de um projeto que alcance a eficiência energética, o consumo reduzido
de recursos naturais e que ainda seja vantajoso para a região.

No link a seguir, você encontra uma casa 100% sustentável, desenvolvida na cidade de
Blumenau mediante uma parceria entre o Instituto SENAI de Tecnologia e Inovação,
um instituto italiano, a FURB e o Sinduscon.

https://qrgo.page.link/84HFr

BARRETO, A. M. Casa de Guaracemas: casa sustentável premiada no Brasil. In: GREEN-


TOPIA. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: http://greentopia.com.br/casa-das-guaracemas/.
COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Alvenaria estrutural: modulação. [S. l.: s. n., 201-?].
Disponível em: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/sistemas-construtivos/1/
modulacao/projeto/16/modulacao.html. Acesso em: 18 ago. 2019.
FLORIM, L. C.; QUELHAS, O. L. G. Contribuição para a construção sustentável: característi-
cas de um projeto habitacional eco-eficiente. Revista Produção, v .5, n. 2, 2005. Disponível
em: https://producaoonline.org.br/rpo/article/view/332. Acesso em: 18 ago. 2019.
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Arquitetura sustentável: uma integração entre
ambiente, projeto e tecnologia em experiências de pesquisa, prática e ensino. Ambiente
Construído, v. 6, n. 4, 2006. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/ambientecons-
truido/article/view/3720/2071. Acesso em: 18 ago. 2019.
KEELER, M.; VAIDYA, P. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. Porto Alegre:
Bookman, 2018.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. Rio
de Janeiro: Eletrobrás, 2009. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/
files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
NEIVA, S.; MATEUS, R.; BRAGANÇA, L. Utilização do método LCA no projeto de edifícios
sustentáveis. In: CONGRESSO CONSTRUÇÃO, 4., 2012. Anais [...]. Coimbra, 2012. Disponível
em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/22291/1/CC2012_Neiva_Ma-
teus_Braganca.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.
ROAF, S.; FUENTES, M.; THOMAS, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. Porto
Alegre: Bookman, 2014.

Leitura recomendada
PROJETO constrói e inaugura casa 100% sustentável em cidade catarinense. Blumenau:
FIESC, 2017. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal FIESC. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=cqua3v9iiq0.pdf. Acesso em: 18 ago. 2019.

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