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Resumo
1. Introdução
A neurociência é um campo associado à medicina que estuda o sistema nervoso
humano (PAIVA, 2018). A partir de descobertas nesse campo, ela vem sendo aplicada
em diversas áreas, inclusive na arquitetura. A esse processo deu-se o nome de
neuroarquitetura, conceito que estuda como o espaço afeta a mente humana, visto
que o houve um aumento de problemas psicológicos relacionados ao stress, déficit de
atenção e hiperatividade, e que muitas vezes estão ligados com a falta de contato com
a natureza, sendo assim tem se tornado cada vez mais frequente estudos acerca da
biofilia.
O conceito da neuroarquitetura está bastante ligado com a ideia da biofilia, uma vez
que os dois utilizam-se de elementos naturais com o objetivo de trazer melhorias na
qualidade de vida das pessoas e dos ambientes.
A importância da natureza e seus elementos no espaço construído, vem sendo cada
vez mais considerada nos ambientes residenciais, corporativos, hospitalares e
comerciais, tudo isso por que o homem deixou de viver em seu habitat onde passou
grande parte da sua evolução, e agora ao sair das áreas rurais para a área urbana,
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ou paredes e telhados verdes, porém elas sozinhas não trazem benefícios, também é
de suma importancia priorizar as espécies de vegetações nativas, contribuindo para
um ecossistema saudável e resgate da flora local.
Estratégias de design com as plantas:
Priorizar sistemas naturais ecologicamente intactos, vegetação nativa.
• paredes verdes; telhados verdes; jardins; vasos de plantas
5 – Animais – O contato com os animais também podem ser formas de trazer alívio e
reduzir o stress, porém se for isoladamente ou poco frequente não gera efeito, e se
possível deve haver diversidade de espécies (CALABRESE & KELLERT, 2015). Esta
estratégia não se limita aos pets, mas também a toda biodiversidade da fauna local.
Os pássaros e outros animais que podem visitar o espaço também estão inclusos
neste atributo. Um jardim ou telhado verde com plantas frutíferas pode convidar
abelhas, pássaros ou borboletas a visita-lo. Além de ter contato visual, alguns animais
também proporcionam cantos e sons. Aquários e apiários também são alternativas
para este atributo.
Estratégias de design com os animais:
• telhados verdes; jardins; aquários; aviários
6 – Percepção do clima –A percepção das condicoes externas como fluxo de ar,
temperatura, pressão barométrica e umidade podem ser estimulantes e satisfatórias.
Seja através de janelas para que possa ter contato visual ou através de outros
sentidos, como sinos que denunciam a intensidade do vento ou coletores que irão
produzir sons durante a chuva.
Estratégias de design com a percepção do clima:
• vistas para o exterior; janelas operáveis; varandas; decks; jardins; terraços; pátios;
telhados transparentes; som dos ventos, através de sinos; som da chuva, através de
coletores; movimento da água, escoamento visível das tempestades
7 – Paisagens e ecossistemas naturais – As paisagens naturais e os ecossistemas
consistem em plantas, animais, água, solos, rochas e elementos geológicos
interligados. formulários. Este princípio está ligado ao paisagismo e composições que
simulem as paisagens naturais (CALABRESE & KELLERT, 2015). O cenário natural
é preferido pela maioria das pessoas sobre artificial e paisagens dominadas pelo
homem. Os jardins japoneses, por exemplo, exercitam essa filosofia com fidelidade
aos ecossistemas orgânicos.
Estratégias de design com paisagens e ecossistemas naturais:
• arbustos; árvores; folhagens coloridas e baixas; a presença de água; vistas de longo
alcance; abrigos; caminhos naturais; wetlands; pastagens; florestas
8 - Fogo – Uma das maiores conquistas do homem foi o fogo, com ele
conseguiutransformar os alimentos de um estado para outro. O fogo foi crucial durante
o processo evolutivo da humanidade e seu calor trás sensações de acolhimento e
ajuda a reduzir a pressão arterial (CALABRESE & KELLERT, 2015), tornando aqueles
que têm contato com ele menos ansiosos e mais comunicativos.
Estratégias de design utilizando o fogo:
• lareiras; churrasqueiras; também pode ser simulada pelo uso criativo de luz, cor,
movimento e materiais de condutibilidade variável.
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do dia, simulando o nascer e por do sol. A ventilação artificial deve ser aplicada
imitando as condições do ar natural buscando conforto para o usuário.
Estratégias de design da simulação da luz:
• intensidades variáveis (replicar a luz diurna e noturna); difusão da luz; presença de
poços de luz e sombras.
Estratégias de design da simulação da ventilação natural:
• simular variações no fluxo de ar; temperatura; umidade; pressão atmosférica
5 – Formas naturais e orgânicas – As formas orgânicas e sinuosas são as que mais
se assemelham as formas encontradas na natureza, trazendo dinamicidade para os
ambientes estáticos. Ao contrário as formas retas e pontiagudas nos trazem
sentimentos de luta causando estresse em longo prazo (CALABRESE & KELLERT,
2015) .
Estratégias de design das formas naturais e orgânicas:
• formas curvas; formas orgânicas; formas sinuosas
6 – Evocação da natureza – Essa estratégia busca exercitar a imaginação e
criatividade do usuário. Devem ser utilizados elementos ou composições que remetam
os aspectos da natureza (CALABRESE & KELLERT, 2015). Um exemplo da aplicação
deste atributo é o opera house em Sydney (ver foto), que simula as asas de um
pássaro.
7 – Riqueza de informações – Na natureza encontramos muitas formas, cores,
texturas e cheiros, não é algo monótonomo ou monocromático (CALABRESE &
KELLERT, 2015). Os ambientes internos também devem apresentar essa diversidade
de forma harmoniosa, despertando a curiosidade do usuário.
8 – Mudança, idade e pátina do tempo – a Natureza passa o tempo todo em constante
mudança, desta forma se quisermos imita-la podemos experimentar e proporcionar
aos espaços constuídos materiais envelhecido naturalmente ou na utilização de
materiais reciclados (CALABRESE & KELLERT, 2015). Essa estratégia contribui para
a valorização da história local.
Estratégias de design com mudança, idade e pátina do tempo:
• materiais que envelhecem naturalmente; demonstrando a passagem do tempo;
reciclar materiais e uso de um local
9 – Geometrias naturais – São padrões encontrados na naturezas, como os fractais,
ramificações de árvores ou a proporção áurea. Esses elementos trazem sensações
de equilíbrio e harmonia (CALABRESE & KELLERT, 2015).
Estratégias de design com geometria natural:
• padrões encontrados na natureza como escalas hierarquicamente organizadas
(Sequência de Fibonacci, evidente em formas vivas como ramificação de árvores,
arranjo de folhas, em uma haste); padrões repetitivos, mas variados como fractais.
10 – Biomimética – A biomimética é a ciência que analisa os processos da natureza
com o objetivo de aprender e imitar seus mecanismos para solucionar problemas do
cotidiano humano (CALABRESE & KELLERT, 2015). Casas de cupins e as teias de
aranha são exemplos de soluções que a própria natureza encontrou para os
problemas. O primeiro caso é rico em iluminação e climatização natural, enquanto o
segundo apresenta uma estrutura resistente.
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E também pelo aumento de pessoas que ficaram confinadas em casa por conta da
pandemia, principalmente os idosos, e que começaram a apresentar algum tipo de
distúrbio mental, doenças como: pânico, ansiedade e depressão.
O ambiente natural tem características consideradas fundamentais para propiciar o
relaxamento:
1) capacidade de atrair a atenção, sem que seja necessário esforço pessoal,
desativando os mecanismos envolvidos na manutenção da atenção voluntária que
inibem a urgência de responder às distrações − o som das folhas agitadas pelo vento,
o canto dos pássaros, o burburinho de água em movimento, e a observação das
nuvens e do pôr-do-sol são exemplos que servem para ilustrar a idéia;
2) distração dos problemas cotidianos − pode ser representada por uma mirada de
uma janela ou por uma caminhada no parque, desde que dê oportunidade para uma
pausa na atenção concentrada que ocasionou a fadiga;
3) sensação de estar em outro mundo ou conectado a uma realidade mais abrangente
− o ambiente deve prover estímulos suficientes para ver, experimentar e sentir de
modo a provocar envolvimento profundo com a experiência vivida; e 4)
compatibilidade entre as inclinações pessoais e o ambiente, permitindo o repouso.
A atenção direcionada desempenha um papel importante no processamento da
informação humana; sua fadiga, por sua vez, tem consequências de longo alcance. A
Teoria da Restauração da Atenção fornece uma análise dos tipos de experiências que
levam à recuperação dessa fadiga. Os ambientes naturais revelam-se particularmente
ricos nas características necessárias para experiências restaurativas. Propõe-se uma
estrutura integrativa que coloca tanto a atenção direcionada quanto o estresse no
contexto mais amplo das relações homem-ambiente. (KAPLAN, 1995)
4. Natureza e Bem-Estar
O que é Bem-Estar? Bem-estar é um conjunto de práticas que engloba uma boa
nutrição, atividade física, bons relacionamentos interpessoais, familiares e sociais,
além de controle do estresse.
Então pode-se assim dizer que bem-estar significa a saúde no seu sentido mais
amplo, de maneira ativa e em todos os seus aspectos.
E para que tenhamos bem-estar temos os benefícios que a natureza nos fornece que
são:– o ar puro, água, regulação microclimática, redução de partículas poluentes,
relaxamento mental e físico, entre outros – e essa conexão influência diretamente com
a saúde das pessoas e esses fatores devem ser vistos pela sociedade e pelo poder
público como uma prioridade. Sendo assim, ter espaços verdes acessíveis e bem
cuidados próximos da população estimula a visitação e a prática de atividades, o que
resulta em indivíduos mais relaxados e produtivos.
Pesquisadores da Universidade de Chiba, no Japão, reuniram 168
voluntários e colocaram metade para passear em florestas e o grupo restante
para andar nos centros urbanos. As pessoas que tiveram contato com a
natureza mostraram em geral uma diminuição de 16% no cortisol (hormônio
do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial. (NEO
MONDO, 2019)
Os benefícios também envolvem uma melhora na qualidade do sono, no
desenvolvimento cognitivo, na imunidade, nos problemas cardíacos e pulmonares,
além de uma redução na ansiedade.
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Segundo, os trabalhos de (MAAS, et al., 2009) apontaram que pessoas que viviam
proximamente a ambientes naturais, verdes e com uma diversidade ecossistêmica
considerável possuem menor risco de desenvolverem quadros depressivos ou de
ansiedade, (LOUV, 2016) também demonstrou que pacientes acometidos pelo
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ao caminhar durante 20-30
minutos em parques ou áreas verdes apresentavam a mesma resposta que a utilizada
pelo metilfenidato, que é o fármaco mais prescrito para o TDAH. envolver doenças
como obesidade e diabetes.
melatonina. A inserção das cores de objetos que possuam nas plantas, animais,
pedras, formam uma preferência de cores ao humano fazendo com que sejam
absorvidos os seus efeitos em benefício a saúde.
Conclusão
É importante que tenhamos em mente que o ser humano reconhece o mundo e coleta
informações por meio dos sentidos, e que o espaço afeta diretamente nossas
emoções, nossa saúde física e mental assim como nossos sentimentos, visto isso
percebemos que a percepção do meio ambiente influencia diretamente no
comportamento humano, pois o homem atribui significados na medida em que realiza
suas interpretações do meio exterior. Desta forma, podemos entender a biofilia como
uma série de estratégias utilizadas para transcender os limites entre o ambiente
construído e o natural.
Diante das pesquisas realizadas, e tendo como pressuposto a hipótese da biofilia, é
necessário que repensemos nosso modelo de projetar ambientes , e associar os
benefícios pode e deve ser transportada aos demais contextos da arquitetura sejam
eles corporativos, residenciais, comerciais ou hospitalares, e percebamos que é
essencial no cotidiano do ser humano o contato direto ou indireto com a natureza, e
esta vem proporcionando melhorias significativas na vida dos usuários quando
entramos em contato com elementos naturais, não sendo notado de forma consciente,
mas inconsciente.
Só existe uma certeza diante dos estudos: quando mergulham em uma floresta, as
pessoas relaxam e se aproximam do estado de bem estar. A natureza, por meio de
seus estímulos visuais, sons e cheiros, tem o poder de acalmar a todos. Basta um
tempo em ambiente natural para que mente, corpo e alma se sintam revitalizados.
Dessa forma, e tendo essa complexa conjectura como uma das principais
problemáticas atuais. Esperamos ter apresentado de forma satisfatória a necessidade
de retornarmos os nossos olhares para natureza, não com uma perspectiva utilitarista,
mas como transformados e transformadores do meio que nos cerca.
Referências
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Anexo