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O Design Biofílico aplicado ao ambiente residencial: os


impactos na saúde, bem-estar e qualidade de vida.
Karina Albuquerque Figliuolo – karina_figliuolo@hotmail.com
Master em NeuroArquitetura
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Manaus, Am, 26, Fevereiro de 2022

Resumo

O artigo trata do conceito da Biofilia, e os principais estudos e referências acerca do


tema e em seguida são abordados assuntos como os benefícios, princípios e
estratégias que a arquitetura biofílica traz para a saúde humana e sua aplicabilidade
correta na arquitetura a fim de fundamentar a elaboração das diretrizes projetuais
necessárias para a criação do projeto, evidenciando a relação entre a arquitetura, o
homem e a natureza, e os impactos que o Design Biofílico proporciona no ambiente
residencial.
O design biofilico em ambientes residenciais traz como desafio a abordagem dos
problemas da construção contemporânea e a prática da paisagem, sendo esse um
conceito científico que prova a necessidade da proximidade com a natureza.
O objetivo geral da pesquisa é levantar aspectos de como o Design Biofilico interfere
de maneira positiva no impacto na saúde, bem-estar e qualidade de vida quando
aplicado no ambiente residencial. Portanto o Design Biofílico nos ambientes
residenciais devem oferecer refúgio, conforto e bem-estar aos usuários, de modo que
colabore no processo de melhor qualidade de vida, sempre considerando a
necessidade de todos os usuários que irão usufruir o ambiente residencial.
Palavras-chave: Biofilia; Bem-estar; Saúde; Qualidade de vida; Design biofílico,
Neuroarquitetura.

1. Introdução
A neurociência é um campo associado à medicina que estuda o sistema nervoso
humano (PAIVA, 2018). A partir de descobertas nesse campo, ela vem sendo aplicada
em diversas áreas, inclusive na arquitetura. A esse processo deu-se o nome de
neuroarquitetura, conceito que estuda como o espaço afeta a mente humana, visto
que o houve um aumento de problemas psicológicos relacionados ao stress, déficit de
atenção e hiperatividade, e que muitas vezes estão ligados com a falta de contato com
a natureza, sendo assim tem se tornado cada vez mais frequente estudos acerca da
biofilia.
O conceito da neuroarquitetura está bastante ligado com a ideia da biofilia, uma vez
que os dois utilizam-se de elementos naturais com o objetivo de trazer melhorias na
qualidade de vida das pessoas e dos ambientes.
A importância da natureza e seus elementos no espaço construído, vem sendo cada
vez mais considerada nos ambientes residenciais, corporativos, hospitalares e
comerciais, tudo isso por que o homem deixou de viver em seu habitat onde passou
grande parte da sua evolução, e agora ao sair das áreas rurais para a área urbana,
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está tentando resgatar e observar todos os benefícios e memórias afetivas que a


Natureza traz para sua vida.
A maior parte do que consideramos normal hoje é relativamente recente. origem—
cultivando alimentos em grande escala apenas nos últimos 12.000 anos; a invenção
da cidade, 6.000 anos; a produção em massa de bens e serviços, iniciada há 400
anos; e tecnologia eletrônica, somente desde o século 19. O corpo humano, a mente
e os sentidos evoluíram de uma forma biocêntrica e não humana ou mundo
inventado. (CALABRESE & KELLERT, 2015)
Diante desse contexto, o artigo possui uma abordagem perceptiva do meio ambiente
construído, da aplicação e benefícios do Design Biofílico. Para compreender como a
natureza se insere nas necessidades inatas do ser humano e como integrá-la no dia
a dia moderno, esse estudo terá como base a biofilia, design biofílico em como eles
interferem de maneira positiva no impacto na saúde mental, bem-estar e qualidade de
vida quando aplicado no ambiente residencial.
O interesse em analisar esse tema se deu com as descobertas científicas em relação
ao bem estar que o design biofílico pode gerar quando integramos ele na Arquitetura
ou no Design de Interiores, visto que passamos aproximadamente 90% do nosso
tempo em ambientes fechados, e a partir de 2020 quando ficamos trancados em
nossas casa e ou apartamentos por essa pandemia, percebeu-se a importância desse
contato com o externo, e de nos (re)conectar com a natureza que de alguma forma
traz esse bem estar mental que é essencial ao ser humano, e já estamos percebendo
as consequências desastrosas disso, visto que houve um grande aumento de pessoas
cuja a saúde mental foi afetada, por isso entender os benefícios da biofilia, e como
aplicá-la, para que possamos aplicar em nossos projetos assertivamente, é muito
necessário no momento atual.
Alguns estudo são observados principalmente após a pandemia que ainda estamos
vivendo, o aumento da relação proximidade com a natureza e saúde mental.
A proximidade com a natureza tem um impacto positivo na saúde humana
física e mental, como mostra a neurociência. A exposição a áreas verdes, ao
ar limpo, a ambientes abertos, ao sol e a temperaturas menos abafadas
contribui para a percepção dos mais variados estímulos sensoriais, como
visual, auditivo e olfativo. (CIENCIAS HOJE, 2021)
A presença da incorporação da vegetação, fauna e flora já são conhecidos há milênios
nas artes em geral, inclusive na Arquitetura.
Contudo, se observarmos veremos que nossa espécie vem gradativamente se
afastando do mundo natural. Desviando de uma história natural trilhada, onde
tínhamos uma intima interação com a biodiversidade.
Vivemos em um tempo no qual a maior parte da população se encontra em
centros urbanos e conglomerados que expõe o Homo sapiens a uma
realidade completamente diferente daquela dos nossos antepassados
(NATIONS, 2015).
Uma vez que a dinâmica contemporânea não permite que as pessoas passem tempo
suficiente em contato com o meio ambiente, revelou-se fundamental incorporar a
natureza nos ambientes humanos.
2.Design Biofílico
O termo Biofilia foi introduzido pelo psicanalista, filósofo e sociólogo alemão Erich
Fromm em seu livro "A Anatomia da Destruição Humana" publicado em 1973, mas
sendo conhecida pelas aplicações nas teorias do Edward Wilson em 1984, que
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descreve o termo biofilia como: a relação de amor à natureza, e a ligação emocional


dos humanos com outros organismos vivos. E que estabelecem a biofilia como um
modelo de vida saudável a ser seguido.
Os estudos do Design Biofílico são desde 1984, porém somente há poucos anos atrás
que está sendo mais difundido e reconhecido no Brasil.
Ao amar todas as formas de vida e respeitá-las, assim os conflitos que causam morte
e sofrimento seriam evitados, ao mesmo tempo em que a conexão com a natureza
trás saúde e felicidade para quem a pratica. Dessa forma os estresses mentais e
físicos da atualidade seriam mitigados não apenas quando o indivíduo fosse a um
ambiente externo em contato direto com a natureza, mas também no seu dia a dia.
Com esse questionamento em mente, em 2005 o ecologista americano Stephen R.
Kellert publicou o artigo “Building for Life: Designing and Understanding the Human-
Nature Connection” onde aborda o termo “design biofílico” como resposta a crescente
apropriação da natureza pelas construções humanas.
Para os autores Erich Fromm e Edward Wilson, a necessidade desse contato com a
natureza configura-se traços da evolução humana.
O conceito de biofilia implica que os seres humanos têm uma necessidade
biológica de conexão com a natureza nos níveis físico, mental e social,
segundo (HEERWAGEN & ILOFTNESS, 2012), “A ideia da biofilia origina-se
em uma compreensão da evolução, onde por mais de 99% da nossa história
de espécies nos desenvolvemos biologicamente em resposta adaptativa a
forças naturais não artificiais ou humanas criadas” (CALABRESE &
KELLERT, 2015)
A necessidade de aplicar o design biofílico nos ambientes, se deu após observar o
relatório Human Spaces (BROWNING & COOPER, 2017), que mostra que o Brasil é
o país que registrou, de 1950 a 2010, o aumento mais significativo na urbanização
(51%) seguido da Indonésia (42%) e Filipinas (39%).
Esse aumento acelerado da urbanização tem despertado maior interesse
pela biofilia, campo de estudo que descreve a relação inata entre o homem e
a natureza, além de tratar da necessidade do indivíduo em permanecer
conectado a ela (WILSON, 2009).
Sabe-se que os espaços construídos de maneira inadequada, podem afetar
diretamente a maneira como as pessoas desempenham, sentem e interagem uns com
os outros, por essa razão, projetar espaços confortáveis, inspiradores e energizantes
passou a ser imperativo no mundo contemporâneo.
O conectar-se com ambientes naturais, reduz atividade do sistema responsável por
melhorar o estresse, e aumentar a atividade do sistema responsável pela calma,
saciedade e repouso, possibilitando uma melhora em relação a sua saúde, seu bem-
estar e a qualidade de vida nos ambientes, e esta é uma importante ferramenta a se
projetar esses espaços saudáveis e restauradores.
(HEERWAGEN & ILOFTNESS, 2012) afirmam que o design biofílico é a
chave, não apenas para ambientes mais saudáveis e melhores condições de
vida, mas também são estimulantes, aumentam a capacidade cognitiva, a
concentração e a produtividade. Segundo (CALABRESE & KELLERT, 2015)
“um dos impedimentos mais significativos para a experiência positiva da
natureza hoje é o paradigma predominante de design e desenvolvimento do
ambiente moderno construído”.
“O resultado é a diminuição do estresse e irritabilidade, e a capacidade aumentada de
se concentrar." (SANTOS)
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E o que promove o Design Biofílico ao ser humano? O Design Biofílico promove


sensações consideradas benéficas pelo cérebro, acarretando em emoções que
concedem uma leitura positiva do ambiente e que analisa a conexão das pessoas com
a natureza ao ambiente construído, seja em seu espaço residencial, corporativo ou
comercial.
Prosseguindo com os autores (HEERWAGEN & ILOFTNESS, 2012), o desafio para o
design biofílico é abordar as deficiências dos espaços urbanos contemporâneos de
forma a satisfazer a necessidade de conexão das pessoas com a natureza.
A prática do Design Biofílico tem como a aplicação de várias estratégias que pode
manifestar sensação de conforto, satisfação, prazer e desempenho cognitivo nos
sentidos humanos através da visão, audição, tato, olfato, paladar e movimento.
Sabe aquela vontade de encher a sua casa de plantas, ou a tranquilidade que
sentimos ao admirar uma paisagem quando estamos em contato com a natureza?
Essas sensações podem ser explicadas pela Biofilia, que define que esse sentimento
aparece naturalmente, por uma vontade intrínseca que os seres humanos tem de se
conectar com outros seres e elementos vivos.
Entender o cérebro humano, responsável pela percepção dos espaços, é um dos
primeiros passos para a aplicação bem sucedida do design biofílico.
3. Os Princípios descrevem as intenções e consideraram a compreensão e a
implementação do design biofílico.
Quais os Conceitos da Biofilía para projetar?
1) Requer um envolvimento repetido e contínuo com a natureza;
2) Concentra-se em adaptações humanas ao mundo natural que, ao longo da
evolução, tem promovido a saúde e o bem-estar das pessoas.
3) Estimula uma ligação emocional com configurações e lugares específicos.
4) Promove interações positivas entre as pessoas e a natureza que “estimulam um
senso ampliado de responsabilidade e conservação” com as comunidades humanas
e naturais.
5) Incentiva soluções de design ecologicamente conectadas, mutuamente reforçadas
e integradas.
(CALABRESE & KELLERT, 2015)
4.Quais as vantagens do Design Biofílico na arquitetura e interiores?
1) Reduz o estresse, ansiedade e depressão;
2) Melhora a qualidade de sono;
3) Melhora a saúde mental;
4) Maior felicidade, satisfação com a vida, aumentando o bem-estar dos usuários;
5) Estimula a criatividade;
6) Aumenta a produtividade em ambientes corporativos;
7) É mais rentável em ambientes de varejo;
8) Pode reduzir o tempo de internação em espaços de saúde;
9) Assim como ajudar os alunos a se concentrem mais em ambientes educacionais;
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10) Sintomas de TDAH reduzidos;


11) Melhora a concentração
Para o direcionamento do Design Biofílico, na publicação “The Practice of Biophilic
Design” (CALABRESE & KELLERT, 2015), separou os três pilares com o intuito de
tornar possível sua aplicação independente de suas limitações.
Então, (CALABRESE & KELLERT, 2015) estruturaram tudo em:
• Experiência direta com a natureza (luz, água, ar, fogo, plantas, animais,
materiais naturais, clima, paisagens e ecossistemas.
• Experiência indireta com a natureza (imagens da natureza, materiais naturais,
cores naturais, simulação de luz e ar naturais, formas naturais, riqueza de
informações, idade, mudança e detonação do tempo, geometrias naturais,
biomimética)
• Experiência de espaço e lugar (prospecção e refúgio, complexidade
organizada, idade, mudança e detonação do tempo, espaços de transição,
mobilidade, orientação, vínculos culturais e ecológicos com o local).

Figura 1 - Kellert junto com a arquiteta Elizabeth F.


Calabrese, a fim de simplificar criaram os 3 pilares do
design biofílico. (fonte: the practice of biophilic design)

Atributos do Design Biofílico


I. Experiência Direta da Natureza
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Figura 2:Jardim japones com várias estratégias: luz


natural, água, plantas, paisagem e ecossistemas naturais
1 – Luz natural – A experiência da luz natural é fundamental para a saúde e o bem-
estar humano, permitindo uma orientação para o dia, a noite e as estações do ano,
em resposta à localização do sol e ajudando também a regular o ciclo circadiano,
reduzir o consumo de energia elétrica com iluminação artificial (CALABRESE &
KELLERT, 2015).A luz natural pode ser convidada ao ambiente interno através de
aberturas nas paredes, claraboias e materiais, através do uso de cores e materiais
refletores e outras estratégias de design.. A luz natural também pode ter movimentos
através do contraste de áreas mais claras e mais escuras, através da interação criativa
de luz e sombra, difusa e variável luz e a integração da luz com propriedades
espaciais.
Estratégias de design com a Luz natural:
• paredes de vidro; clarabóias; átrios; cores e materiais refletivos que rastreiam o
caminho da luz solar e a refletem em áreas internas.
2 – Ventilação natural – O ar puro é importante para que o usuário de um espaço
interno tenha as mesmas sensações de um espaço externo. A ventilação feita de
forma natural também ajuda a regular a temperatura interna sem gastos de energia
elétrica (CALABRESE & KELLERT, 2015). Varandas e janelas manejáveis
contribuem para que este atributo seja alcançado.
Estratégias de design com a Ventilação natural:
• janelas manejáveis; varandas; decks
3 – Água – O contato direto com a água ou o som dela estimulam os sentidos olfativos,
tato e audição. Esses estímulos contribuem para a redução de stress, promovendo
melhor desempenho no decorrer do dia (CALABRESE & KELLERT, 2015). Várias
estratégias de design podem satisfazer o desejo de contato com a água pode estar
presente através de vistas para o mar ou fontes e aquários internos.
Estratégias de design com a água:
• vistas para rios, lagos, mar; fontes; aquários
4 – Plantas – É a estratégia mais bem sucedida na aplicação das experiências diretas.
O contato direto com as plantas ajuda a reduzir a pressão arterial e,
consequentemente, reduzir as sensações de stress, melhorando a saúde, o conforto
e a produtividade (CALABRESE & KELLERT, 2015), como na prática do banho de
floresta. Elas podem estar presentes através de vistas para os jardins, vasos internos
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ou paredes e telhados verdes, porém elas sozinhas não trazem benefícios, também é
de suma importancia priorizar as espécies de vegetações nativas, contribuindo para
um ecossistema saudável e resgate da flora local.
Estratégias de design com as plantas:
Priorizar sistemas naturais ecologicamente intactos, vegetação nativa.
• paredes verdes; telhados verdes; jardins; vasos de plantas
5 – Animais – O contato com os animais também podem ser formas de trazer alívio e
reduzir o stress, porém se for isoladamente ou poco frequente não gera efeito, e se
possível deve haver diversidade de espécies (CALABRESE & KELLERT, 2015). Esta
estratégia não se limita aos pets, mas também a toda biodiversidade da fauna local.
Os pássaros e outros animais que podem visitar o espaço também estão inclusos
neste atributo. Um jardim ou telhado verde com plantas frutíferas pode convidar
abelhas, pássaros ou borboletas a visita-lo. Além de ter contato visual, alguns animais
também proporcionam cantos e sons. Aquários e apiários também são alternativas
para este atributo.
Estratégias de design com os animais:
• telhados verdes; jardins; aquários; aviários
6 – Percepção do clima –A percepção das condicoes externas como fluxo de ar,
temperatura, pressão barométrica e umidade podem ser estimulantes e satisfatórias.
Seja através de janelas para que possa ter contato visual ou através de outros
sentidos, como sinos que denunciam a intensidade do vento ou coletores que irão
produzir sons durante a chuva.
Estratégias de design com a percepção do clima:
• vistas para o exterior; janelas operáveis; varandas; decks; jardins; terraços; pátios;
telhados transparentes; som dos ventos, através de sinos; som da chuva, através de
coletores; movimento da água, escoamento visível das tempestades
7 – Paisagens e ecossistemas naturais – As paisagens naturais e os ecossistemas
consistem em plantas, animais, água, solos, rochas e elementos geológicos
interligados. formulários. Este princípio está ligado ao paisagismo e composições que
simulem as paisagens naturais (CALABRESE & KELLERT, 2015). O cenário natural
é preferido pela maioria das pessoas sobre artificial e paisagens dominadas pelo
homem. Os jardins japoneses, por exemplo, exercitam essa filosofia com fidelidade
aos ecossistemas orgânicos.
Estratégias de design com paisagens e ecossistemas naturais:
• arbustos; árvores; folhagens coloridas e baixas; a presença de água; vistas de longo
alcance; abrigos; caminhos naturais; wetlands; pastagens; florestas
8 - Fogo – Uma das maiores conquistas do homem foi o fogo, com ele
conseguiutransformar os alimentos de um estado para outro. O fogo foi crucial durante
o processo evolutivo da humanidade e seu calor trás sensações de acolhimento e
ajuda a reduzir a pressão arterial (CALABRESE & KELLERT, 2015), tornando aqueles
que têm contato com ele menos ansiosos e mais comunicativos.
Estratégias de design utilizando o fogo:
• lareiras; churrasqueiras; também pode ser simulada pelo uso criativo de luz, cor,
movimento e materiais de condutibilidade variável.
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1.1.- Experiência Indireta da Natureza

Figura 3 (evocação da natureza) : “Asas” do Opera


House, em Sydney, sugerem as qualidades de um
pássaro
As experiências indiretas da natureza, diferente das diretas, não apresentam a
natureza propriamente dentro do ambiente residencial, porém não menos importantes.
Mesmo que os elementos da natureza não estejam presentes, a sua representação
em imagens, sons e cheiros que também podem trazer benefícios, já que exercitam a
memória e inconsciente humano. Os atributos desta experiência são:
1 – Imagens da natureza – As imagens da natureza podem trazer tranquilidade e
diminuir a ansiedade (CALABRESE & KELLERT, 2015). Ela pode estar representada
em fotografias, pinturas, esculturas ou diversos meios visuais de representação. O
contato com essas imagens trás benefícios similares ao contato direto com a natureza.
Estratégias de design Imagens da natureza:
• fotografias; pinturas; esculturas; murais; vídeos; simulações de computador e outros
meios representativos
2 – Materiais naturais – Além do apelo visual e das experiências táteis, como a
madeira, pedra ou lã é estimulante e ajuda aliviar tensões (CALABRESE & KELLERT,
2015)
Estratégias de design dos materiais de design:
• madeira; pedra; lã; algodão; couro
3 – Cores naturais – As cores sempre foram de grande importância durante o processo
evolutivo humano, ajudando a identificar alimentos ou ameaças, por isso a sua
aplicação é importante. As cores podem trazer tanto reações positivas quanto
negativas, então devem ser priorizadas as cores predominantes que lembre a
natureza, como tons terrosos, azul, amarelo e verde (CALABRESE & KELLERT, 2015)
Estratégia de design das cores naturais:
• tons terrosos - de solo e rochas; • azul - dos oceanos, rios e céu; • verde - das plantas.
4 – Simulação da luz e ventilação natural – A luz solar é de suma importante simular
para regular o ciclo circadiano dos usuários de um ambiente. A intensidade e
temperatura da luz irão definir se irão se manter ativos ou preparados para o repouso
(CALABRESE & KELLERT, 2015). Atualmente existem tecnologias de lâmpadas e
sistemas de automação que tem diferentes intensidades de luz e variam no decorrer
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do dia, simulando o nascer e por do sol. A ventilação artificial deve ser aplicada
imitando as condições do ar natural buscando conforto para o usuário.
Estratégias de design da simulação da luz:
• intensidades variáveis (replicar a luz diurna e noturna); difusão da luz; presença de
poços de luz e sombras.
Estratégias de design da simulação da ventilação natural:
• simular variações no fluxo de ar; temperatura; umidade; pressão atmosférica
5 – Formas naturais e orgânicas – As formas orgânicas e sinuosas são as que mais
se assemelham as formas encontradas na natureza, trazendo dinamicidade para os
ambientes estáticos. Ao contrário as formas retas e pontiagudas nos trazem
sentimentos de luta causando estresse em longo prazo (CALABRESE & KELLERT,
2015) .
Estratégias de design das formas naturais e orgânicas:
• formas curvas; formas orgânicas; formas sinuosas
6 – Evocação da natureza – Essa estratégia busca exercitar a imaginação e
criatividade do usuário. Devem ser utilizados elementos ou composições que remetam
os aspectos da natureza (CALABRESE & KELLERT, 2015). Um exemplo da aplicação
deste atributo é o opera house em Sydney (ver foto), que simula as asas de um
pássaro.
7 – Riqueza de informações – Na natureza encontramos muitas formas, cores,
texturas e cheiros, não é algo monótonomo ou monocromático (CALABRESE &
KELLERT, 2015). Os ambientes internos também devem apresentar essa diversidade
de forma harmoniosa, despertando a curiosidade do usuário.
8 – Mudança, idade e pátina do tempo – a Natureza passa o tempo todo em constante
mudança, desta forma se quisermos imita-la podemos experimentar e proporcionar
aos espaços constuídos materiais envelhecido naturalmente ou na utilização de
materiais reciclados (CALABRESE & KELLERT, 2015). Essa estratégia contribui para
a valorização da história local.
Estratégias de design com mudança, idade e pátina do tempo:
• materiais que envelhecem naturalmente; demonstrando a passagem do tempo;
reciclar materiais e uso de um local
9 – Geometrias naturais – São padrões encontrados na naturezas, como os fractais,
ramificações de árvores ou a proporção áurea. Esses elementos trazem sensações
de equilíbrio e harmonia (CALABRESE & KELLERT, 2015).
Estratégias de design com geometria natural:
• padrões encontrados na natureza como escalas hierarquicamente organizadas
(Sequência de Fibonacci, evidente em formas vivas como ramificação de árvores,
arranjo de folhas, em uma haste); padrões repetitivos, mas variados como fractais.
10 – Biomimética – A biomimética é a ciência que analisa os processos da natureza
com o objetivo de aprender e imitar seus mecanismos para solucionar problemas do
cotidiano humano (CALABRESE & KELLERT, 2015). Casas de cupins e as teias de
aranha são exemplos de soluções que a própria natureza encontrou para os
problemas. O primeiro caso é rico em iluminação e climatização natural, enquanto o
segundo apresenta uma estrutura resistente.
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Exemplos de como podemos utilizar a Biomimética - aprender com resistência


estrutural das teias de aranha para criar materiais resistentes.; aprender com as
“casas” de cupins como criar edifícios sustentáveis, com ventilação, iluminação
natural.
1.2.- Experiência de Espaço e Lugar da Natureza

Figura 4 – Experiência Espaço e Lugar, com estratégia


de complexidade organizada, refúgio, mobilidade e
wayfinding
1 – Perspectiva e refúgio – Os ancestrais humanos precisavam perceber o ambiente
ao seu redor para identificar ameaças, portanto, um ambiente que proporcione ampla
visão do todo irá contribuir para a sensação de conforto e segurança (CALABRESE &
KELLERT, 2015).
Estratégias de design:
• exterior: varandas, terraços, pátios.; Interior: vistas para o exterior, conexões visuais
entre os espaços interiores e a ocorrência de ambientes seguros e de abrigos.
2 – Complexidade organizada – Como dito anteriormente, a natureza é rica em
texturas, cores e materiais, porém é importante que todos esses elementos sejam
aplicados de forma harmônica, caso contrário poderão causar stress ao usuário. Um
ambiente bem equilibrado pode melhorar a produtividade e bem estar (CALABRESE
& KELLERT, 2015).
3 – Integração das partes com o todo – Assim como na natureza, toda a edificação
deve estar conectada, como um único sistema ecológico. Esta experiência global
também contribui para a saúde física e mental (CALABRESE & KELLERT, 2015), mas
devem ser incluídos limites claros entre os espaços internos e externos.
Estratégias de design:
• ligação sequencial de espaços, incluindo limites claros.
4 – Espaços de transição – As transições entre os espaços interno / externo, público
/ privado, ou até a transição entre os ambientes internos de um mesmo ambiente,
devem ser claras e de fácil acesso (CALABRESE & KELLERT, 2015).
Estratégias de design:
• exterior: varandas, pátios, terraços, sacadas; interior: átrios, corredores
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5 – Mobilidade e wayfinding – A mobilidade e facilidade de identificar os caminhos


contribuem para a segurança e mobilidade do usuário (CALABRESE & KELLERT,
2015). As entradas e saídas devem ser claramente compreendidas, principalmente
em ambientes com intenso trânsito de pessoas, como hospitais e shoppings.
Estratégias de design:
• exterior: caminhos e estradas definidos, e pontos de entrada e saída claramente
compreendidos; interior: corredores, escadas, portas elevadores, escadas rolantes
bem sinalizados.
6 – Conexão cultural e ecológica com o local – O terceiro princípio do design biofílico
diz que o projetista deve trazer elementos que estimulem a memória afetiva em seus
projetos, portanto, o sexto e último atributo das experiências de espaço e lugar é
importante para a aplicação direta deste princípio. A construção deve trazer elementos
culturais locais que irão promover conexões positivas e reforçar os sentimentos de
familiaridade (KELLERT; CALABRESE, 2015). O ecossistema regional também deve
ser levado em consideração, principalmente em obras paisagísticas, priorizando as
espécies locais, o que irá contribuir para o resgate da flora nativa e convidará os
animais presentes no território a visitar esses espaços. Todos esses aspectos irão
fortalecer o senso de pertencimento, conforto e fidelidade, fazendo com que os
usuários valorizem o projeto, sua cultura e ecologia, buscando preservá-los.
Estratégias de design:
• pontos de referência proeminente; padrões climáticos predominantes; preservar
paisagens; formas geológicas; uma fauna e flora local; materiais locais.
Os atributos / estratégias não são uma regra, já que, na maioria das vezes, não será
possível aplicar todos eles, porém são listadas como alternativas para serem
utilizadas durante o processo criativo de um projeto, potencializando a saúde do
usuário e do meio ambiente. Quanto mais atributos aplicados, maior poderá ser o
conforto que a edificação irá proporcionar.
3. Arquitetura Biofílica e saúde mental
O que é Saúde mental? A saúde mental é considerada todas as formas como a pessoa
reage à diversas situações da vida. As exigências, desafios, problemas, mudanças,
momentos felizes e nem tão bons. É equacionar bem essas emoções. É estar bem
consigo mesmo e com os outros, aceitando e entendendo o que a vida nos apresenta.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é considerado o país
mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Mesmo assim, parte
dessas pessoas não possuem assistência médica adequada quanto à saúde
mental.A depressão é o mal do século XXI. A ansiedade afeta 18,6 milhões
de brasileiros, ocupando o primeiro lugar quando a questão é a prevalência
de casos de ansiedade. (https://www.conexasaude.com.br/blog, 2022)
Percebemos que hoje cidades urbanas possuem um maior ruído nos ambiente
externos, e isto está associado a maiores níveis de estresse e problemas de saúde
mental, assim como a maior estimulação visual e poluição luminosa nas cidades, Nova
York é um dos exemplos disso.
O que pode ser associado à urbanização acelerada somado ao modo de vida
contemporâneo, onde a dinâmica de vida é focada na produtividade e
consequentemente as pessoas se encontram cada vez mais isoladas da
experiência benéfica com a natureza (CALABRESE & KELLERT, 2015)
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A neuroarquitetura mostra que nossas funções cognitivas superiores demandam uma


pausa para que possamos nos restaurar, e assim, recupera-se a capacidade de
executar tarefas focadas o que não ocorre quando os recursos cognitivos estão
fatigados. Estresse de curto prazo, aumenta os batimentos cardíacos e os níveis de
hormônio do estresse, o cortisol.
No que se trata do bem estar quotidiano, a atenção direcionada para realizar
tarefas repetitivas e tarefas em ambientes muito agitados (geralmente
ambiente de trabalho) demanda energia intensiva e com o tempo podem
resultar em fadiga mental e perda de recursos cognitivos (KELLERT et al.,
2008).
Um dos países que mais se estuda a relação entre saúde e natureza e tem investido
fortemente na medicina preventiva, melhorando ainda mais sua excelência em saúde
pública, é o Japão. Para melhorar a qualidade de vida, e ter menos episódios de
pessoas doentes, eles investem num contato maior com a natureza. O governo
japonês percebeu que investir na medicina preventiva reduz gastos do sistema público
de saúde. Os japoneses já sabem disso faz tempo e eles tem até uma expressão para
a imersão na natureza: banho de floresta.
O professor Yoshifumi Miyazaki é um dos maiores pesquisadores da medicina de
floresta e ele aponta que o cheiro da mata é um dos grandes responsáveis pelos
benefícios que o banho pode trazer.

Figura 5: Os banhos de floresta têm benefícios


comprovados para nossa saúde física e mental
Logo, através de conexões fortes ou rotineiras com a natureza pode-se oferecer
oportunidades para restauração da energia.
As cenas naturais provocam estímulos mentais positivos que podem reduzir
os níveis de estresse e auxiliar os indivíduos a ficam mais relaxados;
(WILSON, 2009) Kellert (CALABRESE & KELLERT, 2015)fazem uma
afirmação diretamente ligada ao primeiro princípio da aplicação bem
sucedida do design biofílico.
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E também pelo aumento de pessoas que ficaram confinadas em casa por conta da
pandemia, principalmente os idosos, e que começaram a apresentar algum tipo de
distúrbio mental, doenças como: pânico, ansiedade e depressão.
O ambiente natural tem características consideradas fundamentais para propiciar o
relaxamento:
1) capacidade de atrair a atenção, sem que seja necessário esforço pessoal,
desativando os mecanismos envolvidos na manutenção da atenção voluntária que
inibem a urgência de responder às distrações − o som das folhas agitadas pelo vento,
o canto dos pássaros, o burburinho de água em movimento, e a observação das
nuvens e do pôr-do-sol são exemplos que servem para ilustrar a idéia;
2) distração dos problemas cotidianos − pode ser representada por uma mirada de
uma janela ou por uma caminhada no parque, desde que dê oportunidade para uma
pausa na atenção concentrada que ocasionou a fadiga;
3) sensação de estar em outro mundo ou conectado a uma realidade mais abrangente
− o ambiente deve prover estímulos suficientes para ver, experimentar e sentir de
modo a provocar envolvimento profundo com a experiência vivida; e 4)
compatibilidade entre as inclinações pessoais e o ambiente, permitindo o repouso.
A atenção direcionada desempenha um papel importante no processamento da
informação humana; sua fadiga, por sua vez, tem consequências de longo alcance. A
Teoria da Restauração da Atenção fornece uma análise dos tipos de experiências que
levam à recuperação dessa fadiga. Os ambientes naturais revelam-se particularmente
ricos nas características necessárias para experiências restaurativas. Propõe-se uma
estrutura integrativa que coloca tanto a atenção direcionada quanto o estresse no
contexto mais amplo das relações homem-ambiente. (KAPLAN, 1995)
4. Natureza e Bem-Estar
O que é Bem-Estar? Bem-estar é um conjunto de práticas que engloba uma boa
nutrição, atividade física, bons relacionamentos interpessoais, familiares e sociais,
além de controle do estresse.
Então pode-se assim dizer que bem-estar significa a saúde no seu sentido mais
amplo, de maneira ativa e em todos os seus aspectos.
E para que tenhamos bem-estar temos os benefícios que a natureza nos fornece que
são:– o ar puro, água, regulação microclimática, redução de partículas poluentes,
relaxamento mental e físico, entre outros – e essa conexão influência diretamente com
a saúde das pessoas e esses fatores devem ser vistos pela sociedade e pelo poder
público como uma prioridade. Sendo assim, ter espaços verdes acessíveis e bem
cuidados próximos da população estimula a visitação e a prática de atividades, o que
resulta em indivíduos mais relaxados e produtivos.
Pesquisadores da Universidade de Chiba, no Japão, reuniram 168
voluntários e colocaram metade para passear em florestas e o grupo restante
para andar nos centros urbanos. As pessoas que tiveram contato com a
natureza mostraram em geral uma diminuição de 16% no cortisol (hormônio
do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial. (NEO
MONDO, 2019)
Os benefícios também envolvem uma melhora na qualidade do sono, no
desenvolvimento cognitivo, na imunidade, nos problemas cardíacos e pulmonares,
além de uma redução na ansiedade.
14

Segundo, os trabalhos de (MAAS, et al., 2009) apontaram que pessoas que viviam
proximamente a ambientes naturais, verdes e com uma diversidade ecossistêmica
considerável possuem menor risco de desenvolverem quadros depressivos ou de
ansiedade, (LOUV, 2016) também demonstrou que pacientes acometidos pelo
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ao caminhar durante 20-30
minutos em parques ou áreas verdes apresentavam a mesma resposta que a utilizada
pelo metilfenidato, que é o fármaco mais prescrito para o TDAH. envolver doenças
como obesidade e diabetes.

Figura 6: Exemplo de ambiente residencial com


estratégias Biofílicas - luz natural, plantas, madeira e
formas e texturas
5.Relação Positiva entre Natureza e Qualidade de Vida
O que é Qualidade de Vida? O conceito de qualidade de vida está diretamente
associado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e compreende vários aspetos,
nomeadamente, a capacidade funcional, o nível socio-económico, o estado
emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar,
o estado de saúde, os valores culturais, éticos e religiosos, o estilo de vida, a
satisfação com o emprego e com atividades diárias e o ambiente em que se vive.
Quando temos o contato com a Natureza tanto o corpo quanto a mente sentem uma
melhora no desempenho, como mais disponibilidade para a prática de algum tipo de
atividade física e uma sensação de relaxamento mais profunda e duradoura. Por isso,
acaba que as pessoas buscam essa mudança de morar em lugares perto da praia ou
de áreas verdes, em bairros que tenham boa infraestrutura para atender às
necessidades de toda a família.
Uma pesquisa do Journal of Environmental Health Perspectives, mostrou a melhora
na saúde física e mental, pessoas que moram em áreas verdes têm uma diminuição
em 30% da probabilidade de desenvolver depressão e ainda um índice de 34% inferior
de adquirir doenças do pulmão.
Alguns dos fatores de melhora são:
Diminuição do estresse – Viver próximo a natureza é capaz de aumentar os níveis de
endorfina em seu organismo, proporcionando sensação de bom humor, bem-estar e
felicidade.
Prevenção de doenças – O contato com a Natureza pode proporcionar uma vida longe
do que são consideradas doenças do século, como ansiedade e depressão e ainda
uma pressão arterial em bons níveis.
15

Melhora da concentração – Segundo pesquisas, melhora a concentração, aumenta a


sua criatividade, produtividade além de deixar a pessoa mais calma.
Incentivo à prática de exercícios – Quando estamos em contato com a Natureza ela
nos estimula para praticar exercícios e acaba sendo algo bem natural: uma boa
caminhada, corrida ou pedalada são muito mais agradáveis ao ar livre. Com o mar à
sua frente, então, você pode até se ver fazendo coisas novas, como surf ou stand up
paddle.
Temperaturas mais amenas – Uma grande vantagem de morar próximo à natureza
contribui para que as temperaturas sejam mais amenas.
Em geral, por “natureza” queremos dizer “áreas que contêm elementos de
sistemas vivos que incluem plantas e animais não humanos em uma
variedade de escalas e graus de gestão humana, desde um pequeno parque
urbano até uma selva relativamente intocada”....Existem muitas formas de
contato com a natureza, variando de acordo com a escala espacial,
proximidade, o caminho sensorial através do qual a natureza é
experimentada (visual, auditivo, etc.), as atividades do indivíduo e o nível de
consciência em um ambiente natural e outros fatores. (BRATMAN, et al.,
2017)

Figura 7 – Exemplo de Estratégia Biofílica – Vegetação,


água, luz natural madeira
6.Beneficios do Design Biofílico na moradia para crianças e idosos
Para crianças e idosos, dois grupos que correm maior risco de efeitos
negativos da urbanização, os espaços verdes podem desempenhar um papel
particularmente importante. Pesquisas anteriores mostraram que o
desenvolvimento cognitivo, emocional e motor das crianças pode estar
associado à exposição à natureza (E., 2014) (DADVAND, et al., 2012).
Esses efeitos no desenvolvimento da exposição à natureza podem explicar por que
muitos estudos sugeriram que a exposição à natureza reduz os sintomas em crianças
que sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Além disso,
a densidade de árvores nas ruas e outras áreas verdes urbanas têm sido associadas
a menos obesidade infantil e asma. Da mesma forma, a saúde dos idosos pode se
beneficiar particularmente da qualidade e quantidade dos espaços verdes urbanos. A
proximidade de espaços verdes (perto das casas dos residentes) pode melhorar a
longevidade dos idosos, estar ao ar livre em um espaço verde aumenta a saúde dos
idosos.
Além da natureza, observamos que a luz natural é essencial a pele dos idosos, para
a produção de vitamina D e regular através da pele e dos olhos o ciclo circadiano e a
16

melatonina. A inserção das cores de objetos que possuam nas plantas, animais,
pedras, formam uma preferência de cores ao humano fazendo com que sejam
absorvidos os seus efeitos em benefício a saúde.
Conclusão
É importante que tenhamos em mente que o ser humano reconhece o mundo e coleta
informações por meio dos sentidos, e que o espaço afeta diretamente nossas
emoções, nossa saúde física e mental assim como nossos sentimentos, visto isso
percebemos que a percepção do meio ambiente influencia diretamente no
comportamento humano, pois o homem atribui significados na medida em que realiza
suas interpretações do meio exterior. Desta forma, podemos entender a biofilia como
uma série de estratégias utilizadas para transcender os limites entre o ambiente
construído e o natural.
Diante das pesquisas realizadas, e tendo como pressuposto a hipótese da biofilia, é
necessário que repensemos nosso modelo de projetar ambientes , e associar os
benefícios pode e deve ser transportada aos demais contextos da arquitetura sejam
eles corporativos, residenciais, comerciais ou hospitalares, e percebamos que é
essencial no cotidiano do ser humano o contato direto ou indireto com a natureza, e
esta vem proporcionando melhorias significativas na vida dos usuários quando
entramos em contato com elementos naturais, não sendo notado de forma consciente,
mas inconsciente.
Só existe uma certeza diante dos estudos: quando mergulham em uma floresta, as
pessoas relaxam e se aproximam do estado de bem estar. A natureza, por meio de
seus estímulos visuais, sons e cheiros, tem o poder de acalmar a todos. Basta um
tempo em ambiente natural para que mente, corpo e alma se sintam revitalizados.
Dessa forma, e tendo essa complexa conjectura como uma das principais
problemáticas atuais. Esperamos ter apresentado de forma satisfatória a necessidade
de retornarmos os nossos olhares para natureza, não com uma perspectiva utilitarista,
mas como transformados e transformadores do meio que nos cerca.

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19

WILSON, E. o. (2009). Biophilia. Harvard University Press.

Anexo

Segue figuras com exemplos de estratégias de design biofilico;


20

Figura 8 – Podemos observar nesta foto algumas


estratégias diretas: iluminação natural, vegetação,
percepção da natureza, fogo, texturas

Figura 9 – Podemos observar nesta foto algumas


estratégias diretas e indiretas: iluminação natural,
vegetação, imagens de natureza, clarabóia
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Figura 10 – Podemos observar nesta foto algumas


estratégias: vegetação, formas e formatos orgânicos,
refúgio

Figura 11 – Foto de design com estratégia da biomimétrica

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